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Instrumento_ Prática de Flauta Doce

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Indaial – 2020
Instrumento: PrátIca de 
Flauta doce
Prof.ª Pamela Lopes Nunes 
Prof. Welington Tavares dos Santos
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Pamela Lopes Nunes
Prof. Welington Tavares dos Santos
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
N972i
 Nunes, Pamela Lopes
 Instrumento: prática de flauta doce. / Pamela Lopes Nunes; Welington 
Tavares dos Santos – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 183 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0436-9
 1. Flauta doce. - Brasil. I. Santos, Welington Tavares dos. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 780
III
aPresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de “Instrumento: 
Prática de Flauta Doce”. É um material de nível intermediário e, portanto, 
desafiador, pois exigirá que sejam mobilizados vários conhecimentos 
acumulados ao longo da sua experiência como ouvinte de música e teoria 
musical.
Não é um livro que deve ser abandonado após o módulo, 
principalmente se você pretende mergulhar no maravilhoso mundo da 
música. O livro de prática de flauta doce, além de reunir peças e melodias para 
estudo individual ou em grupo, também tem como foco o aprimoramento da 
leitura em partitura, composição e performance.
Foram reunidas peças musicais, além de estudos de técnica para flautas 
soprano e contralto, sendo que a última foi abordada de modo introdutório 
na expectativa de motivá-lo para estudos futuros mais aprofundados.
 
Você perceberá que as peças musicais sugeridas neste livro terão 
diferentes níveis de dificuldade técnica, contudo, em ambos os casos, é 
importante lembrar daquela máxima: “o processo de aprendizagem, em 
qualquer instrumento musical, exige paciência e persistência, elementos 
essenciais para atingir a excelência do aprendizado musical”.
A primeira unidade, intitulada Técnicas Interpretativas para Flauta 
Doce, terá como foco a introdução aos estudos de flauta doce contralto, 
também conhecida como flauta em fá. Serão apresentados elementos básicos, 
como digitação, postura, respiração, notas das mãos esquerda e direita 
etc. Nesta unidade, serão apresentadas orientações e dicas para a prática 
de conjunto, tendo como base um repertório com melodias de diferentes 
períodos históricos. Foram, portanto, selecionadas músicas europeias dos 
períodos medieval, renascentista e barroco, além de melodias brasileiras do 
cancioneiro popular.
A segunda unidade, Construções Melódicas e Harmônicas com 
a Flauta Doce, tratará de conceitos importantes da linguagem musical e a 
prática de flauta doce tornará seus estudos ainda mais significativos. Nesta 
unidade, você terá a oportunidade de rever, suscintamente, alguns conteúdos 
de teoria musical referentes a escalas, acordes, tonalidades e transposição com 
um diferencial: praticando flauta doce. Os conteúdos da unidade avançam 
aprofundando informações sobre aprendizagem significativa, formas de 
memorização, composição e improvisação com flauta doce, apresentando, 
também, um repertório variado de músicas da Europa, África e Brasil. O 
repertório de música brasileira tem como foco melodias indígenas, canções 
infantis e de festas da cultura popular.
IV
A terceira unidade, Princípios para o Ensino de Flauta Doce, foi 
organizada para promover algumas reflexões sobre o processo de ensino 
e aprendizagem de flauta doce, seja na educação formal ou em contextos 
informais ou não formais de ensino. Você também conhecerá algumas 
propostas didáticas que podem ser usadas no aprimoramento da própria 
prática de flauta doce e, sobretudo, na organização e/ou projeção de futuros 
projetos pessoais no campo do ensino instrumental. Esta unidade selecionou 
e organizou, com base em pesquisas e estudos acadêmicos da última década, 
programas de computador, aplicativos, páginas web e inúmeras outras 
fontes de consulta que disponibilizam materiais gratuitos sobre música e 
flauta doce.
 
A prática de flauta doce na concepção deste material não pode ser 
um evento solitário, mas, acima de tudo, congregador e divertido. Por esse 
motivo, sempre recomendamos que as atividades sejam em grupos, trios 
ou duetos.
As melodias e estudos selecionados para as unidades têm como 
objetivos retomar as informações e conteúdos apresentados nos tópicos, 
aprofundar elementos técnicos e performáticos da flauta doce e, acima de 
tudo, ampliar os repertórios cultural e musical. Lembrando que, ao ler, ouvir 
e tocar, será muito mais fácil poder escrever e expressar-se por meio de ritmos 
e sons. Esse processo de aprendizagem em música será ainda mais divertido 
se for praticando a flauta doce. 
Bons estudos!
Prof.ª Pamela Lopes Nunes
Prof. Welington Tavares dos Santos
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.
Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!
LEMBRETE
VIII
IX
UNIDADE 1 –TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE ......................................1
TÓPICO 1 – FLAUTA DOCE CONTRALTO........................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 POSTURA, RESPIRAÇÃO E DIGITAÇÃO.......................................................................................4
2.1 POSTURA ...........................................................................................................................................42.2 RESPIRAÇÃO .....................................................................................................................................6
2.3 DIGITAÇÃO ......................................................................................................................................8
3 NOTAS DA MÃO ESQUERDA: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL ................................................................11
4 NOTAS DA MÃO DIREITA: SI, LÁ, SOL, FÁ ................................................................................16
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................19
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................20
TÓPICO 2 – FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO ................................21
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................21
2 MÚSICA MEDIEVAL ..........................................................................................................................21
2.1 MÚSICA RENASCENTISTA ..........................................................................................................26
2.2 MÚSICA BARROCA .......................................................................................................................31
2.3 DUETOS ............................................................................................................................................34
2.3.1 Afinação....................................................................................................................................34
2.3.2 Sincronia ...................................................................................................................................35
2.3.3 Repetição ..................................................................................................................................35
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................40
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................41
TÓPICO 3 – PRÁTICA DE CONJUNTO ............................................................................................43
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................43
2 FLAUTA DOCE E PERCUSSÃO ........................................................................................................44
3 A FLAUTA DOCE NAS CANÇÕES INFANTIS .............................................................................46
3.1 MÚSICA PARA CRIANÇAS ..........................................................................................................46
3.2 SUGESTÕES PARA O TRABALHO DE REPERTÓRIO .............................................................47
4 A FLAUTA DOCE NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA .........................................................49
4.1 RAÍZES DA MPB .............................................................................................................................50
4.2 INICIATIVAS DE FLAUTA DOCE NO BRASIL .........................................................................50
5 A FLAUTA DOCE NA MÚSICA CONTEMPORÂNEA ...............................................................51
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................55
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................58
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................59
sumárIo
X
UNIDADE 2 – PRÁTICA INSTRUMENTAL COM AS FLAUTAS SOPRANO 
 E CONTRALTO ...................................................................................................... 61
TÓPICO 1 – EXPLORAÇÃO DE POSSIBILIDADES COMPOSICIONAIS ................................63
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................63
2 ENTENDENDO O PROCESSO DE TRANSPOSIÇÃO ................................................................63
2.1 CONSTRUÇÃO MELÓDICA ........................................................................................................68
2.2 CONSTRUÇÃO HARMÔNICA ....................................................................................................73
2.3 ESCALAS PENTATÔNICAS ..........................................................................................................81
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................83
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................84
TÓPICO 2 – DESENVOLVIMENTO DA EXECUÇÃO DE MEMÓRIA E 
 IMPROVISAÇÃO PARA FLAUTA DOCE .................................................................85
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85
2 TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA .......................................................................85
2.1 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E JOSEPH NOVAK .........................................................87
2.2 SWANWICK E O DISCURSO MUSICAL DOS ALUNOS .........................................................88
2.3 AVALIANDO A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ..............................................................89
3 PRATICANDO A MEMORIZAÇÃO: UM PROCESSO GRADUAL E SOMATÓRIO ...........90
3.1 CHUNKS, ESTUDO E MEMORIZAÇÃO MUSICAL .................................................................91
4 IMPROVISAÇÃO MUSICAL ............................................................................................................92
4.1 PARA ALÉM DA TÉCNICA: O IMPROVISO NA GRADUAÇÃO..........................................93
4.2 PROCESSOS DE MUSICALIZAÇÃO E IMPROVISAÇÃO .......................................................94
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................97
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................98
TÓPICO 3 – REPERTÓRIO PARA AS FLAUTAS SOPRANO E CONTRALTO ........................99
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................99
2 MELODIAS TRADICIONAIS EUROPEIAS ................................................................................100
3 MELODIAS TRADICIONAIS DA ÁFRICA .................................................................................104
4 MELODIAS DA CULTURA POPULAR BRASILEIRA ...............................................................109
5 MELODIAS INDÍGENAS.................................................................................................................114
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................119
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................122
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................123
UNIDADE 3 – PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES PARA O ENSINO DAFLAUTA DOCE ...........................................................................................................125
TÓPICO 1 – A FLAUTA DOCE EM DIFERENTES CONTEXTOS EDUCATIVOS .................127
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127
2 A MÚSICA E OS SONS NA INFÂNCIA .......................................................................................128
3 O PODER DO IMPROVISO NA MUSICALIZAÇÃO INFANTIL - BRINCAR ....................129
4 VIVÊNCIAS MUSICAIS EM CONTEXTOS FORMAIS, NÃO FORMAIS E 
 INFORMAIS DE ENSINO ...............................................................................................................131
4.1 CONTEXTOS FORMAIS DE ENSINO .......................................................................................131
4.2 CONTEXTOS NÃO FORMAIS DE ENSINO .............................................................................132
4.3 CONTEXTOS INFORMAIS DE ENSINO ...................................................................................133
XI
5 FLAUTA DOCE NA EDUCAÇÃO BÁSICA ..................................................................................133
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................135
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................136
TÓPICO 2 – PROPOSTAS DIDÁTICAS PARA O ENSINO E A APRENDIZAGEM 
 DE FLAUTA DOCE ......................................................................................................139
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139
2 PRINCÍPIOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE FLAUTA DOCE ........................................140
3 MATERIAIS DIDÁTICOS IMPRESSOS PARA FLAUTA DOCE ............................................144
4 RECURSOS DIGITAIS PARA PRÁTICA DE FLAUTA DOCE .................................................148
4.1 JOGOS ON-LINE PARA FLAUTA DOCE..................................................................................149
4.2 APLICATIVOS DE FLAUTA DOCE PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS .................................153
4.3 PÁGINAS WEB COM CONTEÚDO ESPECÍFICO PARA FLAUTA DOCE .........................156
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163
TÓPICO 3 – PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES PARA O ENSINO DA 
 FLAUTA DOCE ...............................................................................................................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 SENSIBILIZAÇÃO AO SOM ...........................................................................................................165
3 MONTAGEM DE PARTITURA .......................................................................................................168
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................175
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................177
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................178
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................179
XII
1
UNIDADE 1
TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA 
FLAUTA DOCE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• explorar técnicas instrumentais com base em um repertório de nível 
médio para flauta doce em dó (soprano) e em fá (contralto);
• aprofundar conceitos referentes ao estudo de flauta doce em atividades 
de técnica e prática interpretativa; 
• conhecer as possibilidades de uso das flautas doces contralto e soprano 
em repertórios de diferentes contextos históricos;
• refletir sobre estratégias e metodologias de estudo de flauta doce em 
duetos;
• conhecer músicas do cancioneiro popular brasileiro.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Cada tópico, por meio de uma 
série de estudos melódicos e musicais, abordará os seguintes temas:
TÓPICO 1 – FLAUTA DOCE CONTRALTO
TÓPICO 2 – FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
TÓPICO 3 – PRÁTICA DE CONJUNTO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
FLAUTA DOCE CONTRALTO
1 INTRODUÇÃO
 A flauta doce contralto faz parte da família das flautas doces e recebe 
esse nome pelo seu timbre mais grave, encorpado e aveludado. Essa flauta, em 
termos de tamanho, corresponde ao dobro da flauta soprano, porém, mantém a 
mesma forma e, por sua vez, deve receber os mesmos cuidados de conservação 
e limpeza.
Se fôssemos definir uma origem para a flauta doce, o nome seria flageol, 
ou flajolé medieval, encontrado em registros do século XIII. Com seis orifícios, 
embocadura de apito, tessitura de quase duas oitavas, era utilizada por jograis 
e menestréis popularmente. O desenvolvimento do instrumento ocasionou um 
formato característico da flauta doce, por volta do final do século XIV.
Já no século XV, as flautas doces eram conhecidas e tocadas em toda a 
Europa. Era encontrada em três tamanhos principais: um descante em Sol, um 
tenor em Dó e um baixo em Fá. Essa variedade permitia abranger um grande 
repertório vocal. Ainda, no século XX, por meio do redescobrimento da flauta 
doce, que sua família é melhor definida e classificada de acordo com suas 
qualidades sonoras.
A flauta doce contralto é considerada, tecnicamente, um instrumento 
simples para iniciar o aprendizado daqueles que nunca tocaram um instrumento 
musical de sopro, visto que a emissão do som e a digitação de notas são obtidas 
sem grandes dificuldades. Graças à sonoridade suave e grave, o estudo pode 
ser realizado em qualquer espaço sem provocar incômodo ou irritação, muito 
comum quando são utilizados instrumentos de sonoridades agudas e estridentes.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
4
FIGURA 1 – FLAUTA DOCE CONTRALTO MOLLENHAUER 5206
FONTE: <https://www.salaomusical.com>. Acesso em: 18 jul. 2019.
Neste tópico, você terá a oportunidade de conhecer melhor a flauta doce 
contralto por meio de exercícios de respiração, postura e digitação. Os diferentes 
estudos propostos, dentre eles arpejos, escalas e pequenas peças musicais, foram 
organizados didaticamente para um avanço progressivo na técnica instrumental.
Simultaneamente às indicações técnicas, serão retomadas orientações 
sobre o uso do instrumento, visto que a prática da flauta doce não só trata 
especificamente da performance instrumental, mas também aprofunda conceitos 
relacionados à teoria musical abordada em outras disciplinas.
2 POSTURA, RESPIRAÇÃO E DIGITAÇÃO
Os procedimentos e cuidados a serem observados durante a execução da 
flauta doce contralto assemelham-se aos dos demais instrumentos da família da 
flauta doce. Considerando a importância que deve ser dada à postura, respiração 
e digitação, retomaremos algumas informações essenciais que devem ser 
observadas criteriosamente durante as atividades propostas neste livro.
2.1 POSTURA
Observar a maneira correta de posicionar o corpo durante o estudo 
de um instrumento musical é essencial para evitar problemas lombares ou 
doresnas articulações. Por consequência, o processo de aprendizagem será 
significativamente prejudicado, haja vista que má postura impossibilita o uso 
correto da técnica instrumental, afeta a qualidade sonora e favorece a aquisição 
de vícios.
TÓPICO 1 | FLAUTA DOCE CONTRALTO
5
Frequentemente, estudantes de flauta doce, buscando maior estabilidade 
com o instrumento, tencionam exageradamente a flauta na boca, chegando, 
inclusive, a morder o instrumento com a intenção de segurá-lo. A ação ocorre 
porque os pontos de apoio estão fora do lugar, exigindo uma compensação por 
parte da embocadura.
Boa postura na flauta doce é igual a um bom som e excelentes resultados!
IMPORTANT
E
Mão esquerda em cima e mão direita embaixo. É assim sim! Não 
existe exceção! Lembramos que essas orientações devem ser 
adotadas para todas as flautas da família da flauta doce, ou seja, 
soprano contralto, tenor ou baixo.
Dedos e Punhos: devem estar na posição mais natural da mão. 
Relaxe a mão, solte-a ao longo do corpo e traga-a para cima. 
Observe que todos os seus dedos relaxados ficam alinhados. 
Procure uma forma para as mãos como se fosse a letra C. Mãos 
pequenas e instrumentos grandes alteram essa forma de C, pois 
o corpo a todo tempo compensa mudanças. Os punhos devem 
estar alinhados com o antebraço.
A flauta doce tem dois pontos de apoio: polegar da mão direita 
e lábio inferior. Então, quando estou tocando notas com a mão 
esquerda, o polegar da mão direita fica em seu lugar como ponto 
de apoio. A mão direita, em hipótese alguma, sai da flauta!
FONTE: <http://quintaessentia.com.br/en/artigo/postura/>. Acesso em: 2 abr. 2019.
Não existe boa postura com a mão direita segurando o pé da flauta doce. Não é possível 
considerar um bom trabalho com flauta doce alunos que tocam o instrumento apenas 
com a mão esquerda, ou ainda pior, professores que fazem isso nas aulas e apresentações.
Não encostamos a flauta doce nos dentes, e fica proibido morder a flauta! Caso você 
esteja fazendo isso, é porque a flauta doce não está na altura correta.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
6
Altura correta do instrumento: levar a flauta até a boca, 
e não a boca até a flauta. Se fizer isso corretamente, você 
estará com o instrumento na altura correta de acordo 
com a anatomia, em um ângulo de aprox. 45º.
Uma sugestão: procure equilibrar o instrumento apenas 
com os dois pontos de apoio (polegar da mão direita e 
lábio inferior) sem o auxílio dos outros dedos. Se a flauta 
estiver muito baixa, fica difícil manter o instrumento 
equilibrado. Procure subir o instrumento para achar o 
ponto ideal.
Tanto em pé quanto sentado, procure deixar sua coluna 
reta, ombros relaxados, cotovelos levemente afastados 
do tronco, pés firmes no chão, paralelos e pouco abertos 
para que se tenha um equilíbrio maior do corpo. 
FONTE: <http://quintaessentia.com.br/en/artigo/postura/>. Acesso em: 2 abr. 2019.
O pescoço precisa estar reto, alongado. Imagine que você está sendo puxado por um 
fio acima da cabeça. O pescoço dobrado prejudica diretamente a coluna de ar e, por 
consequência, o resultado sonoro. As dores de cabeça podem surgir daí, do pescoço em 
posição irregular, da mordida da flauta e dos vícios de articulação que a má postura pode 
trazer, causando estresse dos músculos da face e gerando uma dor contínua que o aluno 
interpreta como dor de cabeça. 
FONTE: <http://quintaessentia.com.br/en/artigo/postura/>. Acesso em: 2 abr. 2019.
2.2 RESPIRAÇÃO
Para tocar um instrumento de sopro, é importante atentar-se, basicamente, 
aos músculos envolvidos com a respiração a fim de otimizar a utilização do ar, 
elemento essencial na produção de som para o instrumentista.
Precisamos ressaltar que a proposta do item não é discorrer sobre a 
anatomia da respiração, mas apresentar os principais elementos envolvidos no 
processo para que, ao praticar os exercícios propostos, desenvolva-se uma maior 
consciência dos músculos envolvidos no ato de respirar, dividindo-se em dois 
grupos: os da inspiração e os da expiração.
Os músculos que agem na inspiração calma ou respiração em repouso 
são o diafragma e os intercostais externos. A inspiração calma ocorre quando se 
expandem os pulmões, tornando a pressão interna inferior à pressão atmosférica, 
fluindo o ar para dentro dos pulmões (TORTORA, 2000).
TÓPICO 1 | FLAUTA DOCE CONTRALTO
7
O diafragma é classicamente descrito como um músculo que separa a 
cavidade torácica da cavidade abdominal. Funciona de forma involuntária e é 
responsável pela respiração com os intercostais – músculos situados entre as 
costelas.
FIGURA 2 – MUSCULATURA DIAFRAGMÁTICA
FONTE: <http://www.estudiodevoz.com.br/2012_05_01_archive.html>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Na expiração, utilizam-se os músculos abdominais e intercostais internos. 
Ela é obtida por uma diferença de pressão, mas, no caso, a diferença é inversa. 
A pressão nos pulmões é maior. A expiração normal, ao contrário da inspiração 
normal, é um processo passivo, pois não há contrações musculares envolvidas. 
Ela depende, parcialmente, da elasticidade dos pulmões (TORTORA, 2000).
 
Em geral, todas as pausas ou “momentos de silêncio”, na música, 
devem ser aproveitadas para a inspiração, contudo, a quantidade de ar deve ser 
proporcional ao trecho musical que será executado.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
8
FIGURA 3 – MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS
FONTE: <http://anatomiafacil.com.br/category/blog/>. Acesso em: 10 abr. 2019.
Na maioria das vezes, o instrumentista de sopro não consegue produzir 
frases longas com um som relaxado porque não respira da maneira adequada, 
permitindo que o diafragma realize seu importante trabalho.
 
Quando se toca um instrumento de sopro, a flauta doce, por exemplo, 
o ar, naturalmente, sai pela boca como no movimento de expiração. Do mesmo 
modo, para inspiração, ou seja, para encher os pulmões de ar, utiliza-se a boca ao 
invés das narinas, pois durante a execução de uma peça musical essa é a maneira 
mais eficaz de recuperar o fôlego rapidamente.
2.3 DIGITAÇÃO 
A digitação, na flauta doce contralto, segue o mesmo padrão da flauta 
doce soprano, devendo ser levada em conta a principal diferença entre elas: a 
afinação. Enquanto a soprano é em Dó, a flauta doce contralto tem sua afinação 
em Fá. Isto é, se você tampar todos os orifícios da flauta, a soprano soará um Dó, 
e a contralto uma nota Fá.
Conforme a imagem a seguir, para se obter a mesma nota Dó, são fechados 
todos os orifícios na flauta soprano, enquanto na contralto apenas até o terceiro 
orifício. As notas correspondem, inclusive, a uma mesma oitava, diferenciando-
se, basicamente, pelo volume sonoro.
TÓPICO 1 | FLAUTA DOCE CONTRALTO
9
FIGURA 4 – COMPARATIVO ENTRE AS FLAUTAS DOCE SOPRANO E CONTRALTO
DÓ
DÓ
FONTE: Os autores
Podemos dizer que, com relação à flauta doce soprano, a contralto ganha, 
após o Dó, quatro notas graves a mais: Si, Lá, Sol e Fá. Em contrapartida, perde 
algumas notas agudas.
Na flauta doce, como em qualquer instrumento de sopro, o início e o fim de 
cada som são obtidos com a articulação, ou seja, a correta definição de sons e seu 
fraseado. A articulação é fundamental para a separação entre notas, permitindo a 
expressão da interpretação. A técnica de articulação consiste no chamado “toque 
de língua”, utilizando consoantes simples como “TU” ou “DU”.
NOTA
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
10
FONTE: Os autores
Na flauta doce contralto, é necessário haver um cuidado com o sopro 
nas notas graves. A emissão de ar deve ser com pouca força, porém, de forma 
contínua. Caso haja muita força no sopro, soará mais agudo ou como um apito 
desagradável.
As notas da região mediana – Dó, Ré, Mi, Fá e Sol – exigirão um pouco 
mais de pressão do ar, mas é preciso estar atento à afinação e uso correto dos 
dedos sobre os orifícios. As notas mais agudas – Lá, Si, Dó, Ré, Mi e Fá – exigirão 
tanto controle de ar quanto o correto posicionamento do polegar da mãoesquerda 
no orifício posterior da flauta. O polegar esquerdo deve cobrir parcialmente o 
orifício até que se encontre o ponto ideal de abertura para que as notas soem 
limpas.
Para conseguir uma boa interpretação, é necessário sincronizar o movimento 
dos dedos e a emissão de ar. Além disso, os dedos levemente flexionados devem 
cobrir completamente os orifícios indicados em cada dedilhado, usando a parte 
mais macia da ponta do dedo.
É preciso cobrir os orifícios de maneira suave. Lembrando que o polegar 
da mão esquerda é fundamental, pois é responsável pelos sons agudos. O polegar 
direito servirá como apoio na parte de trás da flauta, na altura do quarto orifício 
de cima para baixo.
TÓPICO 1 | FLAUTA DOCE CONTRALTO
11
Para manter a flauta sempre em boas condições, é aconselhável levar em 
consideração as seguintes recomendações:
• Quando terminar de tocar, você deve secar a umidade que fica dentro da flauta devido ao 
efeito da respiração.
• A flauta não deve ser exposta a mudanças súbitas de temperatura, devendo ser 
armazenada, após o uso, em uma caixa ou estojo de pano.
ATENCAO
3 NOTAS DA MÃO ESQUERDA: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL
FIGURA 5 – NOTAS DA MÃO ESQUERDA: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL
FONTE: Os autores
Os exercícios da mão esquerda, além de permitirem maior controle 
motor, também atuam de forma a facilitar a memorização das posições para 
prática musical. Com essas posições iniciais, é possível tocar muitas melodias, 
seja individualmente ou em grupos. Para que o estudo fique ainda mais 
agradável, podemos sugerir o acompanhamento de outros instrumentos, como o 
violão, teclado ou percussão. No entanto, é necessário realizar alguns exercícios 
preparatórios para fixar as posições que serão utilizadas em melodias mais 
elaboradas.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
12
Os exercícios preparatórios também têm o objetivo de familiarizar 
o estudante com as novas dificuldades técnicas e musicais. Por essa razão, 
acreditamos que seja conveniente iniciar a prática através de um único som, 
concentrando a atenção na emissão do som e articulação da sílaba “DU”. Essa 
sílaba permite que o ataque com o golpe de língua seja suavizado, prevenindo os 
famosos “apitos” com o instrumento.
FIGURA 6 – DÓ, RÉ E MI
FONTE: Os autores
TABELA 1 – ESTUDOS
´
TÓPICO 1 | FLAUTA DOCE CONTRALTO
13
FONTE: Os autores
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
14
TABELA 2 – FÁ E SOL E ESTUDOS
FONTE: Os autores
Os próximos estudos, propositalmente, não estarão com o nome das notas 
na partitura. Lembre-se: cada linha e espaços da pauta têm o nome de uma nota musical. 
Memorizar é fundamental no processo da aprendizagem.
ATENCAO
TÓPICO 1 | FLAUTA DOCE CONTRALTO
15
TABELA 3 – ESTUDOS
FONTE: Os autores
Como segurar a flauta doce contralto?
• Posicione o bocal no lábio inferior e equilibre seu instrumento com o dedo polegar 
direito. Lembre-se: coloque sua mão esquerda no topo. Não morda o bocal, nem permita 
que ele toque seus dentes.
ATENCAO
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
16
• Sopre suavemente com um fluxo constante. Concentre-se na respiração, imagine como 
ela acontece fisicamente, sem tensionar os músculos.
• Ao tocar uma nota musical, você deve iniciar e parar o som com sua língua. Para fazer 
isso, tente dizer as sílabas “TU” ou “DU” enquanto emite o som. A técnica é chamada de 
tonguing e produz um começo e um fim claros para a nota.
• Se a nota não sair, ou se ela guinchar, assegure-se de que seus dedos estejam cobrindo 
completamente os orifícios, sem demasiada força. Outra razão que pode chiar é porque 
você está soprando muito forte.
FONTE: <https://www.wikihow.com/Play-the-Recorder>. Acesso em: 25 abr. 2019.
 Disponibilizando ao menos 30 minutos diários para estudos preparatórios, 
em poucas semanas não existirão grandes dificuldades para mudança de posição, 
dedilhado e sopro. Lembrando que o tempo de dedicação para os estudos e a 
prática instrumental são determinantes para avançar em atividades de maior 
complexidade.
4 NOTAS DA MÃO DIREITA: SI, LÁ, SOL, FÁ
FIGURA 7 – NOTAS DA MÃO DIREITA: SI, LÁ, SOL, FÁ
FONTE: Os autores
TÓPICO 1 | FLAUTA DOCE CONTRALTO
17
TABELA 4 – ESTUDOS
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
18
FONTE: Os autores
19
Neste tópico, você aprendeu que:
• A flauta doce, desde o século XV, era fabricada em diferentes tamanhos, porém 
não havia nenhuma classificação ou nomenclatura específica para distinguir 
umas das outras. No período, a flauta contralto era simplesmente chamada de 
“flauta”, contudo, para diferenciar da flauta transversal ou de outras flautas 
com tamanhos diferentes, era chamada de "flauta comum" ou "flauta de 
consorte" (LASOCKI, 2001). No século XX, com o redescobrimento da flauta 
doce, ela é classificada conforme suas qualidades sonoras e, a partir de então, 
surge o que hoje conhecemos como família da flauta doce.
 
• Os procedimentos e cuidados a serem observados durante a execução 
melódica da flauta doce contralto se assemelham aos utilizados com os demais 
instrumentos da família da flauta doce. Portanto, um cuidado especial deve ser 
tomado quanto à postura, respiração e digitação.
• A digitação na flauta contralto segue o mesmo padrão da flauta doce soprano, 
contudo, a principal diferença é a afinação. A flauta soprano é em DÓ e a 
contralto tem afinação em FÁ, isto é, se você tampar todos os orifícios da flauta, 
na soprano, você terá a nota DÓ e, na contralto, a nota FÁ.
• A flauta doce contralto é considerada um instrumento simples para aqueles 
que nunca tocaram um instrumento musical. É uma versão maior da flauta 
doce soprano e tem um som mais grave, suave e agradável. A flauta doce 
contralto pode ser usada para tocar qualquer música desde que as notas não 
fiquem abaixo do FÁ, na parte inferior da Clave de Sol. Se existirem notas 
abaixo de FÁ, a música deve, primeiramente, ser transposta. 
RESUMO DO TÓPICO 1
20
1 Na flauta doce contralto, as notas da região mediana – Dó, Ré, Mi, Fá e Sol 
– exigirão um pouco mais de pressão do ar, mas é preciso estar atento à 
afinação e ao uso correto dos dedos sobre os orifícios. Monte, no diagrama a 
seguir, as posições da flauta doce contralto, relativas às notas que aparecem 
na pauta musical.
AUTOATIVIDADE
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA de notas na pauta:
a) ( ) sol, lá, si, do, ré, fá, mi.
b) ( ) lá, si, do, ré, mi, sol, fá.
c) ( ) fá, lá, dó#, mi, si, sol, ré.
d) ( ) sol, si, ré, dó, lá, dó, mi.
2 Os procedimentos e cuidados a serem observados durante a execução da 
flauta doce contralto assemelham-se aos dos demais instrumentos da família 
da flauta doce. Considerando a importância que deve ser dada à postura, 
respiração e digitação, algumas questões essenciais devem ser observadas 
criteriosamente. Disserte sobre a importância de manter uma boa postura 
durante a execução da flauta doce contralto.
3 Que tal você criar seu próprio estudo de flauta doce contralto utilizando 
as notas estudadas neste tópico? Aproveite a pauta a seguir e escreva, 
livremente, algo para tocar com seus colegas de sala.
21
TÓPICO 2
FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE 
REPERTÓRIO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais da 
história da música, percorrendo parte do caminho realizado pela flauta doce, 
com um repertório que perpassa melodias características dos períodos medieval, 
renascentista e barroco. Além disso, terá oportunidade para organizar duetos 
de pequenas peças musicais para tornar o estudo ainda mais significativo, 
aproveitando a aula para prática em conjunto – unindo estudo e descontração no 
fazer musical.
Alertamos que o desempenho nas atividades de prática de flauta doce 
contralto depende do quanto você se apropriou dos conteúdos de teoria musical 
até aqui. Este tópico dará habilidade necessária para executar as peças que serão 
apresentadas no decorrer deste material didático.2 MÚSICA MEDIEVAL
A Idade Média europeia é um período compreendido do século V ao 
século XV, e foi marcado pelo profundo sentimento religioso que dominava a 
sociedade, e também musicalmente, pelo surgimento e desenvolvimento da 
polifonia e das primeiras notações musicais.
A grafia musical ainda estava em seus estágios iniciais durante a Idade 
Média e, como resultado, a maioria das composições era transmitida apenas 
em uma espécie de reprodução, tradição oral em vez de partituras escritas. Os 
registros parcos, ou a presença de letras sem melodias marcadas, dificultavam a 
obtenção de um conhecimento detalhado da música na Idade Média.
No período, o caráter litúrgico e festivo liga a música aos ritos religiosos 
ou àqueles de natureza pagã, como as festas da chegada da primavera. A música, 
na alta Idade Média, é marcada pela estrutura modal praticada nas salmodias, no 
canto gregoriano, nos organuns, nas composições polifônicas da Escola de Notre-
Dame, na Ars Antiqua e Ars Nova e, ainda, nas canções populares de trovadores 
e jograis.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
22
A música modal se caracteriza pela importância dada às combinações 
entre as notas, intervalos e seus resultados sonoros, tendo como fundamento a 
composição melódica, seja em uma monodia (uma só melodia) ou em mais de 
uma melodia, a polifonia.
Devido à perseguição que houve aos cristãos no início do período 
medieval, a parte instrumental das músicas fora retirada para que as cerimônias 
fossem realizadas de forma discreta. Além disso, com a adoção dos costumes 
hebreus de salmos, a música acabou se tornando vocal. Inicialmente, a forma de 
se registrar esses cânticos era por meio da escrita neumática. Os neumas, embora 
não indicassem, de forma precisa, a altura das notas, auxiliavam os cantores a 
recordarem o contorno melódico.
FIGURA 8 – EXEMPLO DE ESCRITA NEUMÁTICA
FONTE: <http://art-musica.blogspot.com/2012/02/no-inicio-eram-os-neumascomo-surgiu.html>. 
Acesso em: 15 jul. 2019.
A rápida expansão do cristianismo exigiu um maior rigor do Vaticano, que 
unificou a prática litúrgica romana no século VI. O papa Gregório I institucionaliza 
o canto gregoriano, que se torna modelo para a Europa católica. A notação musical 
sofre transformações, e os neumas são substituídos pelo sistema de notação com 
linhas, principalmente após os esforços do monge Guido d'Arezzo.
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
23
FIGURA 9 – ESTÁTUA NA CATEDRAL DE WINCHESTER, DE 1305
Além da música religiosa, também se destaca a atividade de se “musicar” 
notícias, poesias e versos por meio de artistas ambulantes: os trovadores e jograis. 
Instrumentos melódicos como alaúde, rabeca, pífano, além de instrumentos de 
percussão, como o galubé e o tamboril, representavam os precursores da música 
secular no período.
Também podemos perceber o nascimento da flauta doce. Possuía seis furos 
na parte superior apenas, exigindo que o instrumentista usasse os indicadores, 
médios e anelares, de ambas as mãos, na posição que preferisse. Era possível 
ver esse instrumento sendo usado por jograis e menestréis em ornamentações e 
danças populares. 
FONTE: <http://www.recorderhomepage.net/>. Acesso em: 10 jul. 2019.
Aos poucos, foram feitas modificações no flageol. Acrescentou-se um furo 
na parte inferior, alterando a nota mais grave ou um tom. Na mesma época, fez-
se o orifício na parte traseira, para o polegar, possibilitando oitavar com mais 
facilidade. Pode-se ver que o que temos como a mais antiga flauta doce preservada 
em museu é uma evolução clara do instrumento.
FIGURA 10 – FLAUTA DE DORDRECHT, COM DATA ENTRE 1335 E 1418. ENCONTRA-SE NO 
GEMEENSTESMUSEUM, EM HAIA
FONTE: <http://www.marcomagalhaes.com/bouwer-eng>. Acesso em: 19 jul. 2019.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
24
No século XIV, tratados começaram a ser feitos sobre música, trazendo-
nos registros das práticas musicais da época e esclarecendo muito sobre as 
flautas doces do final da Idade Média. O primeiro tratado é o Música Getutsch, 
de Sebastian Virdung, de 1511, em que apresentava três tamanhos de flautas 
(baixo em Fá, tenor em Dó e discant em Sol: todas afinadas em quintas), com 
tenor duplicado.
FIGURA 11 – ILUSTRAÇÃO DO TRATADO DE SEBASTIAN VIRDUNG, DE 1511
FONTE: <https://miguelmorateorganologia.wordpress.com/flauta-travesera-1/>. Acesso em: 19 jul. 2019.
Com o desenvolvimento de características mais estáveis, o instrumento 
começou a chamar atenção de instrumentistas diferentes dos jograis e 
menestréis que tocavam o flajolé. Nobres amadores, que buscavam interpretar 
o repertório polifônico que começava a surgir na época, viam, na flauta doce, 
elementos favoráveis. Ao contrário dos instrumentos de corda, não era preciso 
afiná-la, além de ser leve e portátil, adequando-se aos momentos de lazer e 
entretenimento dos nobres.
Durante a Idade Média, a maior parte da música era vocal e desacompanhada. 
A igreja queria manter a música pura e solene porque era menos perturbadora. Mais tarde, 
instrumentos musicais, como sinos e órgãos, eram permitidos na igreja, mas eram usados 
principalmente para observar dias importantes do calendário litúrgico. Músicos itinerantes 
ou menestréis usavam instrumentos musicais nas esquinas das ruas. Os instrumentos 
usados incluem violinos, harpas e alaúdes. O alaúde é um instrumento de corda em forma 
de pera com um braço traste. A música da igreja (litúrgica ou sagrada) dominou a cena, 
embora algumas músicas folclóricas seculares anunciadas por trovadores tenham sido 
encontradas em toda a França, Espanha, Itália e Alemanha.
FONTE: <https://www.liveabout.com/medieval-music-timeline-2457149>. Acesso em: 19 
jul. 2019.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
25
Vamos praticar? 
A peça musical referente à Idade Média selecionada para prática em 
conjunto ou estudo individual é a Saltarello la Regina, uma dança do final do 
século XIV do norte da Itália. É uma melodia alegre, cuja estrutura baseia-se em 
verso e coro. São quatro versos, repetidos duas vezes e seguidos pelo refrão.
Saltarello, em uma tradução livre, significa “saltar”, o que se refere aos 
passos salteados, principal característica deste tipo de dança. Durante o século 
XV, a palavra saltarello também fazia referência a um ritmo musical (ternário), que 
aparece em muitas danças coreografadas.
Essa melodia apresenta alguns “saltos” na primeira voz, que podem 
ser, inicialmente, de difícil execução. O importante é começar o estudo com um 
andamento bem lento e, aos poucos, aumentar a velocidade.
FIGURA 12 – ANONIMUS SÉC. XIV
FONTE: <https://historical-dance.net/node/32>. Acesso em: 15 jul. 2019
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
26
Danças inteiras, consistindo apenas no passo e no ritmo do saltoello, 
são descritas como danças improvisadas nos manuais de dança do século XV na Itália. 
Informações sobre essa dança apareceram em um tratado escrito por Antonio Cornazzano, 
em 1465. Durante esse tempo, o saltoello foi interpretado por grupos de cortesãs vestidas 
como homens em máscaras.
DICAS
FONTE: <https://collections.vam.ac.uk/item/O55132/saltarello-romano-print-pinelli-
bartolomeo/>. Acesso em: 15 jul. 2019.
Embora originalmente destinado à corte napolitana, o saltoello tornou-se a típica dança 
folclórica italiana da Ciociaria e uma das tradições favoritas de Roma nas festas de carnaval 
e colheita de Monte Testaccio. Tradicionalmente, ela também é realizada em festas de 
casamento após a partida do casal recém-casado da igreja. Assista ao vídeo disponível em 
<https://youtu.be/PWMyb1UtlzE> para conhecer melhor os passos dessa dança.
2.1 MÚSICA RENASCENTISTA
No desabrochar da renascença, a flauta doce já estava estabelecida em 
toda a Europa. Além dos músicos populares, o instrumento já se fazia presente 
nas elites urbanas, nas cortes e no clero, atingindo um grau de popularidade e 
alcance que nenhum outro havia tido antes de1500.
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
27
FIGURA 13 – FLAUTAS DESCRITAS POR PRAETORIUS, EM 1619
FONTE: <http://labflauta.org/conteudo/o-conjunto- renascimento/>. Acesso em: 20 jul. 2019.
Com relação às evoluções ocorridas no período, percebe-se uma clara 
evolução dos instrumentos musicais, que passaram por intensas experimentações 
e mudanças. No período, a flauta doce surge em ainda mais diversos tamanhos 
e modelos, com agrupamentos em famílias de diferentes tamanhos, que foram 
chamadas de consort. Uma palavra utilizada modernamente para se referir a 
um grupo do mesmo instrumento com diferentes tamanhos e possibilidades 
(FIGUEIREDO, 2018).
Michael Praetorius traz, em seu tratado, Syntagma Musicum, de 1619, 
nove tamanhos diferentes de flautas, diferenciando-os claramente de acordo com 
sua polifonia. De acordo com Figueiredo (2018, p. 3), “a prática renascentista do 
consort era bastante diferente da forma como a flauta doce é mais conhecida nos 
dias de hoje, principalmente quando falamos da afinação dos instrumentos”. 
O autor destaca que a afinação renascentista, em quintas, é desafiadora para os 
flautistas:
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
28
A afinação renascentista em quintas traz novos desafios para os 
flautistas: instrumentos afinados em Sol, Ré, Si bemol e outras 
possibilidades que a afinação em quintas permite. Não é amplamente 
estudada por flautistas, até no ambiente acadêmico, pois o padrão 
de afinação atual da flauta doce intercala quintas e quartas (Fá-Dó-
Fá-Dó), ou seja, os instrumentos estão limitados a Dó e Fá. Por esse 
motivo, a prática e a construção adequadas de consorts de flautas 
doces renascentistas enfrentam certa resistência no cenário musical 
da flauta doce, que busca alterar as caraterísticas desses instrumentos 
(FIGUEIREDO, 2018, p. 5).
Importante destacar que, no Brasil, há um movimento crescente no âmbito 
de música antiga nas últimas décadas. Dentre os grupos mais conhecidos, citamos: 
GReCo – Grupo de Pesquisa em Música da Renascença e Contemporânea, na 
UNESP; Quinta Essentia Quarteto, um dos mais importantes grupos de música 
de câmara da atualidade; e o Illvminata, grupo que se destina à pesquisa e 
performance de música antiga.
Vamos praticar?
 
Durante a Renascença, uma forte característica da produção musical do 
período é a escrita polifônica. A prática, restrita inicialmente à música vocal da 
liturgia, passou por grandes transformações que renderam uma diversidade 
de estilos de escrita durante o Humanismo europeu, trazendo também uma 
paulatina abertura para a música instrumental.
FIGURA 14 – DANÇA FRANCESA DO SÉCULO XVI
FONTE: Os autores
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
29
Na melodia Tourdion, você utilizará uma posição nova na flauta contralto: 
a nota Lá. Ela aparece no segundo compasso da música. Observe a seguir:
FIGURA 15 – POSIÇÃO LÁ
FONTE: Os autores
FIGURA 16 – RITORNELLO, 1787
FONTE: Os autores
Na melodia Ritornello, toda nota FÁ é sustenida, conforme indicação da 
armadura de clave. Portanto, a posição na flauta doce contralto também muda.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
30
FIGURA 17 – ARMADURA DE CLAVE: SUSTENIDO EM FÁ
FONTE: Os autores
A canção de natal a seguir é um bom exercício de prática. Sua extensão 
vai do Dó até o Sol.
FIGURA 18 – MELODIA DO SÉCULO XVII
FONTE: Os autores
 Consort renascentista
Os consorts de flautas renascentistas geralmente são afinados em quintas justas. Dessa 
forma, a nomenclatura dos instrumentos mais usados é ligeiramente diferente dos barrocos. 
Os instrumentos renascentistas possuem tubo cilíndrico, com praticamente o mesmo 
diâmetro no bocal e no final do tubo, tornando as notas graves muito mais potentes.
NOTA
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
31
FONTE: <https://quintaessentia.com.br/artigo/infinidade-de-instrumentos/>. Acesso em: 
15 jul. 2019.
2.2 MÚSICA BARROCA
Durante o período barroco, a música instrumental teve um 
despontamento, atingindo destaque em conjunto com a música vocal. A 
música, aqui, toma ares exuberantes: aplicam-se ritmos enérgicos, melodias 
com muitos ornamentos, contrastes de timbres instrumentais, sonoridades 
fortes com suaves e experimentações técnicas e de composição que estendiam 
as possibilidades sonoras.
Em boa parte da Europa, a composição polifônica começa a perder espaço, 
enquanto o barroco italiano amplia sua cena, dando ênfase à melodia principal 
acompanhada por um baixo contínuo. A parte de baixo era escrita por extenso 
na partitura, e o instrumentista preenchia a harmonia com acordes apropriados 
à progressão, ou improvisava uma linha melódica contínua. Utilizava-se muito o 
cravo, por vezes dobrado por uma viola de gamba ou um violoncelo. 
O cello, por exemplo, poderia tocar a tônica de cada acorde, enquanto 
o cravo soaria as notas cifradas em arpejo, possibilitando até mesmo certa 
improvisação do cravista. Com uma base sustentando a peça, o restante da música 
tinha mais liberdade melódica e temática, enriquecendo a melodia. Essa prática 
de performance otimizou o aproveitamento dos instrumentos e dos cantores, 
ampliando o nível técnico dos intérpretes e das composições.
Com o desenvolvimento do nível técnico, novas configurações surgiam. 
No período, surgem as músicas de câmara, estilo musical de conjunto variado, 
mas muito elaborado e destinado às cortes, contando com, no máximo, dez 
músicos gabaritados, nem sempre solistas. Apresentando-se em pequenas salas, 
para um público seleto, existiam conjuntos que iam de trios com piano, quartetos 
de corda e quintetos de sopro.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
32
FIGURA 19 – MÚSICOS NA CORTE DOS MEDICI, DE ANTONIO DOMENICO GABBIANI (1652-1726)
FONTE: <https://revistasera.info/2016/09/a-musica-barroca-1600-1750-frederico-toscano/>. 
Acesso em: 19 jul. 2019.
Foi na época que a flauta doce atingiu seu ápice, recebendo composições 
solo, várias peças de câmara, com intérpretes de renome e com uma evolução física 
do instrumento, tornando-a muito similar ao que conhecemos tradicionalmente.
Muitas composições da época são referenciadas até hoje pela sua dificuldade 
técnica e quantidade de elementos. A monodia do canto medieval toma novos ares, 
sendo aqui acompanhada com um baixo contínuo e reverenciando a habilidade 
dos cantores. As passagens melódicas de maior contraste desenvolveram-se, com 
destaque para a escola veneziana.
É na ópera de Monteverdi que percebemos a linha homófona da música 
barroca, deixando de lado a polifonia. A melodia vocal destaca-se no solo, 
exprimindo, com dramaticidade, os sentimentos humanos. A harmonia vertical, 
sem a rigidez que a polifonia imprime, abandona um pouco o coro, que só será 
retomado por Bach e Handel no começo do século XVIII.
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
33
FIGURA 20 – UNGARESCA
FONTE: Mascarenhas (1978, p. 80)
Entendendo a partitura 
A melodia ungaresca é uma melodia de dança húngara que apresenta algumas informações 
importantes que não podem ser desconsideradas durante a música.
Barras de repetição (ritornelo) – significa que o trecho delimitado deve ser tocado mais 
uma vez
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
34
Significa que se deve retornar ao compasso onde está o segno 
e tocar a melodia até o FIM.
Perceba que a melodia apresenta algumas indicações quanto ao andamento, utilizando os 
termos Moderato, Allegretto e Animato. Isso quer dizer que a melodia começa lenta e vai 
acelerando aos poucos. Por esse motivo, a indicação do tempo ideal, ou seja, a velocidade, 
em cada trecho da melodia: 88 para moderato, 108 para allegretto e 120 para animato. 
Lembrando que essas informações são pertinentes para o uso de metrônomo durante a 
execução musical.
FIGURA 21 – ADÁGIO, SÉCULO XVI
FONTE: Os autores
2.3 DUETOS
Dueto é uma composição musical, ou trecho melódico,executado por dois 
músicos instrumentistas ou por dois cantores. Ao longo deste livro, você deve ter 
observado que várias músicas apresentam duas vozes, sugerindo, desse modo, 
um dueto. Para dar continuidade aos estudos de peças em dueto, é importante 
estar atento para as seguintes características: afinação, sincronia e repetição.
2.3.1 Afinação
Caso sejam utilizadas flautas de diferentes fabricantes ou modelos, é 
importante que você afine as flautas para que os estudos e as músicas soem de 
modo agradável. 
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
35
A afinação pode ser obtida de várias formas e uma delas é alterando 
o tamanho do instrumento, abrindo ou fechando o encaixe. Dessa maneira, 
devemos tocar uma nota e compará-la com uma referência, auditivamente, 
abrindo o instrumento se estiver alto, e fechando, se estiver baixo. Outra maneira 
de afinar é soprar uniformemente, sem oscilações ou vibratos.
Para saber se a flauta está alta ou baixa quando ainda não temos essa 
percepção auditiva, assopramos pouco para que a afinação esteja baixa e, 
gradativamente, vamos aumentando a pressão do ar até chegarmos na referência.
FIGURA 22 – AFINAÇÃO DA FLAUTA DOCE
FONTE: <https://quintaessentia.com.br/artigo/afinacao-a-pratica-leva-a-perfeicao/>. Acesso em: 
15 jul. 2019.
 2.3.2 Sincronia
Outra observação importante é não fazer dos duetos uma disputa ou 
um estudo individual. É preciso ouvir o parceiro flautista e homogeneizar as 
sonoridades das flautas. Ao executar cada estudo, busque uma sincronia perfeita 
entre as notas, além de afinação e sonoridade.
2.3.3 Repetição
Comece os estudos das melodias em um andamento lento e aumente a 
velocidade à medida que se sentir seguro. Nosso corpo aprende por repetições, 
portanto, é necessário executar com frequência os estudos propostos para obter 
excelente progresso.
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
36
Como tocar e estudar em forma de Dueto
 No estudo em forma de duo, a partitura tem dois pentagramas unidos: o 
pentagrama de cima toca a flauta 1 e, o pentagrama de baixo, a flauta 2.
IMPORTANT
E
FONTE: <https://sites.google.com/site/estudantesflautastransversal/>. Acesso em: 27 
nov. 2019.
 Para o bom desenvolvimento, sugerimos que o aluno, inicialmente, toque a flauta 1 
e, o professor, a flauta 2. Posteriormente, refaça com o aluno tocando a flauta 2 e, o professor, 
a flauta 1.
FONTE: MASCOLO, N.; MASCOLO, C. Método de técnica em forma de dueto. 2019. 
Disponível em: https://sites.google.com/site/estudantesflautastransversal/. Acesso em: 15 
jul. 2019.
Vamos praticar? 
A melodia “O Pastorzinho” é um excelente exercício para treinar a escala 
de dó nas flautas soprano e contralto.
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
37
FIGURA 23 – MELODIA PASTORZINHO
FONTE: Os autores
FIGURA 24 – ARMADURA DE CLAVE E NOTAS SUSTENIDAS
FONTE: Os autores
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
38
Pastorela é uma canção medieval trovadoresca, muito comum no 
norte da França. Seu conteúdo era habitualmente de caráter humorístico. Na 
canção, o trovador relata uma cena no campo como observador das atitudes de 
desconhecimento e frustração de uma pastora apaixonada.
FIGURA 25 –CANÇÃO PASTORELA - SÉCULO XVI
FONTE: <http://grupoflauteando.blogspot.com/2016/06/partitura-cannon-para-dueto-
de-flauta.html>. Acesso em: 15 jul. 2019.
Bourré é uma dança renascentista de origem francesa, normalmente 
realizada em pares a fim de serem executados os passos alternadamente. A 
melodia é construída em compasso binário com andamento relativamente rápido. 
Durante o período barroco, as danças Bourré também fizeram parte de sonatas e 
suítes orquestrais.
TÓPICO 2 | FLAUTA DOCE CONTRALTO: ESTUDO DE REPERTÓRIO
39
FIGURA 26 – BOURRÉ - SÉCULO XVII
FONTE: Os autores
Essa melodia apresenta duas notas não estudadas: SI (Agudo) e Dó 
(agudo). Em relação às demais, o diferencial é a abertura de meio furo na parte 
posterior da flauta, onde fica o polegar.
FIGURA 27 – DIAGRAMA DAS NOTAS SI, DÓ FLAUTA DOCE CONTRALTO
FONTE: Os autores
40
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Quanto ao repertório para flauta doce, na Idade Média, tanto a música religiosa 
ou erudita, como a popular ou profana, utilizavam a flauta doce. Contudo, a 
partir do século XV, na renascença, a flauta doce era amplamente utilizada tanto 
por músicos amadores como profissionais. Entre os profissionais, dois tipos se 
destacavam: aqueles que usavam a flauta doce para a música de câmera, e os 
músicos, que tocavam em grupos oficiais.
 
• Durante o período barroco, a música instrumental passou a ter a mesma 
importância da música vocal. A música barroca é de característica exuberante: 
com ritmos enérgicos, melodias com muitos ornamentos, contrastes de timbres 
instrumentais e sonoridades fortes com suaves.
41
1 Dueto é uma composição musical, ou um trecho melódico executado 
por dois músicos instrumentistas, contudo, é importante estar atento aos 
aspectos relativos à afinação e sincronia. Com base nas informações sobre 
duetos apresentadas neste tópico:
a. Escolha uma melodia com duas vozes (deste livro ou de outro material).
b. Estude a melodia com mais um colega.
c. Apresente o dueto em sala de aula.
2 Na música, o sustenido indica que a altura de determinada nota deve ser 
elevada em um semitom. Observe a armadura de clave a seguir, utilizada 
em diversas melodias para flauta doce:
AUTOATIVIDADE
I- A armadura de clave indica que a melodia está na tonalidade de Ré maior. 
II- A armadura de clave indica que a melodia está na tonalidade de Ré menor 
e o compasso é ternário.
III- De acordo com a armadura de clave, as notas FÁ e DÓ, na flauta doce, são 
sustenidas.
IV- A armadura de clave, apesar de apresentar alterações para as notas FÁ 
e DÓ, indica que essas notas podem ou não sofrer alterações na música. 
Depende do instrumentista. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença IV está correta.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 Durante o período barroco, a música instrumental apresentava ritmos 
enérgicos, melodias com muitos ornamentos, timbres instrumentais 
contrastantes, além de experimentações técnicas e de composição que 
ampliavam as possibilidades sonoras. No período, surgem as músicas 
de câmara, estilo musical de conjunto variado, mas muito elaborado e 
destinado às cortes. Considerando esse contexto, disserte sobre a flauta 
doce no período barroco.
42
43
TÓPICO 3
PRÁTICA DE CONJUNTO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Há um senso comum que trata a flauta doce como um instrumento 
“aquém” de suas possibilidades. Assim, antes de avançar os estudos sobre a 
flauta doce e a prática de conjunto, é preciso referenciar esse instrumento, que 
tanto pode ser utilizado para a musicalização quanto para o instrumento artístico.
A flauta doce é um instrumento medieval e renascentista que teve seu 
ápice no período barroco, mas havia sido deixada de lado ao final do século XVIII, 
principalmente pela ascensão das orquestras com elementos mais dinâmicos 
para a época. No entanto, ao final do século XIX, resgatou-se o instrumento por 
meio de pesquisadores e músicos interessados em obras antigas e medievais, que 
buscavam a máxima fidelidade das peças.
Com a redescoberta de composições que remetiam, principalmente, ao 
estilo barroco, diversos músicos se especializaram na flauta doce. Foi na década 
de 1930 que o instrumento foi introduzido nas escolas por Edgar Hunt, assumindo 
um outro papel: o de musicalização.
Hunt tocava flauta transversal e, assim que teve contato com a flauta 
doce, percebeu sua possibilidade educacional. De acordo com Paoliello (2007, 
p. 38), “antes de aprender sua técnica, ou entender o uso do diafragma para a 
produção de um sopro de qualidade, é possível fazer soar, de alguma forma, a 
flauta doce”. O fácil manuseio do instrumentoe a produção em série de flautas 
de plástico possibilitaram sua difusão nas escolas, ampliando a possibilidade da 
prática de conjunto em salas de aula.
A prática em conjunto favorece a participação de todos os alunos no 
fazer musical, nas partes mais simples e nas mais complexas. Deve 
haver a utilização da flauta doce na escola, onde a ênfase é dada no 
ensino da música e não no ensino do instrumento. Assim, a flauta 
doce se insere nas atividades de composição, apreciação e execução 
musical, constituindo um dos recursos do processo de aprendizagem 
(BEINEKE, 2008 apud BARROS, 2010, p. 53).
44
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
A prática em conjunto, além de modalidade musical, é uma grande 
oportunidade de aprendizagem por meio da interação. Ela possibilita a troca de 
ideias, o contato com o outro, a atenção a diversos elementos sendo reproduzidos 
simultaneamente, a concentração etc. Neste tópico, você conhecerá algumas 
formas da prática de conjunto com a flauta doce.
2 FLAUTA DOCE E PERCUSSÃO
A mesma facilidade inicial de fazer soar a flauta doce, independentemente 
da técnica, pode ser aplicada à percussão. A pulsação é um elemento orgânico e 
inerente a todas as pessoas, podendo ser integrada à melodia, e é essa característica 
que torna natural a prática conjunta de flauta doce e percussão, principalmente 
na musicalização.
Essa união remete à origem da flauta e ao contexto do seu renascimento. 
Para ilustrar, trazemos o trecho de um arranjo de Sérgio Vasconcellos Correa para 
flauta e percussão de Il Trotto, melodia anônima medieval do século XIII:
FIGURA 28 – II TROTTO
FONTE: Os autores
A versatilidade da flauta doce, principalmente por seu timbre e extensão 
se assemelharem à voz humana, permite entoar praticamente qualquer estilo, 
ampliando sua possibilidade interpretativa em conjunto e propiciando, aos 
instrumentistas, professores e alunos, a pesquisa de sonoridades de acordo com 
o efeito desejado.
De igual natureza, a percussão está presente em quase todas as canções, 
muito por ser orientada pelo pulso natural do corpo. A percussão corporal é uma 
TÓPICO 3 | PRÁTICA DE CONJUNTO
45
das formas mais conhecidas de musicalização nas escolas, pela possibilidade de 
criação e improviso, além do auxílio na internalização do ritmo.
 
É possível ver, na cultura indígena brasileira, exemplos de percussão 
corporal aliados a melodias que podem ser adaptadas à flauta doce. Na tribo 
Krenak (região do Rio Doce), a canção Po Hamék é entoada em festas, reuniões e 
coletivamente, em cantigas de roda. Estimula a camaradagem e propicia jogos de 
percussão corporal aliados à melodia, que pode ser adaptada à flauta doce.
FIGURA 29 – PO HAMÉK
FONTE: <http://www.cantosdaterra.com.br>. Acesso em: 19 jul. 2019.
Letra (pronúncia) - tradução livre
Na gram tondon mûm gri (Na grantandó naum gri) - Vamos todos cantar juntos
Grí erehé, gri erehé (Grirerré grirerré) - Cantar bonito, cantar bonito
Po hamék, po hamék (Pauamé, pauamé) - Bater palmas, bater palmas
NOTA
Refletir sobre o acompanhamento percussivo pode motivar, de forma 
satisfatória, alunos e intérpretes, mesmo que seja só marcando o tempo. A prática 
em conjunto pode proporcionar o treino polifônico, ampliando as possibilidades 
de estudo dos elementos musicais.
46
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
3 A FLAUTA DOCE NAS CANÇÕES INFANTIS
Conforme vimos, houve uma consolidação da flauta doce como 
instrumento musicalizador no início do século XX, principalmente devido à 
estrutura física e acessibilidade. Desde a década de 1970, as escolas brasileiras 
vêm optando pelo instrumento para a prática em conjunto e iniciação musical, 
além do enfoque na flauta como opção nos cursos de licenciatura em música 
pelo país.
 Para facilitar o vínculo do aprendizado das músicas pelas crianças, 
a familiaridade é um elemento fundamental. Dessa forma, a utilização das 
canções tradicionais e/ou folclóricas, que são próximas culturalmente, estimula 
o aprendiz, trazendo o contexto, além das suas estruturas melódicas simples e 
ostinatos marcantes.
 
Na infância, essa inicialização dá-se por meio da imitação e de forma 
gradativa, como visto anteriormente em nossos estudos. Elementos lúdico-
visuais, como bonecos, ilustrações e sombras, estimulam diferentes sentidos e 
proporcionam uma maior imersão do aprendiz.
A utilização da flauta doce nas aulas de iniciação musical pode 
ser muito eficiente quando bem orientada, por proporcionar uma 
experiência com um instrumento melódico, contato com a leitura 
musical, estimular a criatividade – com atividades de criação – além 
de auxiliar o desenvolvimento psicomotor das crianças e trabalhar a 
lateralidade (com o uso da mão esquerda e da mão direita). Possibilita, 
ainda, a criação de conjuntos, ajudando a despertar e a desenvolver a 
musicalidade infantil e o gosto pela música, melhorando a capacidade 
de memorização e atenção e exercitando o físico, o racional e o 
emocional das crianças (PAOLIELLO, 2007, p. 32).
Apesar da simplicidade de algumas melodias infantis, é possível acrescer 
complexidade incluindo outros recursos sonoros, aumentando as possibilidades 
de estudo em uma mesma peça para o aluno.
3.1 MÚSICA PARA CRIANÇAS
É preciso ter em mente a qualidade do repertório infantil. Muitas vezes, as 
crianças são subestimadas, e as canções destinadas a esse público (muitas vezes 
dispostas pelos meios midiáticos) possuem uma harmonia fraca, com timbres 
muito agudos, melodias simples e pouca textura. A capacidade de absorção e 
aprendizado da criança é enorme, e essa janela deve ser aproveitada. Contudo, o 
que torna uma música “infantil”? Um dos elementos é o brincar. 
A qualidade recreativa é uma característica marcante na infância, pois é 
por meio dela que a criança experimenta a vivência com o mundo, por meio do “faz 
de conta”. No entanto, mais do que ser uma brincadeira em si, é importante que 
TÓPICO 3 | PRÁTICA DE CONJUNTO
47
os compositores, arranjadores, intérpretes e produtores imprimam as qualidades 
do universo infantil nas músicas e canções, sem que se diminua a exigência na 
composição.
A linguagem musical deve abordar três esferas: produção (experimentação 
e imitação), apreciação (percepção das estruturas musicais) e reflexão (a organização 
e a criação da produção musical):
[...] de modo a garantir à criança as possibilidades de vivenciar e 
refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo 
que também oferece condições para o desenvolvimento de 
habilidades, de formulação de hipóteses e de elaboração de conceitos 
(BRASIL, 1998, p. 48).
É preciso entender a criança, levar em consideração seu desenvolvimento, 
demandas e estabelecer uma relação com a arte, tanto para a criação de conteúdo 
próprio quanto para a prática de ensino, estimulando a descoberta e a autonomia 
no fazer musical.
3.2 SUGESTÕES PARA O TRABALHO DE REPERTÓRIO
Neste subtópico, traremos alguns exemplos de peças infantis que podem 
ser utilizadas em classe, no histórico e reflexão acerca da composição.
FIGURA 30 – MINHA CANÇÃO
FONTE: Os autores
48
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
A peça “Minha Canção”, do espetáculo Os Saltimbancos, foi composta por 
Chico Buarque em 1977 e traz a escala de DÓ, em que cada início de frase reforça 
o caráter da nota que inicia o compasso. É uma ótima canção para memorizar a 
localização das notas na pauta.
FIGURA 31 – TRENZINHO DO CAIPIRA
FONTE: Os autores
O “Trenzinho do Caipira”, de Villa Lobos, é uma peça marcada por seu 
ostinato melódico e simplicidade. A composição remete ao movimento de 
uma locomotiva, utilizando os sons da orquestra de forma não convencional. 
É possível iniciar o tema com a apreciação musical da canção original antes de 
praticar sua redução para a flauta doce, além de utilizar elementos percussivos 
para reproduzir os sons da locomotiva, assim como Villa Lobos fez.
Ao escolher melodias tradicionais folclóricas, como cai, cai, balão,samba-
lê-lê ou ciranda-cirandinha, é possível explorar a melodia simples com jogos de 
mão, brincadeiras de roda pontuando o ritmo, a pulsação e a identificação com 
elementos da cultura brasileira.
Perceber a criança como indivíduo pensante, questionador, com 
subjetividades, capacidades de discernimento, e aproximando-se do universo 
dela ao fazer e ensinar música, são ações que possibilitarão a criação de um 
vínculo musical forte, dando voz e desejo artístico a um potencial músico.
Vamos praticar?
TÓPICO 3 | PRÁTICA DE CONJUNTO
49
FIGURA 32 – CAI CAI BALÃO
FONTE: Os autores
FIGURA 33 – BRILHA ESTRELINHA
FONTE: Os autores
FIGURA 34 – MEU LIMÃO, MEU LIMOEIRO
FONTE: Os autores
4 A FLAUTA DOCE NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Pela sua versatilidade, timbre e praticidade, a flauta doce é prontamente 
aplicável a qualquer gênero. Explorar as possibilidades da Música Popular 
Brasileira – MPB – mostra-se como um caminho rico para tratar de regionalismo, 
inclusão, etnicidade, além do multiculturalismo que tanto representa nosso país.
50
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
4.1 RAÍZES DA MPB
Peters (2013), em seu artigo “Música Popular Brasileira e o Ensino de 
Flauta Doce”, faz um resgate histórico do estilo aludindo que uma das referências 
mais antigas está na modinha e no lundu que, associados a elementos musicais 
europeus, deram origem a vários estilos que se consolidaram por aqui, como o 
samba. É preciso ir além da partitura e dos instrumentos para entender o estilo. 
Há todo um contexto social, econômico, cultural e político (PETERS, 2013).
A música popular não é, de modo algum, oposta à música erudita. 
Com o desenvolvimento dos centros urbanos, foram chamadas, de música 
popular, as canções reproduzidas nas cidades, principalmente pela classe média 
trabalhadora. Os meios midiáticos endossaram o movimento, propagando as 
músicas e estimulando o mercado. Nessa estrutura é que surgem os ritmos que 
formam a MPB, desde choros até manguebeat.
Trazer cada contexto ao interpretar o instrumento e contextualizar suas 
nuances e realidades enriquecem a prática musical e estimulam a pesquisa e 
domínio em relação ao próprio repertório.
4.2 INICIATIVAS DE FLAUTA DOCE NO BRASIL
A redescoberta da flauta doce, inicialmente como forma de trazer 
autenticidade à música antiga, reflete o surgimento de grupos do mesmo estilo 
aqui no Brasil. Em 1970, influenciados pelo Conjunto de Música Antiga da Rádio MEC, 
vários grupos, por todo o país, dedicados à interpretação histórica, começaram a 
surgir, numa prática que se estende até os dias atuais (BARROS, 2010).
Em uma transição entre a música antiga e a música regional brasileira, o 
grupo Música Antiga da UFF lançou, em 2004, o CD Medievo-Nordeste, aproximando 
as similaridades dos trovadores e jograis da Idade Média com os tocadores de 
viola nordestinos. No mesmo sentido, o flautista Flávio Stein e o conjunto Studium 
Musicae trouxeram uma proposta de contrastar aspectos da música medieval com 
a tradição oral nordestina, além de peças de compositores contemporâneos. Além 
disso, é possível ver iniciativas que saem do escopo antigo e assumem um viés 
mais contemporâneo da MPB. Cléa Galhano e Ricardo Kanjim interpretam, além 
de peças internacionais, composições barrocas e renascentistas, peças eruditas 
brasileiras e arranjos para MPB, como choros e música folclórica. O Duo Flusters 
(SP), de David Castelo e Patrícia Michelini, traz também elementos nacionais em 
seu programa, de Villa-Lobos a peças de choros.
TÓPICO 3 | PRÁTICA DE CONJUNTO
51
Em Uberlândia, temos, no Conservatório Estadual de Música Cora Pavan 
Capparelli, uma iniciativa chamada Mistura Boa. Desenvolvida pelos professores 
Ana Cláudia Curi e Sérgio Melazzo, o projeto integra MPB com flauta doce e 
cordas dedilhadas. O CD Mistura Boa II - Chorando, de 2008, traz também um 
caderno de partituras das peças.
Com essas e tantas outras iniciativas, podemos observar que os 
profissionais dedicados à flauta doce se empenharam, principalmente, à 
interpretação da música antiga, no entanto, percebendo a versatilidade do 
instrumento e as possibilidades de se explorar a sonoridade brasileira, versando 
a cultura brasileira e sua diversidade na pesquisa, composição e interpretação de 
peças que contribuem para a identidade nacional.
5 A FLAUTA DOCE NA MÚSICA CONTEMPORÂNEA
A percepção do instrumento ainda está ligada, de forma profunda, 
à música antiga. Sua revitalização, seguida pela rápida popularização como 
instrumento musicalizador, inibiu o desenvolvimento do seu caráter artístico e 
o proveito para composições modernas. No entanto, há gratificantes exceções 
que souberam da versatilidade do instrumento e o exploraram na música 
contemporânea, principalmente pelas vantagens intrínsecas:
Facilidade de construção, possibilidades de sopro, facilidade de 
entoação dos quartos de tom, riqueza na produção dos harmônicos, 
os glissandi e os multifônicos mais fáceis devido à ausência de chaves, 
algumas semelhanças sonoras com os sons eletrônicos, a variedade 
de cores graças à manipulação do canal e o ruído branco (BARROS, 
2010, p. 21).
Com relação às composições contemporâneas, dois flautistas receberam o 
mérito por boa parte das obras contemporâneas para flauta doce: Frans Brüggen 
e Michael Vetter. Sentindo a dificuldade de inserção na carreira solo, embasados 
apenas por obras antigas, demonstraram, em sua performance, as possibilidades 
da flauta doce, chamando atenção de compositores.
52
UNIDADE 1 | TÉCNICAS INTERPRETATIVAS PARA FLAUTA DOCE
FIGURA 35 – PRIMEIRA PÁGINA DA PARTITURA DE GESTI, DE LUCIANO BERIO. 1970 BY 
UNIVERSAL EDITION (LONDON)
FONTE: <http://www.olandesevolante.com/index.php?CID=501&IDDOC=729>.
 Acesso em: 26 ago. 2019.
Foi apenas em 1961 que foi produzida a primeira peça considerada de 
vanguarda para a flauta doce. Musiek, composta por Rob du Bois, traz elementos 
que nunca haviam sido explorados no instrumento. Logo em seguida, outros 
compositores se lançaram na tarefa de produzir um repertório moderno para a 
flauta, como Mutazioni, de Jürg Baur, em 1962, e Gesti, de Luciano Berio, de 1966. 
Essa última, Gesti, de Berio, foi composta para Frans Brüggen, e é considerada 
um divisor de águas no que diz respeito às composições contemporâneas para 
flauta doce.
 
Com uma partitura de elementos únicos, ele “separou” a respiração, 
língua e dedilhados, exigindo um alto nível de técnica e capacidade física. É um 
trabalho que extrapola tudo que havia sido feito até então, exigindo que o músico 
saia do lugar comum da concepção técnica explorada, oferecendo algo novo à 
arte, ao instrumento e à música.
Com as composições modernas, vieram inovações técnicas desenvolvidas 
pelos músicos: dedilhados especiais, glissandos, efeitos percussivos, ruídos 
brancos, vibratos, modificações no corpo para interpretação etc. Elementos que 
seriam impensáveis na percepção barroca da flauta doce.
Algo importante para observar é a instrumentação. Enquanto a maioria 
das peças antigas é composta para flauta doce soprano, ou flauta doce e piano, as 
peças contemporâneas são mais voltadas para a flauta doce contralto.
TÓPICO 3 | PRÁTICA DE CONJUNTO
53
No final da década de 1960, após uma viagem de Frans Brüggen ao 
Japão, várias peças modernas foram compostas lá, como Fragmente, de Makoto 
Shinohara, de 1968. Além de ser a primeira peça japonesa dedicada à flauta doce, 
é também a primeira peça de vanguarda para flauta doce tenor solo. Além dela, 
destacam-se Black Intention (de Maki Ishii, em 1975), Meditation (de Ryohei Hirose, 
em 1975) e Reeds, Twigs and Bells (por Michiharu Matsunaga, em 1970).
Com a popularização dos sintetizadores na década de 1970, as 
possibilidades se ampliaram, com diversas composições eletroacústicas, que 
utilizavam desde fitas gravadas para acompanhamento, até produções que 
exploravam a manipulação eletrônica de som ao vivo.
FIGURA 36 – CHAVES INVENTADAS POR CARL DOLMETSH
FONTE: <https://www.dolmetsch.com/>.

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