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Agronegocio Manejo de solo e gua pdf

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Escola Estadual de
Educação Profissional - EEEP
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Técnico em Agronegócio
Manejo de solo e água
Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 1 
 
APOSTILA - CLIMA, SOLO E ÁGUA 
 
1. Aspectos gerais da física, química, morfologia e conservação dos solos, aptidão agrícola das 
terras. ......................................................................................................................................................... 4 
1.2. Clima e agricultura .................................................................................................................... 4 
1.1. Solo e meio ambiente ................................................................................................................. 4 
1.2. Conservação do Solo e da Água ............................................................................................... 6 
1.4. Importância do Solo e suas Funções .......................................................................................... 11 
1.5. Ameaças ao solo - Erosão ............................................................................................................ 12 
1.6. Matéria Orgânica do Solo .......................................................................................................... 14 
1.7. Contaminação do Solo ................................................................................................................ 14 
1.8. Impermeabilização, compactação e biodiversidade do solo ................................................... 15 
1.9. Salinização, cheias e desabamentos do solo .............................................................................. 16 
1.10. Aptidão agricola ........................................................................................................................ 17 
 
2. Erosão, degradação e recuperação do solo ...................................................................................... 18 
2.1. Tipos de degradação e medidas corretivas .............................................................................. 21 
2.2. Gerenciamento Ambiental .......................................................................................................... 22 
2.3.Erosão hídrica ............................................................................................................................... 23 
 
3. Conceitos e leis da fertilidade do solo, nutrientes essenciais para as plantas, macro e 
micronutrientes ...................................................................................................................................... 27 
3.1. Acidez ............................................................................................................................................ 28 
3.2. Calagem ........................................................................................................................................ 29 
3.3. Dinâmica do fósforo e Adubação Fosfatada ............................................................................. 30 
3.4. Nitrogênio a Adubação Nitrogenada ......................................................................................... 32 
3.5. Potássio e adubação potássica .................................................................................................... 34 
3.5. Cálcio ............................................................................................................................................ 35 
3.6.Magnésio ........................................................................................................................................ 35 
3.7. Enxofre ......................................................................................................................................... 35 
3.8. Micronutrientes ........................................................................................................................... 36 
3.9. Absorção e movimento de nutrientes nas plantas .................................................................... 40 
 
4. Análise de solo. Amostragem. Diagnose nutricional. ................................................................... 42 
4.1.Análise da Fertilidade do Solo ..................................................................................................... 43 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 2 
 
4.2.Interpretação de Análise de Solos ............................................................................................... 45 
4.3. Capacidade de troca de cátions (CTC) e de troca de ânions (CTA) ....................................... 48 
4.4. Conceitos básicos sobre acidez de solo e CTC .......................................................................... 52 
4.5.Diagnose do Estado Nutricional .................................................................................................. 56 
4.6.Indicações práticas ....................................................................................................................... 57 
4.7.Descrição dos sintomas visuais .................................................................................................... 58 
4.8.Diagnose Foliar ............................................................................................................................. 61 
 
5. A matéria orgânica do solo. Adubação verde, esterco e compostagem...................................... 65 
5.1. Adubação orgânica - aspectos práticos ...................................................................................... 66 
5.2.Funções dos Nutrientes na Planta ............................................................................................... 67 
5.3.Adubação Orgânica na propriedade rural ................................................................................. 67 
5.4.Produção com a utilização de resíduos orgânicos e compostagem .......................................... 68 
5.5.Produção de milho com adubação orgânica .............................................................................. 69 
5.6.Movimentação de elementos no solo ........................................................................................... 72 
 
6. Adubação química e natural. Vantagens e desvantagens. .......................................................... 73 
6.1. Adubação Química ..................................................................................................................... 73 
 
7. Uso de defensivos agrícolas químicos e naturais. Vantagens e desvantagens. .......................... 74 
7.1. Produtos Químicos: Porque usá-los? ......................................................................................... 74 
7.2. Produtos Químicos: Porque não usá-los?.................................................................................. 75 
 
8. Manejo de Pastagem na criação de animais. ................................................................................ 77 
8.1. Manejo tradicional da pastagem 
8.3. Manejo da pastagem ...................................................................................................................79 
8.4. Adubação das pastagens ............................................................................................................ 82 
8.5. Formação de pastagem ................................................................................................................ 83 
8.6. Plantio direto de pastagem ......................................................................................................... 84 
8.7. Sistemas silvipastoris – consórcio árvores e pastagens ............................................................ 85 
8.8. Potencial de produção de forrageiras irrigadas .......................................................................85 
8.9. Água...............................................................................................................................................88 
8. 10. Planejamento de um sistema de irrigação . ........................................................................... 89 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 3 
 
9. Leite Irrigado no Ceará .................................................................................................................. 91 
 
10.Conceitos, histórico, importância da irrigação. Estudo da relação solo, água, planta e clima. . 98 
10.1. Conceitos .................................................................................................................................... 98 
10.2. Histórico ..................................................................................................................................... 99 
10.3. Benefícios .................................................................................................................................. 100 
10.4. Impactos Ambientais ............................................................................................................... 103 
 
11.Qualidades da água para irrigação. Medição, captação e condução para irrigação.............. .. 105 
 
12.Métodos e tipos de irrigação. Manejo racional da irrigação. Drenagem dos solos agrícolas .. 110 
 
13. Irrigação e fertirrigação ................................................................................................................ 138 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 148 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 4 
 
 
1. Aspectos gerais da física, química, morfologia e conservação dos solos, aptidão agrícola das 
terras. 
 
 
1.1. Clima e agricultura 
 
Apesar dos recentes avanços tecnológicos e científicos, o clima ainda é a mais importante variável na 
produção agrícola. Isto ocorre através das influências que o clima exerce nos vários estágios da 
produção agrícola como plantio, colheita, transporte, comercialização, armazenagem. 
 
Qualquer sistema agrícola é um ecosistema feito pelo homem que depende do clima para funcionar 
como o sistema natural. Os principais elementos que afetam a produção agrícola são os mesmo que 
afetam a vegetação natural: entre eles a radiação solar, a temperatura e a umidade. Estes parâmetros que 
vão determinar em larga escala a distribuição global dos cultivos e da pecuária, assim como a 
produtividade agrícola e dos rebanhos dentro de uma determinada zona climática. 
 
Todos os cultivos têm limites climáticos para a produção econômica embora muitos paradigmas tenham 
sido quebrados nos últimos tempos. Levemos em conta que uma variável climática pode se modificar 
mediante outra variável, pois elas estão inter-relacionadas na influência que exercem sobre os cultivos e 
rebanhos, além das variáveis anuais ou sazonais. 
 
Considerando os ambientes climáticos dos cultivos e criações, se desenvolvem os microclimas em 
torno, que são de vital importância, assim como no interior do solo e nas proximidades da área, que 
podem ser bastante diferentes do ambiente do cultivo. 
A escolha da cultura a ser plantada começa pelas características climáticas locais, uma vez que 
dependem de fatores como solo, calor, precipitação, umidade relativa e sazonalidade. 
 
1.2. Solo e meio ambiente 
 
A vida dos homens e animais domésticos está condicionada aos elementos indispensáveis à 
subsistência. O meio ambiente em que vivem deve ter ar puro, para atender a uma das funções orgânicas 
básicas - a respiração; água potável, para satisfazer às necessidades hídricas, e alimentos com boa 
qualidade e em quantidades suficientes. A fonte fornecedora desse combustível, que faz a máquina-
homem ou animal viver, caminhar e exercer outras atividades é o solo. É desse elemento que o homem 
retira direta ou indiretamente o seu alimento. O solo deve ser fértil, para atender às demandas da 
população, em quantidade e qualidade. Se o solo for deficiente em um elemento químico, as plantas 
nele cultivadas serão carentes nessa qualidade. 
Quando o homem deixou de ser nômade, sentiu necessidade de prover sua subsistência e da família. Ao 
retirar a manta vegetal que cobria o terreno para, em seu lugar, realizar uma exploração, o homem expõe 
o solo à ação direta da água da chuva e/ou vento que, pela ação erosiva provoca o seu desgaste, 
portanto, a perda de nutrientes indispensáveis às culturas. A terra carreada pelas enxurradas vai se 
depositar em leito dos rios e de reservatórios e, após uma chuva forte, ocasiona inundações provocando 
danos ambientais. Quando o agricultor e/ou pecuarista usam fertilizantes e outros produtos químicos, 
em terrenos não devidamente protegidos contra os efeitos erosivos da água da chuva, essas substâncias 
são carreadas juntamente com a terra para cursos d'água, ocasionando sua degradação, alterando as 
condições ambientais e prejudicando diretamente a subsistência da flora e da fauna aquáticas e, 
também, dos seres humanos e dos animais que dependem desta fonte para atender às suas necessidades 
de água. 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 5 
 
A manutenção das características produtivas dos solos é uma atividade indispensável à subsistência 
humana, pela importância do fornecimento direto ou indireto dos alimentos; porque a ação erosiva da 
água da chuva, carreando a terra para locais indesejáveis, acarreta uma série de prejuízos ao meio 
ambiente, com consequências sócio econômicas. 
Os objetivos das práticas conservacionistas são eliminar a ação da água da chuva e do vento sobre os 
terrenos, a fim de evitar danos ambientais; que os solos atendam às necessidades alimentares da 
população atual e mantenham suas qualidades potenciais para satisfazer às solicitações das gerações 
futuras. 
 
Complementarmente, os Conservacionistas trabalham para que a cobertura vegetal e os restos culturais 
sejam incorporados ao solo, eliminando a queima, cuja conseqüência imediata é a poluição do ar 
ambiental, ocasionando danos à saúde do homem e dos animais, além dos estragos sobre os terrenos e o 
maléfico efeito estufa. 
 
O solo tem as funções de servir de suporte mecânico para os vegetais e reter a umidade, libertando os 
nutrientes e o oxigênio para as raízes, quando as plantas dele necessitam. O solo agrícola é a parte mais 
externa da crosta terrestre que sofreu a ação dos agentes das intempéries. A riqueza mineral de um solo 
é variávelcom os elementos constituintes da rocha-matriz. 
 
A manta de vegetação protetora do solo, que surge após a sua constituição pode ser retirada pelo 
agricultor, ao realizar uma lavoura, pelos animais, por pastoreio ou eliminada pelas queimadas 
sucessivas. 
 
A degradação do solo resulta nas alterações de suas características físicas, químicas e biológicas, perda 
da capacidade de retenção da umidade e diminuição dos nutrientes, reduzindo as condições de 
desenvolvimento das culturas e aumentando a suscetibilidade à ação da erosão hídrica e eólica. 
Meio-ambiente é o conjunto dos elementos que cercam o ser vivo, podendo ser biológicos e físicos (ou 
abióticos); nestes últimos destacam-se o clima, os solos e os recursos hídricos. Há uma interação de 
efeitos desses elementos. Devido a esse inter-relacionamento, o solo, a água e as florestas ocupam lugar 
de realce na qualidade do ambiente. A preservação desses elementos é fundamental para a 
sustentabilidade dos seres vivos. 
 
O objeto básico da ecologia é o estudo das relações entre os organismos e o ambiente em que vivem. O 
sistema ecológico que engloba o conjunto de organismos de uma área (comunidade biótica) e os fatores 
abióticos a ela associados, com suas possíveis inter-relações é denominado ecossistema. 
 
O desenvolvimento sustentável objetiva demonstrar a preocupação da sociedade com a agressão dos 
elementos da natureza e realça que as atividades para o desenvolvimento da humanidade sejam 
realizadas de modo a preservar as qualidades essenciais dos recursos naturais. 
 
Sistema agrícola sustentável é a garantia da satisfação das necessidades da população atual, mantida a 
qualidade ambiental e a preservação dos recursos naturais, a fim de conservar a potencialidade 
produtiva dos elementos essenciais, não vindo a ocasionar restrições à subsistência das gerações futuras. 
 
A Agricultura Conservacionista é a utilização dos elementos naturais, de modo a que as atividades 
produtivas sejam realizadas de acordo com a capacidade potencial de cada gleba, objetivando a garantia 
da demanda da população atual, sem comprometer o atendimento da subsistência dos futuros habitantes. 
É executada com base no levantamento das condições de cada gleba a fim de, superando os fatores 
restritivos ou limitantes (se existentes), planejar o seu manejo e uso com o emprego de insumos (se 
necessário)e de processos que evitem a ação dos agentes erosivos e que possibilitem as explorações 
mais econômicas para cada terreno, em função de suas peculiaridades. 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 6 
 
 
A agricultura conservacionista é baseada na classificação da capacidade-de-uso das terras, feita através 
da interpretação do levantamento do meio-físico efetuado nas glebas. Objetiva o planejamento da 
utilização e manejo adequado do solo, culturas e processos conservacionistas. 
 
A Agricultura Conservacionista, embora tenha os mesmos fins que a Agricultura Sustentável, possui 
uma sistemática definida, devidamente adaptada às condições de tipos de solo, clima e culturas 
realizadas no território brasileiro. 
 
O solo é a formação natural que se desenvolve na porção superficial da crosta terrestre. Ele é resultado 
essencialmente da interação dos processos físicos, químicos e biológicos sobre as rochas superficiais da 
crosta terrestre (DERISIO, 2000). 
 
Na definição da EMBRAPA (2004), solo é um recurso natural que deve ser utilizado como patrimônio 
da coletividade, independente do seu uso ou posse. É um dos componentes vitais do meio ambiente e 
constitui o substrato natural para o desenvolvimento das plantas. A ciência da conservação do solo 
preconiza um conjunto de medidas, objetivando a manutenção ou recuperação das condições físicas, 
químicas e biológicas do solo, estabelecendo critérios para o uso e manejo das terras, de forma a não 
comprometer sua capacidade produtiva. Estas medidas visam protegê-lo, prevenindo-o dos efeitos 
danosos da erosão, aumentando a disponibilidade de água, de nutrientes e da atividade biológica do 
mesmo, criando condições adequadas ao desenvolvimento das plantas. 
 
As principais áreas de preservação ambiental freqüentemente encontram-se nas zonas rurais: áreas de 
mananciais, nascentes, corpos d’água, maciços vegetais, dentre outros recursos naturais. Faz-se 
necessária a verificação das condições dessas áreas e a possibilidade da recuperação das áreas 
degradadas, em face de luta contra a desertificação e a defesa da biodiversidade, reforçando a 
sustentabilidade econômica e territorial (LIMA, 2003). 
Após a retirada da cobertura vegetal, o solo fica exposto a diversas intempéries, como o sol, a chuva, os 
ventos, culminando na redução de sua permeabilidade, em conseqüência de sua compactação, 
desencadeando sérios problemas, como processos erosivos, principalmente do tipo laminar, que além de 
degradar o solo também o empobrece (GUERRA et al., 2007) Todo esse processo pode se tornar ainda 
mais agressivo ao ambiente, pois o solo retirado de um determinado lugar pelo escoamento laminar irá 
se acumular no leito dos rios, causando assoreamentos, enchentes podendo alterar todo o ecossistema 
aquático (DERISIO, 2000). 
 
O valor do solo rural não pode se restringir às questões relacionadas à produção agrícola, sendo de 
grande importância a sua função ambiental, como o de assegurar a quantidade e qualidade das águas, 
manterem a estabilidade das Áreas de Preservação Permanente (APP’s), ajudar na infiltração de águas e 
nutrientes, além de assegurar a existência de matéria orgânica para as plantas. 
 
1.3. Conservação do solo e da água 
 
 O solo é um recurso natural que deve ser utilizado como patrimônio da coletividade, independente do 
seu uso ou posse. É um dos componentes vitais do meio ambiente e constitui o substrato natural para o 
desenvolvimento das plantas. 
 
A ciência da conservação do solo e da água preconiza um conjunto de medidas, objetivando a 
manutenção ou recuperação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, estabelecendo critérios 
para o uso e manejo das terras, de forma a não comprometer sua capacidade produtiva. 
Estas medidas visam proteger o solo, prevenindo-o dos efeitos danosos da erosão aumentando a 
disponibilidade de água, de nutrientes e da atividade biológica do solo, criando condições adequadas ao 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 7 
 
desenvolvimento das plantas. 
 
Planejamento Conservacionista 
 
 
A solução dos problemas decorrentes da erosão não depende da ação isolada de um produtor. A erosão 
produz efeitos negativos para o conjunto dos produtores rurais e para as comunidades urbanas. Um 
plano de uso, manejo e conservação do solo e da água deve contar com o envolvimento efetivo do 
produtor, do técnico, dos dirigentes e da comunidade. 
O Agrônomo e outros Profissionais das ciências agrárias e ambientais, devem ser consultados para 
elaboração do planejamento de conservação do solo e da água. 
 
Princípios Básicos 
 
Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, destaca-se um maior 
aproveitamento das águas das chuvas. Evitando-se perdas excessivas por escoamento superficial, 
podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo. Isto, além de garantir o suprimento 
de água para as culturas, criações e comunidades, previne a erosão, evita inundações e assoreamento 
dos rios, assim como abastece os lençóis freáticos que alimentam os cursos de água. 
Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a diminuição do impactodas 
gotas de chuva. Há redução da velocidade das águas que escorrem sobre o terreno, possibilitando maior 
infiltração de água no solo e, diminuição do carreamento das suas partículas. 
 
Práticas Vegetativas 
Florestamento e reflorestamento 
Plantas de cobertura 
Cobertura morta 
Rotação de culturas 
Formação e manejo de pastagem 
Cultura em faixa 
Faixa de bordadura 
Quebra vento e bosque sombreador 
Cordão vegetativo permanente 
Manejo do mato e alternância de capinas 
 
Práticas Edáficas 
Cultivo de acordo com a capacidade de uso da terra 
Controle do fogo 
Adubação: verde, química, orgânica 
Calagem 
 
Práticas Mecânicas 
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CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 8 
 
Preparo do solo e plantio em nível 
Distribuição adequada dos caminhos 
Sulcos e camalhões em pastagens 
Enleiramento em contorno 
Terraceamento 
Subsolagem 
Irrigação e drenagem 
 
A escolha dos métodos / práticas de prevenção à erosão é feita em função dos aspectos ambientais e 
sócio-econômicos de cada propriedade e região. Cada prática, aplicada isoladamente, previne apenas de 
maneira parcial o problema. Para uma prevenção adequada da erosão, faz-se necessária a adoção 
simultânea de um conjunto de práticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Práticas conservacionistas: 
 
Plantio em nível - neste método todas as operações de preparo do terreno, balizamento, semeadura, etc, 
são realizadas em curva de nível. No cultivo em nível ou contorno criam-se obstáculos à descida da 
enxurrada, diminuindo a velocidade de arraste, e aumentando a infiltração d’água no solo. Este pode ser 
considerado um dos princípios básicos, constituindo-se em uma das medidas mais eficientes na 
conservação do solo e da água. Porém, as práticas devem ser adotadas em conjunto para a maior 
eficiência conservacionista. 
Cultivo de acordo com a capacidade de uso - as terras devem ser utilizadas em função da sua aptidão 
agrícola, que pressupõe a disposição adequada de florestas / reservas, cultivos perenes, cultivos anuais, 
pastagens, etc, racionalizando, assim, o aproveitamento do potencial das áreas e sua conservação. 
Reflorestamento - áreas muito susceptíveis à erosão e de baixa capacidade de produção devem ser 
mantidas recobertas com vegetação permanente. Isto permite seu uso econômico, de forma sustentável, 
e proporciona sua conservação. Este cuidado deve ser adotado em locais estratégicos, que podem estar 
em nascentes de rios, topos de morros e/ou margem dos cursos d’água. 
Plantas de cobertura - objetivam manter o solo coberto no período chuvoso, diminuindo os riscos de 
erosão e melhorando as condições físicas, químicas e biológicas do solo. 
Pastagem - o manejo racional das pastagens pode representar uma grande proteção contra os efeitos da 
erosão. O pasto mal conduzido, pelo contrário, torna-se uma das maiores causas de degradação de terras 
agrícolas. 
Cordões de vegetação permanente - são fileiras de plantas perenes de crescimento denso, dispostas em 
contorno. Algumas espécies recomendadas: cana-de-açúcar, capim-vetiver, erva-cidreira, capim-
gordura, etc. 
Controle do fogo - o fogo, apesar de ser uma das maneiras mais fáceis e econômicas de limpar o 
terreno, quando aplicado indiscriminadamente é um dos principais fatores de degradação do solo e do 
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CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 9 
 
ambiente. 
 
Correção e adubação do solo - como parte de uma agricultura racional, estas práticas proporcionam 
melhoramento do sistema solo, no sentido de se dispor de uma plantação mais produtiva e protetora das 
áreas agrícolas. 
A conservação do solo e da água melhora o rendimento das culturas e garante um ambiente mais 
saudável e produtivo, para a atual e as futuras gerações. 
 
 
1. Terreno desmatado. 2. Terreno cultivado morro abaixo. 3. Assoreamento de rios e açudes. 4. Erosão 
com voçoroca invade terras cultivadas. 5.Êxodo rural. 6. Lavouras cultivadas sem proteção. 7.Pastagem 
exposta à erosão. 8. Inundações 
 
 
1. Terreno com exploração florestal. 2. Terreno cultivado em curva de nível e outras práticas 
conservacionistas. 3. Rios e açudes livres de assoreamento. 4. Culturas com práticas 
conservacionistas. 5. Desenvolvimento de comunidades agrícolas. 6. Áreas de pastagens 
protegidas contra a erosão. 7. Áreas de pastagens protegidas. 8. Inundações controladas e áreas 
agrícolas reaproveitadas. 
 
 
 
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CURSO TÉCNICO DE AGRONEGÓCIOS – CLIMA, SOLO E ÁGUA 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ecossistemas 
 
Ecossistema (grego oikos, casa + systema, sistema: sistema onde se vive) designa o conjunto 
formado por todas as comunidades que vivem e interagem em determinada região e pelos fatores 
abióticos que atuam sobre essas comunidades. 
 
Consideram-se como fatores bióticos os efeitos das diversas populações de animais, plantas e 
bactérias umas com as outras e abióticos os fatores externos como a água, o sol, o solo, o gelo, o 
vento. Em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar, caatinga,mata 
atlântica ou floresta amazônica, por exemplo, a todas as relações dos organismos entre si, e com seu 
meio ambiente chamamos ecossistema. Ou seja, podemos definir ecossistema como sendo um 
conjunto de comunidades interagindo entre si e agindo sobre e/ou sofrendo a ação dos fatores 
abióticos. 
São chamados agroecossistemas quando além destes fatores, atua ao menos uma população 
agrícola. A alteração de um único elemento pode causar modificações em todo o sistema, podendo 
ocorrer a perda do equilíbrio existente. O conjunto de todos os ecossistemas do mundo forma a 
Biosfera. 
 
A base de um ecossistema são os produtores que são os organismos capazes de fazer fotossíntese ou 
quimiossíntese. Produzem e acumulam energia através de processos bioquímicos utilizando como 
matéria prima a água, gás carbônico e luz. Em ambientes afóticos (sem luz), também existem 
produtores, mas neste caso a fonte utilizada para a síntese de matéria orgânica não é luz mas a 
energia liberada nas reações químicas de oxidação efetuadas nas células (como por exemplo em 
reações de oxidação de compostos de enxofre). Este processo denominado quimiossíntese é 
realizado por muitas bactérias terrestres e aquáticas. 
 
Dentro de um ecossistema existem vários tipos de consumidores, que juntos formam uma cadeia 
alimentar, destacam-se: 
 
Consumidores primários: São os animais que se alimentam dos produtores, ou seja, as espécies 
herbívoras. Milhares de espécies presentes em terra ou na água, se adaptaram para consumir 
vegetais, sem dúvida a maior fonte de alimento do planeta. Os consumidores primários podem ser 
desde microscópicas larvas planctônicas, ou invertebrados bentônicos que se alimentam do 
fitoplâncton ou do microfitobentos, até grandes mamíferos terrestres como a girafa e o elefante. 
 
Consumidores secundários: São os animais que se alimentam dos herbívoros, a primeira categoria 
de animais carnívoros. 
 
Consumidores terciários: São os grandes predadores como os tubarões, orcas e leões, os quais 
capturam grandes presas, sendo considerados os predadores de topo de cadeia. Tem como 
característica, normalmente, o grande tamanhoe menores densidades populacionais. 
 
Decompositores ou biorredutores: São os organismos responsáveis pela decomposição da matéria 
orgânica, transformando-a em nutrientes minerais que se tornam novamente disponíveis no 
ambiente. Os decompositores, representados pelas bactérias e fungos, são o último elo da cadeia 
trófica, fechando o ciclo. A seqüência de organismos relacionados pela predação constitui uma 
cadeia alimentar, cuja estrutura é simples, unidirecional e não ramificada. 
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1.4. Importância do solo e suas funções 
 
 O solo é um recurso finito, limitado e não renovável, face às suas taxas de degradação potencialmente 
rápidas, que têm vindo a aumentar nas últimas décadas (pela pressão crescente das actividades 
humanas) em relação às suas taxas de formação e regeneração extremamente lentas. A formação de uma 
camada de solo de 30 cm leva 1.000 a 10.000 anos a estar completa (Haberli et al, 1991). 
 
Os processos de degradação do solo constituem um grave problema a nível mundial, com consequências 
ambientais, sociais e económicas significativas. À medida que a população mundial aumenta, a 
necessidade de proteger o solo como recurso vital, sobretudo para produção alimentar, também 
aumenta. Nos últimos 40 anos, cerca de um terço dos solos agrícolas mundiais deixaram de ser 
produtivos do ponto de vista agrícola, devido à erosão. Atualmente, cerca de 77% das terras da União 
Europeia (UE) correspondem a áreas agrícolas e silvícolas, evidenciando a importância da política 
agrícola no território. Na UE, calcula-se que 52 milhões de hectares de solo, equivalendo a mais de 16% 
da superfície terrestre total, estão afetados por processos de degradação; nos países candidatos à adesão 
esta percentagem ronda os 35%, de acordo com o mapa mundial do estado de degradação do solo 
induzida pelo Homem (Projecto GLASOD, 1992). 
 
Por outro lado, os solos com melhor qualidade encontram-se dispersos e confinados muitas vezes a 
áreas com grande pressão para o uso da terra, nomeadamente para construção imobiliária. As zonas 
costeiras mediterrâneas completamente livres de construção continuam a diminuir, representando, em 
1996, apenas 29% das zonas costeiras italianas. Evidencia-se assim a necessidade de planificar 
devidamente a afetação dos solos e o ordenamento do território. 
 
 
A agricultura e a silvicultura dependem do solo para a 
fixação de raízes, fornecimento de água e nutrientes, 
sendo este também fonte de outras matérias-primas 
como a argila, areias, minerais e turfa. Além disso, o 
solo armazena e transforma parcialmente minerais, água, 
matéria orgânica e diversas substâncias químicas, 
possuindo uma capacidade elevada de filtragem e efeito 
tampão, intimamente relacionada com a sua carga de 
matéria orgânica, limitando a erosão e difusão da 
poluição do solo para a água. 
 
O solo desempenha uma grande variedade de funções vitais, de caráter ambiental, ecológico, social e 
econômico, constituindo um importante elemento paisagístico, patrimonial e físico para o 
desenvolvimento de infraestruturas e atividades humanas 
 
O solo é um meio vivo e dinâmico, constituindo o habitat de biodiversidade abundante, com padrões 
genéticos únicos, onde se encontra a maior quantidade e variedade de organismos vivos, que servem de 
reservatório de nutrientes. Uma grama de solo em boas condições pode conter 600 milhões de bactérias 
pertencentes a 15.000 ou 20.000 espécies diferentes. Nos solos desérticos, estes valores diminuem para 
1 milhão e 5.000 a 8.000 espécies, respectivamente. 
 
A atividade biológica, dependente da quantidade de matéria orgânica presente no solo, elimina agentes 
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patogênicos, decompõe a matéria orgânica e outros poluentes em componentes mais simples 
(frequentemente menos nocivos) e contribui para a manutenção das propriedades físicas e bioquímicas 
necessárias para a fertilidade e estrutura dos solos. 
 
1.5. Ameaças ao solo - Erosão 
 
A intensidade com que os solos realizam cada uma das suas funções é extremamente importante para a 
sua sustentabilidade. A degradação do solo reduz a sua disponibilidade e viabilidade a longo prazo, 
reduzindo ou alterando a sua capacidade para desempenhar funções a ele associadas. A perda de 
capacidade do solo para realizar as suas funções, deixando de ser capaz de manter ou sustentar a 
vegetação, é designada por desertificação. 
 
A fertilidade dos solos depende de um conjunto de fatores, uns de natureza física, outros de natureza 
química. Da conjugação destes fatores, resulta a capacidade de produção do solo, que, dependendo do 
seu perfil (sucessão de horizontes) apenas atinge o seu máximo quando o nível de todos os fatores 
nutritivos e os itinerários técnicos de mobilização, foram corretamente ajustados em função das 
necessidades dos sistemas culturais. 
 
As principais ameaças sobre o solo são a erosão, a mineralização da matéria orgânica, redução da 
biodiversidade, a contaminação, a impermeabilização, a compactação, a salinização, o efeito degradante 
das cheias e dos desabamento de terras. A ocorrência simultânea de algumas destas ameaças aumenta os 
seus efeitos, apesar de haver diferentes intensidades regionais e locais (os solos não respondem todos da 
mesma maneira aos processos de degradação, dependendo das suas próprias características). 
 
A nível mundial, a erosão é a principal ameaça ambiental para a sustentabilidade e capacidade 
produtiva do solo e da agricultura convencional. A erosão do solo pode apresentar diferentes níveis de 
gravidade. Em mais de um terço do território da região mediterrânea, historicamente a região europeia 
mais gravemente afetada pela erosão (os relatos de erosão do solo nesta região datam desde 3.000 anos 
atrás), as perdas médias anuais de solo são superiores a 15 ton/ha. 
 
A erosão resulta da remoção das partículas mais finas do solo por agentes como a água e o vento, que as 
transportam para outros locais, resultando na redução da espessura deste, perda de funções e, em caso 
extremo, do próprio solo, podendo ainda implicar a contaminação de ecossistemas fluviais e marinhos, 
assim como danos em reservatórios de água, portos e zonas costeiras 
 
Este fenômeno poderá ser desencadeado por uma combinação de fatores como fortes declives, clima 
(por exemplo longos períodos de seca seguidos de chuvas torrenciais) e catástrofes ecológicas 
(nomeadamente incêndios florestais). A erosão tem sido intensificada por algumas atividades humanas, 
principalmente pela gestão inadequada do solo, podendo também o solo ter algumas características 
intrínsecas que o tornem propenso à erosão (é o caso de este possuir camada arável fina, pouca 
vegetação ou reduzidos teores de matéria orgânica). 
 
 
 
 
 
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Eutrofização 
Em ecologia, chama-se eutrofização ou eutroficação ao fenômeno causado pelo excesso de nutrientes 
(compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento 
excessivo de algas. Estas, por sua vez,fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e 
eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa 
pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e consequente decomposição 
de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do 
ecossistema. 
 
O termo vem do grego "eu", que significa bom, verdadeiro e "trophein", nutrir. Assim, eutrófico 
significa "bem nutrido" e opõe-se a oligotrófico, a situação contrária em que existem poucos nutrientes 
na água, como acontece, em geral, nas águas oceânicas. 
 
Estes processos podem ocorrer naturalmente, como consequência da lixiviação da serrapilheira 
acumulada numa bacia de drenagem por fortes chuvas, ou por ação do homem, através da descarga de 
efluentes agrícolas, urbanos ou industriais no que se chama "eutrofização cultural". 
 
As principais fontes de eutrofização são as atividades humanas industriais, domésticas e agrícolas – por 
exemplo, os fertilizantes usados nas plantações podem escoar superficialmente ou dissolver-se e 
infiltrarem-se nas águas subterrâneas e serem arrastados até aos corpos de água mencionados. Ao 
aumento rápido de algas relacionado com a acumulação de nutrientes derivados do nitrogênio (nitratos), 
do fósforo (fosfatos), do enxofre (sulfatos), mas também de potássio, cálcio e magnésio, dá-se o nome 
de "florescimento" ou "bloom" – dando uma coloração azul-esverdeada, vermelha ou acastanhada à 
água, consoante as espécies de algas favorecidas pela situação. 
 
Estas substâncias são os principais nutrientes do fitoplâncton (as "algas" microscópicas que vivem na 
água), que se pode reproduzir em grandes quantidades, tornando a água esverdeada ou acastanhada. 
Quando estas algas - e o zooplâncton que delas se alimenta - começam a morrer, a sua decomposição 
pode tornar aquela massa de água pobre em oxigênio, provocando a morte de peixes e outros animais e 
a formação de gases tóxicos ou de cheiro desagradável. Além disso, algumas espécies de algas 
produzem toxinas que contaminam as fontes de água potável. Em suma, muitos efeitos ecológicos 
podem surgir da eutrofização, mas os três principais impactos ecológicos são: perda de biodiversidade, 
alterações na composição das espécies (invasão de outras espécies) e efeitos tóxicos. 
 
Quando esta situação ocorre, a eliminação das causas da poluição pode levar o ecossistema de novo a 
uma situação saudável mas, se for um sistema fechado onde antes havia espécies que desapareceram 
por causa deste problema, será necessária a reintrodução dessas espécies para tornar o sistema 
semelhante ao que era antes. Estes problemas ocorreram em muitos rios da Europa e ainda não estão 
totalmente sanados. 
 
Certos sistemas aquícolas promovem a eutrofização dos seus tanques para mais facilmente cultivarem 
espécies que se alimentam do fitoplâncton. Este prática deve ser extremamente bem controlada – e os 
resíduos ou efluentes da instalação tratados de modo a evitar a poluição do ambiente em redor. 
 
Ambientes eutróficos podem estar também relacionados a processos naturais sem intervenção 
antrópica, como ambientes pantanosos, por exemplo. 
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1.6. Matéria Orgânica do Solo 
 
A manutenção da matéria orgânica do solo é bastante importante, do ponto de vista físico-químico, dado 
que contribui para a manutenção da sua estrutura, melhora a infiltração e a retenção da água, aumenta a 
capacidade de troca, contribuindo para o acréscimo da produtividade. 
 
O controle da matéria orgânica do solo é um processo complexo, devendo ser conduzido com vista a 
reduzir as perdas, embora seja mais fácil alcançar essas perdas do que o seu aumento. Estes objetivos 
podem ser facilitados pela racionalização dos itinerários técnicos, com a oportunidade das épocas de 
intervenção, mobilização reduzida, a sementeira direta, a agricultura biológica, a introdução de 
pastagem, a incorporação de resíduos (estrume ou composto). 
 
A matéria orgânica do solo desempenha uma função essencial no ciclo global do carbono. De acordo 
com Lal, R., 2000, são anualmente capturadas (sequestradas) aproximadamente 2 gigatoneladas (Gt) de 
carbono na matéria orgânica do solo, evidenciando o seu papel importante em termos de alterações 
climáticas (anualmente são emitidos 8 Gt de carbono para a atmosfera). 
 
Atualmente, há uma tendência a favor da adoção de técnicas agrícolas de conservação, a fim de 
aumentar o teor de carbono no solo e simultaneamente evitar as perdas deste e as suas emissões 
adicionais para a atmosfera, sob a forma de CO2. Há, todavia, um limite para a quantidade de matéria 
orgânica e, por isso, de carbono que poderá ser armazenada nos solos. 
 
1.7. Contaminação do Solo 
 
As práticas agrícolas e silvícolas têm assim um impacto importante sobre o solo agrícola, podendo 
também ter impacto em solos adjacentes não agrícolas e águas subterrâneas, nomeadamente em termos 
de emissão de substâncias contaminantes. 
 
Os contaminantes podem ser armazenados no solo, mas a sua libertação subsequente pode seguir 
padrões muito diferenciados. Alguns, como os pesticidas, poderão vir a ultrapassar os limites da 
capacidade de armazenamento e de efeito tampão do solo, causando a danificação/perda de algumas das 
funções deste, a contaminação da cadeia alimentar, dos vários ecossistemas e recursos naturais, pondo 
em risco a biodiversidade e a saúde humana. Para avaliar o potencial impacto dos contaminantes do 
solo, há que ter em conta não só a sua concentração mas também o seu comportamento no ambiente e o 
mecanismo de exposição ao Homem. A contaminação do solo pode ser diferenciada, de acordo com a 
sua fonte de origem, em local e difusa. 
 
A contaminação local (ou pontual) está geralmente associada a fontes confinadas, tanto em 
funcionamento como depois de encerradas: exploração mineira, instalações industriais, aterros 
sanitários, entre outras, representando riscos para o solo e água, caso os solos não estejam devidamente 
impermeabilizados e a descarga de contaminantes não seja controlada. 
 
A poluição difusa (causada por fontes difusas) está geralmente associada à deposição atmosférica, a 
certas práticas agrícolas, reciclagem e tratamento inadequados de águas residuais e resíduos, sendo o 
seu principal efeito o colapso do efeito tampão do solo. 
 
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A deposição atmosférica deve-se principalmente a emissões provenientes da indústria, do tráfego 
automóvel e da agricultura, libertando nos solos contaminantes acidificantes (como o SO2 e o NO3, 
metais pesados (cobre, chumbo e mercúrio, entre outros) e compostos orgânicos (como as dioxinas). 
 
 Fonte: Photodisc 
Os contaminantes acidificantes diminuem gradualmente o efeito tampão dos solos, favorecendo a 
lixiviação de nutrientes, com subsequente perda de fertilidade do solo, eutrofização de águas, 
abrandamento da atividade biológica e redução da biodiversidade do solo. 
 
Os metais pesados, incorporados nos adubos e na alimentação animal, constituem um problema 
suplementar, nomeadamente em termos das suas potenciais penetrações na cadeia alimentar. 
 
Os sistemas de produção agrícola que não asseguram o equilíbrio entre fatores de produção e produtos, 
relativamente ao solo e aos terrenos confinantes, geram desequilíbrios de nutrientes no solo, conduzindo 
frequentemente à contaminação das águas subterrâneas e superficiais, como é o caso da contaminaçãopor nitratos: a deposição de azoto (em resultado de emissões provenientes da agricultura, do tráfego 
automóvel e da indústria) causa um enriquecimento indesejado deste nutriente no solo e diminuição 
subsequente da biodiversidade, podendo provocar a eutrofização das águas. 
 
Em 1992, eram produzidas 6.6 milhões de toneladas de lamas (matéria seca), por ano, na UE. As lamas 
de depuração, produto final do tratamento de águas residuais, contêm matéria orgânica e nutrientes 
valiosos para o solo, como o nitrogênio, o fósforo e o potássio. No entanto, também estão 
potencialmente contaminadas por organismos patogênicos (vírus e bactérias) e poluentes, como metais 
pesados e compostos orgânicos pouco biodegradáveis, podendo a sua aplicação no solo levar ao 
aumento das concentrações destes compostos no solo, com riscos subsequentes para a fauna e flora. 
 
Desde que a contaminação seja prevenida e controlada na fonte, a aplicação cuidadosa e controlada de 
lamas de depuração no solo não deve causar problemas podendo até ser benéfica, pelo aumento da carga 
de matéria orgânica do solo. 
 
Dados os custos de extração dos contaminantes presentes no solo serem muito elevados, é imperativa a 
prevenção de novas contaminações, nomeadamente através da gestão de resíduos e implementação de 
sistemas de monitoração e alerta rápido. 
 
1.8. Impermeabilização, compactação e biodiversidade do solo 
 
 A impermeabilização consiste na cobertura do solo pela construção de habitações, estradas e outras 
ocupações, reduzindo a superfície do solo disponível para realizar as suas funções, nomeadamente a 
absorção de águas pluviais. As áreas impermeabilizadas podem ter grande impacto nos solos 
circundantes por alteração dos padrões de circulação da água e aumento de fragmentação da 
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biodiversidade e seus ecossistemas. 
 
O aumento da impermeabilização do solo é inevitável, em grande parte determinado pela ausência de 
estratégias de ordenamento do território, que não tomam em consideração os efeitos da perda de solos 
insubstituíveis, quer ao nível da produção alimentar, quer ao nível da conservação da natureza e 
controlo de cheias. As consequências da impermeabilização são extremamente prejudiciais para o 
desenvolvimento sustentável, não apenas para a agricultura. Tenha-se presente os efeitos catastróficos 
da impermeabilização dos solos na periferia dos grandes centros urbanos de construção efetuada em 
leitos de cheia de cursos de água, que para além da perda de solos de qualidade provocam 
periodicamente acentuados danos para as populações. 
 
A compactação do solo ocorre quando este é sujeito a uma pressão mecânica devido ao uso de máquinas 
ou ao sobrepastoreio, em especial se o solo não apresentar boas condições de operabilidade e de 
transitabilidade, sendo a compactação das camadas mais profundas do solo muito difícil de inverter. 
 
A compactação reduz o espaço poroso entre as partículas do solo, deteriorando a estrutura do solo e, 
consequentemente, dificultando a penetração e o desenvolvimento de raízes, a capacidade de 
armazenamento de água, o arejamento, a fertilidade, a atividade biológica e a estabilidade. Além disso, 
quando há chuvas torrenciais, as águas já não conseguem infiltrar-se facilmente no solo compactado, 
aumentando os riscos de erosão e de cheias. 
 
A redução da biodiversidade nos solos por deficientes práticas agrícolas ou por outras razões já 
apontadas, torna-os mais vulneráveis à degradação. Por isso, a biodiversidade do solo é frequentemente 
utilizada como indicador geral do estado de saúde deste, tendo-se evidenciado a eficácia dos sistemas de 
agricultura racionais na preservação e aumento da biodiversidade. 
 
1.9. Salinização, cheias e desabamentos do solo 
 
A salinização consiste na acumulação de sais solúveis de sódio, magnésio e cálcio nos solos, reduzindo 
a fertilidade dos mesmos. Este processo resulta de fatores como a irrigação (a água de irrigação 
apresenta maiores quantidades de sais, sobretudo em regiões de fraca pluviosidade, com elevadas taxas 
de evapotranspiração ou cujas características constitutivas do solo impedem a lavagem de sais), 
manutenção das estradas com sais durante o inverno no hemisfério norte e exploração excessiva de 
águas subterrâneas em zonas costeiras (causada pelas exigências da crescente urbanização, indústria e 
agricultura nestas zonas), conduzindo a uma diminuição do nível dos lençóis freáticos e à intrusão da 
água do mar. A salinização do solo afeta cerca de 1 milhão de hectares na UE, principalmente nos países 
mediterrâneos, constituindo uma das principais causas de desertificação. 
 
As cheias e os desabamentos de terras são, na sua maioria, acidentes naturais intimamente relacionados 
com a gestão do solo, causando erosão, poluição com sedimentos, danificação de edifícios e infra-
estruturas e perda de recursos do solo, com subsequente impacto sobre as atividades e vidas humanas. 
As cheias podem, em alguns casos, resultar do fato de o solo não desempenhar o seu papel de controle 
dos ciclos da água devido à compactação ou à impermeabilização, podendo também ser favorecidas 
pela erosão causada pela desflorestação, abandono de terras ou até pelas próprias características do solo. 
 
Como os processos de degradação estão estreitamente interligados, o efeito combinado de ações contra 
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ameaças específicas será benéfico para a proteção do solo em geral. Todos os interesses existentes de 
conservação e exploração do solo deverão assim ser harmonizados de forma a permitir o desempenho 
total das suas funções. 
 
Podemos assim constatar que, se por um lado, a variabilidade do solo exige a incorporação de um forte 
elemento local resultando em problemas de degradação de agroecossistemas, com perda de produção e 
produtividade, além de comprometimento dos recursos naturais. 
 
Nas políticas respectivas, por outro, também é necessária a incorporação de um componente global, 
pelas consequências mais amplas do solo, nomeadamente em termos de segurança alimentar, proteção 
das águas e biodiversidade, devendo ainda ter-se em atenção o fato do solo, ao contrário do ar e da 
água, estar geralmente sujeito a direitos de propriedade, dificultando a aplicação de políticas de 
proteção e conservação, pois requer a aceitação de proprietários e gestores de terras. 
 
1.10. Aptidão agricola 
 
O uso adequado da terra deve ser o primeiro passo em direção, não apenas a uma agricultura correta e 
sustentável, mas também à conservação dos recursos naturais, especialmente o solo, a água e a 
biodiversidade. Os cuidados, portanto, com o uso equilibrado destes recursos devem prevalecer, 
evitando-se a corrida atrás do prejuízo, combatendo-se os efeitos quando, na realidade, pode-se evitar 
ou amenizar as causas. Além do mais, o uso de ações corretivas aos impactos ambientais e sociais 
negativos, onera sobremaneira o custo de sustentabilidade, reduzindo o poder de competitividade e 
lucros no agronegócio. 
 
Busca, deste modo, uma agricultura centrada em aspectos como: compatibilização entre atividades 
produtivas e potencial dos agroecossistemas; o mínimo de impacto negativo ao meio ambiente; e 
manutenção a longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola. 
 
No caso de aptidão agrícola para agroecologia, que deve ser entendida como uma ciência ou um 
conjunto de conhecimentos e métodos que permite estudar, analisar e avaliar agroecossistemas, dentro 
do conceito desustentabilidade (Caporal e Costabeber, 2002). Sob a ótica agroecológica, a avaliação da 
aptidão agrícola reveste-se de grande importância, pois sabe-se que historicamente a ocupação agrícola 
das terras tem ocasionado problemas ambientais, decorrentes não só do uso indevido de áreas frágeis, 
mas também da sobreutilização de terras (uso do solo acima de sua capacidade produtiva). Sabe-se que 
em muitos casos, o uso de uma área não é conduzido de forma compatível com sua real aptidão 
agrícola, resultando em problemas de degradação de agroecossistemas, trazendo junto a perda de 
competitividade do setor agrícola e deterioração da qualidade de vida da população (CURI et al., 1992). 
LARACH (1990) ressalta que, embora a concepção da metodologia de aptidão agrícola tenha sido 
desenvolvida para interpretação de levantamentos generalizados, ela é suficientemente elástica para 
permitir reajustamentos, fato que pode ser de grande utilidade em projetos de desenvolvimento rural 
sustentável. 
 
Nesse contexto, o conhecimento da aptidão agrícola reveste-se de grande importância, pois é muito 
comum o uso das terras em desarmonia, ou sem considerar o seu verdadeiro potencial agrícola, 
LARACH (1990) ressalta que, embora a concepção da metodologia de aptidão agrícola tenha sido 
desenvolvida para interpretação de levantamentos generalizados, ela é suficientemente elástica para 
permitir reajustamentos, fato que pode ser de grande utilidade em projetos de desenvolvimento rural 
sustentável. Na avaliação da aptidão agrícola, procura-se diagnosticar o comportamento das terras para 
lavouras, nos sistemas de manejo A (baixo nível tecnológico), B (nível tecnológico médio) e C (nível 
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tecnológico alto); para pastagem plantada e/ou silvicultura, no sistema de manejo B; e para pastagem 
natural, no sistema de manejo A. 
 
As terras sem aptidão para o uso agrícola são classificadas como de preservação da flora e fauna. 
Ressalva-se que quando a metodologia faz esse destaque, deixa explícito de que estas áreas possuem 
extrema fragilidade/limitação de uso, prestando-se somente a esse tipo de uso, que é o preservacionista. 
Não há impedimento, todavia, que outras áreas de elevado potencial, possam ser destinada também a 
este tipo de uso. A adoção de níveis de manejo, no sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras, é 
considerada como um procedimento altamente válido, sobretudo em países como o Brasil, onde, numa 
mesma região, existe uma grande variedade de condições técnicas e socioeconômicas e, 
conseqüentemente, diferenciados sistemas de manejo lado a lado (BENNEMA et al., 1964; RESENDE 
et al., 1995). 
 
A partir dos fatores limitantes (fertilidade, água, oxigênio, suscetibilidade à erosão e impedimento à 
mecanização), BENNEMA et al. (1964) consideram que o sistema de avaliação da aptidão agrícola tem 
um caráter dominantemente ecológico, sobretudo no que tange aos seus três primeiros fatores. 
 
Nessa mesma linha, sobre o foco da metodologia, RAMALHO FILHO & BEEK (1995) apesar de 
mencionarem aspectos referentes à relação custo/benefício e tendência econômica à longo prazo, 
deixam claro de que o objetivo maior do método reside na orientação, com vistas à sustentabilidade de 
uso das terras, no planejamento regional e nacional. 
 
A avaliação da aptidão agrícola baseia-se na comparação das condições oferecidas pelas terras, com as 
exigências de diversos tipos de usos. Trata-se, portanto, de um processo interpretativo que considera 
informações sobre características de meio ambiente, de atributos do solo e da viabilidade de 
melhoramento de qualidades básicas das terras. 
 
Assim, o seu desenho metodológico compreende três etapas, seguindo as sugestões de PEREIRA (2002) 
em relação com o preconizado por (RAMALHO FILHO & BEEK, 1995): 
a) levantamento de dados e preparação de mapas básicos (solo, relevo, clima, uso da terra); 
b) avaliação das terras com base em “tabelas de critérios”; 
c) elaboração do mapa final de aptidão agrícola das terras. 
 
O Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola, no Brasil, tem sido utilizado em favor de diferentes 
sistemas de produção e da pesquisa agropecuária, oriundos do chamado processo da modernização da 
agricultura, e, conseqüentemente, a par da dimensão social e da realidade genuína da produção agrícola 
familiar. Existem hoje circunstâncias ainda mais favoráveis que ensejam, pelo menos no contexto 
científico, a sua inclusão no estoque tecnológico agroecológico, fato que concorre para a aceleração de 
uma verdadeira transição agroecológica que tantos teorizam mas poucos sentem. 
 
 2. Erosão, degradação e recuperação do solo 
 
O termo erosão provém do latim (erodere) e significa “corroer”. Nos estudos ligados à ciência da terra, 
o termo é aplicado aos processos de desgaste da superfície terrestre (solo ou rocha) pela ação da água, 
do vento, de queimadas, do gelo e de organismos vivos (plantas e animais), além da ação do homem 
(CAMAPUM DE CARVALHO et al., 2006). 
 
O autor ainda cita que o processo erosivo depende de fatores externos, como o potencial de erosividade 
da chuva, as condições de infiltração e escoamento superficial e a declividade e comprimento do talude 
ou encosta e, ainda, de fatores internos, como gradiente crítico, desagregabilidade e erodibilidade do 
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solo. A evolução da erosão ao longo do tempo depende de fatores tais como características geológicas e 
geomorfológicas do local, presença de trincas de origem tectônica e evolução físico-química e 
mineralógica do solo. 
 
Nos estudos apresentados por Camapum de Carvalho et al. (2006) determinados esclarecimentos são 
necessários para complementar os fundamentos dessa pesquisa: 
 
- no meio geotécnico tem-se dado grande importância ao estudo das erosões de origem hídrica, dita 
lineares, que são classificadas como ravinas (sem surgência de água) e voçorocas (com surgência de 
água). No trato dos processos erosivos, é igualmente necessário que se considere a origem da ação 
dinâmica, o local, o momento e a velocidade de ocorrência do processo erosivo; 
 
 
- destaca-se, no entanto, que a dinâmica dos processos erosivos está intimamente ligada à própria 
dinâmica de variáveis causais como o clima e uso do solo, sendo que, por exemplo, o fato da primeira, 
clima, depender da segunda, uso do solo, reflete a sua complexidade; 
 
- são exemplos dessa situação, no meio rural, o plantio e manejo do solo de modo inapropriado, como a 
não observância de curvas de nível ou o desmatamento de matas ciliares; 
 
- a erosividade da chuva e a erodibilidade do solo são dois importantes fatores físicos que afetam a 
magnitude da erosão do solo. Como visto, a erosão do solo depende de vários fatores. Mesmo que a 
chuva, a declividade do terreno e a cobertura vegetal sejam as mesmas, alguns solos são mais 
susceptíveis ao destacamento e ao transporte de partículas pelos agentes de erosão que outros. Essa 
diferença, devido às propriedades do solo, é conhecida como erodibilidade do solo. 
 
Para Camapum de Carvalho et al. (2006) a classificação das erosões é apresentada a seguir: 
 
- as erosões se classificam quanto à forma como surgiram, e podem se dividir em dois grandes grupos: a 
erosão natural ou geológica e a erosão antrópica ou acelerada, sendo a geológicaocasionada por fatores 
naturais, enquanto a antrópica esta relacionada a ação humana; 
 
- o mais comum, no entanto, é classificar a erosão em quatro grandes grupos: 
erosão hídrica, erosão eólica, erosão glacial e erosão organogênica. Este texto dará ênfase ás erosões 
antrópicas de origem hídrica geradas pela chuva. Estas erosões são geralmente classificadas em três 
tipos principais: erosão superficial, erosão interna e erosão linear (sulco, ravina e voçoroca), segundo 
seu estagio de evolução; 
 
- a erosão superficial surge do escoamento da água que não se infiltra. Ela está associada ao transporte, 
seja das partículas ou agregados desprendidos do maciço pelo impacto das gotas de chuva, seja das 
partículas ou agregados arrancados pela força trativa desenvolvida entre a água e o solo. O poder 
erosivo da água em movimento e sua capacidade de transporte dependem da densidade e da velocidade 
de escoamento, bem como da espessura da lâmina d’água e, principalmente, da inclinação da vertente 
do relevo. A formação de filetes no fluxo superficial amplia o potencial de desprendimento e arraste das 
partículas de solo, dando, quase sempre, origem aos sulcos que evoluem para ravinas podendo chegar à 
condição de voçoroca; 
 
Os escoamentos superficiais, originados por uma chuva intensa sobre uma bacia, é uma parte do ciclo 
hidrológico local, sendo produzidos quando os componentes de recarga da bacia são satisfeitos. Esses 
componentes são a interceptação e escoamento ao longo da vegetação, o armazenamento no perfil do 
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solo, a percolação profunda que atinge o aqüífero e o armazenamento em depressões da superfície 
(EMBRAPA, 2004). 
 
O escoamento superficial e o processo de desagregação da estrutura do solo, produzidos pelas gotas de 
chuva, constituem dois principais causadores da erosão pluvial. Como os dois processos são causa 
direta da precipitação pluviométrica que ocorre em determinado local, essa é considerada o elemento do 
clima mais importante no processo de erosão (EMBRAPA, 2004). 
ZACHAR (1982) apud CAMAPUM DE CARVALHO (2006) propõe uma terminologia para a 
classificação dos principais tipos de erosão, enfatizando o caráter combinado entre os agentes erosivos e 
a ação da gravidade, mostrados no Quadro 1. 
 
Classificação da erosão pelos fatores ativos 
 
Fator Termo 
1. água - Erosão hídrica 
1.1. chuva - Erosão pluvial 
1.2. fluxo superficial - Erosão laminar 
1.3. fluxo concentrado - Erosão linear (sulco, ravina, voçoroca) 
1.4. rio - Erosão fluvial 
1.5. lago, reservatório - Erosão lacustrina ou límica 
1.6. mar - Erosão marinha 
2. geleira - Erosão glacial 
3. neve - Erosão nival 
4. vento - Erosão eólica 
5. terra, detritos - Erosão soligênica 
6. organismos - Erosão organogênica 
6.1. plantas - Erosão fitogênica 
6.2. animais - Erosão zoogênica 
6.3. homem Erosão antropogênica 
 
Fonte: ZACHAR (1982) apud CAMAPUM DE CARVALHO (2006) 
 
Degradação 
"Conjunto de processos resultantes de danos no meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem 
algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos 
ambientais" (Decreto Federal 97.632/89). 
"Alterações adversas das características do solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto 
estabelecidos em planejamento quanto os potenciais" (ABNT, 1989). 
Restauração 
Reprodução das condições exatas do local, tais como eram antes de serem alteradas pela intervenção. 
 Recuperação 
Local alterado é trabalhado de modo que as condições ambientais acabem se situando próximas às 
condições anteriores à intervenção; ou seja, trata-se de devolver ao local o equilíbrio e a estabilidade 
dos processos atuantes. 
 Reabilitação 
Local alterado destinado a uma dada forma de uso de solo, de acordo com projeto prévio e em 
condições compatíveis com a ocupação circunvizinha, ou seja, trata-se de reaproveitar a área para 
outra finalidade. 
Remediação 
Ações e tecnologias que visam eliminar, neutralizar ou transformar contaminantes presentes em 
subsuperfície (solo e águas subterrâneas). Refere-se a áreas contaminadas. 
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O termo RECUPERAÇÃO é amplamente utilizado, por incorporar os sentidos de restauração e 
reabilitação 
 
(Modificado de Bitar & Braga, 1995) 
 
2.1. Tipos de degradação e medidas corretivas 
 
TIPO DE ÁREA 
DEGRADADA 
PRINCIPAIS PROCESSOS DE 
DEGRADAÇÃO 
(MEIO FÍSICO) 
ALGUMAS MEDIDAS 
CORRETIVAS 
(MEIO FÍSICO) 
Mineração Abandonada 
em Regiões Urbanas 
- Escoamento das águas superficiais; 
- Erosão por sulcos e ravinas; 
- Escorregamentos; 
- Deposição de sedimentos e partículas. 
- Revegetação; 
- Captação e condução das águas 
superficias; 
- Estabilização de taludes e blocos. 
Depósito de Resíduos 
Industriais e Urbanos 
- Interações físico-químicas no solo 
(poluição do solo); 
- Escoamento das águas superficiais; 
- Movimentação das águas de 
subsuperfície. 
- Prospecção do depósito; 
- Remoção total ou parcial, 
transporte e disposição dos 
resíduos; 
- Tratamento "in situ" do solo; 
- Descontaminação ou remediação 
do solo. 
Ocupação Habitacional de 
Encostas em Situações de 
Risco 
- Escorregamentos; 
- Escoamento das águas em superfície. 
- Captação e condução das águas 
superficiais; 
- Estabilização da encosta (com ou 
sem estruturas de contenção); 
- Revegetação. 
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Voçorocas Urbanas ou 
Rurais 
- Erosão por boçorocas; 
- Movimentação das águas de 
subsuperfície. 
- Controle do uso e ocupação; 
- Captação e condução das águas 
superficiais; 
- Drenagem das águas de 
subsuperfície/fundo; 
- Estabilização dos taludes da 
boçoroca ou aterramento. 
Ocupação Agrícola 
Irrigada 
- Adensamento e compactação do solo; 
- Acidificação do solo por lixiviação. 
- Controle da irrigação; 
- Aragem profunda do solo; 
- Correção da acidez do solo. 
Cursos e Corpos d´água 
Assoreados 
- Deposição de sedimentos e partículas; 
- Enchentes e inundações. 
- Controle da erosão a montante; 
- Dragagem dos sedimentos; 
- Obras hidráulicas. 
(Bitar & Braga, 1995). 
 
 
2.2. Gerenciamento Ambiental 
 
Com base nas informações da tabela apresentada a seguir (modificada de Bitar & Ortega, 1998), vamos 
verificar quais os mais adequados instrumentos de gerenciamento ambiental de empreendimentos, tendo 
em vista se estes já se encontram em atividade ou se serão instalados futuramente. 
 
 
Como pode ser observado na tabela anterior, os empreendimentos devem ser tratados de forma diferente 
de acordo com a sua situação, se já instalados ou ainda a instalar. 
 
No caso de empreendimentos já instalados, a análise se torna mais objetiva devido à existência de 
problemas reais e concretos. Já em empreendimentos que serão instalados, a análise dos impactos 
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ambientais é subjetiva, porém, neste caso a recuperação de impactos ambientais deve ser realizada 
concomitantemente à atividade, ou seja, os gastos econômicos tendem a ser minimizados. 
 
2.3.Erosão hídricaA erosão hídrica é umas das principais formas de degradação do solo, acarretando prejuízos de ordem 
econômica, ambiental e social. Segundo Bahia (1992), o Brasil perde anualmente cerca de 600 milhões 
de toneladas de solo devido a erosão. Além do prejuízo na reposição dos nutrientes perdidos, outro 
grande problema decorrente é o assoreamento de corpos de água. O assoreamento afeta não só o 
abastecimento de água potável à população rural e urbana, como as atividades agrícolas e industriais, e 
também, a produção de energia elétrica, tendo em vista que mais de 95 % da energia produzida no país 
provém de hidrelétricas (ANEEL, 2002). 
 
Existem diferentes formas de erosão hídrica de acordo com o seu grau de carreamento de partículas e 
incisão no solo. Quando a perda de solo pela erosão se dá em camadas relativamente finas e 
homogêneas, às vezes até imperceptível, é chamada de erosão laminar. À medida que a água se 
concentra em determinados pontos devido às depressões no relevo do terreno, pode formar os sulcos, e 
podendo chegar a um estágio mais avançado que são as chamadas voçorocas (Braun, 1961). Existem 
outros termos utilizados como boçorocas, grotas, esbarrancados ou esbarrancamentos, dependendo da 
região, para denominar as “crateras” formadas no terreno (Figura 1). 
 
 
 
Figura 1. Áreas afetadas por voçorocas no município de Pinheiral-RJ. 
Foto: Roriz Luciano Machado 
 
Dentre as formas de erosão, esta é a que causa conseqüências mais graves à população em termos de 
perda de área utilizável, assoreamento de rios, riachos e lagoas, e até morte de animais devido a 
acidentes. 
 
As causas com que a erosão pode chegar a esse estágio avançado são naturais, mas a ação do homem 
pode acelerar bastante o processo. Fatores como o relevo acidentado, chuvas concentradas em poucos 
meses do ano, características do solo, como: textura, consistência friável, baixo teor de matéria orgânica 
e pequena estabilidade de agregados, tendem a aumentar a susceptibilidade do solo à erosão. 
 
Em relação ao relevo, sua influência está relacionada com as características de declividade (quando 
acentuada), comprimento de rampa longo e a forma da encosta, que favorecem maior velocidade, 
volume e concentração da enxurrada. 
 
Quanto às chuvas, a erosão pode ser maior ou menor em função da sua duração, intensidade, 
distribuição e tamanho de gotas (Wischmeier & Smith, 1958). Em regiões onde sua distribuição é 
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concentrada em poucos meses do ano, a quantidade de eventos de grande intensidade geralmente é 
maior, e conseqüentemente, mais alto é o índice de erosividade e os danos causados (Bertoni & 
Lombardi Neto, 1993). 
 
A respeito das características do solo, aqueles que quando úmidos se desfazem com facilidade, são 
facilmente desagregados e transportados pelas chuvas, e isso está relacionado com maiores teores de 
silte e areia fina (Wischmeier et al., 1971). Solos de textura mais grosseira, como areia grossa e 
cascalho, podem ser também susceptíveis por não apresentarem agregação entre suas partículas 
(Venturim & Bahia, 1998). 
 
A agregação do solo (união de partículas formando pequenos torrões) é uma propriedade importante 
sobretudo por estar relacionada à porosidade. Quanto maior o volume de poros grandes do solo, maior a 
infiltração de água das chuvas, e menor o escoamento superficial. A matéria orgânica influencia 
bastante a agregação, conferindo maior estabilidade aos agregados através da cimentação das partículas, 
e com isso, proporciona maior resistência à ação das gotas das chuvas e das enxurradas resultando em 
menor desestruturação e carreamento de solo (Verhaegen, 1984). 
 
Vieira, citado por Fendrich et al. (1988), descreve características de solos que apresentam 
suscetibilidade à formação de voçorocas: solos arenosos, ácidos, poucos coesivos, Horizonte A com cor 
vermelho intenso, com areia muito fina, siltosa e com pouca argila, predominando nos horizontes 
subjacentes, areias mais claras levemente rosadas ou amarelas com tendência a cor branca. 
 
O tipo de rocha da qual o solo foi formado, ou seja, o material de origem, pode também influenciar na 
formação de voçorocas. Um exemplo disso são os solos formados em rochas do embasamento 
cristalino, em que os horizontes superficiais, sobretudo o B, são mais resistentes à erosão. No entanto, 
saprolitos, a camada ou horizonte C, com características da rocha matriz, podem apresentar alta 
erodibilidade, e conseqüentemente, formar voçorocas quando essa camada é exposta aos agentes 
erosivos (Resende e Parzanese, citados por Morais et al., 2004). 
 
A ação do homem no sentido de acelerar o processo erosivo ocorre quando este retira a cobertura 
vegetal original do solo e realiza práticas que promovem sua desagregação como, aração, gradagem, 
calagem, adubação, redução da matéria orgânica, etc., e o expõe ao impacto das gotas das chuvas, 
devido a baixa cobertura do solo, que pode ocorrer também com o superpastejo, queimadas, etc.; com 
ausência de práticas de conservação do solo. 
 
Tudo isso associado à condições de relevo acidentado, em certos casos locais considerados como de 
preservação permanente, acarreta o aumento do escoamento superficial da água das chuvas, e 
dependendo das características do solo, o processo erosivo pode evoluir ao longo do tempo formando as 
voçorocas. 
 
A redução da taxa de infiltração de água pode estar relacionada, em alguns tipos de solos, como os 
Argissolos, às características pedogenéticas de acúmulo de argila no horizonte B (Bt), o que pode 
contribuir para evolução dos processos erosivos e formação de voçorocas. O uso e o manejo destes 
solos é de fundamental importância para evitar a formação de voçorocas. 
 
No entanto, a formação de voçorocas pode ocorrer também pela falta de planejamento e gerenciamento 
das águas das chuvas como, construção de estradas, cercas, infra-estruturas, com ordenamento da 
enxurrada em um único ponto sem estratégia de dissipação de energia, etc., (DAEE, 1989). 
 
Todavia, esse não é o único processo de formação de voçorocas. Outro processo erosivo existente é o 
escoamento sub-superficial que forma fluxos concentrados na forma de túneis ou dutos, chamado de 
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piping, que podem provocar o colapso da superfície situada acima destes (Guerra, 2003), podendo 
formar voçorocas em curto espaço de tempo. 
 
No Brasil as áreas localizadas no Noroeste do Paraná, Planalto Central, Oeste Paulista, Campanha 
Gaúcha, Triângulo Mineiro e Médio Vale do Paraíba do Sul, são as mais críticas quanto à incidência de 
processos erosivos, e correspondem também, as áreas que têm sido mais estudadas devido a grande 
relevância em termos de perda de solo e redução da produtividade (Botelho & Guerra, 2003). 
 
Em relação ao Médio Vale do Paraíba do Sul, estima-se que mais de 1 milhão de hectares estão nos 
níveis de vulnerabilidade à erosão alta a muito alta. Esses processos erosivos vêm causando o 
assoreamento de forma acelerada, do rio Paraíba do Sul e reservatórios do sistema Light-Cedae 
(CEIVAP, 2002). De todos os municípios da região, Pinheiral é um dos que mais se destaca com 
aproximadamente 88% de suas terras nessas categorias de severidade à degradação. Pinheiral situa-se 
entre os municípios de Volta Redonda e Barra do Piraí. Neste trecho da Bacia do Paraíba do Sul, foi 
registrada a segunda maior produção de sedimentos, com cerca de 5,89 t ha-1 ano-1 e parte deste total, 
680.800 t ano-1, está sendo transferido