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Gestão Estratégica de Negócios UN ID AD E 2 Metodologias Fonte: SST Net Nesta unidade serão abordadas e mostradas todas as metodologias e quais suas usabilidades de acordo com o modelo de negócio. No intuito de facilitar o seu aprendizado, esta unidade foi estruturada em cinco tópicos, a saber: T1. A Análise do Ambiente Interno e Externo (SWOT) T2. As Cinco Forças de Porter T3. A Estratégia do Oceano Azul T4. Balanced Scorecard T5. Planejamento por Cenários Ao final do estudo, você será capaz de: • Compreender as diversas metodologias de elaboração de um Planejamento Estratégico. Agora, vamos ao primeiro tópico! Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 2 2 T1 A Análise do Ambiente Interno e Externo (SWOT) A análise de ambiente interno e externo, mais conhecida como Análise SWOT, é uma das ferramentas mais utilizadas como base para a elaboração de um planejamento estratégico. Assim, a análise SWOT corresponde à identificação por parte de uma organização e de forma integrada dos fundamentais aspectos que distinguem a sua posição estratégica num determinado período, tanto em nível interno como externo (modo como a organização se relaciona com o seu meio ambiente). Esta análisE foi dEsEnvolvida por KEnnEth andrEws E roland ChristEnsEn, dois profEssorEs da harvard BusinEss sChool. A Análise sWOT deve ser feiTA e inTerpreTAdA de fOrmA inTegrAdA, cOnjugAndO Os elemenTOs dA Análise inTernA e exTernA. Fo n te : W o rd p re ss 3 Unidade 02 Metodologias Tal análise de ser feita de forma a que o diagnóstico que dela deriva seja viável e constitua uma fonte de informação e suporte adequada às necessidades da gestão estratégica, que se ocupa das disposições que vão descrever o futuro a médio e longo prazo da organização. O ambiente interno é aquele que pode ser controlado pelos gestores da organização, já que ele é o resultado de estratégias de atuação defi nidas pela própria empresa. Desta forma, quando se percebe um ponto forte na análise, deve-se destacá-lo ainda mais; quando se percebe um ponto fraco, devemos agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito. Já o ambiente externo é aquele que está completamente fora do domínio da organização. Isso não signifi ca que não seja benéfi co conhecê-lo. Apesar de não ser controlável, ele pode ser monitorado, visando aproveitar as oportunidades da maneira mais ágil e efi ciente, e impedir as ameaças enquanto for possível. Etapas da Análise SWOT Para melhor entendimento, as etapas da análise SWOT serão descritas separadamente por análise externa e análise interna. Vamos conhecer cada uma delas! análise Externa Quando se fala de análise externa na análise SWOT, que tem como objetivo a identifi cação das principais oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) que num determinado momento se mostram diante da organização, pode-se dizer que a sua importância está associada à necessidade de, dentro do possível, os gestores e outros responsáveis anteciparem eventuais desenvolvimentos futuros que possam ter maior ou menor impacto futuro nessa mesma organização. A avaliação do ambiente externo costuma ser decomposta em duas partes: • Ambiente geral ou macroambiente: nível externo que afeta todas as indústrias, embora de modo distinto; • Ambiente da indústria ou competitivo: diz respeito a todos os concorrentes próximos e é tratado na análise de Porter, que será abordada na próxima unidade. Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 4 Na prática, isso signifi ca que alterações que estão totalmente fora do controle da organização podem afetar (positiva ou negativamente) seu desempenho e sua forma de atuação. As mudanças no ambiente externo sempre afetam de maneira homogênea todas as organizações que atuam numa mesma área geográfi ca e num mesmo mercado e, desta forma, representam oportunidades ou ameaças iguais para todo mundo. Uma organização que perceba que o ambiente externo está mudando, e que tenha agilidade para se adaptar a esta mudança, aproveitará melhor as oportunidades e sofrerá menos as consequências das ameaças. Por isso, a análise do ambiente externo é tão importante. análise das oportunidades no ambiente Externo As oportunidades são ocasiões externas à empresa que podem acontecer e infl uenciar positivamente no negócio. Estes fenômenos normalmente estão fora do domínio da empresa, mas existe uma chance de eles ocorrerem. As oportunidades são muito parecidas com ideias do tipo “se isso acontecer, vai ser muito bom”. E, apesar de elas estarem fora do controle da empresa, deve haver uma preparação ínfi ma para o fato de ela ocorrer. Quando oCorrE uma mudança na lEGislaçÃo, por EXEmplo, todas as orGaniZaçÕEs sÃo afEtadas.Fo n te : P o rt al d o C o o p e ra tiv is m o a EmprEsa prECisar Estar atEnta Às oportunidadEs EXtErnas Fo nt e : F re e p ik 5 Unidade 02 Metodologias Vejamos alguns exemplos de fatores de oportunidades: • Uma legislação nova - Desenvolver um produto exclusivo para atendê-la; • Surgimento de um novo curso - Planejar para os colaboradores terem acesso a ele; • A concorrência precisa de ajuda – Efetuar uma fusão ou aquisição; • Ter acesso a uma nova tecnologia - Esquematizar uma nova linha de produtos; • Algum produto complementar a um já lançado - Buscar parceria estratégica de marketing. análise das ameaças no ambiente Externo As ameaças são ocasiões externas à empresa que podem atrapalhar o negócio. Assim como as oportunidades, estão fora do domínio da instituição, mas sabe- se que existe uma possibilidade de acontecerem. Alguns exemplos são: 1) Entrada de um concorrente internacional no setor; 2) Pirataria dos seus produtos; 3) Alteração na legislação do setor; 4) Falta de mão de obra qualificada; 5) Calamidades naturais/guerras. As ameaças podem ser traduzidas pelos receios que existem por parte da gestão da empresa. Igualmente às oportunidades, deve-se pensar, mesmo que por alto, em maneiras de abrandá-las. Seguem exemplos: 1) Entrada de um concorrente internacional no setor - Efetuar contratos de longo prazo com fornecedores; 2) Pirataria dos seus produtos - Estratégias para usar o marketing gratuito causado; 3) Alteração na legislação do setor - Desenvolver um produto exclusivo para atendê-la; 4) Falta de mão de obra qualificada – Desenvolver um curso de capacitação próprio; 5) Calamidades naturais/guerras - Ter planos alternativos e procurar novos mercados. diantE das amEaças dEvE-sE BusCar manEiras dE aBrandá-las. Fo nt e : C yg n u s Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 6 A análise do ambiente externo acaba tendo um nível de subjetividade alta, pois chega a abordar fatores do futuro que podem ou não vir a ocorrer. Para não ser contestada ou até descredibilizada, é importante que ela seja feita em conjunto com uma análise realista de riscos. Analise-se a probabilidade de ocorrência do fato e também uma estimativa de impacto deste fator. Esta análise será de extrema importância para guiar a escolha dos pontos que serão trabalhados dentro do plano estratégico. análise interna A análise SWOT propõe a identifi cação dos principais pontos fortes (Strengths) e pontos fracos (Weaknesses) caracterizadores da organização num determinado instante. Uma coisa é entender que o ambiente externo está mudando, outra, é ter competência para adaptar-se a estas mudanças (aproveitando as oportunidades e/ou enfrentando as ameaças). A importância da identifi cação das forças e das fraquezas é particularmente signifi cativa para os fatores mais diretamente relacionados com os fatores críticos de sucesso da organização em questão. É também importante citar que a consideração de uma determinada característica da empresa como força ou fraqueza é sempre relativa e potencialmente alterável, designadamente na medida em que se podem averiguar ao longo do tempo alterações importantes ao nível da concorrênciae do seu comportamento. A correta listagem das suas forças e fraquezas dá à organização elementos importantes no que se refere à sua orientação estratégica, que tenderá naturalmente a tirar o maior partido possível das forças e a minimizar as fraquezas. da mEsma manEira QuE oCorrE Em rElaçÃo ao amBiEntE EXtErno, o amBiEntE intErno dEvE sEr monitorado pErmanEntEmEntE.F o nt e : E fi c ac ia C o n su lt o ria E m p re sa ria l 7 Unidade 02 Metodologias análise das forças no ambiente interno As forças são elementos internos que trazem benefícios para o seu negócio, pontos fortes. Outra maneira de pensar sobre isso é imaginar os dados que estão sob o seu controle, ou seja, você consegue decidir se mantém ou não a situação. São praticamente infi nitas as forças que podem ser elencadas em um negócio, mas é importante focar no que realmente faz a diferença e, também, elementos que possam ser trabalhados. Vejamos alguns exemplos: 1) A união da equipe - Armar um sistema de remuneração integrado; 2) Uma certa quantidade de ativos (imóveis, equipamento moderno etc.) - Capitalização barata; 3) Localização distinta - Focalizar em estratégias de marketing no local; 4) Relacionamentos estratégicos - Segmentar planos para esse público que se tem acesso; 5) Padrão de cobrança - Preços mais competitivos ou economias no estoque. análise das fraquezas no ambiente interno As fraquezas são elementos interiores que atrapalham o negócio, ou seja, os pontos fracos. De maneira complementar às forças, são aquelas propriedades dentro do seu controle, mas que não se amparam na realização da missão. Fo nt e : Q u o ru m B ra si l faZ-sE uma análisE swot nÃo apEnas para rEflEtir, mas para ElaBorar um plano dE açÃo. Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 8 Novamente, o interessante é buscar ações para suavizar essas fraquezas. Vejamos alguns exemplos com ações para amenizar as fraquezas: 1) Produto altamente perecível - Efetuar uma precifi cação amigável à troca e retorno ao ponto de venda; 2) Matéria-prima insufi ciente - Mudar de matéria-prima ou assumir um posi- cionamento de luxo; 3) Equipe pouco qualifi cada - Desenvolver produtos simplifi cados ou mudar o procedimento para aproveitá-los; 4) Tecnologia superada - Comercializar a estrutura para outras empresas; 5) Procedimento de entrega lento - Deixar o próprio cliente efetuar a retirada do produto com “megadesconto”. Matriz SWOT Após o levantamento das oportunidades, ameaças, pontos fortes fracos, a matriz poderá ser populada conforte imagem a seguir: Ressalta-se que, embora a construção da matriz seja feita por meio de um brainstorming: É necessário que sejam levantados fatos, dados e evidências que sustentem e confi rmem as hipóteses levantadas. Fo n te : O ct ra loGiCamEntE, É importantE sair do amBiEntE Comum Como “falta dE dinhEiro - oBtEr mais dinhEiro”. 9 Unidade 02 Metodologias Além da SWOT, outras metodologias serão abordadas nesta unidade, mas esta análise, caso feita de forma correta, mesmo sendo a única fonte, já é capaz de proporcionar à organização os insumos necessários para a construção de um plano estratégico efi caz. Vamos em frente! As Cinco Forças de Porter A livre concorrência resulta em maximização da exigência do consumidor e da sociedade. Contudo, o ponto de vista de investimentos é o do fabricante, cuja exigência é minimizada nestas condições, uma vez que a situação ideal para este é a inversa, a de um monopólio não regulamentado. Mediante este cenário, a análise que se tornou predominante é o modelo de Porter, conhecido como Modelo das Cinco Forças de Porter. O modelo recebe este nome por ter sido proposto por Michael Porter, um dos mestres da administração moderna, que tem como principal objetivo: Deixar claro para os gestores como cada elemento de um mercado pode infl uenciar, de forma positiva ou negativa, o seu próprio negócio. Michael Porter (1989) defende que uma empresa, para conseguir competir num determinado segmento estratégico, ou indústria (terminologia adotada por Porter), deve decidir a sua estratégia, com base no conhecimento da estrutura do setor de atividade em que compete e na perfeita identifi cação do público-alvo. T2 a atratividadE dE um invEstimEnto Está, assim, invErsamEntE rElaCionada Com a intEnsidadE das forças CompEtitivas. Fo nt e : W o rt hw h ile Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 10 Este modelo é também aplicado a empresas com vários negócios, implicando estratégias distintas, onde se torna imprescindível formular estratégias para cada uma das diferentes unidades de negócios, as quais devem ser lógicas e consistentes com a estratégia global da companhia. Mas, quando na formulação da estratégia global da organização, se apresenta o problema de estabilização na distribuição e da escassez dos recursos globais disponíveis, o que pode passar por deixar de investir num negócio já existente ou entrar num novo negócio, ao nível da unidade estratégica de negócios, a questão fundamental é determinar como competir num determinado setor de atividade. Cinco Fatores de Análise A caracterização de uma indústria, do ponto de vista estratégico, realiza-se pela caracterização dos fatores de competitividade determinantes da estrutura dessa indústria, da sua evolução e das relações que se estabelecem entre eles. Porter aponta cinco fatores, que são chamados de as cinco forças competitivas: O assunto relativo à rivalidade no mercado consiste na análise interna do setor, às oportunidades e ameaças que lhe são intrínsecas. No poder de barganha dos fornecedores e dos clientes deve-se proceder com uma análise externa relacionada com o setor, que em conjunto com a análise interna explica o sistema de valor atualmente existente na atividade da empresa. Nos pontos restantes pretende-se fazer uma análise externa, não relacionada diretamente com o setor, e que em conjunto com a rivalidade entre as empresas evidencia as ameaças e oportunidades futuras da indústria. As empresas devem se posicionar de forma a ajustar as suas capacidades à situação do mercado, a qual é caracterizada pela importância relativa das cinco variáveis descritas. EstE modElo aprEsEnta um notávEl dinamismo na distinçÃo dE uma indÚstria. Fo nt e : N ov o N e g ó ci o 11 Unidade 02 Metodologias a importância do Conceito de valor na análise O posicionamento do negócio, ou seja, a forma como o cliente vê o produto em relação à concorrência em termos de qualidade e preço, pode levar a empresa a concorrer com base em preços reduzidos (porque tem a liderança em custos) ou, pelo contrário, em preços mais elevados para evidenciar uma diferenciação. Isto se o cliente estiver disposto a pagar mais por um produto que considera diferente e ao qual atribui maior valor, por achar que melhor satisfaz as suas necessidades. O conceito de valor é essencial nesta análise, porque representa o montante que os clientes estão dispostos a pagar para terem acesso a um produto ou serviço com os atributos que melhor atendam às suas necessidades. Lembre-se de que a análise de Porter não deve ser encarada de modo geral e abstrato, mas dirigida para uma decisão de investimento sólida, por uma empresa específi ca, com horizonte temporal e momento de decisão determinado, relativa a um negócio característico num contexto geográfi co bem determinado. Para uma empresa que vai entrar num novo negócio, a preocupação essencial é como extrapolar as barreiras de entrada, e como, posteriormente, criar barreiras à entrada de novos concorrentes. Assim, se o negócio for defi nido de modo restrito, terá uma concorrência direta e limitada, mas ameaças elevadas de entrada e/ou produtos substitutos, passando para o contrário, caso o negócio seja defi nido de modo muito genérico. analisar o ConCEito dE valor É EssEnCial para diriGir uma dECisÃo dE invEstimEnto sÓlida Fonte: OprimoricoGestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 12 Por isso, a importância do uso do modelo Cinco Forças de Porter com intuito de analisar o ambiente competitivo em que a organização está enquadrada, cabendo, assim, uma análise nos fatores apontados por Porter na distinção de uma indústria. Conheceremos a seguir cada fator apontado por Porter. Vamos em frente! rivalidade das Empresas na indústria (entre os Concorrentes diretos) A rivalidade é resultante de um contexto em que os concorrentes procuram agir abertamente sobre os clientes, por meio de medidas enérgicas de captação em curto prazo desses clientes. Geralmente, um contexto de grande rivalidade conduz a um conjunto de interações que arruínam a rentabilidade do mercado, reduzindo as margens de lucro. Em geral, a rivalidade, ou pressão competitiva, entre concorrentes diretos é mais elevada quando: • o número de concorrentes é elevado e os poderes são idênticos; • o mercado tem crescimento baixo; • existem custos fi xos ou de armazenamento elevados; • os produtos dos diferentes concorrentes são pouco distintos entre si e/ou os clientes podem mudar de fornecedores a baixos custos; • concorrentes com estratégias, objetivos e culturas parecidas; • existem difi culdades para a saída de empresas; • tradições de mercado pouco ortodoxas. Uma grande rivalidade numa indústria é infl uenciada pela gestão direta dos concorrentes em disputa; no entanto, as principais causas são objetivas e geralmente exteriores à vontade e capacidade de gestão das empresas. Esta Etapa É rEsponsávEl por analisar a atividadE E aGrEssividadE dos ConCorrEntEs dirEtos do niCho Em QuE a EmprEsa atua Fo nt e : G ro u p e E S D I 13 Unidade 02 Metodologias poder de Barganha dos fornecedores O conceito de fornecedor designa aqui fonte de inputs de qualquer tipo, sendo o seu poder potencialmente elevado quando: • existe um número limitado de fornecedores; • não existem produtos substitutos para a matéria-prima; • os compradores deste mercado são pouco importantes para os fornecedores; • os produtos abastecidos são muito importantes para o comprador; • custos elevados na alteração de fornecedor. Um elevado poder de barganha dos fornecedores constitui um importante fator de estrangulamento à rentabilidade da indústria, sendo um parâmetro restritivo de atratividade. Assim, torna-se indispensável estudar os fatores que o determinam. Estes se agrupam em resultantes do método tecnológico e em consequências externas ao mercado. As principais informações de negociação são o produto e a entrega, devido ao peso decisivo no preço fi nal e a exclusividade por parte do fornecedor. poder de Barganha dos Clientes É uma situação simétrica à do poder de barganha dos fornecedores, considerando que o poder dos clientes é em geral elevado quando: • a indústria cliente é mais agrupada que a dos seus fornecedores; • as compras são feitas em grande escala; • os produtos adquiridos têm baixa distinção (o poder dos clientes aumenta); • os clientes detêm muita informação sobre alternativas de mercado; • os clientes têm alta sensibilidade ao preço do produto adquirido. O poder de barganha dos clientes não depende apenas de causas objetivas, relacionadas com o ponto anterior; há outro fator de relevância primordial, a maior ou menor vontade do cliente em fazer exercer o seu poder, ou seja, em fazer uma escolha mais ponderada e frequente do seu fornecedor, evitando a fi delidade. Sobre este anseio atua a sua sensibilidade ao preço, por isso, analisar os determinantes do poder de barganha do cliente é estudar sobretudo os determinantes de uma maior ou menor sensibilidade ao preço. As empresas têm a possibilidade de escolher os seus clientes por meio da segmentação de marketing, com o objetivo de selecionar clientes menos poderosos, isto é, menos sensíveis ao preço. Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 14 Portanto, uma segmentação criteriosa dos clientes, preservando objetivos de autonomia a longo prazo, pode ser muito efi caz tanto à economia, quanto à rentabilidade. Então, o principal elemento de negociação é o preço, direto e indireto, devido ao peso decisivo no rol de clientes e à facilidade de substitutivos no mercado. ameaça de Entrada de novos Concorrentes Este ponto é provavelmente o mais crítico, refl etindo a natureza dos fatores competitivos fundamentais do negócio, assumindo, em essência, barreiras de entrada de novos concorrentes no mercado. Engloba desde fatores ligados a custos, a fatores de valor superior, como a diferenciação. Vejamos alguns deles: • economia de escala e curva de experiência; • diferenciação dos produtos; • condições de capital; • custos de alteração de fornecedor por parte dos clientes; • acesso a canais de distribuição; • desvantagens de custo independentes da escala. Esta força CompEtitiva tEm a vEr Com o podEr dE dECisÃo dos CliEntEs soBrE os atriButos do produto, prinCipalmEntE Quanto a prEço E QualidadE. Fo n te : S u ce ss o e m V e n d as a amEaça É alta Quando a EConomia dE EsCala É BaiXa, o Capital nECEssário É BaiXo, a difErEnCiaçÃo dE produtos É pEQuEna, EntrE outros. Fo nt e : V G N ew s 15 Unidade 02 Metodologias A entrada de novos concorrentes no mercado terá efeito imediato, diminuindo a procura disponível para os concorrentes instalados e consequentemente elevando o nível de rivalidade. A inovação tecnológica pode ser o fator decisivo do novo concorrente para agir sobre o novo mercado. Pois um novo processo tecnológico, quer de produção, quer de comercialização, pode tornar obsoletas as barreiras de entrada criadas na indústria e inverter as condições decisivas de retaliação. Os principais elementos de entrada são os fatores: acessível e imitável, devido à inexistência de barreiras à entrada e à atratividade presente ou esperada. ameaça de produtos substitutos A existência de produtos substitutos deve ser considerada dentro do horizonte temporal do projeto de investimento, e os produtos substitutos devem ser considerados sob ponto de vista do cliente, e não sob o ponto de vista da indústria. Todas as indústrias estão sob pressão de produtos ou serviços substitutos, o que constitui uma limitação à rentabilidade do mercado tanto no curto como no médio prazo. Sendo assim, uma maior pressão de substitutos conduz a uma menor atratividade do mercado. Os fatores da maior ou menor pressão de substitutos dependem do estado de evolução da indústria produtora de substitutos e do comportamento habitual do consumidor. Os principais elementos de entrada de substitutos são as novas tecnologias e novos conceitos, pela substituição de tecnologia e conceitos superados, o que conduz a potenciais de acréscimo de margens. os produtos suBstitutos dEvEm sEr ConsidErados soB ponto dE vista do CliEntE Fonte: Fulfi lmente Logistics UK Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 16 resumo das Cinco forças de porter A análise das forças de Porter é utilizada principalmente para redirecionamento completo da estratégia de negócios e está muito ligada à atividade-chave da empresa. É muito utilizada no momento da criação de um negócio e também como insumo para a estratégia do Oceano Azul. Para gerar valor, a direção da empresa precisa estar aberta a novos rumos e aceitar que o cenário do setor pode não ser o desejado. As empresas que mais tiveram sucesso na utilização desta metodologia também estavam constantemente medindo de forma quantitativa o poder destas forças. A Estratégia do Oceano Azul Imagine um universo de mercado composto de dois tipos de oceanos – Oceanos Vermelhos e Oceanos Azuis. Oceanos Vermelhos Oceanos Azuis • Representam todos os setores hoje já existentes, espaço de mercado experimentado. • Os alcances setoriais são defi nidos e aceitos, e as regras competitivas do jogo são de conhecimento de todos. • Compreendem todos os setores nãoexistentes hoje, espaço de mercado desconhecido. • Ambientes de mercado inexplorados, pela concepção de demanda e pelo crescimento lucrativo, e as regras do jogo ainda não estão determinadas. Grande parte dos Oceanos Azuis ainda não foi mapeada. O foco predominante dos trabalhos sobre estratégia nos últimos 25 anos concentrou-se nos Oceanos Vermelhos da competição exasperada. Quer entender um pouco mais? Clique no link abaixo para assistir ao vídeo animado “5 Forças de Porter”, produzido pela Instituição Líder Atual, e conheça os fatores competitivas que moldam a estratégia de negócios. h t t p s : // w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=MaCmtkVqtdI saiba mais? T3 17 Unidade 02 Metodologias Qual foi o resultado da concentração nos Oceanos Vermelhos? O resultado foi o desenvolvimento de informação muito bom sobre: • como competir com destreza em águas escarlates; • escolher um estilo estratégico de baixo custo, • distinção ou no foco; e • comparar-se de maneira contínua e metódica com os concorrentes. Já se comenta sobre Oceanos Azuis. No entanto, conta-se com pouca orientação técnica sobre como criá-los. Sem modelos analíticos para desbravar Oceanos Azuis e sem princípios consistentes sobre como gerenciar o risco de maneira efi caz, a criação de Oceanos Azuis continua sendo mera ilusão, vista como ousada demais para ser perseguida como estratégia. História do Oceano Azul Embora nesse sentido o termo Oceanos Azuis seja novo, sua existência é antiga, antes mesmo da existência de indústrias básicas ou até mesmo de serem embrionárias. O conceito da estratégia do Oceano Azul foi criado por dois pesquisadores, W. Chan Kim e Renée Maiborgne, após a realização de uma grande pesquisa envolvendo mais de 150 movimentos estratégicos ocorridos em mais de 30 indústrias ao longo de 120 anos (1880-2000), que chegaram à seguinte conclusão: As empresas, em vez de competir com concorrentes, poderiam focar em novos mercados. Contudo, o foco predominante do pensamento estratégico tem convergido para as estratégias do Oceano Vermelho. Parte da explicação é que as raízes da estratégia empresarial sofrem intensa infl uência da estratégia militar. Com a EstratÉGia do oCEano aZul o foCo É a aptidÃo dE Criar novos Espaços dE mErCado inEXplorados. Fonte: Blog Agendor Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 18 Concentrar-se nos Oceanos Vermelhos é aceitar os principais fatores limitativos da guerra – território limitado e necessidade de vencer o inimigo para atingir os objetivos – e negar a energia diferenciadora do mundo dos negócios: a aptidão de criar novos espaços de mercado inexplorados. Impacto da Criação de Oceano Azul Foi quantifi cado o impacto da criação de Oceanos Azuis sobre o crescimento das empresas em termo de receita e de lucro por meio de um estudo sobre lançamentos de novos negócios por 108 empresas. Foi constatado que 86% dos lançamentos foram expansões de linha, ou seja, melhorias incrementais dentro do Oceano Vermelho dos espaços de mercado inexistentes. No entanto, esses casos responderam por apenas 62% da receita total e por nada mais que 39% do lucro total. Já os remanescentes 14% dos lançamentos, destinados à criação de Oceanos Azuis, geraram 38% da receita total e nada menos que 61% do lucro total. Embora não tenhamos dados sobre os indicadores de sucesso das iniciativas em Oceanos Vermelhos e em Oceanos Azuis, as diferenças de desempenho total entre elas são acentuadas. Empresa como Unidade de Negócio nos Oceanos Azuis? Várias são as forças indutoras do imperativo crescente de criar Oceanos Azuis. A rapidez dos avanços tecnológicos gerou aumentos substanciais na produtividade das divisões e criou condições para o provimento de um nível sem precedentes de produtos e serviços. O resultado é que, cada vez em mais setores, a oferta é maior do que a demanda. Embora a oferta esteja em alta, à medida que se aviva a competição Fo n te : n ap ra tic a. o g r Fonte: Destino Negócio 19 Unidade 02 Metodologias global, não há provas claras do aumento da demanda mundial, e algumas estatísticas até apontam para diminuições demográfi cas em muitos mercados desenvolvidos. Estudos setoriais recentes sobre grandes marcas americanas confi rmam a disposição, ao revelarem que nas principais categorias de produtos e serviços as alternativas estão fi cando mais semelhantes e, em consequência, a preferência dos produtos se baseia cada vez mais no preço. Tudo isso sugere que o ambiente de negócios tradicional, no qual grande parte das investidas sobre estratégia e gestão se desenvolveu no século XX, está desaparecendo em ritmo cada vez mais ligeiro. assim, como poderá criar oceanos azuis? Como uma empresa será capaz de atravessar os limites do Oceano Vermelho da competição sangrenta? Será que existe uma abordagem sistemática para conseguir e sustentar alto nível de desempenho? Em busca de uma resposta, nosso primeiro passo foi defi nir a unidade fundamental de análise da nossa pesquisa. A literatura de negócios geralmente adota a empresa como unidade básica de análise. No entanto, nossa pergunta foi: Será que existem empresas “excelentes” ou “visionárias” duradouras, que superam continuamente a performance média do mercado e instituem reiteradamente Oceanos Azuis? O best-seller “Vencendo a crise” foi publicado 20 anos atrás, e dois anos depois de seu lançamento, várias das empresas pesquisadas começaram a cair no esquecimento. E, ainda, dois terços das empresas identifi cadas como modelo em “Vencendo a crise” perderam sua posição entre as líderes setoriais cinco anos depois da publicação do livro. “EmprEsa” Como unidadE BásiCa dE análisE; porÉm, pErCEBE-sE QuE Esta nÃo É unidadE dE aprECiaçÃo adEQuada para invEstiGaçÃo Fonte: Freepik Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 20 O livro “Feitas para durar” seguiu o rastro de “Vencendo a crise”. Seu propósito foi descobrir “técnicas bem-sucedidas das companhias visionárias” que apresentavam histórico duradouro de desempenho elevado. Contudo, as empresas destacadas em “Feitas para durar” revelaram carências. Segundo o livro “Destruição criativa”, boa parte do sucesso atribuído a empresas em “Feitas para durar” explica-se mais pela performance do setor do que pelo desempenho das empresas em si. Se, de fato, nenhuma empresa adota alto desempenho perpétuo e se a mesma empresa pode ser intensa hoje e desastrosa amanhã, parece que “empresa” não é unidade de apreciação adequada para investigação das causas básicas do alto desempenho e das origens do Oceano Azul. Movimento Estratégico como Unidade de Negócio nos Oceanos Azuis Vimos que parece que nem “empresa” nem “setor” são as melhores unidades de análise para o estudo das causas básicas do crescimento vantajoso no futuro. Segundo análise de Kim e Mauborgne (2005), o estudo revela que o movimento estratégico é a unidade de análise adequada para explicar a criação de Oceanos Azuis e conservação de alto desempenho. Movimento estratégico é um conjunto de decisões e ações gerenciais que resultam em importantes produtos e serviços capazes de criar novos mercados (ANDRES et al 2008, p. 6 apud KIM; MAUBORGNE, 2005). Os movimentos estratégicos analisados envolvem grandes histórias de crescimento lucrativo, assim como relatos estimulantes de oportunidades perdidas por empresas que fi caram à deriva em Oceanos Vermelhos. Foram estudados mais de 150 movimentos estratégicos entre 1880 e 2000, em mais de 30 setores, e analisados com minúcias os atores relevantes em cada um desses casos. O estudo sobre mais de 30 setores confi rma que nem o setor nem os atributos organizacionais eram capazes de explicar as oposições entre os dois grupos. A análise não identifi cou nenhuma empresa e nenhum setor que se pautasse pela excelência eterna, mas sim um padrão comum e constante entre os movimentos estratégicos para criação e exploraçãode Oceanos Azuis. Fonte: Careerist 21 Unidade 02 Metodologias Inovação de Valor: a pedra angular da estratégia do Oceano Azul O que distinguiu os vencedores dos perdedores na criação de Oceanos Azuis foi a maneira de enfrentar a estratégia. As empresas perdedoras adotaram uma abordagem convencional, empenhando-se para construção de atitudes defensáveis. Por outro lado, as empresas criadoras de Oceanos Azuis não apelaram aos concorrentes como paradigmas. Em vez disso, adotaram lógicas estratégicas diferentes, que denominamos inovação de valor. A inovação de valor atribui o mesmo destaque ao valor e à inovação. Valor sem inovação tende a concentrar-se na criação de valor em escala incremental, algo que aumenta valor, mas não é satisfatório para sobressair- se no mercado. Inovação sem valor tende a ser movida à tecnologia, gerando pioneirismos ou futurismos que talvez se posicionem além do que os compradores estejam dispostos a aceitar e a comprar. A inovação de valor é uma nova maneira de raciocinar sobre a execução da estratégia, que resulta na concepção de um novo espaço de mercado e na quebra com a concorrência. valor para Empresa quanto para os Compradores A criação de Oceanos Azuis incide em reduzir os custos e, ao mesmo tempo, aumentar o valor para os compradores. Esse é o estilo como se empreende um salto de valor tanto para a empresa quanto para os compradores. Em contraste, outras inovações, como as de produção, ocorrem no nível dos subsistemas, sem impactar a estratégia universal da empresa. As inovações na metodologia de produção, por exemplo, podem reduzir a estrutura de custos da empresa para reforçar a estratégia de liderança de custo vigente, sem transformar a proposta de conveniência de suas ofertas. Fo nt e : I m ag e n sL iv re s Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 22 Evidentemente, nunca se pode falar em estratégia sem risco. A estratégia sempre envolverá oportunidades e risco, seja uma ação de Oceano Vermelho, seja uma iniciativa de Oceano Azul. Mas, hoje, o campo de jogo ainda está muito desequilibrado devido à existência de diversas ferramentas e modelos analíticos com a intenção de viabilizar o sucesso em Oceano Vermelho. Enquanto isso for verdade, os Oceanos Vermelhos continuarão a dominar a agenda estratégica das empresas, mesmo que os mandatórios de negócios para a criação de Oceanos Azuis sejam cada vez mais urgentes. Talvez isso explique por que, não obstante as exortações precedentes para que as empresas avancem além dos espaços setoriais existentes, as empresas em geral ainda não se comprometeram com seriedade na observância dessas sugestões. matriz de avaliação de valor A matriz de avaliação de valor é tanto uma ferramenta de diagnóstico como um modelo para o desenvolvimento de uma estratégia sólida de Oceano Azul. Dois são os seus propósitos • captar a situação atual no espaço de mercado conhecido; e • saber o que os compradores recebem como clientes de qualquer das ofertas competidoras existentes no mercado. Para posicionar uma empresa em um caminho crescente e lucrativo dadas essas condições setoriais, imitar os concorrentes e tentar superá-los, oferecendo um pouco mais por um pouco menos, não dará resultados. É até possível que as vendas subam, mas difi cilmente arrastará a empresa a desbravar novo espaço de mercado inexplorado. na matriZ dE avaliaçÃo dE valor do sEtor, a EmprEsa dEvE ComEçar Com a rEoriEntaçÃo dE sEu foCo EstratÉGiCo Fo nt e : G ru p o L M 23 Unidade 02 Metodologias Com o propósito de mudar essencialmente a matriz de avaliação de valor do setor, a empresa deve começar com a reorientação de seu foco estratégico: De concorrentes para domínios alternativos, e de clientes para não clientes do setor. Como reconstruir os Elementos de valor? A fi m de reconstruir os elementos de valor para o comprador, na elaboração de uma nova curva de valor, desenvolvemos o modelo das quatro ações: A primeira pergunta força a empresa a considerar a eliminação de atributos de valor, que há muito tempo servem de base para a concorrência no setor. A segunda pergunta força a empresa a examinar se existe excesso nos atributos dos produtos e serviços oferecidos. No esforço de imitar e superar a concorrência. A terceira pergunta leva a empresa a identifi car e a corrigir as limitações que o setor impõe aos clientes. A quarta pergunta ajuda a empresa a descobrir fontes inteiramente novas de valor para os compradores, buscando criar novas demandas e mudar a estratégia de preços do setor. O resultado da aplicação do modelo das quatro ações à matriz de avaliação de valor do setor é a descoberta de novos aspectos na leitura de velhas verdades não questionadas. Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 24 Balanced Scorecard O Balanced ScoreCard (BSC) traduz a missão e a estratégia da empresa em um conjunto abrangente de conceitos de performance que serve como base para um sistema de gestão estratégica. O que é BSC? É uma ferramenta empresarial que traduz a missão e a estratégia da organização por meio de um conjunto coerente de medidas de desempenho, que propicia a formação de uma estrutura de medição estratégica e de um efi ciente sistema de gestão. Além disso, ele cria uma estrutura, uma linguagem para comunicar a missão e a estratégia, e utiliza indicadores para informar os funcionários sobre os vetores do sucesso atual e futuro (KAPLAN; NORTON, 1997). Qual a importância do BsC para as Empresas? Enfatizando a importância do BSC para as empresas, Kimura e Suen (2003) colocam que por meio dele é possível identifi car o desempenho empresarial, considerando os resultados de rentabilidade e custos, assim como os indicadores de atendimento das necessidades dos clientes, de efi ciência de processos internos e de potencial de aprendizado e crescimento da organização. T4 ele mede O desempenHO OrgAniZAciOnAl sOB QuATrO ÓTicAs de fOrmA BAlAnceAdA: finAnceirA, clienTe, prOcessOs, AprendiZAdO. TrATA se de umA meTOdOlOgiA Que ligA As ATividAdes de curTO e As de lOngO prAZO cOm A visÃO, A missÃO e A esTrATÉgiA dA empresA, mediAnTe esTABelecimenTO de meTAs mensuráveis. 25 Unidade 02 Metodologias Medidas de Desempenho do BSC A abordagem do BSC provê uma comunicação clara sobre o que as empresas deveriam mensurar para equilibrar a perspectiva fi nanceira. É um sistema de gestão - não apenas um sistema de medidas - que habilita as empresas a esclarecer sua visão e estratégia e explaná-las em ações. O BSC vai além de medidas imediatistas, revelando visivelmente os vetores de valor para uma performance fi nanceira e competitiva superior e para o futuro. Os executivos precisam reconhecer esses fatores do sucesso a longo prazo, cujos objetivos e medidas empregadas no BSC não se limitam a um conjunto de performance fi nanceira e não-fi nanceira, mas derivam de um processo hierárquico de cima para baixo norteado pela missão e estratégia, traduzida em objetivos e medidas tangíveis. O Que as Medidas Representam? As medidas representam o equilíbrio entre indicadores externos, voltados para acionistas e clientes, e as medidas internas dos processos críticos de negócios, inovação, aprendizado e crescimento. Há um equilíbrio entre as medidas de resultado passado e futuro. As medidas de desempenho utilizadas pelo BSC distribuem-se em quatro perspectivas diferentes e representam a estrutura do modelo. São elas: fi nanceira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento. O BSC indica que a empresa seja vista a partir destes aspectos e, para desenvolver medidas, colete dados e os pondere sobre o prisma de cada aspecto. Veremos a seguir cada uma das quatro perspectivas medidas pelo BSC! Vamos em frente! as mEdidas dE dEsEmpEnho utiliZadas pElo BsC EsClarECEm a visÃo E EstratÉGia da EmprEsa, alÉm dE EXplaná-las Em açÕEs. Fonte: Blog Gestão Estratégica de Negócios Graduação| UNISUAM 26 perspectiva financeira Nas empresas, os indicadores de desempenho financeiro indicam se a execução da estratégia praticada na organização teve ou não o sucesso e a resposta esperada. Esses indicadores estão normalmente relacionados com a rentabilidade (resultados líquidos; volume de negócios; aumento das vendas; ROI; EVA; custos por unidade produzida; resultados por linha de produto, por canal, por segmento de mercado; etc.) Monitora se a estratégia da empresa está cooperando para a melhoria dos resultados fi nanceiros. As metas fi nanceiras se relacionam com rentabilidade, crescimento e valor para os acionistas. Os objetivos e medidas fi nanceiros desempenham um papel duplo: determinam o desempenho fi nanceiro esperado da estratégia e servem de meta principal para a defi nição dos objetivos e medidas das outras perspectivas do scorecard. Segundo Kaplan e Norton (2000), nesta perspectiva as empresas trabalham com duas estratégias básicas: crescimento da receita e produtividade. A primeira irá refl etir nos outros aspectos, no sentido de suscitar novas fontes de receita provenientes de novos mercados, novos produtos ou novos clientes ou na ampliação do relacionamento com os clientes existentes. Já a estratégia de produtividade irá conjeturar na busca da execução efi ciente das atividades operacionais em apoio aos clientes atuais, podendo conter, também, a redução de custos. 27 Unidade 02 Metodologias na pErspECtiva finanCEira, os indiCadorEs indiCam sE a EstratÉGia tEvE ou nÃo suCEsso Fo n te : P ar e to perspectiva do Cliente No caso das organizações privadas, esta perspectiva avalia a capacidade de gestão de consumidores nos segmentos de mercado em que a organização opera, bem como as medidas de sucesso nesses segmentos. A forma de sustentar e expandir o market1 share é conseguir fi delizar os clientes existentes e tornar-se atraente para novos clientes. O comportamento dos clientes é bastante complexo para que se possa entender plenamente o processo de decisão de compra, mas é fundamental que as empresas tenham como objetivo a satisfação do cliente. A premissa fundamental em relação aos clientes baseia-se no perfeito conhecimento, compreensão e interpretação daquilo a que os clientes dão realmente valor. Para tal, é necessário manter um canal de comunicação aberto com os clientes, de forma a estimar as suas necessidades, sensibilidades, gostos, valorização da marca, qualidade percebida no produto ou serviço, nível de satisfação. Podem-se utilizar três tipos de indicadores para medir a satisfação dos clientes e a qualidade do produto ou serviço vendido: • Os indicadores de resultados demonstram a forma como o mercado reage às políticas da empresa (indicadores de vendas, da participação de mercado, de fi delização de clientes); • Os indicadores de processo permitem-nos avaliar variáveis relacionadas com o produto ou serviço, principalmente no que diz respeito à forma como o seu processamento (produção, entrega etc.) está ocorrendo. Utilizam a 1 Market share é um indicador que defi ne a participação no mercado de uma empresa Fo nt e : C o rr e to r 20 20 Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 28 a rElaçÃo aos CliEntEs BasEia-sE no ConhECimEnto, ComprEEnsÃo E intErprEtaçÃo do QuE ElEs dÃo valor variável “tempo” como parâmetro. Os indicadores de resultados estão muito dependentes do cumprimento precedente dos indicadores de processo. • Os indicadores associados à perspectiva dos clientes mais encontrados nas empresas privadas são os seguintes: participação de mercado da empresa; participação de mercado por segmento-alvo; grau de satisfação de clientes; percentagem de retenção de clientes; tempo de satisfação de entregas; número de reclamações; etc. Pressupõe acepções quanto ao mercado e segmentos nos quais a companhia deseja competir. A organização deverá explanar em medidas específi cas os fatores importantes para os clientes. A sugestão é monitorar como a empresa entrega real valor ao cliente correto. Normalmente são defi nidos índices da satisfação e de resultados relacionados aos clientes: satisfação, retenção, captação e lucratividade. perspectiva dos processos internos Os processos internos são as diferentes atividades realizadas pela organização, que permitem a assimilação do mercado e dos clientes, a produção de bens e serviços, a distribuição e os serviços de pós-venda. As organizações devem ser capazes de identificar os processos mais relevantes, aqueles em que a organização deve buscar a excelência. Tal busca deve ocorrer de maneira a satisfazer os clientes e a crescer de forma sustentável - inovação, produção, comercialização, serviços pós-venda. Fonte: E-knomista o prinCÍpio Capital É o dE fornECEr produtos ou prEstar sErviços dE mElhor QualidadE Com o mEnor Custo. 29 Unidade 02 Metodologias Os indicadores mais utilizados nesta perspectiva serão, por exemplo: INDICADORES Capacidade de produção Quantidade de novos produtos ofertados Quantidade de novos serviços prestados Quantidade de novas patentes Tempo médio para desenvolvimento de novos produtos Quantidade de produção não conforme (produtos defeituosos) Percentagem de não conformidades em comparação ao total da produção Prazos de pagamento Tempo médio de produção e de atendimento Tempo de entrega Tempo médio gasto para a substituição de produtos defeituosos Vendas de novos produtos em comparação ao total de vendas Os indicadores da perspectiva dos clientes e dos acionistas necessitam ser apoiados por processos internos. Nesta perspectiva as organizações identifi cam os processos decisivos para a concretização dos objetivos das duas perspectivas anteriores. Os processos precisam criar as condições para que a empresa ofereça sugestões de valor ao cliente, capazes de atrair e reter clientes nos seus setores de atuação e, ao mesmo tempo, criando valor aos acionistas. perspectiva de aprendizagem e Crescimento O processo de aprendizagem e as possibilidades de crescimento são aspectos chave para garantir a posição competitiva da organização, atualmente e futuramente. As organizações têm necessidade de aperfeiçoar a sua atuação permanentemente, com perspectiva de manter ao longo do tempo as vantagens competitivas que detêm. a pErspECtiva dE aprEndiZaGEm E CrEsCimEnto É ponto prinCipal para Garantir uma EmprEsa CompEtitiva no mErCado Fonte: Fabricando Vencedores Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 30 As mudanças no ambiente em que agem são constantes e muitas vezes imprevisíveis, pelo que as empresas devem ser capazes de se integrar e adaptar ao meio, melhorando constantemente os seus conhecimentos, contraindo novas capacidades, e antevendo essas mudanças. A maior fonte de aprendizagem e crescimento organizacional são as pessoas, pelo qual as empresas devem ser capazes de captar os recursos que necessitam, formar os seus recursos de acordo com os objetivos estratégicos e operacionais que pretendem alcançar, motivá-los, retê-los, e expandir a sua produtividade. Os indicadores mais utilizados são, por exemplo: INDICADORES Número de horas de treinamento por recurso Grau de satisfação dos colaboradores Quantidade de certifi cações obtidas Taxa de absenteísmo Turnover; Taxa de retenção; Quantidade de novas competências captadas Porcentagem de funcionários com prémio de desempenho BSC como Conhecimento Empresas com qualidade para serem cada vez melhores são empresas com competência para aprender. A capacitação da organização se dará por meio dos investimentos em novos aparelhamentos, em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, em sistemas e processos e nos recursos humanos da empresa. o BsC intErprEta o ConhECimEnto aptidÕEs E sistEmas QuE os EmprEGados prECisarÃo para inovar 31 Unidade 02 Metodologias Fo nt e : T I E sp e ci al is ta s Visto de maneira integrada,o balanced scorecard traduz o conhecimento, aptidões e sistemas que os empregados precisarão (seu aprendizado e crescimento) para inovar e erguer as capacidades estratégicas certas e efi cientes (processos internos), que entregarão valor específi co ao mercado (clientes), os quais, eventualmente, proporcionarão o aumento do valor ao acionista (fi nanceiro). Kaplan e Norton (1996) definem quatro processos gerenciais para implementação do BSC: de tradução da visão; de comunicação e ligação; de planejamento do negócio; e de feedback e aprendizado. O Processo de Tradução da Visão Ajuda a construir uma concordância em torno da visão e da estratégia da companhia. Os autores advertem que devem ser evitadas afi rmações vagas como “o melhor da classe”, pois o processo deve dirigir a defi nição das medidas de desempenho. O resultado deste processo é a tradução da estratégia em termos operacionais, ou seja, o desenho dos mapas estratégicos, BSCs. O Processo de Comunicação e Ligação Consiste em informar a estratégia no sentido vertical e horizontal da estrutura, ligando os objetivos dos diversos setores da empresa aos individuais dos colaboradores. Deve-se evitar que os objetivos individuais priorizem as metas de curto prazo, alinhando-os à estratégia da organização. Este processo também consiste em identifi car os principais processos e desenvolver medidas de performance para estes processos. O Processo de Planejamento do Negócio Consiste em alocar os recursos e decidir as prioridades de acordo com as metas estratégicas. O Processo de Feedback e Aprendizado Visa dar à organização a competência de aprendizado estratégico, ou seja, fazer da gestão estratégica um processo contínuo. Com o BSC, uma companhia pode acompanhar seus resultados de curto prazo nas quatro perspectivas, permitindo a alteração das estratégias em curso e refl etindo o aprendizado organizacional. Esses quatro processos refl etem um conjunto interativo de ações. Para chegar a um sistema gerencialmente consolidado, segundo o exemplo apresentado por Kaplan e Norton (1996), talvez seja preciso cerca de trinta meses, sendo que a empresa pode percorrer esses quatro processos duas ou três vezes. Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 32 Desafi os na Implantação do BSC De acordo com Kaplan e Norton (2000), Mercer (1999) e Schneiderman (1999), diversas empresas encontram difi culdades na implantação do BSC, com o uso signifi cativo de recursos humanos e fi nanceiros, sem os resultados desejados. Kaplan (1999, p.1) expressa que “desenvolver e implementar um sistema de gerenciamento BSC numa empresa não é uma iniciativa das mais simples”. Para melhor entender a complexidade determinada por Kaplan, serão apresentadas a seguir as principais difi culdades encontradas em termos globais. Difi culdades Um dos problemas mais comuns diz respeito ao envolvimento do gerente nível sênior, a partir do momento em que os executivos começam a delegar toda a estratégia do método de implementação ao nível hierárquico intermediário. Kaplan (1999) argumenta que estes gerentes intermediários podem não estar preparados para entender a estratégia nem o projeto do BSC como um todo, não tendo nem a autoridade nem o conhecimento dos processos imprescindíveis para o sucesso da implementação. Estes autores também se referem ao empenho da gerência como fator tão decisivo quanto conhecimento e autoridade. Além disso, Kaplan (1999) destaca que a posição da alta administração deve ser a de dividir funções e responsabilidades, de forma a evitar o afastamento durante a implementação do BSC. Kaplan (1999, p. 3) diz que “o resultado fi nal desta autoconfi ança excessiva é que os processos de tomada de decisão, em níveis superiores, não mudam”. Ele também destaca o ponto de vista de Norton a respeito da separação de responsabilidades: “tirar a estratégia da mão de 10 e passar para 10 mil” (KAPLAN, 1999, p. 4). ComEçar pElas mEdidas dE BsC E promovEr uma ContÍnua mElhoria aJudará a EmprEsa a EnfrEntar os dEsafios da implEmEntaçÃo do BsC Fonte: Revista RH 33 Unidade 02 Metodologias Para atingir o propósito da empresa como um todo, Kaplan (1999) sugere atribuir os scorecards da empresa gradativamente, distribuindo o esforço da implementação e também ajustando e refi nando os objetivos e necessidades em todos os setores da empresa. Segundo Kaplan (1999), uma parte expressiva do conjunto total de medidas do BSC não está disponível nos primeiros meses de implementação do processo. No entanto, isto não deve ser considerado um verdadeiro problema. Porém, em vez de se prender a detalhes sem fi m em busca de um começo perfeito, as empresas deveriam começar pela utilização de medidas de BSC e promover uma contínua melhoria para esta abordagem. Kaplan (1999, p. 5) afi rma: “o scorecard não é um evento único, é um processo de gerenciamento contínuo”. Carvalho e Laurindo (2003) avisam ainda que a implementação do BSC anda junto com o gerenciamento por processos, e se a empresa ainda não mapeou seus processos cruciais, vai demorar para estabelecer as métricas nesta perspectiva. Planejamento por Cenários O planejamento por cenários tem como origem o meio militar, no exercício de jogos de guerra em que seres humanos e máquina interagiam (VAN DER HEIJDEN, 1996; SCHOEMAKER, 1993). De acordo com Schwartz (2000), o planejamento de cenários foi largamente utilizado pela Força Aérea Americana (FAA) na tentativa de antever ações do inimigo e construir estratégias alternativas de combate. A partir da década de 70, o trabalho de Pierre Wack, um antigo chefe da área de planejamento da Shell, fez com que o planejamento de cenários adotasse nova dimensão. Na ocasião, Wack e os colegas da Shell permaneciam em busca de eventos que pudessem afetar o preço do petróleo, que se mantinha estável desde a Segunda Guerra Mundial, embora a demanda e capacidade de refino tivessem crescido. T5 Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 34 Por serem de fácil previsibilidade, estas variáveis não eram preocupantes. O que atentava era a oferta, ou seja, os lugares de onde surgiria o suprimento. Para Wack, quem adotaria as decisões de produção não seriam mais as empresas de refi no, mas quem controla as reservas. Aos poucos, a Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo (OPEP), de maioria islâmica, fortalecia-se politicamente e dava sinais de que os países produtores se recusariam a fornecer petróleo além de suas reais necessidades. Em outubro de 1973, a alta nos preços do petróleo e a crise de energia se abateu sobre o mundo; em 1975, o barril atingiu o valor de US$ 13; em 1979, com a revolução iraniana, subiu mais uma vez, para o patamar de US$ 37 o barril. Foi neste período que a Shell, uma das menos rentáveis dentre as sete maiores companhias de petróleo do mundo, tornou-se uma das mais lucrativas. Desde então, segundo Russo e Schoemaker (2002), a Shell tem sido consistentemente melhor em suas previsões que as demais grandes empresas petrolíferas. Logo a Shell que, no início dos anos 60, fora chamada de “irmã feia” pela Revista Forbes devido à baixa performance fi nanceira (KLEINER, 2003). Defi nição de Planejamento por Cenários A literatura também apresenta outra corrente de pensamento das que foram apresentadas anteriormente, segundo a qual a origem de cenários estaria associada ao termo prospectiva, empregado pelo pedagogo francês Gaston Berger, em 1957, para evidenciar a necessidade de uma atitude orientada para o futuro (MARCIAL, 2005). De acordo com Davis (1998), cenários são histórias admissíveis, relacionadas a alternativas sobre o futuro. São ferramentas importantes para direcionar ao que é essencialmente signifi cante e desconhecido: o futuro. Para Schoemaker (1995), o planejamento de cenários é um processo disciplinado para imaginar possíveis futuros que a empresa deve utilizar em uma grande variedadede temas. Fo nt e : D ire tr iz D ig ita l 35 Unidade 02 Metodologias Godet e Roubelat (apud MIETZNER; REGER, 2004) defi nem cenários como a descrição de uma ocasião futura e do curso de eventos que permitem às pessoas se moverem para adiante da situação atual, no caso, para o futuro. Visto desta forma, pode-se assegurar que os cenários decompõem os fenômenos complexos em subsistemas analisáveis (SCHOEMAKER,1993). Construção X planejamento de Cenários Alguns autores, de acordo com Mietzner e Reger (2004), distinguem construção e planejamento de cenários. A construção de cenários leva em consideração as dúvidas que cercam o futuro: avaliam e identifi cam possíveis resultados para futuros diferentes. Nesta concepção, a construção de cenários é o alicerce necessário para o Planejamento de Cenários. Uma metodologia de administração utilizada por gerentes para articular os modelos mentais sobre o futuro e, desta forma, aperfeiçoar a tomada de decisão. Outros não distinguem cenários do próprio planejamento, eles os unem. Consolidação no Conceito de planejamento por Cenários Wright (2005) busca consolidar alguns dos principais conceitos sobre o tema cenários. Segundo o autor, variações sutis de conceitos de cenários têm sido objeto de intensos debates. Numa interpretação mais fundamental, cenários seriam histórias (enredos). Isso surge como uma surpresa: histórias podem ser utilizadas como um mecanismo de administração para informar a estratégia e incitar o diálogo? Entretanto, de forma simultânea, o crescimento do interesse por cenários transformou a narração de histórias numa maneira de elevar a consciência, elevar a criatividade e colaborar para que os tomadores de decisão lidem melhor com a complexidade e as dúvidas. Fo nt e : I g n iç ão D ig ita l na ConstruçÃo dE CEnários sE avalia E idEntifiCa possÍvEis fatorEs para o futuro Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 36 Sob esta perspectiva, Schwartz (2000) assegura que histórias transmitem significado; ajudam a explicar porque as coisas podem acontecer de determinada maneira: elas dão ordem e signifi cado aos eventos. Para Godet (2000), cenário é um conjunto formado pela descrição de uma situação futura e da trajetória de eventos, que permite passar de uma situação atual a uma situação futura. Eles se diferem em dois grandes grupos: • cenários exploratórios, que partem de disposições do passado e presente, e conduzem a futuros plausíveis; e • cenários de antecipação ou normativos, construídos a partir de opiniões alternativas do futuro, que podem ser desejáveis ou indesejáveis. Cornelius et al. (2005, p. 94) distingue cenário de previsão: “o Planejamento de Cenários difere fundamentalmente de previsões por aceitar a incerteza, tentar compreendê-la e fazer com que a mesma se incorpore ao raciocínio”. Para o autor, assim como para Schwartz (2000) e Schoemaker (1993), cenários não são projeções, prognósticos ou preferências, mas histórias lógicas que apontam caminhos para futuros alternativos. Na metade dos anos 60, crescentes falhas de planejamentos baseados em previsões fi zeram com que a Shell se interessasse por uma forma de planejamento fundamentada no “pensamento causal qualitativo”. Sob esta perspectiva, cenários são concebidos por meio de um processo de pensamento causal e não probabilístico (VAN DER HEIJDEN, 1996). Comparando as Escolas Shell e Prospectiva de Planejamento de Cenários Schoemaker (1993) afi rma que a essência do processo de cenários se interliga a diversas coisas, dentre as quais, arte e ciência; indução e dedução. Estas múltiplas facetas, segundo o referido autor, levam o método a continuar indescritível e distorcido pelos modelos acadêmicos. CEnário Como ConJunto dE dEsCriçÃo dE situaçÃo futura E traJEtÓrias dE EvEntos Fo n te : T h e V e ct o r P o ll 37 Unidade 02 Metodologias Talvez seja esta o motivo do surgimento do “caos metodológico” referido nas publicações de Bradfield et al. (2005) e corroborado pela pesquisa de Varum e Melo (2010). Na sequência, detalham-se as duas escolas de estudos sobre cenários que se destacam no uso e em estudos organizacionais: a Escola da Shell, difundida por Wack, Schwartz e Van der Heijden; e a Prospectiva, que tem como expoente Michel Godet. Apesar de parecidos, os modelos da Shell e de Godet (Escola Prospectiva) diferem: • na série de aplicação dos passos; • na maior e menor utilização de modelos quantitativos; e • na complexidade inerente a cada uma delas. diferenças nos modelos de planejamento de Cenários shell e prospectiva Como podemos observar no quadro comparativo abaixo, os modelos das Escolas Shell e Prospectiva tiveram oito etapas para a construção dos seus respectivos Planejamentos de Cenários, sendo que a Escola Prospectiva uma a mais, com a nona etapa. Fo n te : T re as y os modElos shEll E prospECtiva apEsar dE sErEm parECidos, ElEs sE difErEnCiam. Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM Vejamos o que corresponde cada uma das etapas: Etapa 1 Nos dois modelos, a etapa é a mesma, ou seja, o ponto de partida é um problema a ser resolvido, uma questão a ser analisada ou uma decisão a ser tomada. Etapa 2 A escola Shell busca levantar os fatores críticos que interferem de modo positivo ou negativo na questão central, ou decisão a ser tomada. A escola francesa (Propectiva), por sua vez, procura diagnosticar a totalidade da organização na forma de uma árvore: nas raízes estão as competências técnicas e conhecimento adquirido; no tronco a aptidão de produção; nos ramos as linhas de produto e mercados. Para Godet (2004), a árvore de competências é essencial para a determinação das forças e fraquezas de uma organização; nas palavras do autor, “para saber aonde quer ir é preciso saber de onde se vem”; Etapa 3 A escola Prospectiva procura selecionar os fatores críticos do ambiente do sistema, em estudo tanto interno quanto externo. Para Godet (2004), esta lista de fatores não deve extrapolar 70-80 observações. Após o levantamento dos fatores, eles são submetidos - aos pares - à avaliação da influência de uma sobre a outra, pontuando-se esta influência em: (0) não existe, (1) fraca influência, (2) média, (3) forte e (4) potencial. Após desta etapa, a identificação propriamente dita dos fatores críticos ocorre por meio da classificação direta e indireta. Na escola Shell, esta etapa se atém à identificação de forças motrizes do macroambiente (atividade que inexiste no modelo da escola Prospectiva); Etapa 4 A escola Shell hierarquiza por importância e dúvida os fatores identificados. A escola francesa ou Prospectiva procura, por meio da Metodologia dos Atores, Objetivos e Relações de Força (MACTOR), valorizar as afinidades de força entre os atores e analisar suas convergências e divergências em relação a determinado número de atitudes e objetivos associados. Etapa 5 No modelo de Godet, faz-se uso da Metodologia Delphi , que se estabelece na consulta a especialistas no tema em questão, por meio de questionários consecutivos, de maneira a definir com precisão o cerne da investigação. Neste ponto, acontece a construção de cenários, segundo a metodologia da escola Prospectiva. Já a escola Shell determina, nesta etapa, os eixos ortogonais que dão origem aos cenários. Etapa 6 No modelo da escola Shell, os cenários são construídos utilizando uma afinidade causal entre fatores e tendências na forma de narrativa, enquanto que no modelo de Godet (Escola Prospectiva), são estabelecidas as opções estratégicas. Etapa 7 O modelo Shell retoma à questão central, definida na primeira etapa, e estabelece as estratégias. A escola Prospectiva avalia as opções estratégicas em função das dúvidas. Etapa 8 A escola francesa estabelece as estratégias e respectivos objetivos. A escola Shell identifica indicadores de cenários a serem monitorados. Etapa 9 O modeloda escola Prospectiva ainda tem mais uma etapa, que consiste na afirmação dos planos de ação e monitoramento do ambiente externo. 39 Unidade 02 Metodologias Planejamento de Cenários na Metodologia da Global Business Network (GBN) A Global Business Network (GBN) é uma empresa norte-americana voltada para formulação de cenários, criada em 1988 por Peter Schwartz. Sua metodologia para a elaboração de cenários prospectivos compõe-se basicamente de oito passos. Em todos os passos são levados em consideração os “modelos mentais” dos dirigentes – visão de mundo, preocupações e incertezas Vamos conhecer a descrição de cada passo! Passo 1: Identifi cação do Assunto Focal Esse passo tem como objetivo a identifi cação da principal preocupação estratégica, preferencialmente na forma de uma disposição clara. Questões como “se construir ou não novas instalações, estabelecer ou não novos negócios, fazer ou não a fusão com empresas concorrentes/similares” são estabelecidas para refi nar a preocupação estratégica. Outras questões importantes relacionadas com o futuro são também formuladas, procurando o refi no e a consistência necessária ao início dos trabalhos. Obter respostas às indagações críticas propostas são condicionantes para o sucesso desse passo e de todo o processo. Passo 2: Fatores-chave Nesse passo, identifi cam-se os fatores-chave no ambiente, qualifi cados por eventos e tendências que motivarão a diferença entre o sucesso e o fracasso do assunto focal. Todo empreendimento, pessoal ou comercial, é incentivado por determinados Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 40 fatores-chave. Alguns são internos: a força de trabalho, capacidade de investimentos, estrutura de custos e diretrizes de negócios. Outros, como as regulamentações governamentais, políticas tributárias e efeitos da globalização, são externos. Os fatores-chave são os elementos que movem o enredo de um cenário, produzem o fi nal da história e sem os quais não há como começar a pensar o cenário. Distinguem-se como dispositivos para ajustar o julgamento inicial, auxiliando a decisão de quais fatores-chave serão signifi cativos e quais não serão. Passo 3: Forças Ambientais Listar as forças ambientais é olhar além das crises cotidianas que caracteristicamente ocupam a mente de todos e, ao mesmo tempo, analisar as forças que podem, de alguma forma, infl uenciar os negócios. Assim, configuram-se como objetivos desse passo compreender as macrotendências que agem diretamente no assunto focal, bem como aperfeiçoar a compreensão de suas estruturas e incertezas críticas. Passo 4: Incertezas Críticas Nesse passo priorizam-se os fatores-chave e as forças ambientais, visando identifi car as forças motrizes e as principais dúvidas críticas, tendo como objetivo caracterizar a estrutura para a exploração do futuro. Os fatores e tendências motrizes principais são ordenados com base em dois critérios: o grau de importância para o sucesso do assunto focal, identifi cado no Passo 1, e o grau de incerteza que envolve esses fatores e tendências. O objetivo é então despontar os dois ou três fatores ou tendências mais importantes e mais incertos. Passo 5: Lógica dos Cenários Encontrar as lógicas que evidenciarão mais efetivamente os pontos-chave do assunto focal é o objetivo desse passo, cujos resultados são: matrizes 2 x 2, com quatro quadrantes, que tem como conteúdo quatro cenários e um conjunto de quatro pré-cenários, defi nidos pelas questões analisadas. Passo 6: Descrição dos Cenários Nesse passo, irá se compor histórias relevantes e perturbadoras, já que cenários são histórias que lidam com o significado de eventos do mundo e que permitem imaginar como as interações dos fatores-chave e forças ambientais irão impactar os acontecimentos futuros. Indagações importantes sobre o futuro são muito complexas ou imprecisas para as linguagens convencionais dos negócios e da ciência. Então, supera-se esse desafi o usando a linguagem de histórias e mitos, de maneira a descobrir e expressar a necessidade de realismo, por meio de diferentes perspectivas e signifi cados sobre os futuros descritos, que são os enredos. 41 Unidade 02 Metodologias Passo 7: Implicações Empregar os cenários para rever o pensamento estratégico, por meio da conversação estratégica existente, é o objetivo principal desse passo. São ferramentas que ajudam nesse passo: análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) em cada cenário; identifi cação de características organizacionais de sucesso em cada cenário; geração de novas alternativas para satisfazer oportunidades e ameaças identifi cadas; ingresso dos cenários na contínua conversação estratégica e discussão dos propósitos, visão e realidade atual da companhia em termos dos cenários. Passo 8: Indicadores Temporais Nesse passo, é necessário determinar como reconhecer quando um cenário está começando a surgir. Estando com os cenários detalhados e determinadas suas sugestões e opções estratégicas para o assunto focal, então, vale a pena investir tempo e imaginação para identifi car alguns indicadores, a fi m de monitorar de maneira contínua os eventos que estarão por surgir. Se esses indicadores forem selecionados de modo cuidadoso e imaginativo, a empresa obterá vantagem competitiva sobre sua concorrência ao saber que futuro a espera, e como o futuro possivelmente impactará suas estratégias e decisões. Conclusão Após o estudo desta unidade, você poderá escolher qual a melhor metodologia para ser aplicada no seu negócio. As metodologias são, em sua essência, excludentes mas você pode mesclá- las para que o seu planejamento seja mais completo. A Análise SWOT faz um mapeamento completo sobre o estado atual da empresa e do mercado em que a mesma se encontra, defi nindo forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. As Cinco Forças de Porter também analisam o estado atual, só que sob cinco prismas: Concorrência no mercado, Poder de barganha dos fornecedores, Poder de barganha dos clientes, Ameaça de entrada de novos concorrentes e Ameaça de Produtos substitutos. A estratégia do Oceano Azul propõe uma abordagem para o futuro, vislumbrando um mercado inexplorado e que possua um horizonte de bons ganhos. O BSC (Balanced ScoreCard) alinha a estratégia da empresa com a sua Missão, Visão e Valores, defi nindo atividades de curto e longo prazo. Já o Planejamento por cenários estuda o histórico da empresa e desenha um cenário futuro para empresa. Gestão Estratégica de Negócios Graduação | UNISUAM 42 Na próxima unidade, apresentaremos o desdobramento da estratégia dentro da organização. Até lá ! Referências ANDRES, Andrele A. O.; MACHADO, Carina C.; BOAS, Ana Alice V. A Estratégia do Oceano Azul Criando Inovações de Valor para Tornar a Concorrência Irrelevante: as dez principais inovações brasileiras da última década. In: IV Congresso Nacional de Excelência em Gestão. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: < http://www.inovarse. org/fi lebrowser/download/8969>. Acesso em: 17 maio 2017. CARVALHO, M. M.; LAURINDO, F. J. B. 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