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Conceito de Cultura e suas Características

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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
1 
Comunicação e Realidade Brasileira 
 
 
 
 
 
Aula 1 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Máira Nunes 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
2 
Conversa Inicial 
Olá! 
Se você observar atentamente o mundo à sua volta, irá perceber que 
existe uma grande variedade de formas de existir em sociedade. Há variações 
de idioma, de crenças religiosas, de hábitos, vestimentas, moradias, arranjos 
familiares etc. Essa variedade está presente na comparação entre países e 
nações, mas também entre diferentes grupos sociais. A análise das culturas 
contemporâneas é feita por diferentes áreas do conhecimento, como a 
antropologia, a sociologia e a história. Nesta aula, estudaremos a conceituação 
histórica de cultura, suas principais características e as abordagens teóricas do 
tema feitas no campo da comunicação social. 
Tema 1: O Conceito de Cultura 
O desenvolvimento dos grupos humanos em sociedade, ao longo da 
história, se deu a partir da ocupação territorial em todo o planeta. Essa ocupação, 
entretanto, não aconteceu de forma igual, pois “territórios diferentes foram 
ocupados de modo diferente por populações diferentes.” (Santos, 1987, p. 9). 
Essa diversidade também está presente no desenvolvimento das culturas 
humanas. 
Contudo, para compreendê-las, precisamos incialmente conhecer o 
conceito de cultura e como ele se formou com o passar do tempo. Para isso, 
devemos primeiro entender que um conceito é uma construção teórica sobre o 
vocábulo ou expressão e, portanto, difere-se da simples definição de uma 
palavra. Para compreendermos essa diferença, vejamos então o que nos dizem 
algumas das definições do dicionário Aurélio sobre cultura (Ferreira, 2004, p. 
587): 
 Ato, efeito ou modo de cultivar; cultivo. 
 O conjunto de características humanas que não são inatas, e que 
se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação 
entre indivíduos em sociedade. Nas ciências humanas, opõe-se por vezes à ideia 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
3 
de natureza, ou de constituição biológica, e está associada a uma capacidade 
de simbolização considerada própria da vida coletiva que é a base das 
interações sociais. 
Pelas definições, percebemos que uma mesma palavra pode ter 
significados bem diferentes e, assim, precisa ser compreendida no contexto em 
que está sendo usada. A partir dessa reflexão, podemos pensar nas possíveis 
construções teóricas que podem ser feitas sobre o termo cultura. 
A antropologia é uma área do saber que estuda as culturas humanas e 
que produziu importantes reflexões sobre as formas como desenvolvemos, 
aprendemos e transmitimos a cultura. Segundo Marina Marconi e Zélia Presotto 
(2010), existem mais de 160 definições teóricas de cultura. Mesmo não havendo 
consenso sobre o termo, é possível traçarmos um apanhado das diferentes 
definições: 
 Um todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a 
moral, a lei, os costumes e hábitos adquiridos em sociedade. (Edward B. Tylor, 
1871) 
 Comportamento cultivado, totalidade da experiência adquirida, 
acumulada e transmitida socialmente. (Felix M. Keesing, 1958) 
 Um conjunto de mecanismos de controle para governar o 
comportamento. Esses mecanismos englobam palavras, gestos, desenhos, sons 
musicais, objetos ou qualquer coisa que seja usada para impor um significado à 
experiência. (Clifford Geertz, 1973) 
As autoras defendem, então, que cultura pode ser analisada de diferentes 
formas: 
Ideias (conhecimento e filosofia); crenças (religião e superstição); valores (ideologia 
e moral); normas (costumes e leis); atitudes (preconceito e respeito ao próximo); 
padrões de conduta (monogamia, tabu); abstração do comportamento (símbolos e 
compromissos); instituições (família e sistemas econômicos); técnicas (artes e 
habilidades); e artefatos (machado de pedra, telefone). (Marconi; Presotto, 2010, p. 
24) 
Complementando nossa conceituação, recorremos a Raymond Williams 
(1992, p. 13) e definimos cultura como um “sistema de significações mediante o 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
4 
qual [...] uma dada ordem social é comunicada, reproduzida, vivenciada e 
estudada.” Assim, a cultura representa tanto um modo de vida envolvido em 
todas as formas de atividade social, como as atividades artísticas e intelectuais, 
entendidas como práticas significativas (linguagem, artes, filosofia, jornalismo, 
moda publicidade, etc.). (Williams, 1992) 
Tema 2: Cultura e Civilização 
 Da mesma forma que o conceito de cultura, o conceito de civilização 
também tem uma história e seu estudo é um aspecto importante da chamada 
História das Ideias. Segundo Jean Starobinski (2001, p. 11), os termos civil e 
civilidade (de origem latina) já são encontrados nos dicionários franceses nos 
séculos XIII e XIV. O verbo civilizar, por sua vez, já era utilizado no século XVI, 
tendo o sentido de “levar à civilidade, tornar civis e brandos os costumes e 
maneiras dos indivíduos.” O autor (2001, p. 14) afirma que a palavra civilização 
passou a representar “o abrandamento dos costumes, educação dos espíritos, 
desenvolvimento da polidez, cultura das artes e das ciências, crescimento do 
comércio e da indústria, aquisição das comodidades materiais e do luxo.” 
Percebemos então sua similaridade com a ideia de progresso, de 
desenvolvimento. 
 Nesse sentido, podemos fazer um paralelo com a ideia de barbárie. Na 
visão dos intelectuais europeus modernos, os bárbaros não seriam apenas os 
povos não europeus, colonizados, mas também a classe trabalhadora e 
periférica que habitava as grandes cidades. A tarefa de civilizar torna-se, então, 
a tarefa de educar essa população. 
 Para Norbert Elias (1994), o processo civilizador passa, além de pela 
educação, pelo controle psicológico dos impulsos. Sentimentos de vergonha e 
inadequação, gerados pelas regras de convívio social, vão fazendo com que os 
sujeitos sociais se tornem civilizados. Segundo o autor, 
O conceito de civilização refere-se a uma grande variedade de fatos: ao nível da 
tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento de conhecimentos científicos, 
às ideias religiosas e aos costumes. Pode-se referir ao tipo de habitações ou à 
maneira como os homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
5 
pelo sistema judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. (Elias, 1994, 
p. 23) 
 Entretanto, acima de tudo, esse conceito “expressa a consciência que o 
Ocidente tem de si mesmo”, o motivo pelo qual a sociedade ocidental se 
considera superior às sociedades mais antigas ou menos desenvolvidas, pois 
representa “o nível da sua tecnologia, a natureza de suas maneiras, o 
desenvolvimento de sua cultura científica ou visão de mundo e muito mais.” 
(Elias, 1994, p. 23). 
 Assim, podemos pensar que os conceitos de cultura e civilização são ao 
mesmo tempo similares e diferentes, estabelecendo-se em uma relação 
complexa que envolve a sua significação em outros idiomas (francês, alemão, 
inglês) e a história de seus usos e sentidos. Para Caio Moura (2009, p. 171), 
uma diferenciação possível, feita principalmente a partir dos estudos de Elias, 
estaria no significado de civilização referir-se a materialidades e o de cultura, a 
visões de mundo, sendo que “ambas nascem da necessidade do sujeito de 
externar sua humanidade em algo que ele possa, sem quaisquer impedimentos, 
exprimir sua natureza de modo pleno.” 
 Dessa forma, entendemos que cultura e civilização dizem respeito à forma 
como o sujeito moderno torna-se um sujeito moral e um sujeito estético, criando 
uma identidade universal pensada a partir do progresso material e das 
realizações artísticas e intelectuais. Por isso, ressaltamos que a ideia de 
civilização está centrada em uma visão ocidental e europeia de mundo, estando 
bastante distante da realidade social de países latino-americanos e do Brasil. 
Tema 3: Etnografiae Etnocentrismo 
O estudo da cultura pode ser feito com base em diferentes referenciais 
teóricos e procedimentos metodológicos. A Etnografia (éthnos – povo; graphein 
– escrever) “é um dos ramos da ciência da cultura que se preocupa com a 
descrição das sociedades humanas.” (Marconi; Presotto, 2010, p. 5). Constrói-
se a partir do olhar para o outro, o diferente na alteridade, buscando 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
6 
compreender suas características. A etnografia é compreendida tanto como um 
referencial teórico quanto como um procedimento metodológico. 
O que nos interessa aqui é a possibilidade de desenvolvermos uma 
postura etnográfica com relação à diversidade cultural que nos cerca. Mesmo 
que não tenhamos a pretensão de realizar pesquisas científicas no campo da 
cultura, a postura etnográfica frente à alteridade é de suma importância para os 
estudos da comunicação e a atuação em sociedade. 
A análise que fazemos dos fenômenos sociais, quando realizada a partir 
de um olhar etnográfico, permite que haja uma compreensão profunda da 
subjetividade e da singularidade dos indivíduos, da forma como organizam a vida 
em sociedade, construindo valores e práticas culturais. A observação do modo 
de vida de indivíduos e grupos possibilita que haja a compreensão desses 
valores e práticas e até do seu sentido de vida, sendo a realidade social 
percebida em seus vários contextos e diversas interpretações. Para James 
Clifford (2002, p. 35), o viés etnográfico deve ser compreendido em conjunto com 
um debate político e epistemológico sobre a representação da alteridade. “O ato 
de compreender os outros inicialmente deriva do simples fato da coexistência 
num mundo que é partilhado [...].” (Clifford, 2002, p. 35). 
Assim, percebemos a importância do estudo de diferentes culturas com a 
finalidade de ampliar e aprofundar nosso entendimento sobre o mundo que nos 
cerca e as relações que se estabelecem entre indivíduos diferentes. Para tanto, 
é preciso evitar o etnocentrismo, ou seja, a valorização da nossa própria cultura 
com comparação a outras, consideradas inferiores. Para José Carlos de Paula 
Carvalho (1997, p. 181), 
O etnocentrismo consiste em privilegiar um universo de representações propondo-
o como modelo e reduzindo à insignificância os demais universos e culturas 
“diferentes”. De fato, trata-se de uma violência que, historicamente, não só se 
concretizou por meio da violência física contida nas diversas formas de 
colonialismos, mas, sobretudo, disfarçadamente por meio daquilo que Pierre 
Bourdieu chama “violência simbólica”, que é o “colonialismo cognitivo” [...]. 
Quando valorizamos apenas o nosso repertório cultural, consideramo-nos 
superiores por termos uma cultura “melhor” e desprezamos o diferente, sendo, 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
7 
assim, etnocêntricos. Esse comportamento pode se manifestar em forma de 
desdém, humilhação, agressão verbal e até mesmo violência física. 
Em termos de práticas de cultura, podemos dividir as sociedades em 
duas: as que praticam antropofagia (absorvem as forças de indivíduos, visando 
neutralizá-las) e as que praticam antropoemia (as que expulsam e/ou isolam os 
indivíduos temidos). Ambas se revelam em estratégias etnocêntricas, geradoras 
de preconceito e racismo: 
Antropofagia 
dialógica 
racização amena de englobar o Outro no e pelo discurso 
persuasivo, forma predominante, em educação, do 
“homo academicus” e de muitas pedagogias dialógicas; 
é fundamental, em forma estereotipada, na mídia 
política. 
Antropofagia 
digestiva 
racização repressiva da assimilação dos outros a si 
mesmo, todas as formas de aculturação. 
Antropoemia 
genocida 
racização terrorista da destruição dos outros, como no 
caso das perseguições aos judeus, armênios, ciganos, 
feiticeiras, linchamentos etc. 
Antropoemia da 
tolerância 
racização específica do desenvolvimento “em 
separado”: em aparência, respeita-se tanto o outro, 
tolerando-o, o que, na realidade, acaba por isolá-lo, não 
se dando aos trabalhos dos enfrentamentos de 
diferenças, típico de todas as ideologias do relativismo 
e ecumenismo. 
Fonte: Adaptado de Carvalho, 1987, p. 182. 
Ao longo da história, a supremacia cultural europeia foi usada como 
desculpa para a colonização das Américas, da África e da Ásia. Da mesma 
forma, a colonização feita por meio dos produtos culturais comercializados em 
todo o mundo tende a resultar em uma padronização que acaba por eliminar a 
diversidade cultural. Há também a relação social composta pelas subculturas, 
muitas relacionadas ao poder aquisitivo. Dessa forma, percebemos que o 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
8 
etnocentrismo é algo bastante presente nas sociedades ocidentais e que precisa 
ser evitado e desconstruído, possibilitando a formação de uma consciência para 
a alteridade. 
Tema 4: Tipos de Cultura 
Como vimos, o desenvolvimento da cultura não se deu de forma igual em 
todos os lugares, e a sua própria conceituação também carrega algumas 
divergências. Mesmo assim, é importante que tenhamos instrumentos 
conceituais para estudarmos adequadamente as características da cultura 
contemporânea e de nossa cultura brasileira. 
Durante muito tempo, a cultura foi relacionada à ideia de nação, de uma 
única cultura nacional que seria composta de uma “natureza” comum a todas as 
pessoas que fizessem parte de uma nação. Hoje, entendemos que até em uma 
mesma nação ou em um mesmo grupo social existem variedades culturais. 
Seguem algumas classificações da cultura: 
Cultura Popular É conhecida como aquela cultura anônima produzida 
pelas “pessoas comuns”. Diferentemente da cultura 
erudita, que é transmitida pela leitura e escrita ou por 
instituições oficiais, a cultura popular é geralmente 
transmitida pelos costumes e pela oralidade. Na 
hierarquia cultural, é considerada vulgar, inferior e 
simplória. Quase sempre identificada pelo folclore e 
artesanato. 
Cultura Erudita Opõe-se ao rude e, em geral, é identificada pelo 
conhecimento de autores e artistas clássicos. A produção 
cultural erudita é cultuada pela tradição e por instituições 
oficiais, como universidades, conservatórios, bibliotecas 
e museus. É tida como a cultura da elite, uma vez que 
nem todos têm acesso a esses bens. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
9 
Cultura de Massa É aquela veiculada pelos meios de comunicação de 
massa, como rádio, televisão, jornais e revistas de grande 
circulação e, mais recentemente, pela internet. De acordo 
com os críticos da indústria cultural, sobre seu impacto no 
conjunto da sociedade, ela impõe padrões culturais com 
vistas à homogeneização de hábitos e gostos culturais 
consumistas articulados com a mercadorização no 
campo cultural. 
Cibercultura Conjunto de técnicas, materiais e intelectuais, de 
práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de 
valores que se desenvolvem, juntamente, com o 
crescimento do ciberespaço. 
Fonte: Adaptado de SESI, 2007. 
 É importante lembrarmos que as fronteiras e os limites entre cada um dos 
tipos de cultura não são uniformes e estanques. Pessoas que compartilhavam 
códigos e práticas da cultura erudita durante muito tempo participaram de 
festejos populares. Muitos produtos da indústria cultural são produzidos com viés 
crítico. A cultura urbana, desenvolvida nas cidades por meio da ocupação dos 
espaços públicos, pode mesclar aspectos das outras culturas (como os 
flashmobs). Da mesma forma, a cibercultura engloba, a partir da convergência 
midiática, também uma diversidade cultural muito grande. 
Tema 5: Cultura e Comunicação 
As relações entre cultura e comunicação são muitas e têm sido estudadas 
ao longo de todo o século XX até os dias de hoje. Há diversas escolas teóricas 
– como a Escola de Frankfurt, os Estudos Culturais Britânicos e Latino-
americanos, entre outras – que se preocupam com as práticas culturais e a forma 
como essas práticas se entrecruzam com os processoscomunicacionais. Nesse 
sentido, é importante frisarmos que a reflexão sobre as intersecções entre cultura 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
10 
e comunicação significa abandonar a concepção de que a comunicação é 
apenas um produto, pois 
Pensar os processos de comunicação a partir da cultura implica deixar de pensá-
los desde as disciplinas e os meios. Implica a ruptura com aquela compulsiva 
necessidade de definir a “disciplina própria” e com ela a segurança que 
proporcionava a redução da problemática da comunicação à dos meios. (...) Por 
outra parte, não se trata de perder de vista os meios, senão de abrir sua análise às 
mediações, isto é, às instituições, às organizações e aos sujeitos, às diversas 
temporalidades sociais e à multiplicidade de matrizes culturais a partir das quais os 
meios-tecnologias se constituem. (Martín-Barbero, 1985, p. 10) 
Comunicação e cultura estariam presentes, então, na matriz da nossa 
capacidade de construir discursos comunicativos a partir das diferentes 
linguagens e compartilhá-los tanto pelas nossas relações quanto pelas mídias 
tecnológicas. Para Valério Brittos (1999, p. 1), quando analisamos as relações 
entre comunicação e cultura, deslocamos a centralização dos meios 
comunicacionais e mudamos o enfoque de um receptor apático frente ao poder 
da mídia massiva para o entendimento de que “os receptores não são mais 
considerados guiados pelas indústrias culturais, a sociedade não é só mídia, ou 
seja, há muito mais dados a serem observados, formando as mediações.” 
Se a cultura é um fato de sociedade, só pode existir uma cultura manifesta, 
transmitida e vivida pelo indivíduo. Se os suportes de comunicação são específicos 
de uma determinada sociedade, as relações de comunicação envolvem os 
indivíduos através das relações intersubjetivas e através dos fenômenos de 
recepção ligados aos meios de comunicação. (Caune, p. 37) 
Assim, entendemos a comunicação como a relação entre as partes do 
jogo midiático na qual produtor e receptor têm suas funções transformadas 
pressupondo o sentido negociado da comunicação. A forma como as 
mensagens comunicacionais são recebidas articulam a cultura e estabelecem as 
mediações a partir das quais produzimos sentidos. “Compreende-se que 
mediação seja todo um conjunto de fatores que estrutura, organiza e reorganiza 
a percepção e apropriação da realidade, por parte do receptor.” (Brittos, 1999, p. 
4). 
No processo de recepção, a competência cultural apresenta uma mediação 
fundamental, colaborando decisivamente para que os receptores consumam 
diferentemente os produtos culturais. A competência cultural não se refere só à 
cultura formal, apreendida nas escolas e nos livros. É toda uma identidade, onde se 
insere também a educação formal, mas vai além, abrangendo a cultura dos bairros, 
 
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11 
das cidades, das tribos urbanas. É uma marcação cultural viabilizada por meio da 
vivência, da audição e da leitura. (Brittos, 1999, p. 5) 
É com base nessa mudança do lugar da mediação nos processos 
comunicacionais que a comunicação pode ser entendida como parte integrante 
da cultura, seja a partir dos meios midiáticos ou das interações sociais. 
Na Prática 
Vamos fazer uma reflexão sobre a cultura e a alteridade? 
Faça uma lista investigando a sua própria matriz cultural: 
 Onde você nasceu? Em quais lugares morou/estudou? 
 Quais as características da sua família (grande/pequena, 
próxima/distante)? 
 Você vivencia algum tipo de experiência religiosa? 
 Qual a sua ancestralidade? Você descende de algum grupo 
étnico/racial? 
 Você teve acesso, durante a sua formação escolar, a produtos da 
cultura de elite? 
 Reflita sobre outros aspectos importantes da sua formação cultural. 
Após elaborar a sua lista, escolha alguém da sua sala de aula e faça as 
mesmas perguntas. Compare as respostas e elabore uma reflexão sobre a 
possibilidade de alteridade e também de um olhar etnográfico nas nossas 
relações sociais e interações com o mundo à nossa volta. 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
12 
Síntese 
 
 
CULTURA
Ideias; crenças; valores; normas; 
atitudes; padrões de conduta; 
abstração do comportamento; 
instituições; técnicas e artefatos. 
CIVILIZAÇÃO
Consciência que o Ocidente tem de si 
mesmo.
TIPOS DE CULTURA
Popular, erudita, de massa, cibercultura.
CULTURA
COMUNICAÇÃO
As culturas são tanto veiculadas pelos 
meios quanto estão fora deles.
ETNOGRAFIA
ETNOCENTRISMO
Privilegiar e respeitar a alteridade.
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
13 
Referências 
BRITTOS, V. C. Comunicação e cultura: o processo de recepção. São 
Leopoldo: Unisinos, 1999. 
 
CARVALHO, J. C. de P. Etnocentrismo: inconsciente, imaginário e preconceito 
no universo das organizações educativas. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 
1, n. 1, p. 181-186, ago. 1997. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
32831997000200014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 maio 2016. 
 
CAUNE, J. As relações entre cultura e comunicação: núcleo epistêmico e forma 
simbólica. Líbero, ano XI, n. 22, dez. 2008. Disponível em: 
<http://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2014/05/As-
rela%C3%A7%C3%B5es-entre-cultura-e-comunica%C3%A7%C3%A3o.pdf>. 
Acesso em: 10 maio 2016. 
 
CLIFFORD, J. Experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. 
Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 2002. 
 
ELIAS, N. O processo civilizador. Vol. 1: Uma história dos costumes. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 1994. 
 
FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 
Curitiba: Positivo, 2004. 
MARCONI, M. de A.; PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia: uma introdução. 7 ed. 
São Paulo: Atlas, 2010. 
 
MARTÍN-BARBERO, J. La comunicación desde la cultura: crisis de lo nacional y 
emergencia de lo popular. In: Seminário Latinoamericano sobre cultura 
transnacional culturas populares y políticas culturales, Bogotá, 1985. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
14 
 
MOURA, C. O advento dos conceitos de cultura e civilização: sua importância 
para a consolidação da autoimagem do sujeito moderno. Filosofia Unisinos, v. 
10, b. 2, p. 157-173, maio/ago. 2009. Disponível em: 
<revistas.unisinos.br/index.php/filosofia/article/view/5015/2266>. Acesso em: 10 
maio 2016. 
 
SANTOS, J. L. dos. O que é cultura? 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 
 
SESI. Glossário de Cultura. Brasília: SESI, 2007. 
 
STAROBINSKI, J. As máscaras da civilização. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2001. 
 
WILLIAMS, R. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

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