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Planejamento e Gestão Estratégica 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Andrea Nino Marçal Planejamento e Gestão Estratégica 4ª edição Rio de Janeiro UVA 2016 Copyright © UVA 2014 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. ISBN 978-85-65812-37-5 Autoria do Conteúdo Andrea Nino Marçal Design Instrucional Lana Marinho da Silva Projeto Gráfico UVA Diagramação Cristina Lima Revisão Tássia Braga Lydianna Lima Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA. Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho. M313p Marçal, Andrea Nino. Planejamento e gestão estratégica [livro eletrônico] / Andrea Nino Marçal. – 4. ed. Rio de Janeiro : UVA, 2016. 2 MB. ISBN 978-85-65812-37-5 Disponível também impresso. 1. Planejamento estratégico. 2. Gestão estratégica. I. Universidade Veiga de Almeida. II. Título. CDD – 658.4012 SUMÁRIO Apresentação................................................................................................................7 Sobre a autora.................................................................................................................8 Capítulo 1 - Estratégia e planejamento estratégico....9 Definição de planejamento estratégico, sua origem e evolução....10 O ambiente do diálogo estratégico e estratégias empresariais.....20 Missão, visão, valores, objetivos, desafios e metas.............................31 Referências......................................................................................................43 Capítulo 2 - Implantação do planejamento e escolas de pensamento estratégico..................................................45 Perfis do planejamento operacional, tático e estratégico............46 Principais escolas do pensamento estratégico.................................51 Lógica na implementação do planejamento estratégico.................59 Referências......................................................................................................71 Capítulo 3 - Ambiente estratégico..................................73 O novo ambiente empresarial................................................................74 Ambiente externo e as forças de Porter (análise estrutural das indústrias)........................................................................................................83 Ambiente interno: recursos, capacidades e competências essenciais......................................................................................................95 Referências.................................................................................................106 Capítulo 4 - Formulação de estratégias, modelos analíticos e controle do plano estratégico...................107 Formulação de estratégias e competitividade estratégica.............108 Modelos analíticos........................................................................................114 Controle e avaliação do plano estratégico..........................................127 Referências....................................................................................................143 Considerações finais.......................................................145 7 APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO Este livro trata de Planejamento e Gestão Estratégica, cuja função é primordial e determinante para o sucesso de qualquer empresa, pois o processo de planejamento é o meio pelo qual podemos definir aonde a empresa quer chegar e quais são os melhores meios para que alcance seus objetivos no futuro. Aqui, vamos conhecer os elementos relevantes das decisões estraté- gicas, a metodologia do planejamento e suas etapas de elaboração e implementação. Vamos estudar também os conceitos e fundamentos da estratégia e seu planejamento, os componentes do ambiente es- tratégico, os fatores de competitividade da indústria e, por fim, os modelos analíticos que ajudam nesse processo de elaboração, além da importância de desenvolver um modelo de acompanhamento do plano estratégico para garantir o alcance dos objetivos traçados. Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a lei- tura desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conte- údos abordados, contribuindo efetivamente para o seu enriquecimento cultural e acadêmico. ...................................................................................................................................................................................................................... 8 SOBRE A AUTORA Andrea Nino Marçal é pós-graduada em Gestão de Negócios pelo Ins- tituto IBMEC, graduada em Administração de Empresas, pela Pontifí- cia Universidade Católica - PUC-Rio, e em Turismo, pela Universida- de Anhembi Morumbi-SP. Profissional com 12 anos de experiência no mercado de telecomunicações, atua em diversas áreas de marketing, com foco em definição, implementação e gestão de estratégia de ofer- tas para os mercados Business to Consumer e Business to Business. 9Definição de planejamento estratégico, sua origem e evolução ...................................................................................................................................................................................................................... CAPÍTULO 1 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Este capítulo trata da origem, evolução e primeiras defi- nições do planejamento estratégico. Serão abordados as- pectos relativos à importância da definição dos conceitos básicos do planejamento estratégico, assim como a impor- tância do diálogo estratégico e a definição das estratégias empresariais de longo prazo. Estratégia e planejamento estratégico10 ...................................................................................................................................................................................................................... DEFINIÇÃO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO “Se pudéssemos, de início, saber onde estamos e para onde nos dirigimos, poderíamos melhor julgar o que fazer e como fazê-lo.” Abraham Lincoln Origem e evolução do planejamento estratégico Podemos identificar a origem do planejamento estratégi- co na história das mais antigas civilizações, que sempre tiveram a necessidade de decidir antecipadamente o que fazer, por que fazer, como fazer e quando fazer, seja para conquistar novas terras, defender-se dos inimigos ou ga- rantir recursos a longo prazo. Mas vamos voltar um pouco no tempo para entender o sur- gimento do mercado e sua necessidade de planejamento. A Revolução Industrial A história do comércio moderno nos EUA começa nas dé- cadas de 1820 e 1830, quando se deu a construção do sis- tema ferroviário americano, ligando o país de uma costa a outra e desencadeando sua unificação econômica. Uma onda de inovações tecnológicas — como a máquina a va- por, o processo de produção de aço de Bessemer (primei- ro processo industrial de baixo custo para a produção em massa do aço) e a vulcanização da borracha — proporcio- nou o grande desenvolvimento industrial americano. 11Definição de planejamento estratégico, sua origem e evolução ......................................................................................................................................................................................................................Por volta de 1900, a indústria estava a todo vapor, e os pri- meiros empreendedores industriais dedicavam todo seu tempo à modernização da tecnologia de produção. O con- ceito de concorrência, da forma como conhecemos hoje, ainda não existia. O conceito existente era simplesmente dominar ou absorver o concorrente. A era da produção em massa A partir de 1900, o foco da atividade industrial passou a se concentrar no aperfeiçoamento da produção em mas- sa, que, progressivamente, iria diminuir o custo unitário dos produtos. O conceito de marketing da época era sim- plesmente oferecer um produto padronizado com o preço mais baixo, e isso seria suficiente para garantir o sucesso de qualquer empresa. Esse conceito está bem explicitado na famosa frase de Henry Ford: “Ofereça-lhes um automó- vel de qualquer cor, desde que seja preta.” Não havia preocupação com desafios estratégicos. As linhas de produção estavam bem traçadas e as indústrias ofere- ciam oportunidades promissoras de crescimento. Havia todo um mercado de consumidores a ser explorado, e di- versificar suas atividades não era uma opção; na verdade, sequer era necessário. As empresas estavam satisfeitas com suas próprias perspectivas de crescimento, a atenção geren- cial estava totalmente voltada para dentro da empresa e na melhoria contínua da eficiência do processo produtivo. A era do marketing em massa Como acabamos de ver, durante a era da produção em massa, o sucesso das empresas era conquistado por aque- le que oferecesse o preço mais baixo. Os produtos eram, Estratégia e planejamento estratégico12 ...................................................................................................................................................................................................................... de uma maneira geral, iguais, e a capacidade de produzir com o menor preço era o segredo do sucesso. Porém, em meados de 1930, a demanda por esses produtos de consumo básico caminhava para a saturação. Todos já tinham “um carro na garagem”, e o consumidor começou a exigir mais do que um produto básico. A demanda pelo Modelo T Preto da Ford começou a cair vertiginosamente. Foi então que a General Motors começou o movimento de migrar a visão da produção para a de mercado: passaram a oferecer produtos diferenciados e começavam, então, a aten- der às necessidades do mercado. O novo segredo do sucesso começou a mudar a orientação para o marketing. Essa nova orientação significou também a mudança de uma perspectiva, que até então voltada para dentro da empresa, para uma perspectiva voltada para fora, para o mercado. Além disso, significou uma mudança de menta- lidade para os administradores que tinham foco na produ- ção e agora precisavam ter foco em marketing também. O marketing começou a dominar as operações em detrimen- to da eficiência da produção. O foco sobre o mercado, a melhoria dos produtos, melhores embalagens etc. domi- naram a preocupação com os lucros futuros, deixando a eficiência do processo produtivo para um segundo plano. A transição para a era pós-industrial A partir da década de 1950, as empresas tiveram que se confrontar, cada vez mais, com desafios novos e inespe- rados. Era o pós-guerra. A atenção da empresa que esta- va voltada exclusivamente para atender aos desejos de 13Definição de planejamento estratégico, sua origem e evolução ...................................................................................................................................................................................................................... um consumidor, que era receptivo até então, precisava mudar. Nessa época, as empresas já praticavam algumas técnicas de planejamento a longo prazo, que se basea- vam em olhar o passado e projetar o futuro, tornando-se simples projeções de lucros, sem nenhuma abordagem do pensamento estratégico. Com um novo cenário global e mais complexo emergin- do no pós-guerra, com inflação, crescentes restrições go- vernamentais, insatisfação dos consumidores, invasão da concorrência estrangeira com a internacionalização dos negócios, escassez de recursos, problemas de produção e distribuição e novos avanços tecnológicos trazidos pela guerra, era necessário mudar a forma como se entendia e planejava os negócios. Foi, então, a partir dessa necessidade que os conceitos e as ferramentas que são a base do planejamento estratégi- co moderno surgiram. Passou a ser prioritário para a so- brevivência das empresas essa preocupação com o cenário de um novo mundo e de que forma isso impactaria os ne- gócios no presente e, principalmente, no futuro. Era ne- cessário agregar estratégia à elaboração do planejamento. Nessa mesma época, começaram a surgir estudos acadê- micos voltados para estratégia e planejamento estratégi- co, liderados por H. Igor Ansoff, conhecido hoje como o pai da estratégia. Logo, vieram contribuições de outros autores, como Michael Porter e Henry Mintzberg, sendo agregados visões, modelos e ferramentas para ajudar as empresas no desenvolvimento de suas estratégias e pla- nos estratégicos, que vamos abordar a partir de agora. Estratégia e planejamento estratégico14 ...................................................................................................................................................................................................................... Planejamento estratégico: o conceito Planejamento é o projeto de um futuro desejado e de maneiras efetivas de realizá-lo. (ACKOFF, 1970:1, apud MINTZBERG, 2004, p. 23) É necessário planejamento quando a condição futu- ra que desejamos envolve um conjunto de decisões interdependentes; isto é, um sistema de decisões... (em que) a principal complexidade do planejamento deriva da inter-relação das decisões em vez das de- cisões em si [...] (ACKOFF, 1970:23, apud MINTZBERG, 2004, p. 25) Podemos definir o planejamento estratégico como um pro- cesso gerencial que visa adequar os objetivos desejados e os recursos disponíveis da empresa às mudanças e opor- tunidades de mercado. Em outras palavras, é um processo de estabelecimento de um estado futuro desejado (aonde se quer chegar?) e a definição dos meios que vão torná-lo realidade (como vamos chegar lá?). É preciso, então, planejar de forma prática, de modo que a empresa descubra e aproveite as oportunidades da manei- ra mais inteligente e compatível com os recursos que tem (dinheiro, pessoas, produtos etc), estabelecendo objetivos (o que se quer atingir?) e estratégias (como chegar aos ob- jetivos?) factíveis (COBRA, 1989). O planejamento estratégico é o direcionador das ações da empresa em busca de resultados, crescimento e desenvol- vimento que possam garantir seu sucesso. Para garantir que ele cumpra essa função, segundo Oliveira (2004), o executivo deve estar atento aos princípios gerais e especí- ficos do planejamento, pois, dessa forma, terão uma base 15Definição de planejamento estratégico, sua origem e evolução ...................................................................................................................................................................................................................... mais sólida para tomar as decisões necessárias referentes ao planejamento da empresa. Princípios gerais • O princípio da contribuição aos objetivos: o planejamento deve sempre visar aos objetivos má- ximos da empresa. • O princípio da precedência do planejamento: orienta que a elaboração do planejamento apareça na ponta do processo administrativo da empresa, ou seja, ele deve vir antes das outras funções. • O princípio da maior penetração e abrangência: visa garantir que o planejamento seja profundo e abrangente, podendo provocar mudanças nas ca- racterísticas e atividades da empresa para garantir seu sucesso. • O princípio da eficiência,eficácia e efetivida- de: o planejamento deve ter como maiores objeti- vos procurar maximizar resultados e minimizar os gaps, proporcionando à empresa uma situação de eficiência, eficácia e efetividade. Estratégia e planejamento estratégico16 ...................................................................................................................................................................................................................... Confira o quadro a seguir, que mostra as diferenças entre os conceitos de eficiência, eficácia e efetividade. Eficiência Eficácia Efetividade - Fazer as coisas de maneira adequada. - Resolver problemas. - Salvaguardar os recursos aplicados. - Cumprir seu dever. - Reduzir custos. - Fazer as coisas certas. - Produzir alternativas criativas. - Maximizar a utilização de recursos. - Obter resultados. - Aumentar o lucro. - Manter-se no ambiente. - Apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo. - Coordenar constantemente tempo, esforços e energia, tendo em vista o alcance dos resultados. Fonte: Adaptado de OLIVEIRA, 2004, p. 38. Princípios específicos • Planejamento participativo: o principal benefí- cio do planejamento não é o plano em si, mas o pro- cesso envolvido. • Planejamento coordenado: todos os aspectos envolvidos devem ser projetados para atuar de for- ma interdependente, pois nenhum aspecto pode ser planejado de maneira eficiente se o for independen- te de outras formas. • Planejamento integrado: todas as áreas funcio- nais da empresa devem ter os planejamentos inte- grados. • Planejamento permanente: nos dias de hoje, ne- nhum plano mantém seu valor com o tempo, por isso o processo de planejamento deve ser constante. 17Definição de planejamento estratégico, sua origem e evolução ...................................................................................................................................................................................................................... Filosofias do planejamento Além dos princípios gerais e específicos, de acordo com Ackoff (1974 apud OLIVEIRA, 2004), observam-se três tipos de filosofias dominantes no processo de planejamento: 1. Filosofia da satisfação A empresa que opta pela filosofia da satisfação para elaborar seu planejamento estratégico vai designar esforços para fazer “suficientemente bem”, mas não necessariamente “tão bem quanto possível”. Os objetivos a serem determinados serão aqueles que encontrarem a menor resistência possível à sua implementação, podendo inclusive não ser os mais adequados. Ao seguir essa filosofia, a empresa mantém-se fiel às suas práticas, pois não é feito nada que possa encon- trar muita resistência, e a consequência é a elaboração de planos que não propõem alternativas, e, assim, mui- tas oportunidades podem deixar de ser exploradas. A principal preocupação dessa filosofia é com o as- pecto financeiro, com grande ênfase no orçamento e suas projeções. Não é dado muito foco aos demais aspectos, como recursos humanos e equipamentos, pois normalmente é feita apenas uma projeção para o futuro, sem considerar alternativas. A vantagem é que o processo de planejamento é rea- lizado rapidamente e custa pouco, podendo ser mui- to útil também para empresas que estão iniciando o processo de planejamento pela primeira vez. Estratégia e planejamento estratégico18 ...................................................................................................................................................................................................................... 2. Filosofia da otimização Nesta filosofia, a empresa conduz o processo de planejamento por meio de modelos matemáticos e de simulação que serão otimizados, ou seja, pro- cura-se otimizar o processo decisório. Os objetivos são formulados em termos quantitativos e combina- dos a uma medida de desempenho. Ao longo do tempo, foram desenvolvidos modelos muito úteis para a tomada de decisão com relação ao tamanho e localização de fábricas, distribuição de produtos, substituição de equipamentos etc. Po- rém, existe uma forte tendência de ignorar objetivos não quantificáveis como os relacionados aos recur- sos humanos e estrutura organizacional da empresa, uma vez que não podem ser incluídos em nenhum modelo de simulação para serem otimizados. As empresas precisam ficar atentas, pois não adianta ter o melhor modelo matemático fazendo projeções, se houver resistências à implementação do plano. 3. Filosofia da adaptação Nesta filosofia, o principal valor do planejamen- to não está na criação do plano em si, mas sim no processo de criá-lo. Parte do pressuposto de que a maior necessidade de planejamento está na falta de eficácia administrativa e de controles, e que as pessoas são as principais responsáveis pela maioria dos problemas que o planejamento tenta eliminar ou evitar. 19Definição de planejamento estratégico, sua origem e evolução ...................................................................................................................................................................................................................... A filosofia de adaptação procura o equilíbrio inter- no e externo da empresa, pois esse desequilíbrio pode reduzir sua eficiência de modo efetivo, já que as mudanças externas são as principais responsá- veis por seus problemas internos. As filosofias de planejamento, na verdade, são con- sequências do tipo de objetivos que foram formula- dos para a empresa, mas, na maioria dos casos, as três filosofias deveriam caminhar juntas no proces- so de planejamento estratégico. 20 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico O AMBIENTE DO DIÁLOGO ESTRATÉGICO E ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS O que é estratégia? O termo estratégia1 tem origem nas atividades militares. A palavra estratégia vem do grego strategos, que significa “a arte do general”, ou seja, sua capacidade de organizar e executar campanhas militares. Segundo Maximiano (2006), o conceito de estratégia nasceu da guerra, a partir da qual a realização de objetivos significava superar um inimigo, im- pedido, então, de realizar seus objetivos. Cada um dos dois lados, evidentemente, deseja derrotar o outro. O ambiente empresarial não é uma guerra, porém a realidade mostra que negócios e guerra podem ter muitos elementos em comum. As estratégias relatadas no célebre livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu, mostram o caminho para as empresas enfrentarem suas dificuldades e alcançarem seus objetivos. Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas. Sun Tzu 1Estratégia s.f. Militar: Arte de planejar operações de guerra. Arte de combi- nar a ação das forças militares, políticas, morais, econômicas, implicadas na condução de uma guerra ou na preparação da defesa de um Estado. Arte de dirigir um conjunto de disposições: estratégia política./Fig. Habilidade, as- túcia, esperteza: contornou a dificuldade com estratégia./Fig. Ardil, manha, estratagema. Dicionário Aurélio. Disponível em: <http://www.dicionariodo- aurelio.com/Estrategia.html>. 21O ambiente do diálogo estratégico e estratégias empresariais ...................................................................................................................................................................................................................... Na literatura de negócios, encontramos diversas definições para “estratégia”,e em todas podemos observar os prin- cípios básicos do âmbito militar. Vejamos algumas delas: A estratégia pode ser definida como a determinação das metas e dos objetivos básicos a longo prazo de uma empresa, bem como a adoção de cursos de ação e alocação dos recursos necessários à consecução dessas metas. (CHANDLER, 1962, apud SERRA, 2003) A estratégia corporativa é [...], em duas palavras, a vantagem competitiva. O único objetivo do planeja- mento estratégico é capacitar a empresa a ganhar, da maneira mais eficiente possível, uma margem sustentável sobre seus concorrentes. A estratégia corporativa, desse modo, significa uma tentativa de alterar o poder de uma empresa em relação ao dos seus concorrentes, da maneira mais eficaz. (OMAE, 1982, apud SERRA, 2003) Segundo Ansoff (1977, p. 87), as empresas precisam ter um campo de atuação bem definido e uma orientação de crescimento. Ainda segundo o autor, a definição de obje- tivos por si só não atende a essa necessidade, sendo ne- cessário criar regras de decisão para que a empresa possa ter um crescimento sustentável. Essas regras de decisão e diretrizes foram chamadas de estratégia. Já segundo Wright (2000), a estratégia se refere aos planos da alta administração para alcançar resultados consisten- tes com a missão e os objetivos gerais da organização. Na perspectiva de Thompson (2000), a estratégia gerencia aspectos competitivos para atingir metas e mercados. Por último, para Porter (1989), estratégias são ações ofensivas e defensivas de uma empresa para criar uma posição sus- tentável no mercado competitivo, buscando maximizar os retornos para a organização. 22 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico Como pode ser percebido, o conceito básico de estratégia está relacionado à ligação entre a empresa e o ambiente onde ela atua, e a partir daí ela define e operacionaliza estratégias que maximizam os resultados dessa relação. Podemos, então, definir estratégia como um caminho que as empresas devem seguir para garantir o alcance de seus objetivos. Ela deverá ser sempre uma opção inteli- gente, econômica e viável, transformando-se na melhor ferramenta que a empresa pode dispor para otimizar o uso de seus recursos e tornar-se competitiva. A importância da estratégia Para o General Robert E. Wood, da Sears Roebuck & Com- pany: “A empresa é como a guerra, em certos aspectos, pois, se a estratégia adotada for correta, muitos erros táticos po- dem ser cometidos e a empresa ainda sairá vitoriosa.” Conduzir a empresa por meio de uma estratégia faz com que ela interaja com o ambiente de forma competitiva. Se- gundo Porter (1989), o objetivo da estratégia é construir um potencial de sucesso usando suas vantagens competitivas. O desenvolvimento da estratégia competitiva vai determi- nar o modo como a empresa vai competir. Além de a es- tratégia ser um elemento de facilitação e otimização das relações da empresa com os fatores ambientais externos, as estratégias também têm grande influência em seu am- biente interno. Elas determinam como a empresa deve ser estruturada organizacionalmente, quais as qualificações e sistemas necessários, além de outros aspectos. 23O ambiente do diálogo estratégico e estratégias empresariais ...................................................................................................................................................................................................................... É importante observar que nenhuma empresa é igual a ou- tra, ou seja, cada uma tem sua identidade, valores e ob- jetivos, e por isso mesmo que uma estratégia criada para uma empresa não necessariamente vai dar certo em outra. Pelo contrário, a possibilidade de fracasso é grande. Claro que a estratégia não é o único fator determinante de su- cesso ou fracasso de uma empresa; a competência da alta administração na elaboração e execução da estratégia é igualmente importante. A empresa pode ter ou não sua estratégia explícita, mas certamente tem um perfil estratégico identificado em sua relação com o ambiente. Infelizmente, muitas empresas não têm ou não sabem claramente quais são suas estratégias e, por isso, enfrentam muitas dificuldades em entender as mudanças do mercado e, consequentemente, fracassam. Os 5 Ps da estratégia No final dos anos 1980, Henry Mintzberg, um dos grandes autores de estratégia da era moderna propôs o que ele mesmo denominou como os 5 Ps da estratégia. Segundo ele, não existe uma definição única de estratégia e, par- tindo desse pressuposto, buscou esclarecer os diferentes conceitos desse termo, de forma que fosse possível enten- der em que contexto a estratégia se insere na organização e como esta pode se transformar a partir daí. Mintzberg apresentou, então, cinco definições que consideram a es- tratégia: plano, padrão, posição, perspectiva e pretexto. 24 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico A estratégia como um plano É a definição mais comum. A estratégia pode ser um cami- nho, um plano que deve ser traçado visando alcançar um de- terminado objetivo. É uma ação desejada de forma conscien- te que constitui um plano de ação para a empresa atuar no mercado, conquistar e manter uma vantagem competitiva. Quando a empresa desenvolve seu planejamento estratégi- co, por meio da definição das diretrizes estratégicas, ela vai conduzir suas ações em um caminho que vai ajudá-la a al- cançar os objetivos estabelecidos no próprio planejamento. A estratégia como um padrão Por essa definição, a estratégia é a consistência no com- portamento da empresa, ou seja, um conjunto de ações que caracterizam um comportamento padrão. Muitas em- presas acabam adotando essa estratégia, pois a consistên- cia no comportamento gera muita confiabilidade, que é um atributo bastante valorizado no mercado. A estratégia como posição A estratégia como posição trata de localizar a empresa no ambiente competitivo. Delimita-se a forma como ela esco- lhe ou prioriza seus produtos em determinados mercados, marcando, então, seu posicionamento. Para Mintzberg, essa estratégia é compatível com todas as outras, ajudan- do a definir a posição da empresa perante seus concorren- tes ou mesmo a encontrar uma posição única, evitando a competição direta. A estratégia como perspectiva Enquanto as outras definições olham para fora da empre- sa, buscando localizá-la no ambiente, a estratégia como 25O ambiente do diálogo estratégico e estratégias empresariais ...................................................................................................................................................................................................................... perspectiva mergulha para dentro da empresa. A estraté- gia, nesse caso, é um conceito, uma forma fixa de olhar o mundo e de escolher como competir no mercado, criando valores únicos que diferenciam a empresa de seus con- correntes. Essa perspectiva é compartilhada por todos da empresa, seja por suas intenções ou por suas ações. A estratégia como pretexto Mintzberg destaca que a estratégia também pode ser um pretexto, ou seja, uma manobra utilizada pela empresa para induzir seus concorrentes a uma percepção errada sobre a estratégia que será adotada pela empresa, visando com isso conquistar alguma vantagem. É uma definição derivada da estratégia como um plano. O exemplo utiliza- do por Mintzberg é o anúncio da expansão da capacidade de produção de uma fábrica, usado como uma maneirade desencorajar o concorrente a construir uma nova fábrica, sendo esse “plano” apenas uma ameaça. Sejam quais forem as definições adotadas pela empresa, sempre existirão pontos a favor e pontos não tão favorá- veis. Quando consideramos a estratégia como um plano, ou seja, fixando uma direção, a vantagem é que se torna possível acompanhar a execução e mapear o caminho que será seguido. Toda a empresa está ciente e a par da dire- ção e, portanto, consegue seguir unida e coesa rumo ao objetivo proposto. Porém, Mintzberg (2000) ressalta que, mesmo quando segue um curso predeterminado, a empre- sa pode se deparar com situações imprevistas que a levam a não saber que rumo tomar. 26 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico Tipos de estratégia Estratégias deliberadas e emergentes Fonte: MINTZBERG et al., 2000, p. 19. Quando a empresa desenvolve seu planejamento estraté- gico, é claro que tem a intenção de implementá-lo da ma- neira como foi idealizado, certo? Porém, segundo Mintz- berg (2000), nem toda a estratégia desejada será realizada e nem toda a estratégia realizada vem de uma estratégia deliberada. Ela pode ser fruto de uma estratégia emergen- te. É assim que funciona o ciclo, ilustrado acima, da estra- tégia e sua realização. É importante compreender que a estratégia não é estática, ou seja, aquilo que foi planejado não necessariamente irá acontecer. A estratégia de fato realizada pode ser fruto de dois processos distintos de geração de estratégia: a delibe- rada e a emergente. Apesar dos dois processos terem mo- mentos e naturezas diferentes, é possível que a empresa use os dois de forma equilibrada, permitindo que a empre- sa extraia o melhor de cada um deles no momento certo. 27O ambiente do diálogo estratégico e estratégias empresariais ...................................................................................................................................................................................................................... Ainda segundo Mintzberg (2000), a estratégia deliberada é normalmente definida pela alta administração, que tem uma visão ampla e privilegiada da empresa como um todo. A estratégia é definida, detalhada em ações e repassada ao longo da hierarquia da empresa. A geração delibera- da da estratégia está distante da execução. Já a estratégia emergente nasce naturalmente no dia a dia da execução, na experiência dos envolvidos no trabalho. É natural que quem está em contato direto com o trabalho tenha mais experiência sobre o que pode ou não dar certo. Como exemplifica Mintzberg, uma estratégia emergente pode surgir da iniciativa de um vendedor que, ao perceber uma necessidade não atendida de um cliente, convence a empresa a desenvolver um produto adaptado para ele. Esse vendedor está em contato direto com o cliente e pos- sui uma visão do negócio que a alta administração, res- ponsável pelas estratégias deliberadas, não tem. Porém, o autor alerta que a formulação da estratégia feita de forma puramente deliberada impede a aprendizagem, assim como a formulação da estratégia de forma pura- mente emergente impede o controle, ou seja, confiar to- talmente nas estratégias emergentes é tão limitador, ou arriscado, quanto fazer o mesmo com as estratégias de- liberadas. Voltando ao exemplo do vendedor, apesar de ele possuir uma visão privilegiada do negócio, ele também pode estar limitado, muito apegado ao dia a dia, criando um viés em seu entendimento que pode não ser adequado do ponto de vista dos objetivos estratégicos da empresa. Imagine se todo cliente desejasse uma alteração no produ- to! Não haveria nenhuma estratégia que sustentasse esse posicionamento. 28 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico Para Mintzberg, a questão é resolvida com o equilíbrio en- tre a deliberação e a emersão da estratégia, limitando a de- liberação ao que ele chama de “estratégia guarda-chuva”. Essa estratégia representa as diretrizes da alta administra- ção, deliberadas e retransmitidas para o resto da empresa. O conceito por trás desse tipo de deliberação da estratégia está na liberdade delegada aos executivos mais próximos do dia a dia da empresa de definir como seguir essas dire- trizes, possibilitando que suas próprias estratégias emer- jam ao longo de seu trabalho. Como já mencionamos, o ambiente empresarial é muito di- nâmico, e oportunidades podem aparecer. O que era conside- rado uma vantagem competitiva pode deixar de ser, nichos de mercado podem desaparecer. Por isso, Mintzberg ensina que, embora o conceito da estratégia procure criar uma as- sociação com a estabilidade, grande parte de seu estudo e aplicação precisa focar no ambiente e em suas mudanças. Eficácia operacional x estratégia Tanto a estratégia como a eficácia operacional são essen- ciais para que a empresa tenha um melhor desempenho no mercado, que é seu principal objetivo, mas é preciso com- preender suas diferenças. Em seu artigo intitulado O que é estratégia?, Porter (2009) evidencia essas diferenças. Se- gundo o autor, eficácia operacional significa fazer ativida- des semelhantes melhor que os concorrentes, por exemplo: reduzir os defeitos de fabricação ou desenvolver produtos melhores mais rapidamente. Já a estratégia, colocada por Porter como o posicionamento estratégico, significa realizar atividades diferentes daquelas dos concorrentes ou realizar atividades semelhantes de maneira diferente. 29O ambiente do diálogo estratégico e estratégias empresariais ...................................................................................................................................................................................................................... Mas como as empresas conseguem ganhar eficácia operacional? Introduzindo novas tecnologias, motivando funcionários e melhorando sua gestão. Como essas ações afetam direta- mente os níveis de custo e diferenciação das empresas, ra- pidamente é possível observar diferenças nos resultados. Os ganhos de eficácia operacional são contínuos, pois sempre haverá um avanço tecnológico que poderá gerar novos ganhos. Vejamos alguns exemplos: • A equipe de vendas, quando os notebooks se popopularizaram: geraram ganhos na rapidez do input dos pedidos. • A internet: o processamento do pedido passou a ser on-line. • Os smartphones: foi possível melhorar o atendi- mento pós-venda. Todos esses avanços tecnológicos proporcionaram ganhos de produtividade para a empresa e consequente melhoria em seu desempenho. O ganho de eficácia operacional se tornou uma obrigação nas empresas por meio de programas como gestão da qua- lidade total e benchmarking, porém poucas organizações conseguem competir com sucesso somente com ganhos operacionais no longo prazo. E é cada vez mais difícil ficar à frente dos concorrentes justamente pela rápida dissemi- ...................................................................................................................................................................................................................... 30 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico nação dessas melhores práticas. As empresas imitam umas às outras, e as soluções mais óbvias são rapidamente co- piadas. Voltamos ao exemploda equipe de vendas. Todas as organizações adotaram aquelas práticas, não é mesmo? Quanto mais as empresas fazem benchmarking, mais elas se parecem, e, à medida que os concorrentes imitam as melhorias de qualidade uns dos outros, as estratégias con- vergem e os competidores ficam iguais, formando uma concorrência destrutiva. Ao deixarem a eficácia operacio- nal se tornar sua principal estratégia, os executivos com- prometem a capacidade das organizações de investir em novos negócios e inovar. O melhor desempenho a longo prazo, o grande objetivo da empresa, só poderá ser obtido se a organização conseguir manter diferenças significati- vas entre ela e seus concorrentes, por isso a importância da definição do posicionamento estratégico. 31 Missão, visão, valores, objetivos, desafios e metas ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ MISSÃO, VISÃO, VALORES, OBJETIVOS, DESAFIOS E METAS A importância da missão, da visão e dos valores Vimos a importância do planejamento estratégico para as empresas, porém dedicar tempo na elaboração de um bom planejamento não surte nenhum efeito se a empresa não tiver pilares bem definidos. Segundo Costa (2007), entre os principais pilares estão as declarações de missão e vi- são e os valores da empresa. Vejamos o que dizem alguns autores sobre a missão: A missão é, em essência, o propósito da organização. (VALERIANO, 2001, p. 66) A missão é a determinação do motivo central do planejamento estratégico, ou seja, a determinação de “onde a empresa quer ir”. Corresponde a um ho- rizonte dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar. Portanto, a missão representa a razão de ser da empresa. (OLIVEIRA, 2004, p. 76) Uma empresa não se define pelo seu nome, estatuto ou produto que faz; ela se define pela sua missão. So- mente uma definição clara da missão é razão de exis- tir da organização e torna possíveis, claros e realistas os objetivos da empresa. (DRUCKER, 1993, p. 34) 32 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico Escrever a declaração de missão é muito importante para a empresa, pois ela é a razão de sua existência, é a expli- cação de suas intenções e aspirações, como afirmado por David Packard, fundador da Hewlett Packard em 1960, ci- tado em Serra (2003, p. 44): Acredito que muitas pessoas supõem, equivocada- mente, que uma empresa existe para fazer dinhei- ro. Embora isso seja uma consequência importante da existência de uma empresa, precisamos ir mais fundo e descobrirmos as razões reais de existirmos. À medida que examinamos o assunto, chegamos à inevitável conclusão de que um grupo de pessoas se reúne e existe como instituição, que chamamos de empresa, para realizar coletivamente algo que não seriam capazes de realizar individualmente – fazem uma contribuição à sociedade, uma frase que pare- ce banal, mas é fundamental. Ter uma declaração de missão clara serve como base para o desenvolvimento dos objetivos estratégicos, dando dire- cionamento à empresa e evitando que ela persiga outros objetivos que podem ser conflitantes, além de concentrar os esforços das pessoas em uma direção comum, como disse Kotler (1998 apud ANDRADE, 2010, p. 57): Uma missão bem difundida desenvolve nos funcio- nários um senso comum de oportunidade, direção, significância e realização. Uma missão bem explícita atua como uma mão invisível que guia os funcioná- rios para um trabalho independente, mas coletivo, na direção da realização dos potenciais da empresa. Apesar de o conceito de missão ser bem difundido nas em- presas, o entendimento do conceito e o processo de elabora- ção pode ser bastante sacrificante, como disse Peter Druker (1992, apud RODRIGUES et al., 2009, p. 41): “a definição da missão é um processo arriscado, difícil e penoso, porém o 33 Missão, visão, valores, objetivos, desafios e metas ...................................................................................................................................................................................................................... único meio de desenvolver estratégias e concentrar recur- sos para trabalhar.” Como forma de minimizar essa ques- tão, alguns autores sugerem que a missão deve ser escrita somente após ampla discussão na alta administração; com isso, todos terão a mesma percepção do significado e da finalidade da empresa. A definição de missão não é feita uma única vez, de forma definitiva e permanente, ela deve ser dinâmica e acompa- nhar a evolução do negócio da empresa. Vejamos o exem- plo da Sony. • Missão da Sony em 1986: “A Sony é uma pionei- ra e nunca teve a intenção de seguir os outros. Atra- vés do progresso, a Sony quer atender ao mundo in- teiro. Ela sempre estará em busca do desconhecido. Um dos princípios da Sony é respeitar e encorajar as capacidades das pessoas.... e ela sempre tenta tirar o melhor de todos. Esta é a força vital da Sony.” Fonte: <http://www.marco.eng.br/estrategia/Au- la-02-Int-Estrategica.pdf>. • Missão da Sony em 2014: “Para a Sony, te ins- pirar e instigar sua curiosidade é uma verdadeira missão. Nossa paixão por tecnologia, conteúdo e serviços é infinita. É ela que nos move na busca in- cansável pela inovação. É exatamente o que nos im- pulsiona a trazer emoções inéditas e entretenimen- to inigualável para você. Essa é a nossa forma de inventar experiências surpreendentes. Tudo o que criamos é para mover sua emoção.” Fonte: <http://www.sony.com.br/sobreasony/>. 34 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico Consegue perceber a evolução do negócio da Sony pela leitura de sua missão? Conforme vimos, a declaração da missão é muito impor- tante, pois constitui-se em um dos principais pilares da empresa, e é a partir dela que todo o processo de planeja- mento estratégico será conduzido. Vejamos mais dois exemplos de missão: • Abril: “A Abril está empenhada em contribuir para a difusão de informação, cultura e entreteni- mento, para o progresso da educação, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da livre iniciativa e o fortalecimento das instituições demo- cráticas do país.” Fonte: <http://grupoabril.com.br/pt/missao-e-valo- res>. • Nestlé: “Oferecer ao consumidor brasileiro pro- dutos reconhecidamente líderes em qualidade e va- lor nutritivo, que contribuam para uma alimentação mais saudável e agradável, gerando sempre oportu- nidades de negócios para a empresa e valor compar- tilhado com a sociedade brasileira.” Fonte: <http://corporativo.nestle.com.br/aboutus/ nestlebrasil>. • Google: “A missão do Google é organizar as in- formações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis e úteis.” Fonte: <https://www.google.com/intl/pt-BR/about/ company/>. 35 Missão, visão, valores, objetivos, desafios e metas ...................................................................................................................................................................................................................... • Grupo RBS: “Facilitar a comunicação das pessoas com o seu mundo.” Fonte: <http://www.gruporbs.com.br/quem-somos/o- -grupo-rbs/>. A visão da empresa Em um mundo cada vez maiscomplexo e competitivo, de- finir uma visão passou a ter importância fundamental na construção do futuro das empresas, como disse o especia- lista C. Lee (apud VASCONCELLOS, 2011, p. 223): “o con- ceito de visão nunca foi tão importante como no mundo de hoje, de organizações achatadas e descentralizadas.” Para Chiavenato (2003), a visão do negócio é aquilo que a organização deseja ser no futuro, é a sua fonte de inspi- ração. A visão deve estar alinhada com os interesses dos stakeholders (todos os envolvidos com a organização), a fim de atender a seus objetivos, e deve ser coerente com o comportamento da empresa, tendo total credibilidade. Segundo Allen (1998), a visão ideal deve mostrar onde a empresa está, aonde quer chegar e que meios serão neces- sários para atingir esse objetivo. Só assim será possível motivar os funcionários, dar rumo à empresa e avaliar seu progresso por meio da comparação dos resultados. Porém, não basta ter apenas uma visão, ela deve ser clara e compartilhada com todos os funcionários. Vejamos al- guns exemplos de visão: • Visão da Microsoft: “Disponibilizar às pessoas software de excelente qualidade – a qualquer momen- 36 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico to, em qualquer local e em qualquer dispositivo.” Fonte: <http://www.microsoft.com/investor/reports/ ar02/shareholder_letter/mission_por.htm>. • Visão GM: “Desenhar, montar e vender os melho- res veículos do mundo.” Fonte: <http://www.chevrolet.com.br/sobre-a-gm/che- vrolet-agora-para-sempre-pilares-marca.html>. • Grupo Pão de Açúcar: “O GPA almeja ampliar a participação no mercado brasileiro de varejo e tor- nar-se a empresa mais admirada por sua rentabili- dade, inovação, eficiência, responsabilidade social e contribuição para o desenvolvimento do Brasil.” Fonte: <http://www.gpabr.com/o-grupo/missao--vi- sao-e-pilares/>. Uma visão claramente definida vai motivar, inspirar, orien- tar e trazer sucesso para a empresa. Porém, é preciso que a organização se aproprie dela, ou seja, acredite nela no dia a dia a partir de comportamentos e escolhas. É preciso transformar a teoria em prática, caso contrário o processo de elaboração da visão não terá servido para nada. Durante o planejamento estratégico, a visão associada a uma declaração de missão começa a tornar clara a inten- ção estratégica da empresa. Valores Os valores são o conjunto de conceitos, crenças ou filo- sofias que a organização respeita e pretende ver incor- 37 Missão, visão, valores, objetivos, desafios e metas ...................................................................................................................................................................................................................... porado em sua cultura. São princípios que ela não está disposta a abrir mão, como a honestidade e a ética; são os atributos e virtudes da empresa, como a prática da trans- parência, respeito à diversidade e ao meio ambiente. Os valores são os princípios que estabelecem como as pesso- as devem trabalhar e fazer negócios na empresa e devem ser identificados em seu DNA. Vejamos como exemplo os dez valores do Google: 1. Concentre-se no usuário e tudo mais virá. 2. É melhor fazer algo realmente bem. 3. Rápido é melhor que devagar. 4. A democracia funciona na web. 5. Você não precisa estar em sua escrivaninha para precisar de uma resposta. 6. É possível fazer dinheiro sem fazer o mal. 7. Sempre haverá mais informações. 8. A busca por informações cruza todas as fronteiras. 9. É possível ser sério sem usar terno. 10. Excelente ainda não é o suficiente. Fonte: <http://www.google.com/intl/pt-BR/about/ company/philosophy/>. No exemplo do Grupo RBS, vemos que a empresa compar- tilha o que ela quer ser e suas diretrizes com seus colabo- radores, por meio dos valores: • Fazer o que é certo: uma empresa ética que se orgulha do que faz. 38 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico • Conexão com as pessoas: gente com brilho nos olhos. Relação de confiança e respeito recíproco. • O nosso coração pulsa: um ambiente vibrante e ousado. Busca da excelência, com disciplina, agilida- de e simplicidade. • Todos pelos clientes: temos compromisso com os nossos públicos – consumidores (ouvintes, lei- tores, telespectadores e internautas), anunciantes e usuários. Toda a organização é dedicada a gerar as melhores soluções para os clientes. • Realizar crescimento sustentado: paixão por fazer mais e melhor. Compromisso com resultados consistentes no curto e no longo prazo. • Desenvolvimento coletivo: orgulho da nossa contribuição para o país e para a sociedade, com forte senso de responsabilidade e de pertencimento às comunidades. Fonte: <http://www.gruporbs.com.br/quem-so- mos/o--grupo-rbs/>. Podemos observar que o comportamento de executivos e colaboradores traduz os reais valores da empresa, direcio- nando a contratação de pessoas, já que faz com que pes- soas com valores similares aos praticados na organização tenham interesse em trabalhar nela. Transformados em políticas e filosofias, os valores tam- bém guiam o processo de tomada de decisão e do plane- jamento estratégico, pois inspiram o comportamento da empresa para atingir seus objetivos. 39 Missão, visão, valores, objetivos, desafios e metas ...................................................................................................................................................................................................................... Diferença entre missão e visão Como vimos, as definições de missão e visão têm sido uti- lizadas pelas empresas para transmitir sua ideologia. A visão de uma empresa é o enunciado do que ela espera em um futuro ou determinado espaço de tempo; define aonde a empresa quer chegar, a direção que pretende se- guir e o que ela quer ser. Já a missão descreve o presente, o agora, a razão de a empresa existir. Vejamos a missão e a visão da Petrobras: • Visão da Petrobras: “Ser uma das cinco maiores empresas integradas de energia e a preferida pelos nossos públicos de interesse.” Fonte: <http://www.petrobras.com.br/pt/quem-so- mos/estrategia/>. • Missão da Petrobras: “Atuar na indústria de pe- tróleo e gás de forma ética, segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, fornecendo produtos adequados às necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atuamos.” Fonte: <http://www.petrobras.com.br/pt/quem-so- mos/estrategia/>. A visão apresenta um objetivo futuro, e a missão, como a empresa vai chegar lá. A missão e a visão devem ser simples, curtas e objetivas, além de servir como direciona- mento para as diferentes iniciativas da organização. 40 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico Como vimos acima, as declarações de missão, visão e valo- res de uma empresa requerem uma atenção especial. Não bastam apenas palavras bonitas, elas devem ser fruto de um esforço coletivo e devem estar presentes no dia a dia de todos na empresa, executivos e colaboradores. Objetivo, desafio e metas - os instrumentos prescritivos do planejamento estratégico Segundo Oliveira (2004), os instrumentos prescritivos do processo de planejamento estratégico explicam o que deve ser feito pela empresa para que o propósito estabelecidoden- tro da missão seja alcançado. Os instrumentos básicos são: • Objetivo estratégico: é o que a empresa pretende conquistar. Ele determina para onde a organização deve dirigir seus esforços. • Objetivo funcional: é o desdobramento do obje- tivo geral para as áreas funcionais, como marketing, compras e finanças. Deve sempre estar alinhado ao objetivo geral. • Desafio: é a quantificação com prazos definidos dos objetivos funcionais. • Meta: são as ações quantificadas e com prazos para alcançar os desafios. • Estratégia: é o caminho mais adequado que deve ser seguido para atingir o objetivo e o desafio. A definição da estratégia é um ponto fundamental do planejamento estratégico. Geralmente, as estratégias são estabelecidas por área funcional. 41 Missão, visão, valores, objetivos, desafios e metas ...................................................................................................................................................................................................................... • Política: também são estabelecidas nas áreas fun- cionais e são as orientações que já se tornaram padrão. • Plano de ação: é a ferramenta para coordenar ações, responsáveis e prazos. • Projeto: é o trabalho a ser executado. São deter- minados os responsáveis, qual o resultado esperado de forma quantificada, prazos, recursos necessários (humanos, financeiro e materiais) e áreas envolvidas. Os objetivos são os resultados que a organização pretende atingir. As empresas utilizam os objetivos como base de seu planejamento estratégico e, na sequência, definem os objetivos específicos das áreas funcionais. Na definição dos objetivos, é importante que sejam criados indicadores, como fatia de mercado, faturamento total e número de clientes, por exemplo, que possam depois ser medidos. Esses indicadores serão os desafios da empresa. Enquanto o objetivo é o alvo que se deseja atingir, o desa- fio é a quantificação com prazos desse objetivo que vai exi- gir um esforço extra para ser alcançado. As metas são as ações que precisam ser executadas para atingir o desafio proposto. As metas são quantificadas e devem ter prazo. Para definir os objetivos, a empresa precisa saber em que mercado vai atuar e com quais produtos/serviços, ou seja, precisa definir sua estratégia. É fundamental que todos os funcionários da empresa conheçam sua estratégia e seus objetivos, estando comprometidos com eles como se fos- sem seus próprios objetivos pessoais. 42 ...................................................................................................................................................................................................................... Estratégia e planejamento estratégico Depois de estabelecer objetivos, desafios, estratégias e polí- ticas, o último passo do plano prescritivo do planejamento estratégico é identificar, estruturar e executar os projetos. Os projetos são os trabalhos que devem ser realizados com prazo, responsáveis e resultado esperado. Estabelecer proje- tos dá à empresa condições de operacionalizar os planos de ação que ela vai desenvolver com o objetivo de alcançar os resultados definidos no planejamento estratégico. Neste capítulo, conhecemos as origens do planejamento estratégico e vimos que este é um processo de estabeleci- mento de um estado futuro desejado. E, para que ele seja eficiente, deve sempre visar aos objetivos máximos da em- presa, ser profundo e abrangente e ter como principal ob- jetivo procurar maximizar resultados e minimizar os gaps, proporcionando à organização uma situação de eficiência, eficácia e efetividade. Entendemos o que é estratégia, pela conceituação de vários autores, e sua importância, além de aprendermos que ela é o caminho que as empresas devem seguir para garantir o al- cance dos objetivos estabelecidos no planejamento, e que o objetivo da estratégia é construir o sucesso por intermédio das vantagens competitivas da organização. Finalmente, compreendemos a importância das declarações de missão, visão e valores para o processo de elaboração do planejamento estratégico, entendendo que a missão é a razão de ser da empresa e serve de base para o desenvolvimento de seus objetivos estratégicos, dando rumo a ela. A visão do ne- gócio é aquilo que a organização deseja ser no futuro e deve estar alinhada com os interesses de todos os envolvidos com a empresa, a fim de atender aos seus objetivos. 43 ...................................................................................................................................................................................................................... REFERÊNCIAS ALLEN, Richard. O processo de criação da visão. [S.l]: HSM Management, 1998. ANDRADE, Rui Otávio Bernardes. Estratégias de gestão: processos e funções do administrador. Rio de Janeiro: El- sevier, 2010. ANSOFF, H. I. Estratégia empresarial. São Paulo: McGraw- -Hill do Brasil, 1977. CHIAVENATO, I. Planejamento estratégico. Rio de Janei- ro: Elsevier, 2003. COBRA, Marcos. Plano estratégico de marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989. COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão estratégica: da empre- sa que temos para a empresa que queremos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. HOLLANDA, Aurélio Buarque de (Org.). Dicionário Au- rélio. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio. com/Estrategia.html>. Acesso em: 10 jul. 2014. DRUCKER, P. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pionei- ra, 1993. ...................................................................................................................................................................................................................... 44 45Perfis do planejamento operacional, tático e estratégico ...................................................................................................................................................................................................................... CAPÍTULO 2 IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO E ESCOLAS DE PENSAMENTO ESTRATÉGICO Este capítulo trata das diferentes metodologias para im- plantação do planejamento estratégico e das escolas do pensamento estratégico. Serão abordadas as principais metodologias e a importância de uma implementação de sucesso para que a empresa alcance seus objetivos. 46 ...................................................................................................................................................................................................................... Implantação do planejamento e escolas de pensamento estratégico PERFIS DO PLANEJAMENTO OPERACIONAL, TÁTICO E ESTRATÉGICO Como vimos no primeiro capítulo, o planejamento estra- tégico é um processo gerencial que visa adequar os obje- tivos desejados e os recursos disponíveis da empresa às mudanças e oportunidades de mercado. O planejamento estratégico é o direcionador das ações da organização em busca de resultados, crescimento e desenvolvimento que possam garantir o seu sucesso. Fazendo uma relação entre o planejamento estratégico e os níveis hierárquicos da empresa, identificamos três tipos de planejamento: o estratégico, o tático e o operacional. O planejamento estratégico está relacionado aos objetivos de médio e curto prazos, às estratégias e às ações que afetam a empresa como um todo. Já o planejamento tático está relacionado com os objetivos de médio e curto prazos e com estratégias e ações que afetam parte da empresa, e é elaborado pelas áreas funcionais. 47Perfis do planejamento operacional, tático e estratégico ...................................................................................................................................................................................................................... De acordo com Oliveira (2004) e o princípio do planeja- mento integrado, os váriosníveis da empresa devem apre- sentar seus planejamentos de forma integrada, pois o pla- nejamento estratégico elaborado de forma isolada não é suficiente, já que os objetivos de longo prazo precisam de ações imediatas que os operacionalizem para que se alcance os resultados desejados. Por isso, é fundamental o desenvolvimento dos planos táticos e operacionais. O planejamento estratégico O planejamento estratégico é responsabilidade do alto es- calão da empresa e formula os objetivos que vão direcio- ná-la, levando em consideração as condições internas e externas e a evolução que se espera dela. O planejamento estratégico, de acordo com a pirâmide organizacional, que se refere ao nível estratégico — enfo- cando decisões estratégicas com objetivos de longo prazo, que afetam toda a empresa —, é o carro-chefe do plane- jamento empresarial. É a partir de uma análise profunda dos ambientes internos e externos que será determinado o rumo da empresa para os próximos anos. O planejamento estratégico foca os objetivos de longo prazo, e é preciso conhecer seus pontos fortes e fracos, ameaças e oportuni- dades para alcançá-los. Afinal, a implantação das diretri- zes e dos objetivos propostos pelo planejamento estraté- gico podem determinar o seu sucesso ou fracasso. O planejamento tático O planejamento tático enfoca decisões táticas com objeti- vos de curto prazo, que afetam apenas uma parte da orga- nização. Ele tem como objetivo otimizar uma determinada área de resultado e não a empresa como um todo, decom- pondo os objetivos, as estratégias e as políticas estabele- cidas no planejamento estratégico. 48 ...................................................................................................................................................................................................................... Implantação do planejamento e escolas de pensamento estratégico O planejamento tático é desenvolvido nos níveis de ge- rência, tendo como principal objetivo utilizar de forma eficiente os recursos determinados no plano estratégico. É diferente do planejamento estratégico, pois trata de pra- zos mais curtos, tem uma abrangência menor e é mais flexível. Podemos citar como exemplos de planejamentos táticos o planejamento mercadológico, financeiro, de pro- dução e recursos humanos. O planejamento operacional O planejamento operacional foca as decisões operacionais, ou seja, nada mais é do que a elaboração do plano de ação que será aplicado no dia a dia da empresa. De acordo com Oliveira (2004, p. 49): o planejamento operacional pode ser considerado como a formalização, principalmente por meio de documentos escritos, das metodologias de desen- volvimento e implantação estabelecidas, correspon- dendo a um conjunto de partes homogêneas do pla- nejamento tático, Ou seja, o planejamento operacional apresenta os pro- cedimentos básicos que deverão ser adotados, define os responsáveis pela implantação e execução e quais são os resultados esperados. Comparando com os outros dois tipos de planejamento, o operacional trata de prazos bem menores, com ainda menos abrangência e maior flexibili- dade que o planejamento tático. Diferenças entre planejamento estratégico, tático e operacional Muitas empresas têm dúvidas e dificuldades em diferen- ciar os três tipos de planejamento. Como vimos, o planeja- mento estratégico trata da empresa como um todo, levan- 49Perfis do planejamento operacional, tático e estratégico ...................................................................................................................................................................................................................... do em consideração uma análise dos ambientes interno e externo e tendo uma visão integrada da companhia. O planejamento tático é elaborado por cada área da empre- sa; por exemplo, a área financeira terá seu planejamento financeiro, e a área comercial terá seu plano comercial. E, finalmente, o planejamento operacional vai orientar os recursos em ações para executar os planos táticos. Então, de uma maneira bem objetiva, o planejamento es- tratégico se desdobra em vários planos táticos, que, por sua vez, desdobram-se nos planos operacionais que serão executados. De acordo com Ackoff (1982 apud OLIVEIRA, 2004), es- tratégia e tática são dois aspectos de comportamento. A estratégia se relaciona a objetivos de longo prazo que afe- tam a empresa como um todo. A tática se relaciona aos de mais curto prazo, que afetam partes da empresa, a fim de que os objetivos de longo prazo sejam alcançados. ...................................................................................................................................................................................................................... 50 ...................................................................................................................................................................................................................... Implantação do planejamento e escolas de pensamento estratégico No ambiente complexo que vivemos hoje, as mudanças são constantes e podem afetar a empresa no longo ou no curto prazo, assim como as decisões que deverão ser to- madas para reagir a essas mudanças. É nesse contexto que se costuma definir o planejamento estratégico e diferenci- á-lo do tático e do operacional. Não existe uma linha definida para se distinguir os tipos de planejamento. Eles devem coexistir e ser operados de maneira contínua. 51Principais escolas do pensamento estratégico ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ PRINCIPAIS ESCOLAS DO PENSAMENTO ESTRATÉGICO O processo de formação da estratégia de uma empresa é de extrema importância para que ela alcance seus objetivos. Muitos autores e pensadores debatem sobre como deveria ser o processo de formulação da estratégia dentro da em- presa, e são muitas visões diferentes, mas que são com- plementares e dependem da realidade de cada companhia. É importante lembrar que a estratégia adotada deverá ser aquela que melhor atenda à realidade e à necessidade da organização em um determinado momento ou em uma si- tuação. Segundo Mintzberg et al. (2010), existem dez pontos de vista sobre o processo de formulação da estratégia que são refletidos no dia a dia gerencial. Esses pontos de vista foram chamados de escolas de pensamento sobre a for- mulação da estratégia. São elas: • Escola do Design: formulação da estratégia como um processo de concepção. • Escola do Planejamento: formulação da estraté- gia como um processo formal. • Escola do Posicionamento: formulação da estra- tégia como um processo analítico. 52 ...................................................................................................................................................................................................................... Implantação do planejamento e escolas de pensamento estratégico • Escola Empreendedora: formulação da estraté- gia como um processo visionário. • Escola Cognitiva: formulação da estratégia como um processo mental. • Escola de Aprendizado: formulação da estraté- gia como um processo emergente. • Escola do Poder: formulação da estratégia como um processo de negociação. • Escola Cultural: formulação da estratégia como um processo coletivo. • Escola Ambiental: formulação da estratégia como um processo reativo. • Escola de Configuração: formulação da estraté- gia como um processo de formulação. Asdez escolas foram agrupadas em três categorias: esco- las prescritivas, descritivas e configurativas. As três primeiras escolas – do Design, do Planejamento e do Posicionamento: são as chamadas escolas prescriti- vas e são elas que formam a base de todos os conceitos sobre plano de negócios, ou seja, a base do planejamen- to estratégico que conhecemos. Elas focam a formula- ção da estratégia na análise do mercado, decidem qual o posicionamento da empresa nesse mercado e planejam como esse posicionamento será atingido por meio da de- finição de objetivos e da formulação de planos, tendo como resultado final o planejamento estratégico formal que conhecemos. 53Principais escolas do pensamento estratégico ...................................................................................................................................................................................................................... Confira pela tabela criada por Mintzberg (2010) as bases do planejamento estratégico formal. Bases do planejamento estratégico formal Escola do Design estratégia como processo de concepção. Escola do Planejamento estratégia como processo formal. Escola do Posiciona- mento estratégia como proces- so analítico. Conceitos- chave SWOT: avaliação dos pontos fortes e fracos da organização à luz das oportunidades e ameaças do seu ambiente. Prever e preparar: objetivos, orçamentos, estratégias e programas; aceitação das premissas da Escola do Design. Estratégias genéricas: liderança em custo, diferenciação ou foco; matriz BCG/ cinco forças de Porter; aceitação das premissas das escolas do Design e do Planejamento. Principais autores Philip Selznich, Alfred Chandler. Igor Ansoff. Michael Porter, Sun Tzu, von Clausewitz. Fonte: MINTZBERG, 2010. As seis escolas seguintes – Empreendedora, Cognitiva, de Aprendizado, do Poder, Cultural e Ambiental: formam as escolas descritivas. Elas consideram aspectos mais especí- ficos do processo de formulação da estratégia, focando a descrição de como as estratégias são formuladas de fato e não se preocupando muito em prescrever um comporta- mento estratégico ideal. 54 ...................................................................................................................................................................................................................... Implantação do planejamento e escolas de pensamento estratégico A última escola, de Configuração, forma sozinha o grupo das escolas configurativas. Ela é, na realidade, uma combi- nação de todas as outras, pois busca uma integração entre os processos de formulação de estratégias, da estratégia em si, da estrutura organizacional da empresa e do mo- mento que ela está vivendo. O processo de formulação da estratégia é tratado como sendo de transformação, pois incorpora as práticas prescritivas e descritivas sobre as mudanças estratégicas. Todas essas escolas surgiram em momentos diferentes do desenvolvimento do conhecimento e dos estudos sobre a administração estratégica. Algumas são muito desenvolvi- das e muito utilizadas, e outras ainda estão se desenvol- vendo. Vejamos, a seguir, as principais características de cada escola em relação à formulação da estratégia. Escola do Design É a escola mais influente do processo de formulação da estratégia e baseia-se na crença de que sua formulação é um processo de concepção. Busca entender os ambientes internos e externos e relaciona os pontos fortes e fracos da organização com suas ameaças e oportunidades para definir a estratégia a ser seguida. Essa escola diferencia o pensamento da ação, ou seja, a formulação da estratégia é separada da implementação. A estratégia é formulada por um estrategista e é implementada pelo resto da empresa, o que contribui para o distanciamento da estratégia da realidade da organização. 55Principais escolas do pensamento estratégico ...................................................................................................................................................................................................................... Escola de Planejamento Essa escola nasce na mesma época da escola do Design. A elaboração da estratégia é vista como um processo for- mal sustentado por técnicas, programas e planos. É mais elaborada que a escola do Design por estar muito asso- ciada à ideia de controle, devido à formalidade da sua elaboração e da mecanização do processo por intermédio de planos mais complexos e controles mais específicos. As estratégias dessa escola são sempre deliberadas, e o sucesso acontece pela implementação controlada e sem surpresas dessa estratégia. Escola de Posicionamento Nessa escola, a elaboração da estratégia é vista como um processo analítico. A estratégia futura é baseada na aná- lise do passado e de dados estatísticos. Um dos impulsio- nadores dessa escola foi o célebre autor Michael Porter, que desenvolveu ferramentas como “As cinco forças de Porter”, que buscam analisar a concorrência de um setor da indústria, e “As estratégias genéricas de Porter”, que buscam posicionar a empresa no mercado em busca do al- cance de um desempenho melhor do que dos seus concor- rentes. O grande papel dessa escola é apoiar o processo de elaboração da estratégia com a análise. Como visto, as escolas prescritivas formam a base do pla- nejamento estratégico formal, no qual a formulação da estratégia é um processo controlado, formal e consciente, produzindo estratégias deliberadas que devem ser expli- citadas e compartilhadas antes de serem implementadas. O foco dessas escolas está na formulação da estratégia, e não na implementação dela. 56 ...................................................................................................................................................................................................................... Implantação do planejamento e escolas de pensamento estratégico A Escola Empreendedora Essa é o oposto das escolas do processo formal de plane- jamento, as chamadas escolas prescritivas. Ela foca o pro- cesso da estratégia em um único líder, o empreendedor que tem uma visão de futuro da empresa. É a elaboração da estratégia vista como um processo visionário. Nesse caso, a visão estratégica é maleável e proativa, com uma li- derança personalizada, possibilitando mais inovação para a empresa. No entanto, como depende de um líder único, o processo de elaboração da estratégia não é claro, pois está dentro da mente do líder. A constatação de que não existe um único modelo para elaborar e executar a estratégia, como foi disseminado pelas escolas prescritivas, pode explicar por que as pe- quenas e médias empresas repudiam a necessidade de um plano de negócio. Para essas empresas, é difícil escrever um plano de negócios a partir dos modelos das escolas prescritivas, pois a estratégia está na cabeça do líder. A Escola Cognitiva Essa escola vai procurar entender o funcionamento da men- te humana para poder compreender como, a partir da ob- servação da realidade, as estratégias são formadas na mente do estrategista; é a formulação da estratégia vista como um processo mental. Assim, o foco dessa escola não está na es- tratégia em si, mas em seu processo que deriva da realidade. Ela reconhece o processo criativo mental, como as pesso- as processam as informações do ambiente e formam as estratégias na mente, categorizando o processo em mode- los, conceitos e esquemas. 57Principais escolas do pensamento estratégico ...................................................................................................................................................................................................................... A Escola de Aprendizado A formulação da estratégia é vista como um processo emergente, no qual as mesmas emergem
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