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1 CIRQUE DU SOLEIL Resenha Crítica de Caso Irisneide Alves de Lima Trabalho da disciplina de Psicologia na Segurança Com e Treinamento Tutor: Prof. Geórgia Gomes Vicente Fortaleza 2021 http://portal.estacio.br/ 2 CIRQUE DU SOLEIL Referências: DeLong, Thomas - J. Vijayaraghavan, Vineeta. Cirque Du Soleil. Harvard Business School, abril, 2006. O texto de DeLong e Vijayaraghavan descreve uma das maiores e mais bem- sucedidas companhias circenses e de entretenimento do mundo, o Cirque du Soleil. A narrativa discorre sobre: a história do circo, suas origens; o produto “Cirque du Soleil”; a ótica e a experiência de dois artistas sobre a companhia e suas diretrizes; o desafio de encontrar os artistas certos para cada papel; a experiência de um dos diretores, a “experiência dos funcionários”; a vida durante as turnês sob a ótica de três colaboradores; a experiência dos clientes e os “esforços” da companhia para atender suas demandas; a vida no escritório central; e os problemas e planos para o futuro, além de fatos, datas e números diversos sobre a companhia. É entendimento geral que o mundo foi impactado pelos espetáculos coloridos, acrobáticos e teatrais do “Cirque du Soleil”, mas nem sempre foi assim. De início humilde e despretensioso, com apenas 73 trabalhadores, em 1984, a realidade do circo mudou a partir de 2001, quando já contava com mais de 2.100 funcionários e já havia se apresentado para cerca de seis milhões de pessoas em todo o mundo. O crescimento vertiginoso da companhia suscitou o pensamento de que isso poderia abalar ou destruir o “espírito original do grupo”, pensamento que, em 1987 e 1988, inclusive deu início à uma breve rebelião dos artistas; a essência do Cirque era de uma companhia de rua, próxima do público, e os artistas tinham medo de perder esse sentido. Nesse contexto, a narrativa também nos traz a expansão dos produtos da companhia, como filmes, especiais de TV, e investimento em massa em publicidade e merchandising, abertura de lojas e a construção de seu primeiro complexo; difícil crescer sem mudanças. Chama atenção o entendimento dicotômico apresentado por dois funcionários do Cirque. Para um deles, acostumado com os espetáculos da Broadway e com salário superior ao que recebia no circo, a novidade do mesmo era a inovação do figurino e iluminação, embora reconhecesse que o espetáculo emocionava de forma única, circunstância que mudou sua própria visão do trabalho que ali realizava. Esse cenário confirma a ideia 3 generalizada de que o salário não é tudo, mas sentir-se valorizado, importante e necessário. O outro funcionário, ao contrário do primeiro, era um palhaço egresso das apresentações de rua, para quem “o Cirque era um sonho”. Crítico, o palhaço peruano não apreciava a forma da apresentação dos palhaços, mas valorizava a questão de ter passado a ganhar três vezes mais que antes de Le Cirque. Ou seja, valorização salarial também é importante. Grandes desafios se encontram em grandes investimentos! Muitos artistas eram ginastas ou acrobatas e foram treinados nas artes cênicas para extrapolar seus treinamentos tornando-se mais flexíveis e aptos em diversas artes. Além disso, chama a atenção o cuidado que a companhia demonstra com a qualidade de vida de seus funcionários, ajudando-os a superar a distância de seus lares e cultura, incluindo-os na comunidade circense, embora exijam que eles busquem seu próprio desenvolvimento e crescimento. O funcionamento do agora reconhecido e famoso Cirque du Soleil, segue o caminho dos maiores grupos de entretenimento do mundo, ou seja, quanto maior a complexidade e tamanho, maiores os problemas que surgem. No Cirque, essa complexidade também se refletia em saídas de funcionários ao fim do término das turnês (3 anos), principalmente devido ao distanciamento familiar ou à promoções negadas, realidade que a companhia tentava minimizar oferecendo pequenos luxos e cuidados personalizados. Descobrir que o Cirque Du Soleil possui programas de serviços sociais que ajudam crianças em situação de risco foi uma grata surpresa encontrada no texto. Essa e outras iniciativas, segundo uma ex-assistente de coreografia, agora diretora de arte, fazia com que a vida no circo tivesse uma aura mágica, também propiciando o contato e a intimidade com muitas pessoas, vencendo até mesmo a barreira da língua. Tomar conhecimento de que o circo tinha problema com contusões e os egos de seus artistas, embora seja algo que pensando bem é bastante comum, foi estranho. Normalmente não vemos os artistas como atletas, e é o que a maioria deles é. Assim, quando os artistas se contundem, há a necessidade de trocar por outro artista e de mudar estratégias, sempre tentando manter a essência e a reconhecida qualidade do espetáculo. Os artistas do Cirque du Soleil são ímpares, alguns, até prima-donas, o que torna emblemática, segundo o texto, a solicitação do manual de normas e condutas do Cirque pelo pessoal da Disney. Ao contrário da draconiana organização americana, o Cirque não conseguia e nem necessitava ditar normas de comportamento (modo de ser, pensar e se expressar) aos seus artistas. 4 Os objetivos do Cirque du Soleil em relação aos seus clientes não difere dos objetivos das grandes organizações mundiais de entretenimento, quais sejam: dar aos clientes uma experiência impactante e inesquecível. Mas o circo tinha suas próprias estratégias e restringia o número de apresentações de modo a gerar demanda não atendida, para voltar ao mesmo local noutra oportunidade e responder a uma grande demanda reprimida. Outra circunstância inusitada é a informação da inexistência de preocupação em atender aos desejos e “anseios” do público, diferentemente de qualquer outra empresa. O motivo? As sugestões dos clientes não eram percebidas como estando no mesmo patamar da criatividade de diretores, coreógrafos e artistas; além disso, o circo não abria mão de espetáculos grandiosos em prol de uma massificação de suas apresentações. Quanto à vida no lugar que, aqui no Brasil nos acostumamos a chamar de matriz da empresa (escritório central), faz-se muito interessante o cuidado que a empresa dedica à interação visual entre o pessoal administrativo e artistas ao dispor os escritórios fisicamente cercados pelos estúdios de treinamento. Esse trabalho no espírito de corpo faz com que os funcionários se sentissem importantes e valorizados, apoiando à diretoria em relação a não abrir o capital da companhia; a “alma” do Cirque era/é muito mais importante. A grandiosidade da companhia na atualidade, entretanto, justifica a sua complexidade administrativa. Muitas circunstâncias tinham que ser pensadas e pesadas, como a demanda pela diversificação dos produtos (construção de complexos de entretenimento), possibilidades de espetáculos menos grandiosos e de menor custo operacional, além de mais executivos de alto escalão, pois o medo de perder a essência do circo ainda era uma realidade muito presente. Além disso, paradoxalmente, a necessidade de a companhia ter que se reinventar, é demanda de seus próprios artistas, mais que dos clientes; os artistas precisavam se manter envolvidos e empolgados, e o constante agigantamento do Cirque du Soleil trazia problemas em relação à manutenção da qualidade. De forma geral, o texto traz uma ideia que sempre se repete nas falas e pensamentos de todos os seus colaboradores: o circo não pode perder sua essência original! Essa essência, contudo, não é apenas retórica, mas real, perceptivelmente presente e, acredito, razão do sucesso e magia do Cirque du Soleil.
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