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Capítulo 25 - A Renascença

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CAPÍTULO 25: A Renascença
RENAN MENEGHELLI·SÁBADO, 28 DE JULHO DE 2018·12 MINUTOS
Poucos anos após a morte de S. Tomás de Aquino, a unidade cultural cristã começou a apresentar fissuras. A filosofia e a ciência libertavam-se cada vez mais da teologia cristã, e isso proporcionou também à religião uma relação mais livre com a razão. Cada vez mais pensadores acentuaram que nós não podemos compreender Deus com o entendimento, porque Deus é sempre inconcebível para o nosso pensamento. Para os homens, o importante não é compreender o mistério cristão, mas submeterem-se à vontade divina.
O fato de a religião e a ciência terem desenvolvido uma relação mais livre entre si levou a um novo método científico e a um novo fervor religioso. Deste modo, lançaram-se as bases para duas importantes revoluções dos séculos XV e XVI, a saber, o “Renascimento” e a “Reforma”.
Pelo termo Renascimento, entendemos um período histórico de grande prosperidade cultural que teve início por volta do final do século XIV. Começou em Itália, mas difundiu-se rapidamente para norte. Aquilo que devia renascer eram a arte e a cultura da Antiguidade. Também se fala frequentemente de “humanismo” renascentista, porque o homem voltou a ser o centro de tudo, após a longa Idade Média, em que todos os aspectos da vida tinham sido interpretados à luz de Deus. O mote era: "Regresso às fontes!", e a fonte mais importante era o humanismo da Antiguidade.
Tornou-se quase um desporto popular desenterrar esculturas e manuscritos da Antiguidade. Também se tornou moda aprender grego, o que levou a um interesse renovado pela cultura grega. O interesse pelo humanismo grego tinha também uma finalidade pedagógica: o estudo das disciplinas humanísticas proporcionava uma "formação clássica" que fomentava o desenvolvimento das "qualidades humanas". Mas antes de observarmos mais de perto as idéias do humanismo renascentista vamos falar do pano de fundo político e cultural do Renascimento. Os três inventos principais desta época - bússola, pólvora e tipografia -, são importantes condições para a nova época a que chamamos Renascimento. A bússola facilitava a navegação. Era, noutras palavras, uma importante condição para as grandes viagens de descobrimento. O que também era válido para a pólvora. As novas armas trouxeram aos europeus superioridade em relação às culturas americanas e asiáticas, mas a pólvora também teve uma grande importância na Europa. E a tipografia era importante para difundir as novas idéias do Renascimento. Ela contribuiu inclusivamente para que a Igreja perdesse o seu antigo monopólio como propagadora do saber. Posteriormente, seguiram-se novos instrumentos e novos recursos. Um importante instrumento era, por exemplo, o telescópio. Criou condições completamente novas para a astronomia.
Aquilo que era necessário para viver comprava-se com dinheiro. Este desenvolvimento fomentou a iniciativa, a fantasia e a criatividade do indivíduo, ao qual foram colocadas exigências novas. modo como os filósofos gregos se tinham libertado da concepção mítica do mundo relacionado com a cultura rural. Do mesmo modo, os burgueses começaram a libertar-se dos senhores feudais e do poder da Igreja. Simultaneamente, a cultura grega foi redescoberta devido a um contato mais estreito com os árabes na Espanha e a cultura bizantina no Oriente. - Os três rios da Antiguidade confluíram numa única grande corrente.
Antes de mais, o Renascimento trouxe consigo uma nova “concepção do homem”. Os humanistas renascentistas tinham uma confiança totalmente nova no homem e no seu valor, o que estava em nítido contraste com a Idade Média, na qual se realçara apenas a natureza pecaminosa do homem. O homem foi então visto como um ser infinitamente grande e precioso. Uma das figuras principais do Renascimento foi “Marsílio Ficino”. Ele exclamou: "Conhece-te a ti mesma, ó estirpe divina em vestes humanas!". Outro, “Giovanni Pico della Mirandola”, escreveu uma oração sobre a "dignidade do homem". Uma coisa deste gênero teria sido impensável na Idade Média. Durante todo o período medieval, tudo se movia em torno a Deus.
O ponto de partida para os humanistas do Renascimento foi o próprio homem. - Mas isso já os filósofos gregos tinham feito. - Por isso falamos também de um "renascimento" do humanismo antigo. No entanto, o humanismo do Renascimento estava mais marcado pelo “individualismo” do que o humanismo da Antiguidade. Não somos apenas homens, somos também indivíduos únicos. Esta idéia deu origem a uma veneração do gênio. O ideal tornou-se aquilo a que chamamos o “homem renascentista”, ou seja, um homem que se ocupa com todos os domínios da vida, da arte e da ciência. A nova concepção do homem também estava patente no interesse pela anatomia do corpo humano. Tal como na Antiguidade, começou-se a dissecar cadáveres para se descobrir como o corpo é constituído. Isso foi importante tanto para a medicina como para a arte.
Na arte, tornou-se novamente habitual representar o homem nu. Pode dizer-se que isto sucedeu passados mil anos de pudor. O homem ousou de novo ser ele mesmo, já não tinha nada de que se envergonhar. A nova imagem do homem levou a uma “concepção de vida” totalmente nova. O homem não existia apenas para Deus. Deus também criara o homem em função do homem. Por isso, o homem podia alegrar-se com a vida presente. E uma vez que o homem se podia desenvolver livremente, tinha possibilidades ilimitadas. O seu objetivo era ultrapassar todos os limites, o que também era diferente do humanismo da Antiguidade. Os humanistas antigos tinham insistido na serenidade, temperança e autodomínio.
Tinham a sensação de que o mundo despertara de novo. Surgiu então a consciência da época contemporânea e foi introduzida a designação "Idade Média" para o período entre a Antiguidade e a sua própria época. Iniciou-se uma época única de desenvolvimento em todos os domínios, na arte e na arquitetura, na literatura e na música, na filosofia e na ciência. Vou dar um exemplo concreto. Nós falamos da Roma da Antiguidade, que tinha epítetos imponentes como "cidade das cidades", e "centro do mundo". No decurso da Idade Média, a cidade entrou em decadência e, em 1417, a antiga cidade de mais de um milhão de habitantes tinha apenas dezessete mil.
Para os humanistas, reconstruir Roma era um objetivo cultural e político. A grande Basílica de S. Pedro foi erigida então sobre o túmulo do apóstolo Pedro. E no caso da Basílica de S. Pedro, não se pode mesmo falar de moderação. Vários nomes importantes do Renascimento se empenharam no maior projeto arquitetônico do mundo. Os trabalhos começaram no ano de 1506 e duraram cento e vinte anos, e só após outros cinqüenta anos, ficava terminada a grande Praça de S. Pedro.
Também foi muito importante o fato de o Renascimento ter levado a uma nova “concepção da natureza”, de o homem sentir alegria em viver - e de não ver a vida na Terra apenas como preparação para a vida no céu. Isso deu origem a uma posição totalmente nova em relação ao mundo físico. A natureza era já tida como positiva. Muitos acreditavam também que Deus estava presente na Criação. Ele é infinito e, nesse caso, também tem de estar em toda a parte. Esta concepção é designada por “panteísmo”. Os filósofos da Idade Média tinham apontado reiteradamente para o abismo insuperável entre Deus e a Criação. Agora, a natureza podia ser caracterizada como divina - sim, inclusivamente como "manifestação de Deus". Estas novas idéias nem sempre foram acolhidas com simpatia pela Igreja. O destino de “Giordano Bruno” mostrou-o de forma dramática. Ele não afirmava apenas que Deus estava presente na natureza, defendia que o universo era infinito. Por isso, foi severamente punido.
O humanismo sempre teve um lado brutal. Nenhuma época é apenas boa ou apenas má. O bem e o mal são como dois fios que atravessam toda a história da humanidade. Frequentemente, entrelaçam-se. Isso é ainda válido para a nossa próxima palavra-chave. Vou falar do modo como o Renascimento desenvolveu um “novo método científico”. Este método consistenuma nova atitude em relação à natureza da ciência. Os frutos técnicos do novo método surgiram pouco a pouco.
Essas autoridades eram tanto os dogmas da Igreja como a filosofia natural de Aristóteles. Também se negou que um problema se pudesse resolver apenas por reflexão. Essa confiança exagerada na importância da razão predominara durante toda a Idade Média. Dizia-se que a investigação da natureza tinha de se basear na observação, na experiência e na experimentação. É o chamado método “empírico”. - O que é que significa? - Significa simplesmente que obtemos o conhecimento das coisas através de experiências nossas - e não de pergaminhos poeirentos ou fantasias. Na Antiguidade, também se fez ciência empírica, e Aristóteles fez muitas experiências importantes para o conhecimento da natureza. Mas “experimentações” sistemáticas eram algo completamente novo.
Obviamente não havia máquinas de calcular nem balanças eletrônicas. Mas havia a matemática e havia balanças. Foi particularmente realçada a importância de exprimir as observações científicas numa linguagem matemática exata. "Deve medir-se aquilo que pode ser medido, e tornar mensurável o que não pode ser medido", segundo “Galileu Galilei”, um dos cientistas mais importantes do século XVII. Ele afirmou também que o livro da natureza estava escrito em caracteres matemáticos.
A primeira fase foi um novo método científico, que possibilitou a revolução técnica, e o desenvolvimento técnico possibilitou todas as invenções que se realizaram desde então. Podemos dizer que os homens começaram a libertar-se das imposições da natureza. O homem já não era apenas uma parte da natureza. A natureza era uma coisa que podia ser usada e explorada. "Saber é poder", afirmou o filósofo inglês “Francis Bacon”. Com isso, chamava a atenção para a utilidade prática do saber - e isso era algo novo. Os homens começavam a intervir na natureza e a dominá-la.
No ano de 1543, foi publicada uma obra intitulada “Seis livros sobre as revoluções das esferas celestes”, escrita pelo astrônomo polaco “Copérnico” que morreu no próprio dia em que foi publicada a sua revolucionária obra. Copérnico afirmava que não era o Sol que girava à volta da Terra, mas a Terra à volta do Sol. Achava-o possível com base nas observações dos corpos celestes que havia até então. Se os homens tinham acreditado que o Sol girava à volta da Terra, era, segundo ele, apenas porque a Terra girava sobre o seu próprio eixo. Ele apontou para o fato de todas as observações dos corpos celestes serem muito mais fáceis de compreender se se pressupuser que a Terra e os outros planetas se movem em trajetórias circulares à volta do Sol. Chamamos a esta concepção “teoria heliocêntrica do universo”, que significa que tudo gira em volta do Sol. 
Ele não tinha nenhuma prova para os movimentos circulares além da antiga idéia segundo a qual os corpos celestes eram redondos como esferas e descreviam trajetórias circulares apenas porque eram "celestes". Já desde o tempo de Platão, a esfera e o círculo eram considerados as figuras geométricas mais perfeitas. Mas no início do século XVII, o astrônomo alemão “Johannes Kepler” conseguiu apresentar os resultados de observações pormenorizadas que provavam que os planetas se moviam em trajetórias elípticas - ou ovais – à volta do Sol como um dos focos. Ele provou também que os planetas se movem tanto mais rapidamente quanto mais próximos estão do Sol. Finalmente, provou ainda que um planeta se move tanto mais lentamente quanto mais afastado está do Sol. Só através de Kepler se tornou claro que a Terra é um planeta como todos os outros. Kepler sublinhou ainda que as mesmas leis físicas são válidas para todo o Universo.
Tinha a certeza porque investigou os movimentos dos planetas com os seus próprios sentidos, em vez de confiar cegamente na tradição da Antiguidade. O famoso cientista italiano “Galileu Galilei” viveu aproximadamente na mesma altura que Kepler. Também ele observava os corpos celestes com o telescópio. Estudou as crateras na Lua e verificou que lá existem montes e vales tal como na terra. Galileu descobriu também que o planeta Júpiter tem quatro luas. Logo, a Terra não era o único planeta com Lua. Mas o mais importante foi o fato de Galileu ter descoberto a chamada “Lei da Inércia”.
"Todos os corpos conservam o estado de repouso ou de movimento constante em trajeto retilíneo desde que não sejam constrangidos por forças exteriores a alterar esse estado". Mas ele ainda não o formulara assim. Quem o fez, posteriormente, foi “Isaac Newton”.
Mais tarde, veio o físico inglês Isaac Newton, que viveu entre 1642 e 1727. Devemos-lhe a descrição definitiva do sistema solar e dos movimentos dos planetas. Ele não conseguiu apenas descrever como os planetas se movem à volta do Sol, conseguiu ainda explicar exatamente “porque” é que o fazem. Conseguiu-o através, entre outras coisas, dos estudos de Galileu e da sua lei da inércia, que ele, como sabemos, formulou definitivamente.
Já Kepler apontara para o fato de que tem de haver uma força que provoque a atração “entre” os planetas. Do Sol, por exemplo, tem de partir uma força que mantenha os planetas nas suas órbitas. Essa força também pode explicar porque é que os planetas na proximidade do Sol se movem mais depressa do que os mais distantes do Sol. Kepler defendia também que a maré baixa e a maré alta, ou seja, a subida e a descida da superfície do mar - estão dependentes de uma força da Lua. Galileu contestou isso. Ele fazia troça de Kepler e da sua idéia fixa de que "a Lua domina o mar". Galileu contestou a hipótese de que essas forças pudessem ter efeito a uma grande distância e consequentemente entre os planetas.

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