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2 Fisiowork Avaliação e testes funcionais Porto alegre / rs 2021 3 Avaliação e testes funcionais Sumário INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1 INFORMAÇÃO NUNCA É DEMAIS ........................................................................................................... 3 INSTRUMENTOS E MATERIAIS .............................................................................................................. 3 FUNCIONALIDADE ............................................................................................................................ 6 AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO ........................................................................................................... 8 Importância do teste-reteste ....................................................................................................... 10 Critério de retorno ao esporte .................................................................................................... 11 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS/capacidades AVALIADAS .......................................................................... 12 • AMPLITUDE DE MOVIMENTO (ADM) e mobilidade articular; ........................................................... 13 • FORÇA, Resistência e potÊncia MUSCULAR; ............................................................................... 17 • ALINHAMENTO BIOMECÂNICO; .................................................................................................. 19 • FLEXIBILIDADE; .................................................................................................................... 21 • Estabilidade do core; ......................................................................................................... 22 TESTES FUNCIONAIS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 24 MEMBROS SUPERIORES ................................................................................................................... 27 Ckcuest (CLOSED KINETIC CHAIN UPPER EXTREMITY STABILITY TEST) ...................................................... 27 Upper Quarter Y-Balance Test .................................................................................................. 31 One-Arm Hop Test ................................................................................................................... 36 Single-arm seated shot put test ............................................................................................... 39 MEMBROS INFERIORES .................................................................................................................... 43 HOP TEST ................................................................................................................................ 43 Y BALANCE TEST ....................................................................................................................... 51 Drop jump test ....................................................................................................................... 55 tuck jump assessment ............................................................................................................. 60 Teste step down lateral ......................................................................................................... 61 Teste DO LEVANTAR E SENTAR ...................................................................................................... 66 Testes de flexibilidade ................................................................................................................ 68 Teste dos dedos ao solo .......................................................................................................... 69 Teste do sentar e alcançar (banco de wells) ............................................................................. 72 Testes de cardiovasculares ......................................................................................................... 76 Teste do quadrado ................................................................................................................. 77 Beep test .............................................................................................................................. 81 Yo-yo test ............................................................................................................................. 86 Teste de caminhada de seis minutos .......................................................................................... 89 Testes de estabilidade, resistência e força .................................................................................... 91 Teste da ponte unilateral ....................................................................................................... 91 Cadeira isométrica ................................................................................................................. 95 Prancha ............................................................................................................................... 97 Teste de extensores do tronco ............................................................................................... 100 Teste de Repetição máxima em 1 minuto ................................................................................... 102 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 109 4 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 117 1 INTRODUÇÃO A prática esportiva de alto rendimento tem ganhado crescente destaque no cenário mundial. Em termos financeiros, é um mercado que gira quase um trilhão de dólares por ano. Cada vez mais pessoas de todas as idades, sexo, países e classes sociais têm aderido aos esportes ou atividades físicas, seja como forma de diversão, melhora da saúde ou profissão. Consequentemente, com o aumento do número de praticantes de esportes, há um aumento no número de lesões musculoesqueléticas devido às grandes demandas físicas impostas pelos treinamentos e competições. É neste ambiente que a atuação dos profissionais da saúde, em especial do fisioterapeuta e profissional de educação física, tem se tornado cada vez mais crucial na prevenção do surgimento, progressão e recidiva de lesões. Contudo, para que ações mais eficazes sejam implantadas, é necessário que os profissionais tenham cada vez mais ferramentas e instrumentos de avaliação das 2 capacidades físicas de seus alunos/atletas/pacientes. Para que um protocolo de reabilitação e treinamento seja eficaz, é necessário que o profissional tenha todas as informações possíveis e necessárias. Não basta apenas o simples conhecimento dos tipos de lesões. É imperativo que o profissional tenha compreensão dos mecanismos de lesão envolvidos, as possíveis disfunções anatômicas e musculares que propiciam o surgimento de lesões, assim como os métodos de avaliação disponíveis. Logo, os testes funcionais e demais métodos de avaliação, são instrumentos indispensáveis na prevenção, reabilitação e nos critérios de retorno as atividades esportivas no pós-lesão. Através dos dados que colhemos com os testes, podemos formular um programa de reabilitação/treinamento, reajustá-lo ou até mesmo mudá-lo completamente, tudo dependendo dos resultados obtidos na avaliação. 3 INFORMAÇÃO NUNCA É DEMAIS Obviamente, não queremos aqui dizer que todos os testes devem ser aplicados a todos os casos. A escolha do tipo de avaliação dependerá das particularidades de cada caso. Se for um atleta, por exemplo, dependerá da individualidade do atleta, do esporte que ele pratica,sua função dentro do esporte, suas principais demandas e etc. Porém, no caso de uma pessoa comum, podemos utilizar os testes para reconhecer alguma disfunção muscular ou anatômica, de forma a melhorar a qualidade de vida desse indivíduo. O importante é termos conhecimento da aplicabilidade dos testes, suas indicações e contraindicações e consciência do porquê aplica-los. INSTRUMENTOS E MATERIAIS Muitos profissionais da área do movimento e esporte se enganam achando que os testes funcionais exigem muitos materiais ou instrumentos caros. É claro que no âmbito do esporte profissional existem inúmeros aparelhos e máquinas de alta tecnologia e muito custosos, que apesar 4 de extremamente úteis, estão fora da realidade da maioria dos profissionais. Imagem: Plataforma de contato para medição de tempo de voo. Imagem: Avaliação com dinamômetro isocinético. Porém, muitos dos testes são adaptáveis para serem realizados com pouquíssimos instrumentos de fácil acesso 5 ou até mesmo sem qualquer instrumento. Neste ebook, a maioria dos testes e avaliações apresentados podem ser realizados com o mínimo de materiais possíveis. Os principais instrumentos utilizados são fitas adesivas e fita métrica. Porém, para todos é essencial que o profissional esteja munido de papel e caneta! Precisamos registrar os dados obtidos, de forma a pode utilizá-los e compará-los ao longo do programa de reabilitação e/ou treinamento. 6 FUNCIONALIDADE O corpo humano é extremamente eficiente em se adaptar as demandas e funções que lhe são impostas. Logo, uma importante característica que guia a escolha e aplicação dos testes e avaliações trazidas neste ebook é a funcionalidade. Então, temos a funcionalidade como a capacidade do indivíduo de realizar as atividades e demandas que lhes são impostas no seu cotidiano. Por isso a funcionalidade dependerá das de diversas variáveis que incidem na vida de cada indivíduo. São variáveis físicas, biológicas, ambientais, socias entre outras. Para um indivíduo comum, por exemplo, a funcionalidade reflete a sua capacidade de realizar as demandas do seu dia-a-dia, as atividades da vida diária. Podemos citar exemplos como subir escadas, carregar os filhos ou netos, brincar com as crianças ou até mesmo a prática de esportes no tempo livre. 7 Por outro lado, para um atleta, a funcionalidade dependerá do seu esporte específico, assim como a sua função dentro do esporte específico. Portanto, no alto rendimento, a funcionalidade também é princípio essencial da avaliação e tem o intuito de refletir as demandas específica de cada esporte ou atividade, bem como as demandas específicas de cada posição ou tarefa dentro do esporte específico. Como exemplo, temos os atletas de futebol, os quais a preocupação reside nos membros inferiores, principalmente na musculatura da cadeia posterior. Portanto, usamos os testes funcionais para analisar possíveis disfunções ou diferença de força entre os membros. Logo, com o princípio da funcionalidade em mente, os testes e as avaliações aqui presentes devem ser utilizados de maneira consciente. A escolha de um teste ou avaliação deve sempre refletir uma finalidade funcional, o profissional vai avaliar um atleta/aluno/paciente, deve sempre levar em consideração a funcionalidade específica de cada caso. 8 Os testes podem ser de uma utilidade ímpar quando corretamente aplicados. Porém, também podem ser desperdício de tempo, caso sejam aplicados de maneira incorreta, sem uma finalidade específica ou sem aplicabilidade prática. AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO Entrando brevemente no âmbito do esporte, mais especificamente na avaliação pré-participação, esta faz parte do processo de prevenção de lesões esportivas através da identificação de possíveis fatores de risco. Por esse motivo é um importante campo de atuação do fisioterapeuta e do profissional de educação física. Precisamos ressaltar que a avaliação pré-participação deve ir além de apenas identificar atletas em risco. Ela também incluíra testes funcionais que guiem o planejamento do programa preventivo. Através da inclusão de testes que possibilitem identificar a capacidade e demanda específica do sistema musculoesquelético, de acordo com as peculiaridades de 9 cada esporte, é possível criar um protocolo de reabilitação, prevenção e treinamento mais eficaz para cada indivíduo. A importância da funcionalidade e dos aspectos específicos de cada esporte não pode ser subestimada. Isto porque a suscetibilidade de lesões específicas tem correlação direta com o esporte praticado, bem como com as peculiaridades dentro do próprio esporte (posição na qual atua, por exemplo). É por todos estes motivos que a avaliação pré- participação e os testes funcionais são muito utilizados nas mais diversas modalidades esportivas, nos níveis amador e profissional. Seus principais objetivos são: • Triar o estado de saúde do atleta e avaliar seu nível de condicionamento; • Identificar fatores biomecânicos que possam vir a predispô-los a lesão; • Identificar condições tratáveis que possam interferir ou prejudicar a participação do atleta; • Planejar intervenções que levem à melhora no desempenho do atleta; 10 Importância do teste-reteste Um aspecto extremamente relevante é a necessidade do reteste. A maioria dos testes apresentados neste livro são instrumentos para obtenção de informações. Estas informações, por sua vez, devem ser usadas para o planejamento de um programa de reabilitação e/ou treinamento. É a partir do conhecimento de déficits de força, desalinhamentos anatômicos ou outros problemas relacionados a capacidade que podemos projetar programas eficientes para nossos pacientes/alunos/atletas. Porém, para podermos analisar as melhoras qualitativas e quantitativas que nossos alunos têm, precisamos retornar aos testes. A característica funcional dos testes indica que a função analisada precisa ser reanalisada. De que adianta uma análise da flexibilidade em abstrato? Ou de mobilidade? Ou de uma disfunção biomecânica? As análises precisam ser feitas dentro do contexto do aluno/paciente/atleta. Precisamos ter um objetivo em 11 mente, melhorar certa capacidade por exemplo. Posteriormente, precisamos verificar se o indivíduo está respondendo ao seu programa. Logo, o processo teste/reteste é insubstituível. Outro aspecto muitas vezes esquecido é o da motivação. Ao fazermos um reteste podemos mostrar ao nosso aluno/atleta/paciente o seu progresso. Isso ajuda a incentiva-los e motiva-los a continuar seus programas de reabilitação e/ou treinamento. Critério de retorno ao esporte Um dos principais motivos que os teste funcionais são utilizados no alto rendimento, é sua capacidade de analisar a possibilidade de retorno ao esporte nos pós lesão. Nesta seara, a principal informação que se busca é a diferença entre o membro lesionado e o não lesionado. Normalmente, para um retorno saudável a atividade esportiva, espera-se que o atleta tenha uma diferença inferior a 10% entre os membros em questão. 12 Um dos testes que ficou muito conhecido, por causa de sua utilização como critério de retorno, é o Hop Test. É uma avaliação de força, potência e estabilidade de membro inferior muito utilizada no âmbito da recuperação pós cirurgia de LCA. Nós trazemos as modalidades de Hop Test na seção dos testes para membros inferiores. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS/capacidades AVALIADAS Com o grande leque de teste que os profissionais da área do esporte e da reabilitação possuem, podemos avaliar muitas capacidades, habilidades, funções e diversas outras características físicas. Porém, como já mencionado anteriormente, dependendo das funções ou características que queremos avaliar, precisamos de testesespecíficos. A escolha dos testes mais adequados dependerá de cada situação. Deve- se sempre levar em conta a individualidade de cada atleta, as demandas específicas do esporte, as principais lesões 13 que acometem atletas nesse esporte bem como qualquer outra variável específica de cada caso. Passamos então para algumas das principais características que podemos avaliar, com o auxílio dos testes funcionais, podemos citar: • AMPLITUDE DE MOVIMENTO (ADM) e mobilidade articular; A ADM pode ser definida como o deslocamento angular (Enoka, 2000). Em outras palavras, a ADM descreve o grau de amplitude que uma articulação sinovial consegue atingir, ou seja, é o movimento completo que uma articulação tem capacidade de realizar. Os testes funcionais podem ajudar na identificação de problemas de mobilidade, auxiliando no tratamento e até mesmo prevenção de lesões que podem surgir por falta de mobilidade ou amplitude de movimento. 14 Imagem: ADM da articulação do Joelho. Com a ajuda de um goniômetro, é possível medir a amplitude de movimento das diversas articulações do corpo. Este instrumento é muito utilizado, principalmente por sua praticidade, baixo custo de aplicação, facilidade de higienização e por ser não invasivo. É um instrumento muito importante, não só para avaliar a amplitude das articulações, como para a reavaliação e controle dos resultados do tratamento. A medição da 15 amplitude também auxilia na localização de possíveis disfunções articulares. • ASSIMETRIAS ANATÔMICAS; Os testes funcionais são muito utilizados para a identificação de assimetrias anatômicas. Testes com saltos, por exemplo, podem mostrar assimetrias nos membros inferiores. Uma avaliação precisa acerca de possíveis assimetrias é indispensável, tanto no alto rendimento, quanto no ambiente clínico. Uma identificação precoce de assimetrias pode auxiliar na mitigação de possíveis efeitos negativos ou até mesmo lesões. 16 Imagem: Desalinhamento pélvico. • CONTROLE NEUROMUSCULAR e propriocepção; Chamamos de controle neuromuscular a resposta eferente motora processada em nível do córtex cerebral, dos sinais proprioceptivos e os cinestésicos que são transmitidos para a medula espinhal por meio das vias sensoriais aferentes. 17 Já a propriocepção é a capacidade de perceber a localização do próprio corpo no espaço, incluindo sua posição, orientação, força exercida e relação espacial entre as diversas partes do corpo. Ambas essas capacidades podem ser analisadas através dos testes funcionais. A análise destas capacidades permite o reconhecimento de déficits de propriocepção e controle neuromuscular, consequentemente facilitando o planejamento de um programa de treinamento específico, seja para reabilitação, prevenção de lesões ou treinamento. • FORÇA, Resistência e potÊncia MUSCULAR; 18 De maneira bem resumida, força muscular pode ser definida como a quantidade de tensão que um músculo, ou grupamento muscular, pode gerar, dentro de um padrão específico de movimento. Os testes de força e resistência muscular são imprescindíveis para um efetivo e eficiente controle de carga e periodização do treinamento. É preciso identificar os limites dos pacientes/alunos/atletas para que possamos planejar o melhor programa de treinamento possível dentro da individualidade de cada um. Imagem: Avaliação da resistência muscular através da cadeira isométrica. Além disso, estes testes são muito úteis para medir o progresso dos indivíduos dentro de um plano de treinamento. São uma maneira simples e eficaz de mostrar 19 aos seus pacientes/alunos/atletas a melhora que eles obtiveram com o treinamento planejado. Isso ajuda muito na motivação dos indivíduos e na valorização do trabalho do profissional. Temos também alguns testes que analisam a potência muscular. Estes testes normalmente exigem movimentos explosivos, como saltos, bem como demanda mais do sistema cardiopulmonar dos avaliados. Imagem: Indivíduo realizando um salto. • ALINHAMENTO BIOMECÂNICO; 20 Postura é o termo frequentemente utilizado para descrever o alinhamento biomecânico corporal e a orientação do corpo em relação ao ambiente (Shumway- Cook, 2003). Existem vários desvios de padrão que podem e devem ser observados através da aplicação dos testes funcionais. Porém, é importante sempre lembrar da funcionalidade, e não apenas do alinhamento biomecânico como algo abstrato. Um exemplo muito utilizado e que ocorre frequentemente é o valgo dinâmico, alteração biomecânica da articulação do joelho. 21 Imagem: Valgo dinâmico. • FLEXIBILIDADE; A flexibilidade é muitas vezes confundida com a mobilidade articular. Porém, enquanto a mobilidade se refere as articulações, como o próprio nome sugere, a flexibilidade se refere aos músculos. Contudo, ambas estão intimamente ligadas. A flexibilidade, pode ser definida como a capacidade da estrutura muscular esquelética se estender, sem lesões ou danos. Depende, portanto, da elasticidade muscular. 22 Uma boa avaliação funcional da flexibilidade permite a elaboração de um programa específico de treinamento desta capacidade. Muitos programas de treinamento acabam sendo deficitários no âmbito da periodização dos treinos de flexibilidade, bem como no controle e avaliação da melhora desta capacidade. Os testes funcionais são bons instrumentos para auxiliar o profissional no âmbito do planejamento e controle dos seus pacientes/atletas/alunos. • Estabilidade do core; Uma importante capacidade que pode e deve ser avaliada é a estabilidade da musculatura do CORE. Essa musculatura é imprescindível tanto para pessoas não treinadas quanto para atletas. É a partir do CORE que geramos as forças necessárias para executar grande parte 23 dos movimentos do gerais dia-a-dia e dos movimentos específicos de cada modalidade esportiva. O CORE também é responsável pelo alinhamento do corpo, distribuindo as cargas exercidas contra esse corpo ajudando a prevenir lesões. Entretanto, apesar de sua importância, muitas pessoas ainda acreditam que o treinamento de CORE é simplesmente realizar abdominais. Para acabar com essa ideia errônea, trazemos neste ebook alguns testes para a avaliação da estabilidade do core que também servem como exercícios de fortalecimento dessa musculatura. 24 Imagem: Indivíduo trabalhando estabilidade e resistência da região do CORE. TESTES FUNCIONAIS ESPECÍFICOS Primeiramente, precisamos salientar que apesar de existirem vários testes, que avaliam diversas capacidades funcionais, a escolha do teste a ser aplicado dependerá das especificidades de cada caso. Não devemos simplesmente aplicar qualquer teste para qualquer pessoa. Devemos sempre analisar se o teste tem relevância no caso específico. Não faz sentido aplicarmos testes que são utilizados no alto rendimento, para um público idoso, por exemplo. 25 Quando trabalhamos com um esporte específico, devemos sempre pesquisar na literatura científica artigos que validem o uso de determinado teste para o esporte específico em questão. Não faz sentido analisarmos estabilidade de membro superior para um atleta que joga como atacante no futebol. Ainda, cabe ressaltar que os testes são FUNCIONAIS, queremos observar e colher dados acerca das capacidades funcionais do indivíduo. Isso quer dizer que não estamos apenas aplicando o teste para guardar as informações em uma gaveta. Tudo que colhermos de informação e dados a partir dos testes deve ter alguma utilidade prática, seja na 26 identificação de aumento do risco de lesão, avaliação para o retorno ao esporte ou para outras diversas finalidades. Ainda, cabe ressaltar que os testes são funcionais e que a análise deve ser feita de formacomparativa do antes e depois dos pacientes/atletas/alunos. Eles são indispensáveis para a avalição da progressão do indivíduo e sua resposta ao programa de reabilitação/treinamento. Com tudo isso em mente, vejamos então alguns dos principais testes que podem e devem ser usados como forma de avaliação pré-participação. Os testes trazidos são apenas alguns dentre os diversos testes disponíveis para os profissionais da área da reabilitação e treinamento. É sempre importante pesquisar os melhores testes para o seu público, de acordo com a especificidade, individualidade e funcionalidade. 27 MEMBROS SUPERIORES Ckcuest (CLOSED KINETIC CHAIN UPPER EXTREMITY STABILITY TEST) O CKCUEST é utilizado para avaliar a estabilidade dinâmica dos membros superiores em cadeira cinética fechada. Ele também avalia a potência muscular dos membros superiores. 28 Além disso, o teste fornece dados quantitativos e auxilia na determinação de déficits na performance funcional da cadeia cinética fechada das extremidades superiores. Alguns dos principais motivos da ampla utilização do CKCUEST são; o seu baixo custo e praticidade de sua aplicação. O teste pode ser aplicado em, basicamente, qualquer local com um custo irrisório ou até mesmo zero. Para o teste só são necessários o solo e algum instrumento de marcação dos pontos de referência (pode ser utilizado até mesmo uma fita crepe). O CKCUEST, por avaliar a estabilidade e força dos membros superiores, é muito utilizado em atletas de esportes que demandam esses membros. Podemos citar o handball, baseball, tênis, futebol americano, entre outros. Porém, o teste também pode ajudar na identificação de outras disfunções ou insuficiências, como enfraquecimento do CORE e instabilidade da articulação dos ombros. Ainda, cabe lembrar que o principal padrão de referência deve ser o próprio aluno/atleta/paciente. Por 29 isso, o reteste é importantíssimo. É preciso reavaliar o indivíduo para termos os dados sobre a sua progressão dentro do nosso plano de reabilitação/prevenção/treinamento. EXECUÇÃO Com o paciente/aluno/atleta partindo de uma posição de apoio em extensão de braços, com as mãos sobre as marcações dos pontos de referência. O avaliado deverá colocar o dedo médio sobre a marcação, como ponto de referência. Os pés devem estar em paralelo aos ombros, de maneira que fique confortável para o indivíduo executar o teste. Distância: 90cm (Homens) 60 cm (Mulheres) 30 Imagem: Posição inicial. Ao ser dado início ao teste, o avaliado deve tocar a mão oposto e voltar a posição inicial de apoio bimanual, repetindo o movimento com o membro oposto. O avaliado deverá realizar esses movimentos intercalados por 15 segundos, da forma mais rápida possível. É importante que o indivíduo mantenha os pés juntos durante a realização do teste. O teste é realizado 3 vezes, com um período de descanso de 45 segundos entre cada uma das execuções. Ao fim, será utilizada a melhor medida de desempenho do avaliado. 31 Imagem: Execução do teste. Do ponto de vista científico, diversos artigos já comprovaram a confiabilidade do CKCUEST nos mais variados esportes (Roush. et al, 2007; de Oliveira. et al, 2017; Hollstadt. et al, 2020). Upper Quarter Y-Balance Test Este teste, também conhecido como teste Y para membros superiores, avalia a função dos membros em questão em cadeia cinética fechada. Mais especificamente, é avaliada a mobilidade e estabilidade dos membros superiores, bem como a estabilidade da musculatura dos É importante que o avaliado tenha a chance de realizar uma tentativa de familiarização com o teste. 32 membros inferiores e tronco (Gorman et al., 2012; Westrick et al., 2012). Para esse teste é utilizada um instrumento de medição específico do Y Balance Test, porém, é possível adaptá-lo para aplicação com fitas ou outras marcações. Imagem: Instrumento de Medição dos Y Balance Test. 33 Imagem: Adaptação com fita do Upper Quarter Y Balance Test. EXECUÇÃO Com o paciente/aluno/atleta partindo de uma posição de apoio em extensão de braços, com as mãos sobre as marcações dos pontos de referência. O avaliado deverá colocar o dedo médio sobre a marcação, como ponto de referência, sem calçado. Os pés devem estar em paralelo aos ombros, de maneira que fique confortável para o indivíduo executar o teste. O indivíduo inicia com a face lateral do corpo direcionado para fita anterior, dependendo do braço que será avaliado, o indivíduo é posicionado do lado esquerdo ou direito do “Y”. A mão de apoio, que é o membro avaliado, permanece na intersecção das fitas. A mão livre, por sua vez, faz o alcance máximo nas direções medial (M) (Imagem A), súperolateral (SL) (Imagem B) e ínfero-lateral (IL)1 (Imagem 1 A referência para as direções é o membro de apoio. 34 C) (Butler et al., 2014; Gorman et al., 2012; Westrick et al., 2012; Teyhen et al., 2014). Imagem: Execução do Upper Quarter Y Balance Test O teste será realizado 3 vezes, com um período de descanso de 45 segundos entre cada uma das execuções. Ao fim, será utilizada a melhor medida de desempenho do avaliado. O teste é encerrado, e a tentativa não considerada válida, caso o indivíduo perca os pontos de apoio, faça algum tipo de impulso para promover o alcance, ou apoie a mão de alcance no chão. Para a normalização dos dados é, comumente, utilizada a medida do comprimento do membro superior testado, do processo espinhoso de C7 até a ponta do dedo mais longo com o braço a 90° de abdução com o cotovelo estendido e 35 punho em posição neutra (Butler et al., 2014; Westrick et al., 2012). O resultado para cada direção é obtido pela média das três repetições, dividida pelo comprimento do membro superior. O resultado total, por sua vez, é obtido pela soma das médias obtidas nas três direções dividido por três vezes o comprimento do membro superior, e o resultado multiplicado por 100 (Westrick et al., 2012). Existem várias informações que podemos tirar deste teste. Porém, uma das mais importantes é a diferença entre os dois membros, principalmente em casos de lesão. É sempre importante testar para analisar a diferença percentual entre o membro lesionado e o não lesionado, de forma a prevenir lesões e também para a definição do retorno ao esporte. 36 One-Arm Hop Test O one-arm hop test, ou, teste de hop com membro superior é uma avaliação de força e potência de membro superior. No teste avalia-se tanto a força concêntrica quanto excêntrica. Este já é um teste mais avançado e de difícil execução. Ele é muito útil para a análise da diferença entre o membro dominante do não-dominante. Assim, podemos detectar assimetrias acentuadas de força e potência e utilizá-lo para o planejamento do nosso treinamento e até mesmo reabilitação. EXECUÇÃO O teste inicia com o avaliado em posição de flexão de braços, com pés em paralelo aos ombros e coluna reta. A mão não avaliada deverá restar na parte inferior da coluna. Logo, o membro avaliado será o que sustentará o peso do corpo. Ao lado do indivíduo é colocado um step (10.2 cm). O objetivo do teste é utilizar a força e a estabilidade do 37 membro superior para “subir” e “descer” do step 5 vezes, o mais rápido possível. Confira as imagens abaixo. Imagem: Posição inicial. Imagem: Subida no step. 38 O teste é considerado aceitável quando o avaliado consegue executar o movimento completo, sem utilizar o braço não avaliado, sem encostar os joelhos no chão e mantem a coluna reta e os pés na mesma posição. Alguns estudos comprovam a confiabilidade do teste em questão em âmbito de teste-reteste. Em média, o membro não-dominante performa 4.4% mais lento que o dominante (Falsone et al, 2002). Lembre-se, assim como qualqueroutro teste, essa avaliação deve ser escolhida e usada com cautela e objetividade. Devemos saber o porquê e para que está sendo utilizado certo teste. Uma avaliação sem objetivo é perda de tempo, assim como uma avaliação das quais as informações retiradas são apenas colocadas em uma folha e esquecidas. É sempre importante que sejam tomadas todas as precauções para a execução do teste, para que o indivíduo não se lesione. Podemos utilizar algum tipo de colchonete ou almofada para o caso de “falha” na execução. Ainda, 39 devemos saber bem em quem aplicar e o porque aplicar. Fique atento ao seu público! Single-arm seated shot put test Apesar de menos utilizado, trazemos mais um interessante teste de membro superior, agora com foco na força e performance funcional. Ele exige que o indivíduo exerça uma força explosiva do membro superior. É um teste simples, prático e de baixo custo. Pode ser realizado em basicamente qualquer lugar. É uma boa avaliação para analisar a diferença de força e potência entre os membros superiores. Logo, é bastante aplicável em casos de reabilitação, identificando possíveis diferenças de força e potência entre o membro lesionado e o não lesionado. EXECUÇÃO Temos duas formas de realizar o teste. O indivíduo pode ficar sentado no chão, de costas para uma parede, com os joelhos estendidos. Também é possível a realização 40 do teste com o indivíduo sentado em uma cadeira e os joelhos também estendidos. Imagem: Teste utilizando cadeiras. Imagem: Teste no chão. O único instrumento utilizado é uma bola de 3 kgs. O avaliado utiliza a força do membro superior para arremessar a bola na maior distância que conseguir. O membro não 41 avaliado deve restar sobre as pernas do avaliado. É importante que o avaliado mantenha as costas encostadas no apoio, apenas utilizando o membro avaliado para arremessar a bola. São realizadas 2 tentativas iniciais para o indivíduo assimilar o teste. Uma a cerca de 75% da força e outra a 100% da força, com um intervalo de 20 a 30 segundos entre cada uma. Logo após são realizadas 3 tentativas com esforço máximo, novamente com intervalo entre as tentativas. A distância é medida da parede até o local onde a bola fez primeiro contato com o chão. Concluindo, diferentemente dos membros inferiores, os testes para membros superiores são mais escassos. Logo, este é mais um ótimo instrumento que temos para fazer uma análise da força dos membros superiores, inclusive para atletas de esportes como basquetebol, tênis, voleibol e handebol, os quais demandam muita força e estabilidade destes membros. O teste pode e deve ser utilizado para o 42 comparativo em casos de lesão e critério para retorno ao esporte. 43 MEMBROS INFERIORES HOP TEST O Hop Test é um dos protocolos de avaliação de membro inferior mais utilizado no âmbito clínico e esportivo. Esse teste tem ganhado cada vez mais proeminência no alto rendimento. 44 O principal objetivo do teste é avaliar a força e a potência muscular do joelho e a estabilidade dinâmica de joelho e do tornozelo. Esse teste além de funcional é qualitativo, permitindo que a força e a potência, tanto da perna lesionada quando da não lesionada, sejam medidas. Dentro desse contexto é possível analisar as diferenças entre ambos os membros. Consequentemente, ao utilizarmos o Hop Test como forma de comparar o membro lesionado do membro sadio, ele é um bom instrumento para avaliar a possibilidade de retorno ao esporte. O Hop Test é muito utilizado em casos de: Ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) 45 Entorse de Tornozelo Fratura por estresse Existem variações do Hop Test como: • Unilateral Máximo; 46 • Crossover; • Triplo; HOP TEST UNILATERAL MÁXIMO Neste protocolo, o indivíduo realiza um salto em distância com uma perna só. O objetivo principal é que o avaliado salte a maior distância possível, dentro das suas capacidades, sem perder o equilíbrio e aterrissando de maneira firme. A distância é medida da linha de largada até o calcanhar do pé de aterrisagem. Para determinar um resultado positivo ou negativo no Hop Test, levamos em consideração o índice de assimetria dos membros inferiores. Portanto, não estamos avaliando a distância de maneira abstrata, e sim a relação entre ambos os membros. Um valor de diferença aceitável é uma diferença de até 10% entre o membro saudável e o membro lesionado (van Melick et al., 2016). 47 HOP TEST triplo máximo No protocolo de solto triplo, o avaliado deve realizar três saltos em distância com uma perna só, de maneira consecutiva. Assim como no protocolo anterior, o avaliado deve tentar saltar a maior distância possível, em cada um dos três saltos, de maneira controlada, tanto no salto quanto na aterrissagem. 48 A medição é feita da mesma maneira que na modalidade anterior, da linha de largada até o calcanhar do pé de aterrissagem no último salto. Novamente, a diferença máxima de distância entre os saltos realizados com cada um dos membros, para um seguro retorno à atividade esportiva, deve ser inferior a 10%. HOP TEST CROSSOVER Neste protocolo o indivíduo deverá saltar o mais longe possível, com uma perna só, três vezes de maneira consecutiva. Porém, a cada salto o avaliado deverá cruzar uma linha, não mais saltando simplesmente em linha reta, e sim em zig-zag. 49 Novamente a medição é feita da linha de largada até o calcanhar do pé de aterrissagem no último salto. No âmbito da assimetria, espera-se um máximo de 10% de diferença entre os membros para um resultado positivo. Imagem: Alguns tipos de Hop Test. CONSIDERAÇÕES FINAIS 50 É importante ressaltar que o avaliador não deve apenas avaliar a distância dos saltos. Este é um teste funcional, logo, como não existe uma maneira “correta” de saltar (princípio da funcionalidade), ao longo da realização dos protocolos, devemos avaliar a simetria, estratégias e qualidade dos movimentos em ambos os lados, incluindo: • Modo de decolagem (Dominância de Quadril ou de Joelho); • Modo de Aterrissagem (Dominância de Quadril ou de Joelho); • Absorção do Impacto; • Valgo Dinâmico; • Equilíbrio; Todas estas variáveis podem fornecer informações importantes acerca das capacidades funcionais do avaliado, bem como disfunções biomecânicas e compensações. Vale ressaltar que é importante a utilização de um calçado adequado e que a superfície não seja escorregadia, evitando possíveis quedas. Dependendo do caso, o 51 profissional pode preferir que o indivíduo faça o teste descalço. Y BALANCE TEST O Y Balance Teste foi desenvolvido a partir do Star Excursion Balance Test (SEBT). O seu desenvolvimento foi feito para facilitar a aplicação e praticidade do SEBT. Logo, decidimos por trazer o YBT por ser mais facilmente aplicável em basicamente qualquer ambiente, bem como por sua confiabilidade e reprodutibilidade. Imagem: Star Excursion Balance Test. 52 O Y Balance Test de membro superior já foi abordado anterioremente. Agora, veremos o teste realizado para os membros inferiores. Neste caso ele avalia o equilíbrio dinâmico e a estabilidade dinâmica do joelho e tornozelo. Esse teste requer força, flexibilidade e propriocepção. Pode ser utilizado para avaliar a performance física do indivíduo. O teste também pode ser usado para avaliar déficits no controle postural dinâmico, principalmente em casos de lesões musculoesqueléticas, para identificar o aumento do risco de lesões nas extremidades inferiores e na reabilitação de adultos que sofreram lesões ortopédicas. Apesar de desafiador, o teste é de fácil aplicação, bem como de baixo custo. Caso o profissional não tenha ou nãodeseje adquirir o já mencionado instrumento de medição oficial, pode-se utilizar uma fita. EXECUÇÃO Inicia-se o teste com o indivíduo na intersecção das marcações. Logo, em apoio unipodal, com as mãos na 53 cintura, o avaliado levará o membro livre em 3 direções (Anterior, Posteromedial e Posterolateral), na maior distância que conseguir. São realizadas 3 tentativas, alternando a perna avaliada a cada tentativa. As tentativas serão descartadas se: • O avaliado perder o apoio unipodal. • Falhar em retornar o pé livre a posição inicial. É utilizada a maior distância como resultado final. A partir dessa distância, é utilizada uma formula para chegar- se no resultado final. Qual seja a soma das distâncias atingidas, dividido por 3 vezes o comprimento do membro, vezes 100. É importante que seja questionado ao avaliado se ele sente algum tipo de dor ou desconforto na execução do teste. Esta é outra informação importante que o teste pode fornecer ao profissional. 54 Imagem: Execução do Y Balance Test. Porém, o mais importante é fazer o teste-reteste como forma de analisar a melhora quantitativa e qualitativa do avaliado, principalmente após um período de reabilitação e/ou treinamento. Como já mencionado, esse teste também é muito útil na avaliação de membros lesionados, fazendo um comparativo com os membros não-lesionados. Essa análise pode fornecer importantes informações acerca da possibilidade de retorno ao esporte (ex. pós lesão de LCA, entorse de tornozelo...). Existem alguns softwares que o profissional pode utilizar para utilização e automação do processo de análise dos valores obtidos. Uma breve busca 55 online é suficiente para achar inúmeros recursos digitais. Porém, seguem aqui duas referências: • http://www.ybalancetest.com/ • http://www.move2perform.com/ Quanto ao âmbito acadêmico/científico, temos alguns estudos mostrando a confiabilidade do YBT em esportes específicos como baseball e futebol (Hannon et al, 2014; Garrison et al, 2013; Plisky et al, 2009). Drop jump test Vamos falar um pouco do Drop Jump Test, muito utilizado em avaliações pré-participação e como critério de retorno a atividade esportiva, principalmente em casos de ruptura de LCA. O objetivo do teste é analisar a força explosiva dos membros inferiores, principalmente do joelho. Bem como analisar a capacidade do indivíduo de absorver o impacto de aterrissagem de maneira equilibrada, eficiente e sem dores. 56 EXECUÇÃO O teste é bem simples e de fácil compreensão. O avaliado ficará em uma plataforma que tenha entre 20cm e 100cm, dependendo, como sempre, do propósito, individualidade e condicionamento físico do avaliado. Com as mãos nos quadris, o avaliado dará um passo a frente, caindo de maneira controlada no chão a frente. Apenas sair da plataforma para aterrissar no chão. 57 O indivíduo deve atentar para aterrissar com ambos os membros inferiores. Atenção, o indivíduo não irá saltar! Esse teste, além de útil para a avaliação pré- participação, análise de possível risco de lesão e como critério de retorno a atividade esportiva, também pode fornecer diversas informações importantes acerca da biomecânica do movimento. Devemos sempre prestar atenção na possível presença do valgo dinâmico no momento da absorção do impacto. Também devemos atentar para a dominância de membro e 58 possível compensações, como inclinações do tronco. Nesses casos consideramos que o avaliado “falhou” no teste, ou seja, talvez seja necessário fazer adaptações ao seu programa de reabilitação e/ou treinamento Imagem: Inclinação na aterrissagem. 59 Imagem: Valgo dinâmico na aterrissagem. Esse teste também pode ser adaptado para uma realização unipodal. 60 tuck jump assessment Um teste menos conhecido, mas amplamente utilizado, é o Tuck Jump Assessment. Tuck Jump pode ser traduzido para “salto encolhido” ou "dobrado”. É um teste fácil e sem necessidade de qualquer tipo de material para a sua aplicação. Dentre os principais objetivos do teste estão: • Avaliação de risco de lesão para Ligamento Cruzado Anterior; • Identificação de desequilíbrios neuromusculares; • Avaliação do progresso da reabilitação; • Identificação de “falhas” técnicas na biomecânica do salto; EXECUÇÃO O teste é extremamente intuitivo e simples. Começando em uma posição neutra, com os pés afastados e em paralelo aos ombros, o indivíduo deve executar saltos, com elevação de joelhos, por 10 segundos. Durante o salto 61 os joelhos devem subir na altura do quadril, conforme a imagem trazida. Existem alguns protocolos que utilizam uma tabela com as possíveis disfunções. Porém, acreditamos que apenas através da análise dos saltos é possível obter inúmeras informações acerca do indivíduo avaliado. Podemos analisar o famoso valgo dinâmico, se o indivíduo consegue elevar os joelhos, a absorção de impacto na aterrissagem, entre outras variáveis. Teste step down lateral O Step Down Lateral é um teste bem interessante, de baixo custo e fácil aplicação que pode fornecer importantes 62 dados ao profissional. O teste avalia a força dos membros inferiores, a estabilidade do pé, tornozelo e core e a capacidade de desacelerar o gesto de descida controlando a força excêntrica. Logo, o teste serve para avaliar variáveis como alterações proximais como de tronco, quadril, queda da pelve, adução e rotação medial do fêmur. Logo ele pode ser utilizado para possíveis intervenções preventivas, no âmbito do tratamento e como critério de alta. Cabe ressaltar que o teste em questão é internacionalmente validado para a síndrome da dor femoropatelar, dor lombar e lesões de LCA (Piva et al., 2006; Rabin et al., 2010; Rabin et al., 2014). 63 EXECUÇÃO Ele consiste na descida de um degrau (20 cm), de forma unipodal, apoiando o calcanhar no solo em uma demarcação a 5 cm de distância. São realizadas 5 repetições, alternando os membros para evitar a fadiga. As mãos devem ser colocadas na cintura, os joelhos retos e os pés próximos à beira do degrau. Comumente são realizadas 3 tentativas. A primeira como forma de aprendizado, a segunda como forma de treino e por último a tentativa final para avaliação. Um dos protocolos de pontuação mais utilizados utiliza o seguinte sistema de pontos: • Remover as mãos da cintura - +1 • Inclinar o tronco em qualquer direção - +1 • Perda de plano horizontal (pelve) - +1 • (Valgo Dinâmico) Tuberosidade Tibial Medial até o segundo dedo do pé - +1 • (Valgo Dinâmico acentuado) Tuberosidade Tibial Medial até a borda do pé - +2 64 RESULTADO 0 a 1 Ponto – Boa qualidade de movimento. 2 a 3 Pontos – Qualidade de movimento média. 4 Pontos – Qualidade ruim de movimento. Imagem: A esquerda uma descida com boa biomecânica, a direita podemos ver um valgo dinâmico. Podemos acrescentar que existe a variação frontal do teste em questão, o Step Down Frontal: 65 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como podemos ver, Step Down além de ser validado para as patologias já citadas, é um excelente método de análise do famoso valgo dinâmico. O valgo dinâmico pode ser ocasionado por diversos fatores como fraqueza da musculatura do glúteo, do core, dos adutores... Mas lembre-se, o valgo não é necessariamente um problema. Tudo dependerá do caso específico. O corpo se ajusta de acordo com as necessidades. Por isso, sempre preste atenção na função e não simplesmente no “problema”. 66 Teste DO LEVANTAR E SENTAR Trazemos agora um teste muito utilizado entre a população idosa. O teste do levantar e sentar é um teste de fácil aplicação, de baixo custo e alta praticidade. Ele é usado para avaliar a força e resistência dos membros inferiores. O teste também avalia a destreza do indivíduo na execuçãodos movimentos de sentar e levantar. É importante que o avaliador esteja ciente das condições físicas do avaliado, principalmente quando for aplicado a idosos. EXECUÇÃO Os únicos instrumentos necessários são uma cadeira (sem ombros nem braços e com um encosto de aproximadamente 43 cm) e um cronômetro. Por uma questão de segurança, devemos colocar a cadeira encostada em uma parede, para evitar quedas ou que se mova durante a execução do teste. 67 Para a execução do teste, o avaliado começa sentado, com os braços cruzados e o dedo médio em direção ao acrômio. Ao sinal do avaliador o indivíduo levanta-se da cadeira, ficando totalmente de pé, logo em seguida retorna a sentar-se. Ele realiza estes movimentos por 30 segundos, de forma contínua. O teste é realizado apenas 1 vez. Já o resultado é o número de vezes que o avaliado consegue realizar durante os 30 segundos. Existem algumas variações do teste, como o Levantar e Sentar 5 vezes e o de 1 minuto. A escolha de qual protocolo utilizar dependerá sempre do caso concreto. 68 Vamos bater novamente na tecla do teste/reteste. Em um primeiro momento, as informações obtidas com o teste são úteis para a elaboração de um programa de reabilitação e treinamento. Porém, em um segundo momento, precisamos reavaliar o indivíduo para identificar se houve ou não melhora nas capacidades funcionais do indivíduo. O teste é muito utilizado com pacientes idosos, é uma boa e segura forma de avaliar a capacidade funcional desses indivíduos. É possível analisar, também, a segurança no ato de levantar e sentar, bem como o equilíbrio. Testes de flexibilidade Passaremos agora a alguns testes para a análise da flexibilidade. São avaliações práticas e de fácil aplicação, os quais podem ser utilizados na prática clínica e no alto rendimento, fazendo, obviamente, as adaptações necessárias para cada público específico. Vale ressaltar que a flexibilidade é uma capacidade funcional extremamente importante. Seja no âmbito esportivo, quanto no âmbito das AVDs. Limitações da 69 flexibilidade podem aumentar o risco de lesões, bem como dificultar a realização de gestos técnicos e movimentos do dia-a-dia. Teste dos dedos ao solo Este é um teste de flexibilidade muito conhecido e utilizado. É uma boa forma de analisar a flexibilidade da cadeia posterior. Sua vasta utilização ocorre devido a sua praticidade, confiabilidade e reprodutividade. Além da avaliação da flexibilidade, o teste também pode ser muito útil para analisar desvios posturais da coluna. EXECUÇÃO 70 O teste é extremamente intuitivo. Avalia-se a flexibilidade da cadeia posterior medindo a distância entre o solo e o terceiro dedo da mão A avaliação consiste em solicitar que o indivíduo faça uma flexão anterior do tronco com os pés juntos, com o objetivo de alcançar o solo. Não é permitida a flexão de joelhos. Então é medida a distância entre o dedo médio da mão direita até o solo, em centímetros, com o uso de uma fita métrica. Tendo em vista que alguns indivíduos podem ultrapassar o toque ao solo, é possível a utilização de um banco ou algum tipo de elevação. Realiza-se, então, o mesmo procedimento, considerando uma contagem negativa dos centímetros a partir da elevação. 71 Imagem: Execução dos dedos ao solo. Novamente, é importante realizar o reteste, dessa forma podemos analisar a melhora nos indicies de flexibilidade do paciente/atleta/aluno, ao longo do programa de reabilitação e/ou treinamento. Outro motivo da importância da execução desta avaliação, é que a falta de flexibilidade da cadeia posterior pode acarretar em desvios posturais, como a inclinação posterior da pelve, podendo afetar até mesmo a marcha. Logo, reconhecer esse déficit de flexibilidade auxilia na mitigação de futuros problemas e ajuda na programação dos treinos de flexibilidade. 72 Teste do sentar e alcançar (banco de wells) O teste de sentar e alcançar, também conhecido como Banco de Wells, é outro método de avaliação de flexibilidade. Com este teste avaliamos a flexibilidade e amplitude de movimento da cadeia posterior e do tronco. É um dos testes de flexibilidade mais conhecidos por todos, até mesmo leigos. EXECUÇÃO Para a realização do teste utilizamos alguns instrumentos, porém, podemos adaptar com uma fita métrica. Os bancos possuem alguma praticidade, pois, em muitos casos, já vem com as medições e os índices de flexibilidade. Imagem: Exemplos de Bancos de Wells. 73 Porém, podemos fazer várias adaptações para a execução dos testes. Por exemplo: Alternativas de banco: • Um banco de 30 cm de largura, deite-o de lado. Afixa-se uma régua de pelo menos 40 cm ao banco de modo que a merca de 23 cm coincida coma linha vertical onde os alunos apoiarão os pés. • Uma caixa de papelão com 30 cm de altura com a parte aberta da caixa voltada para baixo. Na parte superior fixe uma régua de pelo menos 40 cm de modo que a marca dos 23 cm coincida com a linha vertical onde os alunos apoiarão os pés. O teste deve ser executado com o avaliado descalço. Então o avaliado senta-se de frente para a base da caixa (quando há caixa), com as pernas estendidas e juntas. Em seguida, o avaliado coloca uma das mãos sobre a outra e eleva os braços verticalmente. Então, inclina o corpo para frente e, com as pontas dos dedos das mãos, alcançam 74 tão longe quanto possível sobre a régua graduada, sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço (insistências). É muito importante que os joelhos do avaliado não sejam flexionados. Também deve ser feita uma expiração enquanto é realizada a flexão e que o avaliado consiga sustentar esta posição por pelo menos 2 segundos. Imagem: Execução do sentar e alcançar sem Banco de Wells. 75 O avaliado realizará duas tentativas. Será registrada a maior distância alcançada pelo avaliado. Quanto a análise dos resultados, existem algumas tabelas de referência que o leitor pode consultar. Porém, acreditamos que o mais importante é utilizar o teste/reteste como forma de avaliar a progressão do paciente/aluno/atleta durante o programa de reabilitação e/ou treinamento. 76 Testes de cardiovasculares Os testes cardiovasculares são amplamente utilizados no âmbito clínico e esportivo para avaliar o condicionamento físico do indivíduo. É sempre importante que sejam executados com a devida supervisão e conhecimento das indicações e contraindicações de cada teste. Essas avaliações também são utilizadas como provas 77 de aptidão física para diversos públicos, incluindo atletas, árbitros, servidores públicos, entre outros. Ainda, aconselha-se que seja feito algum tipo de aquecimento leve para a ativação muscular e preparação para os testes. Isso ajuda não só na prevenção de lesões que podem ocorrer durante os testes, como prepara o organismo para a atividade que vai ser realizada. É um processo tanto físico, quanto psicológico. Teste do quadrado O teste do quadrado é uma ótima forma de avaliar a capacidade cardiovascular e agilidade do indivíduo. O teste também é muito utilizado como forma de análise para possível retorno ao esporte nos pós lesão, principalmente de joelho e tornozelo. Isto ocorre porque o teste impõe a necessidade de constante mudança de direção e aceleração ao indivíduo avaliado. 78 EXECUÇÃO Partindo da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da linha de partida. Ao sinal do avaliador, o avaliado deverá deslocar-se até o próximo cone em direção diagonal. Em seguida, corre em direção ao cone à sua esquerda (ou direita) e depois se desloca para o cone em diagonal. Finalmente, corre em direção ao último cone, que corresponde ao ponto de partida. 79 Imagem: Ilustração do testedo quadrado. Normalmente, o percurso é marcado com cones. Porém, pode ser adaptado para qualquer tipo de obstáculo que faça a marcação. O indivíduo avaliado deverá tocar com uma das mãos cada uma das marcações no momento que as cruzar. O tempo será cronometrado e deverá começar a contar no momento em que o avaliado tocar com o pé no interior do quadrado. São realizadas duas tentativas, sendo registrado o melhor tempo de execução. Este é mais um teste que pode fornecer importantes informações para o profissional. Principalmente com relação 80 a mudança de direção, estabilidade de joelho e tornozelo, agilidade, aceleração e desaceleração. Sempre devemos conversar com o avaliado e questioná-los acerca do teste, como se sentiram, se tiveram dificuldades... O reteste também é indispensável para a análise da melhor nas capacidades do avaliado e da eficácia ou não do plano de reabilitação ou treinamento que está sendo executado. 81 Beep test O beep test é internacionalmente conhecido e utilizado, principalmente como forma de análise do condicionamento físico e cardiovascular do avaliado. Um dos motivos da sua ampla utilização é sua praticidade, baixo custo e facilidade de aplicação em basicamente qualquer ambiente. Porém, o teste pode ser utilizado para fazer uma análise muito mais ampla de várias capacidades do indivíduo. Isto decorre das demandas provocadas pelo teste como progressão gradual de velocidade, da baixa intensidade até o limite do indivíduo, aceleração, desaceleração, mudança de direção e tempo de reação. Ainda, cabe ressaltar que o teste também é utilizado para a medição do VO2 máximo. EXECUÇÃO O nome do teste advém da utilização de sinais sonoros (bipes) que indicam o pace que deve ser seguido pelo 82 avaliado. O teste é realizado em um percurso pré definido, entre duas linhas separadas por 20m. O avaliado começa o teste atrás da primeira linha, ao sinal sonoro ele começa a correr em direção a segunda linha. Ao som de cada bipe o participante deve estar na linha ou chegando nela, e consequentemente deve virar e correr na direção da linha contrária. Logo, o espaço entre os bipes dita o pace que o avaliado deve manter. Após cerca de um minuto, um som indicará um aumento na velocidade, ou seja, o intervalo entre os bipes diminuirá. A cada minuto (nível) este intervalo se torna menor, forçando o avaliado a aumentar a velocidade da corrida. Caso o avaliado chegue na linha antes do sinal, deverá esperar até que o próximo bipe soe antes de continuar. 83 Lembre-se que as marcações podem ser adaptadas, seja com cones, fitas... Oficialmente, caso a linha não seja alcançada antes do bipe, o avaliado é desclassificado e o seu resultado é anotado. Porém, comumente, dá-se um aviso e o avaliado deve continuar a correr para a linha, depois virar e tentar acompanhar o ritmo. Porém, se o avaliado não conseguir alcançar a linha duas vezes, o teste é finalizado. Normalmente, este teste é utilizado no formato aprovado/reprovado. Porém, é possível utilizá-lo como simples forma de avaliação do indivíduo. Principalmente, para que depois de um programa de treinamento ele seja reavaliado como forma de avaliação da eficácia do programa executado. 84 O teste tem 21 níveis, porém, é basicamente impossível encontrar alguém que consiga alcançar o fim do teste. Os recordes conhecidos tendem a estar no nível 17. A grande maioria das pessoas para em torno do nível 13, logo o teste dura cerca de 14 minutos. Abaixo trazemos uma tabela com alguns números relativos ao Beep Test. 85 Imagem: Tabela com algumas informações do beep test (tempo/distância). Quanto a equipamentos, podemos realizar o teste apenas com um pedaço de fita (para marcar a zona de corrida) e uma gravação do áudio (que pode ser encontrada online de forma gratuita). Temos até mesmo aplicativos, gratuitos e pagos, para a facilitação da execução do teste. CONSIDERAÇÕES É sempre importante que o profissional tenha consciência do teste aplicado, suas indicações e contraindicações. Ainda, é necessário estar atento a estes tipos de teste que demanda mais da capacidade cardiopulmonar do avaliado. O profissional deve estar a par da condição física do seu paciente/aluno/atleta. Não podemos aplicar qualquer teste sem saber detalhadamente da condição do avaliado. 86 Yo-yo test Um teste muito similar ao beep test, e também amplamente utilizado, é o Yo-Yo Test. Também é conhecido em inglês como Intermittent Recovery Test. EXECUÇÃO O teste envolve a execução de percursos de 20 metros repetidos em um ritmo definido por um áudio gravado. Três linhas são marcadas conforme o diagrama nos slides seguintes; 20 metros e 5 metros (tempo de recuperação) separados. Esse tempo de recuperação ativo é principal diferença do Yo-Yo Test para o Beep Test. O teste começa na zona de recuperação, atrás da linha do meio. Ao sinal o avaliador começa a correr pelo percurso de 20m. O indivíduo executa dois percursos consecutivos de 20 metros (2x20), em seguida recebe 10 segundos para 87 caminhar ou correr dois percursos consecutivos de cinco metros (2x5) (descanso ativo) e finalmente volta ao início. Assim como no beep test, o ritmo das indicações sonoras fica progressivamente mais rápido ao longo do teste. No caso de o avaliado não conseguir alcançar a linha a tempo, é lhe dado um aviso, e ele deve tentar acompanhar o ritmo. Porém, se o avaliado não conseguir alcançar a linha duas vezes, o teste é finalizado. Os únicos instrumentos necessários são algo para fazer a marcação do percurso e o áudio. O teste completo tem 91 tiros e cerca de 29 minutos. Entretanto, assim como no beep test, a maioria das pessoas 88 não consegue completá-lo. Para a maioria das pessoas relativamente em forma o teste durará cerca de 10 a 20 minutos. CONSIDERAÇÕES Novamente ressaltamos a importância de reconhecer as indicações e contraindicações para a aplicação do teste. Bem como estar sempre atento aos testes que demandam mais da capacidade cardiopulmonar do avaliado. Não podemos aplicar qualquer teste sem saber detalhadamente da condição do avaliado. Um fator interessante acerca do beep test e do Yo Yo Test é a possibilidade de que vários indivíduos realizem o teste simultaneamente. No momento que não conseguem acompanhar, o tempo deles é marcado e os demais continuam o teste. Em muitas situações, onde o teste é utilizado como critério eliminatório, várias pessoas realizam em conjunto. 89 Teste de caminhada de seis minutos Aqui temos mais um teste simples, prático, de baixo custo, submáximo, dinâmico, bem tolerado pela maioria dos pacientes e que pode fornecer inúmeras informações ao avaliador. O teste surgiu em meados da década de 70, onde foi inicialmente utilizado com o objetivo de avaliar a capacidade funcional de pneumopatas. Porém, pode também ser utilizado para outros públicos. Por exemplo, é um teste muito utilizado na população idosa. Através do teste podemos avaliar a capacidade funcional do indivíduo avaliado. EXECUÇÃO Como o próprio nome indica, é um teste muito intuitivo. Quando sinalizado pelo avaliador, o avaliado é instruído a caminhar tão rápido quanto fosse possível (sem correr) ao longo de um determinado percurso, quantas vezes conseguir em seis minutos. Esse teste é amplamente utilizado em hospitais, bem como com idosos 90 É permitido que o avaliado pare e descanse possibilitando o paciente a ditar a velocidade dos passos e interromper a caminhada no caso de sintomas limitantes. No final de seis minutos é contabilizada a distância total percorrida. Além da distância percorrida, é importante que o avaliador preste bastante atenção a possíveis desvios posturais, sinais de fraqueza musculare padrões biomecânicos. Quanto aos resultados, a medida primária a ser aferida é a distância máxima percorrida durante o período estipulado. Ressalta-se que, a distância máxima percorrida, em pessoas saudáveis, gira em torno de 400 a 700 metros. 91 É sempre importante que o profissional estude e pesquise bastante acerca das indicações e contraindicações para a realização do teste. Existem também alguns outros fatores que podem e devem ser levados em conta na hora da execução, logo é sempre importante pesquisar os protocolos específicos para cada público. Testes de estabilidade, resistência e força Teste da ponte unilateral Neste teste avalia-se a estabilidade de tronco e pelve. Além de revelar informações importantes acerca do alinhamento postural, este teste também pode contribuir para a compreensão da ocorrência de lesões musculoesqueléticas. EXECUÇÃO Começa-se o teste com o avaliado em posição de decúbito dorsal e joelhos flexionados. Pede-se então que o avaliado realize uma ponte. A seguir, pede-se que o 92 avaliado estenda uma das pernas, de forma a manter a posição de ponte apenas com um dos membros inferiores conforme a imagem. Podemos simplesmente pedir para que o avaliado segure a posição por alguns segundos e, em seguida, realizar com a perna contralateral. Dessa forma podemos analisar a diferença de força de membro superior, principalmente dos glúteos, entre um lado e o outro. É considerado que o indivíduo “passou” no teste caso consiga manter o alinhamento pélvico, sem a “queda” do quadril. 93 Podemos analisar possíveis desalinhamentos pélvicos, no caso de o avaliado não conseguir manter a posição ou ficar com o quadril “caído”, como no exemplo abaixo. Outra maneira de utilizar o teste é através da resistência. Pedimos para que o avaliado mantenha a posição pelo maior tempo possível. Utilizamos o tempo para retestar o indivíduo após um período específico de reabilitação ou treinamento. É importante analisar estes possíveis desalinhamentos, eles podem ser bons preditores de possíveis lesões, principalmente em casos de fraqueza da cadeia posterior em um lado específico. 94 95 Testes de resistência Veremos agora alguns dos principais testes de resistência muscular. Normalmente eles são realizados por tempo, cronometrando quanto o tempo o indivíduo consegue se manter em posição. Ao fim de 60 segundos, o teste costuma ser encerrado. O mais importante destes testes é que o avaliado mantenha a posição correta ao longo de todo o teste. Qualidade é crucial. Como já mencionado inúmeras vezes, são testes práticos e de fácil aplicação que devem ser usados no formato teste/reteste para melhor visualização das melhorias qualitativas e quantitativas que o indivíduo tem em resposta ao programa de treinamento. Cadeira isométrica A cadeirinha isométrica é um exercício que testa a resistência de membros inferiores, principalmente glúteos, quadríceps e panturrilhas, assim como a musculatura do 96 CORE. Importante que o avaliado mantenha a angulação dos joelhos e quadril em 90 graus durante toda a execução. Imagem: Cadeira Isométrica. 97 Prancha A famosa prancha também pode ser usada para avaliar a resistência da musculatura do core e dos glúteos. Sempre ficar atento para que o avaliado não deixe o quadril cair e mantenha a coluna reta. No caso da prancha, podemos trabalhar com algumas variações como a prancha unilateral e a prancha com braços estendidos. Tudo dependerá, é claro, da individualidade do avaliado, da função, da especificidade e da finalidade da avaliação. 98 Imagem: Prancha 99 Imagem: Prancha unilateral. Imagem: Prancha braços estendidos. 100 Teste de extensores do tronco Um teste menos utilizado, mas muito interessante, é o teste dos extensores de tronco. É conhecido também como Teste de Biering-Sorenson. Essa avaliação, como o nome indica, é utilizada para avaliar a força e resistência dos músculos extensores do tronco e quadril. Esta musculatura está diretamente relacionada as dores lombares e, de acordo com alguns estudos, o teste é um bom instrumento para a predição de dor na região lombar (Biering-Sorensen, 1984; Keller et al, 2001). EXECUÇÃO O teste é simples e de fácil aplicação. É necessário apenas uma maca ou mesa para que o avaliado posso deitar. Será, então, feita a medição de quantos segundos o avaliado consegue sustentar o peso do tronco, utilizando apenas o quadril e extensores do tronco. Normalmente são utilizadas cintas para afixar o avaliado na maca ou mesa, porém, podemos adaptar da forma como vemos nas imagens abaixo. 101 Imagem: Adaptações. Como podemos ver nas imagens, podemos fazer adaptações para a realização do teste. Com relação aos braços, o avaliado pode cruzá-los na frente do corpo ou 102 coloca-los atrás da cabeça, dependendo do que for mais cômodo e facilitar a correta execução do teste. Ainda, é importante que o avaliado não realize uma hiperextensão da coluna lombar, seu tronco deve ficar em paralelo ao solo. O teste é encerrado caso o avaliado consiga manter a posição por 240 segundos (4 minutos). Há indicativos de que menos de 176 segundos de resistência é preditivo de dor na região lombar no próximo ano em homens. Já, acima de 198 segundos, é preditivo de ausência de dor lombar. Existem tabelas de referência específicas para diversos tipos de indivíduo e peculiaridades, porém, como já mencionado anteriormente, o principal objetivo deve ser utilizar o teste como forma de avaliação da melhora do indivíduo após o programa de treinamento. Teste de Repetição máxima em 1 minuto Os testes de repetição máxima em um minuto são utilizados para avaliar a força muscular. Eles permitem que o avaliador tenha uma melhor compreensão dos níveis de 103 força do seu avaliado, facilitando assim a elaboração do plano de reabilitação e treinamento. São testes fáceis, práticos e de baixo custo. São aplicáveis em basicamente qualquer lugar e para a maioria das pessoas. Basicamente, nestes testes o individuo deverá executar o maior número de repetições possíveis dentro de 1 minuto. É permitido que o avaliado pare e reinicie quantas vezes quiser, dentro do 1 minuto estabelecido. Além disso, podemos adaptar o teste para as especificidades de cada indivíduo a ser avaliado. Importante lembrar que a qualidade é mais importante que a quantidade. Só devem ser contadas as repetições realizadas de maneira correta. Flexão de braço – apoio Começando pelos membros superiores, utilizamos a flexão de braço como exercício de avaliação. O indivíduo deverá começar na posição inicial, com braços estendidos, pés levemente separados e coluna reta. 104 Importante que as mãos fiquem abaixo da linha do ombro (45 graus), para que não haja excesso de carga nos ombros. Caso o indivíduo não consiga realizar a flexão desta maneira, podemos adaptar, permitindo que ele coloque os joelhos no chão. O avaliado deverá descer até encostar o peito no chão e subir. Repetindo por um minuto o movimento, o máximo de vezes que for capaz. Imagem: Execução da flexão de braço. 105 Imagem: Flexão adaptada. 106 agachamento livre Para membros inferiores, o movimento mais utilizado é o agachamento livre. O sistema é o mesmo mencionado anteriormente. O avaliado tem 1 minuto para executar o maior número de repetições possível. Sempre atentar para a correta execução do movimento. Imagem: Execução do agachamento livre. 107 abdominais Finalmente, para a região do CORE, podemos utilizar os famosos abdominais para fazer a avaliação da força. Seguindo o mesmo padrão anterior de 1 minuto. A variação de abdominal utilizada dependerá da individualidade decada avaliado. Comumente utilizamos o abdominal mais conhecido, o convencional. Nesta variação o indivíduo coloca as mãos de cruzadas no peito ou atrás da cabeça e realiza os movimentos sem removê-las da posição. Imagem: Abdominal comum. 108 Imagem: Abdominal com braços cruzados a frente. Imagem: Abdominal com braços livres. 109 CONCLUSÃO Como pudemos ver ao longo deste e-book, os testes funcionais são instrumentos que devem estar à disposição do profissional que atue no âmbito do movimento humano. Seja no ambiente clínico, no alto rendimento ou até mesmo no âmbito acadêmico, os testes funcionais são ferramentas inestimáveis para a coleta de informações. Informações e dados são essenciais em todas as etapas do exercício físico. Desde a reabilitação de lesões e retorno ao esporte até o treinamento e prevenção de lesões, a informação é a principal arma dos profissionais que lidam com o movimento. É por estes motivos que os testes funcionais têm sido utilizados nos mais diversos níveis da reabilitação e do treinamento e têm ganhado proeminência no cenário desportivo mundial. Seja no alto rendimento, no meio acadêmico ou no âmbito clínico, os testes tem sido ferramentas indispensáveis para os profissionais que trabalham com o movimento. Isto decorre de sua eficácia, 110 praticidade e acessibilidade na coleta de informações para o auxílio na reabilitação e no treinamento. Por exemplo, o Yo-Yo e Beep Teste têm sido amplamente utilizados como forma de avaliar o condicionamento físico de atletas e profissionais do esporte. Imagem: Yo-Yo Test aplicado no alto rendimento. Essas avaliações, porém, estão presentes em várias etapas do processo de treinamento. Porém, não podemos esquecer que os testes devem ser utilizados de acordo com suas especificidades, bem como sua relevância para cada situação específica. Inúmeros estudos mostram a aplicabilidade e confiabilidade dos testes para diversas 111 modalidades esportivas. Não podemos perder de vista a FUNCIONALIDADE dos testes. Logo, é importante que o profissional pesquise e saiba qual teste é aplicável para seu público específico. Desde as indicações e contraindicações, o profissional precisa focar nas especificidades do esporte praticado, nas AVDs, nas suas características biológicos e diversos outros fatores que afetam a reabilitação e o treinamento. Não faz sentido aplicar testes que avaliam o salto para um público de idosos, por exemplo. Mas isso não quer dizer que este público não deva ser analisado através de testes. Temos a caminhada de 6 minutos e o teste de levantar e sentar, por exemplo. Podemos também fazer adaptações aos testes já existente, de forma a aplicá-los aos mais diversos públicos. REABILITAÇÃO No âmbito das lesões, os testes funcionais são ótimos instrumentos para a elaboração de um programa de reabilitação. As avaliações também são úteis para informar o profissional acerca do progresso do programa de 112 reabilitação, bem como pode servir para incentivar o indivíduo dentro desse programa. Através dos resultados dos testes é possível mostrar de maneira clara e transparente a melhora nas capacidades, o avanço da recuperação das estruturas afetadas e a evolução da performance. Finalmente, os testes servem como critério de retorno ao esporte. Avaliações como o Hop Test e o Y Balance Test são amplamente utilizados para analisar o possível retorno as atividades esportivas, avaliando a diferença entre os membros, principalmente em casos de ruptura de LCA. TREINAMENTO Quanto ao momento do treinamento, os testes podem ser utilizados para o controle da execução e da eficácia do plano de treinamento. Ainda, neste momento entra a prevenção de lesões, na qual os testes podem apontar déficits, desalinhamentos ou desequilíbrios que podem indicar uma maior chance de certas lesões. 113 Ainda, é importante ressaltar o viés FUNCIONAL dos testes em questão. Mesmo que possam ser aplicados nos mais diversos âmbitos, é necessário que sejam adaptados e utilizados em situações que tragam algum tipo de benefício. Os testes não devem ser realizados de maneira despropositada. Além disso, a aplicação dos retestes é fundamental, sendo que valores de referência são menos importantes do que a melhora das capacidades funcionais dos atletas/pacientes/alunos. Não podemos simplesmente executar os testes e esquecer os resultados. É preciso analisar a melhor ou piora nos resultados, através dos retestes. Alguns testes são feitos com instrumentos específico, porém, é quase sempre possível adaptá-los, de forma que podemos realizá-los de forma prática e menos custosa. Avaliações como YBT, CKCUEST e Banco de Wells podem ser adaptados para a execução com poucos instrumentos de fácil acesso, como fitas adesivas e fitas métricas. Outros, por sua vez, podem ser executados sem qualquer tipo de instrumento ou aparelho. 114 O objetivo deste ebook foi trazer aqui alguns dos muitos testes que podem ser encontrados na literatura e na prática esportiva. É sempre importante que o profissional se mantenha atualizado e em constante aprimoramento. A ciência do movimento está em constante evolução, por isso, continue sempre estudando e procurando aperfeiçoar seu trabalho, valorizando assim o serviço que você presta para seus alunos/pacientes/atletas e alcançando melhores resultados nos seus programas de reabilitação e treinamento. Esperamos que esse material tenha agregado valor ao seu trabalho e conhecimento acerca da avaliação funcional como um todo, bem como dos testes funcionais mais especificamente. Não se esqueça, porém, que esta área que trabalha com o movimento está sempre avançando. É necessário estar em constante atualização e atento a novas testes, novas práticas e métodos de intervenção. Desejamos muito sucesso a todos os profissionais! 115 116 117 REFERÊNCIAS Andrade, Juliana A.; Figueiredo, Luisa C.; Santos, Thiago R. T.; Paula, Ana C. V.; Bittencourt, Natália F. N.; Fonseca, Sérgio T. (2012) Confiabilidade da mensuração do alinhamento pélvico no plano transverso durante o teste da ponte com extensão unilateral do joelho. Rev. bras. fisioter;16(4):268-274, Jul.-Aug. 2012. ilus, tab. Biering–Sorensen F. Physical measurements as risk indicators for low-back trouble over a one-year period. Spine. 1984;9:106–119. Butler, R. J.; Myers, H. S.; Black, D.; Kiesel, K. B.; Plisky, P. J.; Moorman 3rd, C. T.; Queen, R. M. Bilateral differences in the upper quarter function of high school aged baseball and softball players. Int J Sports Phys Ther. 2014; 9(4): 518–524. de Oliveira VM, Pitangui AC, Nascimento VY, et al. Test- retest reliability of the closed kinetic chain upper extremity stability test (ckcuest) in adolescents: reliability of ckcuest in adolescents. International Journal of Sports Physical Therapy. 2017 Feb;12(1):125-132. 118 Falsone SA, et al. One-Arm Hop Test: Reliability and Effects of Arm Dominance. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. 2002; 32(3): 98–103. Garrison JC, et al. Baseball Players Diagnosed With Ulnar Collateral Ligament Tears Demonstrate Decreased Balance Compared to Healthy Controls. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy. 2013; 43(10): 752-758. Gorman, P. P.; Butler, R. J.; Plisky, P. J.; Kiesel, K. Upper Quarter Y Balance Test: reliability and performance comparison between genders in active adults. J Strength Cond Res. 2012; 26(11): 3043–3048. Hannon J, Garrison JC, Conway J. Lower extremity balance is improved at time of return to throwing in baseball players after an ulnar collateral ligament reconstruction when compared to pre-operative measurements. International Journal of Sports Physical Therapy. 2014; 9(3): 356-364. Hollstadt, K., Boland, M., &
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