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TRATAMENTO SIMPLIFICADO PARA 
AS M1CROEMPRESAS E 
EMPRESAS DE PEQUENO PORTE 
A Lei Complementar n.° 123, de 14 de dezembro de 2006, instituiu o “Estatuto Nacional da 
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte”, visando, especialmente, a regular o disposto na alínea 
“d” do inciso III do art. 146 da Constituição, e no parágrafo único desse artigo, ambos acrescentados 
pela Emenda Constitucional n.° 42/2003. Essa emenda, na verdade, trata de matéria 
tributária, e os dispositivos constitucionais citados também dizem respeito especificamente a regimes 
tributários. Entretanto, o legislador, ao estabelecer o referido estatuto, não se limitou a regular as 
disposições constitucionais antes mencionadas, nem restringiu o seu escopo ao Direito Tributário. 
Deveras, há no “Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte” diversas normas 
de natureza comercial, previdenciária, trabalhista etc. É curioso registrar que nem todas as matérias 
tratadas na LC n.° 123/2006 são matérias constitucionalmente reservadas à lei complementar. Matéria 
trabalhista, por exemplo, pode perfeitamente, como regra, ser regulada mediante lei ordinária; o 
mesmo se diga de assuntos pertinentes ao Direito Comercial. Por essa razão, o próprio legislador, em 
um dispositivo provavelmente inaudito em nosso direito positivo, entendeu por bem explicitar que “as 
matérias tratadas nesta Lei Complementar que não sejam reservadas constitucionalmente a lei 
complementar poderão ser objeto de alteração por lei ordinária” (art. 86). Em razão do foco desta obra, 
limitar-nos-emos a apresentar as regras constantes da LC n.° 123/2006 que importam ao Direito do 
Trabalho. Antes, entretanto, é necessário conhecer as definições de microempresa (ME) e de empresa 
de pequeno porte (EPP) para os efeitos dessa lei, uma vez que é somente a elas que as regras que 
veremos têm aplicação. Nos termos do art. 3.° da lei, microempresa é o empresário, a pessoa jurídica, 
ou a ela equiparada, que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta 
igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais). Empresa de pequeno porte é a que 
aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e 
igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). Essa é a regra geral; 
há uma série de pessoas jurídicas que, mesmo auferindo receita bruta dentro desses limites, não está 
sujeita aos regimes favorecidos previstos na lei, como são exemplos as pessoas jurídicas constituídas sob 
a forma de sociedade por ações, as instituições financeiras em geral, as cooperativas, salvo as de 
consumo etc. Esse detalhamento, entretanto, escapa aos lindes de nosso assunto. 
A LC n.° 123/2006 dispensou das seguintes obrigações as ME e as EPP 
nela enquadradas (art. 51): 
I - da afixação de Quadro de Trabalho em suas dependências; 
II - da anotação das férias dos empregados nos respectivos 
livros ou fichas de registro; 
III - de empregar e matricular seus aprendizes nos cursos dos 
Serviços Nacionais de Aprendizagem; 
IV - da posse do livro intitulado “Inspeção do Trabalho”; e 
V - de comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego a 
concessão de férias coletivas. 
De outra parte, o legislador teve o cuidado de explicitar alguns procedimentos 
que permanecem sendo obrigatórios para as ME e EPP. A enumeração das obrigações não dispensadas 
encontra-se no art. 52 da LC n.° 123/2006. São elas: I — anotações na Carteira de Trabalho e Previdência 
Social - 
CTPS; 
II — arquivamento dos documentos comprobatórios de cumprimento das obrigações trabalhistas e 
previdenciárias, enquanto 
não prescreverem essas obrigações; 
III - apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência 
Social - GFIP; 
IV - apresentação das Relações Anuais de Empregados e da 
Relação Anual de Informações Sociais - RAIS e do Cadastro 
Geral de Empregados e Desempregados - CAGED. 
Além da dispensa de obrigações, a lei, em seu art. 54, apresenta uma regra processual que objetiva 
facilitar a atuação da ME e EPP em juízo. Preceitua esse artigo que “é facultado ao empregador de 
microempresa ou de empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou representar perante a Justiça 
do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda que não possuam vínculo trabalhista ou 
societário.” Há, também regras de proteção das ME e EPP concernentes às atividades 
de fiscalização a que estão sujeitas. Consoante o art. 55 da lei, “a fiscalização, no que se refere aos 
aspectos trabalhista, metrológico, sanitário, ambiental e de segurança, das microempresas e empresas 
de pequeno porte deverá ter natureza prioritariamente orientadora, quando a atividade ou situação, 
por sua natureza, comportar grau de risco compatível com esse procedimento”. 
O mesmo artigo, em seu § l.°, determina a adoção, nessas atividades de fiscalização, do “critério de 
dupla visita para lavratura de autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta de 
registro de empregado ou anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, ou, ainda, na 
ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização”. 
As atividades e situações cujo grau de risco seja considerado alto, conforme 
regulamentação a ser estabelecida pelos órgãos e entidades competentes, não 
estão abrangidas por essas regras protetivas (art. 55, § 3.°). Tampouco o estão 
os processos administrativos fiscais relativos a tributos (art. 55, § 4.°). 
Por fim, cabe mencionar que a LC n.° 123/2006 alterou a CLT, acrescentando o § 3.° ao seu art. 58, 
abaixo transcrito: 
§ 3.° Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas 
de pequeno porte, por meio de acordo ou convenção coletiva, 
em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de 
difícil acesso ou não servido por transporte público, o tempo 
médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a 
natureza da remuneração.