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IMPORTÂNCIA DO JUDÔ PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS OFICIAIS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA

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1 
CURSO DE FORMAÇÃO DE INSTRUTORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA 
PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
DAVID DOUGLAS RAMALHO CHAVES 
ISMAEL CHAVES FAUSTINO DE ARAUJO 
 
 
 
 
 
IMPORTÂNCIA DO JUDÔ PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS OFICIAIS DA 
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2014 
 
 
2 
DAVID DOUGLAS RAMALHO CHAVES 
ISMAEL CHAVES FAUSTINO DE ARAUJO 
 
 
 
 
 
IMPORTÂNCIA DO JUDÔ PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS OFICIAIS DA 
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA 
 
 
Artigo apresentado à disciplina de Trabalho de 
Conclusão de Curso, do II Curso Formação de 
Instrutores de Educação Física para Profissionais de 
Segurança Pública, como requisito final para 
conclusão do curso. 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Ms. Leonardo S. Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2014 
 
 
3 
 
IMPORTÂNCIA DO JUDÔ PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS OFICIAIS DA 
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA 
 
 RESUMO 
 
Introdução: O Judô é uma arte marcial e também uma filosofia de vida que se expressa como um 
caminho ou princípio do uso eficiente de energia mental e física, através de técnicas de ataque e 
defesa. Os benefícios da prática do Judô abrangem três principais aspectos: o condicionamento 
físico, a disciplina, a ética e a moral. A referida arte marcial é componente curricular do primeiro 
ano do Curso de Formação de Oficiais da Policia Militar da Paraíba. Diante da inexistência de 
estudos que enfatizem a importância da disciplina Judô neste curso, surgiram diversos 
questionamentos sobre o porquê da escolha desta arte marcial, dentre as demais artes existentes. 
Objetivo: Destacar a importância da disciplina judô na grade curricular do Curso Formação de 
Oficiais da Polícia Militar do Estado da Paraíba em seus diversos aspectos. Metodologia: Trata-
se de um estudo bibliográfico documental realizado pelo método da revisão integrativa onde 
serão selecionados manuais, artigos, livros que incluam o judô em sua temática considerando os 
aspectos filosóficos, mental, ético e físico, e, principalmente os fatores relacionados às técnicas 
de defesa pessoal proporcionado pela modalidade, desde a sua criação em 1882 até os dias atuais. 
Resultados: Verificou-se que a prática do Judô, além dos conhecimentos de defesa pessoal, 
proporciona a adaptação do aluno-oficial a vida Policial Militar, desde o preparo físico aos 
aspectos mentais exigidos pela profissão. Conclusão: Diante do conjunto de benefícios que a 
disciplina do Judô proporciona ao aluno oficial durante o primeiro ano do Curso de Formação de 
Oficiais, conclui-se que o Judô é a arte marcial mais indicada para compor a grade curricular do 
CFO. Neste sentido, destaca-se a importância da disciplina e a necessidade de aumento da carga 
horária no curso de formação policial. 
Palavras-chave: Judô; Curso de Formação de Oficiais; Policial Militar. 
 
 
 
 
4 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução 5 
Metodologia 7 
Resultados e Discussão 7 
 Análise do currículo 
 Aspecto Físico 
 Aspecto Mental 
Aspecto Ético 
Filosófico-Espiritual 
Aspecto Técnico 
7 
8 
10 
10 
11 
12 
Conclusão 13 
Referências 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Introdução 
 
Desde o surgimento da humanidade, os indivíduos tinham que lutar pela sua 
sobrevivência contra as adversidades do ambiente, obrigando-os a desenvolver técnicas de ataque 
e defesa eficientes para salvaguardar sua vida. Com o passar do tempo, as populações tornaram-
se numerosas, o que resultou em disputas por terra, alimento e poder. As pessoas cada vez mais 
tinham a necessidade de adquirir meios que possibilitassem a sua segurança. Diante destas 
necessidades, foram desenvolvidas milhares de artes marciais na tentativa de possibilitar ao 
homem conhecimentos de autodefesa, para sua proteção e de sua família. 
 Neste contexto, ao passar de gerações e aprimoramento destes conhecimentos, em 1882 
no Japão o mestre Jigoro Kano, procurou sistematizar as técnicas de uma arte marcial japonesa, 
conhecida como “Jujutsu”, arte de extrema violência, e fundamentar sua prática em princípios 
filosóficos bem definidos. O objetivo era torná-la um meio eficaz para o aprimoramento físico, 
intelectual e de caráter, em um processo de aperfeiçoamento do ser humano, denominando esta 
nova técnica que de “Judô”. 
 Traduz-se o termo Judô como “caminho suave” ou “caminho da suavidade”. Esta arte se 
expressa como um meio, princípio do uso eficiente de energia mental e física, através de técnicas 
de ataque e defesa. Os benefícios da pratica do Judô classificam-se em três principais aspectos: o 
primeiro refere-se ao condicionamento físico proporcionado pela prática; o segundo diz respeito à 
disciplina atingida por meio da luta e dos mecanismos de concentração, autocontrole e 
autoconfiança; e o terceiro se dá no campo da ética e da moral, em que o respeito aos valores 
apresenta significativa importância (SOUZA; FACHIN, 2012). 
 Para Jigoro Kano, a prática do Judô consiste em dois princípios fundamentais: o da 
máxima eficácia (Seiryoku-Zen’yo) - com o menor desprendimento energético e da prosperidade 
e benefícios mútuos (Jita-Kyoei). Estes princípios estão intimamente ligados ao princípio da 
máxima eficiência na aplicação das técnicas de ataques e defesa e no relacionamento do 
indivíduo com ele mesmo e com a sociedade (KANO, 2008). 
A carreira dos oficiais da Academia de Policia Militar do Cabo Branco do Estado da 
Paraíba (APMCB- PB) inicia-se após a conclusão do Curso de Formação de Oficiais, que tem 
duração de três anos, onde são ministrados diversas disciplinas, com o objetivo de preparar o 
profissional de segurança pública nas diversas modalidades de policiamento, podendo ser a pé, 
 
 
6 
montado, escolta, guarda, custodia, entre outras. Todas essas modalidades de policiamento 
exigem um conhecimento do uso diferenciando da força pautando-se na legalidade, necessidade, 
proporcionalidade, e, principalmente na ética. 
A arte marcial Judô é componente curricular do primeiro ano do Curso de Formação de 
Oficiais da Policia Militar da Paraíba, sendo as disciplinas Judô I e II requisito para a conclusão 
do 1º ano do referido curso. Na disciplina Judô I são lecionados os conteúdos referentes aos 
aspectos históricos, filosóficos, e os fundamentos básicos das técnicas do Judô, conhecimentos 
necessários à disciplina Judô II, onde os alunos colocam em prática a sistematização das técnicas 
do Judô nos fundamentos de ataque e defesa e contra-golpes, saídas de imobilizações de chaves e 
estrangulamentos, como instrumento de sua autodefesa e na defesa de outrem. 
O Judô é uma prática esportiva fundamental, que também é ensinado em instituições de 
ensino médio como parte integrante da disciplina de educação física, auxiliando na formação 
físico-intelectual dos jovens, bem como no aprendizado de diversas técnicas de defesa pessoal. 
De acordo com Souza e Fachin (2012 apud FEITOSA, 2011) “na educação de um aluno, atrelada 
ao Judô, que não se resume a uma prática tecnicista voltada para fins exclusivamente corporais e 
sim, uma manifestação cultural esportiva continente de princípios filosóficos que vêm a 
preencher lacunas formativas.” Estes princípios são aplicáveis não somente com finalidades 
esportivas, fazendo-se úteis em diversas situações e problemáticas sociais ou profissionais que 
venham aparecer. 
O treinamento desenvolvido por meio das aulas de Judô proporciona aptidão física 
necessária ao desempenho da atividade policial militar, ou seja, o aluno desenvolve força, 
flexibilidade, resistência, equilíbrio e coordenação motora, além de possibilitar o 
desenvolvimento psicológico e ético do profissional. 
 Segundo Borges (2010), o Judô foi desenvolvido de maneira que os valores entre corpo e 
mente fossem valorizadas, há necessidadedo equilíbrio mental e físico através da disciplina, nos 
movimentos harmoniosos, na desvalorização do individualismo, na superação da marcialidade, na 
fraternidade, no desenvolvimento interior, na estética e eficiência, na superação da força, dentre 
outros princípios antigos da cultura oriental. 
 
 
 
 
 
7 
METODOLOGIA 
 
Trata-se de um estudo bibliográfico documental acerca da arte marcial Judô, onde foram 
analisados manuais, artigos e livros que incluam o Judô em sua temática considerando os 
aspectos filosóficos, mental, ético e físico, e, principalmente os fatores relacionados às técnicas 
de defesa pessoal proporcionado pela modalidade, desde a sua criação em 1882 até os dias atuais. 
A coleta de dados foi realizada entre os meses de março e setembro de 2014. Foram incluídos 
materiais na língua portuguesa e inglesa.Os dados foram analisados e resumidos em quadros para 
discussão conforme a literatura. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 Os resultados apresentados estão pontuados nos seguintes aspectos: Análise do 
currículo, Aspectos Físico, Mental, Ético, Filosófico-Espiritual e Técnico da prática no Judô e 
suas contribuições aos alunos do 1º ano do Curso de Formação de Oficias da APMCB. 
 
Análise do currículo 
A disciplina Judô no primeiro ano do Curso de Formação de Oficiais da APMCB é divida 
em dois semestres contendo cada um 45h/a, sendo cada aula composta por 02h/a, com dois 
encontros semanais, totalizando 04h/a por semana. A disciplina do 1º semestre é denominada de 
Judô I e possui como objetivos específicos a conscientização do educando policial militar da 
importância do Judô em sua formação profissional, a capacitação para o emprego das técnicas de 
Judô como instrumento de sua auto-defesa e na defesa de outrem, no contexto da defesa pessoal, 
e conhecimento dos aspectos históricos e filosóficos do Judô, bem como, a legislação pertinente 
ao emprego desta arte em situação de defesa pessoal. 
Esta disciplina é dividida em duas unidades. Na primeira são destacados os aspectos 
históricos, filosóficos e legislativos do Judô, enquanto na segunda unidade, os fundamentos 
básicos e técnicas desta arte marcial. A metodologia de ensino é desenvolvida por meio de aulas 
expositivas, práticas e teórico-prática, através dos recursos do Dojô, DVD e quadro branco. 
Por sua vez, a disciplina do segundo semestre denominada de Judô II, tem como 
finalidade proporcionar conhecimento ao educando policial militar, para que o mesmo possa 
 
 
8 
sistematizar as técnicas do Judô nos fundamentos de ataque e defesa e contra-golpes, saídas de 
imobilizações de chaves e estrangulamentos, assim como oportunizar o domínio das técnicas de 
luta desenvolvidas na posição em pé, e da luta quando desenvolvida no solo, capacitando-o para o 
emprego das técnicas de Judô como instrumento de sua autodefesa e na defesa de outrem, e por 
fim, proporcionar o domínio das técnicas de atemi-waza
1
 demonstrando conhecimento de defesa 
de socos e chutes. A metodologia e os recursos empregados são os mesmos descritos para o 
primeiro semestre. 
Percebe-se que o currículo descrito aborda desde os aspectos históricos, filosóficos e 
legislativos, passando por educativos de quedas, técnicas de domínio de solo e em pé, finalizando 
em técnicas contundentes (atemi-waza). Desta maneira, pode-se considerar completo para os 
alunos que estão iniciando a carreira policial militar o referido componente curricular. 
 
Aspectos Físicos 
Durante uma aula de Judô, o educando policial militar exercita o corpo por completo, o 
que obriga o desenvolvimento de suas capacidades físicas. Segundo Rosa, 
Capacidades Físicas são definidas como todo atributo físico treinável num organismo 
humano. Em outras palavras, são todas as qualidades físicas motoras passíveis de 
treinamento comumente classificadas em diversos tipos: Resistência, Força, Velocidade, 
Agilidade, Equilíbrio, Flexibilidade e Coordenação motora (destreza). ( 2009) 
 
Para Ibidem (1995 apud Lussac, 2008), o princípio da especificidade do treinamento é 
aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos 
específicos da performance desportiva, em termos de qualidade física interveniente, sistema 
energético preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras utilizados . 
 Segundo Mcardle et al. (2013), em conformidade com o conceito de especificidade do 
treinamento, as atividades que exigem um alto nível de metabolismo anaeróbico
2
 produzem 
alterações especificas nos sistemas de energia imediato e a curto prazo, sem aumento 
concomitantes das funções aeróbicas. Os sistemas energéticos imediato e a curto prazo, isto é, 
metabolismo anaeróbico, acionam predominantemente o exercício explosivo com duração de até 
2 minutos. 
 
1
 Atemi-waza são técnicas contundentes de ataque e defesa utilizadas apenas em situações reais. 
2
 Metabolismo anaeróbico é o processo químico e fisiológico que o corpo realiza para obtenção de energia com 
pouca utilização de oxigênio 
 
 
9 
Neste sentido, Franchini (2010, pág.14), afirma que as modalidades esportivas 
intermitentes envolvem importante contribuição dos metabolismos anaeróbicos, uma vez que 
normalmente demanda movimentos de alta potência. 
 Considerando que o Judô é uma modalidade intermitente que exige explosão muscular 
durante suas lutas, sua prática possibilita ao policial o aprimoramento deste sistema energético, 
melhorando sua performance durante uma intervenção policial que exija uma ação vigorosa com 
força máxima para anular a capacidade de reação por parte do agressor, mostrando que os 
conhecimentos possibilitados pela prática do Judô contribui na execução da atividade policial. 
 Em atividades intermitentes como o Judô, a capacidade de manter o desempenho e a 
recuperação mais rápida tem sido associada à aptidão aeróbica
3
, retardando ou evitando o 
processo de fadiga (FRANCHINI, 2010, pág.3). Logo, a prática do Judô, que proporciona uma 
maior capacidade anaeróbia, associada às aulas da disciplina de Educação Física, também 
componente curricular do CFO e que permite um melhor desenvolvimento do sistema energético 
aeróbio, associados, possibilitam um maior aptidão física aos profissionais de segurança, o que 
refletirá no desempenho da atividade policial, tendo em vista que as escalas de serviço se 
prolongam longas jornadas de trabalho, exigindo do policial uma resistência à fadiga diante das 
várias intervenções que ocorrem durante a execução do serviço. 
 Durante o desenvolvimento de suas atividades, é exigido do profissional da segurança 
pública força para imobilizar um agressor, resistência para percorrer de maneira segura locais que 
ofereçam risco de vida, flexibilidade para aplicar corretamente as técnicas de defesa pessoal, e 
acima de tudo velocidade a fim de impedir qualquer reação por parte do agressor. Logo, 
conforme as informações destacadas, a arte marcial Judô desenvolve a aptidão física necessária 
para o desempenho da atividade policial. 
 
 Aspectos Mentais 
 O treinamento mental é exercitado nas aulas do curso de formação de oficiais durante a 
prática do Randori
4
, onde o aluno é estimulado a buscar as fraquezas do oponente e estar pronto 
 
3
 Aptidão aeróbica é capacidade que o organismos tem de absorver oxigênio para realizar uma atividade, podendo ser 
medidas através de diversas variáveis, tais como VO2max e a velocidade de limiar anaeróbico. 
4
 Randori significa “prática livre”. Os parceiros se encontram e aproximam-se um do outro como se estivessem em 
uma verdadeira competição. 
 
 
10 
para atacar com todos os recursos disponíveis no momento em que encontrar uma brecha, mas 
sem violar as regras do judô (Kano, 2008, pág.26). 
 No randori, às vezes nos defrontamos com um oponenteque está fora de si em seu desejo 
de vencer. Somos treinados para não resistir diretamente com força, mas a jogar com o oponente 
até que sua fúria e sua energia fiquem esgotadas, e só então atacamos. Essa lição é útil quando 
encontramos na vida diária uma pessoa desse tipo. Como nenhum argumento racional funcionará 
com alguém assim, tudo o que podemos fazer é esperar ate que ela se acalme (Kano, 2008). 
 Na concepção de Sugai (2001) o Judô é um esporte de contato físico direto e muito 
intenso. É a pressão de um com outro aonde os seus desejos e intenções que se farão sentir com 
toda a força de alguém invadindo seu espaço vital. É algo muito mais sujeito a variantes e em 
termos psicológicos infinitamente mais complexos. 
A atividade de segurança pública também exige um controle mental para que os limites 
legais não sejam ultrapassados. Para isto, é necessário que o policial militar tenha o domínio dos 
seus impulsos e conhecimento das peculiaridades de sua atividade, estando sempre preparado 
para enfrentar as dificuldades da atividade operacional. Diante disto, comprova-se que a prática 
do Judô proporciona ao profissional de segurança pública o desenvolvimento mental necessário 
para suportar as agressões verbais durante as ocorrências, sempre mantendo a calma e buscando 
fazer as escolhas certas para melhor solucionar o conflito. 
 
Aspectos Éticos 
 O treinamento ético esta atrelado ao princípio da máxima eficiência. Segundo Kano, 
(2008), o Judô auxilia as pessoas nervosas e que ficam raivosas por qualquer motivo, a se 
controlarem. Através do treinamento elas descobrem que a raiva é um desperdício de energia e 
que só exerce efeitos negativos sobre elas mesmas e aos outros indivíduos. Auxilia também as 
pessoas que perderam sua autoconfiança em consequência de erros cometidos. 
Ainda de acordo com o autor supracitado, o Judô nos ensina a buscar a melhor atitude a 
ser tomada, não importando as circunstâncias, e nos ajuda a compreender que a preocupação 
também corresponde a um desperdício de energia. Outras pessoas que podem se beneficiar com a 
prática do Judô são os descontentes crônicos, aqueles que, transferem imediatamente a outras 
pessoas a culpa por suas próprias falhas. Esse tipo de indivíduo, ao praticar a referida arte 
marcial, descobre que o estado negativo de sua mente é incoerente, considerando o princípio da 
 
 
11 
eficiência máxima e que viver de acordo com esses princípios é a chave para atingir um estado 
mental confiante. 
No que se refere às vestimentas utilizadas na prática da modalidade esportiva, o judogui
5
 
é o uniforme do Judô, o qual deve estar sempre limpo e impecável, refletindo o lado ético do 
Judô, isto é, demonstrando o respeito para com o mestre e os colegas de treinamento. 
 Trazendo para a atividade policial, o respeito aos superiores, bem como aos colegas de 
trabalho devem sempre ser destacados no seio militar. Já o uso da farda regulamentar, exige uma 
liturgia semelhante ao uso do judogui, devendo encontrar-se sempre limpa e o policial militar 
sempre bem asseado, demonstrando a sociedade o grau de comprometimento com o seu dever em 
prover a segurança pública. 
 
Aspectos Filosóficos-espiritual 
 
O Dojo, local de treinamento do Judô, é considerado sagrado, onde o respeito ao mestre e 
aos colegas de treinamento são colocados em destaque. Para Lowry (2006, pág.22), o Dojo pode 
parecer um ginásio, mas suas inspirações históricas, literal ou estética, são o templo e o santuário. 
De acordo com Kano, no momento em que visitamos um Dojo pela primeira vez, podemos 
observar como ele é mantido muito limpo e ficamos impressionados com sua atmosfera solene. É 
importante destacar que a palavra Dojo deriva de um templo budista que faz referencia ao “local 
de iluminação”. Como um monastério, o Dojo é um lugar sagrado que as pessoas procuram para 
aperfeiçoar seu corpo e mente. (1986, p. 30) 
Quando Jigoro Kano idealizou o que seria o Judô, ele criou os princípios que norteariam o 
praticante desta arte. Estes representariam o “Espírito do Judô”, que se compõe de duas máximas 
e nove princípios. As máximas do Judô são conhecidas como: Seiryoku Zen’yo - Máxima eficácia 
com o menor desprendimento energético; Jita Kyoei - Prosperidade e benefícios mútuos 
(SOUZA; MOURÃO, 2011). 
Virgílio (1986) destaca que o Judô apresenta nove princípios: Conhecer-se é dominar-se, 
e dominar-se é triunfar; Quem teme perder já está vencido; Somente se aproxima da perfeição 
quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo, humildade; Quando verificares, com 
tristeza, que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso no aprendizado; Nunca te orgulhes 
 
5
 Judogui é o uniforme utilizado para praticar o judô, sendo composto por blusão, calça e faixa. 
 
 
12 
de haver vencido um adversário; quem venceste hoje poderá derrotar-te amanhã. A única vitória 
que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância; O judoca não se aperfeiçoa para 
lutar; luta para se aperfeiçoar; O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo 
que lhe ensinam e paciência para ensinar o que aprendeu aos seus companheiros; Saber cada 
dia um pouco mais, utilizando o saber para o bem, é o caminho do verdadeiro judoca; Praticar o 
judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como ensinar o corpo a 
obedecer corretamente. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa 
a inteligência. 
 
Aspectos Técnicos 
 Segundo Watson (2011, p.17), os principais objetivos do Judô são fortalecer o físico, a 
mente e o espírito, de forma integrada, além de desenvolver técnicas de defesa pessoal. Todas as 
técnicas ensinadas no judô podem ser usadas na defesa pessoal policial, entretanto existe uma 
Kata
6
 denominado Goshin Jutsu que está intimamente relacionado com técnicas de 
estrangulamentos e consiste em técnicas de auto-defesa usando arremesso, chaves de braço, 
marcantes, e técnicas de chutes. Estas formas de combate são concebidos como defesas para 
várias formas de ataques armados ou desarmados. O Kata apresenta 21 (vinte e uma) técnicas, 
sendo 12 (doze) técnicas para uso contra um atacante desarmado e 9 (nove) técnicas para uso 
contra um invasor armado. Estas técnicas foram incluídas no currículo do Curso de Formação de 
Oficiais nas defesas contra agarramentos (mãos livres) e na defesa contra facas e armas de fogo. 
 Por sua vez, existe também um grupo de técnicas denominadas “Atemi-waza” que é um 
conjunto de técnicas que são aplicadas em determinadas regiões do corpo, ou seja, se refere à 
técnicas traumáticas aplicadas nos pontos vitais onde o lutador visa um ponto específico no corpo 
do adversário, para, quando o atingir, não ocasionar lesões, mas um desequilíbrio no seu fluxo de 
energia. 
 As técnicas de atemi-waza não podem ser utilizadas em competições devido ao grande 
risco de lesionar seriamente o adversário, pois são técnicas de auto-defesa nas quais os ataques 
são feitos em regiões vitais do corpo, a fim de infringir dor, inconsciência ou morte. Elas são 
 
6
 Kata é um sistema de movimentos preestabelecidos que ensina os fundamentos de ataque e defesa, os quais inclui 
técnicas para bater, chutar, apunhalar, dentre outras, além de usar os movimentos de arremessar e segurar o 
oponente. 
 
 
13 
empregadas apenas como último recurso, quando alguém corre o risco de vida, incapacidade ou 
for capturado. 
 Os níveis de ataque do atemi-waza no Judô são três: nível superior: da cabeça e pescoço 
(Jôdan); nível médio: do pescoço à cintura médio (Chûdan), e nível inferior: da cintura aos pés 
(Gedan). Os principais ataques visam os níveis superior e inferior, uma vez que os mesmos 
possuem uma maior capacidade de produzir danos imediatos ao adversário. Os ataques 
alternativos visamo nível médio (que também produzem danos consideráveis ao adversário, 
dependendo do ponto vital a ser atacado). 
 As técnicas de atemi-waza são ensinadas ao educando policial militar na forma de chutes, 
socos e pontos de pressão, sempre respeitando os limites legais da necessidade, 
proporcionalidade, legalidade e ética. 
 
CONCLUSÃO 
 
 Diante do que foi visto na literatura analisada, verificou-se, do ponto de vista físico, que o 
judô melhora a aptidão física do policial militar, trabalhando as capacidades físicas envolvidas 
durante o exercício da profissão. Do ponto de vista mental, estimula o controle emocional do 
policial, ensinando-o a escolher a melhor estratégia para solucionar os problemas do cotidiano, 
desenvolvendo também o domínio de seus comportamentos. 
No que se refere aos aspectos éticos, a prática do Judô influência o futuro oficial a ser um 
profissional pró-ativo, respeitoso consigo mesmo, com as regras da instituição e colegas de 
trabalho. Quanto aos fatores filosóficos-espiritual, a prática desta modalidade esportiva propicia 
princípios básicos para a auto-reflexão, fortalecendo seu interior para os desafios da vida. Por 
fim, do ponto de vista técnico, esta arte marcial traz um conjunto de técnicas úteis à defesa 
pessoal policial, capacitando-o a utilizar a força dentro dos limites legais. 
 Percebe-se uma identidade entre a profissão policial militar e o Judô, o que nos leva a 
entender que esta deve ser a arte marcial padrão nos cursos de formação de policiais. Prova disso 
é que no Estado do Ceará, os alunos do curso de formação de policiais, na disciplina de Defesa 
Pessoal, aprendem a utilizar golpes de defesa que misturam conhecimentos do Judô, tendo a 
oportunidade de aprender técnicas de defesa, sem utilização de armas letais, com objetivo de 
conter a pessoa que oferece resistência (SOUSA, 2008). 
 
 
14 
 Diante deste contexto, sugere-se o aumento da carga horária das disciplinas Judô I e II, 
uma vez que a carga horária atual de 90 horas-aula estabelecida pelo Centro de Educação é 
insuficiente para assimilação de todo o conteúdo, tendo em vista os benefícios e vantagens que a 
prática do Judô durante este curso oferece a formação dos oficiais militares do Estado da Paraíba. 
 
Referências 
 
FRANCHINI, Emerson. Judô: desempenho competitivo. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2010. 
 
Judô Tradicional Goshinjutsu. Disponível em: 
 <http://judotradicionalgoshinjutsukan.blogspot.com.br/2007/06/atemi-waza.html>.Acesso 
em: 05/08/2014. 
 
KANO, Jigoro, Judô Kodokan; publicado sob supervisão do Kodokan Editorial Committee; 
traduzido por Wagner Bull.-São Paulo: Cultrix, 2008; 
 
LOWRY, Dave. O dojo e seus significados: um guia para os rituais e etiqueta das artes marciais 
japonesas; tradução Jaqueline Sá Freire; supervisão geral de tradução Wagner Bull (6º dan de 
aikikai).- São Paulo: pensamento, 2011; 
 
LUSSAC, Ricardo Martins Porto. Os princípios do treinamento esportivo: conceitos, definições, 
possíveis aplicações e um possível novo olhar. Revista Digital efdeportes, Buenos Aires. 2008. 
Disponível em:<http://www.efdeportes.com/efd121/os-principios-do-treinamento-
esportivoconceitos-definicoes.htm>. Acesso em: 10 de agosto. 2014. 
 
MCARDLE, William D. Fisiologia do Exercício: nutrição, energia e desempenho humano/ 
William D. McArdle, Frank I. Katch, Victor L. Katch; traduzido por Giuseppe Taranto.- [Eimpr.] 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.il. 
 
MORAES, Fernanda Duarte De. A utilização dos princípios filosóficos do judô no cotidiano dos 
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