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CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 1 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 2 Sobre o Autor Marcelo Affonso de Carvalho, nascido em Salvador-Bahia, graduado em Licen- ciatura Plena em Educação Física pela Universidade Católica do Salvador, em 05 de agosto de 1988. - Professor de Teoria Geral do Treinamento, Treinamento Desportivo e Treinamento Resistido no Curso de Educação Física na Universidade Católica do Salvador desde 1995. - Professor da primeira matéria universitária de Triathlon no Brasil na Universidade Católica do Salvador em 1995. - Atuou como Professor substituto na Universidade Federal da Bahia por dois anos. - Atuou como Professor na FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências). - Especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade Veiga de Almeida – RJ. - Especialista em Treinador Desportivo pela Universidade Gama filho - RJ. - Mestrando em “Máster en Optimización del Rendimiento Deportivo com a Universi- dad Europea del Atlántico”. - Curso de aperfeiçoamento em Treinamento Desportivo na Universidade Russa Esta- tal de Cultura Física Esporte Juventude e Turismo em Moscou, 2011. - Atuou como fisiologista no Esporte Clube Vitória em 1995, sagrando-se Campeão Baiano da categoria profissional, Campeão do Torneio Philips em Eindhoven - Holan- CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 3 da, na categoria sub 20, como preparador físico. - Atuou como fisiologista no Esporte Clube Bahia em 2003. - Atuou como fisiologista do Al Shabab al Arabi Club Dubai nos Emirados Árabes Uni- dos em 2007. - Participou como Preparador Físico da dupla mexicana de vôlei de praia Sotelo e Ibarra na Olimpíada de Sidney 2000. - Medalha de prata como preparador físico da dupla brasileira de vôlei de praia Paulo Emílio e Luizão nos Jogos Panamericanos de Santo Domingues na República Domini- cana 2003. - Campeão Brasileiro de Vôlei de Praia em 1996, com a dupla Paulão e Paulo Emílio. - Fisiologista do Paratleta Rene Pereira, 6º colocado no remo, categoria PR1 nas Olim- píadas do Rio 2016, campeão mundial de remo indoor em 2017 e já classificado para Tokyo 2020. - Preparador Físico da Pentacampeã brasileira de Stand-up-Paddle, Babi Brazil. - Permaneceu como Presidente da Federação Baiana de Triathlon (FEBATRI) por 8 anos. - Participou da Comissão Técnica Brasileira no Campeonato Mundial de Triathlon em Muskoka- Canadá 1992 e Manchester – Inglaterra, 1993. - Eleito pela SUDESB (Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia), melhor Técnico de Triathlon em 2015 e 2016. - Técnico de Maria Claudia Lyra, primeira baiana a completar o Ironman do Hawaii. - Técnico de Manoel Alberto Lopes, primeiro baiano a completar o Ultraman do Hawa- ii. - Bicampeão Brasileiro de Duathlon Terrestre como técnico da triatleta Alessandra Silvestre. - Mais de 15 títulos como técnico Campeão Baiano de Triathlon com diferentes triatle- tas, entre eles Ricardo Trioschi, André Penna, José Mendes, Igor Costa, Maria Alice West, Sandra Midlej, Alessandra Silvestre e Tatiane Pereira. - Atuou com Personal Trainer de artistas como Ivete Sangalo (12 anos), Bell Marques, Daniela Mercury, Vina Calmon, Tomate, Luciano Huck, entre outros. - Consultor de atletas de diversas modalidades esportivas, como triathlon, corrida, remo, surf, tênis, stand up paddle, entre outros. - Produtor de diversos eventos esportivos, entre eles Meia Maratona Farol a Farol, Ma- ratona de Salvador e Alpha Night Run. - Atuou como professor da Academia Triathlon, no período de 1987 a 1993. - Sócio diretor da Academia Atitude Sport, no período de 1998 a 2006. - Sócio diretor do Studio Personal Club desde 2007. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 4 Agradecimentos Agradeço a minha família por todo amor e pela educação formal e não formal que me foi oferecido. A minha mãe Conceição Maria Ferraro Affonso de Carvalho, po- etiza, da qual herdei o prazer pela leitura e pela escrita. A meu pai Walter Affonso de Carvalho (in memoriam), Médico Oncologista, Professor Universitário, do qual herdei o gosto pela ciência e pela docência. Às minhas irmãs Eliana Affonso de Carvalho e Pa- tricia Affonso de Carvalho Lisboa, pela infância e adolescência maravilhosa e fraterna. Agradeço a minha esposa Maria de Fátima Ribeiro Affonso de Carvalho, pela forma positiva que ela tem de ver a vida, me ajudando a acreditar nos meus sonhos, e na minha capacidade para vencer os obstáculos, pela sua paciência, devido as minhas horas de dedicação ao trabalho e pelo amor que vejo nas suas palavras e nos seus lindos olhos. Agradeço as minhas lindas filhas a Bruna Ribeiro Affonso de Carvalho e Bárbara Ribeiro Affonso de Carvalho, pela alegria, amor e orgulho delas existirem na minha vida, sendo hoje uma das forças propulsoras dos meus anseios profissionais. Agradeço a todos meus alunos do mundo acadêmico, aos meus clientes da mi- nha trajetória empresarial, aos meus colegas de profissão e a todos os atletas que venho convivendo como treinador desde 1985, todos eles o principal foco da minha dedicação, na tentativa constante de um melhor atendimento. Em especial ao atleta e amigo Ricardo Trioschi Fernandes Guerra, que disparou atra- vés do Triathlon, o meu desejo de ser um técnico vitorioso, na busca do conhecimento científico aplicado. Agradeço aos professores que me apoiaram no início da minha carreira ao que- rido Dr. Prof. Hélio José Bastos Carneiro de Campos, que me oportunizou o gosto pelo atletismo. Ao Prof. Rubens Eduardo Costa Soares (in memoriam), proprietário da Aca- demia Triathlon, através do convite da Professora Kátia Costa, que abriram as portas para que como coordenador aplicasse os meus conhecimentos técnicos. Ao meu sócio e amigo Professor Bruno Gonçalves de Barros, parceiro de muitas conquistas profis- sionais, empresariais e testemunha do nosso propósito em somar para uma Educação Física de qualidade. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 5 Introdução Nossa ideia ao iniciar a produção deste e-book é facilitar a chegada de conteúdos científicos para quem dese- ja aumentar o conhecimento, permitin- do a saída desses assuntos dos bancos acadêmicos exclusivamente e consiga atingir mais rapidamente o público in- teressado no exercício físico e no espor- te. Compartilhar com os Estudantes e Profissionais de Educação Física, outros profissionais das áreas afins, que viven- ciam diariamente o processo de prepa- ração de atletas de alto rendimento ou mesmo dos clientes que buscam o exer- cício físico na perspectiva da saúde, do bem-estar e do fitness e que possam utilizar esse conhecimento de maneira aplicada, transformando juntos a Educa- ção Física Brasileira. Vivemos hoje a era da informação, mas não necessariamente do conheci- mento pautado em ciência, existe uma quantidade muito grande de conteúdo circulando em diversos e diferentes veí- culos midiáticos, muitos desses afirman- do categoricamente determinados as- suntos, trazendo de alguma forma muita motivação para a prática do exercício físico e do esporte, o que é bastante po- sitivo, mas nem sempre esse conteúdo é baseado em evidências científicas, que permita se acreditar em tudo que é dito. Muitas vezes a informação é sus- tentada nas experiências pessoais, na simples vivência individual, sustentada na tentativa e erro ou mesmo com base em treinos de atletas que obtiveram su- cesso em algum momento das suas car- reiras profissionais, repetindo aqueles meios e/ou métodos, que levaram esses atletas ao topo do podium, simplesmen- te, copiando “ipsis litteris” o modelo de treinamento, sem levar em considera- ção as características e necessidades individuais de quem está sendo subme- tido as respectivas cargas de treino. Alguns treinadores seguem tam- bém a lógica da tradição, obedecendo aos costumes e as crenças dos seus dis- cípulos, o que seria basicamente voltar no tempo sem obedecerao que a ciên- cia tem a oferecer. Ainda de forma muito rudimentar, seria optar por cargas de treinamento, sobre a égide da “inspiração” do treina- dor, decidindo muitas vezes o que será realizado com o atleta e qual será a car- ga de trabalho, utilizando a percepção, a análise subjetiva e a interpretação das necessidades do indivíduo apenas pelo “feeling”, o que seria na verdade, o uso de um sentimento fantasmagórico instantâneo, no dia e na hora do treino. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 6 Não que essa virtude peremptória seja desnecessária em um treinador, mas só essa virtude, não cabe mais em um uni- verso esportivo repleto de ciência. Hoje em dia a ciência já oferta conteúdo suficiente para não ser ne- cessário arriscar tanto a saúde dos seus clientes e atletas, resolvendo adotar de- cisões importantes, temerariamente, na elaboração do processo de treinamento, podendo comprometer a saúde e o fu- turo esportivo de terceiros. No meu ponto de vista, o formato de maior chance de acerto, levando em consideração que a ciência ainda é a base mais sólida para as decisões, seria a utilização de um “know-how” científi- co consolidado. Hoje, amplamente divul- gado e disponível nos diversas periódi- cos de alto padrão de referência, onde a cada segundo surgem novos trabalhos científicos, diria até mesmo, em maior escala de produção do que a nossa ca- pacidade de consumi-los. Logo, conduzir um planejamento de preparação de um atleta ou mesmo de um não-atleta, sem usar o que a ci- ência oferece já é inaceitável, mas dizer que é algo desnecessário, é negar todo legado científico que envolve o assunto. Sendo assim, procurei neste e-book condensar os conteúdos sobre os conceitos e a aplicabilidade da “CAR- GA DE TREINO”, e que efetivamente sus- tenta o conteúdo necessário para a ju- dar na elaboração de um planejamento de treino. E assim esperamos que agre- gue e a jude ao conhecimento de cada um, gerando frutos positivos na atuação profissional de todos. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 7 sumário 1. Conceito de Atividade física 2. Domínios de Atividade Física 3. Conceito de Exercício Físico 4. Conceito de Treino Físico 5. Conceito de Treinamento Físico 6. Conceito de Condicionamento Físico 7. Conceito de Apitidão Física 8. Conceito de Preparação do Atleta 9. Conceito de Treinabilidade 10. Conceito de Cargabilidade 11. Conceito de Carga Máxima 12. Conceito de Carga Limite 13. Conceito de Carga Externa 14. Conceito de Carga Interna 15. Conceito dos Componentes da Carga de Treino 16. Conceito de Intensidade Fisiológica 17. Percepção subjetiva de esforço 18. Cálculo do CIT 19. Cálculo do FIT 20. Cálculo da razão: Carga Aguda e Carga Crônica 21. Considerações Finais 22. Referência Bibliográfica 8 10 12 15 17 19 21 23 25 29 36 38 40 42 45 48 51 55 57 61 65 68 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 8 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 9 Capítulo 1 Conceito de Atividade Física Buscando criar uma base sólida para a compreensão dos conceitos ne- cessários para aprender a planejar a preparação do atleta, acreditamos na importância de demonstrar algumas definições que a judam elucidar às dú- vidas e as confusões semânticas sobre ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO FÍSICO, TREINO FÍSICO, TREINAMENTO FÍSICO CONDICIONAMENTO FÍSICO e PREPARA- ÇÃO DO ATLETA. Uso correto das definições e con- ceitos, diminuem os erros na prescri- ção e na adequação para cada perfil de público que será submetido ao plane- jamento. Tratar um indivíduo que bus- ca através do exercício físico saúde e bem estar como se ele fosse uma atle- ta, é aumentar a chance de machucá-lo ou desmotivá-lo para prática. Da mes- ma forma, tratar um atleta de alto ren- dimento, como um cliente de personal training que busca resultados voltados para o fitness, é diminuir muito a pro- babilidade de resultado e desprezar as características que a performance do alto rendimento exige. Segundo Pitanga, 2010, cita (Caspersen, Powel e Christenson, 1985) que define ATIVIDADE FÍSICA, como qualquer movimento corporal produ- zido pela musculatura esquelética que resulta em gasto energético”. Seja por um breve passeio com o seu cachorro no quarteirão, uma subida de um lance de escada, por lavar o seu carro no final de semana ou mesmo uma partida de futebol com seus amigos, sem que haja a intenção de promover qualquer mu- dança morfofuncional, e principalmente por não existir um PLANEJAMENTO pré- vio, das CARGAS DE TREINAMENTO. Bushman, 2016 “cita que a ativi- dade física refere-se a qualquer movi- mento do corpo que envolva esforço, e, portanto exige energia além daquela necessária em repouso”. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 10 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 11 Capítulo 2 Domínios da Atividade Física Pitanga, 2010, apresenta quatro domínios da atividade física e busca- mos defini-los de uma maneira que per- cebem a colaboração de cada um dos domínios, no comportamento motor di- ário das pessoas: 1)Atividades Laborais: como acon- tecem os movimentos corporais durante o trabalho, permanecendo muitas vezes sentado por 8 a 12 horas, realizando mi- cro movimentos, como atender um te- lefone, digitar no computador ou traba- lhos que utiliza macro movimentos, esse sim realizando movimentos corporais amplos, como carregar e/ou deslocar pesos variados, caminhar bastante ou ficar por muito tempo em pé. A depen- der do tipo de trabalho que o indivíduo realize o gasto energético diário poderá subir bastante. 2)Atividades domésticas: seriam as atividades motoras que envolve os serviços clássicos de dentro de casa, como lavar louças, arrumar a cama, varrer, passar pano, lavar o carro, entre outros. Esse tipo de atividade física apa- rentemente inocente, também promove um elevado gasto energético quando realizado diariamente. 3)Atividades na forma de deslo- camento: é a maneira como o indivíduo se desloca, que tipo de veículo é utili- zado, carro, moto, transporte público ou formas de locomoção que necessita de gasto calórico do próprio indivíduo, como bicicleta ou caminhada. Essa de- finição, modifica bastante o padrão de gasto diário de energia e facilita bas- tante a redução do sedentarismo. 4)Atividades no momento do la- zer: é a utilização de práticas corporais, no momento do tempo livre, utilizados com diferentes objetivos, podendo ser apenas pelo simples prazer se movi- mentar, com intuito de gerar saúde e bem estar, com objetivos estéticos, o que podemos chamar tradicionalmente de EXERCÍCIOS FÍSICOS ou mesmos as PRÁTICAS CORPORAIS que envolvem os diferentes esportes competitivos, indivi- duais ou coletivos, cíclicos ou acíclicos, amadores ou profissionais. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 12 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 13 Capítulo 3 Conceito de Exercício Físico O EXERCÍCIO FÍSICO tem sido uma estratégia fundamental para que- brar a rotina hipocinética do “homem moderno” e se adquirir todos os bene- fícios que ele é capaz de proporcionar para a saúde física e mental. Porém, adotar o EXERCÍCIO FÍSICO no dia a dia, mas não modificar o comportamen- to motor nos outros domínios supracita- dos, pode não ser suficiente para o indi- víduo deixar de ter um comportamento sedentário. Deve-se adotar as duas ações simultaneamente, passar a fazer EXERCÍCIOS FÍSICOS regulares no mo- mento do lazer, mas também alterar ao máximo possível a forma de se deslocar, de conduzir as tarefas domésticas e do comportamento na hora do trabalho, aí sim o seu Gasto Energético Total (GET), irá subir substancialmente, garantindo um comportamento motor bem maior e afastando um dos fatores de risco mais relevantes para o aumento das doençascardiovasculares. Diante dessas informações em relação os diferentes domínios da ati- vidade e consequentemente práticas corporais, a denominação EXERCÍCIO FÍSICO, que é adotada de forma corri- queira no português coloquial, pode ser questionada no mundo acadêmico, já que, não se realiza exercícios somente com o físico, considerando que o físico é um instrumento mecânico das práti- cas corporais, porém, deixaremos essa questão de ordem semântica para nos aprofundarmos em um outro momento. Sendo assim, seguindo a deno- minação tradicional, esse é o nosso conceito atual de EXERCÍCIO FÍSICO: a utilização intencional de movimentos corporais com uma ativação psicofísica, dependente dos padrões culturais vi- gentes, que podem ser realizados atra- vés de jogos, de lutas, de danças, de di- nâmicas variadas, que poderão ocorrer em ambientes variados, utilizando mo- vimentos balísticos, contra resistidos ou de deslocamento e que sejam capazes de elevar o consumo de oxigênio acima da condição de repouso, promovendo assim uma elevação do gasto energé- tico, através de uma solicitação neuro motora, de forma planejada e estrutura- da, sempre com base nos “PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS DO TREINAMENTO DES- PORTIVO”, através de uma dosagem individual dos clássicos componentes do treino como o volume, a frequência, uma carga fisiológica de esforço (CFE), que sejam capazes de promover com uma elevação da intensidade fisiológica e todos a justes metabólicos caracterís- ticos. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 14 Os estímulos oferecidos ao orga- nismo através dos exercícios físicos, são capazes de promover os efeitos sobre as capacidades funcionais através da relação proporcional entre a forma e a função dos órgãos e sistemas, sendo o pré-requisito básico para os ganhos no desempenho. MELLEROWICS, MELLER, 1979, descreve essa relação na figura abaixo: Bushman, 2016 cita “que o exercício fí- sico é uma forma mais direcionada, ou específica, de atividade física para a melhora da saúde”. De acordo com Caspersen, Powel e Christenson, 1985, “exercício físico é Fonte: MELLEROWICS, MELLER, 1979 Figura 1 uma atividade repetitiva, planejada e estruturada que tem como objetivo a manutenção e a melhoria de um ou mais componentes da aptidão física”. Quando quantificado corretamen- te, o EXERCÍCIO FÍSICO será capaz de gerar ganhos na aptidão física ou me- lhor dizendo ganhos na aptidão neuro motora e essas alterações irão gradati- vamente potencializar as capacidades funcionais do praticante. As adaptações só poderão ser percebidas, se forem medidas e avaliadas corretamente, para isso, é necessário um planejamento bem feito, que estabeleça momentos de trei- no e momentos de testagem. A simples execução pontual de um exercício físico, sem um controle e sem uma periodização adequada, tornará difícil a interpretação dos resultados ob- tidos. O exercício físico por melhor que ele seja executado naquele dia, se ele for apenas esporádico e se não houver uma frequência e uma continuidade no treino, sem a devida progressividade, não haverá novos a justes e muito me- nos será mensurada a sua evolução. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 15 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 16 Capítulo 4 Conceito de Treino Físico Quando o exercício físico torna- -se planejado sobre uma base organiza- cional e processual, chamamos isso de TREINO FÍSICO, esse sim, se torna um processo metodológico, que faz de uma PREPARAÇÃO mais ampla, que busca, intencionalmente, através de práticas corporais, utilizar uma cargas de treinos individualizadas, com os meios e os mé- todos eficientes e obedecendo o PRIN- CÍPIO DA CONTINUIDADE, através de estímulos regulares e frequentes, sub- meter o organismo a cargas de esforço planejadas, crescentes, porém ondula- tórias, que sejam capazes de provocar a ruptura homeostática dos mecanismos morfofisiológicos, visando assim atingir um estado de preparo ideal em um mo- mento oportuno. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 17 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 18 Capítulo 5 Conceito de Treinamento Físico Definir os conceitos, é estabelecer critérios e evitar condutas equivocadas. A palavra “Treino” pode ser apli- cada como verbo ou como um substan- tivo, sendo representada como o ato de “treinar” para alguma atividade laboral ou esportiva, gerando para o indivíduo a possibilidade de aquisição de habili- dades, destrezas e conhecimentos apli- cáveis na vida profissional ou esportiva. “Estou indo para o treino às 17:00 horas”. A palavra “Treinamento” é um substantivo masculino, que representa uma “ação” ou efeito de treinar, treinar- -se ou treinar alguém para fazer algo, ou seja, a prática regular de um a processo de aprendizado para qualquer área de atuação esportiva ou profissional. Exemplo: “Posso falar com Fátima...? No momen- to ela está em treinamento...pode ligar depois?” “Esse treinamento está muito fácil, pode aumentar as cargas...” O sufixo “mento” vem do Latim “mentum”, representando o fruto, o re- sultado, o produto de uma ação espe- cífica, o ato de estar fazendo naquele momento, focando em uma habilidade, tentando aprimorar uma competência, que pode ou precisa ser desenvolvida após uma análise diagnóstica. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 19 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 20 Capítulo 6 Conceito de Condicionamento Físico Substantivo masculino a palavra “Condicionamento” é o ato de se condi- cionar para realizar algo: competir em determinado esporte. É a capacidade de unir atribuições através das quais será possível atuar em determinada compe- tência. De acordo com ACSM,1999 (apud Gobbi, Villar, Zago, 2005), Condiciona- mento Físico ligado à saúde refere-se à capacidade orgânica de resistir às ta- refas diárias e ocasionais, assim como a desafios físicos inesperados, com mí- nimo de cansaço e desconforto, isto é, possuir reservas energéticas suficientes para fazer aquilo que se deseja. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 21 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 22 Capítulo 7 Conceito de Aptidão Física Substantivo feminino, que repre- senta uma característica pessoal ou um estado adquirido ou herdado genetica- mente, para atuar em determinada área. Pode ser expressa como uma compe- tência ímpar para realizar com destreza determinado trabalho, expressão moto- ra, expressão verbal. É o estado da arte, através de determinado talento, um po- tencial inato para realizar determinada atividade. No exercício físico e no esporte, seria a capacidade de realizar o esforço físico com uma satisfatória margem de segu- rança, com uma execução perfeita, sem colocar em risco a saúde do executante. Segundo Bouchard (apud Gue- des & Guedes, 1995) citado por Gobbi, Villar, Zago, 2005 conceitua aptidão fí- sica como “estado dinâmico de energia e vitalidade que permite ao cada um não apenas realizar as tarefas do coti- diano, as ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências imprevis- tas sem fadiga excessiva, mas também evitar o aparecimento das disfunções hipocéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e sentin- do alegria de viver”. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 23 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 24 Capítulo 8 Conceito de Preparação Física A preparação do atleta é na ver- dade o conjunto de procedimentos que estarão voltados para o processo de aprimoramento de determinada perfor- mance com data pré-estabelecida, con- siderando um começo, um meio e um fim. A preparação não pensa no hoje, busca uma visão positivade futuro, na tentativa que as habilidades e capaci- dades motoras se desenvolvam har- monicamente, gerando um “estado de preparo ideal” no momento oportuno, gerando com isso resultados favoráveis. A preparação deve projetar esse estado de preparo ideal, obviamente dentro de uma lógica possível, onde a relação tempo/efeito aconteçam dentro de viabilidade real, dentro de projeções exageradas, irão gerar frustrações dian- te da impossibilidade de elas acontece- rem. A preparação deverá ter um olhar mais amplo, mais generalista buscando fortalecer os alicerces e gerar uma base capaz de sustentar as atividades espe- cíficas e competitivas de forma o mais efetiva possível. A preparação não se esgota em uma sessão, uma semana ou um mês de treino, ela busca o desenvolvimento integral, amplo e um amadurecimento das competências e habilidades do indi- víduo, podendo levar meses ou mesmo anos até chegar a um estado de prepa- ro ótimo. O processo de preparação deve- rá obedecer a uma relação entre carga de treino realizada e em uma recupe- ração proporcional e compatível com o esforço realizado, devendo obedecer ao PRINCÍPIO DO HETEROCRONISMO DA RECUPERAÇÃO, fruto dos diferentes tempos que as diferentes capacidades motoras necessitam, visando atender as demandas de restauração dos sistemas orgânicos e tecidos corporais. A evolução da aptidão física e dos padrões funcionais através do TREINO FÍSICO, é percebido nitidamente nos ganhos de desempenho das capacida- des motoras condicionais e na evolução das habilidades coordenativas, influen- ciando diretamente na execução das ta- refas esportivas ou no próprio dia a dia do indivíduo. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 25 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 26 Capítulo 9 Conceito de Treinabilidade Entendemos que a TREINABILIDA- DE é a característica que indivíduo pos- sui de adaptar-se ao treinamento, sendo ela dependente de um potencial indivi- dual de desenvolvimento, que é modu- lada pelas características genéticas, pela tolerância psicológica ao cansaço e pela fase momentânea que o estado de preparo do indivíduo se apresenta. Quanto menor for o nível do es- tado de preparo, maior será o potencial individual de desenvolvimento e conse- quentemente uma maior possibilidade de acelerar o processo adaptativo. Para os indivíduos que já apresen- tam um elevado nível de aptidão física, todo esse processo ocorrerá de forma inversa, o processo de desenvolvimento adaptativo será bem mais lento e com potencial individual de desenvolvimen- to bem menor, o que nos leva a con- cluir que as capacidades condicionais e coordenativas, apresentam um certo limite geneticamente estabelecido. Po- rém, isso não impossibilita o aperfeiço- amento da técnica e das capacidades coordenativas do indivíduo super trei- nado, considerando que esse processo acontecerá em uma velocidade evoluti- va bem mais lenta e bem menor do que acontece com indivíduos sub treinados, que evoluem em maior escala e bem mais rapidamente. Observe na tabela abaixo: Fonte: DO AUTOR Tabela 1 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 27 Segundo Forteza, 2007 o POTEN- CIAL DE TREINAMENTO é a maneira como a carga estimula a condição do atleta e (NAVARRO, 2000) argumenta que o ESTADO DE TREINO OU ESTADO DE PREPARO dos praticantes influência de forma decisiva na reação interna de uma carga determinada. Segundo Verkhosshansky apud Forteza,2007 de- fine com que intensidade a carga es- timulará a condição do atleta. Quanto mais elevado (em relação a condição atual), maior a possibilidade de provo- car um aumento da capacidade especí- fica de rendimento do mesmo. Gráfico 1: a) Carga externa com mesmo volume e com a mesma intensidade. b) Carga externa limite. Lembrando a frase que diz: “Quanto mais treinado, menos treinável...!”. Perceba que no gráfico a) de- monstra que uma mesma magnitude de carga aplicada em indivíduos com diferentes níveis de aptidão irá gerar uma absorção da carga de maneira di- ferente, com diferentes níveis de recu- peração, considerando que o indivíduo subtreinado irá sentir mais a carga do esforço e levará mais tempo para recu- perar da mesma, o que irá invertendo à medida que o indivíduo se torna mais capacitado. Porém, no gráfico b) quando se aplica uma carga limite, os valores mu- dam de acordo com o grau de aptidão apesar da capacidade de recuperação permanecer a mesma entre o supertrei- nado e subtreinado. Surge a partir daí, o conceito de RESERVA ADAPTATIVA, que representa o espaço existente entre o estado de pre- paro atual e o limite geneticamente es- tabelecido, que pode ser expresso com a seguinte fórmula: RESERVA ADAPTATIVA = LIMITE GENÉTICO - ESTADO DE PREPARO Fonte: Adaptado de Platonov, 1988, citado por Navarro, 2000 e Forteza, 2007 Fonte: Adaptado de Platonov, 1988, citado por Navarro, 2000 e Forteza, 2007 Gráfico 1 (a) Gráfico 1 (b) CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 28 Observe no gráfico abaixo que à medida que o estado de preparo evolui a reser- va adaptativa diminui gradativamente. O limite genético representa uma referência da herança biológica do indi- víduo permitindo alcançar o nível mais elevado possível das adaptações dese- jadas. Fonte: DO AUTOR Gráfico 2 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 29 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 30 Capítulo 10 Conceito de Cargabilidade Já o conceito da “CARGABILIDADE” está relacionado com a quantidade de carga que o indivíduo consegue realizar para cada prática corporal, o que obri- gatoriamente aumenta a uma necessi- dade de a justar o “potencial individual de desenvolvimento” do organismo aos estímulos que o exercício físico oferece, promovendo assim uma resposta psico- -morfo-funcional, proporcional a carga oferecida. Cada indivíduo irá se a justar de maneira diferente aos estímulos do trei- namento, reagindo à carga imposta de acordo com o estado de preparo atual, reforçando ainda mais a importância ao respeito do PRINCÍPIO DA INDIVIDUALI- DADE BIOLÓGICA. A “CARGABILIDADE” é dependen- te do “nível de estresse” ideal, mas não apenas com cargas muito elevadas (so- brecarga), nem muito baixas (sub exi- gência), mas qualquer estímulo aplica- do ao praticante. Lembrando que o conceito de ES- TRESSE, citado por (Weineck, 2005), se- gundo (Wagner e Link, 1996), como uma reação fisiológica ou psicológica do in- divíduo a uma exigência. Segundo Verkhoshansky, 1990 apud Forteza, 2007, os componentes da carga de treino são classificados da se- guinte forma: Critérios de Organização: 1)O grau de especificidade do efeito do treinamento: expresso pela estrutura da dinâmica realizada, dos grupos muscu- lares solicitados e do regime e tipo da contração desses músculos, consideran- do também o ritmo da execução dos mesmos e fundamentalmente o sistema energético predominante. 2)Quanto o potencial de treinamento dos treinos realizados, poderá diminuir a medida que aumenta a capacidade de desempenho, tornando importante a Fonte: Fortaleza, 2007 Figura 2 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 31 variação dos conteúdos, para que per- maneçam eficazes. Critérios de Volume: 1)Representa componente quantitativo do estímulo sobre o organismo do indiví- duo, o que irá permitir uma modificação constante do equilíbrio homeostático no decorrer do processo de preparação. 2)A intensidade da carga de treinamen- to representará o esforço fisiológico que o organismo sofreu durante o trei- no, através da escolha adequada de um meio utilizado, realizado com uma fre- quência e um intervalo compatível entre sessões, levando em consideração o vo- lume da carga e o tempo que ela levará pra realizá-la. Critérios de Organização: 1)A DISTRIBUIÇÃODAS CARGAS é repre- sentada pelo grau de concentração da carga, podendo apresentar um mode- lo diluído através de uma distribuição uniforme durante todo o processo de preparação. Já o modelo concentrado, exigirá de uma maior quantidade de determinados treinos em determinadas etapas específicas do processo de pre- paração. A escolha da quantidade de determi- nadas cargas ao longo do processo de preparação, é modulada pelas capaci- dades determinantes do rendimento, para que seja evitado uma perda do desempenho, fruto da integração entre capacidades de diferentes orientações funcionais, como por exemplo a busca de ganhos na velocidade de desloca- mento, com alta solicitação do sistema alático, com a utilização simultânea de treinos elevados sobre o sistema aeró- bio de longa duração. a)CARGA DILUÍDA: distribuição regular e uniforme no decorrer do tempo disponí- vel. Observe o gráfico abaixo: De acordo com Navarro, 2001 apud For- teza, 2007, aca cargas concentradas po- dem ser subdivididas em dois modelos: b)CARGA ACENTUADA: aplicada em atletas com elevado nível de aptidão e experiência, sendo realizadas em curto espaço de tempo, porém de forma in- tensa, com orientação concreta do es- tímulo. Permitirá uma elevação rápida do rendimento, porém não permite uma execução prolongada da carga, para se evitar uma sobrecarga orgânica e con- sequente perda de rendimento. Obser- ve o gráfico abaixo: Fonte: Fortaleza, 2007 Gráfico 3 Fonte: Fortaleza, 2007 Gráfico 4 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 32 c)CARGA CONCENTRADA: Aplicadas em espaços ainda mais curtos de tempo, podendo ser aplicada com diferentes orientações funcionais, porém promo- vendo devido a elevada concentração do estímulo, uma grande tendência a perda dos índices funcionais no início da preparação, devido a produção exage- rada de desgaste, gerando uma respos- ta retardada na evolução das aptidões e capacidades. Observe o gráfico abaixo: 2)A INTERCONEXÃO adequada repre- senta a escolha da disposição entre as cargas que apresente diferentes orien- tações funcionais. Apesar de ainda exis- tirem diferentes teorias da influência dos diferentes estímulos e a resposta entre eles, quando utilizados de maneira com- binada, simultânea ou separadas. O que existe de mais concreto, é representado pela ordem sequencial da execução de determinados exercícios e seu impacto no treinamento realizado. Podem existir interações negativas na ordem sequen- cial dos sistemas energéticos, como por exemplo citado por Volkov, 1975 apud Forteza, 2007, quando se realiza treinos de orientação glicolítica após treinos de grande volume de trabalho aeróbio. Pensando pontualmente na pres- crição da carga de treino, é possível ser utilizado alguns caminhos que po- dem servir como parâmetro fisiológi- co, uma das métricas fisiológicas mais usadas para a avaliação e a prescrição do treinamento cardiorrespiratório, é o Consumo Máximo de O 2 (VO 2 máximo). Lembrando, que o conceito clássico do Consumo Máximo de O 2 (VO 2 máximo) citado por Sandoval,2005, “é a medição da capacidade de transporte do oxigê- nio do coração e dos pulmões de um in- divíduo, assim como a capacidade dos músculos para utilizar e consumir o VO 2 expresso em litros por minuto (l/min) como consumo máximo de oxigênio ab- soluto ou expresso em mililitros de O 2 / kg de peso corporal por minuto (ml de O 2 /kg/min) de forma relativa ao peso corporal do indivíduo”. Segundo Denadai, 1999, duran- te o exercício físico, o requerimento de oxigênio para os músculos ativos pode aumentar até 20 vezes em relação ao repouso, enquanto para a musculatura inativa, o consumo permanece inaltera- do. Fonte: Fortaleza, 2007 Gráfico 5 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 33 De acordo com Howley, 2000 a Po- tência Aeróbia Máxima ou Consumo Má- ximo de Oxigênio (VO 2 máx), representa o ritmo máximo no qual o oxigênio pode ser utilizado pelo corpo durante traba- lho máximo; relacionado diretamente à capacidade máxima do coração para distribuir sangue para os músculos. Ex- pressa em l.min-1 ou ml.kg-1.min-1, com as mulheres apresentando cerca de 15% mais baixos que os homens, apresen- tando uma queda de aproximadamente 1% ao ano no VO 2 máx na maioria dos indivíduos devido a diminuição da prá- tica de exercícios e do processo natu- ral do envelhecimento, com diminuição progressiva da massa muscular, devido a sarcopenia, porém indivíduos ativos protegem metade desse decréscimo em relação a idosos sedentários. Segue a tabela abaixo com os va- lores médios de VO 2 máx/kg/min na po- pulação, Sandoval, 2005: Segundo Denadai, 1999, de acor- do com estudos transversais e longitudi- nais do Pollock, 1973, foi verificado que o treinamento pode aumentar o VO 2 máx de 4% a 93%, sendo mais frequente ga- nhos na faixa de 15 a 20%. Uma das formas mais conhecidas para se estabelecer uma relação entre o VO 2 máx atual com o VO 2 máx preditivo, foi citado pelo Carpenter,2002, através do Bruce,1973 como FAI (Funcional Aero- bic Impairrment) ou no bom português, DAF (Déficit Aeróbio Funcional), que através da fórmula abaixo: % FAI = (VO 2 máx preditivo - VO 2 máx atual) x 100 / VO 2 máx preditivo Caso o resultado desta fórmula seja negativo, significa que o VO 2 máx atual está maior que o VO 2 máx prediti- vo, caso seja positivo significa que exis- te um déficit, que pode ser classificado da seguinte forma: Para se escolher uma carga fisio- lógica do esforço (%CFE), nesse caso especificamente, utiliza-se o índice do VO 2 de Reserva (rVO 2 ou VO 2 r), citado por Carpenter,2002 com melhor predi- tor do que com VO 2 máx isolado, segun- do Swain, 1997, 1998. Sendo representa- do pela a diferença entre o VO 2 máx e o VO 2 basal através da fórmula abaixo: VO 22 de reserva (rVO 2 ) = [(VO 2 máximo – VO 2 basal) Fonte: Sandoval, 2005 Fonte: Carpenter, 2002 Tabela 2 Quadro 1 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 34 Lembrando, que o (VO 2 basal) é expresso por uma Unidade Metabólica (1 MET), com um valor aproximado de 3,5 ml.kg.min-1, sendo na verdade a quan- tidade de O 2 consumido em absoluto repouso. Segundo Kramer, 2013 quanto mais MET, mais intensa é a atividade. Em geral, a atividade moderada a intensa é definida como 3 a 6 MET, enquanto a ati- vidade vigorosa é superior a 6 MET. Para se definir o VO 2 durante o treino cardiorrespiratório ou também chamado VO 2 treino (VO 2 t), é necessá- rio se estabelecer uma carga fisiológica de esforço (%CFE), baseada em um % relativo ao VO 2 de Reserva (rVO 2 ), re- presentado pela fórmula abaixo: VO 2 treino (VO 2 t) =[(VO 2 máx – VO 2 basal) x %CFE] + VO 2 basal A tabela abaixo apresenta valores per- centuais da Carga Fisiológica de Esfor- ço (%CFE): * % FC máx é o % da Frequência Cardíaca Máxima atingida ou preditiva * % rFC é a Reserva da Frequência Cardíaca ou: (∆FC) = FC máxima – FC re- pouso Baseado em um percentual relativo ao VO 2 de Reserva (%rVO 2 ), segue o exem- plo abaixo: 10 PASSO: Avaliar o Consumo Máximo de O 2 . - Exemplo: VO 2 máximo= 40,0 ml.kg. min-1 20 PASSO: Definir a Carga Fisiológica de Esforço (%CFE). - Exemplo: 50% rVO 2 30 PASSO: Calcular o VO 2 treino (VO 2 t). - Exemplo: (VO 2 t) = [(VO 2 de reserva x % CFE] + VO 2 basal (VO 2 t) = [(40,0 – 3,5) x 50% ou 0,50] + 3,5 (VO 2 t) = [(36,5) x 50%] + 3,5 = (VO 2 t) = 18,25 + 3,5 = 21,75 ml.kg.min-1 40 PASSO: Calcular a VELOCIDADE DE TREINO. - Exemplo: Velocidade (km/h) = [((VO 2 treino – VO 2 basal) / 0,2225) x 60] / 1000 Velocidade (km/h) = [((21,75 - 3,5) / 0,2225) x 60] / 1000 Velocidade (km/h) = [(18,25 / 0,2225) x 60] / 1000 Velocidade (km/h) = (82 x 60) / 1000 Velocidade (km/h) = 4921,3 / 1000 Velocidade de Treino = 4,9 km/h 50 PASSO: Calcular a DISTÂNCIA DO TREINO(KM) ATRAVÉS DO TEMPO (MIN) - Exemplo: Distância (m) = ((VO 2 treino – 3,5) / 0,2) x Tempo (min) Distância (m) = ((21,75 – 3,5) / 0,2) x 20 minutos Distância (m) = ((18,25) / 0,2) x 20 minutos Distância (m) = 91,25 x 20 = 1825 metros Dantas, 2014 sugere a tabela abaixo, correlacio- nando uma faixa de volume (minutos) com as faixas de intensidade: Fonte: Dantas, 2014 Fonte: CSM (American College of Sports Medi- cine), adaptada de Garber et al. Howley; U.S. Department of Health and Human Services. 18 , 24 , 55. Tabela 4 Tabela 3 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 35 Observe na tabela abaixo, onde apresenta três indivíduos com níveis de aptidão distintos, que apesar de ter sido aplicado a mesma carga fisiológica de esforço (%CFE), cada um deles irá reali- zar os treinos em velocidades diferentes, o que irá promover respostas também individuais, como por exemplo, a Frequ- ência Cardíaca de Treino, a produção de Lactato, entre outros, isso reforça ainda mais a importância de se planejar ao máximo treinamentos personalizados, que levem em consideração as caracte- rísticas pessoais. A CARGABILIDADE, sendo aplica- da adequadamente é sem dúvida a ex- pressão máxima do respeito AO PRINCÍ- PIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA, no qual deve estar pautada a elaboração da periodização. A escolha na prescrição da carga fisiológica de esforço (%CFE), para que ela seja mais individualmente precisa, é necessário se respeitar dois aspectos importantes: o conceito de carga máxi- ma e de carga limite. Fonte: DO AUTOR Tabela 5 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 36 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 37 Capítulo 11 Conceito de Carga Máxima A CARGA MÁXIMA é uma referên- cia funcional, identificada a partir de testes de uma determinada caracterís- tica individual, expressa por uma deter- minada capacidade motora, permitindo assim a quantificação da carga de trei- no. Exemplo 1: Avaliar o VO 2 máximo na corrida = 25,0 ml.kg.min-1 Exemplo 2: Avaliar a FORÇA MÁXIMA MAXIMORUM (100% Fmm- Força Máxima Maximorum) no Supino. (1RM) = 80 kg CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 38 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 39 Capítulo 12 Conceito de Carga Limite No entanto, a CARGA LIMITE, con- sidera que dentro de uma faixa fisioló- gica de efeito, o estímulo estaria sendo constantemente aplicado dentro de um limite superior do estímulo, ou seja, no ponto limítrofe da dose. Esse impac- to sobre o organismo, não somente de um estímulo, mas de um conjunto de estímulos, fruto do somatório das car- gas realizadas, que aplicada de forma repetida e continuada, poderá aumen- tar a chance de conduzir o indivíduo a um quadro de fadiga crônica ou de um sobre treinamento (Overreaching para Overtraining), promovendo assim, ris- cos elevados para a integridade física e psicológica do praticante. Sendo assim a carga limite deverá ser alternada com cargas submáximas, também conhecido como treinos rege- nerativos ou recuperativos ou mesmo a possibilidade do descanso absoluto (passivo), que permitir uma recupera- ção orgânica e psicológica, facilitando os ganhos e a evolução progressiva do desempenho. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 40 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 41 Capítulo 13 Conceito de Carga Externa São todas as variáveis manipulá- veis pelo treinador, capazes de se esta- belecer um conjunto de estímulos que o organismo será submetido, em uma sessão ou conjunto de sessões de treino. São representadas por variáveis mate- máticas, controladas e moduladas pelos componentes da carga de treino, como a duração do esforço, a distância per- corrida, o número de séries e repetições a velocidade de deslocamento realiza- da, a carga deslocada e outras variáveis. O treinador deverá dosar esses compo- nentes da carga de treino, de maneira que a carga externa estabelecida este- ja compatível com o estado preparo do indivíduo que será submetido pelo estí- mulo. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 42 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 43 Capítulo 14 Conceito de Carga Interna Serão as respostas orgânicas que ocorrerão fruto dos estímulos ofereci- dos e que visam gerar as adaptações psico-morfo-funcionais desejadas. Es- sas respostas são absolutamente indivi- duais e incomparáveis entre indivíduos, por mais semelhantes que possam ser, o PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE BIO- LÓGICA, defende esse conceito, consi- derando que nenhum estímulo poderá gerar respostas idênticos em pessoas distintas, com características genotípi- cas e fenotípicas diferentes. A carga interna pode variar inclu- sive no mesmo indivíduo, a depender na fase que ele se encontre no seu estado de preparo, como por exemplo, um trei- no cardiorrespiratório em uma fase ini- cial da preparação e analisado em uma fase mais avançada da preparação, exemplo: Para esclarecer ainda mais o conceito de CARGA INTERNA, iremos apresentar os diferentes EFEITOS DO TREINAMEN- TO, o significa as mudanças que podem acontecer no organismo no decorrer do processo de preparação. Navarro, 2000 apud Forteza,2007 apresenta os tipos de efeitos classificados abaixo: EFEITO PARCIAL ou AGUDAS: Produzi- dos por meios simples de treinamento, demonstrada pelos a justes fisiológicos durante o esforço. Caso sejam realiza- das diferentes orientações funcionais, precisa analisar cada tarefa de manei- ra isolada. Exemplo: Elevação da frequ- ência cardíaca do repouso de 80 bpm para uma frequência cardíaca média de esforço de 150 bpm. EFEITO IMEDIATO: Produzido como re- sultado de uma única sessão de trei- namento, normalmente acompanhado de uma incapacidade temporária de realizar o mesmo esforço, devido ao desgaste que o organismo foi subme- tido. Exemplo: Realização de um treino que alta carga com produção de lacta- to sanguíneo que atinja valores médios na faixa de 16,0 mmol/L, e consequen- te ativação predominante do sistema energético anaeróbio lático, impossibili- tando a aplicação de uma mesma carga Fonte: DO AUTOR Tabela 6 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 44 com tempo insuficiente de recuperação. EFEITO ACUMULATIVO: Ocorrem como resultado de uma somatória de sessões de treinamento, fruto da frequência adequada dos treinamentos realizados, produzindo uma retenção capaz de ele- var a reserva de treinamento e diminui- ção do ritmo de perdas devido a possí- veis interrupções. EFEITO RETARDADO: São efeitos que são produzidos durante o mecanismo de adaptação compensatória, devido a fase de descarga recuperativa que pro- movem os mecanismos de super com- pensação. EFEITO RESIDUAL: É a retenção e mu- danças físicas após o cessar do treina- mento, além do tempo possível para que ainda produza uma adaptação. Mesmo após um período sem estímulos especí- ficos, permanece os efeitos sobre as ca- pacidades motoras e funcionais. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 45 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 46 Capítulo 15 Conceito de Componentes da Carga de Treino As escolhas corretas na modula- ção dos COMPONENTES DA CARGA DO TREINO é que irão estabelecer o total da CARGA EXTERNA que o praticante será submetido, promovendo a CARGA INTERNA suficiente para gerar as res- postas agudas momentâneas e as adap- tações crônicas desejadas.Os compo- nentes podem ser divididos da seguinte forma: VOLUME DO TREINO - É importante clas- sificar as diferentes formas de se utilizar o volume de treino, veja abaixo: 1)VOLUME GLOBAL: representa a quanti- dade global de treino, expresso em mi- nutos ou horas, podendo ser realizado por diferentesorientações funcionais, precisando ser interpretado como o pa- râmetro mais geral do processo de pre- paração. 2)VOLUME TOTAL: representa a quanti- dade total de treinamento, expresso em minutos, horas, quilômetros percorridos, repetições realizadas carga total deslo- cada, devendo ser interpretado por ati- vidades de mesma orientação funcio- nal, precisando ser interpretado como o parâmetro mais específico do volume de preparação, apresentando uma in- formação valiosa na curva da carga de treino. 3)VOLUME ABSOLUTO DA SÉRIE: repre- senta a quantidade absoluta de trei- namento, expresso em minutos, horas, quilômetros percorridos, repetições rea- lizadas carga total deslocada, devendo ser interpretado por atividades de mes- ma orientação funcional, realizada em uma sessão específica de treino, sendo um controle pontual da carga de treino. 4)VOLUME RELATIVO DA SÉRIE: repre- senta a quantidade relativa de trei- namento, em cada fase da sessão de treino, expresso em minutos, horas, qui- lômetros percorridos, repetições reali- zadas carga total deslocada, podendo ser interpretado por atividades de di- ferentes orientações funcionais, subdi- vida em percentuais (%) de ação, nos momentos de aquecimento do treino, da série principal do treino e da fase de volta a calma do treino. Podendo ainda ser subdivida na fase da série principal com diferentes capacidades motoras e sistemas energéticos treinados, com es- portes que necessite treinar múltiplas habilidades. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 47 FREQUÊNCIA DE TREINO: A frequência dos treinos é representada pelo número de sessões que serão re- alizadas em um turno, em um dia, em uma semana ou mesmo em um macro- ciclo inteiro. A frequência realizada, res- peita o PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE, a considero como um dos componentes da carga de treino, mais importantes para preservar as competências fisioló- gicas, mesmo que outros componentes estejam com uma magnitude menor, se houver uma regularidade na aplicação dos estímulos, a manutenção ou mesmo haverá ganhos nas capacidades moto- ras desejadas. A maioria dos manuais de treino, sugerem uma frequência mínima de 3 a 4 dias por semana pra se adquirir os efeitos fisiológicos. DENSIDADE DE TREINO: Representa o intervalo de descanso en- tre séries, blocos, sessões, dias de treino, o que facilitará o controle da recupera- ção entre cada estímulo. Esse tempo estabelecido entre cada estímulo é controlado pelo que é esta- belecido pelo PRINCÍPIO DO HETERO- CRONISMO DA RECUPERAÇÃO, que a depender do estímulo realizado, do vo- lume de treino e do sistema energético predominante poderá durar de 12 até 96 horas, dessa forma permitirá que o in- divíduo volte a realizar o mesmo treino, com a mesma qualidade de execução. A DENSIDADE DE TREINO pode ser mo- dulada por três principais variáveis: 1)Pelo aumento do número de sessões 2)Pela diminuição do tempo de recupe- ração entre estímulos 3)Pela associação equivocada de estí- mulos de um mesmo sistema energéti- co. RENDIMENTO OU CARGA FISIOLÓGICA DO ESFORÇO: Representa o parâmetro % da carga de fisiológica do esforço (%CFE), % relativo de uma Potência Muscular Sustentada ou mesmo um valor relativo a algum % do desempenho físico individual. Segue abaixo algumas das variáveis fisiológicas mas utilizadas nas prescri- ções de treino: (%rVO 2 máx, %FCmáx, %rFCmáx, %VLan, %VAM, %Fmm, %Potência). CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 48 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 49 Capítulo 16 Conceito de Intensidade Fisiológica Percebam que propositalmente não apresento como um dos compo- nentes do treino o conceito clássico da INTENSIDADE. Atualmente, depois de al- gum tempo raciocinando sobre o tema, venho considerando a INTENSIDADE como um parâmetro da carga fisiológi- ca final que organismo é submetido, um parâmetro digamos independente dos outros componentes do treino, ou me- lhor não sendo um componente mani- pulável da CARGA EXTERNA, sendo sim uma resposta fisiológica da modulação dos outros componentes. O jogo ade- quado de todos os outros componentes do treino, promoverá uma redução ou um aumento da intensidade fisiológica que o indivíduo será submetido, o que poderemos denominar então de CAR- GA INTERNA ou CIT (carga interna de treinamento), que na verdade significa a carga ótima (ideal) e necessária para romper a homeostase orgânica, promo- vendo assim os a justes que os sistemas corporais precisarão adotar, para gerar as aclimatações desejadas, que mudará o “estado de preparo” do indivíduo. Na literatura tradicional, o con- ceito da INTENSIDADE se encaixa como parte de um dos Princípios do Treina- mento Desportivo, apresentado como PRINCÍPIO DA INTERDEPENDÊNCIA VO- LUME X INTENSIDADE. Particularmen- te e raciocinando dentro dessa nova perspectiva, poderíamos denominá-lo como PRINCÍPIO DA INTERDEPENDÊNCIA VOLUME X RENDIMENTO, ou VOLUME X CARGA DE ESFORÇO OU mesmo VOLU- ME X TRABALHO, considerando que es- ses componentes sim são verdadeira- mente interdependentes, onde a lógica dessa relação entre o volume realizado e potência muscular gerada é expres- sa por um rendimento matemático que não conseguem se dissociar. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 50 Por exemplo, durante o planeja- mento de um treino de corrida, quan- do for decidido aumentar da distância percorrida (km), dificilmente será pos- sível permanecer na mesma velocidade de execução (km/h). Da mesma forma, ocorrerá nos treinos de musculação, quando se decide aumentar o volume de repetições realizadas, dificilmente permanecerá com o mesmo peso (kg) utilizado. Porém, em ambas as situações, existirá ao final da corrida ou ao final do treino muscular uma resposta de IN- TENSIDADE FISIOLÓGICA, que será fru- to dessas combinações. Quanto maior a solicitação dos componentes do treino, maior será a INTENSIDADE FISIOLÓGI- CA final aplicada. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 51 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 52 Capítulo 17 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) Um instrumento pouco valorizado mais que fortalece o conceito da inten- sidade realizada, são as escalas psico- métricas, sendo a mais conhecida delas é clássica escala de Gunnar Borg, 2000. A interpretação da escala é com base no esforço percebido ou esforço sentido, onde apresenta com clareza as grandes diferenças individuais e entre indivídu- os, com relação a percepção da carga sentida. Observe na imagem 3 abaixo a escala original de PSE(percepção sub- jetiva de esforço) do Borg, quando ele apresentou pela primeira vez em um seminário de fisiologia clínica na Suécia em 1966, já na imagem 4 é considerada a escala PSE final Borg, 1998 e a ima- gem 5 mostra a transformação da es- cala PSE para o CR10 (category ratio 10) e a imagem 6 é a escala PSE adaptada para 0 a 10, e ainda complementando demonstramos na imagem 7 a escala OMNI que foi desenvolvida por Robert- son et al. (2000) para crianças com me- nos de 11 anos de idade. Fonte: Borg, 1998 Fonte: Carpenter, 2002 Figura 4 Figura 3 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 53 Observe a figura abaixo onde relaciona a esforço percebido e a velocidade de caminhada entre indivíduos de diferentes aptidões físicas. Demonstrando que ocorre uma diferença entre o rendimento (velocidade de deslocamento) e a percepção de intensidade, ou seja, a carga interna sentida, quantificada pela escala psicométrica de Gunnar Borg,2000, muito conhecida, mas pouco compreendida e pouco utilizada. A associação de parâmetros físicos, como a velocidade de treino, parâmetros fisiológicos como a frequência cardíaca e o lactato, associado a parâmetros psicométricos conseguem juntos fechar um diagnóstico de como tem sidopercebido a intensidade fisiológica do treinamento. – A figura mostra como o esforço percebido aumenta com a velocidade durante a caminhada. As duas curvas representam dois indivíduos, um (2) com boa capacidade de locomoção (velocidade máxima =St2) e outro (1) com uma capacidade que equivale a 75% da capacidade do indivíduo (2) (velocidade máxima =St1). O esforço percebido num nível submáximo (Sx) é percebido comosendo 3,5 vezes mais intenso pelo indivíduo 1 (Rx1), em comparação com o indivíduo 2 (Rx2). Para um indivíduo que apresente um elevado Consumo de Oxigênio, como por exemplo um VO2máx de 70,0 ml.kg. min-1, aplicar uma carga fisiológica do esforço (%CFE) de 90% rVO 2 , será sem dúvida um estímulo muito forte, mesmo para quem apresenta uma grande apti- Fonte: Borg, 1998 Figura 6 Figura 5 Fonte: Carpenter, 2002 Fonte: Borg, 2000 Figura 8 Fonte: Borg, 1998 Figura 7 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 54 dão cardiorrespiratória. Esse %CFE será capaz de ativar o metabolismo a uma solicitação quase máxima, que uma vez combinado com um volume ideal para essa de esforço, algo em torno de 20 a 30 minutos aproximadamente, será ca- paz de promover uma INTENSIDADE FI- SIOLÓGICA significativa, apresentando uma escala psicométrica (de 0 a 10) na faixa percebida entre 8 a 10, o que obri- gatoriamente, exigirá claro de um corre- to tempo de recuperação para um novo estímulo desta magnitude. Uma mesma carga fisiológica do esforço de 90% rVO 2 , aplicada dois dias consecutivos (com apenas 24 horas de recuperação), elevará a densidade do treino e esse tempo será insuficiente- mente para gerar o equilíbrio necessá- rio na relação CARGA: RECUPERAÇÃO, não permitindo recuperar as reservas energéticas de glicogênio hepático e muscular, necessários para nessa mag- nitude da carga de treino, devido a uma recuperação insuficiente para o paga- mento dessas reservas energéticas. A escolha dessas cargas de treino sem a devida recuperação, proporciona uma CARGA LIMITE, que vai de encontro ao PRINCÍPIO DO HETEROCRONISMO DA RECUPERAÇÃO, não facilitando a rege- neração orgânica e tecidual fundamen- tais, bloqueando assim os efeitos biopo- sitivos desejados. Se houver um devido respeito ao princípio supracitado, se evita os prejuízos da aplicação exagera- da da CARGA LIMITE. Segundo Costill et. Al, 1971 apud Dan- tas,2014 relata que 3 dias consecutivos de corridas com volume de 16km, per- mite gerar uma queda na concentração de glicogênio muscular, do 10 para o 20 dia de 25% e mais 25% do 20 para o 30 dia, o que levará o atleta ao esgotamen- to caso não haja uma recuperação sufi- ciente. Podemos então afirmar que a Densidade do Treino, é indubitavelmen- te um dos componentes do treinamento, que devemos ficar atentos, respeitando não só o intervalo de recuperação, mas também a frequência semanal dos estí- mulos. Seguindo ainda os conceitos clás- sicos da intensidade, Sandoval,2005, descreve que “a carga de treinamento é a soma das atividades físicas e/ou men- tais que o atleta realiza quanto ao volu- me e à intensidade durante uma sessão de treinamento e sua resposta biológi- ca, o que leva o atleta, em diferentes momentos, a adaptação, fadiga, super- compensação, forma esportiva, estabili- zação e perda da forma esportiva”. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 55 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 56 Capítulo 18 Cálculo do CIT (Carga Interna de Treino) Os estudos de Pinho e colaboradores, 2016, “relata que através dos achados reforçam a relevância do monitoramento da CIT (carga interna de treinamento) durante programas de treinamento físico”, utilizando cálculos que associem o tempo de treino com a PSE (percepção subjetiva de esforço), a partir do proposto por Foster et al. (1996, 2001) e citado por Nakamura,2010, onde o cálculo é simples: CIT = tempo x PSE (CR10) Unidade de medida é U.A (unidade arbitrária) O Exemplo: Um treino de 40 minutos com uma PSE final de 6 alcançará um CIT = 240 U.A Esse cálculo quando aplicado du- rante todo o microciclo, permitirá obser- var a curva ondulatória da recuperação de maneira mais eficiente, facilitando o controle da carga de treino, observe o tabela abaixo: Esse valor do CIT (CARGA INTERNA O TREINAMEN- TO), facilitará a montagem do treino, considerando a neces- sidade de se elevar o valor do CIT em aproximadamente 10 a 20% para o próximo microciclo. Fonte: DO AUTOR Tabela 7 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 57 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 58 Capítulo 19 Cálculo do FIT (Carga Externa de Treino) Outro formato interessante de controle da carga de treinamento é através do FIT (Frequency, Intensity and Time), estabelecido pela fisiologista americana Sally Edwards. A fórmula é bem simples: FIT = Tempo (minutos) x Zona Fisiológica Na fórmula observe que foi acres- centado uma zona fisiológica da car- ga de esforço, que pode ser baseada no %FC máx (% da frequência cardíaca máxima) ou qualquer outra métrica fi- siológica, como o % r FC(% da reserva da frequência cardíaca), o %V Lan (% da Velocidade do Limiar Anaeróbio), o %VAM (% da Velocidade Aeróbia Máxi- ma) ou o %rVO2 máx (% da Reserva do Consumo Máximo de Oxigênio). Vamos utilizar %FC máx (% da fre- quência cardíaca máxima) para facilitar a compreensão, inicialmente perceba abaixo uma tabela que simplifica a de- finição das zonas fisiológicas do esfor- ço, utilizarei a fórmula do Tanaka para estabelecer a FC máxima (FC máxima), com a fórmula baixo: FC máxima = 208 – (0,7 x idade) Idade = 40 anos FC máxima = 208 – (0,7 x 40 anos) = 208 – 28 = 180 bpm FC máxima = 180 bpm É possível calcular a FC de treino, estabelecida pela escolha de um % CFE, através da fórmula abaixo: FC de treino = FC máxima x %CFE Agora observe a tabela com cada zona fisiológica, representada pelo (% Carga Fisiológica de Esforço) e os res- pectivos batimentos cardíacos por mi- nuto (bpm), calculados através da fór- mula acima: É possível fazer uma correlação entre o %VO2 máximo, o % FC reserva e o % FC máxima, apresentado na tabe- la na próxima página, extraída do Lan- deree e Ames, 1976 e Pollock e Wilmore, Fonte: DO AUTOR Tabela 8 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 59 1990 apud Howley, 2000. É possível através de fórmulas de regres- são encontrar os valores de acordo com o perfil do desejado, segundo o Ameri- can College of Sports Medicine (ACSM) guideline apud MOJTABA et al, 2011: De acordo com Léger, 1990 apud Edwards,1994 utiliza as duas fórmulas: 1. % FC máx = 38,35 + (0,643 x %VO 2 máx) 2. % FC máx = 44,6 + (0,57 x %VO 2 máx) – (0,41 x idade) + (1,55 x índice do sexo) + 0,0038 x (VO 2 máximo preditivo da idade) Índice do Sexo (Homens = 1 e Mulheres = 2) Podemos também elaborar um micro- ciclo, quantificando a carga de treino, utilizando apenas as zonas fisiológicas e multiplicando pelo tempo de treino re- alizado, sendo possível encontrar o FIT, observe o exemplo abaixo: Os valores encontrados no protocolo do FIT podem servir como norteadores da prescrição para diferentes níveis de ap- tidão, observe na tabela abaixo: Mujika, 1996 apud Anta, Lanao,2011 in- troduz o conceito de unidade de carga de treino (W) baseado na quantificação das Zonas de Treino através da dosa- gem e controle do lactato sanguíneo especificamente de nadadores, calcu- lando a unidade de carga de treino (W), através da multiplicação do volume re- alizado (km) pelo coeficiente da zona fisiológica de esforço. W = Volume (km) x Zona Fisiológica de Esforço *HZT POINTS = HEART ZONE TRAINING POINTS (Pontos na Zona de Frequência Cardíaca) Fonte: Landeree e Ames, 1976 Tabela 9 Fonte: MOJTABA, 2011 Tabela 10 Fonte: DO AUTOR Fonte: DO AUTOR Tabela 11 Tabela 12 CARGA DETREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 60 A tabela abaixo, apresenta os co- eficientes para cada Zona Fisiológica de Esforço: Exemplo: Um treino na Zona 4 com um Volume de 4000 metros (4km) de Natação, promo- ve uma carga de treino de: W = 4 km x Coeficiente 5 = 20 U.A A U.A representa a Unidade Ar- bitrária que servirá de referência entre treinos e o somatório das cargas de trei- no entre os microciclos. Todo e qualquer protocolo mate- mático será capaz de nos a judar para os a justes da carga, facilitando as deci- sões na progressividade do treino, evi- tando com isso que seja realizada uma sobrecarga exagerada a cada novo mi- crociclo. Uma dúvida frequente da maio- ria dos treinadores, durante a elabora- ção do planejamento de uma prepara- ção, é se realmente está sendo aplicado a sobrecarga correta entre as sessões treino e entre cada microciclo. Esta dúvida de certa forma, é a que a juda ao treinador a evitar uma elevação exagerada das cargas de trei- no, permitindo evitar o over training ou as possíveis lesões que são frequentes pelo sobre uso, considerando que todo planejamento de treino deve ser base- ado na adequada relação entre as car- gas diárias, semanais e mensais, com a recuperação suficiente, na busca de atingir o melhor estado de preparo al- cançável pelo maior tempo possível. Fonte: DO AUTOR Tabela 13 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 61 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 62 Capítulo 20 Cálculo da Razão: Carga Aguda e Carga Crônica Um dos recursos para o controle das cargas de treinos é o protocolo ACWR (Acute: Chronic Workload Ratio), ou no bom português RCAR (Razão da Carga Aguda com a Carga Crônica (Hulin, Gabbett, Lawson, Caputi, & Sampson, 2016), ele a juda a modular a intensidade fisiológica de um microciclo para o outro e de todo mesociclo. Um dos grandes pesquisadores sobre o assunto é o Tim Gabbett,2016, ele busca estabelecer uma relação matemática entre as cargas dos treinos atuais e dos treinos realizados, ou seja, os treinos que estão sendo realizados na semana corrente e a média das cargas dos treinos realizados nas últimas 3 a 6 semanas anteriores. Basta então dividir a carga total da última semana treinada, pela média da carga total das semanas passadas. Vamos utilizar como exemplo o Volume do Treino expresso em quilôme- tros percorridos semanalmente, logo a fórmula será utilizada da seguinte for- ma: RCACR = Volume Semanal Atual Média do Volume das Semanas Anteriores O Tim Gabbett,2016, sugere que o resultado da RCACR deve estar entre: Logo, quando a RCACR permane- cer abaixo de 0,85 por um tempo exa- gerado, aumenta poderá promover uma perda de desempenho, por estar aquém do mínimo necessário, já se um RCACR estiver próximo ou acima de 1,35 por muito tempo, a carga de treino utilizada estará intensa, poderá com isso gerar um estado de exaustão, aumentando assim os riscos e facilitando muitas ve- zes a queda do sistema imunológico e a chance de infecções no trato respira- tório superior, como gripes e resfriados, dores musculares e outros sinais de so- brecarga no organismo do atleta. Insistir com um RCACR igual ou superior à 1,35 por muito tempo eleva o risco de lesão de maneira exponencial e chance de atingir o tão temido “over- training”, que leva o atleta não somente Fonte: DO AUTOR Tabela 14 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 63 a um estado de astenia para o treina- mento, como também um quadro arris- cado para a saúde. A seguir, um gráfico adaptado do Busso, 2003 apud Mujika, 2012 demons- trando a relação direta entre ganhos em desempenho/ ganho máximo e o treina- mento diário/quantidade ideal de trei- namento. “Relação da variação da dose/ resposta entre treinamento e perfor- mance.” Medicine & Science in Sports & Exercise 35: 1188-1195. O gráfico demons- tra a importância do controle de carga na prevenção de ultrapassar os limiares adaptativos na busca de alto desempe- nho. Identificar o “overtraining” não é muito fácil, pois não é um simples esta- do gripal ou algumas dores musculares, que definirá definitivamente que o atle- ta está sobre treinado. É necessário que o atleta apresente um conjunto clássico de sinais e sintomas, e que este quadro tenha uma duração suficiente para se concluir um diagnóstico final. Utilizaremos como exemplo um volume de treino, expresso pela metra- gem alcançada em quilômetros (km), utilizando para um atleta de corrida que possua um nível recreativo, aquele per- fil tradicional que participa dos muitos clubes de corrida espalhados pelo nos- so país. Normalmente este perfil de atleta, realiza em média 4 sessões por semana que somados formam então um Microci- clo e com um conjunto de 4 Microciclos forma-se um Mesociclo. A distribuição do volume para cada Microciclo, deve ser feita de uma maneira que facilite os ganhos de desempenhos, mas também favoreça a recuperação. Utilizando os cálculos da Razão Carga Aguda/ Carga Crônica (RCACR), observem o exemplo abaixo: Volume Total do 10 Microciclo: 35 km Volume Total do 20 Microciclo: 41 km Volume Total do 30 Microciclo: 45 km Volume Total do 40 Microciclo: 60 km Fonte: DO AUTOR Fonte: DO AUTOR Gráfico 6 Gráfico 7 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 64 Observe que entre o 30 e o 40 Microci- clo, foi gerado um acréscimo de 15 km, o que representa uma sobrecarga de 33,3%, normalmente é sugerido que não se ultrapasse mais de 20% entre um es- tímulo e outro. Se utilizarmos o princípio ondulatório da carga entre os microci- clos, o 40 Microciclo, poderia e deveria ser um Microciclo Recuperativo, com um volume pelo menos inferior ao 30 Micro- ciclo. CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 65 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 66 Capítulo 21 Considerações Finais Um atleta não é formado apenas pelos quilômetros que ele percorre, nem somente pelos pesos que ele carrega e a expectativa de um desempenho, seja desportivo ou estético, também não poderá ser projetada unicamente por uma fórmula matemática, afinal de contas, estamos tratando de um ser biológico, cheio de variáveis e características pessoais, que se adapta obviamente aos estímulos da carga externa do treino, mas também é estimulado pelos desejos e anseios psicológicos. O processo da recuperação obe- dece aos a justes neuro-imuno-endó- crinos, atendendo as necessidades fi- siológicas, morfológicas e funcionais, desorganizadas intencionalmente du- rante o treinamento. O mecanismo da recuperação se inicia logo após o trei- namento, na chamada fase de RECU- PERAÇÃO RÁPIDA (IMEDIATA), que pode durar em média até 4 horas do pós- -treino e obviamente, a chamada fase de RECUPERAÇÃO LENTA que chega a atingir entre 72 a 96h para atender por completo ao restabelecimento dos sis- temas corporais, das necessidades cé- lulas musculares, como na regeneração proteica e de todo reabastecimento do fornecimento energético, como na re- composição de glicogênio hepático e muscular. É preciso salientar que existe também uma adequação individual ao processo de recuperação e que depen- derá de fatores emocionais, comporta- mentais e externos, que podem influen- ciar nos a justes fisiológicos. Seguindo SÍNDROME DE ADAPTA- ÇÃO GERAL (SAG), defendido pelo aus- tro-húngaro HANS SEYLE. Ou seja, para que ocorram os mecanismos adaptati- vos é necessário reconhecer que para o organismo, o exercício físico é percebi- do e sentido como um estímulo estres- sor, entre tantas outras possíveis situa- ções de ameaça ao equilíbrio interno do organismo, também denominada de HOMEOSTASE, sendo na verdade um processo natural de sobrevivência de- fendida porCannon,1915 e citada por Robinson, 2018. O mecanismo da super compen- sação ou também chamada de over- dose compensatória, demonstrada no gráfico abaixo relata a dependência direta entre o estímulo do treino reali- zado e a quantidade suficiente de recu- peração que será oferecida. O proces- so adaptativo se inicia com a partir da CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 67 carga aplicada expressa pelo tempo da fase do estímulo (tFE), ou seja, a dura- ção do treino na fase aguda dele. Logo após o término do, se inicia os efeitos imediatos do treino, representada pelo tempo da fase de recuperação rápida (tFRR), que dura algo em torno de 2 a 6 horas, pagando-se com isso os débitos hidroeletrolíticos, o retorno ao repouso das variáveis hemodinâmicas e a queda das dosagens musculares e sanguíne- as de lactato. E findando assim, com o que podemos chamar de tempo da fase de recuperação lenta (tFRL), que pode chegar até 96 horas, na tentativa de atender ao débito proteico e glicolítico. Todo esse período, do estímulo do treino ao final da recuperação é deno- minado de ZONA HORMÉTICA, onde se atingirá necessariamente um ponto má- ximo dos benefícios alcançáveis ou po- derá ser perdido esses benefícios se ul- trapassado o tempo limite de aplicação de um novo estímulo, não se atingindo o nível de efeito desejado, modulado pelo PRINCÍPIO DO HETEROCRONISMO DA RECUPERAÇÃO. Sendo assim, entendemos que a compreensão adequada da modulação dos componentes da carga de treino, será sem dúvida o melhor caminho para atingir as metas desejadas e com isso possibilitar os respectivos ganhos na aptidão física do seu cliente ou do seu atleta. Lembrando que todo e qualquer protocolo matemático sem sombra de dúvida poderá a judar a dosar cada ses- são, cada semana ou os meses de treino, mas jamais substituirá a percepção e a sua sensibilidade como treinador. (X1): Nível inicial da aptidão física (X2): Segundo nível da aptidão física (X3): Terceiro nível da aptidão fica (- X1): Estado pós treino (t FE): tempo da fase do estímulo (t FRR): tempo da fase de recuperação rápida (t FRL): tempo da fase de recuperação lenta Fonte: DO AUTOR Gráfico 8 CARGA DE TREINO: ENTENDER PARA PERIODIZAR www.periodizationonline.com 68 ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription 9th Ed.,The Journal of the Canadian Chiropractic Association. 2014. 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