Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PATOLOGIAS DO FÍGADO ANATOMIA Dividido em 2 lobos anatômicos e 2 lobos acessórios pelas reflexões do peritônio, as fissuras formadas em relação a essas reflexões e vasos que servem ao fígado e vesícula biliar. O fígado possui um suprimento sanguíneo duplo: a veia porta fornece 60% a 70% do fluxo sanguíneo hepático e a artéria hepática fornece 30% a 40%. A veia porta e a artéria hepática entram no fígado pelo hilo, também chamado de porta hepatis, que é uma fissura transversa na superfície inferior do fígado. Os hepatócitos são organizados em lâminas ou “placas” cribriformes, anastomosantes, que se estendem dos tratos portais até as veias hepáticas terminais. Entre as placas de hepatócitos estão os sinusóides vasculares. O sangue atravessa os sinusóides e passa para as veias hepáticas terminais por numerosos orifícios na parede da veia. Desse modo, os hepatócitos são banhados dos dois lados por uma mistura de sangue venoso portal e arterial hepático, o que faz com que os hepatócitos estejam entre as células mais ricamente perfundidas do organismo. Os sinusóides são revestidos por células endoteliais fenestradas e descontínuas. Profundamente às células endoteliais, está localizado o espaço de Disse, para o qual ocorre a protrusão de abundantes microvilosidades dos hepatócitos. Espaço de Disse: entre hepatócitos e sinusóides. Padrões de lesão hepática: degeneração de hepatócitos e acúmulos intracelulares, necrose e apoptose de hepatócitos, inflamação, regeneração, fibrose. Quando a lesão não é reversível, os hepatócitos morrem principalmente por dois mecanismos: necrose ou apoptose. Na necrose dos hepatócitos, as células sofrem tumefação devido à regulação osmótica defeituosa na membrana celular: o fluido flui para dentro da célula, que incha e se rompe. Mesmo antes da ruptura, formam-se bolhas na membrana, levando os conteúdos citoplasmáticos (sem organelas) para o compartimento extracelular. Os macrófagos se aglomeram em tais locais de lesão e marcam os locais de necrose dos hepatócitos, assim as células mortas se rompem e desaparecem. Esse tipo de lesão é o modo predominante de morte em lesões isquêmicas/hipóxicas e uma parte significativa da resposta ao estresse oxidativo. A apoptose de hepatócitos é uma forma ativa de morte celular “programada” que resulta em encolhimento dos hepatócitos, condensação da cromatina nuclear (picnose), fragmentação (cariorrexe) e fragmentação celular em corpos apoptóticos acidófilos. Quando há perda generalizada do parênquima, muitas vezes há evidências de necrose confluente, uma perda zonal severa de hepatócitos. Isso pode ser observado em lesões isquêmicas ou tóxicas agudas ou na hepatite viral ou autoimune grave. A necrose confluente pode começar como uma zona de perda de hepatócitos em torno da veia central. O espaço resultante é preenchido por detritos celulares, macrófagos, e os remanescentes da rede de reticulina. Na necrose em ponte essa zona pode unir as veias centrais aos tratos portais ou tratos portais adjacentes (muitas vezes com uma veia central inaparente dentro da zona de lesão). Mesmo em doenças como a hepatite viral, em que os hepatócitos são os principais alvos dos ataques, as agressões vasculares secundárias à inflamação ou trombose levam à extinção do parênquima devido às grandes áreas de morte de hepatócitos contíguos. A cirrose resultante é uma forma comum de doença hepática. Mecanismo de lesão e reparo: a regeneração ocorre principalmente pela replicação mitótica dos hepatócitos adjacentes àqueles que morreram, mesmo quando há uma necrose confluente significativa. Os hepatócitos são bastante semelhantes às células-tronco na sua capacidade de continuar a replicar mesmo durante anos de lesão crônica, e, desse modo, a participação de células-tronco geralmente não é significativa no reparo do parênquima. Nas formas mais graves de insuficiência hepática aguda, há ativação do nicho primário de células-tronco intra-hepáticas, ou seja, o canal de Hering, porém a contribuição das células-tronco para a substituição dos hepatócitos em tal cenário permanece incerta. No entanto, eventualmente em muitos indivíduos com doença crônica, os hepatócitos alcançam a senescência replicativa e, por isso, há uma clara evidência de ativação de células-tronco observadas na forma de reações ductulares. Essas estruturas tipo ductos (duct like), algumas vezes sem luz, se desenvolvem a partir das células-tronco e contribuem significativamente para a restauração do parênquima. A principal célula envolvida na formação de cicatrizes é a célula estrelada hepática. Na sua forma de repouso, ela é uma célula que armazena lipídio (vitamina A). No entanto, em várias formas de lesão aguda e crônica, as células estreladas podem ser ativadas e convertidas em miofibroblastos altamente fibrogênicos. Outras células provavelmente contribuem significativamente para a formação de cicatrizes em diferentes aspectos, incluindo fibroblastos portais. Reações ductulares também desempenham um papel, tanto através da ativação e recrutamento de todas essas células fibrogênicas, como também, talvez, através da transição epitelial-mesenquimal. Os papéis relativos desempenhados por essas outras células e processos são menos compreendidos. HEPATITES VIRAIS Vírus A, B, C, D e E Aguda: até 6 meses → todos os vírus (A, B, C, D e E). Crônica: após 6 meses → vírus B, C e D Fulminante: insuficiência hepática aguda grave com encefalopatia hepática que surge nas primeiras 8 semanas do quadro de hepatite viral → todos os vírus. Resposta imunológica que determina: leve → crônica, agressiva → cura, muito agressiva → fulminante. Fases clínicas: 6 meses - Prodrômica: sintomas inespecíficos → febre, astenia, mal estar, cefaleia, sintomas TGI → aumento de TGO/TGP - Ictérica: melhora dos pródromos → icterícia, acolia fecal e colúria → pico TGO/TGP - Convalescência: melhora clínica e laboratorial Laboratório: - Hemograma: linfócitos aumentados (infecção viral) - Aminotransferases: AST e ALT muito elevadas (10-1000X) → na crônica: menos elevado - Bilirrubina: direta → icterícia - Fosfatase alcalina/GGT: para avaliar o fígado deve-se pedir as duas juntas: gama-GT é mais específica (aumenta com o consumo de álcool) e fosfatase alcalina pode aumentar por outras condições. - TAP: normal: TAP-NR, coagulação, relacionado ao fator 7 → vai alterar com insuficiência hepática Metabolismo da bilirrubina: Fígado: conjugação da bilirrubina Bilirrubina indireta (metabolismo das hemácias, baço) chega através dos sinusóides hepáticos. - Grupo heme e globina: bilirrubina indireta vem do heme. Circula ligada com uma albumina (BI é insolúvel) É captada pelo hepatócito e, pela enzima glicuronil transferase, é conjugada em bilirrubina direta. Duodeno: cor nas fezes Hepatite - Excreção para de funcionar → hepatócito inflamado - Não da cor nas fezes - Reflui bilirrubina para os sinusóides → sangue → filtrado pelos rins: colúria. HEPATITE A Endêmica em países subdesenvolvimentos Transmissão fecal-oral Pico: 5-14 anos Não cronifica Fases clínicas: Período de incubação: 1 mês → fase prodrômica: curta, produz anticorpo anti-HAV (IgM) → início dos sintomas, AST/ALT aumentados. - Pico de viremia → não precisa de isolamento, vai ser diagnosticada depois do pico. Ictérica: dias a semanas Convalescência: dias a semanas → anti-HAV (IgG): 3 meses Formas clínicas: - Assintomática: maioria - Sintomática: menos de 10% - Colestática/recidivante: icterícia desaparece e volta - Fulminante HEPATITE E Mais frequente na Índia e Ásia Fecal-oral Não cronifica Dificilmente fulmina, exceto em gestantes que o risco é de 20%. HEPATITE D Vírus incompleto: precisa do vírus B para replicar → utiliza o envoltório lipídico do vírus B 2 situações: - Coinfecção: contrair ao mesmo tempo vírus B e D - Superinfecção: portador do vírus B adquire o D → maior agressão, fulminante Anti-HBV (IgM e IgG) HEPATITE B Vírus DNA 3 antígenos: HBsAg (superfície), HBcAg (core) e HBeAg - Core secreta uma partícula → HBeAg Transmissão: sexual, vertical,percutânea, transplante de órgãos HBsAg: Infecção ativa Anti-HBc (IgM /IgG): Teve contato com o vírus Anti-HBs: Cura ou vacinação prévia HbeAg: Replicação viral Anti-Hbe: Fase não replicativa HEPATITE C Transmissão: sangue e secreções Vírus extremamente mutante História natural: - 80% cronifica - 30% evolui para cirrose - 1-10% carcinoma hepatocelular Anti-HCV → não identifica IgM e IgG → PCR para identificar se está em fase ativa ou não. DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA Ingestão diária de álcool - Esteatose hepática - Hepatite alcoólica - Cirrose alcoólica ESTEATOSE HEPÁTICA Mesmo após uma ingestão moderada de álcool, gotículas lipídicas microvesiculares se acumulam nos hepatócitos. Com a ingestão crônica de álcool, os lípides se acumulam, criando glóbulos macrovesiculares grandes e claros, que comprimem e deslocam o núcleo do hepatócito para a periferia da célula. Embora exista pouca ou nenhuma fibrose no início, com a ingestão continuada de álcool, um tecido fibroso se desenvolve ao redor das veias hepáticas terminais, estendendo-se para os sinusóides adjacentes. A alteração gordurosa é completamente reversível, se houver abstinência da ingestão de álcool subsequente. Sinais e sintomas: - Assintomáticos, hepatomegalia discreta. Laboratório: normal ou aumento discreto TGO/TGP e GGT HEPATITE ALCOÓLICA 1. Tumefação e necrose de hepatócitos: Focos únicos ou dispersos de células sofrem tumefação (balonização) e necrose. A tumefação resulta do acúmulo de gordura e água, assim como de proteínas que são normalmente exportadas. 2. Corpos de Mallory-Denk: Esses corpos estão geralmente presentes como material eosinofílico, amorfo e acumulado em hepatócitos balonizados. Eles são constituídos por novelos emaranhados de filamentos intermediários, tais como a queratina 8 e 18, associados com outras proteínas, como a ubiquitina. Essas inclusões são uma característica não específica de doença hepática alcoólica, uma vez que elas também estão presentes na doença hepática gordurosa não alcoólica e em distribuições periportais na doença de Wilson e em doenças crônicas do trato biliar. 3. Reação neutrofílica: Neutrófilos permeiam o lóbulo hepático e sofrem acúmulo ao redor dos hepatócitos em degeneração, particularmente aqueles que possuem corpos de Mallory-Denk. Eles podem ser mais ou menos associados a células mononucleares. Patogenia: - Indução do citocromo P-450 (degradação das substâncias exógenas → álcool) → ativação constante = formação de hidrogênios reativos. - Radicais livres gerados durante a oxidação do álcool → alteram a membrana celular dos hepatócitos = metabolismo de gordura prejudicado, acumulando no fígado = esteatose hepática. - Álcool afeta microtúbulos, mitocôndrias e a membrana celular → diminuição da respiração celular, lesa hepatócitos - Libera acetaldeído → induz peroxidação dos lipídios = destruição da citoarquitetura da membrana - Álcool induz ataque imunológico a neo-antígenos hepáticos → reação inflamatória = hepatite alcoólica Achados Histopatológicos: - Esteatose - Balonização de Hepatócitos - Neutrófilos ao redor dos lóbulos hepáticos - Corpúsculo de Mallory (infiltrados inflamatórios) - Fibrose perivenular e sinusoidal CIRROSE Hepatopatia crônica, irreversível, caracterizada por: - Fibrose (significa que houve substituição tecidual, ou seja, perda da função do órgão) - Desarranjo arquitetural - Formação de nódulos de regeneração. Patogenia: Espaço de disse: entre o hepatócito e sinusóide hepático Fígado tem grande capacidade de regeneração → em distúrbios agudos Espaço de disse: célula estrelada - Célula estrelada → armazenamento de vitamina A → quando fígado é agredido constantemente deixam de armazenar vitamina A e sintetizam colágeno = preenchimento do espaço de disse → posteriormente dá origem a fibros = traves de fibrose entre o hepatócito e sinusóide hepático = dificultar sangue no sinusóide alcance o hepatócito = nutrição prejudicada = morte → regeneração de forma anárquica = nódulos de regeneração. - Mediadores inflamatórios → atuam nas células estreladas. - Diminuição da função do fígado → insuficiência hepatocelular crônica. Causas: - Alcoolismo - Hepatites virais (B/C) - Hepatite auto-imune - Doenças metabólicas: hemocromatose, Doença de Wilson (depósito de cobre), deficiência de alfa 1-antitripsina - Cirrose criptogênica Manifestações Clínicas: Estigmas Periféricos - Ginecomastia - Aranhas Vasculares - Eritema palmar - Atrofia testicular → hiperestrogenismo - Consumo muscular periférico → processo de cirrose continua e gera inflamação → mediadores inflamatórios → quebra de proteínas - Contratura de Dupuytren → espessamento com fibrose da fáscia palmar = flexão das falanges proximais - Aumento de Parótidas Laboratório: - TGO e TGP: aumentadas TGO>TGP → fígado não consegue disponibilizar piridoxina (para síntese de TGP), podem estar normais na cronicidade avançada. - Fosfatase alcalina e GGT: aumentadas ao mesmo tempo = colestase → cirrose estabelecida dá um grau de colestase. - Bilirrubina: aumentada, função dos hepatócitos diminuída = indireta. - Hipergamaglobulinemia: fígado hipertenso = hipertensão porta = desvio do sangue para circulação sistêmica = gamaglobulinas aumentadas (anticorpos). Células de Kupffer fagocitam antígenos vindos do TGI, mas há desvio. - Hipoalbuminemia: marcador de função hepática. - Alargamento do Tempo de Protrombina: fatores de coagulação produzidos no fígado (2, 7, 9, 10) → fator 7 é mais específico de função hepática. Função: bilirrubina, albumina, TAP Lesão: TGO/TGP Enzimas canaliculares: fosfatase alcalina e GGT Consequências: hipertensão porta e insuficiência hepática Hipertensão porta: inversão de fluxo - Varizes esofágicas - Hemorróidas - Circulação colateral - Esplenomegalia - Ascite: saída da linfa do sinusóide para cavidade abdominal. - Colestase Dificuldade do sangue passar pelo fígado: congestão → fisiologicamente o fígado recebe sangue da veia porta, formada pela veia esplênica e mesentérica superior, a mesentérica inferior drena para veia esplênica, → inversão do fluxo = 4 pontos de comunicação da veia cava com a porta → vasos retroperitoneais, epigástricos, Insuficiência Hepática: - Hiperestrogenismo Ginecomastia Atrofia testicular Rarefação de pelos Eritema palmar Telangiectasias - Coagulopatia - Hipoalbuminemia - Encefalopatia hepática (hipertensão portal) → transformar amônia (tóxica) do TGI em ureia = acúmulo de amônia = confusão mental. - Síndrome Hepatopulmonar: efeito de primeira passagem → toxinas → proliferação de óxido nítrico = vasodilatação → capilares pulmonares = hemácias que não estão em contato com o epitélio, não fazem a troca = menor oxigenação = dispneia. - Síndrome Hepatorrenal: vasodilatação = menor perfusão renal = insuficiência renal = piora do quadro. PATOLOGIAS DO TRATO BILIAR ANATOMIA Constituído pela vesícula biliar, ducto hepático direito + ducto hepático esquerdo = ducto hepático comum + ducto cístico = colédoco. Vesícula biliar: armazena a bile, ducto cístico. Triângulo hepatocístico de Kalo: ducto cístico, hepático comum e borda inferior do lobo direito do fígado → artéria cística Bile produzida nos hepatócitos: constituída por água e eletrólitos, colesterol, sais biliares, lecitina, bilirrubina - Sais biliares: solubilizam o colesterol dentro da bile Bile chega na vesícula biliar → ducto hepático direito e esquerdo → vesícula biliar. Em jejum: colédoco fechado por esfíncter de Oddi. Vesícula biliar se esvazia com a passagem de comida pelo duodeno (CCK) → vesícula biliar se contrai e esvazia, esfíncter de oddi relaxa. ICTERÍCIA OBSTRUTIVA Causas: - Coledocolitíase - Câncer de cabeça de pâncreas comprimindo o colédoco distal - Colangiocarcinoma COLES Cálculo na vesícula biliar = colelitíase ou colecistolitíase Processo inflamatório da vesícula biliar = colecistite aguda Presença de cálculo no colédoco = coledocolitíase Infecção da via biliar extra-hepática = colangite Formação dos cálculos: Fatores de risco que propiciam a patogenia: - Saturação:absorção de água em excesso e concentração da bile - Nucleação - Agregação: vesícula estática, com baixa motilidade. Tipos de cálculos: Cálculo de colesterol (amarelo) → mais comum Cálculos pigmentados: - Preto: bilirrubinato de cálcio, segundo mais comum - Marrom/castanho: formado no colédoco. Fatores de risco: Colesterol (amarelos): - Dismotilidade → hipomotilidade = estase da bile = maior absorção de água e sais biliares = menor solubilização do colesterol = cristalização → (nutrição parenteral, sonda). - Multíparas, gestantes, uso de anticoncepcional oral, mulheres → estrogênio aumenta a síntese de colesterol pelo hepatócito. - Obesidade e emagrecimento rápido → aumento da excreção de colesterol na bile. - Hipertrigliceridemia e uso de Fibrato → bile com mais colesterol. - DC e Ressecção ileal → sais biliares são absorvidos no íleo (circulação enterohepática). Bilirrubinato de Cálcio (pretos): - Anemia hemolítica crônica → hemólise crônica = muita bilirrubina indireta → acúmulo de bilirrubina na bile. Pigmento marrom ou castanho: - Estreitamento do colédoco - Parasitas na Via Biliar COLELITÍASE Presença de cálculo na vesícula biliar Colecistite crônica calculosa Morfologia: os cálculos de colesterol surgem exclusivamente na vesícula biliar e variam de 100% puro (raro) até aproximadamente 50% de colesterol. São amarelo-claros, redondos a ovóides e apresentam uma superfície externa dura e finamente granular, que revela uma paliçada cristalina brilhante com irradiação à transecção. Com proporções crescentes de carbonato de cálcio, fosfatos, e bilirrubina, os cálculos assumem uma cor branco-acinzentada a preta, e podem ser lamelares. Múltiplos cálculos geralmente estão presentes, variando em tamanho até vários centímetros de diâmetro. Raramente, um grande cálculo pode praticamente preencher o fundo. As superfícies de cálculos múltiplos podem ser arredondadas ou facetadas, em razão da justaposição. Cálculos compostos em sua maioria por colesterol são radiolucentes; carbonato de cálcio suficiente para torná-los radiopacos é encontrado em 10% a 20% dos cálculos de colesterol. Os cálculos biliares pigmentados variam do marrom ao preto. Em geral, os cálculos de pigmento negro são encontrados na bile da vesícula biliar estéril, e os cálculos marrons são encontrados nos grandes ductos biliares infectados. Cálculos de pigmento negro contêm polímeros oxidados de sais de cálcio de bilirrubina não conjugada, pequenas quantidades de carbonato de cálcio, fosfato de cálcio e da glicoproteína mucina, e alguns cristais de colesterol monoidratados. Cálculos marrons contêm compostos semelhantes, juntamente com alguns sais de palmitato e estearato de cálcio e de colesterol. Os cálculos de pigmentação negra raramente são maiores que 1,5 cm de diâmetro, quase invariavelmente estão presentes em grande número (com uma relação inversa entre tamanho e número) e são bastante friáveis. Seus contornos geralmente são espiculados e moldados. Os cálculos marrons tendem a ser laminados e macios e podem apresentar uma consistência saponácea ou oleosa. Aproximadamente 50% a 75% dos cálculos de pigmentação negra são radiopacos devido a sais de cálcio, enquanto os de pigmentação marrom, que contêm sabões de cálcio, são radiolucentes. Glicoproteínas de mucina constituem o esqueleto e o cimento entre as partículas de todos os tipos de cálculos. - Maioria assintomáticos - Quando sintomáticos: cólica biliar (cálculo impacta no ducto cístico, transitório) → dor no hipocôndrio direito, associada com alimentação gordurosa, pode ser referido para o ombro e ponta da escápula, ápice de 4 horas e depois melhora. - Medicação e US → posterior cirurgia COLECISTITE AGUDA Cálculo que impactou no ducto cístico, de maneira não transitória. Já teve outros episódios ou já tem diagnóstico prévio de colelitíase. Dor mais contínua Estase aguda na vesícula → lecitina transformada em lisolecitina dentro da vesícula = inflamação da parede da vesícula = febre, sinais de infecção. Pode se tornar um processo infeccioso → vesícula rompe. Conduta cirúrgica. Morfologia: na colecistite aguda, a vesícula biliar geralmente é aumentada e tensa e pode assumir uma coloração vermelho-brilhante ou irregular, violácea a verde-enegrecida, conferida por hemorragias subserosas. A serosa é frequentemente coberta por um exsudado fibrinoso que pode ser fibrinopurulento em casos graves. Não há diferenças morfológicas específicas entre colecistite acalculosa e calculosa aguda, exceto a ausência de cálculos na forma acalculosa. Na colecistite calculosa, um cálculo responsável pela obstrução geralmente está presente no colo da vesícula biliar ou no ducto cístico. A luz da vesícula biliar pode conter um ou mais cálculos e está preenchida por uma bile nebulosa ou turva, que contém grandes quantidades de fibrina, pus e hemorragia. Quando o exsudato é praticamente pus puro, a condição é chamada de empiema da vesícula biliar. Em casos leves, a parede da vesícula biliar está espessada, edematosa e hiperêmica. Em casos mais severos, ela é transformada em um órgão necrótico verde-enegrecido, chamado de colecistite gangrenosa, com perfurações pequenas a grandes. A inflamação é predominantemente neutrofílica. A invasão de organismos formadores de gás, notavelmente clostridia e coliformes, pode causar uma colecistite “enfisematosa” aguda. Colecistite aguda não calculosa - Pós Operatório - Traumas ou queimaduras severas - Sepse - Falência de múltiplos órgãos - Nutrição parenteral prolongada COLEDOCOLITÍASE Presença de cálculo no colédoco É definida como presença de cálculos no interior dos ductos biliares da árvore biliar, em oposição à colelitíase (cálculos na vesícula biliar). A coledocolitíase pode ser assintomática ou causar sintomas derivados de (1) obstrução, (2) pancreatite, (3) colangite, (4) abscesso hepático, (5) cirrose biliar secundária e (6) colecistite calculosa aguda. Clínica: - Icterícia + história de dor em cólica no hipocôndrio direito. - Icterícia flutuante → cálculo se move/roda.
Compartilhar