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Hemorragias do Primeiro Trimestre da Gravidez - Abortamento Introdução: Clínicos: 10 a 15% - os casos clínicos, seriam de pessoas que sabiam que estavam gravidas; Subclínicos: >20% - nesses casos, as mulheres nem sabiam que estavam gravidas; A maioria das perdas são precoces: e ocorrem até 8 semanas. Comum: o aborto é um evento relativamente comum- Perda fetal antes de completar 20 semanas de gestação (< 20 semanas) ou < 500g - alguns autores utilizam como corte 22 semanas. E também existe o critério do peso, que seria a perda fetal abaixo de 20/22 semanas ou um feto abaixo de 500g. Fala da Juliana: "Eu particularmente não gosto do critério peso, porque quem trabalha com gravidez de alto risco, sabe que existe uma série de patologias que determinam um déficit de crescimento fetal, sejam elas doenças fetais ou placentárias. Quando a gente pensa nisso, sabemos que podemos ter um bebê de 26/27 semanas com um peso muito inferior ao adequado." Conceito:- Classificação: Espontâneo - aquele aborto que ocorre independente de sua vontade. Pode ser devido a uma doença genética, malformação uterina, entre outros que não permitem uma evolução de forma adequada; Provocados - ocorre uma interferência para provocar aquele aborto. Quanto ao fator causal:- Precoce: < 12 semanas - maioria dos abortos são muito precoces, ocorrem abaixo de 8 semanas de gestação; Tardio: > 12 semanas. Quanto à idade gestacional:- Principais causas: Hereditárias - Fator V de Leiden, Mutação de protrombina, Déficit de proteína S e C; Adquiridas - Síndrome de anticorpos antifosfolípides (SAF) está associada a perda fetal. Trombofilias: é a capacidade do organismo de formar coagulo. E existem algumas trombofilias que estão associadas a maior chance de abortamento. Toda vez que se tem abortamento recorrente é importante de se pesquisar - Monossomias - nem toda monossomia é incompatível com a vida. As monossomias autossômicas são incompatíveis, mas já a monossomia ligada ao X por exemplo não é incompatível; Translocações cromossômicas - é a troca de fragmentos cromossômicos não homólogos. Essas trocas permitem a síntese de proteínas completamente diferentes e um dos possíveis resultados é aborto. Cromossomopatias: principal causa- Raissa Novelli T.67 Aula 1 Aborto terça-feira, 20 de abril de 2021 08:57 Página 1 de OBSTETRÍCIA possíveis resultados é aborto. Insuficiência de corpo lúteo - está ligada a um corpo lúteo que não produz a quantidade hormonal adequada para manter a gravidez. No início da gravidez, até 8 semanas, quem mantem ela é o ovário, e é do corpo lúteo que se sai a produção hormonal para manter a gravidez. Depois disso a placenta que assume esse trabalho de produção hormonal. Se o corpo lúteo não é funcionante ou não produz a quantidade hormonal adequada (corpo lúteo insuficiente), a gravidez não se mantem e evolui com abortamento; Hipotireoidismo - pacientes que tem hipotireoidismo, principalmente autoimune, com o anti TPO muito alterado tem mais chance de abortamento. Alterações Hormonais:- Ambientais - desnutrição, baixa condição socioeconômica (que dificulta alimentação adequada, higiene adequada); Malformações uterinas. Outras causas:- Obs.: O aborto tem causa multifatorial, é claro que ao ter uma cromossomopatia como elemento mais importante, se tem outras causas também elas só se somam. É por isso que é muito importante na anamnese fazer uma avaliação geral da paciente, para não perder nenhum fator de risco. Formas clínicas: O aborto pode se apresentar de diferentes formas clínicas, e essas são todas as formas clínicas do abortamento Ameaça de aborto: - Caso clínico 1: Mariana, 23 anos, G1P0,A0, queixa de dor abdominal em cólica. IG 9 semanas pela DUM. Ao exame: Colo fechado, sangramento discreto e útero compatível com atraso menstrual (o tamanho do útero ao toque está compatível com o atraso menstrual, de 9 semanas) Esse quadro clínico da Mariana é compatível com o quadro clínico de ameaça de aborto. Sangramento genital; Cólica abdominal; Ao exame: útero com tamanho compatível com o atraso menstrual (ou seja, o útero não está menor mostrando que poderia ter saído uma bolsa, ter interrompido, ou já Caracteriza-se:- Ameaça de aborto;- Aborto inevitável;- Abortamento incompleto;- Abortamento infectado;- Abortamento retido;- Abortamento de repetição;- Aborto completo.- Página 2 de OBSTETRÍCIA não está menor mostrando que poderia ter saído uma bolsa, ter interrompido, ou já ter expelido alguma parte do produto da concepção), colo fechado, sangramento discreto. ○ US confirma vitalidade embrionária - vitalidade embrionária até 8 semanas, e fetal é a partir de 9 semanas. US em todos os casos abaixo de 12 semanas, porque depois de 12 semanas é possível identificar o BCF. Repouso (relativo), evitar relação sexual (porque na relação existe um estimulo mecânico, e bioquímico pelo sêmen que tem prostaglandina) e usar antiespasmódico (Buscopan Duo -Bucopan + Paracetamol-) e US (porque não tem como confirmar que o embrião está vivo, porque com 9 semanas não é possivel achar o batimento cardíaco fetal -BCF-); - Conduta: O que falar para Mariana? "Você está com um quadro de ameaça de aborto, o ideal é que você fique de repouso, evite relações sexuais e usar um antiespasmódico, e vou passar um US" Aborto Inevitável: - Caso clínico 1 continuação: Mariana, 23 anos, G1P0A0, IG 9 semanas, retorna ao hospital. Queixando piora da cólica. Ao exame: Colo pérvio, sangramento moderado e útero menor que o esperado para Ig (pode ser um quadro de bolsa rota, já pode estar com um quadro de expulsão fetal). - Cólicas mais intensas; Sangramento aumentado de volume; Ao exame: colo pérvio, presença de embrião/feto sendo expulso, útero do tamanho ou menor que o esperado para a idade gestacional. Caracterizado: - Conduta: Nesse momento já não tem o que fazer, não tem medicação que pare o quadro. E por isso que é importante na conduta da ameaça de aborto conversar com a paciente, falar da provável evolução para o aborto inevitável (Juliana deu exemplo falando: "Olha Mariana, você está com um quadro de ameaça de aborto, a grande maioria das pacientes evoluem bem, só que existe um percentual de pacientes que evolui para perda. Por isso é importante você fazer o US para gente ver como está, e observar. Qualquer coisa que piorar você retorna aqui.") A paciente tem que estar ciente que esse quadro clínico pode evoluir para aborto, porque se você não explica a paciente pode achar que você não fez nada para parar o quadro. Obvio que tem que esclarecer, mas tem que tranquilizar a paciente porque na maioria dos casos evolui bem. Nesses casos, deve-se internar a paciente para confirmar a idade gestacional. Nesse caso, Mariana está de 9 semanas. ○ Curetagem ou AMIU (Aspiração Manual Intrauterina) de forma imediata. A vantagem da AMIU é que tem menos chance de perfurar o útero, a paciente pode ir embora no mesmo dia; Gestação < 12 semanas: ○ Aguardar esvaziamento uterino e depois curetagem uterina - A cima de 12 semanas, tem que esperar a expulsão completa do feto, porque o feto já tem calota Gestação > 12 semanas: Página 3 de OBSTETRÍCIA Aborto incompleto: - Caso clínico 2: Ana Lucia, 24 anos, G1P0A0, IG 12 semanas, retorna ao hospital relatando piora do sangramento e eliminação de uma bola de sangue. Relata que quando foi ao médico pela primeira vez o médico passou um medicamento, que fez um US que estava tudo bem, e ela continuou fazendo repouso mas o sangramento começou aumentar, até que ela teve uma dor muito grande e quando ela foi ao banheiro ela percebeu essa eliminação dessa bola de sangue. Traz o material, que se trata de saco gestacional + coágulos e restos placentários à macroscopia (ao olhar). Ao exame: Colo pérvio, sangramento moderado e útero menor que o esperadopara Ig. É possível perceber o tanto que a história da paciente é importante. - História de sangramento genital intenso; Eliminação de embrião/feto/anexos de forma incompleta. Mantem-se restos intra- útero. A paciente pode relatar eliminação de “pedaços” por ela não identificados; Ao exame: colo pérvio, útero menor que o esperado para a idade gestacional, restos placentários intra-útero; O diagnóstico é clínico, não precisa de US para fazer esse diagnóstico, o US tem sido muito utilizado para se ver a espessura que está lá dentro. A US evidencia a presença de restos placentários intra-útero. Caracterizado: Curetagem uterina/AMIU. Nos últimos tempos tem se visto muito a conduta conservadora nesses casos, que seria ver se a paciente consegue eliminar o resto do material sozinha. Juliana: "Eu acho isso muito complicado, especialmente quando a gente está trabalhando com paciente carente em regime de plantão". Porque a paciente pode ter um sangramento aumentando, então esse tipo de conduta não pode ser uma conduta geral. Porque termos que pensar o seguinte, a minha paciente caso ela piore ela tem condição de voltar no hospital? Se ela começar a sangrar, ela vai chegar ao hospital a tempo?. Então de maneira geral, aborto incompleto é o aborto que você vai curetar a paciente, você vai tirar os restos presentes. - Conduta: Pergunta: Quais são as complicações do aborto incompleto? Resposta: Na conduta conservadora, deixa restos dentro do útero e você vai acompanhando com o US para ver se vai eliminar tudo. Nesses casos existe o risco de infecção (evolução para aborto infectado), risco de sangramento (hemorragia). Aborto infectado: - Tem muita relação com a Manipulação intrauterina, geralmente são abortos criminosos, sem assepsia adequada. A Infecção intrauterina pode evoluir de forma muito grave, ela pode estar inicialmente retida no útero (grau I), pode atingir a pelve (grau II) e daí se espalha e evolui para um quadro séptico (grau III); ○ Aguardar esvaziamento uterino e depois curetagem uterina - A cima de 12 semanas, tem que esperar a expulsão completa do feto, porque o feto já tem calota craniana. Não tem como ir tirando os fragmentos do feto, e tem maior chance de perfurar o útero se não esperar a expulsão completa. Página 4 de OBSTETRÍCIA e evolui para um quadro séptico (grau III); - Grau I: útero; Grau II: pelve; Grau III: sepse. Classificação: Colo pérvio, útero amolecido, menor que o esperado para a idade gestacional, sangramento com secreção purulenta, febre, doloroso à mobilização, acompanhado de febre. - Ao exame: Não tratamento: sepse e morte - é muito importante o tratamento de forma adequada;- - ○ ATB: gentamicina + metronidazol ou clindamicina (mais fácil de ter no SUS), associado ou não aos b-lactâmicos (penicilina, ampicilina, cefalosporina); Esvaziamento uterino + Antibioticoterapia - ao mesmo tempo já pede exames, hemograma, função renal (especialmente se estiver com um quadro de II para III). Importante acompanhar a curva térmica dessas pacientes; Após 72 horas afebril (melhora clínica) – suspender ATB; Piora clínica (febre não melhora, continua com inapetência, continua com dor ou sangramento): tem que descartar a possibilidade de um abscesso pélvico, podendo ser necessária a panhisterectomia. Conduta: Abortamento de Repetição: - Conceito: Perda de 3 ou mais gestações, abaixo de 20 semanas; - Perda gestacional de repetição - seria um termo melhor. Juliana: "Eu não gosto muito do termo abortamento de repetição, porque esse termo só se refere ao aborto". Só que ai, por exemplo, tem uma paciente que já teve duas perdas (uma com 12 sem e uma com 14 sem), e teve uma perda de 26 semanas, essa paciente não tem abortamento de repetição, mas ela tem a perda gestacional de repetição. Porque a perda gestacional de repetição é 3 ou mais perdas, independente da idade gestacional. Esse termo abre mais o leque, é possivel rastrear mais essas pacientes; Histerossalpingografia = evidencia o orifício interno com diâmetro maior ou ○ Suspeita de insuficiência istmo-cervical - Fora da gravidez: Incompetência (ou insuficiência) istmo-cervical: É quando o orifício interno do colo é insuficiente, ele não consegue se manter fechado, ele fica dilatado. História da paciente: não tem dor ou é uma dor leve, e evolui com expulsão do feto. Pode determinar tanto abortos mais tardios ou trabalho de parto prematuro (acima de 20 semanas), pode determinar também abortamentos de repetição caso não seja tratado. O tratamento ideal é dar um ponto no orifício, fechar mesmo o orifício, é feita a Cerclagem uterina. A técnica mais conhecida e recomendada, é a Mac Donald. Existem critérios/Condições para fazer o procedimento: deve ser feito entre 10 a 14 semanas, o colo deve estar com uma dilatação de até 4 cm de dilatação, deve ter ausência de infecção intrauterina (porque senão você vai fechar a infecção dentro do útero) e vitalidade fetal comprovada. Causas: Insuficiência de corpo lúteo, malformações uterinas, incompetência istmo-cervical, dentre outras. - Página 5 de OBSTETRÍCIA → Histerossalpingografia = evidencia o orifício interno com diâmetro maior ou igual a 1cm, ou com uma imagem típica em funil ou de saco invertido (imagem em funil porque o orifício interno vai estar dilatado e o orifício externo não); → Teste da vela de Hegar também é considerado sugestivo de insuficiência cervical se o orifício interno do colo uterino estiver pérvio pelo menos para a vela de número 8 - quando se consegue passar o número 8 significa que o colo é incompetente. ○ → Esvaecimento ou dilatação prematura do colo na ausência de trabalho de parto antes de 28 semanas de gestação; OU → Evidência sonográfica de afunilamento cervical (orifício interno dilatado em relação ao externo) em uma paciente com história prévia de parto prematuro de segundo trimestre. Suspeita de insuficiência istmo-cervical - Na gravidez: além da história clínica da paciente, é possível medir o comprimento do colo que vai estar alterado fez uma cerclagem, e mesmo assim evoluiu com aborto de repetição, uma outra possibilidade é fazer a cerclagem abdominal (círculo laranja). Aborto completo: Eliminação total do embrião/feto e anexos - a dor para com a eliminação total; 1. Quando se passa uma linha reta no istmo, forma uma letra T. 2. Na medida que vai dilatando o orifício interno, a letra vai mudando, aqui forma a letra Y. 3. vai dilatando cada vez mais e forma um V. 4. E quando praticamente não tem colo mais, forma a letra U. A técnica de tratamento (Mac Donald), que tenta colocar o colo na anatomia que ele era antes. Pode ser uma cerclagem simples com uma única sutura (Juliana: "eu faço sempre a simples", ou uma cerclagem dupla com duas suturas. Essa abordagem é por via vaginal. Quando se tem uma paciente que já Página 6 de OBSTETRÍCIA Eliminação total do embrião/feto e anexos - a dor para com a eliminação total;- - Ao exame: colo fechado, útero menor que o esperado, sangramento discreto ou ausente; - US: cavidade vazia ou endométrio menor do que 18 mm (é considerado uma cavidade vazia); Aborto Retido: - É a morte embrionária com menos de 20 semanas com retenção por período superior a 4 semanas - não ocorre a expulsão do embrião. A mãe percebe a involução dos sintomas da gestação; Colo fechado, útero menor que o esperado para a idade gestacional, involução dos sintomas gravídicos. - Clinicamente: > 12 semanas: eliminação fetal - o tratamento é feito com misoprostol, que é uma prostaglandina. Introduz um comprimido de 100mg na vagina e um comprimido por via oral. Segue com a introdução de um comprimido a cada 6 horas, normalmente após 2 ou 3 comprimidos, o feto é eliminado. Após a expulsão do feto é feito a curetagem uterina ou AMIU. < 12 semanas: curetagem uterina ou AMIU. - Conduta:Curetagem uterina: Tem que continuar curetando. É um procedimento feito às cegas. AMIU – ASPIRAÇÃO MANUAL INTRAUTERINA Dilatação Cervical requerida apenas ocasionalmente; Menor necessidade de recursos para controle da dor; Habilitação profissional simplificada; Possibilidade de realização fora do centro cirúrgico; Menor tempo de permanência hospitalar; Alta eficácia no esvaziamento uterino; Menor incidência de complicações - principalmente a perfuração uterina. A Aspiração Manual Intra Uterina é um procedimento médico, rápido, simples e seguro de esvaziamento uterino para o tratamento do aborto incompleto e para a biópsia endometrial. - É um procedimento em que se faz a raspagem do útero. Nessa imagem está a cureta, que tem uma superfície cortante, o colo é pinçado. Se introduz a cureta dentro do colo uterino, e vai raspando o útero (quando começa fazer um barulho, "creck" significa que raspou tudo, enquanto ela está deslizando, e não está fazendo barulho, é porque ainda tem resto e As cânulas são escolhidas de acordo com o volume que se acha que tem dentro do útero (quanto mais a idade gestacional, mais resto tem). Página 7 de OBSTETRÍCIA mais a idade gestacional, mais resto tem). Página 8 de OBSTETRÍCIA
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