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Posicionamento Estratégico Unidade I Prof. Edmir Kuazaqui APRESENTAÇÃODO PROFESSOR-AUTOR Doutor e mestre em Administração. Pós-graduado em Marketing e bacharel em Administração com habilitação em Comércio Exterior. Coordenador e professor de MBAs em Administração Geral, Marketing Internacional e Formação de Traders, Pedagogia Empresarial, Compras, Marketing, Startups: Marketing e Negócios, Comunicação e Jornalismo Digital e Comércio Exterior. Consultor Presidente da Academia de talentos, empresa especializada em marketing, consultoria e treinamentos. Coordenador do Grupo de Excelência em Relações Internacionais e Comércio Exterior do Conselho Regional de Administração (CRA-SP). Autor de livros. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4 1 POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EMPRESARIAL 5 1.1 Considerações sobre o posicionamento estratégico .................................................................... 5 1.1.2 Sobre o ponto de vista do consumidor ......................................................................................... 6 1.1.3 Sobre o ponto de vista dos concorrentes ..................................................................................... 6 1.2 Stakeholders e o ambiente de negócios da empresa ................................................................. 10 1.3 Modelo Canvas ........................................................................................................................... 12 1.3.1 Descrição da ferramenta Canvas ............................................................................................... 14 1.4 Mapa de relacionamentos ........................................................................................................... 15 2 APLICAÇÕES DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .............................................................. 17 2.1 Colocando as estratégias em movimento ................................................................................... 22 2.2 As estratégias por áreas e sua contribuição na construção do posicionamento estratégico ..... 24 2.2.1 Contribuição da área de marketing ............................................................................................. 24 2.2.2 Contribuição da área de produção .............................................................................................. 24 2.2.3 Contribuição da área de gestão de pessoas .............................................................................. 25 2.2.4 Contribuição da área de finanças ............................................................................................... 26 2.3 Indicadores de gestão ................................................................................................................. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 29 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 30 BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................................... 31 4 INTRODUÇÃO Empresas oferecem ao mercado uma proposta de valor que deve ser percebida por seus consumidores, refletindo em seu posicionamento estratégico. A disciplina procura conceituar e discutir o posicionamento estratégico considerando suas abordagens práticas conforme o parecer de diversos autores devidamente referenciados neste livro-texto. Serão apresentados na disciplina os principais insights dos fatores que norteiam o posicionamento estratégico da empresa, como: planejamento estratégico empresarial, gestão, identidade corporativa e imagem institucional – conceito, integração e estratégias de comunicação. Inserida nessa visão sistêmica, a gestão de stakeholders é fundamental para a agregação de valor ao consumidor final, bem como de políticas e de indicadores que integram o planejamento da empresa. Quadro 1 – Conteúdo específico das apostilas de posicionamento estratégico Livro-texto I Livro-texto II Planejamento estratégico. Conceitos iniciais de posicionamento estratégico. Modelo Canvas. Mapa de relacionamentos. Áreas da empresa e o posicionamento estratégico. Indicadores de gestão. As cinco forças de Michael Porter. A cadeia de valor de Michael Porter. Posicionamento e estratégias. Diagnóstico e fatores críticos de sucesso (FCS). Análise SWOT. As leis de marketing. 5 1 POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EMPRESARIAL O desenvolvimento social de um país está diretamente relacionado ao conjunto de resultados dos diferentes setores econômicos e respectivamente das empresas que os compõem. Empresas são constituídas por pessoas – aqui designadas como colaboradores internos e talentos organizacionais – que, por intermédio de seus conhecimentos, esforços, atitudes, capacidades, habilidades e competências, contribuem para que as instituições tenham o desenvolvimento desejado. Pessoas representam um dos principais recursos estratégicos das empresas, bem como os recursos econômicos, financeiros, tecnológicos e questões estruturais e situacionais, dependendo do segmento de atuação. O sucesso da empresa depende de como ela analisa e avalia o mercado, de seu público interno, da disponibilidade de seus recursos estratégicos, da forma como realiza a sua gestão e seu planejamento estratégico e de como oferece a sua proposta de valor. É imprescindível perceber a importância do ambiente de negócios onde as instituições inseridas e de suas relações com as estruturas organizacionais. Após a contextualização sobre a proposta de valor, será apresentado o Modelo Canvas. O sistema de valor apresenta de forma sistêmica a importância dos stakeholders e como contribuem para a agregação de valor ao consumidor final. Já o Modelo Canvas procura identificar os componentes que contribuem para a proposta de valor destinada ao segmento de clientes. 1.1 Considerações sobre o posicionamento estratégico O termo “posicionamento estratégico” possui uma série de interpretações e vale a pena, neste momento, citar algumas e refletir sobre a sua importância e influência nos negócios. Tudo dependerá de como a empresa visualiza o mercado. Nenhuma organização terá êxito se seus produtos forem semelhantes aos de seus concorrentes. Como parte do processo de gestão estratégica de marca, cada oferta deve representar os tipos certos de associação na mente dos consumidores no mercado-alvo. 6 1.1.2 Sobre o ponto de vista do consumidor Kotler e Keller (2013, p. 293) afirmam que: Nenhuma empresa pode vencer se os seus produtos se assemelham a qualquer outro no mercado. Como parte do processo de gestão estratégica da marca, cada oferta deve representar os tipos certos de associação na mente dos consumidores no mercado-alvo. O posicionamento estratégico permite entender como a empresa, produto e/ou marca estão dispostos no mercado e como são percebidos pelo mercado consumidor. A partir dos atributos valorizados por esse consumidor, a empresa deve estar devidamente organizada e com um planejamento estratégico bem elaborado, no sentido de fazer com que o consumidor consiga conhecer e pactuar2 com as propostas de benefícios, diferenciais e vantagens competitivas, de forma a tornar o que a empresa oferece como a opção preferencial do consumidor. No mercado profissional, comenta-se que posicionamento estratégico se refere à participação das empresas, produtos e marca na “cabeça do consumidor” ou, em outras palavras, em suas lembranças associativas de consumo. Como exemploprático, grande parte das pessoas responde “Coca-Cola”, ao ser indagadas sobre qual marca de refrigerante lhes vem à memória. Antigamente, por volta da década de 1960, os consumidores tinham poucas opções de produtos à disposição para consumo. Com o crescimento populacional mundial, o aprofundamento da globalização e o avanço da tecnologia, as empresas se depararam com o aumento da concorrência, sendo insuficiente a adoção de estratégias usuais como “empurrar” (push) o que é produzido pelo consumidor e “puxar” (pull) esse cliente para os canais de venda de bens e serviços. Pensando dessa forma, pode-se considerar que a mente do consumidor é constituída por um conjunto de fatores evidenciados ao longo de sua vida que influenciam seus hábitos de compra. A forma como esses itens foram inseridos, por exemplo, por meio das ferramentas de marketing na memória do consumidor, permite entender como o posicionamento é desenvolvido e como influencia em cada tipo de negócio. 1.1.3 Sobre o ponto de vista dos concorrentes As empresas não agem de forma isolada no mercado e convivem com outras que concorrem direta e indiretamente pela preferência de consumidores. Conforme Hooley e Saunders (1996, p. 51): O posicionamento competitivo da empresa é uma declaração dos mercados- alvo, isto é, onde a empresa irá competir e a vantagem diferencial, ou seja, como a empresa irá competir. O posicionamento é desenvolvido para que as metas estabelecidas pela estratégia central sejam atingidas. 7 Parte-se das premissas do mercado, de suas estratégias genéricas de setor e das principais empresas que concorrem entre si. Para uma análise mais assertiva, é necessário que a empresa cumpra etapas para o desenvolvimento do seu plano estratégico: Identificação do setor econômico no qual a empresa está inserida. A General Motors, por exemplo, faz parte do setor automotivo, concorrendo com empresas nacionais de multinacionais. Mapeamento do mercado de forma a entender as estratégias genéricas de setor e quais suas características e particularidades. Entende-se por “estratégias genéricas” aquelas praticadas por grande parte das empresas de um mesmo setor econômico. Como exemplo, os grandes laboratórios farmacêuticos que utilizam ferramentas de relações públicas para divulgar seus produtos e os pequenos laboratórios que praticam atividades promocionais junto às farmácias. Esse mesmo termo também é utilizado para caracterizar as estratégias genéricas de Michael Porter, a serem discutidas no livro-texto II. Identificação do perfil estratégico dos principais concorrentes diretos e o que os move para o sucesso, bem como se o seu perfil pode ser considerado agressivo, comportado, reativo, entre outros. Análise de grupo estratégico (GE) com os principais concorrentes diretos, o que será melhor analisado na unidade II desta disciplina. A partir do exposto, vale desenvolver questões que nortearão o conteúdo dos livros-texto: O que é uma concorrência direta? É quando uma empresa está no mesmo setor econômico que outra e ambas atendem às mesmas necessidades no mercado, comercializam produtos similares e disputam o espaço no mesmo canal de distribuição. Em um supermercado, por exemplo, temos diferentes marcas de farinha de trigo. Enfim, há uma série de critérios que determinam o que seja uma concorrência direta. O que é uma concorrência indireta? Geralmente, aquele que não está no mesmo setor econômico e não compete diretamente com as outras empresas. No mesmo supermercado, temos queijo e vinho, por exemplo. 8 O que é uma concorrência ampliada? É quando existe concorrência por aquisição da matéria-prima, por exemplo, por parte da empresa. O milho é disputado pelas indústrias produtoras de óleo e/ou de produtos alimentícios e serve como matéria-prima principal para a produção de combustível (etanol). Por quais razões é importante a análise de concorrentes? O mercado tem limite de potencial de negócios e sua demanda é compartilhada por empresas que procuram constantemente diferenciais e vantagens competitivas. As empresas então adotam posturas e comportamentos estratégicos para se diferenciar aos olhos dos consumidores. Nesse sentido, elas agem e reagem de acordo com as estratégias das empresas no mercado. Outro aspecto importante é a relação de substituição de compra por parte do consumidor. Com a recessão econômica brasileira, algumas redes varejistas comentaram que houve uma sensível queda no consumo de arroz e aumento na compra de massas, como o macarrão, devido à diferença de preços e ao rendimento final dos produtos. Finalmente, mais uma reflexão: posicionamento estratégico é a consequência positiva de um trabalho bem realizado em uma empresa politicamente correta, que apresenta um portfólio de produtos e serviços de qualidade e estratégias pesquisadas e dinâmicas. Após essas reflexões iniciais, vale definir alguns termos para padronizar e a facilitar o aprendizado: Atributos valorizados: são características e itens que os consumidores identificam a partir do que é oferecido pela empresa, resultando em um grau de preferência, que pode ser avaliada pela escala do tipo Likert, ou seja, pela sua intensidade de importância. Ao identificar esses atributos valorizados e bem diversificados como percepção de qualidade, preço, disposição no ponto de venda, imagem institucional e ações ambientais, a empresa deve hierarquizar e propor ações que visem a destacar estrategicamente os pontos mais valorizados. 9 Quadro 2 – Modelo de avaliação de atributos valorizados pelo consumidor Atributos Qualidade Preço Durabilidade Assistência técnica A 5 4 5 4 B 4 5 3 5 C 5 4 5 4 D 3 4 5 5 Fonte: elaborado pelo autor (2019). O aplicativo de mobilidade urbana UBER, por exemplo, tem como atributos valorizados a praticidade, o preço baixo e a rapidez. O quesito “praticidade” envolve a possibilidade do usuário acessar o serviço pelo celular, ter sua corrida iniciada onde estiver, conforme o horário de sua conveniência e ciente do valor da corrida antes de efetivar o pedido. Esses pontos atribuem maior destaque em relação aos concorrentes, como taxistas, que oferecem seus serviços a preços maiores e não possibilitam o conhecimento do valor da corrida. Além disso, em determinados horários, os usuários precisam agendar suas viagens ou ter à disposição o contato de taxistas. Nessa situação, muitos taxistas tiveram que aderir também ao aplicativo, como fornecedores de serviços, pois não conseguiram se equiparar no que se refere à qualidade do serviço prestado e aos pontos positivos do aplicativo. Dado é um número – uma referência – apresentado de forma original, sem uma análise mais consistente. Por exemplo: dados referentes ao número de funcionários, à quantidade de clientes, a produtos e a serviços comercializados, a salários pagos e à projeção de vendas. Dados são elementos brutos que servem como base para interpretação e análise. Geralmente, aqueles que pertencem à mesma natureza devem ser agrupados de forma a tornar esse processo mais eficiente. Um exemplo do uso de dados é a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro dos últimos anos. Já a informação parte da interpretação e análise de um conjunto de dados que significam algo para a empresa. O processo de coleta de dados e a metodologia de análise devem ser considerados para haver consistência e contribuição com o processo decisório. Um exemplo de informação é a análise das razões das variações do PIB nos últimos anos. De forma mais direta, o dado serve como uma referência singular e inicial e a informação é uma das bases para o processo decisório. Em se tratando de planejamento estratégico, o sucesso reside na capacidade de a empresa extrair dados, interpretá-los, analisá-los e transformá-los em ações que propiciem o atingimento das metas e dos objetivos traçados no planejamentoestratégico empresarial. 10 Figura 1 – Macro e microfluxos Fonte: elaborado pelo autor (2019). Sistema: É um conjunto de partes interdependentes que requerem a constituição de fluxos nos quais essas partes se completam de forma única, desempenhando uma função específica. Os macrofluxos representam as grandes etapas que o negócio deve ter para obter determinado resultado e os microfluxos representam as partes mais detalhadas de cada operação. Nesse caso, fornecer dados e informações que alicercem o processo decisório da empresa é de fundamental importância para alimentar e fortalecer todo seu o sistema. 1.2 Stakeholders e o ambiente de negócios da empresa Conforme Freeman e Reed (1983), stakeholders são todos aqueles que contribuem para a agregação de valor ao consumidor final. Podem estar aqui representados pelos fornecedores de matéria-prima e serviços, distribuidores, parceiros, entidades, governo, público interno e consumidores. A empresa, ao iniciar suas atividades econômicas, deve identificar quem serão os stakeholders que farão parte de seu negócio, de forma a obter uma gestão orgânica, eficaz e estratégica e garantir seu desenvolvimento no mercado. A empresa não deve ser analisada de forma isolada. Ela faz parte de um ambiente de negócios formado por diferentes stakeholders, incluindo seus concorrentes. Aqui temos a composição desse ambiente e as funções de cada um deles. Existem diferentes categorias de empresas com as quais nos relacionamos no nosso dia a dia, como prestadoras de serviços, bancos, restaurantes, supermercados, lojas de conveniência, escolas, fábricas, postos de gasolina, entidades governamentais, igrejas, entre outras. Cada uma delas está inserida num ambiente de negócios particular, mas todas estão conectadas de alguma forma ao negócio da empresa. Ao plantar milho, as unidades produtoras podem ter como objetivo comum a venda de grãos e seus derivados para o consumo humano e de seus subprodutos para o consumo animal. 11 Entretanto, o milho é base também para a produção de combustível, o que faz com que a destinação da matéria-prima derive de mecanismos de demanda e oferta, de ampla negociação entre as partes intervenientes. Percebe-se, nesse sentido, que existem stakeholders que, embora pertençam a determinado grupo econômico, possuem diferentes destinações. Figura 2 – Ambiente de negócios (empresarial) Fonte: elaborado pelo autor (2019). McDaniel; Gitman (2011) afirmam que todo negócio obtém lucro a partir da oferta de bens e serviços desejados pelos clientes e que, em tese, representam o padrão de vida de uma sociedade. A sociedade atribui valores diferenciados para cada item que consome, conforme suas necessidades e desejos, bem como a proposta de valor que cada empresa tem a capacidade de produzir e comunicar a esse mesmo mercado. Em síntese, considerando tais premissas, esse ambiente de negócios contribui para que o sistema de valor da empresa seja processado de modo que seus objetivos e metas sejam atingidos e garantam a continuidade das operações. 12 Figura 3 – Sistema simplificado de valores Fonte: elaborado pelo autor (2019). Cada stakeholder tem uma posição diferenciada no ambiente, cuja contribuição reside essencialmente na capacidade de transformação de recursos e insumos de forma sequencial. Esse sistema é dinâmico e cada componente desempenha papéis e funções com interesses próprios e integrados, utilizando estratégias e ações que considerem pertinentes. Temos então, na concepção do sistema de valores, como e por quem a proposta de valor é conduzida, da empresa ao consumidor. Fornecedores de matéria-prima proveem insumos em seu estado natural devidamente organizados e transformados em bens de maior valor ofertados ao mercado (ambiente externo). Percebe-se a complexidade desse ambiente de negócios e do sistema de valores, onde cada segmento econômico tem características e particularidades distintas, influenciando no perfil dos profissionais. Esse perfil está relacionado ao conteúdo acadêmico, à experiência e à maturidade profissional correspondente à área de formação, refletindo nos níveis de remuneração e salários. 1.3 Modelo Canvas Para obter os diferenciais competitivos, todo negócio deve ter uma proposta de valor, ou seja, a empresa deve oferecer um produto e/ou serviço que resolva os problemas ou satisfaça necessidades específicas de diferentes segmentos de clientes. Oferecer o que o consumidor deseja é o primeiro passo para ser a sua preferência. Um doce de banana, por exemplo, pode satisfazer necessidades nutricionais de pessoas normais ou mesmo de esportistas, em países diferentes, com percentuais mínimos de potássio. De maneira mais simples, esse doce pode ser somente um alimento ou sobremesa. 13 Para padronizar a interpretação e a análise da proposta de valor, tem-se o Modelo Canvas, uma ferramenta de negócios que deve ser utilizada em planos de negócios novos e em empresas já existentes, pois possibilita descrição, interpretação, análise, desenho e possíveis ações relacionadas ao modelo de negócios de forma simples e objetiva. Atualmente, a ferramenta é utilizada para diversos fins, como: explorar o marketing, a gestão de pessoas, o planejamento estratégico e os processos, por exemplo, por sua riqueza, propiciando de forma ordenada dados e informações, discussão de pontos relevantes da empresa, envolvendo desde a construção inicial do mapa até sua atualização periódica. A ferramenta é dividida em dez partes. Seus responsáveis devem discuti-la e preenchê-la em conjunto a fim de ter uma visão mais profunda e sistêmica da empresa, de seus stakeholders, da proposta de valor e, principalmente, dos segmentos de clientes a serem atendidos. Outro ponto fundamental é que a discussão seja realizada pelos gestores em suas respectivas áreas, ainda que possa haver abertura para que outras pessoas possam participar e tenham seu posicionamento considerado conforme a pertinência da situação. A ferramenta é discutida e preenchida, gerando um documento preliminar (esboço), e, então, deverá ser ampliada periodicamente na elaboração do plano de negócios novos, até representar com exatidão e servir de base para as decisões dos executivos. Posteriormente, deve servir como base para as atualizações necessárias e constantes ou como ferramenta de reflexão para negócios existentes. Em ambos os casos, é uma poderosa ferramenta para o planejamento e o desenvolvimento de estratégias. Finalmente, a ferramenta indica com clareza a proposta de valor da empresa, seu segmento de clientes, bem como indícios importantes sobre o seu posicionamento estratégico. 14 Figura 4 – Modelo Canvas Fonte: Osterwarder, 2009. 1.3.1 Descrição da ferramenta Canvas A ferramenta, didaticamente explicando, é um agrupamento de itens que estão categorizados em dois quadrantes: esquerdo e direito. O que representa o lado esquerdo? O lado esquerdo descreve os custos e despesas, os parceiros, as atividades-chave, a estrutura e os recursos-chave, envolvendo os aspectos de recursos e fatores operacionais que façam a diferença no negócio e que sofrerão a gestão por parte da empresa. Na construção dessa parte, a empresa deve ter à disposição a descrição de áreas, bem como de conteúdo relevante e importante para o desenvolvimento das operações da empresa para negócios já existentes. Em negócios novos, seu desenvolvimento parte de premissas do modelo de negócios e discussão entre os envolvidos. Esse lado deve, ainda, representar o que a empresa realiza no momento e explicar como ela constrói e sustenta a sua proposta de valor, que é um dos pontos fundamentais da ferramenta. Uma montadora de automóveis deve ter um parque industrial com tecnologia apropriada, fornecedores de matéria-prima e serviços de qualidade, colaboradores e talentos humanos internos que ajudema discutir, construir, sustentar e desenvolver a proposta de valor. 15 O que representa o lado direito? O lado direito, representado pelos clientes, demonstra como a proposta de valor será oferecida aos seus consumidores, principalmente pelos canais disponíveis de distribuição e comunicação, e como serão realizados o relacionamento e a consequente receita por meio das vendas, em se tratando de negócios novos. Em negócios já existentes, demonstrará o presente da empresa. A mesma montadora deve ter bem definidos os segmentos de clientes, suas características e particularidades e como o marketing e suas respectivas ferramentas irão se consolidar em seus relacionamentos, visando a responder como os colaboradores internos irão aprofundar os vínculos de relacionamentos com os clientes a partir da proposta de valor. Ela deve representar como a empresa sustenta a sua proposta de valor com as suas estratégias. A partir do entendimento do que a empresa faz e como desenvolve suas estratégias, devem surgir novas propostas, negócios e formas de pensar que conduzam a uma realidade sustentada de crescimento e evolução, garantindo a continuidade das operações, contribuindo para a sustentabilidade da comunidade. É nesse sentido que reside a verdadeira responsabilidade social da empresa: sua perenidade. Como uma forma de exercitar a teoria, procure selecionar cinco produtos, de categorias diferentes; identifique a proposta de valor de cada um deles e como a empresa está se comunicando com o mercado, de forma a reforçá-la. Identifique também quais recursos são necessários e quais stakeholders são relevantes para a concretização da proposta de valor. 1.4 Mapa de relacionamentos Define-se o mapa de relacionamentos, de forma mais simples, como uma planta baixa de arquitetura, a partir da qual torna-se possível identificar as áreas ou departamentos de uma empresa, indicando as localizações, os fluxos de trabalho e as atividades internas (processos), devidamente contextualizadas com o ambiente externo. Em síntese, o mapa de relacionamentos descreve como a empresa é estruturada e como se procedem os fluxos internos de atividades. Ele parte da premissa de que a firma é organizada, departamentalizada e gerenciada por fluxos que interconectam os macro e micro processos, gerando um sistema que pode ser gerenciado e controlado. 16 Figura 5 – Mapa de relacionamentos Fonte: RUMMER; BRACHE, 1994. Por meio da análise do mapa, é possível visualizar os fluxos de trabalho, dimensionar o volume de colaboradores internos, como se relacionam, seu perfil, estrutura de comando, assim como, possíveis desvios (gaps) de atividades que podem ser analisados e, se necessário, reavaliados. Outro ponto fundamental é estabelecer a relação cliente-fornecedor, ou seja, quem presta serviços para quem, como e o porquê. A área de recursos humanos, por exemplo, oferece serviços a toda a empresa (fornecedora interna) e as outras áreas são consideradas clientes. A área de finanças pode ser fornecedora de dados e recursos para as outras áreas e se torna cliente na medida em que necessita receber informações das áreas de controle e avaliação. Compreendeu a importância do conteúdo? Então, existem diferenças entre ambiente de negócios, modelo Canvas e modelo de negócios. 17 2 APLICAÇÕES DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO A empresa deve se estruturar de forma a planejar suas ações de forma mais efetiva. Entende-se por planejamento, a partir da missão da empresa, a identificação, a análise, a estruturação, a organização e a coordenação de ações que conduzam, com o mínimo de esforços e a maximização de resultados, o futuro traçado na visão da empresa. Figura 6 – Planejamento estratégico Fonte: elaborado pelo autor (2019). Essa estruturação está relacionada ao ambiente de negócios, mapa de relacionamentos e o modelo Canvas. O processo de elaboração do planejamento é importante e os colaboradores internos devem compreender e participar do processo de forma cooperativa e contributiva. Para o seu desenvolvimento, é relevante entender a missão, os princípios, os valores, as metas e os objetivos. A missão é a razão de ser da empresa. É informação obrigatória do estatuto social, com o enquadramento legal e tributário do negócio, a partir da Receita Federal do Brasil (RFB). Define o horizonte competitivo no qual a empresa deverá concentrar os seus esforços no sentido de atingir o futuro desejado. O público interno deve conhecer de forma clara a missão da empresa onde trabalha, a fim de adequar seus comportamentos e atitudes. Em simples palavras, define as razões pelas quais a empresa existe e quais necessidades e desejos deve atender no mercado. A visão de empresa representa os limites pelos quais os responsáveis pela empresa conseguem visualizar o seu negócio, dentro de um período mais longo, ampliando os horizontes competitivos. Portanto, enquanto a missão pode representar o presente e o futuro, a visão pode indicar quais caminhos a empresa poderá trilhar para ser diferente e melhor. 18 Figura 7 – Missão e Visão da Microsoft Fonte: Microsoft, 20021. A partir da missão e da visão, são estipulados os princípios e os valores que nortearão os comportamentos e as atitudes da empresa e das pessoas. Pode-se definir como os hábitos ligados ao estilo e forma de gestão da empresa estão relacionados a comportamentos éticos, morais, de responsabilidade social, transparência, entre outros, integrados à cultura organizacional. Figura 8 – Princípios e valores da Coca-Cola Fonte: COCA-COLA BRASIL, s.d.2 Pela sinergia e por se tratar de valores intangíveis, deve ser de responsabilidade de recursos humanos o suporte para a discussão e a formalização dos valores, princípios e cultura organizacional, relacionada aos comportamentos e valores institucionais que compõem a identidade institucional que serve como norteador do público interno e percebida pelo público-alvo, diferenciando-se dos concorrentes. Em síntese, direciona a empresa na maneira como pretende atingir o futuro desejado. É primordial que todas as áreas da empresa incorporem e compartilhem a missão, a visão, os princípios e os valores, comprometendo-se com a responsabilidade de contribuir para a integração entre os setores. 1 Disponível em: https://www.microsoft.com/investor/reports/ar02/shareholder_letter/mission_por.htm. Acesso em: 6 jul.2018. 2 Disponível em: https://www.cocacolabrasil.com.br/sobre-a-coca-cola-brasil/principios-e-valores. Acesso em: 6 jul. 2018. Missão: Permitir às pessoas e às empresas, em todo o mundo, a concretização do seu potencial Visão: Disponibilizar às pessoas software de excelente qualidade – a qualquer momento, em qualquer local e em qualquer dispositivo. Inovação, liderança, responsabilidade, integridade, paixão, colaboração, diversidade, qualidade. 19 20 Figura 9– Visão geral do planejamento e da estratégia empresarial MISSÃO VISÃO Metas Metas Metas Objetivos Ações estratégicas Fonte: elaborado pelo autor (2019). Controle e Avaliação Para nortear as ações necessárias, a empresa deve definir em seu planejamento estratégico: Objetivos: onde se pretende estar no longo prazo e que fatores norteiam a criação das metas e esforços necessários. Devem ser qualitativos e constituem desafios a serem superados. Exemplo: ser a melhor empresa na área de tecnologia de informação, fornecendo soluções para os seus clientes externos e satisfação para seus clientes internos. O “ser a melhor empresa de tecnologia de informação” é subjetivo e difícil de ser mensurado e, portanto, estabelece um caminho a ser seguido, mas não um ponto específico a ser atingido. Metas: etapas a serem cumpridas a partir de objetivos, envolvendo o curto prazo, para seuatingimento. A cada superação, a empresa ficará mais próxima de seu desafio. Metas são quantificáveis. Exemplo: crescer 3% em vendas, anualmente, nos próximos cinco anos. Com essa meta, temos um parâmetro do que deve ser atingido e, possivelmente, saberemos que recursos e quantos esforços serão destinados para o atingimento das metas. 21 Quadro 2 – Exemplo de objetivos e metas PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Formular objetivos no sentido de poder traçar as metas da empresa. Neste caso, o objetivo é sustentar a perenidade com o crescimento sustentado de negócios. Meta: abrir uma nova unidade de negócios, em São Paulo, nos próximos cinco anos. Componentes da meta: Identificar os recursos econômicos, financeiros e produtivos necessários para o crescimento sustentado. Mensurar os volumes de recursos por ano. Identificar os colaboradores internos que possam dar os suportes necessários – operacional, técnico, mercadológico e comercial –, para a estruturação, a implantação e a operação da Unidade Estratégica de Negócios (UEN). Analisar o perfil, o plano de carreira e o processo sucessório desses colaboradores internos. Definir programa de benefícios e premiações que visem a motivar e engajar esses colaboradores. Desenhar a nova estrutura organizacional. Fonte: elaborado pelo autor (2019). Objetivos e metas devem ser mensurados para serem mais bem avaliados. O controle e a avaliação são necessários para comparar o que foi prometido e o que foi devidamente efetivado e, por meio deles é possível adotar as ações corretivas no sentido de regularizar ou mesmo repensar o que foi realizado. O que é estratégia? Considera-se estratégia o conjunto de linhas que especificam a posição que a empresa pretende ocupar no mercado. Esse posicionamento estratégico indicará quais passos a empresa deverá percorrer e que ações estratégicas serão necessárias. Cada ação a levará a outro patamar competitivo, com resultados e necessidade de ações subsequentes. De acordo com os níveis hierárquicos, amplitude e processo decisório, pode-se distinguir três níveis de planejamento: estratégico, tático e operacional. 22 O que é planejamento estratégico? O planejamento estratégico relaciona-se com objetivos de longo prazo e com maneiras e ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo. Em outras palavras, trata-se de metodologia gerencial que possibilita a melhor interação com o ambiente onde a empresa está inserida e se relaciona diretamente aos resultados do negócio que, geralmente, ocasionem transformação. O que é planejamento tático? O planejamento tático relaciona-se com os objetivos de curto e médio prazo e com maneiras e ações que, geralmente, afetam somente partes (áreas) da empresa, diretamente relacionada aos níveis departamentais e aos níveis gerenciais, como planejamentos com responsabilidade dos gestores das áreas de produção, marketing e finanças. O que é planejamento operacional? O planejamento operacional refere-se aos níveis hierárquicos inferiores da organização, ou seja, às áreas funcionais da empresa, o que tradicionalmente se denominou como “chão de fábrica”. 2.1 Colocando as estratégias em movimento Uma forma segura que pode garantir que estratégias sejam implementadas com sucesso é a gestão de projetos, identificada no desenvolvimento do planejamento estratégico e derivada da percepção em introduzir mudanças no ambiente de negócios. Os projetos, por sua vez, derivam de oportunidades de mercado percebidas e devidamente analisadas. 23 Figura 10 – Etapas do planejamento estratégico Fonte: elaborado pelo autor (2019). Conforme Clements e Gido (2014, p. 3), “projeto é um esforço para se alcançar um objetivo específico por meio de um conjunto único de tarefas inter-relacionadas e da utilização eficaz de recursos”, que envolve práticas em gestão na produtividade e sinergia dos recursos. Cada projeto tem início, desenvolvimento e término; requer um perfil qualificado para cada fase, outros recursos e insumos essenciais. Portanto, as empresas estão inseridas e fazem parte de um sistema dinâmico altamente competitivo. Devem estar preparadas para isso e procurar diferenciação em relação aos concorrentes e ser a opção preferencial do consumidor externo. Para uma gestão assertiva, é necessário conhecer quem faz parte do ambiente de negócios e como cada stakeholder contribui significativamente para ele. Esse conhecimento deve vir do ambiente externo e interno à empresa e devidamente sustentado pelos sistemas de informação em recursos humanos. Uma das ferramentas para entender melhor o negócio é o Canvas, explicado anteriormente, que possibilita identificar e analisar os aspectos mais importantes do negócio que conduzam os esforços da empresa com sucesso a partir da proposta de valor. Adicionalmente, o conhecimento do ambiente interno, fluxos e processos auxiliam a empresa a dimensionar suas operações. Assim, torna-se possível iniciar e fortalecer o planejamento estratégico. Por meio de metas e objetivos bem delineados, a partir da missão e principalmente da visão, é possível que a empresa consiga obter êxito em seus empreendimentos. 24 2.2 As estratégias por áreas e sua contribuição na construção do posicionamento estratégico O sucesso de um negócio é responsabilidade de toda a organização, porém existem áreas em que a contribuição é mais evidente, como as áreas de marketing, produção, gestão de pessoas e financeiro. 2.2.1 Contribuição da área de marketing Toda empresa tem o objetivo de auferir lucros, originado de seu atendimento à demanda do mercado. Dessa forma, a área de marketing objetiva identificar oportunidades inexploradas, a partir de necessidades latentes e ainda não exploradas pelas outras empresas. Em conjunto com as outras áreas da empresa, irá criar e desenvolver algo que será o objeto de desejo do consumidor – um marketing mix equilibrado. É de responsabilidade da área de marketing a comunicação e outras estratégias, viabilizando comercialmente o produto e o serviço. Um grande desafio é tentar compreender o consumidor, que nem sempre sabe o que quer. É de responsabilidade da empresa criar algo que solucione os problemas de consumidores e se torne a opção preferencial do mercado. É essa a conexão da área de marketing com o posicionamento estratégico: ser o meio pelo qual a empresa fará a conexão com o mercado e mantê-lo fiel de acordo com os objetivos e os propósitos estratégicos. 2.2.2 Contribuição da área de produção A área de produção diz respeito sobre como a empresa consegue obter e mesclar os insumos, de acordo com os recursos disponíveis, transformando o que antes era matéria-prima em algo de valor para o consumidor. De forma mais contemporânea, realiza a gestão de operações e processos, de forma que a produção de bens e serviços se torne otimizada e com o nível de qualidade desejado. Reflete a parte operacional de uma empresa e, como consequência direta, a gestão de custos e despesas. Conforme Slack, Chambers e Johnston (2002), a administração da produção envolve todas as decisões e responsabilidades da empresa no que se refere ao produto, físico. Segundo Tubino (1997), a competitividade depende das práticas gerenciais e de como a empresa desenvolve seus sistemas produtivos, baseadas em processos e intensidade tecnológica, devidamente integrados. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (2019), as três revoluções industriais estavam baseadas na produção em massa, o que influenciou a quarta Revolução Industrial, com uma competição tecnológica mais acirrada, gerando um pensamento mais exponencial, além de grandes e rápidas mudanças, principalmente transformações na forma de produzir, bem como na oferta para o mercado consumidor. 25 Dentro desse cenário, consumidores e empresas irão conviver cada vezmais com a fusão dos mundos físico, digital e biológico, por meio de diferentes formas de produzir, como a Manufatura Aditiva, e da obtenção de dados e informações, como a Internet of Things (IoT). A área de produção contribui para o posicionamento estratégico na medida em que adota uma postura de inovação e desenvolvimento tecnológico, em que seus sistemas produtivos devem ser cada vez mais eficientes e sustentáveis, de forma a garantir o diferencial e a vantagem competitiva. Em outras palavras, a empresa torna- se devidamente estruturada e organizada para promover a produtividade, sinergia de processos e economia de escala. 2.2.3 Contribuição da área de gestão de pessoas Ao iniciar as suas atividades, uma das maiores preocupações da empresa é saber quem fará parte da estrutura orgânica. Essa preocupação muitas vezes é direcionada por conhecimento prévios, mas não plenos, dos envolvidos, baseados em premissas. Essa situação conduz a contratações nem sempre adequadas e que geram menor qualidade na empresa, bem como despesas desnecessárias de demissão e recontratação. Dessa forma, cada empresa tem uma estrutura orgânica diferente, pois as atividades, e mesmo os desafios, são diferentes conforme o porte da empresa, tipo de mercado, nível de especialização e de clientes. É normal afirmar que empresas que atendem a necessidades menos complexas dos consumidores tendem a ter colaboradores internos menos qualificados e aquelas que atendem a necessidades mais complexas dos consumidores exigem habilidades e competências mais específicas, pois devem responder a determinados tipos de desafios. Para a estrutura orgânica, a empresa deve identificar quais responsabilidades o público interno deverá assumir para sustentar a proposta de valor e o posicionamento estratégico e, assim, ter a visibilidade necessária dos diferenciais e vantagens competitivas e consequente sucesso. Para a composição de seu quadro de colaboradores internos, além dessas responsabilidades, a empresa deverá identificar que conhecimentos, habilidades e competências deve ter seu público interno, a fim de contribuir positivamente para o posicionamento estratégico, seguindo as fases: Recrutamento e seleção dos potenciais candidatos para as vagas disponíveis e como serão selecionados, de forma a encontrar o perfil mais próximo do desejado. Integração e manutenção dos selecionados, de forma a serem integrados e engajados dentro de um plano de carreira que os motive, de acordo com as políticas e as práticas da empresa. Atualização praticando formas de treinamento e capacitação, para que os envolvidos estejam sempre bem informados e com conteúdo que vise a superar os desafios que estiverem no caminho da empresa. Antigamente a área se destinava ao recrutamento de mão de obra e, por isso, foi uma das mais terceirizadas, principalmente na década de 1980, quando passou a 26 exercer funções mais estratégicas na gestão de pessoas. Deixou de ser um elemento que ajudava a empresa a se desenvolver e construir o produto, para ser ferramenta estratégica de resolução de problemas. Nesse contexto encontra-se a importância da gestão de pessoas no posicionamento estratégico, para o desenvolvimento da proposta de valor ao cliente. 2.2.4 Contribuição da área de finanças A importância do planejamento estratégico financeiro está diretamente relacionada aos resultados mensuráveis – a partir do que as outras áreas promoveram sob as suas responsabilidades – e inseridos dentro de um determinado ambiente de negócios. Para obter resultados positivos, a área deve acompanhar e monitorar os movimentos dos agentes econômicos, antecipando e agindo de modo que os recursos da organização sejam mais bem utilizados frente aos objetivos e às metas do planejamento estratégico. Anteriormente, o objetivo da área era direcionado somente ao lucro, sendo este o principal indicador de desempenho. Para a medição do lucro, é necessário comparar as vendas recebidas e as despesas auferidas dentro de um período. Weston; Brigham (2000, p. 7) afirmam que “essa situação não existe mais, já que as decisões são atualmente tomadas de uma forma bem mais coordenada e o gerente financeiro em geral tem responsabilidade direta pelo processo de controle”. Portanto, atualmente, o objetivo da área é a maximização da riqueza da empresa, que garante uma saudabilidade de recursos e promove sua perenidade. Dentro dessa perspectiva, seguem alguns comportamentos que a área deve ter e decisões a serem tomadas: Identificar as fontes de financiamento que irão subsidiar as atividades da empresa. Podem se constituir como de capital próprio, de terceiros (da rede bancária) e de parceiros (como os investidores-anjo, por exemplo). O profissional deverá analisar qual a proporção ideal entre as diferentes fontes de investimento e quais as modalidades de financiamento que gerarão melhor valia aos recursos obtidos. Recomendar o montante e os melhores investimentos – tanto nas modalidades como nos prazos – a serem praticados pela empresa, os quais, em conjunto com as decisões de investimentos, influenciarão na qualidade de vida da empresa e no seu futuro. Administrar o fluxo de caixa, de forma a garantir que as saídas de capital estejam devidamente ajustadas com as entradas, gerenciando as fontes de financiamento, bem como os investimentos possíveis. Isso envolve decisões como o que fazer com os inadimplentes e adimplentes (nesse caso, podem ocorrer prêmios e bonificações), entre outros aspectos. A empresa deve considerar as suas finanças como se fosse um termômetro para medir a temperatura de uma pessoa. Geus (1999, p. 175) afirma que você pode: 27 Tocar a empresa para que seja profissionalmente boa naquilo que faz e uma boa cidadã, que se mantém em harmonia com as mudanças do mundo, criando um legado que pode durar por muito mais décadas e ainda, de quebra, remunerar melhor os acionistas. E aqui ficam as principais contribuições das áreas de uma organização para o fortalecimento do posicionamento estratégico em consonância com seu planejamento. 2.3 Indicadores de gestão Kaplan e Norton (1997, p. 21) já afirmavam que “O que não é medido não é gerenciado.” Todas as etapas do planejamento estratégico devem estar acompanhadas das respectivas métricas. Se não, seria impossível o controle e a avaliação. Essa afirmação torna-se ainda mais contundente quando evidenciamos a importância de manter e potencializar o posicionamento estratégico. A medição e a avaliação do desempenho organizacional, conforme Teramoto (2017, p. 164) é fundamental, pois permite “a validação e o fomento da melhoria e da inovação dos processos organizacionais objetivando o alcance da excelência, a maximização do capital dos investidores e a satisfação dos requisitos dos demais stakeholders. ” O Balanced Scorecard (BSC) serve para que os gestores da empresa identifiquem quais atividades-chave estão gerando valor para os consumidores, colaboradores internos, acionistas, fornecedores e sociedade. Como o BSC está integrado aos fluxos que geram valor para todos, permite a identificação das estratégias e como serão gerenciadas. Um grande desafio é como as empresas irão conseguir a integração entre os ativos tangíveis e os ativos intangíveis, sob a perspectiva de toda a empresa, e não simplesmente do ponto de vista mercadológico ou financeiro. As pesquisas frequentes, em especial, as pesquisas qualitativas de profundidade, como a focus group, constituem em ações importantes e necessárias para que seja analisada e avaliada a imagem da empresa e para tentar compreender o pensamento do consumidor. Uma das formas iniciais é a mensuração de desempenho, a partir da qual são comparados os resultados obtidos com aqueles previstos pela empresa. Existem os indicadores-chave de desempenho, ou key performance indicators (KPls), constituídos por métricas a ser utilizadas individualmente, maspreferencialmente em grupo, pois possibilitam a identificação de possíveis falhas ou mesmo oportunidades para se poder melhorar os resultados de campanhas de marketing, por exemplo. São eles: Return on investiments (ROI), que demonstra o quanto o montante investido em uma campanha de marketing trouxe de retorno para a empresa; Custo por lead, ou quanto a empresa desembolsou para atrair interesse pelo produto e/ou marca; 28 Ticket médio, que é o valor médio que um consumidor costuma desembolsar por um produto; Taxa de conversão, que é o percentual de sucesso (vendas) em contrapartida aos esforços da empresa. Cada empresa, de acordo com o crescimento do seu negócio e com as experiências devidamente registradas e analisadas, deverá definir quais conjuntos de indicadores são mais adequados a sua realidade e em concordância com os seus objetivos e propósitos organizacionais. Estudo de caso Um restaurante foi inaugurado há cerca de um ano na Zona Sul da cidade de São Paulo. Ele visa a atender consumidores que possam pagar por uma boa refeição com um ticket médio de R$ 50,00. Além da refeição principal, geralmente os clientes consomem as bebidas e as sobremesas, que são bastante elogiadas. Elas geram um adicional médio de R$ 25,00. O restaurante tem capacidade para atender 200 clientes, mas tem uma taxa média de ocupação de 50% nos dois maiores horários (almoço, das 11h00 às 15h00, e jantar, das 18h00 às 24h00). A comida também é considerada boa pelos seus clientes. O proprietário tem tentado aumentar a taxa de ocupação, por meio de promoções e até semanas temáticas. Nestas, concentrou tipos de comida, como a japonesa e a russa, por exemplo. O proprietário tem grande vontade de expandir o seu negócio pela abertura de um novo ponto de venda e está bastante motivado e sem a análise mais racional do negócio sob o ponto de vista financeiro, mas sim emocional e de forma empreendedora. Ele próprio, no negócio atual, montou o cardápio, incorporando e retirando os pratos de acordo com a procura, para chegar ao cardápio atual. Na mão de obra, ele mesmo selecionou e treinou os funcionários, de forma a ter a certeza de que estariam preparados para o atendimento, de acordo com o seu padrão de qualidade. Seu filho de 23 anos não tem experiência na área e em negócios, mas conversou com um amigo com grande experiência em consultorias e pediu que ele conversasse com o seu pai para dar algumas “dicas” sobre o atual negócio e o futuro negócio pretendido. O pai aceitou e agendou uma conversa no próprio restaurante. 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Empresas são criadas para atender necessidades e desejos do mercado e, em muitos casos, isso deriva das necessidades de seus fundadores no sentido de suprir as suas carências pessoais e profissionais. Considerando o mercado, a organização tem representatividade caso ofereça algo de valor ao mercado e que seja desejado pelos consumidores. A proposta de valor é um dos pontos mais importantes a ser considerado durante o desenvolvimento do planejamento estratégico, exigindo estrutura e organização da empresa. Muitas são as formas de se analisar uma empresa e uma delas é o mapa de relacionamentos, a partir do qual é possível entender como ocorre essa estruturação, facilitando o entendimento dos processos e sua consequente gestão. Com o modelo Canvas, os responsáveis pela gestão identificam como a empresa está desenvolvida para atender ao mercado por meio de sua proposta de valor. A análise constatou que o posicionamento estratégico não é somente responsabilidade de parte da empresa, mas a soma de esforços de todas as áreas organizacionais, como marketing, produção, gestão de pessoas, não como unidades únicas, mas como representantes institucionais. Essas análises sustentam o planejamento e a criação de estratégias. Uma das mais importantes é o posicionamento estratégico, que trata, essencialmente, de como a empresa está posicionada em relação ao mercado e aos concorrentes e de como é percebida pelos consumidores. Na Unidade II será desenvolvido o conteúdo fundamental para a criação e o desenvolvimento de uma posição única na mente do consumidor. O posicionamento estratégico, ou posicionamento competitivo, é um dos conceitos mais importantes para que a empresa garanta sua perenidade e sucesso nos negócios. 30 REFERÊNCIAS CLEMENTS, J. P.; GIDO, J. Gestão de projetos. São Paulo: Cengage, 2015. FREEMAN, R. E.; REED, D. L. Stockholders and stakeholders: a new perspective on corporate governance. California Management Review, v. 25, n. 3, p. 88-10, 1984, April 1, 1983. GEUS, A. A empresa viva. São Paulo: Campus, 1999. HOOLEY, G. J.; SAUNDERS, J. Posicionamento competitivo. São Paulo: Makron Books, 1996. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A. A estratégia em ação: balanced scorecard. 4. ed. 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IRELAND, R. D., HOSKISSON, R. E; HITT, M. A. Administração estratégica. São Paulo: Cengage, 2015. KUAZAQUI, E.; CORREA JUNIOR, C. B.; NAKAGAWA, M. H.; TERAMOTO, C. Marketing para ambientes disruptivos. São Paulo: Literare, 2017. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico. Conceitos, metodologias, práticas. 9. ed. São Paulo: 1995. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business model generation – Inovação para modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. RUMMLER, G. A.; BRACHE, A. P. Melhores desempenhos das empresas. São Paulo: Makron Books, 1994. http://www.industria40.gov.br/
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