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SUCESSÃO DE EMPRESAS E ALTERAÇÃO NA ESTRUTURA JURÍDICA DA EMPRESA No âmbito do Direito do Trabalho, a sucessão de empresas deve ser vista de modo amplo. O conceito de sucessão, bem assim o de alteração na estrutura jurídica da empresa alcança qualquer situação em que haja modificação no quadro societário de uma empresa ou em sua forma societária. Considera-se sucessão, por exemplo, a mudança de propriedade da empresa, operada por meio de incorporação (quando uma ou mais empresas são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações), de fusão (quando se unem duas ou mais sociedades para formar uma sociedade nova), de cisão (quando o patrimônio de uma empresa é total ou parcialmente transferido para outra, ou outras, preexistente ou criada a partir dessa transferência), de alienação da empresa para outro empresário, ou mesmo de venda de apenas um estabelecimento ou filial da empresa. Ainda, a transformação (quando uma sociedade passa de uma forma societária para outra, p. ex., de S/A para Ltda.), que em verdade representa uma simples alteração na estrutura jurídica da empresa, pode ser considerada sucessão em sentido amplo. Dispõe a CLT: Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Nesse sentido, quando configurada uma situação de sucessão de empresas, os direitos do empregado são integralmente assegurados, isto é, o novo empresário sub-roga-se em todas as obrigações do primeiro, tendo continuidade normal o contrato de trabalho, sem qualquer prejuízo para o trabalhador. Essa regra é decorrência lógica na inexistência do requisito pessoalidade na conceituação legal do empregador, como vimos no início deste capítulo, bem assim do princípio da continuidade da relação de emprego. A pessoalidade é elemento essencial da definição de empregado, impedindo que ele se faça substituir na relação de emprego sem o consentimento do empregador. A recíproca, entretanto, não é verdadeira, ou seja, o empregador pode perfeitamente ser substituído sem que isso implique modificação nas relações de emprego vigentes no momento da substituição. Em decorrência, temos que: a) a contagem do tempo de serviço não é interrompida, devendo a antigüidade no emprego ser contada a partir da efetiva admissão do trabalhador na empresa, quando ela pertencia ao antigo e primeiro dono; b) as obrigações trabalhistas vencidas à época do titular alienante, mas ainda não cumpridas, são exigíveis do novo dono, o mesmo ocorrendo com os débitos previdenciários; c) as sentenças judiciais podem ser executadas contra o sucessor (novo proprietário, p. ex.), ainda que não o tenham sido na época do anterior titular e desde que não prescritas, inclusive quando relativas à reintegração de estáveis; d) aqueles empregados que estavam com seus contratos de trabalho suspensos ou interrompidos por ocasião da sucessão têm o direito de reassumir os cargos; e) os contratos a prazo determinado devem ser respeitados pelo sucessor, persistindo o direito do empregado de cumpri-los até o fim; f) a contagem dos períodos aquisitivos de férias dos trabalhadores prossegue normalmente; etc. Da mesma forma, em nada será afetado o contrato de trabalho quanto houver mera alteração na estrutura jurídica da empresa, como no caso de transformação de finna individual para sociedade; de sociedade por cotas de responsabilidade limitada (Ltda.) para sociedade anônima (S/A); de modificação do nome da sociedade ou do número de sócios etc. Serão preservados os direitos dos trabalhadores, como se nada tivesse ocorrido. Por outro lado, a sucessão não configura justa causa para que o empregado dê por rescindido o contrato de trabalho, tampouco para que pleiteie quaisquer indenizações.
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