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Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula BCTD 26/04/2021 Embriologia do Sistema Circulatório Desenvolvimento e Formação dos Vasos · A medida que o embrião vai se “dobrando” a área cardiogênica vai sendo desenvolvida · Na extensão da parede da cavidade vitelínica há ilhotas sanguíneas, e a medida que o embrião vai se desenvolvendo (no meio da terceira semana de gestação) aparecem espaços (luz) nas ilhotas que vão ser preenchidos com líquido · Com o tempo, vão aparecer células sanguíneas primitivas na luz (interior) das ilhotas sanguíneas · Na parede das ilhotas há predominância de células pavimentosas que começam a dar característica a parede vascular · Mais à frente as ilhotas vão começar a se unirem e formam um plexo vascular · Elas também aparecem no pedúnculo embrionário (futuro cordão umbilical) e no mesoderma extraembrionário, evoluindo para vasos com o tempo · O córion vai se organizando de forma que uma parte fica com a presença do córion frondoso/viloso, que vai originar a placenta quando se organizar, e outra parte com a presença do córion liso · Após o plexo vascular ser formado, esse vai se organizar e dar origem aos vasos arteriais e venosos que já se relacionam com o embrião e com as vilosidades coriônicas (quando se organizarem no polo vão formar a placenta) · O saco vitelino vai reduzindo de tamanho e se distanciando do embrião no decorrer da formação da placenta e desenvolvimento do cordão umbilical · Lá pelo quarto mês de gestação ele já não é mais visto · Os primeiros vasos sanguíneos irão aparecer na parede do saco vitelino por conta das ilhotas que vão se expandir e começar a formar um plexo vascular Placenta · Ela oxigena, nutri e produz hormônios para o embrião · Da placa coriônica saem vilosidades que estão dentro de umas lacunas cheias de sangue maternal · O sangue venoso do embrião que é conduzido por vasos arteriais vai se multiplicando nas vilosidades coriônicas; o sangue embrionário rico em CO2 sai da vilosidade terciária para as lacunas com sangue maternal; o sangue maternal, rico em O2, entra pela vilosidade terciária ao mesmo tempo, e esse sangue arterial fornecido pela mãe vai até o embrião por meio dos vasos venosos · Descolamento prematuro da placenta : ao final da gestação, ou nos últimos meses, a placenta pode descolar do endométrio ocasionando hemorragia intrauterina e uma falta de aporte de oxigênio para o embrião (hipóxia embrionária) Desenvolvimento e Formação do Coração · A área cardiogênica, onde se encontra o primórdio do coração, localiza-se a frente da membrana bucofaríngea · Por volta do 18° dia o mesoderma lateral possui componentes de somatopleura (ectoderma + mesoderma intraembrionário) e de esplancnopleura (endoderma + mesoderma intraembrionário) · Entre a esplancno e somatopleura há o celoma intraembrionário · Dentro da esplancnopleura aparecem células angiogênicas que após um tempo, com o aumento da goteira neural, vão se organizar e dar origem a tubos endocárdicos · Após o surgimento dos tubos, as esplancnopleuras de cada lado vão se aproximar conforme ocorre o dobramento embrionário lateral, fazendo com que os dois tubos endocárdicos se fundam formando o coração, envolto pelo pericárdio visceral/epicárdio · A fusão dos dois tubos começa na extremidade cranial do coração em desenvolvimento e se estende caudalmente · O epicárdio é derivado de células mesoteliais que surgem da superfície externa do seio venoso e se espalham sobre o miocárdio · O coração está à frente do tubo digestivo e começa a bater em entre o 22° a 23° dia · O fluxo sanguíneo tem início durante a quarta semana · A camada externa do tubo cardíaco embrionário, o miocárdio primitivo, é formada pelo mesoderma esplâncnico ao redor da cavidade pericárdica · Nesse estágio, o coração em desenvolvimento é composto por um tubo endotelial fino, separado de um miocárdio espesso por uma matriz gelatinosa de tecido conjuntivo, a geleia cardíaca · O tubo endotelial se torna o revestimento endotelial interno do coração, ou endocárdio, e o miocárdio primitivo se torna a parede muscular do coração · A medida que o coração vai sendo formado, ele é dividido inicialmente em 4 locus (Bulbo arterioso, Ventriículo, Aurícula e Seio Venoso), seguindo uma sequência até ficar com apenas 2 locus 1) Coração quadrilocular em linha · Vai crescer mais que a cavidade pericárdica que o contém, por isso ele vai se dobrar no formato de um S · Em relação a quantidade de mioblastos (células mesodérmicas especializadas que formam o miocárdio), as estruturas ficam dispostas da seguinte forma : Seio Venoso < Aurícula < Ventrículo < Bulbo 2) Coração quadrilocular em S · Seio venoso fica localizado a cima e atrás · Aurícula fica localizada a cima e à frente · Ventrículo fica localizado abaixo e atrásQuadrilocular em S Quadrilocular em linha · Bulbo fica localizado abaixo e à frente 3) Coração bilocular em linha · A aurícula absorve o seio venoso e o ventrículo absorve o bulbo, ficando em cima a aurícula e embaixo o ventrículo · Divisão da aurícula primitiva · Após o coração virar bilocular, ocorre o surgimento de um septum primum, que consiste em uma fina membrana em forma crescente, a partir do assoalho do átrio primitivo (de cima para baixo), dividindo parcialmente o átrio comum em metades direita e esquerda · A medida que ele vai crescendo, se tem uma abertura chamada de ostium primum (delgado), porém ele vai diminuindo com o tempo e aparecem uns buracos pequenos na parte de cima do septum · Esses pequenos buracos vão originar o ostium secundum e o ostium primum desaparece · Após isso, aparece o septum secundum (espesso) que também vai crescer totalmente e ter também uma abertura em sua estrutura chamada de forame oval, porém, esse orifício não fica na mesma altura que o ostium secundum do septum primum · Essa diferença na altura entre os dois orifícios faz com que o sangue que tiver na aurícula direita, para passar para a aurícula esquerda, tenha que empurrar o septum primum e passar pelo ostium secundum · Se a pressão na aurícula esquerda for maior, o sangue entra pelo orifício do septum secundum porém o septum primum bate nele e fecha esse orifício, impedindo a passagem do sangue · Na vida embrionária a pressão na aurícula direita é maior, porém, após o nascimento a aurícula esquerda adquire uma maior pressão e esse orifício do septum secundum se fecha, portanto, ele só existe durante a vida embrionária. · Formação do septo interventricular · O septo é formado do assoalho do ventrículo até o seu ápice (de baixo para cima) · O septo interventricular não chega a tocar de imediato no septo auricular no início do seu crescimento, mantendo, dessa forma, uma comunicação entre o VD e o VE · Após um tempo, membranas vão ser formadas entre o septo auricular e o septo interventricular, fazendo com que eles se liguem e ocorra a formação do chamado septo aurículo-ventricular · Caso haja uma diferença de pressão entre o VD e o VE, não há formação das membranas · Os miócitos (músculos) dos ventrículos primitivos esquerdo e direito contribuem para a formação da porção muscular do septo interventricular · Inicialmente, ele atinge a maior parte de sua altura na dilatação dos ventrículos de cada lado do septo interventricular muscular, sendo que depois ocorre uma proliferação ativa de mioblastos no septo aumentando o seu tamanho · Até a sétima semana há um forame interventricular em formato crescente que permite a comunicação entre os ventrículos esquerdo e direito, e ele geralmente se fecha ao final dessa sétima semana · Ao crescer e se juntarem, o septo aurículo-ventricular deixa duas passagens de cada lado, que vão ser as valvas tricúscpide (lado direito) e bicúspide/mitral (lado esquerdo) Observação O fígado é o órgão mais oxigenado do embrião Modificações ao Nascimento · No início do desenvolvimento · O cordão umbilical, ligado a placenta, estabelece uma conexão com a veia cava inferior do embrião · Esse vaso umbilical leva sangue arterial, por isso ele é um vaso venoso · O primeiro órgão queé banhado pelo sangue vindo desses vasos é o fígado · Nesse momento de junção deles, há uma mistura do sangue arterial (vindo da placenta) e do sangue venoso (vindo da VCI) · Após essa mistura, a maior quantidade de sangue vai para a aurícula direita (átrio primitivo), atravessa o buraco de botal/forame oval (passagem entre os orifícios do septum secundum e primum) em direção a aurícula esquerda, depois vai para o ventrículo esquerdo, pega a aorta e é direcionado uma parte para o encéfalo e outra para o resto do embrião · A veia cava superior conduz o sangue do encéfalo até a aurícula direita, esse sangue vai para o ventrículo direito, pega o tronco da pulmonar e se bifurca para o pulmão direito e pulmão esquerdo · O sangue vai para os pulmões nesse momento apenas para nutrir as células pulmonares, já que ainda não há trocas gasosas neles · A porcentagem sanguínea que vai para os pulmões é pequena, portanto boa parte desse sangue proveniente da VCS é conduzido por um ducto/tronco arterioso, o qual faz uma ligação entre o tronco pulmonar e a aorta, sendo levado para parte aórtica descendente · No momento do nascimento · O cordão umbilical é cortado e caso não seja, os vasos umbilicais se fecham fisiologicamente · Há também um fechamento fisiológico do ducto/tronco arterioso · No momento que o bebe chora, ele inspira o ar que vai encher os alvéolos e as paredes alveolares abrindo os vasos capilares que vão puxar o sangue, que agora, pelo fechamento do ducto/tronco arterioso, vai todo para os pulmões · Após encher os pulmões, esse sangue vai retornar para a aurícula esquerda, aumentando a pressão no local, o que vai promover o fechamento do buraco de botal/forame oval · O sangue, então, vai para o ventrículo esquerdo, pega a aorta e é conduzido para o encéfalo e para o resto do corpo Patologias do Sistema Circulatório · Defeito do Septo Atrial (DAS) · Defeito na formação do septo atrial, promovendo uma ligação entre o AD e o AE e a mistura do sangue · Pode ocorrer pela má formação do septo primum e do septo secundum · Ocorre mais frequentemente em mulheres do que em homens · Pode ser chamada também de átrio comum · Defeito do Septo Ventricular (DSV) · Cardiopatia congênita onde existe uma comunicação entre o VD e o VE que não deveria existir · O DSV membranoso é o mais comum de ocorrer · O fechamento incompleto do forame interventricular resulta da falha do desenvolvimento da parte membranosa do septo interventricular pela diferença de pressão entre os ventrículos · Ocorre mais frequentemente em homens do que em mulheres · Em crianças com síndrome de down isso ocorre mais precocemente · Pode causar fadiga, sudorese, respiração pesada/rápida/congestionada e leva a hipertensão arterial · Tronco Arterioso Persistente (TAP) · Tronco da artéria pulmonar e da aorta permanecem juntos, havendo uma mistura de sangue arterial com sangue venoso na circulação · As membranas que fecham o tronco arterioso descem até o septo muscular do septo interventricular, então se o paciente possui TAP pela não formação membranosa, tem-se que pensar que o paciente com certeza tem DSV também · Os pacientes apresentam cianose leve, hiperfluxo pulmonar significativo, insuficiência cardíaca e desmaios · Necessária cirurgia imediata · Transposição das grandes artérias (TGA) · Pode ser chamada também de transposição do grandes vasos (TGV) · O tronco da pulmonar sai do VE e a aorta sai do VD · Nesse caso, o ducto arterioso não se fecha, então, além da TGA tem-se a TAP · O reparo cirúrgico definitivo deve ser feito durante a primeira semana de vida · Sintomas relacionados : cianose, pele pálida, taquicardia, fraqueza, edemas · Tetralogia de Fallot · Um grande deslocamento da aorta sobrepõe o septo interventricular resultando no recebimento de sangue do VE e VD · Sintomas associados : cianose, dispneia durante a refeição, déficit de crescimento e crises hipercianóticas · A tetralogia consiste em : 1. Estenose da artéria pulmonar : a artéria tem sua luz diminuída, promovendo uma obstrução do fluxo de saída do VEA presença só desses 3 consiste na Trilogia de Fallot 2. Hipertrofia do ventrículo direito : o VD tem que aumentar de tamanho para conseguir mandar sangue pela artéria estenosada 3. Defeito do septo/tabique interventricular : como há uma maior pressão do VD que do VE, as membranas não se formam, por isso vai haver esse defeito 4. Cavalgamento da aorta : se a aorta crescer tanto que se sobreponha ao coração, ou seja, ela é posicionada diretamente sobre o defeito do septo interventricular (CIV), em vez de estar sobre o ventrículo esquerdo · Persistência do ducto arterioso (PDA) · Persistência, após o nascimento, da conexão fetal (ducto arterioso) entre a aorta e a artéria pulmonar · Na ausência de outras anormalidades cardíacas estruturais ou resistência vascular pulmonar elevada, o desvio na PDA será da esquerda para a direita, ou seja, da aorta para a artéria pulmonar · Sintomas associados : ganho de peso, alimentação insuficiente, taquicardia e taquipneia · Arco aórtico duplo · No desenvolvimento tem-se 2 aortas, esquerda e direita, porém após o nascimento a que permanece na vida anatômica é a esquerda e a direita desaparece, porém, há pacientes que mantém esses dois ramos aórticos · Pode se ter a aorta envolvendo a traqueia e o esôfago, o que configura, também, um caso de arco aórtico duplo · Arco aórtico direito · Paciente que ao invés de manter o ramo esquerdo da aorta na sua vida anatômica final, manteve o ramo direito · Muitas vezes, essa patologia é acompanhada de todos os órgãos/vísceras em espelho, ou seja, todos os órgãos do lado contrário ao que normalmente se vê na anatomia · Atresia da Válvula Tricúspide · Cardiopatia congênita cianótica decorrente da ausência da conexão atrioventricular direita ou imperfeição da válva tricúspide · Tem como consequência a não comunicação direta entre o átrio e o ventrículo direitos · Com a maior pressão no VE, o septo interventricular acaba ficando aberto e promovendo o fluxo entre eles · Muitas das vezes, nesse paciente há ocorrência de PDA também · Atresia Pulmonar · Defeito cardíaco caracterizado pela má formação da valva pulmonar, podendo impedir o desenvolvimento correto do VD · Trata-se de uma má formação congênita em que o orifício da valva não consegue se desenvolver · Pacientes com essa patologia possuem a PDA · Estenose Aórtica · Estreitamento da abertura da válvula aórtica que bloqueia (obstrui) o fluxo de sangue do ventrículo esquerdo para a aorta, gerando trabalho extra para o coração no momento do bombeamento · Gera hipertrofia do VD por conta do VE estar com uma pressão maior que a dele, promovendo até a manutenção da comunicação interventricular · A causa mais comum em pessoas com menos de 70 anos é um defeito congênito que afeta a válvula. · Ectopia Cordis = Coração Ectópico (para fora do peito) · A somatopleura não fechou completamente · Má formação congênita rara · O coração pode estar localizado na superfície externa anterior da cavidade torácica, deslocado para a cervical ou deslocado para o abdômen · Dextrocardia · O tubo cardíaco se dobra para a esquerda ao invés de para a direita, o que promove um deslocamento do coração e seus vasos para a direita · É um defeito de posicionamento do coração mais frequente e, caso não houver nenhuma outra anomalia vascular associada, ele funciona normalmente · Alguns dextrocardíacos têm as vísceras espelhadas também · Acardia · O coração não se desenvolve a partir do quadrilocular em linha, permanecendo nesse estágio · Não sobrevive, sofrendo abortamento em 3 ou 4 meses · Coarctação da Aorta · Há um estreitamento da aorta · Pode ocorrer em diferentes extensões da aorta, sendo elas : · Coarctação pós-ductal – constrição aórtica depois do ducto arterioso · Coarctação pré-ductal – constrição aórtica antes do ducto arterioso · Coarctação pré-ductal extensa – constrição aórtica extensa antes do ducto arterioso · O estreitamento ocorre na luz da aorta,o que provoca hipertensão das extremidades superiores, hipertrofia do VE e má perfusão de órgãos abdominais e extremidades inferiores · Sintomas associados – cefaleia, dor torácica, extremidades frias, fadiga e claudicação das pernas (comprometimento da capacidade de marcha/caminhar) · Os sintomas variam de acordo com a gravidade da anomalia
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