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PAPM IV – Gastro Mila Schiavini MED101 Semiologia do abdome III ❖ Palpação profunda: • Deve-se explorar os órgãos e tumores a cavidade abdominal: ✓ Forma ✓ Característica ✓ Mobilidade (inclusive a respiratória) ✓ Superfície ✓ Sensibilidade • Palpação: a mão deve ser aprofundada durante a expiração (musculatura parietal relaxada). Solicita-se ao paciente que respire profundamente com a boca entreaberta. Direciona-se a mão de encontro à localização das vísceras maciças durante a inspiração – deslizam para baixo as vísceras móveis (fígado, baço e rins). • Na presença de massas avaliar: localização, tamanho, formato, consistência, sensibilidade, pulsações e mobilidade com a respiração. • Estruturas que podem ser palpadas sem significado patológico absoluto: borda inferior do fígado, apêndice xifoide, aorta, sigmoide, ceco, bexiga cheia, pólo inferior do rim (principalmente o rim direito), fecaloma. • A execução da palpação é limitada por: dor, contratura voluntária e involuntária, distensão abdominal, ascite e obesidade. • Pontos dolorosos e sinais de importância: ✓ Ponto de MC Burney: traçar linha entre a espinha ilíaca antero superior (EIAS) e a cicatriz umbilical à direita. Depois, dividi-la em três segmentos iguais (medial, médio e lateral), sendo que o ponto se localiza na união dos segmentos lateral e médio. É o ponto mais comum da apendicite e de inflamações peri-cecais. • Manobras especiais quando há suspeita de apendicite aguda: ✓ Sinal de Blumberg: comprima firmemente e lentamente a fossa ilíaca direita com os dedos e em seguida retire bruscamente a mão. Comparar se doeu mais na compressão ou na descompressão – é positivo quando há dor maior na descompressão. Ocorre por deslocamento rápido do peritônio parietal inflamado. Característico de apendicite aguda. ✓ Sinal de descompressão súbita dolorosa: o mesmo em qualquer local do abdome, exceto fossa ilíaca direita. Sugestivo de Peritonite. ✓ Prova ou sinal do obturador: flexionar a coxa direita a 90° na altura do quadril com o joelho dobrado a 90°. A rotação interna da coxa, previamente fletida até o seu limite, determina dor referida na região hipogástrica. Sugestivo de inflamação do músculo obturador interno por apêndice inflamado pélvico. ✓ Sinal do psoas-ilíaco ou sinal de Lapinsky: mão sobre o joelho direito e pedir para elevar a coxa contra a sua mão ou paciente de decúbito lateral esquerdo fazendo extensão forçada da coxa direita. Paciente tem dor em hipogástrio quando a aponeurose muscular está em contato com o processo inflamatório vizinho como na apendicite (retrocecal). ✓ Sinal de Rovsing: paciente refere dor no quadrante inferior direito com a palpação ascendente do cólon descendente no quadrante inferior esquerdo. Sugere apendicite ou inflamação peri-cecal. Os gases comprimidos se deslocam para o ceco, distendendo-o produzindo dor. Pode ser simplesmente por tração do mesentério local inflamado. • Ponto cístico e sinal de Murphy: polegar esquerdo ou dedos da mão direita sob o rebordo costal direito, no ponto de encontro do rebordo costal direito ou da borda hepática (no caso de fígado palpável) com a face lateral do músculo reto abdominal direito. Palpar o ponto cístico e solicitar uma inspiração profunda. O sinal é a abrupta suspensão da inspiração pelo aumento súbito da dor. • Outros sinais: ✓ Sinal de Torres Homem: dor a percussão de loja hepática (abscesso hepático). ✓ Sinal de Jobert: a presença de timpanismo na região da linha hemiclavicular direita/hipocôndrio direito, onde normalmente se encontra macicez hepática. Caracteriza pneumoperitônio. PAPM IV – Gastro Mila Schiavini MED101 ✓ Sinal de Markle: (pesquisa da dor em choque) – pede-se ao paciente que fique na ponta dos pés e depois solte o corpo sobre os calcanhares. O movimento da parede abdominal pode levar à localização da dor pelo paciente. Quando presente, sugestiva peritonite. ✓ Sinal de Gersuny: observado em casos de fecaloma. Quando se comprime uma massa abdominal de maneira profunda e demorada, ao se reduzir a pressão da mão, percebe-se que a parede intestinal “desprega-se” subitamente do bolo fecal, produzindo uma sensação semelhante a uma “crepitação”, resultante da interposição de ar entre a parede intestinal e o bolo fecal. • Fígado: ✓ Limite superior: 5°/6° espaço intercostal direito – percussão: submacicez (desde o 2° espaço – ângulo de Louis) antes de chegar no fígado e maciço quando chega no fígado. ✓ Limite inferior: borda hepática – melhor determinada pela palpação, mas pode se usar a percussão, menos fiel. ✓ A borda, contornos, forma dependem do tipo morfológico: o Brevilíneo: mais horizontal. o Normolíneo: mais harmônico. o Longilíneo: lobo direito alongado. ✓ A hepatimetria varia de 4-8cm no lobo esquerdo e 6-12cm no lobo direito no rebordo costal direito. ✓ Enfisema pulmonar rebaixa o fígado permanentemente. ✓ Atelectasia de lobo inferior direito do pulmão eleva o fígado. ✓ Lobo de Riedel: hiperplasia hepática – variação anatômica: próximo a região de vesícula biliar e se projeta abaixo do rebordo costal direito. ✓ Tipos de palpação hepática: o Normalmente palpável a cerca de 2cm abaixo do rebordo costal direito. o Manobra simples ou bimanual ou Lemos Torres: mão esquerda por debaixo do gradil costal posterior (pode não usar), paralela a 11° e 12° costelas, mantendo-se relaxado o paciente. Mão direita oblíqua ou com os dedos apontados para a cabeça. Pede ao paciente para respirar profundamente com a boca entreaberta e abaixa-se a mão na expiração e elevando-a em sentido cranial na inspiração. Pode-se iniciar na fossa ilíaca direita ou abaixo da região delimitada como borda hepática na percussão. o Variante de Chauffard: os dedos médio, indicador e anular esquerdos fazem movimentos bruscos para cima, apoiando-se o dorso da mão na cama, e palpa o fígado com os dedos da mão direita. o Técnica em Garra ou Manobra de Mathieu: principalmente se o paciente for obeso. Em pé a direita do tórax do paciente, de frente para os membros inferiores com as mãos unidas pelos dedos indicadores, com os dedos ligeiramente curvos, desde a fossa ilíaca direita ou no local abaixo da região delimitada como borda hepática pela palpação por outra manobra. Fazer pequenos abalos com os dedos tentando reter a borda hepática, durante a descida, na inspiração. Na expiração, também aprofunda os dedos e ascende-os relaxando a pressão na inspiração. ✓ São 5 características a serem pesquisadas em um fígado normal: o Hepatimetria de 6 a 12 cm em LHCD e 4 a 8 cm na linha esternal média. o Borda fina (na cirrose hepática e na esteatose hepática a borda é romba). PAPM IV – Gastro Mila Schiavini MED101 o Superfície lisa (irregular na cirrose hepática ou tumores). o Consistência macia e elástica (na cirrose hepática é dura e nos tumores é pétrea). o Sensibilidade indolor ou ligeiramente sensível (é doloroso na ICC, hepatites agudas, tumores de crescimento rápido, mononucleose, dengue). • Vesícula Biliar: ✓ Normalmente não é palpável. Raramente palpável em tumor de vesícula. Pode ser palpada mais frequentemente, quando há obstrução do colédoco. ✓ Obstrução do ducto cístico: é rara a palpação da vesícula biliar na Colecistite aguda devido a dor e ao aumento da tensão da parede abdominal. ✓ Obstrução do colédoco: vesícula biliar pode ser palpável, indolor e associada à icterícia de aparecimento súbito e emagrecimento. Regra de Couvoisier-Terrier: obstrução do colédoco por tumor, principalmente, de cabeça de pâncreas ou do próprio colédoco. • Baço: ✓ Normalmentenão palpável em adultos e pode ser palpável em 5-10% das crianças. Pode ser palpável quando o diafragma está rebaixado. ✓ Não é muito profundo. ✓ Quando palpável, o espaço de Traube estará ocupado – baço aumentado. ✓ Manobra simples ou bimanual: o Mão esquerda sob o hipocôndrio esquerdo comprimindo para baixo a parede, diminuindo a tensão desta região (lado direito do paciente). Com a mão direita, iniciando da fossa ilíaca esquerda, ir palpando em direção cranial quando o paciente inspira, até abaixo do hipocôndrio esquerdo. Aprofunda a mão na expiração e afrouxa na inspiração. o Paciente em decúbito dorsal ou posição de Schuster. ✓ Em garra ou Manobra de Mathieu Cardarelli: o Examinador sempre no lado esquerdo do paciente, próximo ao ombro, com a mão em garra. Semelhante a palpação hepática da Manobra de Mathieu. o A palpação pode ser feita em decúbito dorsal ou na posição de Schuster (oblíquo – lateral direito) com a coxa esquerda flexionada e antebraço esquerdo na nuca, com braço direito no leito. ✓ Características a serem pesquisadas no baço palpado: o Distância (tamanho do órgão) do rebordo costal esquerdo. o Borda e superfície: ▪ Mole e dolorosa: processo infeccioso agudo, ex.: mononucleose infecciosa. ▪ Dura e pouco dolorosa: esquistossomose e cirrose hepática. ▪ Dura e irregular: leucemias e linfomas. o Consistência. o Sensibilidade. • Rins: ✓ não visíveis e não palpáveis. Pode-se palpar o rim direito em pessoas magras e com bom relaxamento da parede abdominal, podendo ser sensível. ✓ Aumento renal: rins policísticos, hipernefroma, hidronefrose. ✓ Avalia-se: tamanho, sensibilidade e consistência. ✓ Manobra de Guyon: palpar o rim direito estando do lado direito do paciente ou do lado esquerdo para palpar o rim esquerdo. Coloque a mão oposta abaixo e paralela a 12ª costela, tentando empurrar o rim para frente. Com a mão correspondente ao lado que quer palpar, coloque-a lateralmente e paralela ao músculo reto abdominal (dedos sob o rebordo costal – Mario Lopez). Pedir para inspirar profundamente e no pico desta, tentar capturar o rim. Pode-se fazer rechaço com a mão posterior. ✓ Manobra de Israel: pede-se para o paciente relaxar o abdome em decúbito lateral oposto ao de interesse, com ligeira flexão do quadril e joelhos. O examinador fica de frente para o paciente. Mão posterior na região lombar, fazendo pressão para frente e mão anterior com 3 dedos centrais abaixo do rebordo costal, tentando palpar o rim principalmente na inspiração. PAPM IV – Gastro Mila Schiavini MED101 ✓ Punho percussão lombar: avalia a sensibilidade renal, pesquisada nos dois ângulos costovertebrais. Dor: sinal de Giordano positivo bilateral ou unilateral (direita ou esquerda), sugere pielonefrite e patologias obstrutivas. Pode ser realizada com o punho cerrado ou com a borda cubital da mão. Começar pelo lado onde o paciente não refere dor. Ausência de dor: PPL negativa. • Aorta: ✓ Comprimir firmemente e profundamente a regi]ao superior do abdome, mais à esquerda e tentar identificar as pulsações aórticas. Maiores de 50 anos, tentar avaliar a largura, sendo que não deve ultrapassar 2,5 – 3 cm, excluindo-se a espessura da parede abdominal, pois sugerem aneurisma. As pulsações laterais (expansões) também sugerem aneurisma. Pode ser difícil de diferenciar de uma aorta tortuosa devido a aterosclerose e hipertensão arterial. A dor à palpação pode prenunciar a ruptura da aorta. • Sigmoide: ✓ O sigmoide pode ser facilmente palpável (tubular na fossa ilíaca esquerda) e principalmente quando é sede de espasmo, inflamações, tumores e fecalomas. ✓ Manobra de vaivém: deslizamento das falanges distais sobre o plano transverso do sigmoide. Esta manobra também pode ser utilizada na tentativa de palpar outras alças, sempre a mão estando perpendicular as estas alças. • Examinando o reto e o ânus: ✓ Últimos segmentos do aparelho gastrintestinal, responsáveis pela contenção e eliminação. ✓ No homem, tem relação com a glândula prostática. ✓ Apesar do constrangimento, o exame deve ser realizado em pacientes acima de 40 anos ou quando o paciente referir algum sinal relacionado a esses segmentos. ✓ Posições: é realizada a inspeção e a palpação em decúbito lateral esquerdo, com flexão de quadris e joelhos. ✓ Inspeção: com as mãos enluvadas, afastar as nádegas. A pele perianal tende a ser mais escurecida, procura-se edemas, ulcerações, hemorroidas, abcessos, fissuras, fistulas, prolapsos ou deformações. ✓ Palpação: com as mãos enluvadas e lubrificadas. Procura-se formações tumorais e hipersensibilidade, utilizando luvas, deve-se lubrificar o dedo indicador da mão direita e comunicando ao paciente, introduzi-lo delicadamente no canal anal, alcançando o reto e possibilitando a realização do toque. ✓ Verifica-se a presença de áreas endurecidas, nódulos e impactação fecal. No homem, por meio da palpação da parede anterior, é possível tocar a próstata, avaliando tamanho, consistência, presença de nódulos e sensibilidade dolorosa. ✓ Ao término do exame, o examinador retira o dedo delicadamente e verifica a ponta da luva, avaliando resíduos fecais, pesquisando presença de muco, sangue e pus.
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