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REsumo Prática de otorrino otorrinolaringologista 1 amigdalite aguda/faringotonsilite “Dor de garganta” pode associar a sintomas locais, regionais ou sistêmicos. É uma doença benigna. - Agente etiológico: · Vírus (70 a 95%): rinovírus, coronavírus, adenovírus (+comum), herpes simples vírus, parainfluenza vírus, enterovírus, EBV (mononucleose), CMV, influenza. - < 3 anos - Início lento - Febrícula - Congestão nasal - Ausência de exsudato purulento · Bactérias (20-40%): estreptococo beta hemolítico do grupo A – Streptococus pyogenes (+ comum); Haemophilus sp.; Moraxella catharrhalis - 3 a 15 anos - Início brusco de odinofagia - Febre alta (> 38,5º C) - Nódulos linfáticos > 1 cm, assimétricos, com sinais flogísticos (cadeia jugulodigástrica, 60% dos casos) - Exsudato tonsilofaríngeo - Complicações: febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. Diagnóstico · Clínico: anamnese + exame físico · Cultura de orofaringe: teste padrão-ouro, mas demora muito para ser realizado. · Hemograma e PCR (exames práticos) – diferencia viral (linfocitose com PCR de valor baixo) e bacteriana (leucocitose e PCR aumentado) · Anti-estreptolisina O (ASLO): serve para avaliação a possibilidade de complicações. Pico entre a 4ª e a 6ª semana. Classificação Angina = Amigdalite · Anginas eritematosas (eritematopultáceas) (90% dos casos) – Mononucleose infecciosa e difteria - Eritematosas (vermelhidão): mucosa orofaríngea associada, amígdalas edemaciadas e aumentadas de volume. - Eritematopultáceas: características de inflamação + exsudato esbranquiçado puntiforme ou confluente (destacável à manipulação). · Anginas úlcero-necróticas – Angina de Plaut-Vicent · Anginas vesiculosas – Herpes simples I e II; Herpangina Complicações não SUPURATIVAS DE FARINGOMIGDALITES AGUDAS - Febre reumática: · 2 a 3 semanas após faringoamigdalite estreptocócica · 5 – 15 anos. Pico: 7 a 12 anos · Diagnóstico: critério de Jones Modificado - 2 maiores ou 1 maior + 2 menores + evidência de infecção estreptocócica recente. CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES EVIDÊNCIAS DE INFECÇÃO CARDITE/VALVULITE FEBRE ESCARLATINA RECENTE ERITEMA MARGINADO ARTRALGIA PRESENÇA DE ANTICORPOS CORÉIA DE SYDENHAM AUMENTO VHS E PCR CULTURA + NÓDULOS SUBCUTÂNEOS AUMENTO DO INTERVALO PR ANTECEDENTE FEBRE REUMÁTICA · Tratamento: Penicilina V - < 12 anos: 90.000 UI/kg/dia em 3 VO por 10 dias - > 12 anos: 200.000 a 500 UI 8/8h VO por 10 dias - Escarlatina: · Ação de endotoxinas estreptocócicas sobre a pele. · Rash cutâneopapular e eritematoso, pele áspera, linfonodomegalia, vômitos, febre e eritema orofaríngea. · Sinal de Filatov: palidez perioral · Sinal de Pastia: petéquias e hiperpigmentação em linhas flexão - Glomerulonefrite: realizar diagnóstico precoce · Após infecção faríngea ou de pele · Evolui para síndrome nefrítica 1 ou 2 semanas após infecção - Síndrome do Choque Tóxico: · Após infecção faríngea ou de pele · Hipotensão + pelo menos 2: insuficiência renal, Coagulopatia, alteração da função hepática, SARA, necrose tecidual e rash eritematomacular. OBS: Diagnósticos diferenciais de amigdalite aguda Leucemia aguda Agranulocitose tratamento (Streptococcus pyogenes) - Apenas serve para S. pyogenes: Penicilina V - Penicilina V: · < 12 anos: 90.000 UI/kg/dia 3x/dia VO durante 10 dias. · > 12 anos: 200.000 a 500.000 UI 8/8h VO durante 10 dias. - Penicilina benzatina: · < 27 kg: 600.000 UI/kg/dia IM dose única · > 27 kg: 1.200.000 UI/kg/dia IM dose única - Alergia à penicilina: Claritromicina 15 mg/kg/dia 2x/dia VO durante 10 dias. Máx de 250 mg por dose. - Falha terapêutica: Clindamicina 20 mg/kg/dia 3x/dia VO durante 10 dias. complicações supurativas faringoamigdaliantes agudas Amigdalite -> 2 dias -> abscesso periamigdaliano -> 24-48h -> parafaríngeo -> 12-24h -> retrofaríngeo -> mediastinite. (12 -14h depois da retrofaríngeo) - Abscesso periamigdaliano: · Extensão da infecção para estruturas do espaço periamigdaliano. · Flora mista: aeróbios e anaeróbios · Streptococcus pyogenes - QC: odinofagia acentuada e unilateral, piora da disfagia e da halitose, salivação, alteração timbre da voz e trismo (dificuldade de abertura bucal). - EF: edema e deslocamento da úvula - TTO: ATB EV + corticoide + drenagem ATB: amoxicilina + clavulanato ou ceftriaxona + clinda - Abscesso parafaríngeo: disseminação bacteriana a partir das infecções amigdalianas e faríngeas · EF: edema no ângulo da mandíbula, disfagia e dor de garganta (odinofagia) - Abscesso retrofaríngeo: disfagia Ceftriaxona 1G 1x/dia EV por 10 dias + clindamicina 500 mg EV 8/8h por 10 dias. Tratamento: não streptococo pyogenes · Amoxicilina < 30 kg: 50 mg/kg/dia 8/8h VO por 10 dias > 30 kg: 500 mg 8/8h VO por 10 dias · Ceftriaxona Crianças: 50-80 mg/kg/dia 1x ao dia IM por 7 dias Adultos: 1G-2G 1x ao dia IM por 7 dias. anginas eritematosas ou eritemapultacéas - Mononucleose infecciosa (Doença de Beijo): tem dificuldade de destacar a placa (pseudomembrana) · Vírus Epstein-Barr (EBV) · Transmissão: contato direto com gotículas salivares · QC: febre + astenia, angina, poliadrenopatia, hepatomegalia (10%) e esplenomegalia (50%) · Diagnóstico: QC + exames - HC: linfocitose; aumento das transaminases (TGO/TGP) - Sorologias: Paul-Bunnel-Davidson (Ac. Heterofilos), pesquisa de anticorpo IgM ou IgG contra antígenos do capsídeo. · Resolução espontânea em semanas ou meses. · TTO: hidratação e analgésicos ATB senão melhorar (exceto Ampicilina/Amoxicilina) ATB se necessário: Ceftriaxona 1G 1x/dia IM por 7 dias Diagnóstico diferencial: Rubéola; Toxoplasmose; Citomegalovírus e HIV. - Difteria: · Endotoxinas e exotoxinas do Corynebacterium diphteriar – bacilo gram + · 1 a 7 anos. · QC: febre, queda do estado, pulso rápido, linfonodomegalia cervical, palidez, hipotensão, adinamia e albuminúria. · Exame físico: pseudomembranas branco-acinzentadas; resistentes ao deslocamento, deixando o leito sangrante quando removidas OBS: Exotoxina diftérica: arritmia cardíaca, hipotensão, paralisia do véu palatino, diplopia. · Dx: exame bacterioscópico direto e pela cultura de exsudatos faríngeos · TTO: não vacinados ou inadequadamente ou há mais de 5 anos - Na suspeita: internação e iniciar soro antidiftérico 50.000 a 100.000 UI IM + Penicilina Benzatina 1.200.000 UI IM dose única. - Não vacinados (ou inadequadamente ou há mais de 5 anos): deverão receber a vacina antidiftérica e coleta de material para cultura, se positivo: ERITROMICINA. angina úlcero-necróticas – angina de plaut-vicent Simbiose: Fusobacterium plautvicent + Spirochaeta dentuim. - Má higiene bucal e mal estado dos dentes e gengivas. · QC: disfagia e odinofagia unilateral (sem elevação de temperatura) · EF: ulceração da amígdala, recoberta por pseudomembrana facilmente desprendida e odor fétido. Na sífilis não dói, mas aqui sim. · Dx: achado bacterioscópico fusoespiralar · TTO: Amoxicilina + gargarejo + sintomáticos + tratamento dentário. < 30 kg: 50 mg/kg/dia 8/8h VO por 10 dias > 30 kg: 500 mg 8/8h VO por 10 dias Diagnóstico diferencial: cancro sifilítico e tumor de amígdalas angina vesiculosas - Herpangina: vírus coxsackie A, B e echovírus. Frequente em crianças no verão. · QC: febre, micropoliadenopatia cervical, disfagia e vômitos. · EF: ulcerações esbranquiçadas circundadas por halo eritematosas espalhadas por toda orofaringe, poupando a região jugal (parede lateral da orofaringe). · Resolução espontânea entre 5 a 10 dias · Medidas de suporte e sintomáticos. Diagnóstico diferencial das amigdalites agudas - Leucemia aguda: · EF: angina + estomatite + sangramento + fenômenos necróticos (assimetria de amígdalas) · QC: linfonomegalia, febre, anorexia, dores ósseas · Dx: hemograma e mielograma - Agranulocitose: · Varia de um simples eritema à ulceração e necrose da mucosa orofaríngea. · Hemograma: acentuada leucocitopenia · Causas: UV, AIDS, medicamentos: dipirona e tiamazol (tto: hipertireoidismo) - Casium: placa de odor fétido devido à resto de comida e bactérias fermentadoras – amigdalite cronicaseosa · TTO: gargarejocom água morna · 2 a 3 meses se persistir: amigdalectomia otite média aguda - Processo de natureza inflamatória, infecciosa ou não, que ocupa focal ou generalizada a orelha média. - Incidência: 6 a 11 meses; 4 e 5 anos. OBS: até 2 anos de idade, tanto OMA quando OMS são bilaterais (maioria). Após 2 anos é unilateral. Características anatômicas da tuba auditiva na criança · Horizontalizada · Menor extensão na porção ístomica (mais propícia ao refluxo nasal) · Média de 18 mm (adulto 31 a 38 mm) · Ângulo de 10º com plano horizontal (adulto 45º) Agentes etiológicos principais · Streptococcus pneumoniae · Haemophilus influenza · Moraxella catarrhalis agentes etiológicos mais frequentes em crianças < 6 meses · Estreptococos do grupo A. · Staphylococcus aureus · Bacilos gram-negativos (E. coli; Klebsiella sp e Pseudomonas aeruginosa) QC · Sinal de Shape – sensação pulsátil do ouvido. “sensação do coração batendo dentro do ouvido” EF · Abaulamento e espessamento da MT - MT opacificada Critérios para introdução de ATB IDADE DIAGNÓSTICO CUTEZA DIAGNÓSTICO INCUTO < 6 MESES ATB ATB (risco de complicação) 6M – 2A ATB ATB, SE SEVERA (ex: temp > 39º) ≥ 2 ANOS ATB, SE SEVERA CONDUTA EXPECTANTE Tratamento de em crianças Tratamento em adultos Complicações · Mastoidite (simples = bolsões de ar (pus); periosteíte (esclerose superficial à pressão purulenta) e osteíte (esclerose profunda – avaliação através de TC) – Evolui para abscesso subperiosteal. · Abscesso subperiosteal · Paralisia facial · Labirintite · Outras: abscesso cerebral, meningite síndrome do respirador bucal - Decorrente de obstrução nasal completa ou incompleta, uni ou bilateral. QC RESPIRAÇÃO BUCAL OBSTRUÇÃO NASAL DOR DE GARGANTA ARDÊNCIA/PRURIDO FARINGE MUCO ESPESSO NA GARGANTA TOSSE SECA PERSISTENTE CEFALEIA MATINAL IVAS RECORRENTE HALITOSE ENURESE NOTURNA SONOLÊNCIA/IRRITABILIDADE DIFICULDADE ALIMENTAR/AEROFAGIA MAU RENDIMENTO ESCOLAR FÁSCIES RESPIRATÓRIA BUCAL CRÔNICO CÁRIES DENTÁRIAS FARINGE OPACA COM METAPLASIA GRANULOSA + VASCULARIZAÇÃO PECTUS SCAVATUM (afundamento do peito) DEFORMIDADES DENTO-FACIAIS Exames · Nasofibroscopia · Rx de cavum · Rx de seios da face · TC · RNM · Biópsia Fatores etiológicos · Hipertrofia adenoideana, rinites, rinossinusites ... Etiologia por faixa etária NEONATO · Luxação de septo nasal, atresia coanal, estenose de fossa nasal, anomalias congênitas, pseudotumores, inflamação/infecções, neoplasias, outras causas INFÂNCIA · Inflamatórias/infecciosas, hipertrofia de tonsilas faríngeas e palatinas, de cornos nasais inferiores, traumas. PUBERDADE/ADULTOS · Inflamação/infecção, igual inferior... + desvio de septo nasal, nasoangiofibroma (?) Repercussões sistêmicaS SISTEMA RESPIRATÓRIO · Tosse seca AUMENTA DIMINUI Resistência pulmonar VEF1 Resistência do fluxo aéreo -> ↓ventilação e oxigenação dos alvéolos periféricos Complacência PO2 arterial SISTEMA CARDIOVASCULAR · Hipóxia recorrente -> hipertensão pulmonar -> cor pulmonale (insuficiência de VD) · ↑ descongestionante nasal -> ↑ PA -> arritmias SONO · Hipersonolência diurna · Sono dessincronizado (alteração da fase REM) · Depressão da capacidade de despertar · Sono agitado · Enurese noturna (> 5 anos) · Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) SISTEMA HEMATOPÓETICO · Hipoxemia durante sono -> Policitemia compensatória. TGI · Disfagia: dificuldade entre deglutição e respiração · Aerofagia SISTEMA ENDÓCRINO · Produção inadequada de hormônios dependentes do ciclo circadiano · Retardo do crescimento pôndero-estatural (GH ↓) · Enurese noturna (ADH ↓) repercussões locais - Desenvolvimento dento-crânio-facial: · Esplancnocrânio: ↑ sentido ântero-inferior - Dolicocefálicos: longo e estreito · Palato ogival · Má oclusão dentária -> proeminência dos incisivos superiores · Hipoplasia dos seios paranasais -> atresia · Hipotonia da musculatura perioral -> apagamento sulconasolabial - Orofaríngeas: ressecamento -> opaca e com placa bacteriana - Otológica: disfunção tubária; otites médias; adenoidite - Rinossinusite crônica: obstrução nasal -> estase de secreções -> infecções
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