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MEDICINA UFMS – CAMPUS TRÊS LAGOAS RESUMO DE CARDIOLOGIA ECG O QUE ELE REPRESENTA INFORMAÇÕES EXTRAS Ritmo sinusal Ritmo sinusal (valores de referência) 1. FC: o normal é entre 60 e 100 bpm (porém, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, é aceito entre 50 e 100 bpm); Cálculo: 1500/nº de quadrados menores entre R-R ou contar quantos quadrados maiores cabem entre R-R, utilizando a sequência: 300/150/100/75/60/50/40/30; 2. Onda P: com altura (amplitude) de até 2,5 mm (0,25 mV = 2,5 quadrados menores) e comprimento entre 2 e 2,5 mm (0,08 e 0,1 = 2 a 2,5 quadrados menores); 3. Intervalo P-R: entre 0,12 e 0,2 s (3 a 5 quadrados menores); É isoelétrica. 4. Complexo QRS: Q e S sempre negativas e R positiva; O tamanho das ondas varia com as derivações de acordo com a projeção do eixo elétrico. Quando Q normal, aparece em DI, DIII, aVL, V5 e V6; duração: 0,06 a 0,1 s (1,5 a 2,5 quadrados menores); 5. Seguimento S-T: isoelétrico com discreto aumento no final, emendando com a onda T; 6. Onda T: a. Positiva em DI, DII, V5 e V6. b. Baixa em DIII, aVL, V1 e V2. c. Negativa em aVR. Lembrar da sequência de avaliação: 1. Calibração; 2. Ritmo 3. FC; 4. Onda P; 5. Intervalo PR; 6. Complexo QRS; 7. Eixo elétrico; 8. Progressão da onda R; 9. Seguimento ST; 10. Onda T. Lembrar: • Ritmo sinusal não impede que se assinalem outras modificações no ECG no mesmo traçado; • Variedades do ritmo sinusal: o Taquicardia sinusal: FR > 100 bpm; espaços T-P reduzidos; o Bradicardia sinusal: FR < 60 bpm (ou 50 bpm, de acordo com a SBC. Espaço diastólico alongado; o Arritmia sinusal: ritmo irregular. Intervalo P-R irregular, podendo ou não seguir o padrão. Em jovens pode não ser considerada patológica. • Melhor derivação para observar arritmias: DII; BRADIARRITMIAS Bradicardia sinusal: ritmo sinusal com FC < 50 bpm; • Principais causas: tônus vagal excessivo, tônus simpático deprimido, Beta-bloqueadores, Anticolinérgicos, Amiodarona, Fibrose do nó sinusal, meningite, tumor do SNC, hipotermia, hipotireoidismo, IAM parede inferior; • Quadro clínico geralmente benigno > maior tempo diastólico > pode favorecer o retorno do sangue para as cavidades quando em IC; • Geralmente não é necessário o tratamento; • Se bradicardia com débito cardíaco inadequado: usar atropina; • Casos mais graves: marcapasso. Arritmia sinusal: ritmo sinusal com intervalo P-R irregular; • Pode ou não seguir um padrão; • Comum em jovens = não patológica; • Principais causas: fisiológica: respiratória (crianças durante a inspiração, principalmente); patológica: doença do nó sinusal; medicamentos: digitálicos e opioides; • Geralmente assintomático > tratamento não necessário. Parada sinusal: intervalo entre dois batimentos sinusais. Longos períodos sem onda P no ECG. • Corpo detecta hipofluxo > tem extrassístole (nem sempre) > método de compensação; • Pré-disposição para taquiarritmia ventricular > compensação exacerbada exige marcapasso; • Geralmente assintomáticos. Bloqueio de 3 grau: Bloqueios AV: • Avaliar o intervalo PR: normal é de 0,2 s (5 quadrados menores); • Bloqueio de 1º grau: alargamento de P-R > após a onda P, espaço com mais de 5 quadrados. SEMPRE TEM ONDA P; • Bloqueio de 2º grau: o Mobitz I: bloqueio AV é precedido de aumento progressivo e sucessivo do espaço P-R > aparece uma onda P sozinha após o aumento contínuo nos intervalos P-R. Sempre o P-R antes da P bloqueada é maior que o P-R depois; o Mobitz II: onda P continua bloqueada, mas, não há variação no intervalo P-R. • Bloqueio de 3º grau (BAVT): não há relação de onda P com o QRS. • Impossibilita a condução; • Mobitz II e 3º grau = indicação de marcapasso; • Bloqueio de 1º grau: alargamento de P-R: alterações no coração fazem com que o coração busque fibras viáveis > por isso um tempo maior; o Causas: miocardite, digitálicos, doença do nó sinusal; o Nunca é sintomático. • Bloqueio de 2º grau: condução AV é intermitente > não tem transferência do estímulo elétrico do átrio para o ventrículo todas as vezes. Átrio contraindo com o ventrículo não correspondendo todas as vezes > impulso atrial não alcança os ventrículos > onda P sem resposta ventricular. Bloqueios podem acontecer no átrio, nó AV, Feixe de His ou Fibras de Purkinje. o Mobitz I: pode ser normal em atletas, raramente requer implante de marcapasso, pode surgir na fase aguda de IAM de parede inferior. o Mobitz II: pode evoluir para BAVT; pode ocorrer devido a doença estrutural do sistema de condução ou medicamentos (beta-bloqueadores, digitálicos). Exige implante de marcapasso. • Bloqueio de 3 grau (BAVT): o Geralmente apresenta síncopes ou sintomas de baixo débito, frequência baixa; o Indicação de marcapasso; o Causas: doença estrutural do sistema de condução ou medicamentos; o Nenhum estímulo gerado nos átrios passa para os ventrículos, de modo que os átrios e os ventrículos são contraídos cada um ao seu próprio ritmo. Bloqueio de ramo esquerdo Bloqueios IV: • Avaliar QRS: quando alargado, investigar bloqueio de ramo; • Em V1 o QRS normal é negativo, se estiver positivo, pode ser um bloqueio de ramo. • Em V6 o QRS é positivo, se estiver diferente disso, pode ser bloqueio; • Bloqueio de ramo direito (BRD): o Presença de complexos rsr’, rsR’ ou rSR’ em V1 ou V2 > onda R’ habitualmente maior que r; o QRS largo (> que 0,12 s + RR’); o Se for: RR’ + tempo < que 0,12s = DCRD (distúrbio de condução do ramo direito). • Bloqueio de ramo esquerdo (BRE): o QRS > ou = 0,12 s; o Ondas R alargadas ou com entalhes em V5, V6, D1 e a VL; o Ausência de Q em V5, V6 e D1; o Desnível de ST no sentido oposto ao da principal deflexão do QRS; o Onda T também oposta ao QRS. Bloqueios IV: • Bloqueio das fibras de Purkinje; Bloqueio de ramo direito (BRD): • Causas: processos do septo interventricular, lesão valvular, HAS, IAM, doença de Chagas; • Até 35 anos pode ser normal o distúrbio de condução do ramo direito; Bloqueio de ramo esquerdo (BRE): • Quando há bloqueio do tronco do ramo esquerdo antes da bifurcação em fascículos: antero-superior e póstero inferior ou bloqueio dos dois fascículos ao mesmo tempo; • Causas: HAS, DAC; doença valvular, isquemia, esclerose, calcificação, devido à hipertrofia do ventrículo esquerdo. TAQUIARRITMIAS Taquicardia sinusal Taquicardia supraventricular por reentrada nodal Taquiarrititmias: • > 0,12 s = ventriculares (abaixo do feixe de His); • < 0,12 s = supraventriculares (acima do feixe de His); Taquicardias supraventriculares: • QRS estreito > avaliar o ritmo > se regular > procura-se a presença de onda P: o Sem onda P: taquicardia por reentrada nodal; o Com onda P: taquicardia sinusal; • Ritmo irregular: Fibrilação atrial (FA). Taquicardia sinusal: • FC > 100 bpm; • Onda P enlaçada com QRS nas derivações D1, D2 e aVF; Manifestações clínicas gerais das taquiarritimias: palpitações, dispneia, diaforese, (sudorese fria), dor precordial, em alguns casos há também síncope e pré-síncope; • Supraventriculares: sinusal, atrial, fibrilação atrial, flutter atrial; • Ventriculares: TV não sustentada, monomórfica sustentada, sustentada polimórfica, ventricular polimórfica (Torsades de Pointes), fibrilação ventricular, assistolia; • Extrassístoles (supraventriculares e ventriculares); Taquicardia sinusal: • Resposta a um estímulo fisiológico (exercício, estresse); • Consequência de um estímulo excessivo (hipertireoidismo, medicações adrenérgicas > atropina ou aminofilina); Taquicardia Atrial unifocal Taquicardia atrial: • Onda P pode assumir uma morfologia distinta da sinusal > com frequência atrial de 100 a 250 bpm; • Avaliar a taquicardia atrial em relação às ondas P (não em relação ao R-R) > ventrículo pode estar em sua FC normal, mas, os átrios podem estar contraindo diversas vezes repetidasdevido a um estímulo); Taquicardia atrial: • Frequentemente benigna > formas incessantes podem levar à taquicardiomiopatia; • Os estímulos cardíacos sourgem de outros pontos do átrio que não o nó sinusal > ritmo sinusal ectópico > morfologia de P diferente do ritmo sinusal > frequência atrial pode estar aumentada ou não. Taquicardia Atrial multifocal • Muitas vezes para uma condução do QRS, tem-se de duas a três vezes a despolarização atrial; • Uma linha isoelétrica está usualmente presente entre as ondas P > usado para distinguir a taquicardia atrial do flutter atrial; • Duas formas: o Unifocal: ondas P possuem ritmo regular com a mesma morfologia; o Multifocal: ondas P com pelo menos 3 morfologias diferentes (podem, inclusive, começarem positivas e se tornarem negativas), seguimento PR possui variações mínimas e toda onda P é seguida por um QRS. Fibrilação atrial: • Átrio só vibra = sem presença de onda P; • Ondas F = podem ser encontradas = são os “tremores” da linha de base; • Atividade atrial rápida e irregular; • Para diagnóstico de FA é necessário que RR esteja irregular; • Baixa amplitude (ondas F ausentes ou menores que 1 mm); • FC entre 350 e 600 bpm Fibrilação atrial: • Mais frequente em pessoas mais velhas; • Risco de AVC de 5% ao ano (maior que o normal, na população sem arritmia; • Pode estar relacionada às condições temporárias: álcool, cirurgia torácica e cardíaca, choque elétrico, IAM, pericardite, miocardite, embolia pulmonar ou outras patologias pulmonares, hipertireoidismo e distúrbios metabólicos; • Pacientes com hipertireoidismo frequentemente reclamam de palpitações (taquicardia atrial paroxística); • Sintomática ou assintomática > depende do estado do paciente, resposta ventricular, duração da arritmia e precepção individual; • Átrio só vibra; • 3 tratamentos objetivos: controle da resposta ventricular, restauração da sístole atrial e prevenção de episódios tromboembólicos. Flutter atrial: • Ondas de ativação atrial (F) > rápidas, negativas nas derivações inferiores; • Aspecto em “dentes de serra” (mais visível em DII, DIII e aVF) e V1; • FC entre 250 a 350 bpm; • Ritmo pode ser regular ou não (flutter típico e atípico, respectivamente); Flutter atrial: • Normalmente ocorre de forma paroxística e transitória; • Raramente como arritmia crônica; • Não há contração atrial > favorece a estase sanguínea > formação de coágulos (como na FA); • Arritmia mais superficial > mais fácil de resolver > menor carga para cardioversão atrial > para evitar rabdomiólise e riscos de lesão muscular); • Outras medidas de tratamentos são iguais para FA e Flutter. Extrassístole supraventricular Extrassístole ventricular Extrassístoles: • Supraventriculares: o Acima do feixe de His; o QRS estreito com ritmo irregular; o Em alguns casos encontra-se apenas a extrassístole sem a onda P > o batimento da extrassístole é tão precoce que se encontra inserido no QRS; o QRS estreito + extrassístole = supraventricular (isoladas ou pareadas); • Ventriculares: o Abaixo do feixe de His; Extrassístoles: • Batimentos precoces > se originam fora do marcapasso sinusal; • Ritmo sinusal normal e de repente um estímulo externo/adrenérgico/por fibrose dentro do circuito de condução > estimula outro ponto a liberar corrente elétrica > batimento extra; • Causas: bradicardia muito prolongada e neuro transmissores (adrenalina) > batimento precoce, antes do sinusal; • Cavidade atrial ou ventricular; • Quadro clínico: pode ser assintomático ou com palpitação (pode ter a sensação de “soco no peito”); Extrassístole bigeminada Extrassístole monomórfica Extrassístole polimórfica o Batimento precoce que se origina nos ventrículos > fora do circuito elétrico sinusal; o Ausência de onda P; o Várias morfologias > podem surgir de vários lugares diferentes > esquerdo ou direito; o QRS alargado = ventricular; o Extrassístoles bigeminadas: apresentam traçado na seguinte seguencia: batimento normal > extrassístole > batimento normal > extrassístole; o Podem ser mono (extrassístoles possuem a mesma morfologia) ou polimórficas (extrassístoles possuem tratados distintos); • Lembrar: NUNCA colocar PRESENÇA DE EXTRASSÍSTOLES ao descrever o exame físico, mesmo que seja avaliada uma arritmia > extrassístoles apenas são configuradas por ECG; • É possível auscultar uma sístole prematura, geralmente sem onda de pulso > geralmente sem onda de pulso e pausa pós- extrassístole > seguida por B1 de intensidade maior > pausa compensatória entre um batimento e outro. • Ventriculares: o Comum em pessoas normais e não tem mau prognóstico > apenas se ocorrem em alta frequência; o Quando há cardiopatia associada a extrassístoles > aumento do risco de MS; o Em pacientes com SCA > presença de muitas extrassístoles pode precipitar FV; o Extrassístole ventricular polimórfica com extrassístoles isoladas, pareadas e bigeminadas > prognóstico ruim > podem ser de ambos os ventrículos > pode evoluir para fibrilação ventricular. Taquicardia não sustentada Taquicardia sustentada monomórfica Taquicardias ventriculares: • Não sustentada: o Ritmo ventricular repetitivo; o 3 ou mais batimentos consecutivos; o Duração de menos de 30 segundos. • Sustentada monomórfica: o Morfologia uniforme do ritmo; o FC > 100 bpm; o Duração maior que 30 segundos; • Sustentada polimórfica: o Ritmo ventricular com QRS de morfologia variável; o FC > 100 bpm; o Duração maior que 30 segundos; o Prognóstico muito ruim. • Polimórfica – Torsades de Pointes: o QRS largo; o Polimórfica; o Evolui muito rápido para uma fibrilação ventricular; o QRS “girando” na linha de base; Taquicardias ventriculares: • São as de maior morbimortalidade dentre as taquicardias; • Alta possibilidade de evoluírem para FV e assistolia; • Divisão: TV não sustentada, TV sustentada monomórfica, TV sustentada polimórfica e Torsades de Pointes; • Pelo menos 3 batimentos extrassistólicos consecutivos > só 2 são considerados extrassístoles pareados; • Algumas vezes desaparecem sozinhas > comum em TVNS; • TVNS = esse tipo de taquicardia dura menos de 30 s; • TVS: batimentos extrassístole duram mais que 30 s; • Constatando que é sustentada, avalia para saber se é mono ou polimórfica; • Dentro das polimórficas existe a Torsades de Pointes • Quadro clínico: cursam com palpitações, dor torácica, pré- síncope, síncope, baixo DC, congestão pulmonar, PCR. Geralmente associadas a risco de morte > especialmente em pacientes com cardiopatia estrutural; Taquicardia sustentada polimórfica Torsades de Pointes o Geralmente ocorre em ciclos: batimento sinusal > extrassístole > batimento sinusal; o QT longo: que pode ser congênito ou secundário a fármacos. Fibrilação ventricular: • Ondas bizarras, caóticas, não seguem um padrão, de amplitude e FC variáveis; Fibrilação ventricular: • Pode ser precedido de taquicardia ventricular ou Torsades de Pointes > degeneram em FV; • A maior incidência dos ritmos de parada é na FV; • O tratamento da FV é com desfibrilação. Assistolia: • Ausência de qualquer atividade ventricular elétrica e contrátil em pelo menos 2 derivações ECG; Assistolia: • Não há batimentos, atividade elétrica ou mecânica no coração.
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