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P á g i n a | 1 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN : Doença infecciosa crônica que ocasiona a desmineralização química, gradual e localizada da estrutura dentária, devido ao desequilíbrio fisiológico entre o mineral dentário e o fluido do biofilme. : Dentre as doenças crônicas, a cárie dentária é a mais prevalente, tendo distribuição universal e sendo considerada, em muitos países, como principal problema de saúde pública no campo da odontologia. Acúmulo de biofilme associado à frequente exposição a carboidratos fermentáveis da dieta → quedas de pH regulares e prolongadas → bactérias acidogênias e acidúricas → desmineralização do dente. Sacarolíticos: dependentes de carboidratos fermentáveis; Fortemente acidogênicos: quando fermentam carboidratos, produzem ácido lático; Na presença de excesso de sacarose, sintetizam e armazenam PEC; : Atividade acidogênica intensa: quando o pH está em níveis superiores a 5,5, a saliva e o biofilme estão saturados de íons cálcio e fosfato, os quais deslocam a hidroxiapatita dos elementos dentários para si (s. e b.), formando a lesão inicial da cárie. O dente “ganha” constantemente esses íons do meio bucal, favorecendo a mineralização constante. Quando há disponibilidade de carboidratos fermentáveis no biofilme, bactérias com metabolismo sacarolítico metabolizam essas fontes energéticas, gerando ácidos (rapidez e intensidade na fermentação do açúcar e produção de ácidos: impede a neutralização pela saliva). Apesar de muitas espécies do biofilme produzirem ácidos, não chegam à intensidade suficiente para baixar o pH até esse ponto crítico. Aderência ou retenção à superfície dentária: bactérias devem produzir ácidos e concentrá-los em contato com a superfície dentária. (EGM: superfícies lisas: alta disponibilidade de sacarose. Lactobacillus: zonas retentivas) Produção de polissacarídeos: PIC e PEC; Glucano insolúvel: polímero de glicose formado a partir de excesso de sacarose, para que estreptococos do grupo mutans consigam aderir e colonizar a superfície dentária. Nem todas as espécies que produzem glucano possuem receptores de superfície para aglutinar esse glucano (as mutans possuem). Concentração gelatinosa do biofilme: concentração de ácidos, dificulta o ingresso da saliva no biofilme e a neutralização de ácidos. Acidogênese é mantida mesmo nos períodos de ausência de consumo de alimentos. Aciduricidade: capacidade de algumas bactérias de sobreviver, metabolizar e crescer mesmo em pH ácido; à medida que o pH diminui, as bactérias acidúricas vão perdendo essa capacidade. S. mutans, S. sabrinus e Lactobacillus. P á g i n a | 2 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN H+/ATPase: bombear ácidos indesejáveis para fora da célula. Mantêm-se metabolicamente ativas espécies acidúricas. S. mutans e S. sobrinus Metabolismos de carboidratos fermentáveis; Produção de ácidos (acidogênicos); Crescimento em pH abaixo de 5,5 (acidúricos); Produção de PEC (aderência) e PIC (reserva energética); Acidúricos; Acidogênicos; Produz PIC; Não produz PEC (zona retentiva); Coco gram-negativo: biofilme supragengival; Não é capaz de metabolizar carboidratos da dieta; Usa lactato: converte em ácidos mais fracos; Efeito protetor: in vitro. Relacionada com a população adulta/idosa (recessão gengival/injúrias mecânicas/cirurgias periodontais); Microbiologia complexa: S. mutans, Lactobacillus, estreptococos não muans, Candida, enterococos, Actinomyces bactérias predominantes ( A. naeslundi, A. odontolyticus, A. gerenseriae); Dependência constante de sacarose; A queda do pH: desequilíbrio ecológico, aumento no número de espécies acidúricas e acidogênicas (S. mutans, S. sobrinus, Lactobacillus). Flutuações no pH, podendo culminar com a desmineralização da estrutura dentária. Cárie (metabolismo acidogênico); Doença periodontal (metabolismo proteolítico). Metabolismo dos carboidratos: Mecanismos adaptativos para a exploração dessas fontes de nutrientes; Glicoproteínas salivares; Degradação de proteínas em peptídeos e aminoácidos. P á g i n a | 3 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN Transporte de açúcar: os substratos devem ser levados para dentro da célula bacteriana, se possuir função de energia ou produção de biomassa. Sistema de transporte de fosfotransferase mediada por fosfoenolpiruvato (PEP – PTS): Sistema de transporte com alta afinidade para monossacarídeos e dissacarídeos – Streptococcus, Actinomyces e Lactobacillus. Constitutivo: glicose, manose e sacarose. Insduzido: lactose, manitol e sorbital. Atividade do PEP-PTS: estreptococcus bucais moduladas por consdições ambientais. Níveis lentos de crescimento bacteriano; pH neutro; Limitação de carboidratos; Estreptococcus bucais inibidas pelas condições ambientais: Excesso de açúcar; pH baixo; Altas taxas de crescimento: Sistema fosfoenolpiruvato açúcar fosfoenoltransferase (PTS) e esse transporta uma variedade de açúcares para as células bacterianas enquanto fosforila usando fosfoenolpiruvato (PEP) como doador de fosfato. Sistema de transporte do S. mutans; Segundo sistema de transporte; Capaz de transportar sacarose; Período entre as refeições; Transporta vários açúcares, como sacarose, melobiose, rafinose, maltose; Glicose permeasse: Concenrrações elevadas de açúcar; Altas taxas de crescimento; pH baixo; Como há altas concentrações de açúcar, devido à sua enrada na célula bacteriana, há consequente fermentação e acidogênese. Ocorre nas mitocôndrias: complexo piruvato desidrogenase; Complexo grande com 3 enzimas; Na matriz da mitocôndria, o piruvato é convertido em Acetil-CoA através da descarboxilação oxidativa; P á g i n a | 4 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN Reação irreversível; Ciclo dos ácidos tricarboxílicos Importante papel na formação de ATP através de alimentos; Não gera grandes quantidades de ATP; Anaeróbio; Reações de oxirredução, resultando na oxidação de acetilas, formando CO2-; Colhe elétrons de alta energia; Fosforilação oxidativa Formação de ATP através do gradiente eletroquímico no processo de fosforilação oxidativa; ATP-sintase, prótons a favor do gradiente eletroquímico, onde a energia é utilizada para a formação de ATP. Ocorre quando há excesso de sacarose; Metabolismo do glicogênio: Enzima de ramificação transfere um resíduo de glicase para o carbono 6 de outro resíduo; Glicogenólise: Degradação de glicogênio através de sucessivas retiradas de moléculas de glicose; envolve a participação de 3 enzimas: fosforilase do glicogênio (cataliza a reação na qual um grupo fosfato ataca a ligação glicosídica entre dois resíduos de licose, nas extremidades do glicogênio, resultando na liberação de glicose I-fosfato ~fosforólise ~), enzima desramificadora do glicogênio e fosfoglicomutase. No meio ambiente bucal, as defesas imunes inatas e adaptativas regulam a população de microorganismos, bem como evitas a entrada de patógenos; Na saliva, há mucinas e aglutinas, sistema lisozima protease, lactofemna, sistema peroxidase salivar e peptídeos ricos em histidina; Na PGE há estaterina, mucina, lisozima, amilase, lactoferma e IgAs. Fluido crevicular gengival IgG, IgA, IgM. Possui nutrientes para os microorganismos; Fatores antimicrobianos – imunidade inata e adaptativa; Promoção da colonização; Remoção de microorganismos feita pela deglutição ocorre mais rapidamente do que a divisão dos microorganismos, que devem ser levados para os órgãos linfoides periféricos; Defesa primária contra a cárie. P á g i n a | 5 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN O fluido se trata de plasma sanguíneo que sofreu exsudação e chegou ao meio ambiente bucal através do epitélio juncional da gengiva. Quandoa gengiva está saudável, não há presença de nenhum fluido ou escassez; Na presença de gengivite, periodontite, doenças periodontais no geral, a presença desse fluido é aumentada. Funções do FCG: Remoção de bactérias não aderidas ao PAE e outras bactérias; Possui anticorpos e neutrófilos, proteínas do sis. complemento, peptídeos e enzimas antimicrobianas; Fonte de nutrientes para microorganismos. Barreiras físicas: mucosa bucal, saliva e FCG; limpeza mecânica. Componentes da barreira química (produção pelas células do epitélio de mucosa bucal e das glândulas salivares, além de células do sistema imune/presentes em taxas relativamente constantes/amplo espectro de atividade/não dependem de estímulos específicos): Enzimas antimicrobianas; Peptídeos antimicrobianos; Glicoproteínas aglutinantes; Quelantes de cálcio. Fagócitos e proteínas do complemento. Barreira física: fluxo salivar e FCG, limpeza mecânica; Barreiras químicas: enzimas antimicrobianas, glicoproteínas, aglutinantes, quelantes de cálcio, peptídeos antimicrobianos. Lisozimas, defensinas, catelicidinas, lactofermas, mucinas, peroxidases salivares. A produção dessas barreiras químicas ocorre no epitélio da mucosa bucal, glândulas salivares e sistema imune. Amplo espectro; Sem memória imunológica / não especialização; Não depende de estímulos específicos – resposta inata e imediata. Proteína positivamente carregada; Está em altas concentrações na saliva e também encontrada no FCG; Enzima bactericida que provoca lise osmótica da bactéria (hipertônica) e ativa autolisinas que irão destruir a parede celular da bactéria; Bactérias cariogênicas, como S. mutans, são RESISTENTES a essa barreira química. Aglutinação bacteriana; P á g i n a | 6 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN Atividade muramidase: A lisozima quebra as ligações entre o N-acetilmurâmico e N-glicosamina na parede celular. Isso corre na camda de peptídeoglicanos da parede celular, causando maior susceptibilidade à lise osmótica. Diversos microorganismos do meio ambiente bucal, incluindo os cariogênicos, são resistentes à essa atividade. Sistema peroxidase salivar (SPS); Peroxidase salivar – glândulas salivares; Mieloperoxidase – polimorfonucleares; S. mutans é mais sensível a essa enzima do que o S. sanguinis e S. mitis; Reação de peróxido de hidrogênio + íons tiocionato que gera hipocionatato; O hipocionatato oxida enzimas bacterianas, inibindo a glicólise e diminuindo o crescimento bacteriano; O hipocionatato possui maior atividade em pHs mais baixos → Oxida enzimas bacterianas (gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase)→ Inibição da glicólise bacteriana →Queda no crescimento bacteriano. Pode ser absorvida em várias superfícies do meio ambiente bucal Protegem as células do hospedeiro da ação tóxica do peróxido de hidrogênio. Metabolismo de estreptococos bucais → peróxido de hidrogênio (H2O2) Saliva íons tiocionato (SNC) Glicoproteínas relativamente insolúveis; Produção nas glândulas salivares (exceto parótida); Provoca lubrificação, protege contra desidratação, mantém a viscoelasticidade da saliva, inibe a aderência bacteriana e apreende microorganismos. MG1: retém microorganismos e possui alto peso molecular; MG2: baixo peso molecular, aglutina bactérias da saliva e elimina na deglutição. Interfere na adesão do S. mutans, proporcionando prevenção do biofilme (MG2). MG1 – alto peso molecular - viscosidade salivar – retenção de micro-organismos; MG2 – baixo peso molecular - aglutina bactérias na saliva - eliminação pela saliva e deglutição; P á g i n a | 7 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN Glicoproteína não enzimática bacteriostática; Produzida pelas glândulas salivares, células epiteliais e fagócitos; Possui alta afinidade por Fe3+; A sua ligação com o Fe3+ promove a privação de nutrientes no meio, fazendo com que haja desnutrição dos microorganismos, interferindo na proliferação microbiana do S. mutans mesmo em pH ácidos. Peptídeos microbianos; α-defensina presente em neutrófilos; β-defensina presente no epitélio gengival e glândulas salivares; Quantidade na saliva maior que no FCG; Provoca lise celular através da osmose. Saliva de crianças livres de cárie tem níveis mais altos de α-defensina que a saliva de crianças com lesões de cárie ativas. Fragmento peptídico antimicrobiano ( clivagem em fragmentos ativo LL-37); Produzida por vários tipos celulares (ex:neutrófilos, macrófagos, ceratinócitos); Provoca poros na membrana bacteriana; Imunomoduladora: Quimiotaxia de leucócitos (recrutação para os lugares da infecção) e cicatrização; Atividade bactericida – interação com fosfolipídeos (-) de membrana; Age em gram-positivas e negativas, incluindo uma das maiores potências cariogênicas: S. mutans. LL-37 se liga ao ácido lipoproteico da parede de S. mutans →prevenção de formação de biofilme; As superfícies mucosas possuem relativa vulnerabilidade e a secreção de anticorpos pelo sistema imune da mucosa constitui sua principal defesa, desempenhando primordialmente um mecanismo não-inflamatório que mantém antígenos desconhecidos e/ou potencialmente patogênicos fora do organismo. Especialista do sistema imune a nível de mucosa, distribuído por todo o corpo; Agregados linfoides ao longo das mucosas, onde pode ocorrer apresentação de antígenos aos linfócitos e ativação desses últimos. MALT: mucosa bucal, tonsilas e tecido linfoide das glândulas salivares; Anel de Waldeyer: acúmulo de tecido linfoide; Criptas: área de superfície; P á g i n a | 8 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN Anticorpos na saliva e no FCG IgA: Classe de anticorpo dominante no sistema imune de mucosa; Produzida localmente por células plasmáticas presentes na parede da mucosa; Encontrada em 2 compartimentos: Soro sanguíneo: principalmente IgA monomérica; Secreções de mucosa: IgA dimérica (IgA – secretória). A maior parte do anticorpo lgA é sintetizada nas células plasmáticas das membranas basais epiteliais abaixo do intestino, do epitélio respiratório, das glândulas lacrimais e salivares e da glândula mamária lactante; IgA – secretória (IgAs): Principal componente imunológico da saliva e é considerada a principal efetora da imunidade adaptativa do meio ambiente bucal. 2/3 da IgA é IgAs; Em condições normais, é a única classe secretada localmente no meio ambiente bucal; Pode estar adsorvida na PAE; Alguns microorganismos produzem IgA proteases (S. sanguinis e alguns periodontopatógenos); Estrutura: união pelas suas porções FC através da glicoproteína Cadeia J, formando um dímero. 4 sítios de ligação antigênica. Componente secretor → Resistência às enzimas proteolíticas do meio ambiente bucal. Adaptação de sua função em ambientes hostis. Estimulação pelos antígenos que penetram nas glândulas salivares ou que são reconhecidos no GALT → LB do tecido linfoide da GS (plasmócitos) OU LB do GALT, migram para os linfonodos, glândulas salivares, plasmócitos → Secreção de IgAs; Funções da IgAs: principalmente, prevenir a aderência bacteriana; neutralização e aglutinação. Pode atuar sinergicamente com componentes da imunidade inata, como as mucinas. IgG: Advinda do FCG, em pequenas quantidades. Atua principalmente a nível do biofilme subgengival; Inibe a aderência microbiana e a glicosiltransferase; Ativação do sistema complemento pela via clássica; P á g i n a | 9 Beatriz Galvão – Odontologia UFRN Opsonização, facilitando a fagocitose. IgM: Advinda do FCG; Atua principalmente a nível de biofilme subgengival; Ativação do complemento; Não parece estar diretamente ligada à imunidade da cárie; Em situação de deficiência de IgA: IgM nas superfícies mucosas com o objetivode compensar a pouca ou ausente quantidade de IgA; anticorpos IgM anti-S. mutans na saliva. Outros componentes do FCG: Componentes do sangue podem alcançar a superfície dentária e mucosas pelo epitélio juncional. → Fluido crevicular gengival → IgG e IgM / Proteínas do sistema complemento, macrófagos, linfócitos T e B. Vida intrauterina: meio ambiente estéril; Horas após o nascimento: Streptococos salivarius e S. mitis; Erupção dentária: S. sanguinis e S. mutans; A resposta imune ao Strptococos mutans tem início antes do nascimento: Gestação: mãe → anticorpos anti-estreptocócicos da classe IgG e linfócitos específicos → feto. Níveis aumentam durante a infância e se mantêm detectáveis por toda a vida. Imunidade naturalmente formada contra o S. mutans: Recém nascido: IgA ausente na saliva; Exposição a antígenos bacterianos, virais e alimentares. → Rápida expansão linfocítica, gerando plasmócitos produtores de IgA na mucosa bucal. 3-5 semanas de idade: IgAs específica para colonizadores iniciais já é detectada na saliva. Anticorpos específicos contra o S. mutans: logo após o nascimento estão relacionados à exposição precoce a este microorganismos a partir de adultos infectados. Contato direto com a mãe: aquisição precoce de microorganismos cariogênicos; Os níveis de IgAs contra estreptococos orais continuam a aumentar durante os dois anos subsequentes. Leite materno: linfócitos, macrófagos, neutrófilos, citocinas e anticorpos; IgA. Os estudos para a criação de vacinas contra a cárie dentária têm evoluído desde que o S. mutans foi identificado como principal micro-organismo envolvido. Possibilidade de induzir a formação de anticorpos específicos anti-S. mutans antes da colonização. Os braços sistêmico e mucoso da resposta imune atingem o meio ambiente bucal pelo FCG e saliva. População-alvo antes da erupção dentária.
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