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Nome: Isabella Ribeiro Disciplina: Processos Psicopatológicos na Infância e Adolescência Resenha das páginas 17-60 do texto “Linha de cuidado para a atenção ás pessoas com Transtornos do Espectro do Autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde Precursores do autismo · Do século XVIII para o século XIX: diagnósticos de idiotia cobriam todo o campo da psicopatologia infanto-juvenil;Precursora dos atuais retardo mental, psicoses infantis, esquizofrenia infantil e autismo. · Debate entre o método moral, proposto por Pinel, e o método clínico-pedagógico de Itard, que deu origem à educação especial; · Maudsley: pioneiro na literatura de psicose infantil; · Griesinger foi o primeiro a notar e publicar as diferenças existentes entre a loucura no adulto e na criança. O nascimento do autismo e as diferentes concepções sobre o transtorno · Em 1940 foram publicadas as primeiras descrições modernas do autismo infantil ou transtorno autista, Leo Kanner e Hans Asperger se utilizaram da noção de autismo de Bleuer (um dos principais sintomas da esquizofrenia) para realizarem suas pesquisas. · Kanner: descreveu 11 crianças incapazes de se relacionar de maneira normal com pessoas e situações desde o nascimento;Concluiu que o “isolamento autístico extremo” levaria à criança a negligenciar, ignorar ou recusar o contato com o ambiente desde os primeiros meses. · Asperger: descreveu 4 crianças com transtorno no relacionamento com o ambiente que desenvolveram características autistas persistentes a partir do segundo ano de vida; Sintomas apresentados: pobreza de expressões gestuais e faciais, movimentação estereotipada e sem objetivo, além de rítmicos e repetitivos, falas artificiais e atitude criativa em relação à linguagem, extremo egocentrismo e a falta de senso de humor. · Há ambivalência quanto à origem do autismo: deficiência biológica/genética x tipo de relações precoces estabelecidas (ordem psicológica e ambiental). · O autismo passa então a ser tratado como um transtorno das fundações do psiquismo infantil, sendo geralmente incluído nas psicoses infantis; Características psicológicas dos pais e a qualidade dos cuidados maternos foram equivocadamente associados à gênese do quadro. · Nos anos 1960, surgiram depoimentos e biografias de autistas, que recusavam o título de psicose e defendiam concepções e investimentos em pesquisas voltadas para aspectos orgânicos e para intervenções comportamentais, aumentando as concepções biológicas e facilitando o surgimento do cognitivismo, que via o autismo como um distúrbio causado por déficits em módulos cognitivos. · O artigo de Lorna Wing foi fundamental no início dos anos 1980:- Modificou parte da descrição clínica feita por Asperger; - Defendeu que o autismo e a síndrome descrita por Asperger compartilhavam da mesma tríade sintomática; - Propiciou o gradual fortalecimento da noção de “espectro” do autismo durante as décadas seguintes (nomenclatura utilizada a partir da publicação, em 2013, do DSM-V); - Contribuiu para que a “Síndrome de Asperger” fosse incorporada à classificação psiquiátrica em 1992. · Recentemente, novas linhas de pesquisas neurocientíficas têm surgido, dentre elas a que apontam o autismo como sendo uma disfunção em “neurônios-espelho”. · No Brasil, as crianças autistas passaram a maior parte do século XX fora do campo da saúde, eram cuidadas por redes filantrópicas e educacionais, em dispositivos da assistência social ou em serviços oferecidos por associações de familiares. · A atenção a crianças autistas começa a aparecer na agenda política de saúde a partir de experiências que ocorreram no Rio de Janeiro e em Minas Gerais entre os anos de 1991 e 2001. - Núcleo de Atenção Intensiva à Criança Autista e Psicótica (1991) - RJ - Centro de Referência à Saúde Mental Infantojuvenil (1994) - MG - Centros de Atenção Psicossocial Pequeno Hans (1998) e Eliza Santa Roza (2001) - RJ · A partir da publicação da Portaria nº 336/2002 os CAPSI se consolidaram como equipamento privilegiado para a atenção psicossocial à criança com autismo no SUS, sendo a articulação em rede fundamental. · Os Transtornos do Espectro do Austismo (TEA) comportam e exigem múltiplas descrições: concepções cerebrais e relacionais, afetivas, cognitivas e estruturais, devem habitar o mesmo espaço público. Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) como “Transtornos Mentais” · Os TEA estão incluídos nos transtornos mentais de início na infância.- Alterações da experiência subjetiva e do comportamento que se manifestam independentemente de causas biológicas, psicológicas ou sociais, e se tornam intrínsecas ao sujeito, gerando prejuízo funcional. Os TEA como “Transtornos do Desenvolvimento” · Os transtornos do desenvolvimento se caracterizam por transtornos mentais da infância que apresentam início muito precoce e uma tendência evolutiva crônica, envolvendo alterações qualitativas da experiência subjetiva, dos processos cognitivos, da comunicação (linguagem) e do comportamento. · A noção de desenvolvimento empregada é a de processo resultante de uma intrincada e complexa interação entre fatores genéticos e ambientais (psicossociais e ecológicos), advinda da perspectiva contemporânea da psicopatologia do desenvolvimento. · Há dois tipos de transtorno de desenvolvimento: específico e global, também chamado de invasivo ou abrangentes. - Específicos: afetam funções psíquicas ou cognitivas de forma circunscrita. Ex.: transtornos de aprendizagem. - Globais ou invasivos: afetam uma ampla gama de funções psíquicas. Ex.: TEA Avaliação e diagnóstico nos transtornos do espectro do autismo - Alguns esclarecimentos · Errônea expectativa de se criar classificações inteiramente ateóricas, já que mesmo uma abordagem completamente descritiva contém uma teoria subjacente implícita; · A manutenção da abordagem descritiva, baseada nos sintomas e em sua evolução, nos atuais sistemas classificatórios em psiquiatria, se dá por se conhecer muito pouco sobre as causas dos transtornos mentais, que são complexas e muitas vezes completamente desconhecidas. · Os TEA são classificados através de uma estratégia dimensional, na qual a pessoa pode apresentar um problema, disfunção ou grupo de sintomas em “grau” maior ou menor. - Advertências · É sempre importante lembrar que a pessoa com transtorno mental é antes de tudo pessoa, não um transtorno, pois um rótulo não capta toda a complexidade humana, correndo o risco de minimizar diferenças entre pessoas que apresentam uma mesma condição clínica. · As classificações diagnósticas, como uma representação de um retrato das evidências e dos consensos acumulados em certo momento no tempo, são mutáveis, e precisam de aperfeiçoamento à medida em que surgem novos parâmetros. · O mau uso de diagnósticos pode gerar estigmas, resultando na exclusão de espaços públicos e redução das chances de obtenção do acesso a serviços, por isso os aspectos éticos e políticos estão intrínsecos à prática no campo da saúde mental. - O processo diagnóstico · É necessário que se coloque em destaque a pessoa a ser diagnosticada, com sua história e características únicas, sendo estas fundamentais para a construção de seu PTS. · O processo deve ser realizado por uma equipe multiprofissional com experiência clínica e que não se limite à aplicação de testes e exames, sendo essencial a escuta qualificada da família e da pessoa em questão, entendendo a história de vida, a configuração familiar, a rotina diária, os interesses pessoais no geral, e a queixa da pessoa e/ou da família. · É importante também verificar se durante o processo a criança com TEA se conecta a algum profissional específico da equipe, pois isso favorece a adaptação e encaminhamentos futuros. - Detecção precoce de risco para os TEA · É um dever do Estado garantir a prevenção de agravos, promoção e proteção à saúde, propiciando uma qualidade de vida através da atenção integral. · Os sinais dos TEA podem ser reconhecidosantes dos 3 anos, porém o diagnóstico deve ser fechado apenas a partir dessa idade, sendo necessária a intervenção o mais rápido possível, para evitar maiores comprometimentos no desenvolvimento. - Classificação diagnóstica CID 10/OMS e DSM-IV incluem as seguintes categorias diagnósticas no grupo dos “Transtornos Invasivos (Globais) do Desenvolvimento”: · Autismo infantil: mais prevalente em meninos; se instala sempre antes dos 3 anos; há prejuízos em nas áreas da interação social recíproca, comunicação verbal e não verbal, e, o repertório de interesses e atividades é restrito e estereotipado. · Síndrome de Asperger: polo mais leve do espectro; engloba crianças com características autistas exceto quanto a linguagem e pelo bom nível cognitivo, porém não compreendem aspectos sutis e subentendidos na comunicação; condição mais prevalente no sexo masculino. · Transtorno desintegrativo: há o desenvolvimento normal até os 2 ou até os 6 anos, seguido de perda definitiva, no decorrer de alguns meses, de habilidades já adquiridas (fala, brincadeiras, interação social e autonomia); misto de quadro autista e retardo mental. · Autismo atípico: não demonstra prejuízos em todas as áreas do diagnóstico de autismo infantil; refere a pessoas com retardo mental significativo e alguns aspectos autistas. · Síndrome de Rett: há causalidade genética definida; atinge praticamente apenas meninas; há desenvolvimento normal entre 7 e 14 meses, seguido de perda dos movimentos voluntários até a completa paralização por volta do fim da adolescência, estereotipias, risos não provocados, hiperventilação e desaceleração do crescimento craniano; óbito antes dos 30 anos. - Comorbidades e diagnósticos diferenciais · Os TEA podem vir acompanhados de outras manifestações físicas ou mentais (comorbidades), dentre elas estão a epilepsia e outros quadros neurológicos, retardo mental (deficiência intelectual), depressão e ansiedade. · Para evitar diagnósticos equivocados devido à semelhança entre quadros, deve-se levar em consideração uma série de diagnósticos diferenciais, dentre eles estão o retardo mental (deficiência intelectual), os distúrbios específicos de linguagem, o mutismo seletivo, a depressão, o transtorno reativo de vinculação e a surdez.
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