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RESISTÊNCIA DOS MATERIAISRESISTÊNCIA DOS MATERIAIS RESISTÊNCIA DOSRESISTÊNCIA DOS MATERIAIS:MATERIAIS: CISALHAMENTOCISALHAMENTO TRANSVERSAL, CARGASTRANSVERSAL, CARGAS COMBINADAS ECOMBINADAS E TRANSFORMAÇÃO DETRANSFORMAÇÃO DE TENSÕES E DEFORMAÇÕESTENSÕES E DEFORMAÇÕES Autor: Me. Cristian Padilha Fontoura Revisor : Luc iano Gald ino I N I C I A R introduçãoIntrodução Dando continuidade aos carregamentos aplicados no cotidiano de projetistas ou engenheiros, nesta unidade, veremos diversas situações nas quais a resistência dos materiais é utilizada. O cisalhamento transversal, caso em que a principal tensão provém de forças cortantes em seções transversais de elementos estruturais, será o primeiro desses casos particulares. Em seguida, estudaremos a combinação de cargas, a qual exige que você, caro(a) estudante, relembre conceitos previamente estudados dentro da mecânica dos sólidos, para então avaliar estruturas e componentes sob uma combinação de carregamentos. Indo além, uma ferramenta muito importante é introduzida aqui: as transformações de tensões e de deformações, nas quais podemos analisar elementos em planos inclinados e rotacionados em ângulos diferentes de 0°. O cisalhamento transversal é o cisalhamento que ocorre devido a esforços �etores em uma viga. Tal como a tensão normal, há um per�l de tensões baseado no eixo neutro de uma seção transversal particular. Diferente das tensões normais, o maior valor de tensões ocorre no eixo neutro. A seguir, veremos os casos de cisalhamento transversal mais importantes nas aplicações de resistência dos materiais. Cisalhamento em Elementos Retos Consideremos uma viga, longa, reta e com área da seção transversal constante. Se carregamentos forem aplicados nessa viga, como resposta, serão desenvolvidas forças de momento �etor e também forças de cisalhamento internas. A força de cisalhamento, que será identi�cada por V, é o resultado de uma distribuição de tensão de cisalhamento transversal agindo na seção transversal da viga. Associadas às tensões transversais de cisalhamento, teremos também tensões de cisalhamento longitudinais agindo ao longo dos planos longitudinais da viga. Isso ocorre devido à propriedade complementar do cisalhamento, ou seja, se analisarmos um elemento de volume in�nitesimal de um corpo sofrendo cisalhamento, para manter o equilíbrio desse elemento, surgirão quatro tensões de CisalhamentoCisalhamento TransversalTransversal cisalhamento, que terão intensidades iguais e sentidos iguais ou opostos umas das outras nas bordas opostas do elemento. O surgimento de tensões de cisalhamento longitudinais pode ser exempli�cado em um caso simples: imagine 4 réguas �exíveis empilhadas, engastadas em uma de suas extremidades e uma força P sendo aplicada na outra extremidade. Se nada estiver unindo as réguas, notamos um deslocamento longitudinal entre elas durante a aplicação da força. Porém, se unirmos as réguas como um bloco único e a mesma força for aplicada, o deslocamento longitudinal deixará de ocorrer, mas, como consequência, surgirá uma tensão longitudinal entre elas. Com as tensões de cisalhamento transversais e longitudinais, a seção transversal da viga será distorcida de maneira complexa. Entretanto, para estudo com vigas de largura pequena em relação ao seu comprimento, essa deformação da seção transversal pode ser considerada pequena o su�ciente para ser desprezada. A fórmula do cisalhamento é deduzida utilizando a fórmula de �exão, anteriormente apresentada, e a relação entre o momento �etor (M) e a força de cisalhamento (V), na equação 3.1: V= dM dx (eq. 3.1) Considerando uma viga carregada, conforme a �gura 3.2: Figura 3.1 - Tensão de cisalhamento transversal na seção transversal da viga e à direita, propriedade complementar do cisalhamento Fonte: Hibbeler (2010, p. 283). Ao analisarmos um elemento in�nitesimal de comprimento dx da viga, com um diagrama de corpo livre (DCL), e buscando o equilíbrio das forças horizontais (ΣFx=0), nota-se o surgimento de uma tensão de cisalhamento longitudinal τ na face inferior do elemento para equilibrar as tensões normais causadas pelos momentos �etores, como pode ser visto na Figura 3.3: A tensão de cisalhamento longitudinal utilizada para equilibrar as forças horizontais tem o mesmo valor da tensão de cisalhamento transversal na área da seção transversal da viga, devido à propriedade complementar do cisalhamento. Sendo assim, a fórmula da tensão de cisalhamento para uma seção transversal da viga é dada pela equação 3.2: τ= VQ It , onde Q=y−′A′ (eq. 3.2) É importante utilizar como auxílio a Figura 3.4, que representa uma seção transversal qualquer de uma viga, para localização dos termos. τ→ tensão de cisalhamento em um ponto localizado à distância y’ da linha neutra NA que passa pelo centroide da seção, dada em Pa (N/m²). Obs.: a tensão é constante em toda a largura t da seção, na altura y’; V → força de cisalhamento interna, determinada pelo método das seções, dada em N; I → momento de inércia de área da seção transversal, dado em m4; t→ largura da área da seção no ponto onde τ deve ser determinada, dada em m; Q→ momento de primeira ordem da área A’ em torno do eixo neutro, dado em m³; (y−′) → distância do eixo neutro até o centroide da área A’, dada em m; A’ → Porção superior ou inferior de área da seção transversal em relação à linha t, que está a uma distância y’ do eixo neutro, dada em m². Tensão de Cisalhamento em Vigas de Seção Retangular Comumente, encontramos aplicações onde a seção transversal da viga será retangular. Sendo assim, é interessante analisar a distribuição da tensão de Figura 3.4 - Elemento seccionado em seu eixo neutro Fonte: Hibbeler (2010, p. 285). cisalhamento nessa geometria considerando uma viga retangular, como visto na Figura 3.5: Identi�cando os parâmetros de linha neutra NA, y’, y−′, A’: Ao analisar a fórmula do cisalhamento apresentada anteriormente, nota-se que a força de cisalhamento (V), o momento de inércia da seção (I) e a largura da área da seção (t) são constantes, a única variável é o Q. E o valor de Q será máximo quando: A’ = bh/2 (metade de área, superior ou inferior) y−′= h/4 Ou seja, a tensão de cisalhamento máxima na seção retangular ocorre sobre o eixo neutro NA e pode ser calculada pela equação 3.3: τm ˊ ax=1,5 V A (eq. 3.3) Onde A representa a área da seção inteira: A = b.h Devemos ter em mente que a tensão de cisalhamento transversal tem uma tensão de cisalhamento longitudinal análoga, cuja máxima ocorre no plano neutro. Agora que temos noções de cisalhamento em vigas ou elementos de seções relativamente simples, precisamos compreender como vigas mais complexas são submetidas a carregamentos do tipo. Tensão de Cisalhamento em Vigas de Abas Largas A viga com seção transversal de abas largas também é amplamente utilizada na engenharia e merece uma abordagem individual sobre a distribuição da tensão de cisalhamento nessa geometria, considerando uma viga de abas largas, como a Figura 3.9: A distribuição de tensão de cisalhamento é apresentada, conforme a Figura 3.10: Nesse caso, a tensão máxima de cisalhamento também ocorrerá na linha neutra e pela distribuição de tensão. Nota-se que é a alma da viga que suportará a maior parte da tensão, sendo, então, o elemento de maior importância em um projeto desse tipo, por exemplo. Figura 3.9 - Um exemplo de viga de abas largas Fonte: Hibbeler (2010, p. 288). Figura 3.10 - Intensidade de distribuição de tensão de cisalhamento Fonte: Hibbeler (2010, p. 288). Tensão de Cisalhamento em Vigas Circulares Maciças A tensão máxima de cisalhamento será na linha neutra para uma seção circular maciça também, conforme Figura 3.11: O valor de Q será máximo quando A’= π r² /2 e (y−′) = 4r/3π. A tensão de cisalhamento máxima na seção será dada pela equação 3.4: τm ˊ ax=1,33 V A (eq. 3.4) Onde A representa a área da seção inteira: A= π r² Limitações da Fórmula da Tensão de Cisalhamento A fórmula da tensão de cisalhamento apresentada,da forma que foi deduzida, possui algumas limitações que devem ser levadas em conta nos projetos nos quais se desejam seções transversais de viga menos convencionais. Deve-se sempre ter em mente que o valor da tensão de cisalhamento obtido pela fórmula, dita constante em toda a largura t da seção, é, na verdade, uma tensão média. O erro é pequeno para seções alongadas, porém a fórmula não deve ser utilizada para vigas com seções transversais achatadas. Os resultados obtidos pela fórmula também sofrem alterações em regiões onde a seção transversal sofre mudança de espessura abrupta, como no caso da viga de abas largas, na junção entre a alma e a aba. Nesse local, teremos também a ação de concentradores de tensão. Não é recomendado usar a fórmula em vigas onde a seção transversal possui um contorno irregular, curvilíneo, não retangular. Para contornos mais complexos de seção, devem ser utilizados métodos mais avançados de cálculo baseados na teoria da elasticidade. Mesmo com essas limitações, a fórmula é de grande importância durante um projeto, pois, na maioria das vezes, o interesse será em obter a tensão máxima de cisalhamento, e a geometria da seção transversal usualmente será com contornos retangulares. praticarVamos Praticar Considere que a viga de abas largas abaixo está sujeita a uma força cortante V = 20 kN. Determine a tensão de cisalhamento no ponto A. Faça uso da equação 3.2, vista anteriormente, e não se esqueça das unidades (lembrando que 20 kN = 20 x 10³ N). a) 2,56 MPa b) 3,00 MPa c) 2,44 MPa d) 7,10 MPa e) 4,55 MPa Viga sob uma força cortante V Fonte: Hibbeler (2016, p. 382). Anteriormente, analisamos membros estruturais sujeitos a um único tipo de carregamento, como cargas axiais em barras, eixos sob torção e �exão em vigas. Porém, em diversas estruturas e componentes, mais de um tipo de carregamento se faz presente. Por exemplo, uma viga pode estar sujeita a momentos �etores e forças axiais, um vaso de pressão pode servir como apoio e um eixo sob torção pode ter um momento �etor. Vasos de Pressão de Parede Fina Vasos de pressão podem ser cilíndricos e esféricos, e são geralmente utilizados como caldeiras ou reservatórios. As tensões nas paredes de vasos podem ser analisadas pelos métodos aqui apresentados se a razão raio/espessura r/t≥10. Em vasos de pressão cilíndricos, consideramos que há duas tensões principais, uma tensão na direção circunferencial (eq. 3.5) e outra na direção longitudinal (eq. 3.6), respectivamente, dadas pelas equações: σ1= pr t (eq. 3.5) σ2= pr 2t Cargas CombinadasCargas Combinadas (eq.3.6) nas quais, p = pressão interna no vaso, r = raio do vaso esférico e t = espessura da parede. Em vasos de pressão esféricos, temos apenas uma tensão, válida para todas as direções, dada pela equação 3.7: σ2= pr 2t (eq. 3.7) Devemos lembrar que, por mais simples que as equações para dimensionamento de vasos de pressão sejam, deve-se sempre ser conservador em projetos do tipo. Para tal, fatores de segurança são sempre utilizados, tornando os projetos mais con�áveis. O projetista também deve atentar-se a outras questões estruturais em vasos de pressão, especialmente no que diz respeito à união de chapas calandradas e calotas. As soldas e uniões parafusadas são regiões críticas e concentram tensões, por isso é sensato que se tenha muito cuidado ao selecionar o tipo de união e as cargas críticas aos quais o vaso está sujeito. reflitaRe�ita Pense em vasos de pressão. Eles estão no cotidiano de muitas pessoas e têm diversas aplicações, sendo algumas já citadas aqui no texto. Por que você considera importante que o seu dimensionamento seja feito por alguém capacitado, que considera um fator de segurança adequado em seu projeto? Já ouviu falar de acidentes envolvendo vasos de pressão? Componentes Estruturais Sujeitos a Cargas Combinadas Quando um componente está sujeito a mais de um tipo de carregamento, por exemplo, carga axial e �exão, segue-se uma metodologia para analisá-lo. O método de análise de componentes estruturais sujeitos a cargas combinadas normalmente seguido é: 1. Seleção do ponto na estrutura onde a tensão e deformações devem ser determinadas. 2. Para cada carregamento na estrutura, as tensões resultantes na seção transversal que contém o ponto devem ser determinadas. As resultantes podem ser uma força axial, um momento torsor, um momento �etor e uma força cortante. 3. Calcular as tensões normal e de cisalhamento no ponto selecionado, que se dá devido às resultantes de tensão. Se falamos de um vaso de pressão, calcular também a pressão interna. 4. Combinar as tensões individuais para saber a resultante, que são σx,σye τxy. Note que lidamos com estado plano de tensões. 5. Determinar as tensões principais e tensões máximas de cisalhamento no ponto, usando o equacionamento referido, ou o círculo de Mohr. Se necessário, veri�car um plano inclinado. 6. Determinar as deformações no ponto, com a lei de Hooke para estado plano. 7. Selecionar outros pontos e repetir o procedimento. Continuar até que tensões e deformações su�cientes satisfaçam o propósito da análise. Exemplo A haste maciça tem um raio de 7,5 mm e está sujeita à carga mostrada, determine o estado de tensões no ponto A, conforme mostra a Figura 3.12. Inicialmente, montamos o DCL do membro AB, conforme pode ser visto a seguir: Uma força normal de 500 N, uma força cortante de 800 N, momentos �etores de 80.000 N.mm e 70.000 N.mm, além de um momento torsor de 112.000 N.mm são obtidos na seção. Com isso, devemos calcular os componentes de tensão. Tensão normal A distribuição de tensão, vista na Figura 3.14, é calculada para o ponto A por: σA= P A = 500 π(7,5)2 =2,83 MPa Força cortante Inicialmente, calculamos Q, que determina a área semicircular sombreada. Q=y−′A′= 4×7,5 3π 1 2 π(7,5)2 =281,3 mm3 De modo que encontramos a tensão de cisalhamento: τA= VQ It = 800×281,3 1 4 π(7,5)4 ×2×7,5 =6,04 MPa Momentos �etores Para o componente de 80.000 N.mm, o ponto A encontra-se no eixo neutro, sendo que a tensão será nula. σA1=0 ( ) ( ) Para o momento de 70.000 N .mm, c = 7,5mm, de modo que: σA2= Mc I = 70.000 ×7,5 1 4 π(7,5)4 =211,26 MPa Momento torsor No ponto A, temos que c=7,5 mm, de modo que o cisalhamento é: τA= Tc J = 112.000×7,5 1 2 π(7,5)4 =169,01 MPa Figura 3.17 - Distribuição de momento �etor na seção A Fonte: Hibbeler (2010, p. 330). praticarVamos Praticar A superposição de cargas combinadas se faz necessária para compreender um elemento sujeito a estados dessa natureza. O exemplo acima mostra um exemplo de cargas combinadas, porém não de forma completa, uma vez que, para entender a ação de carregamentos diferentes que agem em um corpo ou elemento, a superposição é obrigatória. Conforme estudamos, observe a �gura a seguir e termine o exemplo, aplicando a superposição dos estados de tensões encontrados. Figura 3.18 - Distribuição de momento torsor na seção A Fonte: Hibbeler (2010, p. 330). Superposição a) σA=208,43 MPa e =τA=175,05 MPa b) σA=214,09 MPa e τA=175,05 MPa c) σA=208,43 MPa e τA=162,97 MPa d) )σA=211,26 MPa e τA=169,01 MPa e) σA=−214,09 MPa e τA=−175,05 MPa Distribuição de momento torsor na seção A Fonte: Hibbeler (2010, p. 330). Quando analisamos uma seção transversal inclinada em um elemento, isto é, a um ângulo não perpendicular à tensão aplicada, os valores de tensão normal e de cisalhamento podem aumentar. Para isso, existe o método de transformação de tensões, pelo qual se encontram as tensões nas seções inclinadas. Para tal, precisamos de equações de transformação de tensão. Podemos analisar elementos sob tensão axial e estado plano de seções a partir dessas. Tensão Axial O tema de tensão axial, anteriormente estudado, será o nosso primeiro caso para a transformação de tensões. Inicialmente, vamos imaginar uma barra prismática sob carregamento axial arbitrário. Transformação deTransformação de TensõesTensões De acordo com a Figura 3.19, temos uma barra prismática sob traçãode força P, com tensões agindo na seção transversal. A mesma barra prismática pode ser analisada em uma seção inclinada a um ângulo \theta. Nessa seção inclinada, vamos ter algumas componentes em P, a constar F (força normal) e V (força cortante), ambas resultantes de simples trigonometria aplicada, respectivamente F=Pcosθ eV=Psenθ. As tensões resultantes são calculadas em função da nova área da seção transversal. Portanto, vamos ter as seguintes equações, tensão normal na equação 3.8, tensão de cisalhamento na equação 3.9 e área da seção inclinada na equação 3.10 σ= F Aθ (Eq. 3.8) τ= V Aθ (Eq. 3.9) Aθ= A cosθ (eq. 3.10) Substituindo as resultantes trigonométricas de força normal e força cortante, teremos, respectivamente, tensão normal (eq. 3.11) e tensão de cisalhamento (eq. 3.12): σ= P A cos2θ (eq. 3.11) τ= P A senθcosθ (eq. 3.12) Exemplo 1 Uma barra prismática de seção quadrada tem dimensões 40x40 mm. Se uma carga axial de 800 N ao longo de seu eixo de simetria for aplicada, determine, através de DCL e da representação de um elemento, a tensão normal média e a tensão de cisalhamento média que atuam sobre o material na seção a-a e seção b-b, conforme visto na Figura 3.20. Aplicando as tensões mencionadas no exemplo, vamos chegar ao seguinte resultado: Sem inclinação Tensão normal σ= F A = 800 N 1600 mm2 =500 kPa Tensão de cisalhamento τ=0 Plano inclinado Pelo DLC, que pode ser visto na Figura 3.21, resolvemos a carga aplicada, que possui duas componentes, em x (F, força normal) e em y (V, força cortante). A=40×40=1600 mm2=0,0016 m2 Aθ= 0,0016mm2 cos30o =0,00185 m2 Tensão normal σ= F Aθ = 692,8 N 1850 mm2 =375 kPa Tensão de cisalhamento τ= V Aθ = 400 N 1850 mm2 =217 kPa Alguns ângulos indicam quando a tensão normal ou a tensão de cisalhamento é máxima. Esse comportamento é visto na Tabela 3.1, que nos mostra os picos para ambos os casos. A tensão normal é máxima em ângulo 0º e a de cisalhamento é máxima em 45º. Tabela 3.1 - Variação das tensões conforme ângulo de inclinação Fonte: Adaptada de Hibbeler (2010). A análise de tensões em seções inclinadas também pode ser aplicada quando um elemento está sujeito a um estado plano de seções. Quando analisamos seções inclinadas nesses casos, faremos algumas considerações: o novo elemento possui faces que são paralelas à inclinação; novos eixos x’, y’ e z’ são associados ao novo elemento; o eixo z’ e z são coincidentes; os eixos são rotacionados na direção anti-horária por um ângulo em relação aos eixos x e y originais. Dadas essas informações, necessitamos, a partir disso, determinar componentes e tensão σx ′, σy ′ e τx′y′ que estão associados ao ângulo de rotação θ. σx′= σx+σy 2 + σx−σy 2 cos2θ+τxysen2θ (eq. 3.13) σy′= σx+σy 2 − σx−σy 2 cos2θ−τxysen2θ (eq. 3.14) τx′y′=− σx+σy 2 sen2θ+τxycos2θ (eq. 3.15) A convenção de sinais para as tensões normais e o cisalhamento são dados, como mostrado na Figura 3.23: A convenção de sinais vista na Figura 3.23 nos diz que a tensão normal é positiva no eixo x quando a �echa aponta para a direita, a tensão normal no eixo y é positiva quando a �echa aponta para cima, e a tensão de cisalhamento positiva tem �echas opostas, ao lado direito do elemento para cima e ao lado esquerdo do elemento para baixo. Tensões Principais e Tensão Máxima de Cisalhamento ( ) Figura 3.23 - Convenção de sinais para estado plano de tensões. Fonte: Hibbeler (2010, p. 350). As tensões normal e de cisalhamento, quando em seções inclinadas, encontram ponto de valores máximos e mínimos entre intervalos de 90º. São chamadas de tensões principais as tensões normais máximas e mínimas. Ao derivar-se as equações de σx ′ e σy ′ em relação a θ e igualando a 0 , é possível obter os valores de θ, em que σx ′ e σy ′ são máximos. As tensões principais possuem duas raízes ou ângulos principais que são chamados de θp1e θp2 , afastados 90º. tan2θp= τxy σx−σy 2 (eq. 3.16) As tensões principais podem ser obtidas aos substituir θp1e θp2 nas equações de transformação de tensão. Dessa forma, teremos a equação para as tensões principais: σ1,2= σx+σy 2 ± σx−σy 2 2 +τ 2 xy (eq. 3.17) Nos planos principais, as tensões de cisalhamento são nulas. As tensões de cisalhamento máximas ocorrem em planos orientados a 45º em relação à posição de um elemento que de�ne os planos da tensão principal, de�nidos pela substituição de θs1e θs2nas equações de transformação de tensão. tan2θs=− σx−σy 2τxy (eq. 3.18) A tensão máxima de cisalhamento é dada pela equação 3.19: τmax= σx−σy 2 2 +τ 2 xy (eq. 3.19) √ ( ) √ ( ) Também na tensão máxima de cisalhamento, a tensão normal é média, podendo ser obtida por: σm ˊ ed= σx+σy 2 (eq. 3.20) Todos os conceitos aqui apresentados, de tensão média, tensão máxima de cisalhamento, ângulos principais e tensões principais serão muito úteis na análise de critérios de seleção de materiais e serão utilizados a seguir na construção grá�ca do círculo de Mohr, uma ferramenta que transforma as equações em grá�co. Círculo de Mohr O Círculo de Mohr é uma representação grá�ca das equações de transformações de tensões. Com ele, é possível observar como as tensões normais e de cisalhamento se relacionam e agem em planos inclinados em um corpo submetido à tensão. Nele, é fácil de observar as tensões principais, as tensões de cisalhamento máximas e as tensões em planos inclinados. Também pode se aplicar o Círculo de Mohr às deformações. O círculo é construído seguindo algumas regras: tensão normal positiva à direita no eixo x; tensão de cisalhamento é positiva para baixo, no eixo y; considerar σx, σye τxy conhecidas agindo nos planos x e y de um elemento sujeito a estado plano de tensões; com o círculo, é possível determinar as tensões de um elemento inclinado σx ′ , σy ′ e τx′y′, bem como as tensões principais e máxima de cisalhamento. O centro do círculo é dado pelas coordenadas C (σm ˊ edia;0). O raio do círculo R = τmax, conforme visto na equação 3.12. Outro ponto importante é o ponto A, que se dá pelas coordenadas A (σx,τxy). Uma rotação de ângulo θ do eixo x’ no elemento corresponde uma rotação2θ no círculo, com mesma direção. praticarVamos Praticar Se temos um estado plano de tensão, representado pelo elemento na �gura a seguir, determine suas tensões em um outro elemento orientado a 30º no sentido horário em relação à posição mostrada. Preste atenção ao sinal das tensões, conforme convenção adotada. Solução a) σx ′=25,8 MPa, σy ′=4,15 MPa e τx′y′=68,8 MPa b) σx ′=−25,8 MPa, σy ′=−4,15 MPa e τx′y′=−68,8 MPa c) σx ′=−80 MPa, σy ′=50 MPa e τx′y′=−25 MPa d) σx ′=−52,5 MPa, σy ′=3,6 MPa e τx′y′=−44,6 MPa e) σx ′=−32,7 MPa, σy ′=−7,54 MPa e τx′y′=−62,2 MPa Estado plano da atividade Fonte: Adaptada de Hibbeler (2010, p. 354). Quando um elemento é sujeito a deformações em um único plano, estamos falando de estado plano de deformações. Conhecendo os componentes de deformação para um elemento, podemos encontrar também as deformações em uma certa orientação do elemento, tal como visto anteriormente para tensões. Fazemos uso de equações de transformação de deformações: εx′= εx+εy 2 + εx−εy 2 cos2θ+ γxy 2 sen2θ (eq. 3.21) εy′= εx+εy 2 − εx−εy 2 cos2θ− γxy 2 sen2θ (eq. 3.22) γx′y′ 2 =− εx−εy 2 sen2θ+ γxy 2 cos2θ (eq. 3.23) ε1,2= εx+εy 2 ± εx−εy 2 2 + γxy 2 2 (eq. 3.24) Transformação deTransformação de DeformaçõesDeformações ( ) √ ( ) ( ) γm ˊ ax no plano 2 = εx−εy 2 2 + γxy 2 2 (eq. 3.25) εm ˊ ed= εx+εy 2 (eq. 3.26) tan2θp= γxy εx−εy (eq. 3.27) De forma análoga ao método de análise do estado plano de tensões, o estado plano de deformações possui equações para deformações principais, média e em planos inclinados. Elas serão posteriormente utilizadas na construção do Círculo de Mohr do estado plano de deformações. Círculo de Mohr para Deformações O Círculo de Mohr também é válido para deformações. Sua construção é bastante similar ao Círculode Mohr para tensões. O centro do círculo é dado pelas coordenadas C εm ˊ edia;0 . O raio do círculo R = γm ˊ ax no plano 2 $ é dado na equação 3.25. Outro ponto importante é o ponto A, que se dá pelas coordenadas A (εx′, γxy 2 ). √ ( ) ( ) ( ) Figura 3.25 - Círculo de Mohr para deformações Fonte: Hibbeler (2010, p. 391). Podemos observar que o Círculo de Mohr de deformações é bastante similar ao Círculo de Mohr de tensões, bem como as equações. Um dos cuidados, porém, é em relação à deformação de cisalhamento, que é apresentada dividida por 2. Extensômetros de Resistência Elétrica tipo Roseta As deformações normais em um corpo podem ser medidas em direções particulares através de extensômetros de resistência elétrica do tipo roseta. Quando um corpo é submetido a diversas cargas, resulta em diversas deformações, inclusive uma deformação de cisalhamento. Para compreendê-las, um arranjo de três extensômetros precisa ser feito, chamado de roseta, uma vez que extensômetros diretamente não retornam à deformação de cisalhamento. Nesse arranjo, as deformações normais podem ser medidas e transformadas para especi�car o estado de deformações no ponto do corpo. Dada a Figura 3.26, temos os três extensômetros, a, b e c. Para ângulos arbitrários, as deformações resultantes serão dadas por: εa=εxcos 2θa+εysen 2θa+γxysenθacosθa (eq. 3.28) εb=εxcos 2θb+εysen 2θb+γxysenθbcosθb (eq. 3.29) εc=εxcos 2θc+εysen 2θc+γxysenθccosθc (eq. 3.30) Normalmente, as rosetas são arranjadas em ângulos de 45º e 60º. Para uma roseta de 45º, teremos as seguintes equações: εx=εa (eq. 3.31) εy=εc (eq. 3.32) γxy=2εb − εa+εc (eq. 3.33) Para extensômetros do tipo roseta de 60º, teremos: εx=εa (eq. 3.34) εy= 1 3 (2εb+2εc−εa) (eq. 3.35) γxy= 2 √3 (εb − εc) (eq. 3.36) É válido salientar que as rosetas não vão retornar valores diretos de deformação sofrida por um corpo no plano e, por isso, a conversão que é feita, por meio das Figura 3.27 - Extensômetro do tipo roseta de 45º e 60º, da esquerda para a direita Fonte: Hibbeler (2010, p. 400). ( ) equações aqui apresentadas, é muito importante e retorna ao analista ou ao técnico o estado plano de deformações. Bem como as tensões, as deformações precisam ser compreendidas, pois elas explicam fenômenos dos materiais que são de grande importância na engenharia. Compreendê-las é entender sobre a prevenção de falha e a durabilidade de mecanismos e sistemas. Ao �m dos estudos desta unidade, temos base para discernir sobre materiais deformáveis em aplicações não somente da engenharia mecânica e civil, mas também temos uma compreensão dos materiais como um todo, quando sujeitos a carregamentos ou passando por fenômenos físicos. praticarVamos Praticar O estado plano de deformação no ponto A sobre o suporte é medido por meio do extensômetro tipo roseta, conforme �gura a seguir. As leituras obtidas para as deformações foram: εa=60×10 −6,εb=135×10 −6e εc=264×10 −6. Determine as deformações principais no plano no ponto e suas direções. a) ε1=60×10 −6$ e ε2=246×10 −6 a um ângulo θp2=−27,4 o b) ε1=272×10 −6 e ε2=33,9×10 −6 a um ângulo θp2=19,3 o c) ε1=60×10 −6 e ε2=135×10 −6 a um ângulo θp2=−37,1 o d) ε1=272 e ε2=33,9 a um ângulo θp2=19,3 o e) )ε1=144×10 −6 e ε2=247×10 −6 a um ângulo θp2=28,7 o Extensômetro do tipo roseta para atividade Fonte: Hibbeler (2010, p. 401). indicações Material Complementar LIVRO Resistência dos Materiais (capítulos 7, 8 e 9) Russell Hibbeler Editora: Pearson ISBN: 9788576053736 Comentário: Novamente, recomenda-se leitura do livro-texto Resistência dos Materiais, de Hibbeler. O conteúdo está apresentado de forma sucinta e dinâmica. Recomenda-se a resolução de exercícios que possam aumentar seu conhecimento por meio da prática e da leitura de exemplos que o livro traz. FILME O Challenger Ano: 2013 Comentário: Este é um interessante �lme que mostra, de forma dramatizada, o acidente com o ônibus espacial Challenger, em 1986. O principal motivo do acidente, que deixou 7 mortos, foi a falha de um anel de vedação, o que ocasionou falhas estruturais no ônibus e culminou em sua explosão. T R A I L E R conclusão Conclusão Caro(a) aluno(a), esta unidade pode parecer, a uma primeira vista, bastante condensada e cheia de fórmulas, porém não �que intimidado(a) por isso, pelo contrário, veja o quanto você já adquiriu de conhecimento su�ciente para resolver problemas complexos dentro da mecânica dos sólidos, como o projeto de vasos de pressão de parede �na. Aqui, estruturas que suportam carregamentos diversos foram analisadas, bem como tensões e deformações passaram a ser compreendidas de forma mais íntegra, e não apenas como o resultado de um equacionamento, graças ao Círculo de Mohr, que demonstra visualmente como a inclinação de um elemento tensionado pode alterar seu per�l de tensões ou deformações. referências Referências Bibliográ�cas ESFUERZOS en un plano oblicuo bajo carga axial. Resistencia de los Materiales, 2017. Disponível em: <https://profejnresistenciademateriales.blogspot.com/2017/10/esfuerzos-en-un- plano-oblicuo-bajo.html>. Acesso em: 07 jan. 2020. GERE, James B. Mechanics of Materials. Stamford: Cengage Learning, 2014. HIBBELER, Russell. Resistência dos Materiais. São Paulo: Pearson, 2010. MEYERS, Marc. Mechanical Behavior of Materials. Cambridge: Cambridge University Press, 2009. https://profejnresistenciademateriales.blogspot.com/2017/10/esfuerzos-en-un-plano-oblicuo-bajo.html RODRIGUES, Luiz E. M. Aula 2 - Resistência dos Materiais. EngBrasil, 2020. Disponível em: <http://www.engbrasil.eng.br/pp/res/aula2.pdf>. Acesso em: 07 jan. 2020. http://www.engbrasil.eng.br/pp/res/aula2.pdf
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