Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- Fabiana Bilmayer APENDICITE É a inflamação do apêndice. O apêndice vermiforme (em forma de verme) desenvolve-se embriologicamente do ceco. É um cilindro de fundo fechado com um comprimento médio de 9 cm - variando de 2 cm a 20 cm - e com 8 mm de largura. Ele está localizado na fossa ilíaca direita, dois centímetros abaixo da válvula ileocecal. A válvula ileocecal é um esfíncter que separa o intestino delgado do intestino grosso. A sua função é reduzir o refluxo do conteúdo colônico para o íleo. O ponto de McBurney está no terço lateral de uma linha que liga a espinha ilíaca anterior ao umbigo e corresponde ao local em que a base do apêndice se liga ao ceco. A função do apêndice permanece desconhecida, apesar de algumas teorias afirmarem que ele funciona como uma unidade de estocagem de boa flora bacteriana. No entanto, acredita-se que ele possa ser um remanescente da evolução que não possui mais nenhuma função. Ela pode ocorrer devido a um bloqueio do lúmen intestinal por um fecalito (massa de fezes endurecidas), por hiperplasia linfática ou até por vermes intestinais ou parasitas, incluindo o oxiúros (Enterobius vermicularis). O processo inflamatório é ativado e as bactérias se multiplicam no apêndice, o que causa a infecção. Exemplos de bactérias encontradas no apêndice são a Escherichia coli e o Bacteroides fragilis. Trombose dos capilares e de pequenas veias podem ocorrer enquanto as arteríolas se mantêm abertas, o que pode levar ao ingurgitamento do apêndice devido ao aumento da pressão no lúmen gerado pela obstrução. Trata-se de uma emergência cirúrgica bastante comum e que requer cuidados urgentes se suspeitada. A incidência da apendicite é maior na adolescência, em adultos jovens ou no final da quarta década de vida. Epidemiologia É a operação de urgência ou de emergência mais comum em cirurgia geral realizada https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/o-ceco-cego-e-o-apendice-vermiforme https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/o-ceco-cego-e-o-apendice-vermiforme https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/intestino-delgado https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/intestino-grosso https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/intestino-grosso https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/ileo - Fabiana Bilmayer nos Estados Unidos e é responsável por 300.000 hospitalizações anualmente. Estima-se que 6% a 7% da população geral irão desenvolver apendicite durante a sua vida, com a incidência mais elevada na segunda década. Anatomia e embriologia O apêndice é um órgão do intestino médio e é identificado pela primeira vez na oitava semana de gestação como uma dilatação do ceco. À medida que a gestação progride, o apêndice torna-se mais alongado e tubular, enquanto o ceco roda medialmente e torna-se fixo no quadrante inferior direito do abdome. Vascularização Como um órgão do intestino médio, a vascularização arterial do apêndice é derivada da artéria mesentérica superior. A artéria ileocólica, um dos principais ramos da artéria mesentérica superior, dá origem à artéria apendicular, que caminha no mesoapêndice. O mesoapêndice também contém linfáticos, que drenam para os gânglios ileocecais ao longo da vascularização da artéria mesentérica superior. Variações da posição do apêndice O apêndice tem dimensões variáveis (3 a 35 cm de comprimento), mas em média tem 9 cm de comprimento nos adultos. Sua base pode ser identificada com segurança na área de convergência das tênias na ponta do ceco, e elevando depois a base do apêndice para definir o curso e a posição da sua ponta, que tem localização variável. ● A ponta do apêndice pode ser encontrada em uma série de localizações, com a mais comum sendo retrocecal (mas intraperitoneal) em aproximadamente 60% dos indivíduos, pélvica em 30% e retroperitoneal em 7% a 10%. 1) Retrocecal (60%) 2) Pélvica (30%) 3) Retroperitoneal (10%) A agenesia do apêndice foi reportada, bem como a duplicação e mesmo triplicação. O conhecimento dessas variações anatômicas é importante para o cirurgião, porque a posição variável da ponta do apêndice pode resultar em diferenças na apresentação clínica e na localização do desconforto abdominal associado. Por exemplo, os pacientes com apêndice retroperitoneal podem apresentar-se com dor lombar ou no flanco, tal como os pacientes com a ponta do apêndice na linha média da pelve podem apresentar-se com dor suprapúbica. Ambas as apresentações podem resultar em atraso no diagnóstico, uma vez que os sintomas são distintamente diferentes da dor abdominal anterior no quadrante inferior direito, classicamente associada à doença do apêndice. Fisiopatologia e bacteriologia A apendicite é causada por obstrução luminal. O apêndice é vulnerável a esse fenômeno por causa do seu pequeno diâmetro luminal em relação ao seu comprimento. A obstrução do lúmen proximal do apêndice leva a aumento da pressão na porção distal devido a secreção mucosa e produção contínua de gás por bactérias do lúmen. Com a distensão progressiva do apêndice, a drenagem venosa fica prejudicada, resultando em isquemia da mucosa. Com a continuação da obstrução, surge isquemia transmural, que leva finalmente à perfuração. - Fabiana Bilmayer O supercrescimento bacteriano dentro do apêndice resulta da estase bacteriana distal à obstrução. Isso é significativo visto que esse supercrescimento resulta na liberação de um inóculo bacteriano maior nos casos de apendicite perfurada. O tempo desde o início da obstrução até a perfuração é variável e pode levar desde horas a alguns dias. A apresentação após a perfuração é também variável. A sequela mais comum é a formação de um abscesso na região periapendicular ou pelve. Por vezes, no entanto, ocorre perfuração livre, resultando em peritonite difusa. As infecções associadas com a apendicite devem ser consideradas polimicrobiana, e a cobertura antibiótica deve incluir agentes que se dirijam às bactérias gram-negativas e anaeróbias. As bactérias mais comuns são a Escherichia coli, Bacteroides fragilis, enterococos, Pseudomonas aeruginosa e outras. As causas da obstrução luminal são muitas e variadas. Estas incluem normalmente estase fecal e fecalitos, mas podem também incluir hiperplasia linfóide, neoplasias, materiais de frutas e vegetais, bário ingerido e parasitas como ascaris. A dor da apendicite tem componentes viscerais e somáticos. A distensão do apêndice é responsável pela dor abdominal vaga inicial (visceral) experimentada com frequência pelo paciente afetado. A dor geralmente não se localiza no quadrante inferior direito até que a ponta se torne inflamada e irrite o peritônio parietal adjacente (somática) ou que ocorra perfuração, resultando em peritonite localizada Sinais e Sintomas Pacientes com apendicite apresentam: ● Dor abdominal ● Dor no quadrante inferior direito (fossa ilíaca direita) ● Anorexia (perda de apetite) ● Náuseas com ou sem vômitos ● Constipação intestinal ● Febre baixa (37,7 - 38,3) A dor abdominal inicia centralmente (epigástrio) e depois se localiza no quadrante inferior direito. Outros sintomas comuns são náuseas, vômitos e febre. No exame físico pode haver redução dos ruídos hidroaéreos, sensibilidade à percussão local, defesa voluntária e rigidez. Sinais para aumentar a especificidade para apendicite: 1. Sinal de Rovsing: durante a palpação abdominal você pressiona o quadrante inferior esquerdo (fossa ilíaca esquerda), o que levará o - Fabiana Bilmayer paciente a sentir dor no quadrante inferior direito (fossa ilíaca direita). Isto porque o movimento empurra o apêndice inchado contra a parede peritoneal, levando à dor irritativa. Neste sinal ocorre dor referida, que é transmitida pelas fibras nervosas de dor que correm profundamente no intestino, e não é localizada. 2. Sinal do Obturador: o quadril direito é girado e fletido, o que causa dor a nível do quadrante inferior direito (fossa ilíaca direita) no abdome/abdómen. Este sinal é um indicador da irritação do músculo obturador interno, queocorre quando o apêndice está em contato direto com o músculo. 3. Sinal do Psoas: para provocar este sinal o paciente precisa se deitar em decúbito lateral esquerdo e então a coxa direita é estendida passivamente e elevada, o que provoca dor no quadrante inferior direito (fossa ilíaca direita). Um apêndice retrocecal que está inflamado vai causar irritação no grupo de músculos iliopsoas, que é retroperitoneal e encontra-se fora da cavidade peritoneal. A segunda técnica é pedir ao paciente em supina para fletir ativamente o quadril, o que também leva ao estímulo doloroso. Escore de Alvarado***: Os critérios de Alvarado são um escore validado para estimar a probabilidade de apendicite aguda em pacientes com dor abdominal, usando apenas achados clínicos e do hemograma. Classificação ● 0 = Apêndice normal ● 1 = Hiperemiado e edemaciado ● 2 = Exsudato fibrinoso *1 e 2 = não complicada ● 3 = Abscesso e necrose ● 4 = perfurado * 3 e 4 = complicada https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculo-obturador-interno https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculo-obturador-interno https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/peritonio - Fabiana Bilmayer Investigação 1. Se a paciente for uma mulher, a investigação inicial é checar se ela está grávida. Isto é feito através de um teste urinário de gravidez, que deve vir negativo para descartar gravidez. 2. Um hemograma completo é importante para avaliar infecção, leucocitose moderada pode estar presente. 3. Para imagem, uma TC abdominal e pélvica deve ser solicitada. Um exame alterado mostrará um aumento do diâmetro do apêndice >6mm e calcificações podem ser vistas. 4. Se a história é atípica, outras investigações devem ser consideradas, como ultrassom do abdome. Para diagnóstico diferencial com cólica renal um exame de urina deve ser feito (para descartar não devem haver células vermelhas, leucócitos e o nitrito deve estar negativo). 5. RNM do abdome/abdómen e da pelve podem ser consideradas em casos de gravidez. Esta é uma alternativa de exame de imagem à TC na gravidez. Exames laboratoriais Devem ser usados para suportar o quadro clínico e não provar ou excluir definitivamente o diagnóstico. O teste de gravidez é mandatório em mulheres em idade fértil. A proteína C--reativa não é sensível nem específica para o diagnóstico (ou exclusão) de apendicite. Nenhum sintoma ou sinal foi demonstrado como discriminatório e preditivo de apendicite. O mesmo pode ser dito sobre os testes laboratoriais, que também são fracamente preditivos quando considerados isoladamente. Exames de imagem A TC é o estudo de imagem mais comum para diagnosticar a apendicite e é altamente efetiva e precisa. As TC - Fabiana Bilmayer helicoidais modernas têm a vantagem de serem independentes do operador e fáceis de interpretar. A TC mostrou ter uma sensibilidade de 90% a 100%, especificidade de 91% a 99%, um valor preditivo positivo de 92% a 98% e um valor preditivo negativo de 95% a 100%.9,10 O protocolo de imagem recomendado pela Infections Diseases Society of America (IDSA) e a Surgical Infection Society inclui a administração apenas intravenosa de contraste. A administração de contraste oral e retal não está recomendada. O diagnóstico de apendicite na TC baseia-se na aparência de um apêndice espessado, inflamado, com “estriações” circundantes indicativas de inflamação. O apêndice tem normalmente mais de 7 mm de diâmetro com uma parede espessada, inflamada e fixação mural ou “sinal de alvo” (Fig. 50-2). O líquido ou ar periapendicular é também altamente sugestivo de apendicite e sugere perfuração. Nos casos em que o apêndice não é visualizado, a ausência de achados inflamatórios na TC sugere que apendicite não está presente USG - mais recomendado em grávidas e pacientes pediátricos. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS ● Intestinais - Divertículo de Meckel - Ileíte aguda (Yersínia) - Apendagite - Doença de Crohn ● Ginecológicas - DIP - Cisto ovariano roto - Mittelschmerz (dor à ovulação) - Torção anexial - Endometriose Em crianças, outras patologias devem ser consideradas, tais como adenite mesentérica (observada frequentemente após doença viral), gastroenterite aguda, intussuscepção, diverticulite de Meckel, doença inflamatória intestinal e, em meninos, torção testicular. A nefrolitíase e infecção do trato urinário podem-se manifestar como dor no quadrante inferior direito em qualquer um dos gêneros. Nas mulheres em idade fértil, o diagnóstico diferencial expande-se ainda mais. Os problemas ginecológicos podem ser confundidos com apendicite e resultar em uma taxa de apendicectomia negativa - Fabiana Bilmayer mais elevada do que em homens de idade comparável. Estes incluem ruptura de cistos ovarianos, mittelschmerz (dor no meio do ciclo ocorrendo com a ovulação), endometriose, torsão ovariana, gravidez ectópica, doença inflamatória pélvica. Duas outras populações de pacientes merecem menção. Nos idosos deve ser dada consideração à diverticulite aguda e doença maligna como possíveis causas de dor abdominal inferior. No paciente neutropênico, a tiflite (também conhecida como enterocolite neutropênica) deve também ser considerada no diagnóstico diferencial. Tratamento 1. Após o diagnóstico de apendicite ter sido confirmado o paciente deve permanecer em jejum para preparar-se para a cirurgia. A seguir o paciente deve ter seus fluidos intravenosos mantidos. 2. Para minimizar o risco de complicações, a opção cirúrgica de apendicectomia deve ser feita sem demora. A apendicectomia laparoscópica pode ser realizada para reduzir a cicatriz cirúrgica e para melhor resultado estético. Procedimentos laparoscópicos têm ainda outros benefícios como redução do tempo hospitalizado no pós-operatório, redução das complicações e menor dor pós-operatória. 3. Apendicectomia aberta é considerada em mulheres grávidas mais frequentemente, uma vez que é uma opção mais segura para elas. Complicações - Apresentação Infelizmente, complicações podem ocorrer, como por exemplo: perfuração, peritonite ou formação de abscesso. ● Peritonite generalizada é uma complicação grave, que pode ocorrer após uma perfuração. Os pacientes apresentam febre alta, dor abdominal e ausência de ruídos hidroaéreos. Isto é considerado um abdome/abdómen agudo. A laparotomia é a opção de tratamento caso esta complicação ocorra. ● Se o processo da doença progredir sem nenhuma intervenção, um abscesso apendicular pode se formar. Isto ocorre particularmente após uma perfuração. A formação do abscesso pode ser visualizada no ultrassom ou na TC. O tratamento é feito com antibióticos venosos e drenagem guiada pela TC. - Fabiana Bilmayer ● Perfuração ocorre em torno de 12 horas após o início da inflamação do apêndice. Isto explica porque a intervenção médica e cirúrgica deve ocorrer sem demora. A apendicite perfurada se apresenta com dor abdominal severa, rigidez abdominal e redução dos ruídos hidroaéreos. Em todos os casos, a apendicectomia tem que ser feita, seja por via laparoscópica ou aberta. Pós-operatório ● A infecção da ferida cirúrgica é uma complicação pós-operatória que ocorre menos em procedimentos laparoscópicos. Antibióticos podem ser dados profilaticamente para prevenir que esta complicação aconteça. Tratamento da apendicite Apendicite aguda não complicada O tratamento adequado para apendicite aguda não complicada é a apendicectomia imediata. O paciente deve realizar reanimação hídrica conforme indicado, e a administração de antibióticos de amplo espectro dirigidos contra organismos anaeróbios e gram-negativos deve ser iniciada de imediato. A operação deve prosseguir sem atrasos indevidos. Para a apendicectomia aberta, o paciente é colocado na posição supina. A escolha da incisão é uma questão da preferência do cirurgião, entre uma incisão oblíqua com separação muscular, uma incisão transversal (Rockey-Davis)ou uma incisão mediana conservadora. O ceco é segurado pelas tênias e trazido até a ferida, permitindo a visualização da base do apêndice e da sua ponta. O mesoapêndice é seccionado, e o apêndice é esmagado logo acima da base, amarrado com um fio absorvível, e seccionado. O coto é depois cauterizado ou invertido com uma técnica em bolsa de tabaco ou em Z. Por fim, o abdome é minuciosamente lavado, e a ferida fechada em camadas. Apendicectomia laparoscópica O paciente é colocado na posição supina. A bexiga é esvaziada com um cateter vesical ou pela micção imediatamente antes da cirurgia. O abdome é acessado na zona do umbigo, e o diagnóstico é confirmado pela inserção do laparoscópio. Duas portas de trabalho adicionais são colocadas, normalmente no quadrante inferior esquerdo e na área suprapúbica ou linha média supraumbilical, com base na preferência do cirurgião. Percebemos ser vantajoso para o cirurgião e para o assistente estar à esquerda do paciente - Fabiana Bilmayer com seu membro superior esquerdo ao longo do corpo. Isso permite uma triangulação ótima da câmera e dos instrumentos de trabalho. São usadas pinças atraumáticas para levantar o apêndice, e o mesoapêndice é cuidadosamente seccionado usando a pinça bipolar ou com clipes metálicos. A base é depois suturada com endoloops, e o apêndice, seccionado. Em alternativa, o apêndice pode ser seccionado com um grampeador endoscópico. Preferimos essa técnica em casos nos quais todo o apêndice é friável, porque permite que a linha de grampos seja colocada levemente em posição mais proximal, na margem do ceco saudável, reduzindo, assim, o risco de fístula por deiscência de um coto apendicular friável. A recuperação do apêndice é conseguida mediante o uso de um saco de recuperação plástico. A pelve é irrigada, os trocartes removidos e as feridas fechadas. A apendicectomia laparoscópica pode também ser realizada com técnicas cirúrgicas laparoscópicas de porta única, embora essa técnica continue sendo realizada com menos frequência do que a abordagem multitrocartes tradicional. Apendicite perfurada A estratégia operatória para a apendicite perfurada é semelhante à da apendicite não complicada, com algumas exceções dignas de nota. Em primeiro lugar, o paciente pode necessitar de uma reanimação mais agressiva antes de prosseguir para a sala de operações. Tal como na apendicite não - Fabiana Bilmayer complicada, a terapia antibiótica deve ser iniciada de imediato no momento do diagnóstico. Tanto a abordagem aberta quanto a laparoscópica são aceitáveis para o tratamento da apendicite perfurada. Embora a técnica da apendicectomia para perfuração seja a mesma que para a apendicite simples, o nível de dificuldade encontrado na remoção do apêndice perfurado friável e gangrenoso pode ser um desafio para o cirurgião mais experiente e necessita de manejo meticuloso do apêndice friável e dos tecidos periapendiculares inflamados, para evitar lesão tecidual. As culturas não são mandatórias, a menos que o paciente tenha sido exposto a um ambiente de cuidados de saúde ou tenha tido exposição recente à terapia antibiótica, pois estes fatores aumentam a probabilidade de encontrar bactérias resistentes. No entanto, nós obtemos culturas por rotina porque por vezes elas revelam bactérias resistentes e são úteis no planejamento da mudança para terapia oral no momento da alta. Uma vez que o apêndice tenha sido removido com sucesso, deve ser dada atenção cuidadosa à eliminação de material infeccioso, incluindo material fecal ou fecalitos extravasados no abdome. Essa tarefa pode ser cumprida com irrigação de alto volume, com atenção especial para o quadrante inferior direito e a pelve. Não são colocados drenos por rotina a menos que uma cavidade abcedada discreta esteja presente. Se uma cavidade abcedada estiver presente, um dreno aspirativo de Jackson-Pratt é colocado na sua base e deixado por vários dias. Se foi usada uma técnica aberta, a pele e os tecidos subcutâneos são deixados abertos por 3 ou 4 dias para prevenir o desenvolvimento de infecção da ferida, fase na qual a ferida pode ser fechada à beira do leito com sutura, clipes ou Steri-Strips, dependendo da preferência do cirurgião. No pós-operatório, os antibióticos de amplo espectro são continuados por 4 a 7 dias de acordo com as diretrizes da IDSA.11 Se forem realizadas culturas, a terapia antibiótica deve ser modificada de acordo com os resultados. A aspiração nasogástrica não é utilizada de rotina, mas pode ser necessária se houver desenvolvimento de íleo pós-operatório. A alimentação oral é começada após o retorno dos ruídos intestinais e a eliminação de gases, e avançada conforme for tolerada. Uma vez que o paciente consiga tolerar a dieta, esteja apirético e tenha uma contagem leucocitária normal, pode ter alta. Se o paciente desenvolver febre, leucocitose, dor e atraso no retorno da função intestinal, a possibilidade de - Fabiana Bilmayer abscesso pós-operatório deve ser tida em conta. Os abscessos complicam a apendicite perfurada em 10% a 20% dos casos e representam uma grande fonte de morbidade relacionada com a perfuração. Uma TC com administração intravenosa de contraste é diagnóstica e permite também a colocação simultânea de um dreno percutâneo na cavidade do abscesso. Se a drenagem por TC não for tecnicamente possível devido à localização do abscesso, drenagem laparoscópica, transretal ou transvaginal são alternativas. SE MASSA OU FLEIMÃO + PCTE ESTÁVEL ● C - conduta não operatória ● A - antibióticos ● D - drenagem percutânea ● E - estabilização Colonoscopia (descartar tumor em pcte > 40 anos - Apendicectomia de intervalo -------------------------------- DIAGNÓSTICO EM QUADROS ATÍPICOS POR EXAME DE IMAGEM: ● Apêndice - Diâmetro > 6/7mm - Incompressível - Parede espessada > 2/3mm - Densificação da gordura periapendicular - Líquido livre - Visualização do apendicolito TRATAMENTO ● Apendicectomia Em casos não complicados - Em até 12h. PRESCRIÇÃO PRÉ OPERATÓRIA 1) Dieta zero 2) Soro glicosado 5% 1.000mL IV 12/12h (+40 NaCl + 10 Kcl) 3) Ciprofloxacino 400mg IV 12/12h 4) Metronidazol 500mg IV 8/8h 5) Dipirona 2mg IV 6/6h 6) Tramadol 50mg 8/8h, se dor 7) Metoclopramida 10mg IV 8/8h, se náusea PRESCRIÇÃO PÓS OPERATÓRIA 1) Dieta branda 2) Dipirona 2g IV 6/6h 3) Tramadol 50mg 8/8h, se dor 4) Metoclopramida 10mg IV 8/8h, se náusea 5) Estímulo à deambulação 6) Enviar material para o anatomopatológico 7) Alta precoce.
Compartilhar