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Jovens e Adultos como sujeitos de Conhecimento e Aprendizagem

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JOVENS E ADULTOS COMO SUJEITOS DE CONHECIMENTO E 
APRENDIZAGEM 
Musa Antonino da Silva1 
 
Estudo Dirigido Baseado no Livro História da Educação Popular no Brasil de 
Vanilda Paiva (2003). 
 
1. Quem são essas pessoas genericamente chamadas de analfabetos? 
 
No Brasil parte dos analfabetos são pessoas que trabalham e moram no 
campo, com mais de 50 anos, as quais, por diversos fatores sócio-culturais e 
econômicos não tiveram oportunidade de serem alfabetizadas na idade correta. 
São trabalhadores, na sua maioria da área rural, principalmente do nordeste, 
não possuem tempo e incentivo para iniciar ou dar continuidade aos estudos, 
enfrenta grandes dificuldades para retornar a sala de aula, tais como: vergonha 
por estar numa idade avançada e não saber ainda ler e escrever, falta de 
esclarecimento da importância e do direito de cursar o ensino formal, ou por 
acreditarem que não são mais capazes de serem alfabetizados. Outra parcela 
que forma essa modalidade de ensino, são os jovens, também recentemente 
inseridos no mundo do trabalho, vitimas assim como os adultos da exclusão 
social e econômica são arrebatados da escola por diferentes fatores, retornam 
ao ensino formal através da antiga educação de adultos ou por cursos de 
supletivos em fase mais avançada, possuem mais chances de concluírem o 
ensino fundamental e médio, bem mais ligado ao mundo urbano (trabalho e 
lazer) da sociedade letrada. Numa concepção mais grosseira e já 
ultrapassada, analfabetos são aqueles que não sabem escrever seu próprio 
nome, e nem conseguem decodificar e reconhecer o sistema de escrita formal. 
 No entanto através de um novo olhar, que define o analfabeto como aquele 
indivíduo que não sabe ler e escrever e, e que, além disso, não faz a 
interpretação do texto de um modo que possa ser utilizado para resolver 
questões do seu e do cotidiano das demais pessoas. Logo Saber escrever o 
 
1
 Professora da Rede Municipal; Pedagoga; Especialista em Docência do Ensino Superior; Especialista em 
Educação Especial e Inclusiva (musaantonino@gmail.com) 
próprio nome e ler pequenas frases não torna um individuo alfabetizado, e sim 
um analfabeto funcional, pois não sabe interpretar e sim decodificar. O 
analfabeto não se apropria da leitura de forma que possa se comunicar por 
meio da escrita, alguns chegam a associar palavras sem compreendê-las, sem 
relacionar com contextos, tornando se apenas meros expectadores da escrita. 
 
2. Como a situação de exclusão contribui para delimitar a especificidade 
dos jovens e adultos como sujeitos de aprendizagens? 
 
 Segundo o texto, as diferenças culturais e sociais têm uma grande parcela 
de influência sobre os jovens e adultos oriundos do meio externo ao escolar. 
Verificou-se que os fatores sociais, pedagógicos ou psicopedagógicos 
contribuem para que a situação de exclusão seja um ponto preocupante para 
os interessados na transformação social. A literatura retrata a questão do 
fracasso escolar, da evasão, mas quais os fatores desencadeiam esse 
processo na educação de jovens e adultos? 
A questão da educação de jovens e adultos remete a uma questão de 
especificidade cultural. É necessário analisar o sujeito dentro de um processo 
histórico para evitar um julgamento precipitado. O primeiro ponto relevante para 
esses jovens e adultos é a sua condição de excluídos da escola. Inicialmente a 
inadequação da escola para um grupo que não é o alvo original da instituição 
(a escola é pensada e atrelada a uma determinada etapa de desenvolvimento). 
O currículo, os métodos de ensino também foram concebidos para a criança e 
na EJA esse currículo/conteúdo é “maquiado” e trabalhado com os alunos. 
Essa inadequação prejudica o processo de aprendizagem desses jovens e 
adultos e contribui para o afastamento desses alunos. Basicamente a exclusão 
escolar potencializa o fracasso / evasão na situação de escolarização tardia, 
embora os fatores de ordem socioeconômica também interfiram nesse 
processo. Outro ponto está relacionado com as regras especificas e a 
linguagem particular utilizada na escola. Isso sugere que a linguagem escolar 
se apresenta como um obstáculo para o desenvolvimento da aprendizagem (o 
aluno que nunca freqüentou a escola vai apresentar grande dificuldade de lidar 
com essa linguagem). Outro fator importante é a questão psicológica que 
também vai influenciar a aprendizagem. Pois os alunos têm vergonha de 
freqüentar a escola tardiamente, sentem – se humilhados e inseguros com 
relação a sua capacidade de aprendizado. Baseados nesses fatores é possível 
perceber que se a escola não trabalhar levando em consideração a 
especificidade cultural desses alunos ela simplesmente irá reforça a situação 
de exclusão escolar. 
 
3. No que diferem os adultos em relação às crianças a compreensão do 
sistema alfabético? 
 
Segundo Ferreiro (1985) os conflitos que norteiam a compreensão e 
apreensão do sistema da escrita alfabética são universais, ou seja, comum, 
tanto para as crianças da educação infantil e alfabetização como para os 
jovens e adultos da EJA. Contundo, considerando os aspectos sócio-culturais e 
econômicos, o público da educação de jovens e adultos demonstra de forma 
antagônica das crianças, o modo de assimilar e lidar com o sistema alfabético. 
Tendo em vista que a aquisição do sistema alfabético (alfabetização) se dá em 
etapas bem definidas e constantes nos diferentes públicos de alfabetização 
(crianças x jovens e adultos), ambos passam pelos mesmos níveis de 
psicogenéticos tais como: escrita pré-silábica, escrita silábica, escrita silábico-
alfabética e escrita alfabética. 
No entanto, segundo pesquisa, os adultos que se encontram no nível 
primitivo apresentam algumas características pertencentes ao nível superior e 
do nível intermediário dentro do nível pré-silábico, revelando que os adultos 
demonstram certa fluidez no momento em que explora as alternativas de 
compreensão no processo de aquisição da escrita. Isto se deve ao trabalho 
cognitivo mais avançado resultante dos conhecimentos prévios adquiridos por 
estes alunos, a partir das experiências diárias, adquiridas no decorrer de suas 
vivencias sociais. Visto que esses alunos, emersos no mundo dos ’’adultos’’ 
através do trabalho, já foram por diversas vezes expostos a desafios da 
sociedade letrada, construiu através das tentativas de superar situações que 
envolvem a escrita, a compreensão das funções sociais da língua, 
considerando os contextos, construindo pré-conceitos sobre o significado dos 
mesmos, facilitando assim sua compreensão sobre o que é neles tratado. 
Mesmo não possuindo formalmente o conhecimento da escrita e as vivencias 
de uma prática de alfabetização conseguem fazer relações de uso, 
funcionalidade e significado do sistema alfabético de forma mais concreta e 
rápida que as crianças. 
 
4. Há ou não diferenças no funcionamento psicológico em geral, e no 
funcionamento cognitivo em particular de sujeitos pertencentes a 
diferentes grupos culturais? 
 
Questiona-se: Os jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e 
aprendizagem, operam de uma forma que é universal ou que é marcada por 
uma pertinência cultural específica? As diferenças culturais influenciam nas 
capacidades e desempenho intelectual dos sujeitos? 
 A primeira linha de pensamento que trata essa questão fala que existe 
sim diferença no funcionamento psicológico/ intelectual entre membros de 
diferentes grupos culturais, tendo sua origem no etnocentrismo. O exemplo 
disto é um sujeito que vem de uma realidade cultural, na qual ele vivencia 
situações que propiciam maior funcionamento psicológico/cognitivo (grupos 
urbanos, escolarizados, em contato com a tecnologia, etc) terá maior 
capacidade de desenvolver as aprendizagens. Essa linha é bem determinista, 
pois relaciona traços de psiquismo com fatoresculturais 
 A segunda linha busca compreender os processos e os desempenhos 
psicológicos de cada indivíduo nas diferentes atividades. Nega a relevância das 
diferenças culturais no funcionamento psicológico, afirmando que a todo o ser 
humano estão disponíveis todos os processos cognitivos básicos, tendo como 
universais os mecanismos do psiquismo. A abordagem cai em um relativismo e 
espontaneísmo, onde tudo é válido e pouco sobra para a intervenção 
educativa. 
 A terceira linha usa a concepção de desenvolvimento postulada por 
Vygotsky, que para muitos é a que possibilita uma melhor compreensão da 
relação entre cultura e modalidade de pensamento. Esta linha é denominada 
como planos genéticos do desenvolvimento, nos quais o funcionamento 
psicológico não está previamente pronto, mas também não é recebido pelas 
pessoas como se fosse um pacote pronto do meio ambiente. Nos planos 
genéticos existem quatro (4) entradas de desenvolvimento que, juntas, 
caracterizam o funcionamento psicológico do ser humano. 
 Filogênese: trata da história da espécie e que toda espécie existem 
possibilidades e limitações no funcionamento psicológico. 
 Ontogênese: significa o desenvolvimento do ser, de um indivíduo de 
uma determinada espécie. 
 Sociogênese: é a história cultural, onde o sujeito está inserido, as 
formas de funcionamento cultural que irão interferir no funcionamento 
psicológico e até mesmo definir o mesmo. 
 Microgênese: cada fenômeno psicológico, cada etapa de 
desenvolvimento, tem sua própria historia. Por exemplo, o processo de 
aprender a amarrar o sapato, isso teve um tempo, portanto denomina-
se microgênese do amarrar sapato. 
 A relação entre esses domínios produz o processo de geração de 
singularidade ao longo da história do sujeito, não havendo, portanto, um único 
caminho para o desenvolvimento e uma única forma de bom funcionamento 
psicológico. 
 
5. Existem níveis diferentes de competência? 
 
As competências são desenvolvidas no processo cognitivo, elas se 
relacionam com o meio em que estão inseridos os indivíduos, tendo relação 
direta com o ambiente cultural. O processo cognitivo de cada pessoa depende 
também das demandas da vida social a qual tem acesso em seu dia-a-dia. 
Logo cada um possui diferentes níveis de competência. Pesquisas comprovam 
que pessoas oriundas de comunidades carentes, que possui baixo nível de 
escolarização e ocupam funções mais simples, muitas vezes desenvolvem 
habilidades bem especificas e diferentes de outras pessoas, mesmo não 
possuindo a escolarização formal. Adquirem ao longo da sua trajetória de vida 
conhecimentos que os destacam das demais pessoas do seu convívio, 
podemos constatar isso no exemplo de pessoas simples, são eles: grandes 
artesões, pintores, marceneiros, ferreiros, líder da comunidade e de grupos 
religiosos, enfim pessoas que encabeçam atividades relevantes para 
determinados grupos sociais e o faz com muito êxito. 
 
REFERÊNCIAS 
 
FERREIRO, E. e TEBEROSKI, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto 
alegre, Artes Médicas, 1985. 
 
PAIVA, Vanilda. História da Educação Popular no Brasil. São Paulo: Edições 
Loyola, 2003.

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