Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pós‑Graduação em Educação EaD e novas tecnologias Interação e TICs Mariana Saad Weinhardt Costa FAEL Diretor Executivo Marcelo Antônio Aguilar Diretor Acadêmico Francisco Carlos Sardo Coordenador Pedagógico Francisco Carlos Pierin Mendes EDitorA FAEL Autoria Mariana Saad Weinhardt Costa Gerente Editorial William Marlos da Costa Projeto Gráfico e Capa Patrícia Librelato Rodrigues revisão Thaisa Socher Programação Visual e Diagramação Patrícia Librelato Rodrigues AtEnção: esse texto é de responsabilidade integral do(s) autor(es), não correspondendo, necessariamente, à opinião da Fael. É expressamente proibida a venda, reprodução ou veiculação parcial ou total do conteúdo desse material, sem autorização prévia da Fael. EDitorA FAEL Rua Castro Alves, 362 Curitiba | PR | CEP 80.240‑270 FAEL Rodovia Deputado Olívio Belich, Km 30 PR 427 Lapa | PR | CEP 83.750‑000 FotoS DA CAPA Anissa Thompson Jos van Galen Julia Freeman‑Woolpert Krishnan Gopakumar Stefan Krilla Viviane Stonoga Todos os direitos reservados. 2012 Interação e TICs 1 . Introdução O indivíduo se torna sábio a partir do momento que exercita o que aprende. Somente a troca da inteligência, dons e excelências é que pode transformar o homem e, consequentemente, a humanidade (ROSINI, 2007, p. 121). As tecnologias invadiram as nossas vidas e estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Elas ampliam nossa memória e garantem novas possibilida‑ des para a vida moderna. Encurtam distâncias entre as pessoas, permitem que estejamos em qualquer lugar, a qualquer horário. Participamos de comunidades virtuais, podemos expressar nossa opinião. As tecnologias, sem dúvida, compõem nossas atividades diárias com dina‑ mismo e eficácia, o que nos leva a uma condição de não nos imaginarmos sem elas. É difícil imaginar‑se sem celular ou computador no mundo em que vivemos. Viver sem as “mordomias” tec‑ nológicas é algo distante do século XXI, por isso, como profissionais da educação, devemos estar atentos a elas e preparados para utilizá‑las promovendo o desenvolvi‑ mento da sociedade. Os avanços tecnológicos são decorrentes do desen‑ volvimento tecnológico de diferentes épocas da civiliza‑ ção. Cada um desses avanços marcou nossa cultura e a forma de compreender a nossa história, propiciando o crescimento e o desenvolvimento do acervo cultural da espécie humana. Podemos perceber isso quando volta‑ mos nosso olhar/reflexão à Idade da Pedra, quando a civilização ainda buscava meios para sobreviver. Com o passar dos tempos, esses recursos foram aperfeiçoados, garantindo melhor qualidade de vida à população. Hoje, o avanço tecnológico amplia o conhecimento sobre esses recursos criando, permanentemente, ”novas tec‑ nologias”, cada vez mais sofisticadas. Estamos acostumados a nos referir à tecnologia como equipamentos e aparelhos eletrônicos, porém, ela é mais do que imaginamos. O conceito de tecnologia engloba tudo aquilo que conseguimos criar ao longo de todas as épocas, bem como suas formas de uso e aplicações. Ela está em todo lugar e engloba todas as descobertas que contribuem para o desenvolvimento da sociedade. Exemplo disso são os medicamentos, fruto de muita pesquisa e dedicação, que ajudam os seres humanos a viver cada vez mais e melhor. Há também outros recursos tecnológicos que fazem parte do nosso dia a dia, tais como: a caneta e o papel para escrever, óculos para melhorar a qualidade da visão, meios de transporte para locomoção, compu‑ tador e internet com a finalidade de comunicar, dentre tantos outros. Nesse contexto, onde entram as novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs)? Com a aceleração do desenvolvimento tecnológico, fica difícil estabelecer um parâmetro entre os “novos” conhecimentos, por estarem em constante transforma‑ ção. Referindo‑se aos conhecimentos provenientes da O presente artigo apresenta a importância da inte‑ ração e das TICs na aprendizagem a distância, e o papel do docente e do discente nesse modelo de educação. Serão apresentadas as novas terminologias na educação digital e a importância da construção do conhecimento por meio da aprendizagem colaborativa. Esse modelo de educação propicia alunos mais ativos e efetivos ao trabalho em grupo, gerando uma aprendizagem flexível à construção do saber. E como as tecnologias estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano, precisamos estar aptos a utilizá‑las, pois o processo de mudança irá nortear nosso futuro. Por fim, será abordada a questão dos paradigmas educacionais e a influência da interação no processo de ensino‑aprendizagem. Palavras-chaves: Interação; Tics; Aprendizagem colaborativa; Para‑ digmas. Resumo EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 2. eletrônica, da microeletrônica e das tecnologias. Tecno‑ logias que possuem uma característica comum, que se modificam e se transformam permanentemente. A imensa rede de relacionamentos proporcionou a comunicação e a interação com as tecnologias. Nela, podemos articular a comunicação entre as pessoas, até mesmo em tempo real. A internet é prova disso. Ela traz a flexibilidade e possibilita a interação e a participação entre as pessoas por meio de bate‑papos, enquetes, fóruns, blogs, entre outros. Isso tudo pode ser partilhado em grupos ou comunidades virtuais. As TICs e a interação proporcionam a criação dia‑ lógica e a intersubjetividade entre pensamentos, concei‑ tos, imagens, mídias e ideias. O sujeito está presente de forma consciente com os objetivos do conhecer. O uso das redes de computadores na educação intensifica a comunicação entre alunos, professores e tutores. Um dos meios é a aprendizagem colaborativa, que proporciona a troca de informações entre alunos distantes uns dos outros. Essa troca de informações facilita a construção do conhecimento. Para que a produção do conhecimento ocorra na educação é preciso que os professores tornem‑se facilitadores da aprendizagem. Pode‑se afirmar que ele (o professor) atua como agente condutor do processo educativo e provocador de situações desafiadoras. Ele instiga o aluno a buscar e a investigar novos caminhos para uma aprendizagem significativa. O professor on‑line constrói uma rede de aprendi‑ zagem, em que define o que será estudado ou explo‑ rado, e o aluno vai ao encontro dessa exploração, oca‑ sionando o aprendizado. O professor não é o detentor do saber, mas, sim, aquele que dispõe teias, cria possi‑ bilidades de envolvimento e estimula a intervenção dos alunos como participantes do processo. Consequentemente, o aluno recebe as orienta‑ ções e é responsável por administrá‑las de maneira adequada, tendo a opção de, sempre que necessário, recorrer ao professor. Professor e aluno formam uma “equipe de trabalho” e passam a ser parceiros de um mesmo processo de construção e aprofundamento do conhecimento. Essa parceria entre os sujeitos envolvidos no aprender proporciona a interação e a aprendizagem colaborativa. Na educação on‑line os alunos são responsáveis por buscar/pesquisar soluções para as questões levantadas pelo professor, o que resultará no exercício da autono‑ mia do aluno no seu próprio processo de construção da aprendizagem. Essa autonomia culminará no aprender a aprender do aluno, assim como no sucesso do trabalho colaborativo. Ou seja, proporcionará uma aprendizagem na qual aluno, professor e rede de sujeitos conectados à internet trocam informações, experiências e vivências, ou seja, uma aprendizagem sem fronteiras e disponível a qualquer momento e lugar. O Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA1 pos‑ sibilita a interação e a troca de informações entre os participantes de uma sala. Com isso, espera‑se que os alunos utilizem os recursos tecnológicos disponíveis para compartilhar suas dúvidas, almejando que o resultado alcançado seja a construção de novos conhecimentos e novos significados aos conhecimentos já existentes, pois quando os alunos se envolvem com o processo de aprendizagem aprendem a aprender, além de desen‑ volverema capacidade de pesquisa e do pensar criti‑ camente. 2 . Interação e TICs O termo interação surgiu antes do advento do computador. Ele já existia em nosso meio social, como sendo a relação entre as pessoas. Mas o que é interação? Interação é a ação que um sujeito gera sobre o outro ou outros. Para que ela ocorra, os dois sujeitos devem estar dispostos a intera‑ gir. A interação deve resultar na troca de saberes, propi‑ ciando um novo entendimento e um novo saber sobre o mesmo objeto. Ou seja, é válido saber o que o outro 1 Sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias da informação e comunicação (ALMEIDA, 2003). O uso das redes de computadores na educação intensifica a comunicação entre alunos, professores e tutores. INTERAçãO E TICS 3. pensa sobre determinado assunto para, assim, conhe‑ cer a diversidade de saberes. Segundo Silva (2003, p. 20), o conceito de inte‑ ratividade é a disponibilização consciente de um ser mais comunicacional de modo expressivamente com‑ plexo, ao mesmo tempo atentando para as interações existentes e promovendo mais e melhores interações – seja entre usuários e tecnologia, digitais ou analógicas, seja nas relações presenciais ou virtuais entre os seres humanos. Para que haja interatividade, Silva (2003) propõe três engajamentos. São eles: Participação‑intervenção1. : o emissor per‑ mite a participação‑intervenção do receptor, interferindo ao ponto de modificar a mensa‑ gem. Bidirecionalidade‑hibridação2. : o emissor deve ser receptor em potencial e vice‑versa, a comunicação é produção conjunta dos dois polos, assim como a mensagem deve ser codificada e decodificada por ambos. É uma proposta coparticipativa. Permutabilidade‑potencialidade3. : é neces‑ sário que o emissor disponibilize múltiplas redes articulatórias, pois se a proposta for muito fechada, as articulações também serão limitadas, tirando do receptor a ampla liber‑ dade de associações e significações. Diante dos conceitos apresentados, pressu‑ põe‑se que a interatividade é uma parte do conceito de interação, pois como já foi dito anteriormente, a interação deve resultar na troca de saberes, pro‑ piciando um novo entendimento e um novo saber sobre o mesmo objeto. As TICs apresentam meios de interação mediati‑ zados (professor/aluno; aluno/aluno) e de interatividade, com materiais de qualidade e diversidade. Podemos perceber as técnicas de interação mediatizada criadas pelas redes por meio de e‑mail, listas e grupos de dis‑ cussão, web sites, entre outros. Essas técnicas apresen‑ tam grande vantagem de comunicação e interação, pois permitem combinar a flexibilidade da interação humana com a independência de tempo e espaço, sem perder a qualidade nos estudos. Você pode estar se perguntando: qual o significado de interação mediatizada? Na educação on‑line, a inte‑ ração mediatizada define as formas de apresentação dos conteúdos didáticos, antecipadamente seleciona‑ dos e organizados. Segundo Belloni (1999, p. 59), essa interação oferece: [...] possibilidades inéditas de interação media‑ tizada (professor/aluno; estudante/estudante) e de interatividade com materiais de boa quali‑ dade e grande variedade. As técnicas de inte‑ ração mediatizada criadas pelas redes telemáti‑ cas (e‑mail, listas e grupos de discussão, webs, sites etc.) apresentam grandes vantagens pois permitem combinar a flexibilidade da interação humana (com relação à fixidez dos programas informáticos, por mais interativos que sejam) com a independência no tempo e no espaço, sem por isso perder velocidade. Com isso, é possível construir materiais que poten‑ cializam as virtudes comunicacionais do meio técnico escolhido, no sentido de compor um documento sufi‑ ciente, que possibilite ao aluno desenvolver sua aprendi‑ zagem de modo autônomo e independente. Podemos classificar Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) como a utilização das tecnologias para a produção e propagação de informações, a inte‑ ração e a comunicação em tempo real. No meio da comunicação e interação encontramos também o termo Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs). Porém, a maioria dos autores uti‑ liza apenas TICs. Isso porque o termo “novas” vai sendo esquecido à medida que surge uma outra tecnologia para substituir a anterior. O papel das TICs consiste em auxiliar no desen‑ volvimento do conhecimento coletivo e do aprendizado contínuo, tornando‑o mais agradável, e com o objetivo de que as pessoas compartilhem ideias e saberes. Com isso, as pessoas abrem as portas para um ciberespaço que interconecta virtualmente todas as mensagens digi‑ tais, multiplicando a emissão e a captação da informa‑ ção, facilitando as interações em tempo real por parte do sujeito. As TICs devem proporcionar a interação entre professor‑aluno, aluno‑aluno e aluno‑professor‑rede de informações. Esse tipo de interação é fundamen‑ tal, pois mantém um processo de aprendizagem ins‑ EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 4. tigante e motivador, por meio de saberes compar‑ tilhados e construídos colaborativamente, evitando assim, o isolamento. Isso torna a aprendizagem enri‑ quecedora. 2.1 A interação na educação on-line A interação na educação on‑line ocorre entre os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem e proporciona a construção do conhecimento, ou seja, todos têm a oportunidade de aprender e se desen‑ volver. Entende‑se por interação a ação recíproca com mútua influência nos elementos inter‑relacionados e, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o significado de interação é: ação recíproca de dois ou mais corpos [...] atividade ou trabalho compartilhado, em que existem trocas e influências recíprocas [...] comunicação entre pessoas que convivem; diálogo, trato, contato [...] intervenção e con‑ trole, feitos pelo usuário, do curso das ativi‑ dades num programa de computador, num CD‑ROM, etc. Assim, a interatividade não é a interação em si, mas, sim, o agente potencializador do processo de interação, em que o conhecimento se dá no processo de interação externa e interna. Segundo Moran (2007, p. 50), aprendemos hoje muito pela interação, mas esquecemos que o conhecimento só se faz forte, só se consolida, quando o reorganiza‑ mos de nossa própria perspectiva, de nosso universo e repertório. A interatividade é percebida no meio tecnológico quando o usuário pode ser, ao mesmo tempo, receptor das informações que lhe são enviadas ou um sujeito ativo perante algum fato que está sendo apresentado, por meio da troca de e‑mails, por chats e fóruns. O usuário pode, ainda, gravar, voltar, ir à diante, ou seja, o sujeito sai de sua zona de conforto (recebedor de informações prontas) e vai para a zona da interatividade (recebe, processa e dá sua opinião diante do que lhe é apresentado). Ao utilizar como metodologia de trabalho a inte‑ ratividade, é possível perceber o uso de terminologias diferenciadas como: educação on‑line, educação a dis‑ tância e e‑learning. 2.1.1 Educação on-line A educação on‑line utiliza a internet para promover a educação a distância. A comunicação pode ser tanto síncrona (que ocorre simultaneamente) como assín‑ crona. Essa modalidade utiliza a internet por ser o meio mais rápido de distribuir informações e realizar a intera‑ ção entre as pessoas. A interação nessa modalidade ocorre por meio da troca de informações e/ou conhecimentos entre duas ou mais pessoas. A comunicação via e‑mail ou em fóruns de discussão é um exemplo de possível interatividade entre duas ou mais pessoas. Para que aconteça a interatividade nos meios cita‑ dos, é necessário um mediador, que apresentará uma questão. Em seguida, os participantes expõem suas ideias e conhecimentos acerca da discussão proposta. Essa troca de ideias, mediada pelo professor, resultará na construção de um novo conhecimento para todos. É válido lembrar que “todos” (professor e alunos) são sujeitos ativos no processode construção da apren‑ dizagem. Logo, quem ensina tem a oportunidade de aprender e quem está disposto a aprender tem a opor‑ tunidade de ensinar. 2.1.2 Educação a distância A educação a distância utiliza diferentes meios tecnológicos para a construção do conhecimento, tais como: correspondência postal ou eletrônica, rádio, tele‑ visão, telefone, fax, computador, internet, entre outros. Ela trabalha com base na distância física entre alunos e professor e tem como principal atrativo a flexibilidade de tempo, lugar e espaço. A educação a distância utiliza os mesmos meios de comunicação citados na educação on‑line, além de outros, como o vídeo, materiais didáticos específicos do AVA utilizado e diferenciadas metodologias de avaliação da aprendizagem. INTERAçãO E TICS 5. Mason (1998), ao tratar sobre os estudos de “aprendizagem on‑line”, classifica os AVAs em três tipos de ambiente: instrucionista, interativo e cooperativo. Ambiente instrucionista1. : ambiente cen‑ trado no conteúdo – que pode ser impresso – e no suporte, que são tutorias ou formulários enviados por e‑mail, normalmente respondidos por outras pessoas (monitores/ tutores) e não exatamente pelo autor. A interação é mínima e a participação on‑line do estudante é pratica‑ mente individual. Ambiente interativo2. : centrado na intera‑ ção on‑line, na qual a participação é essencial para o curso. O objetivo é atender, também, as expectativas dos participantes. Nesse ambiente ocorre muita discussão e reflexão. Ambiente cooperativo3. : ambiente cujos objetivos são o trabalho colaborativo e a par‑ ticipação on‑line. Existe muita interação entre os participantes por meio de comunicação on‑line, construção de pesquisas, descoberta de novos desafios e soluções. No ambiente de aprendizagem on‑line, o aluno deve estar envolvido com o seu próprio aprendizado, pois é por meio dele que irá superar os desafios lança‑ dos pelo professor e construirá seu próprio saber. Com o auxílio da interação e da cooperação entre os alunos, essa aprendizagem poderá estimular mais a criatividade, proporcionando novas descobertas. 2.1.3 E-learning A metodologia e‑learning surgiu da necessidade das empresas em capacitar e treinar seus funcioná‑ rios a distância. Ela é considerada, também, a solução para superar as dificuldades de tempo, deslocamento e espaço físico para reunir muitas pessoas. É o ensino com o auxílio das tecnologias da EaD, em que o aluno aprende por meio de conteúdos inse‑ ridos no computador ou internet (síncrono ou assín‑ crono), e o professor auxilia a distância. A e‑learning é uma tendência no mundo empresarial, pois proporciona a aprendizagem e a formação continuada no setor. Não há deslocamento de funcionários no horário do expe‑ diente para estudar, já que permite que vários deles sejam capacitados ao mesmo tempo e em locais dife‑ rentes, proporcionando um aumento na produtividade. Além das terminologias vistas anteriormente, há outras que foram criadas na era digital e que são rela‑ cionadas à interatividade. A seguir, veremos as mais utilizadas. 2.1.4 Ciberespaço A palavra “ciberespaço” foi citada pela primeira vez pelo autor William Gibson, em 1984, no romance Neu‑ romancie. Nele, o autor menciona o ciberespaço como um universo de redes digitais. O significado da palavra ciberespaço, segundo Lévy (1999, p. 17), “é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computado‑ res”. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o uni‑ verso oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. É importante ressaltar que o ciberespaço nada mais é do que um novo ambiente de comunicação e intera‑ ção. É um espaço de comunicação que engloba diver‑ sos sites acessíveis eletronicamente. Se o computador está conectado à internet, ele está conectado a uma enorme rede, que é o ciberespaço. Dentro do ciberes‑ paço ocorre a cibercultura (LÉVY, 1999, p. 92). 2.1.5 Cibercultura A cibercultura é a cultura atual da utilização de tecnologias digitais. Esse termo define as solicitações sociais de comunidades virtuais. Na cibercultura o saber é flexível, ou seja, é cons‑ truído por meio de hipertextos e pela interatividade, que possibilita novos fundamentos com a comunicação e a educação. A cibercultura possibilita que o sujeito seja emissor e receptor ao mesmo tempo, mudando de papel e de status apenas a partir do momento em que a mensagem é visualizada. Essa possibilidade de “todos para todos” cria a interação coletiva, por meio de chats, fóruns, e‑mails, listas, blogs, entre outros, e produz o que podemos chamar de rede. Uma imensa rede ligada, que se transforma em minutos. EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 6. A cibercultura permite, ainda, o resgate de mani‑ festações culturais. Para Lévy (1999, p. 247), a chave da cultura do futuro é o conceito de “universal sem totalidade”, ou seja, a presença virtual da humanidade para si mesma. Isso corresponde ao momento atual da sociedade, em que se busca a globalização e a comu‑ nicação em redes, tentando formar uma única comuni‑ dade social. Lévy (1999, p. 119) explica que o termo “universal totalidade” significa a presença (virtual) da humanidade em si mesma, com a conjunção estabilizada do sentido de uma pluralidade. 2.1.6 Hipertexto Hipertexto é a montagem de um texto utilizando a conexão de rede aberta como meio de criar e recriar, proporcionando uma imensa teia de possibilidades e ideias. A troca de saberes na construção de hipertextos resulta em aprendizagem colaborativa e possibilita ao usuário se sentir parte da construção, ou seja, permite que ele seja o coautor do processo. Para utilizar essa modalidade em sala de aula, o professor não deve ser o detentor do saber, mas, sim, identificar‑se como aquele que media um processo, que possibilita que seus alunos criem e façam, de forma que se sintam parte do processo de ensino e aprendizagem. Na era do hipertexto, o professor deve ser o provocador do conhecimento. 2.1.7 Sociedade em rede Sociedade em rede é a sociedade globalizada e conectada entre si. É uma sociedade que utiliza a tec‑ nologia da informação e comunicação para saber o que está acontecendo no mundo. Castells (2002, p. 99) define que “a revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capi‑ talismo introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede”. Na era da sociedade em rede temos uma vasta possibilidade de construir e reconstruir nosso modo de pensar e agir, pois a diversidade é imensa e nossa identi‑ dade sofre as influências de novos saberes. Saber quem seremos no futuro depende somente de nós mesmos. A interatividade apresentada nesses últimos quatro meios é desafiadora, não só para os gestores e profes‑ sores que têm experiência, mas, para todos aqueles que utilizam a mídia como processo de comunicação. Para sobreviver nesse novo mundo das tecnologias, precisa‑ mos ser flexíveis e saber conviver com a diversidade. 2.2 A interação no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA O AVA é a sala de aula on‑line. Ele é composto por ferramentas que proporcionam a interação e a constru‑ ção do conhecimento. Nesse ambiente surgem novas formas e espaços educacionais que possibilitam uma educação totalmente a distância. A construção do conhecimento pelo aluno encai‑ xa‑se no modelo construtivista da aprendizagem, pois os sujeitos são os protagonistas da aprendizagem, ou seja, são sujeitos ativos na construção dos seus próprios conhecimentos. No ambiente virtual, a aprendizagem pode ser tanto síncrona como assíncrona. Os usuários podem se comunicar em tempo real ou não. Essa flexibilidade de informações na navegação oferece ao aluno a oportu‑ nidade de decidir o caminho que lhe é mais favorável, no momento em que está estudando. Essa autonomia de saber o que lhe condiz primeiro garante o diferencial do ambiente, a aprendizagem individuale/ou coletiva, totalmente on‑line. Existem ambientes virtuais simples, como as pági‑ nas de grupo, e complexos, como as plataformas vir‑ tuais integrais. Há, também, ambientes gratuitos, como Moodle, TelEduc, E‑Proinfo, Aulanet, e ambientes pagos, como o Blackboard e Eureka. Existem, ainda, ambientes de código fechado (gratuitos ou pagos em que não se altera o código‑fonte) ou código aberto (permite que o programa seja modificado, como o Moodle2). A aprendizagem no ambiente virtual não permite passividade por parte do estudante. Se não houver inte‑ ração na sala de aula on‑line, o professor não terá como diagnosticar se o saber foi compreendido ou não. Dessa 2 Ambiente Virtual de Aprendizagem que mais cresce hoje, por ser livre. Criado de forma compartilhada e de código aberto. INTERAçãO E TICS 7. forma, os alunos não são apenas responsáveis por sua conexão, mas devem, também, participar e interagir no processo de aprendizagem, enviando mensagens com seu ponto de vista, sendo um ativo construtor de sua pró‑ pria aprendizagem e da aprendizagem de seus colegas. Essa interação entre aluno e rede é ilustrada, como sendo uma ligação para o aprender, na qual o professor é o mediador e o desafiador da aprendizagem. Nesse modelo, os alunos têm a oportunidade de definir seu ritmo de estudo com mais autonomia, pro‑ movendo uma aprendizagem mais flexível e desenvol‑ vendo trabalhos conjuntos numa ligação aluno‑aluno, caracterizando a aprendizagem colaborativa. Figura 1 Modelo de educação baseada em redes. ProFESSor rEDE DE inFormAção ALuno ALuno Fonte: Martins e Campestrine (2004). O aprender, não só na educação presencial como na on‑line, é um processo ativo, em que professor e aluno caminham juntos na construção do conhecimento. É importante ressaltar que o processo de constru‑ ção do conhecimento é adquirido colaborativamente, por meio do desenvolvimento da aprendizagem em comunidade e também pelo pensamento crítico dos alunos. A seguir mais questões sobre aprendizagem cola‑ borativa. 2.3 Interação na aprendizagem colaborativa Pode‑se definir aprendizagem colaborativa como um processo educativo em que o conjunto de métodos e técnicas será utilizado em grupos estruturados e dire‑ tamente relacionados à aprendizagem. A aprendizagem colaborativa promove uma rede de interações sociais, em que os sujeitos estão envolvidos para um único pro‑ pósito: o aprender. Esses mesmos sujeitos são respon‑ sáveis pela sua própria aprendizagem e a aprendizagem do outro. Dessa forma, o conhecimento é construído socialmente. Como na aprendizagem colaborativa o conheci‑ mento é socialmente construído, por se basear em um processo ativo e efetivo entre o grupo, o educando participa ativamente do processo ensino‑aprendiza‑ gem e o grupo arquiteta e desenvolve o como e o que fazer. A seguir, algumas vantagens da aprendizagem colaborativa: Trabalhos em equipe. x Dinâmicas de grupo. x Compartilhamento de informações. x Aprendizagem significativa. x Respeito às diferenças. x Diversidade de saberes. x Diminuição do isolamento. x Aumento da autoconfiança e da autoestima. x Integração do grupo. x Diante dos pontos apresentados, a aprendizagem colaborativa acontece por meio da interação. Não há hierarquia entre o grupo (o respeito é fundamental nesse tipo de aprendizagem), pois ele é heterogêneo e cada um possui uma ideia, um posicionamento específico. Com isso, a construção e a socialização de ideias aca‑ bam ficando mais ricas e consistentes. Ao compartilhar informações, o aluno aprende a construção do saber com o outro de maneira flexível. Uma das características básicas da aprendizagem colaborativa é desenvolver um ambiente que incen‑ tive o trabalho em grupo, respeitando as diferenças individuais. O aluno se vê em uma situação na qual ele precisa adotar uma postura de autonomia em seus estudos, tornando‑se copartícipe de sua própria aprendizagem. EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 8. Para que se possa entender um pouco mais sobre a aprendizagem colaborativa, ressalta‑se alguns teóricos renomados como Dewey e Bruner. Os estudos desses teóricos estão focados na motivação dos alunos para aprender e na habilidade para utilizar o que aprenderam fora da cultura da escola. Alcântara e Behrens (2004, p. 3) descrevem esses autores da seguinte maneira: John Dewey x : um de seus principais con‑ ceitos foi o de centralizar a ação docente em atividades relevantes e significativas para os alunos, levando‑se em consideração suas aptidões, necessidades e experiências viven‑ ciadas. Jerome Bruner x : a aprendizagem pela des‑ coberta vem de suas experiências e signi‑ fica uma abordagem para a instrução, pela qual os estudantes interagem com o meio ambiente, explorando e manipulando objetos, atracando‑se com questões e controvérsias ou realizando experimentos. O aluno sele‑ ciona e transforma a informação, constrói hipóteses e toma decisões, contando para isso com uma estrutura cognitiva (modelos, esquemas mentais). A aprendizagem colaborativa defende que, quando duas ou mais pessoas trabalham juntas, aprendem melhor e realizam mais do que se estivessem sozinhas. Essa interação mostra a importância da busca pela aprendizagem colaborativa. Alcântara e Behrens (2004) afirmam que a apren‑ dizagem colaborativa apresenta‑se como o conheci‑ mento resultante de um trabalho em grupo, construído e aprovado pelos seus membros, ou seja, criado sob a perspectiva de um esforço baseado na colaboração e cooperação. O professor também recebe informações, pois o aluno pode ser ora professor de seus colegas, ora aluno. O papel do professor na aprendizagem colabo‑ rativa é o de mediador, de observador. Ele planeja as atividades, estabelece as metas, mas segue o fluxo da conversa e oferece a orientação necessária. Cabe a ele criar o ambiente adequado para que o aluno desenvolva suas habilidades da maneira mais criativa possível, sem deixar de interagir com o meio que o cerca. Na aprendizagem colaborativa, o professor possi‑ bilita que seu aluno raciocine e interaja com os demais alunos, favorecendo, assim, um processo de ensi‑ no‑aprendizagem de qualidade e interação. A criação de uma comunidade colaborativa esti‑ mula a aprendizagem em grupo e renova o entusiasmo pela descoberta de novos mundos na educação. Dessa maneira, a colaboração resulta em aprendizagem em grupo, criando uma sinergia entre as pessoas. Segundo Palloff e Pratt (2002, p. 157), o trabalho de uma comunidade de aprendizagem dá sustentação ao crescimento tanto intelectual quanto pessoal do aluno e do professor. A aprendizagem colaborativa permite a construção da “inteligência coletiva”, visto que é um “todo” coletivo construído e reconstruído, elaborado e reelaborado, par‑ tilhado e compartilhado. Isso acaba sendo algo enrique‑ cedor para o todo envolvido. É por meio da interação que o conhecimento é essencialmente produzido na sala de aula on‑line. A comunidade de aprendizagem segue para uma nova proporção no ambiente, mais estimulada e desenvol‑ vida, a fim de ser um veículo eficaz para a educação. 2.4 Interação e comunicação em sala de aula A educação presencial também é favorecida com o uso das tecnologias. Os recursos e a interação que a internet proporciona enriquecem cada vez mais a apren‑ dizagem. Para Gadotti (apud MORAN, 2007, p. 17), “na era do conhecimento, distribuir conhecimento é distribuir renda. Não há desenvolvimento sem inovação tecnoló‑ gica e não há inovação sem pesquisa, sem educação, sem escola”. Com as mudanças sociais e tecnológicas, as escolas vêm se adaptando e se renovando para a era virtual. Para que essas mudanças se concretizem no pre‑ sencial, o professor, em primeiro lugar, precisa estar maduro intelectual e emocionalmente. Ele deve ser uma pessoa curiosa, entusiasmada, aberta ao novo, que INTERAçãO E TICS 9. saiba motivar e dialogar com seu aluno. Dessa forma, a aprendizagem ocorrerá em via de mão dupla, em que professore aluno aprendem juntos, como na aprendi‑ zagem on‑line. E o aluno, precisa mudar? Essa mudança depende deles também. Alunos curiosos e motivados estimu‑ lam a qualidade da aula do professor. Aprendem e ensinam, são parceiros do professor no processo de ensino‑aprendizagem. O aprender e o ensinar, hoje, estão exigindo uma maior flexibilidade dos sujeitos envolvidos no processo, além de conteúdos que valorizem a pesquisa, a comuni‑ cação e a interação, e não modelos engessados e fixos, em que alunos apenas repetem e executam o conteúdo abordado pelo professor. Para proporcionar ao aluno uma educação “ativa” no processo do aprender, o professor será, como já mencionado antes, o grande mediador. Porém, em sala de aula, ele ajudará o aluno a selecionar e interpretar as informações recebidas e pesquisadas. Dessa forma, o professor estará mobilizando o desejo do aprender e o aluno sempre se sentirá à vontade para conhecer e buscar novos saberes. Eduardo Chaves (apud MORAN, 2007, p. 34) explica bem o tema: A educação deixa de ser centrada em conte‑ údos disciplinares (conteudocêntrica) e passa a ser centrada no desenvolvimento de com‑ petências e habilidades. A educação deixa de ser centrada no ensino (didatocêntrica) e passa a ser centrada na aprendizagem. A educação deixa de ser centrada no professor (magistrocêntrica) e passa a ser centrada no aluno. A educação deixa de ser algo passivo para o aluno e passa a ser algo no qual ele ativamente participa. Em outras palavras, proporcionar ao aluno que ele seja agente transformador do processo, que ele tenha capacidade de escolher e definir um projeto de vida e transformá‑lo, quando necessário. As tecnologias vêm ao encontro desse novo modelo educacional presencial. As escolas estão cada vez mais conectadas à rede de informações. Os recursos para deixar as aulas mais interativas e criativas, auxiliam o professor nessa era tecnológica. Cabe, aqui, apresentar exemplos de recursos que podem ser utilizados em sala como: TV, vídeo, rádio, lousa digital, internet, software educativo, teleconferência3 e videoconferência. Para utilizar os artefatos tecnológicos, o professor precisa saber trabalhar com eles e ter um planeja‑ mento adequado. Ele não pode se acomodar, pois, a todo o momento, novas soluções surgem para facilitar o trabalho pedagógico. É preciso desenvolver propostas pedagógicas diferenciadas, para diferentes situações de aprendizagem. Para utilizar as tecnologias em sala de aula de maneira completa e significativa, o professor não pode, simplesmente, apresentar um vídeo, por exemplo, sem nenhum trabalho pedagógico anterior ou posterior à ação. Esse tipo de processo transforma professor e aluno apenas em receptores, pouco ativos em relação à aprendizagem. O uso de recursos em sala deve ser pensado e organizado pelo professor como uma possibilidade de interação professor‑alunos‑objetos‑informações. Kenski complementa o que foi dito: com o uso intensivo desses procedimentos, ainda que a sala seja o espaço do encontro físico entre professor e aluno, a aula se expande e incorpora novos ambientes e processos, por meio dos quais a interação comunicativa e a relação ensino‑aprendizagem se fortaleçam (2007, p. 90). Assim, a dinâmica da aula fica muito mais atrativa e criativa, podendo criar laços e aproximações bem mais sólidos do que as breves interações nas aulas presencias. Com isso, a educação presencial vem incorporando as tecnologias e ensinando de forma menos individua‑ lista e mais flexível e integradora. Percebemos essa inte‑ ração com o uso das redes de comunicação, principal‑ mente com o uso da internet. Ela quebra o paradigma de que o ensino presencial é localizado e temporal, pois 3 Na teleconferência, um professor transmite sua aula para muitas salas espalhadas pelo país. As salas possuem até cinquenta alunos, que são acompanhados por um tutor local responsável por fazer a ponte presencial com o professor e tutores que estão on‑line. Os alunos podem fazer algumas perguntas pela internet, fax, telefone ou controle remoto (MORAN, 2005). EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 10. podemos aprender estando em lugares diferentes, tanto on‑line como off‑line, juntos e separados. A inclusão digital em sala de aula deve ser pen‑ sada também para aqueles alunos que tem problemas físicos e dificuldade em participar plenamente das ati‑ vidades escolares presenciais. Com a disponibilidade de softwares e programas especiais, os alunos com algum problema de visão, audição, comunicação oral, entre outros, podem amenizar as dificuldades de inte‑ ração e diminuir a distância que os separava de um melhor aprendizado, independente de suas condições físicas e sociais. 3 . Tecnologia e educação no século XXI As tecnologias estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Elas estão alavancando o progresso virtual no desenvolvimento de redes no ciberespaço. Esse, por sua vez, permite o acesso a informações que processam conhecimento em tempo real. Rosini (2007) afirma que num cenário em que o real e o virtual se unem e se transformam, a sociedade acompanha essas transformações para que possam fazer parte do processo de mudanças que irá nortear nosso futuro comum. As transformações e as mudanças que as pessoas vivenciam por meio das TICs favorecem a interação e a integração no processo de aprendizagem, pois as tecnologias se tornam parceiras permanentes e criati‑ vas. Elas operam dentro desse processo, gerando uma evolução como um todo. Essa interação constante proporciona uma ligação harmoniosa entre o meio e a sociedade. No século XXI, com o grande e rápido desenvol‑ vimento tecnológico, observam‑se, também, grandes mudanças no processo de ensino‑aprendizagem. Não há maneira de ficarmos alheios às inovações. Todos os alunos e professores precisam estar atentos ao novo tempo, até porque educação é um dos pilares que ali‑ cerçam esse avanço. O advento da sociedade do conhecimento e a globalização podem ser considerados duas transições significativas, que interferem diretamente na vida das pessoas, especialmente na educação. A utilização de recursos tecnológicos (televisão, vídeo, retroprojetor, projetor de slides, computador, etc.), como ferramentas educacionais, favorece o bom desen‑ volvimento do processo educacional. No entanto, traz o problema de como proceder didaticamente diante das tecnologias. Nesse sentido, o professor tem um grande desa‑ fio: o de relacionar o que realmente importa para sua prática, o conhecimento do aluno e como aplicá‑lo de acordo com os objetivos propostos pelos currículos. Além disso, para fazer uso de recursos tecnológicos, é essencial contar com profissionais aptos para tal. Autores como Moran (2007, p. 36) defendem que estamos caminhando para um conjunto de situações de educação plenamente audiovisuais, com possibili‑ dade de forte interação, proporcionando a integração do melhor que conhecemos da televisão, com o melhor da internet. Para alcançarmos essa interação, precisaremos de uma pedagogia flexível, com diferentes situações de aprendizagem. Para tal transformação, o professor deverá conti‑ nuar em busca do saber, pois o conhecimento consiste na reestruturação de saberes anteriores. Essa busca pelo saber proporciona ao professor uma formação adequada para trabalhar com as novas ferramentas educacionais. É importante ressaltar que não basta encher as escolas com recursos tecnológicos. É fundamental que o professor esteja preparado para fazer uso dessa estru‑ tura de maneira eficaz e criativa. Ou seja, a formação (preparação) do professor detém uma cota substancial no processo de modernização e integração do sistema educacional. As teorias de aprendizagem e desenvolvimento tratam da interação como ação entre pessoas e obje‑ tos de conhecimento. De acordo com Johnson, John‑ Não há maneira de ficarmos alheios às inovações. INTERAçãO E TICS 11. son e Smith (1991, p. 1), a era da competitividadee da individualidade na aprendizagem estaria obsoleta nos dias de hoje. As salas de aula baseadas no “eu” e no “faça do seu próprio jeito” estariam ultrapassadas e perdendo espaço na sociedade educacional. Uma nova fase de interdependência e de mutualidade das relações estaria surgindo. O maior desafio seria imple‑ mentar as salas de aula baseadas no “nós” e a apren‑ dizagem “estaremos juntos”. Enfrentar os desafios para transformar a sala de aula de “eu” para “nós” supõe ultrapassar a visão puramente instrumental/cartesiana da educação, para que ela passe a ser considerada em toda sua plenitude: uma educação que transforma a pessoa em sua totalidade e que a faz aprender a ser, a conviver, a conhecer e a fazer. Na tentativa de encontrar o caminho e começar a estabelecer diretrizes para o perfil profissional do pro‑ fessor na cibercultura, toma‑se como base a legislação específica (Lei n. 9.394/96 – Art. 80). Isso equivale a dizer que estamos em um terreno instável, no plano dos conceitos, das políticas públicas e, ao mesmo tempo, das ideologias. Porém, como defende Mercado (1999), a partir do momento em que os professores têm acesso a novas tecnologias e conseguem fazer uso delas de maneira crítica e criativa, o processo de aprendizagem favorece a reformulação e análise do próprio ato de ensinar. A Constituição Brasileira, no seu Art. 205, deter‑ mina: a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 2006). Sabe‑se que essa mudança somente aconte‑ cerá diante de decisões políticas. Porém, o elemento modificador do processo é o próprio professor, que deve ter consciência de que a mudança é inevitá‑ vel e que o foco da aprendizagem concentra‑se no aprender a aprender, isto é, estar sempre aberto às novas aprendizagens e novos significados. Em outras palavras, é não ter medo de mudar e de transformar seu pensamento em relação ao novo. Estar sempre aprendendo, pois o homem é o sujeito de sua trans‑ formação. Sobre o aprender a aprender, Jacques Delors (1998) relacionou os pilares que consolidaram a vida da humanidade: Aprender a conhecer: para adquirir os instru‑ x mentos da compreensão. Aprender a fazer: para agir sobre o meio x envolvente. Aprender a viver juntos: com o intuito de par‑ x ticipar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas. Aprender a ser: que é a via essencial que inte‑ x gra as três precedentes. A seguir, os quatro pilares de Delors adaptados para a educação a distância: Aprender a conhecer1. : possibilitar meios de construir em conjunto em um ambiente que todos ensinam e aprendem juntos. Aprender a fazer2. : proporcionar ao aluno situações reais que o envolvam em seu coti‑ diano. Aprender a viver juntos3. : favorecer e incen‑ tivar a aprendizagem colaborativa, por meio da diversidade dos saberes. Aprender a ser4. : fornecer meios para o aluno criar e participar das discussões propostas na sala virtual, resultando em uma aprendizagem de todos com todos, em que o professor e o aluno aprendem, ensinam e orientam, propor‑ cionando formação continuada para ambos. Esses quatro pilares são eixos norteadores da edu‑ cação para o século XXI, o que demonstra a importância de uma política multicultural nesse setor. A educação deve contribuir para o desenvolvimento total do sujeito, ou seja, ela deve estar preparada para formar sujeitos com pensamentos autônomos e críticos. O sujeito não pode ser visto como um ser isolado de seu contexto social, e sim estar envolvido com ele. A EaD veio para somar e formar sujeitos críticos e autônomos, ou seja, a utilização de metodologias que visam à colaboração constituída de modo espontâneo e não algo imposto e projetado. EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 12. 4 . O papel do professor na educação do futuro Uma educação com visão para o futuro apoia‑se em alguns eixos que servem como guia e base, como aponta Moran (2007, p. 39): o conhecimento integrador e inovador; o desenvolvimento de autoestima/autoconheci‑ mento; a formação do aluno‑empreendedor; a construção do aluno‑cidadão; o processo flexível e personalizado. Para tanto, cabe aos professores lançar novos olha‑ res aos ambientes criados e utilizar os meios tecnológicos disponíveis, transformando‑se em mediadores e parceiros no processo de ensino‑aprendizagem, ou seja, assumir o papel de intermediário no desenvolvimento cognitivo do educando, de forma incentivadora à pesquisa e ao mesmo tempo da aplicação do saber, garantindo que o processo educativo aconteça entre os alunos. Nesse processo, o enfoque deve estar no aluno, que aprende e ensina, gerando a troca de saberes. Hoje, a educação está dividida em dois ambientes culturais dife‑ rentes: a escola e a vida fora dela. Porém, é importante salientar que a educação depende da união dos saberes. Podemos perceber essa troca na figura a seguir: Figura 2 Estrutura para a aprendizagem a distância. ComuniDADE oriEntAçõES Do ProFESSor trABALho Em EquiPE APrEnDizAGEm CoLABorAtiVA FACiLitAção CriAção AtiVA Do ConhECimEnto E DE SiGniFiCADoS intErAção E AVALiAçõES oBJEtiVoS ComunS rESuLtADoS PLAnEJADoS ConFiAnçA DE toDoS oS PArtiCiPAntES DirEtrizES nEGoCiADAS mutuAmEntE Fonte: adaptado de Palloff e Pratt (2002). Para vislumbrar uma escola que valorize o cidadão, que o torne capaz de reunir as condições necessárias para as situações da vida, que supere a fragmentação e o forme para a cidadania, deve‑se ter uma nova proposta para a educação. Uma escola que ensine cidadania, para formar mentes brilhantes capazes de operar a solidarie‑ dade em todas as situações de vida. Ou seja, a aquisição de conhecimentos agregada ao sentido ético e solidário que garanta a verdadeira educação de qualidade. Existem alguns profissionais do mundo moderno que já utilizam as TICs para programarem suas aulas. Há, ainda, os que temem ou não querem mudar. É preciso quebrar paradigmas para superar o ”medo” do novo e ver o quanto é viável e proveitoso estar aberto às transformações. O uso das tecnologias é destacado por Perrenoud (2000, p. 128) como sendo a forma de criar sujeitos INTERAçãO E TICS 13. críticos, com pensamento hipotético e dedutivo e que saibam utilizar os caminhos que a imensa rede possi‑ bilita para interagir e usufruir das novas estratégias de comunicação. A diversidade de saberes instiga o conhecimento e a nova forma de ver a educação, pois a variedade de recursos transforma a sociedade. Sendo assim, a educação escolar depende de uma metodologia que garanta a integração humana, efetiva e ética para cons‑ truir cidadãos plenos. O professor do século XXI deve formar para a utili‑ zação de tecnologias, utilizá‑las a seu favor, estimular o educando a cooperar e a compartilhar as informações, possibilitando, assim, um conhecimento rico e transfor‑ mador. Moran (2007, p. 84) classifica algumas dire‑ trizes importantes para o professor ser um excelente profissional: crescer profissionalmente atento às mudanças x e aberto à atualização; conhecer a realidade econômica, cultural, polí‑ x tica e social do país, lendo atenta e criticamente jornais e revistas impressos e na internet; participar de atividades e projetos importantes x da escola; escolher didáticas que promovam a aprendi‑ x zagem de todos os alunos, evitando qualquer tipo de exclusão e respeitando as particularida‑ des de cada aluno; surpreender, cativar e conquistar os estudantes x a todo momento; orientar a prática de acordo com as caracte‑ x rísticas e a realidade dos alunos, do bairro, da comunidade; participar como profissional das associações x da categoria e lutar por melhores salários e condições de trabalho; utilizar diferentes estratégias de avaliação da x aprendizagem – os resultados são a base para elaborar novas propostas pedagógicas.Para almejarmos uma educação com futuro prós‑ pero, esta deve focar‑se na formação de sujeitos com‑ petentes, responsáveis, politizados, participantes da transformação social, ou seja, formar cidadãos para uma sociedade conectada com o mundo, que aprende e educa ao mesmo tempo. O profissional do futuro terá como principal tarefa aprender, e aprender com autonomia, pois, para executar tarefas repetitivas, existirão os computadores e os robôs. Ao homem restará ser criativo, imaginativo e inovador. Os desafios são constantes e exigem direções basea‑ das em redes de aprendizagem e inovação, somadas à sinergia, a fim de desenvolver vantagens mútuas para o aprender a aprender. 4.1 Paradigmas O que é paradigma? Pode‑se defini‑lo como a forma que percebemos e atuamos no mundo, ou seja, as nossas regras e modo de ver o mundo. E por que falar de paradigma em um texto sobre interação e TICs? Se não tivesse ocorrido a evolução de paradigmas na educação, atualmente não teríamos recursos e meios, principalmente para o estudo on‑line. Estaríamos atrela‑ dos, ainda, ao paradigma tradicional, e não ao inovador como nos dias de hoje. É importante deixar claro que, um novo paradigma só é criado a partir do momento em que a sociedade de uma época encontra necessidade de mudar. Essa mudança não quer dizer que se deva apagar tudo que já existia e recomeçar do zero, mas, sim, mudar recriando o que já existe. Para chegarmos ao paradigma inovador, trilhamos um longo caminho. Essa evolução está apresentada em um quadro comparativo, ao final desse tópico. No paradigma inovador o professor é o mediador do conhecimento e o aluno busca o conhecimento, ele constrói o saber por intermédio do professor. Isso acontece na educação mediada por computador, pois o professor insere os conteúdos para serem estudados e o aluno acessa as informações para organizá‑las e criar um conceito do que foi abordado na aula. Esse mesmo aluno pode trocar sua ideia com os colegas nos fóruns, chats e e‑mails. É a interação que gera conhecimento e alunos mais ativos, colaborativamente. A motivação e a interação do professor na sala de aula on‑line dão ao aluno um sentido de autonomia, ini‑ ciativa e criatividade. Consequentemente, esse mesmo EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 14. aluno será incentivado a questionar mais, utilizar o pen‑ samento crítico, o diálogo e a colaboração para que a construção do conhecimento seja bem‑sucedida. A interação e a comunicação nas atividades a dis‑ tância aproximam tanto alunos como professores, a partir do momento que são utilizadas e desenvolvidas novas técnicas e recursos tecnológicos para a aproxi‑ mação dos participantes no ciberespaço. Os alunos devem usufruir ao máximo dos recur‑ sos tecnológicos para a construção do conhecimento, pois a ação docente mediada pelas tecnologias é uma ação partilhada. Não depende apenas de um profes‑ sor isolado, mas, sim, das suas intervenções, interações e mediações para somar com o aprender, ou seja, é essencial que os sujeitos estejam determinados em aprender juntos. Esse é o novo modelo educacional no novo paradigma. Com o novo paradigma, superamos a fragmentação dos saberes e tornamos a produção do conhecimento num processo em constante evolução e construção, em que o saber não permite que o conhecimento seja frag‑ mentado. A teia imensurável de relações, da qual todos fazem parte, possibilita que as pessoas participem da comuni‑ dade em rede. Para Harasim (2005, p. 337), as redes são a convergência e o amadurecimento da informática e das telecomunicações. Elas tornaram‑se o motor de uma nova forma de educação e criaram uma mudança de paradigma: um modelo e um conjunto de expectati‑ vas e regras novas de como atuar com sucesso em um novo ambiente de aprendizagem. O paradigma emergente do século XXI é a rede de aprendizagem. Ela baseia‑se na interatividade global, na aprendizagem colaborativa, no acesso aos recursos tecnológicos, na flexibilidade. E o mais importante é que as redes de aprendizagem oferecem oportunidades de aprendizagem iguais aos alunos, sempre que eles preci‑ sarem e onde quer que estejam. A evolução paradigmática na educação pode ser percebida no quadro a seguir: Quadro Transição dos paradigmas. tEnDênCiAS trADiCionAL ProGrESSiStA hoLíStiCA EnSino Com PESquiSA Aluno Passivo, apenas recebe informações. Obedece seu “mestre”. Realiza tarefas. É visto como um adulto em miniatura. Participativo da ação docente, criativo, reflexivo. Envolve‑se no processo de investigação e discussão coletiva. Sujeito ativo, sério e criativo. Corresponsável pela sua própria aprendizagem. Ser complexo e único. Formação para: o acesso ao conhecer com ética, ser crítico e construtor de uma sociedade justa e igualitária. Em busca do desenvolvimento das inteligências múltiplas. Responsável pelo seu processo de aprendizagem. Parceiros na construção do conhecimento. Autônomo e criativo. Reconstruir e construir sob orientação do professor. Busca constante do desenvolvimento. Professor Autoridade na sala de aula. Detém o poder decisório (metodologia, conteúdo, avaliação). Transmite os conteúdos ditos certos. Sujeito do processo. A relação com o educando é horizontal. Luta pela democratização da sociedade. Líder ético, democrático e autêntico. Aprende junto com seu educando. Professor e aluno são transformados em pesquisadores críticos. Supera os paradigmas da fragmentação. Busca caminhos alternativos para uma ação docente significativa, preocupada com o futuro da humanidade e todas as suas formas de vida no planeta. Instigador / provocador do conhecer. Vê o aluno como um ser pleno, completo e com potencialidades. Respeita as diferenças. Autônomo/ renovador/ criativo/ crítico/ transformador Capacidade de pesquisar. Formação permanente. Sabe utilizar meios tecnológicos. Sujeito do processo. Mostra caminhos para a autonomia do educando. Formador de formadores. Orientador, construtivo e participativo. Mediador, articulador crítico e criativo do processo pedagógico. INTERAçãO E TICS 15. tEnDênCiAS trADiCionAL ProGrESSiStA hoLíStiCA EnSino Com PESquiSA MetodologiA Visão cartesiana (escute, leia, decore e repita). O professor realiza aulas expositivas. Ênfase nos exercícios de repetição de conceitos ou fórmulas na memorização. Diferentes formas de diálogo. Ação libertadora e democrática. Prática educativa em sua totalidade. Ensino centrado na realidade social, política, econômica e cultural da comunidade em que vive. Significativa. Busca uma prática pedagógica crítica, produtiva, reflexiva e transformadora. Proporciona a interação da teoria e a prática = visão do todo. Propõe projetos criativos e transformadores = aprendizagem significativa. Possibilita as relações pessoais e interpessoais do ser humano. Busca da qualidade de vida. Aprender a aprender – educação continuada. Criação e produção de conhecimento próprio. Produção aluno e professor – criativos e inovadores. AvAliAção Geral, única e bimestral. Reprodução do conteúdo comunicado na sala de aula. Valoriza a memorização. Continuada, processual e transformadora. Proporciona a autoavaliação e a avaliação grupal, traz um enriquecimento significativo no processo educativo. Processual. Para a construção do conhecimento, da harmonia, aceita as diferenças. Desafia o aluno a encontrar novas respostas por meio do erro. Contínua, processual e participativa. Acompanhamento por projetos e pesquisas. Contrato didático, em que professores e alunos têm clareza de suas funções e papéis dentro do processo. A elaboração da avaliação com o intuito de reflexão e de crítica sobre os conteúdos trabalhados. Avaliar o envolvimento, a participação, a produção do conhecimento, o progresso, a caminhada – qualidade do processo educativo. Fonte: Costa (2009). O quadro apresentado ressalta a transição dos paradigmas. Podemos perceber que o novo para‑ digmaenquadra‑se no paradigma do ensino com pesquisa, no qual o professor é o mediador do saber e o aluno é autônomo em relação a novos conheci‑ mentos. Professor e aluno somam para o aprender, utilizam meios tecnológicos e recursos para que essa aprendizagem seja significativa para seu desenvolvi‑ mento como pessoa, ou seja, uma educação para a cidadania e para a vida. 5 . A influência da interação no processo de ensino e aprendizagem A sociedade está em constante processo de mudanças e vem sendo bombardeada com informa‑ ções vindas de todos os lados, sobre os mais diversos assuntos. Paralelo a isso, há a necessidade iminente de saber lidar com as inovações, bem como com as suces‑ sivas transformações dos conhecimentos. Cabe à escola a responsabilidade de formar esses cidadãos, tornando‑os aptos para enfrentar esse novo mundo de complexidades. O desafio é formar pessoas com múltiplas habilidades, com capacidade para se adaptar e se modificar junto com o ambiente e conviver em uma sociedade que está em permanente processo de transformação. Nesse aspecto, há outra preocupação: a de inserir a nação no que chamamos de sociedade da informação, ou seja, garantir a todos o direito de exercerem suas funções sociais enquanto cidadãos e adaptarem‑se às oportunidades de aprendizagem e interatividade. Mais do que isso, o que se propõe é “não apenas formar o consumidor e o usuário, mas criar condições para garantir o surgimento de produtores e desenvolvedores de tecnologias” (KENSKI, 2007, p. 67). EAD E NOVAS TECNOLOGIAS 16. O uso eficiente das tecnologias em educação depende de novas posturas pedagógicas, de caminhos que proporcionem a interação da escola com o mundo e suas mais variadas instâncias sociais. Depende, sobre‑ tudo, de propostas dinâmicas de aprendizagem que garantam a formação de pessoas para o exercício da cidadania. 6 . Considerações finais A utilização das tecnologias digitais está cada vez mais presente em nosso cotidiano. Por isso, a educação vem ao encontro de um novo modelo: o da educação on‑line, que é a modalidade de ensino conectada à rede mundial de computadores. Cabe aqui a colocação de Moraes (2004, p. 8): devemos ter em mente que as imposições ou as resistências ou a vontade de alterar as formas de ensino frente às tecnologias da informação e da comunicação são resultados, exclusivamente, de grande capacidade humana de criar. Essa capacidade de criar tem proporcionado suces‑ sivos avanços tecnológicos e novas formas educacionais. Para o cidadão do século XXI, não cabe mais um modelo de educação que vise à reprodução/repetição, mas, sim, um sujeito participativo, ativo no processo do aprender. Melhor ainda, um sujeito transformador do contexto histórico‑social no qual está inserido. A educação on‑line proporciona um modelo bidi‑ recional, aberto e coparticipativo entre o emissor e o receptor, gerando um aumento na interação e na inte‑ ratividade. “A EAD, em especial pela internet, propõe o currículo sem limites. Saberes até então excluídos do ensino invadem a cabeça dos estudantes e, de forma transgressora, convidam os mesmos a fazer links e a ousar abrir janelas” (RAMAL, 2001, p. 13). As apren‑ dizagens são construídas a partir das interações dia‑ lógicas que (re)significam o conteúdo e permitem a participação interativa. Nesse cenário de transformação e mudança, pro‑ fessores e alunos não podem ficar alheios aos novos contextos educacionais. Precisam ir ao encontro do novo paradigma para a aprendizagem, em que o processo educacional está centrado no aluno. Nesse contexto, o professor é o mediador, orientador e facili‑ tador do processo ensino‑aprendizagem. Esse mesmo professor valoriza o trabalho colaborativo e em grupo, o aluno crítico, criativo e pesquisador, buscando, sem‑ pre, formar alunos com maior potencialidade para a aprendizagem colaborativa e agentes da transforma‑ ção social. Essa nova forma de ensinar proporciona a amplia‑ ção das possibilidades de aprendizagem e o envolvi‑ mento de todos os que participam do ato de ensinar. A prática de ensino voltada para o envolvimento do todo se mescla com as redes de informação. A formação de “comunidades de aprendizagem”, em que se desenvolve a aprendizagem colaborativa, em equipes ou grupos, é um dos principais cami‑ nhos que a escola precisa alterar em sua dinâmica. As mudanças estão ocorrendo rapidamente e influen‑ ciando o cotidiano de professores, alunos e pessoas em geral, que se encontram nesse mundo globalizado de bits e bytes. ALCÂNTARA, P. R.; BEHRENS, M. A. Caminhos do saber: aprendizagem colaborativa com tecnologias interativas. In: XII ENCONTRO DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO – ENDIPE, 2004, Curitiba. Anais... Curitiba: Champagnat, 2004. ALMEIDA, M. E. B. de. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa. São Paulo: FE/USP, v. 29, n. 2, jul./dez. 2003. BELLONI, M. L. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 1999. BRASIL. Constituição Brasileira de 1988. Capítulo III, da educação, da cultura e do desporto. Seção I, da educação. Artigo 205. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constitui‑ cao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 2 jun. 2006. Referências INTERAçãO E TICS 17. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2002. HARASIM, L. redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem on‑line. São Paulo: Senac, 2005. JOHNSON, D. W.; JOHNSON, R. T.; SMITH, K. A. Coo‑ perative learning: increasing college faculty instruc‑ tional productivity. AShE‑EriC higher Education report, Washington: George Washington University, n. 4, 1991. KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas: Papirus, 2007. MARTINS, J. G.; CAMPESTRINE, B. B. Ambiente virtual de aprendizagem favorecendo o pro‑ cesso ensino‑aprendizagem em disciplinas na modalidade de educação a distância no Ensino Superior. Univali: 2004. Disponível em: <http://www. abed.org.br/congresso2004/por/htm/072‑TC‑C2. htm>. Acesso em: 19 out. 2009. MERCADO, L. P. L. Formação continuada de pro‑ fessores e novas tecnologias. Maceió: Edufal, 1999. MORAES, M. Prefácio. In: SILVA, Â. C. da. infovias para educação. Campinas: Alínea, 2004. MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007. ______. tendências da educação on‑line no Brasil. 2005. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/ prof/moran/tendencias.htm>. Acesso em: 09 dez. 2009. PALLOFF, R. M.; PRATT, K. Construindo comunida‑ des de aprendizagem no ciberespaço: estraté‑ gias eficientes para a sala de aula on‑line. Porto Alegre: Artmed, 2002. PERRENOUD, P. 10 novas competências para ensi‑ nar: convite à viagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. RAMAL, A. C. Entre mitos e desafios. Pátio revista Pedagógica, Porto Alegre, ano 5, n. 18, ago./out. 2001. ROSINI, A. M. As novas tecnologias da informa‑ ção e a educação a distância. São Paulo: Thom‑ son Learning, 2007. SILVA, M. Educação on‑line. São Paulo: Edições Loyola, 2003. http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/072-TC-C2.htm http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/072-TC-C2.htm http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/072-TC-C2.htm http://www.eca.usp.br/prof/moran/tendencias.htm http://www.eca.usp.br/prof/moran/tendencias.htm
Compartilhar