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AULA – 04.06.21 DISCIPLINA: Contabilidade Tributária UNIDADE: VENDA NOVA PROFESSOR(A): ROSA MARIA DE FREITAS CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS 1 Lucro arbitrado O lucro arbitrado corresponde a um cálculo do imposto de renda. Tal base de cálculo pode ser usada pelo contribuinte ou pela autoridade tributária. Conforme a Receita Federal do Brasil, o arbitramento de lucro é uma maneira de efetuar a apuração da base de cálculo do imposto de renda por meio da autoridade tributária, sendo aplicável caso a pessoa jurídica não realizar o cumprimento das obrigações necessárias para assim estipular o lucro real ou presumido. O lucro arbitrado é mais geralmente utilizado diante de uma iniciativa do Fisco. No entanto, há a possibilidade também de ser usado a partir de movimento da própria empresa enquanto contribuinte. A utilização do lucro arbitrado O lucro arbitrado é utilizado em casos especiais ou quando é conhecida a receita bruta. Tais casos especiais para o arbitramento do lucro são previstos em lei. Além disso, os casos são: A opção pelo lucro presumido for considerada indevida. Possíveis sinais de fraude, vícios ou equívocos na escrituração, de maneira que a impossibilitam de efetuar a identificação das movimentações financeiras ou até mesmo de estipular o lucro real. Quando o contribuinte, que é obrigado ao lucro real, não efetuar a escritura ou também não realiza a elaboração das demonstrações fiscais. Caso os livros contábeis não forem devidamente mantidos em ordem por parte do contribuinte. A utilização do lucro arbitrado Caso empresas que tenham atuação em outros países não comunicarem da maneira correta as suas contas para a autoridade tributária. Se não forem apresentados para autoridade tributária livros e outros documentos da escrituração fiscal e comercial. Se o representante de uma empresa do exterior que atua no Brasil não comunicar os seus lucros de forma separada do lucro domiciliado no exterior. Adoção pelo lucro arbitrado A tributação com base no lucro arbitrado será manifestada mediante o pagamento da primeira quota ou da quota única do imposto devido, correspondente ao período de apuração trimestral em que o contribuinte, pelas razões determinantes na legislação, se encontrar em condições de proceder ao arbitramento do seu lucro. Mudança de Regime Tributário A pessoa jurídica tributada pelo sistema de lucro arbitrado poderá, em qualquer trimestre do ano-calendário, optar pela tributação com base no lucro presumido, caso não esteja obrigada à tributação com base no lucro real, ou optar pela tributação com base no lucro real, caso não tenha condições legais de optar pelo lucro presumido. APURAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO O lucro arbitrado será apurado mediante a aplicação de percentuais: a) sobre a receita bruta quando conhecida, segundo a natureza da atividade econômica explorada; b) quando desconhecida à receita bruta, sobre valores (bases) expressamente fixados pela legislação fiscal. Apuração sobre a Receita Bruta quando conhecida Ao resultado obtido deverão ser acrescidos: - os ganhos de capital. - os rendimento e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras (renda fixa e variável). - as variações monetárias ativas. - as demais receitas. - todos os resultados positivos obtidos pela pessoa jurídica, inclusive os juros recebidos como remuneração do capital próprio. - os descontos financeiros obtidos. - os juros ativos não decorrentes de aplicações. - os demais resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas no item anterior; Apuração do lucro para Contribuição Social Para empresas que atuam por lucro arbitrado, a CSLL é de 32% no caso de serviços em geral (exceto hospitalares) e 12% em receitas de atividades comerciais, industriais e imobiliárias. Arbitramento do Lucro Por Procedimento De Ofício O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, quando não conhecida a receita bruta, será determinado por meio de procedimento de ofício, mediante utilização de uma das seguintes alternativas de cálculo: Alíquota do Imposto O percentual que será aplicado sobre o lucro arbitrado será o mesmo exposto em lei para os outros regimes de tributação: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) 15%, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) 9%. O adicional do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro arbitrado será calculado mediante a aplicação do percentual de 10% sobre a parcela do lucro que exceder ao valor de R$60.000,00 em cada trimestre. O valor do adicional deverá ser recolhido integralmente, não sendo admitida quaisquer deduções. Na hipótese de período de apuração trimestral inferior a três meses (início de atividade, por exemplo), deverá ser considerado, para fins do adicional, o valor de R$20.000,00 multiplicado pelo número de meses do período. Deduções do imposto apurado e Recolhimento Do imposto devido com base no lucro arbitrado poderá ser deduzido o Imposto de Renda Retido na Fonte ou pago separadamente sobre receitas ou rendimentos computados na sua base de cálculo, sendo vedada qualquer outra dedução a título de incentivos fiscais. O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica no Lucro arbitrado será recolhido até o último dia útil do mês subseqüente ao do trimestre de apuração. O Darf será recolhido sob o código 5625. Pagamento do imposto parcelado Por opção da pessoa jurídica, o imposto devido poderá ser pago em até 3 (três) quotas mensais, iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos 3 (três) meses subseqüentes ao do encerramento do período de apuração a que corresponder, observado o seguinte: a) nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) e o imposto de valor inferior a R$ 2.000,00 (dois mil reais) será pago em quota única, até o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração; b) as quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa Selic, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de 1% (um por cento) no mês do pagamento. Obrigações acessórias As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro arbitrado permanecem sujeitas as obrigações acessórias aplicáveis às demais pessoas jurídicas ( Declarações e Demonstrativos junto a Receita Federal e ainda manter pelo prazo prescricional os documentos fiscais que comprovem as receitas auferidas). Exercício A empresa XPTO, revendedora de produtos eletro eletrônicos, não optou voluntariamente por nenhum dos regimes de tributação do imposto de renda e da contribuição social. Certo dia a fiscalização visitou sua empresa e arbitrou o lucro. Considerando uma receita bruta anual de R$ 1.000.000,00,calcule o lucro arbitrado e o imposto de renda, e adicional se for o caso, e a contribuição social devidos. Exercício A empresa TUDO CERTO LTDA, que comercializa produtos em geral na sua rede varejista, não recolheu o imposto de renda e contribuição social devidos apostando que a fiscalização não bateria à sua porta. Essa estratégia não foi bem sucedida, pois a Receita Federal veio cobrar a parte que lhe cabia. Como a empresa não mantinha escrituração contábil e não havia maneira de identificar a receita bruta, a fiscalização conseguiu apenas identificar que as compras mensais eram de R$ 85.000,00. Com base nessas informações encontre o lucro arbitrado para todo o ano e calcule o imposto de renda, o adicional se necessário, e a contribuição social devidos. Simples Nacional O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federaldo Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios. Para o ingresso no Simples Nacional é necessário o cumprimento das seguintes condições: enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte; cumprir os requisitos previstos na legislação; e formalizar a opção pelo Simples Nacional. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes tributos: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); Contribuição para o PIS/Pasep; Contribuição Patronal Previdenciária (CPP); Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). O que se considera como microempresa (ME) e empresa de pequeno porte (EPP) para efeitos do Simples Nacional? Para ser uma ME ou EPP, o contribuinte precisa cumprir dois tipos de requisitos: 1. quanto à natureza jurídica, precisa ser uma sociedade empresária, sociedade simples, empresa individual de responsabilidade limitada ou empresário individual; 2. quanto à receita bruta, precisa observar o limite máximo anual estabelecido em Lei. Receita Bruta anual - Simples – O limite de receita bruta anual é de R$ 4,8 milhões, que corresponde a R$ 400 mil reais por mês. Isto significa que é preciso observar que a empresa que iniciar a atividade em 2020 deve ficar atenta ao valor do limite da receita bruta anual proporcional. Exemplo: empresa que iniciar a atividade apenas em março terá de limite de receita bruta anual R$ 4 milhões (10 x 400). De acordo com o art. 17 da LC 123/2006, não pode optar pelo Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); que tenha sócio domiciliado no exterior; de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Base de cálculo A base de cálculo dos recolhimentos para o Simples Nacional é a receita bruta auferida (regime de competência) ou recebida (regime de caixa) pela ME ou EPP. De acordo com o § 1º do art. 3º da LC 123/2006, considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídos as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Conta alheia Em contabilidade, a denominada "conta alheia" refere-se a operações com terceiros, mediante consignação, comissão ou ordem. Determinada empresa recebeu para consignação mercadorias no valor de R$ 10.000,00. Segundo o contrato entre as partes, as mesmas deveriam ser revendidas por R$ 11.000,00 pela consignatária (que recebeu as mercadorias), por conta e ordem da consignante (que negociou as mercadorias). A nota fiscal será faturada para o cliente comprador diretamente pela consignante. Ocorrendo a venda nestas condições, apuraremos o seguinte resultado em conta alheia da consignatária: Valor da revenda: R$ 11.000,00 (-) Valor da consignação: R$ 10.000,00 (=) Valor apurado do resultado: R$ 1.000,00 Alíquotas As alíquotas efetivas a serem aplicadas para apuração do valor a ser recolhido pelas ME e EPP, mediante DAS, são calculadas a partir das alíquotas nominais constantes das tabelas dos Anexos I a V, com as alterações promovidas pela Lei Complementar nº 155, publicada em 2016 e cuja exigência entrou em vigor em 2018. O imposto a ser pago mensalmente pelas empresas é separado em diferentes segmentos. Além disso, a tabela é separada por faixas de receita bruta referente aos últimos 12 meses de operação da empresa. Esse dado é importante, pois será utilizado para encontrar a alíquota e a parcela a deduzir – cujos números serão usados na formulação do valor de contribuição mensal. Alíquotas Tabela 1 Simples Nacional: Anexo 1 – Comércio Tabela 2 Simples Nacional: Anexo 2 – Indústria Tabela 3 Simples Nacional: Anexo 3 – Prestadores de Serviço Tabela 4 Simples Nacional: Anexo 4 – Prestadores de Serviço Tabela 5 Simples Nacional: Anexo 5 – Prestadores de Serviço Sublimites A figura do sublimite foi instituída pela Lei Complementar nº 155/2016 e está em vigor desde 2018. O que são sublimites? São limites diferenciados de receita bruta anual para empresas de pequeno porte (EPP), válidos apenas para efeito de recolhimento do ICMS e do ISS. A aplicação de sublimites depende da participação do Estado ou do Distrito Federal no produto interno bruto (PIB) brasileiro. Os sublimites facultativamente adotados pelos Estados e do Distrito Federal são divulgados pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), ano a ano. De acordo com a Portaria nº 30/2020, vigorarão os sublimites: I – de R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil reais), para o Estado do Amapá, de acordo com o disposto no caput do art. 9º da Resolução CGSN nº 140, de 22 de maio de 2018; e II – de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) para os demais Estados e o Distrito Federal, de acordo com o disposto no § 1º do art. 9º da Resolução CGSN nº 140, de 2018.loja virtual A partir deste valor a empresa deve recolher estes impostos fora do Documento de Arrecadação do Simples Nacional – DAS. Como calcular impostos no Simples Nacional? Conhecida a tabela do Simples Nacional e anexos, é hora de descobrir o que fazer com as suas informações. Ou seja, o valor do imposto a ser pago. Dessa forma, é necessário realizar, mensalmente, o seguinte cálculo: Receita Bruta Mensal x Alíquota Efetiva. Conforme a determinação legal, a alíquota efetiva é calculada com base na Receita Bruta Anual dos últimos 12 meses da empresa, alíquota e parcela a deduzir. Esses dois últimos dados são informados nas tabelas anexas ao Simples Nacional e precisam, então, ser localizados com base no segmento da empresa e faixa de receita bruta anual (RBT12). Portanto, os anexos da tabela do Simples Nacional são imprescindíveis para o cálculo do imposto devido pela empresa. Assim, a alíquota efetiva é encontrada por meio da seguinte conta: ((RBT12 x Alíquota) – Parcela a Deduzir)) / RBT12. Após encontrar o valor da alíquota efetiva multiplique pela receita bruta mensal atual. Como calcular impostos no Simples Nacional? Passo a passo Multiplicar a receita bruta acumulada dos últimos 12 meses pela alíquota nominal Subtrair a parcela a deduzir Dividir o valor encontrado pela receita bruta acumulada dos últimos 12 meses Multiplicar o valor encontrado pela receita bruta do mês atual. Exemplo Considere que uma fábrica de roupas, optante pelo Simples Nacional teve os seguintes rendimentos: Faturamento anual (últimos 12 meses) = R$ 300.000,00 Faturamento mensal (último período) = R$ 60.000,00. De acordo com o Anexo II, é preciso consultar a receita bruta da empresa que, no caso, encontra-se na segunda faixa (de R$ 180.000,01 a R$ 360.000,00). ANEXO II Qual a alíquota a ser utilizada? Qual o valor a deduzir? Qual o valor do imposto? Qual a alíquota a ser utilizada? 7,8% Qual o valor a deduzir? 5.940,00 Qual o valor do imposto? ((RBT12 x Alíquota) – Parcela a Deduzir)) / RBT12. Imposto do Simples Nacional = ((R$ 300.000,00 x 7,8%) – R$ 5.940,00) / R$ 300.000,00) 0,0582 * 60.000 = 3.492,00 Imposto do Simples Nacional = R$ 3.492,00. Exemplo 2 Uma empresa comercial, obteve um faturamento de R$ 30.000,00 e um acumulado de R$ 340.500,00 nosúltimos 12 meses. Qual a alíquota a ser utilizada? Qual o valor a deduzir? Qual o valor do imposto? Qual a alíquota a ser utilizada? 7,30% Qual o valor a deduzir? 5.940,00 Qual o valor do imposto? RBT12 x ALIQ: R$ 340.500,00 x 0,073 = R$ 24.856,50 Subtração da parcela a deduzir: R$ 24.856,50 - R$ 5.940,00 = R$ 18.916,50 Divisão por RBT12: R$ 18.916,50 ÷ R$ 340.500,00 = 0,0556 ou 5,56% Valor a pagar: R$ 30.000,00 x 0,0556 = R$ 1.666,65