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Administração Financeira Belo Horizonte SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................ 6 1.2 As divisões da administração financeira ............................................................. 13 1.3 A Evolução da controladoria ............................................................................... 18 2 INDICADORES FINANCEIROS ............................................................................ 25 2.1 Análise de índices financeiros ............................................................................. 27 2.2 Os grupos de índices financeiros ........................................................................ 30 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .................................................. 37 3 INTRODUÇÃO Sejam bem-vindos ao curso de Especialização em CONTROLADORIA E FINANÇAS oferecido pelo Instituto Pedagógico de Minas Gerais - IPEMIG. Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Nesta apostila falaremos especificamente da Administração Financeira, seus conceitos mais importantes, a sua divisão e a evolução na Controladoria. Dedicamos boa parte para os indicadores financeiros, pois através das análises financeiras baseadas geralmente nas demonstrações financeiras da empresa (por exemplo os balanços publicados) é que os analistas irão tirar as informações necessárias para saber comparar o desempenho e a situação de uma empresa com outras ou mesmo consigo mesma ao longo do tempo. A avaliação econômico-financeira da organização se baseia no tripé: liquidez (Situação financeira); endividamento (estrutura de capital) e rentabilidade (situação 4 econômica), portanto, percebe-se que os indicadores financeiros norteiam a tomada de decisão nas organizações. Todos os setores são importantes dentro de uma organização, desde o faxineiro até o diretor-presidente. O que acontece, no entanto, é que o Administrador Financeiro desempenha uma função um tanto mais sutil: ele administra as finanças da organização e isso é uma tarefa bastante difícil e complexa. Na verdade, todos nós desempenhamos até certo ponto o papel de administradores financeiros, pois ganhamos os nossos custosos rendimentos e os administramos da melhor forma possível para que não precisemos pedir dinheiro emprestado a ninguém ou para que possamos aplicar as sobras da maneira mais eficiente. O administrador financeiro faz exatamente isto. É um profissional que cuida das finanças de uma empresa, honrando os compromissos nas datas dos vencimentos, captando recursos quando é preciso a um custo mais baixo ou ainda, o melhor, aplicando as sobras nos investimentos mais atraentes, antevendo as possibilidades de investimento em novos projetos. Como se vê, não é uma função fácil. O maior desafio do Administrador Financeiro é conciliar bem, e muito bem, o equilíbrio entre a Liquidez versus Rentabilidade. O item Liquidez é a capacidade da organização de estar sempre com as suas finanças oxigenadas para que nunca falte recursos na hora de honrar os compromissos. Para isso, ele deverá usar o Fluxo de Caixa, onde projetará todas as entradas e saídas de recursos, tendo uma visão de curto, médio e longo prazos do fluxo monetário da empresa. Com o Fluxo de Caixa, ele poderá verificar quando faltará capital disponível para a empresa e com isso, tomar as devidas providências. No que diz respeito à Rentabilidade, é a capacidade de o administrador Financeiro investir recursos, do sistema do Fluxo de Caixa, em outro tipo de bem (estoque de mercadoria) e conseguir fazer com que este estoque se transforme em dinheiro, novamente, e retornem, com os lucros desejados, para dentro do sistema do fluxo de caixa. Como podemos observar é uma área muito interessante, mas de risco e que requer o desenvolvimento de certas competências e habilidades específicas além de conhecimentos relativos a custos, mercado financeiro e administração. 5 Ressaltamos que o material trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 6 1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Segundo Moreira (2011) a administração financeira visa a uma maior rentabilidade possível sobre o investimento efetuado pelos sócios ou acionistas, através da melhor utilização de recursos, de modo geral, escassos. Por isso, todos os aspectos de uma empresa estão sob a ótica da administração financeira, a qual pode ser muito complexa como veremos no capítulo que trata dos indicadores financeiros. Por hora, trataremos de conceitos básicos que todo empreendedor individual, micro, pequeno empresário, enfim, profissionais que irão trabalhar com os “números” devem saber, levando também em conta que em muitas empresas em pleno funcionamento, não há um controle financeiro efetivo, o que tentaremos mostrar ser extremamente perigoso para seu proprietário. Vamos começar nossas discussões pelo setor do estoque, o mais importante do ponto de vista econômico financeiro. O estoque é tão importante que todo empreendimento deveria designar um funcionário específico para seu controle e administração. É nesse setor que os empreendimentos começam a encontrar problemas crônicos. Estes se refletirão no financeiro: capital de giro, contas a pagar, investimentos e depois na vida pessoal dos sócios. Para que o estoque seja bem administrado é preciso que tenhamos a Curva ABC. Esta curva consiste em listar em ordem crescente ou decrescente (opção do gestor) os produtos que têm participações maiores, medianas e menores tanto em faturamento quanto em volume de vendas. Assim, nela encontraremos os produtos que respondem pelo maior volume de vendas e faturamento; estes não podem faltar. Com base nesses dados faremos as programações de compra e venda. Haverá sempre a necessidade de um estoque mínimo. Mas apenas o suficiente para a empresa suportar um possível atraso na entrega de seus fornecedores. Nada de comprar exageros (MOREIRA, 2011).Alguns empreendedores acham que se o estoque estiver baixo isso é sinal de que o negócio vai indo mal. Não pega bem junto aos clientes. Ora, o estoque precisa de rígido controle, não necessariamente ser lotado até o teto. O que não pode 7 acontecer é faltar aquele produto responsável pelo maior faturamento da empresa. A Curva ABC serve para dar esse Norte para a empresa. A compra de matérias primas ou produtos acabados em excesso traz diversos inconvenientes. Entre eles, o principal é o comprometimento do capital de giro. Afinal, estoque parado é dinheiro que não rende. E esse dinheiro “congelado” fará falta em algum outro momento (MOREIRA, 2011). Com necessidades de caixa, o gestor buscará socorro junto a bancos, ou instituições financeiras, descontando cheques ou duplicatas. Mas o pior de tudo é quando usa o limite de cheque especial e de cartão de crédito, tanto de pessoa física como de jurídica, principalmente nesse momento, a situação dos juros está em patamares que há muito tempo não se observava. Com a chegada do desespero, é muito comum o empreendedor tomar medidas precipitadas, impensadas. Essas poderão levar péssimas consequências ao prosseguimento do negócio. Outro ponto importante é a conciliação bancária, contas a pagar e a receber. Tendo um controle aperfeiçoado sobre o fluxo de caixa, a empresa saberá com antecedência quando haverá sobra ou falta de dinheiro. Com isso, sua programação financeira será realista. Nunca se esquecendo de usar o princípio da prudência: pagará tudo e não receberá nada. Assim, o empreendimento deve contar com um volume tal de recursos que possa suportar todas suas despesas fixas. Além das variáveis (afinal, houve vendas) e com fornecedores (houve compras). Mas se houver excesso no estoque será problema. A melhor maneira de um pequeno ou médio empreendedor se financiar a custo baixíssimo é através de seus fornecedores de produtos (matéria prima, produtos acabados, maquinários etc.). Não que as vendas a prazo não possuam juro embutido. Geralmente há. Entretanto, se houver diferença entre os valores à vista e a prazo, essa diferença será lançada como despesa financeira, e não como custo. Realmente temos que concordar com Moreira (2011) quando diz que Custos é uma arte. De nada adianta uma produção otimizada, a melhor força de vendas, logística impecável, recursos humanos bem treinados e motivados se o preço praticado estiver com sua formação errada. Poderá estar vendendo muito e tendo até mesmo prejuízo, 8 como vendendo abaixo do que poderia justamente porque o preço está superavaliado. Com isso não consegue ganhar mercado. Perdendo faturamento e lucro, que é o que um negócio deve gerar para seus sócios ou acionistas. Muitos empreendedores compram determinado produto e colocam, por exemplo, um mark up de 2,00, ou seja, acrescentam 100% sobre o preço de custo. Isso apenas na intuição, mas o correto é fazer uma planilha de custos, onde devem ser colocados os custos fixos e variáveis acrescidos da margem de lucro desejada. Entre os valores em percentuais que devemos lançar nessa planilha estão as despesas administrativas, comerciais, custos de produção (indústria) / comercialização (comércio e serviços), os impostos sobre a venda (ICMS, PIS/COFINS) e, é claro, a margem de lucro. A fórmula é a seguinte: preço = custos + despesas + lucro. Assim, o preço alcançado será aquele que atende os objetivos da empresa. A partir daí, comparações com a concorrência poderão ser feitas. Após a elaboração dos custos haverá o controle sobre o lucro, que se destina a corrigi-lo quando o mesmo é insatisfatório. Ou seja, se a meta não for alcançada, correções de rumo precisarão ser efetuadas. Sejam elas nos custos, nas despesas ou no lançamento ou extinção de produtos/serviços. Por outro lado, se o lucro desejado for atingido, a empresa deverá se esforçar ainda mais para que no próximo exercício financeiro esse resultado positivo se repita. O controle deverá ser ainda mais rigoroso na administração financeira do empreendimento. Afinal, segundo Moreira (2011) o novo ditado é “em time que está ganhando também se mexe”. Eis que aqui podemos focar um pouco as micro e pequenas empresas que representam 98% das empresas em atividade, empregando 67% da mão de obra nacional, tendo participação de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo dados de uma pesquisa do SEBRAE/SP referente ao ano de 2004, 29% das empresas não chegam a concluir o primeiro ano, 42% não atingem o final do segundo ano, 53% encerram suas atividades antes do fim do terceiro ano, 56% não ultrapassam o quarto ano, percentual que se repete ao final do quinto ano. 9 Essa mesma pesquisa detectou como principais causas da mortalidade das empresas abertas na Junta Comercial do Estado de São Paulo entre 1999 e 2003: Características empreendedoras (conhecimentos, habilidades e atitudes insuficientes); Falta de planejamento antes da abertura; Falta de políticas de apoio (peso dos impostos, burocracia, falta de crédito e de política de compras governamentais); Baixo crescimento da economia (demanda fraca e concorrência forte); Problemas de saúde, particulares, com sócios, de sucessão e a criminalidade prejudicam o negócio; e, Deficiência na gestão do negócio, após a abertura (ex: aperfeiçoamento de produtos, fluxo de caixa, propaganda e divulgação, gestão de custos e busca de apoio/auxílio). Os números apresentados nos levam a inferir que o sucesso pode decorrer e muito de uma boa administração financeira, daí a grande responsabilidade do profissional contratado para trabalhar justamente nessa área. Introduzimos esse assunto falando em custos, estoques e afins para mostrar- lhes a quão importante é a administração financeira da empresa. Diríamos que ela é o pulmão, se as contas não fecharem o oxigênio falta e a empresa para. 1.1 Objetivos e metas da administração financeira Independente do tipo de organização, comércio, indústria, etc., certos princípios básicos são aplicáveis a todas como, por exemplo, o estabelecimento de linhas nítidas de autoridade e responsabilidade, o que possibilita o funcionamento eficaz, demarca responsabilidades, assegura que um indivíduo não seja subordinado a mais de uma pessoa e estabelece amplitudes adequadas de controle. 10 Segundo Gitman (2002) a administração financeira relaciona-se estreitamente com a Economia e a Contabilidade. No que tange à economia, o administrador financeiro deve estar atento às variações na atividade econômica do país, bem como nas mudanças da política econômica. Já em relação à contabilidade, há duas diferenças básicas: uma é relativa à ênfase sobre fluxos de caixa e a outra diz respeito à tomada de decisões. Nessa linha de pensamento, o administrador financeiro realiza análises e planejamentos financeiros; toma decisões de investimentos e de financiamentos. Tradicionalmente, divide-se a área financeira de acordo com as funções mais importantes para cada organização e/ou natureza dos instrumentos que ela comporta. Entretanto, outros fatores também determinam o tamanho e a estrutura da área financeira: A realidade e características locais; O tamanho da organização; Os recursos físicos, financeiros e humanos disponíveis; O volume e a complexidade dos procedimentos e controles financeiros a serem mantidos; O grau de descentralização das responsabilidades e recursos (OLIVEIRA E GIUSTI, 2006, p. 226). Abaixo, na figura 1, tem-se um modelo de estrutura funcional da gestão financeira, agrupando as principais funções em duas frentes: controladoria e administração financeira. 11 FIGURA 1 – Principais funções da área financeira Fonte: Oliveira e Giusti (2006, p. 227) A gestão financeiracorresponde a um conjunto de técnicas específicas, imprescindíveis para que a administração das organizações viabilize a perpetuação da entidade, a remuneração adequada dos fatores trabalho e capital e a excelência dos serviços prestados, ou seja, envolve o conjunto de funções administrativas (planejamento, organização, coordenação, direção e controle) que objetiva a obtenção e alocação de recursos capazes de viabilizar a realização das atividades (OLIVEIRA E GIUSTI, 2006). Dessa definição pode-se, então, determinar a missão da área de administração e gestão financeira como sendo prover e gerenciar os recursos Dir. Administrativa financeira Controladoria Administração financeira Controladoria Contabilidade Orçamento Sist emas Administração de caixa Orçamento de caixa Administração de recursos 12 financeiros necessários à consecução das atividades e como objetivos, além daqueles inerentes à área: 1) Implantar um orçamento que consubstancie o planejamento estratégico da instituição, segundo uma metodologia que promova: - a qualidade dos gastos; - a correta aplicação dos recursos por projetos ou atividade, evitando cortes lineares de orçamento; - um sistema de aferição de custos para fins de programação financeira, capaz de estabelecer uma correlação entre os investimentos e a despesa ou receita por eles gerada; 2) Alimentar um sistema de indicadores de desempenho; 3) Detectar falhas e inconsistências no sistema de apropriação contábil; 4) Apurar os determinantes do sistema de custos na administração das instituições e sua utilização, quais sejam: - a identificação de cada atividade e seu custo correspondente; - a alocação dos custos a cada atividade; - a identificação dos direcionadores de custos (OLIVEIRA E GIUSTI, 2006, p. 227). Como metas, o sistema de organização da administração e gestão financeira deve: Atender às necessidades do processo de tomada de decisões; Facilitar a interação entre os participantes do processo orçamentário, assegurando-lhes a troca contínua e sistemática de informações; Contribuir para a integração das ações de saúde governamentais; Propiciar o controle, a avaliação e o ajustamento constante dessas ações governamentais; Permitir a otimização do uso dos recursos existentes; 13 Melhorar o processo orçamentário, estabelecendo uma mensuração adequada que propicie, em paralelo aos indicadores de execução orçamentária, indicadores de desempenho, gestão, resultados e satisfação da população; Tornar disponíveis indicadores de conformidade (orçamento versus execução); Valorar os produtos gerados em relação aos recursos consumidos; Estabelecer os indicadores adequados da efetividade da ação; Medir o benefício em relação ao custo, evidenciando o retorno social ocorrido na gestão dos recursos disponibilizados pelo Estado ao cidadão; Alcançar a gestão adequada (OLIVEIRA E GIUSTI, 2006, p. 228). 1.2 As divisões da administração financeira Não há dúvidas que a administração financeira é, na atualidade, de grande valia para os mais diversos tipos de organizações públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, objetivando não só a maximização das riquezas, como também o equilíbrio das entradas e saídas de valores, que garantem a liquidez das organizações. De acordo com Faria (2008) uma forma de organizar as funções da administração financeira, é separá-las em duas grandes áreas: função de tesouraria e funções de controladoria, ou ainda, em funções de curto e longo prazo. A tesouraria envolve a administração de caixa, de crédito e cobrança, do risco, do câmbio, do financiamento, decisões de investimento; planejamento e controle financeiro, proteção de ativos, relações com acionistas, investidores e bancos. A controladoria envolve a administração de custos e preços; auditoria interna; contabilidade; orçamento; patrimônio; planejamento tributário; relatórios gerenciais; desenvolvimento e acompanhamento de sistemas de informações financeiras. Segundo Borba (2009, p. 1) na busca pela qualidade e produtividade nas empresas a ordem é reduzir custos e aumentar a lucratividade para financiar uma continuidade empresarial autossustentável. Para isso precisa-se de métodos, de 14 tecnologias, de fontes alternativas de financiamentos e de treinamento envolvendo gestão de processos e gestão com pessoas. A utilização dos recursos da informática é de vital importância para dar confiabilidade, velocidade e segurança na fluidez das informações para o processo de tomada de decisões. Com a utilização de tais recursos, a controladoria tem reduzido a distância entre os analistas de sistemas, os programas e os usuários, criando novos conceitos: “ERP” (Enterprise Resource Planning – Sistema Integrado de Gestão Empresarial), “Tecnologia da Informação a serviço da gestão empresarial”, “Sistemas Integrados”, “Soluções em Gestão Empresarial” e “Sistemas de Informações e Tomada de Decisão”. É o redesenho das atividades departamentais, convertidas em processos e informatizadas, integrando todos os departamentos e setores e integralizando informações que fluem em tempo real. Se tomarmos como exemplo o processo de gestão de um Hospital, desde o planejamento estratégico, passando pelos planos de ação, orçamentos, avaliação de performance dessas ações e consequente correções de seus cursos, todos dependem de um excelente sistema de controle gerencial, que se converge e se integra na controladoria hospitalar. Para Faria (2008) a implantação da controladoria, sob qualquer modelo, depende exclusivamente da vontade dos gestores. Este é o desafio para quem pretende estar bem posicionado com a responsabilidade empresarial e social corporativa. Até o momento foi realizada uma exposição minuciosa sobre a administração financeira, com vistas a voltar as análises para a Controladoria, entretanto, é preciso deixar claro que para falar em controle é preciso passar pelo planejamento. Como diz Barreto (2008, p. 3) não se pode falar em controle sem haver um planejamento elaborado para verificar a ocorrência dos acontecimentos dentro da expectativa organizacional. Por conseguinte, não adianta elaborar um planejamento sem uma sistemática estruturada de controle para acompanhar a execução do idealizado. Planejamento e controle são processos inter-relacionados. 15 Planejar significa estabelecer os objetivos da organização, especificando a forma como serão atingidos. Parte de uma sondagem do futuro, desenvolvendo um plano de ações para atingir os objetivos alcançados. É a primeira das funções, já que servirá de base diretora à operacionalização das outras. Controlar é estabelecer padrões e medidas de desempenho que permitam assegurar que as atitudes adotadas são as mais compatíveis com o que a organização almeja. O controle das atividades desenvolvidas permite maximizar a probabilidade de que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e as ordens ditadas (FERREIRA et al, 1997, p. 24 apud BARRETO, 2008, p. 4). Oliveira (1998, p.19) conceitua controle como o conhecimento da realidade e a comparação com o que deveria ser, como objetivo de constatar o mais rápido possível as divergências e suas origens e tomar as providências saneadoras, assim, pode-se inferir que o controle é uma função administrativa através da qual a organização busca garantir sua continuidade e integridade pela adoção em tempo hábil de medidas corretivas, em função dos desvios observados, e pela reestruturação das metas pretendidas, em decorrência de modificações observadas na dinâmica interna e no contexto externo. Cabe, então, à Controladoria, “uma posição de prudência e cuidado, em relação a alguma informação que pareça fora dos padrões e que venha a comprometeros resultados da entidade” (BARRETO, 2008, p. 7). A título de síntese, no quadro 1 abaixo são apresentadas as responsabilidades e funções, ou seja, as atividades que devem ser desempenhadas pela área de gestão financeira, com destaque para a Controladoria. QUADRO 1 – Responsabilidades e funções da área de gestão financeira 16 DIREÇÃO ECONÔMICOFINANCEIRA -Função estratégica; -Estabelecer objetivos para finanças; -Definir estratégias e táticas para atingir os objetivos; -Criar normas e regras; -Definir as diretrizes para o planejamento financeiro. CONTROLADORIA Controladoria -Função de planejamento, controle e organização; -Responsabilidade: rentabilidade; -Posição de assessoria; -Horizonte médio de planejamento: orçamento operacional; -Relações internas. Contabilidade -Função de registro; -Contabilidade geral; -Contabilidade de custos; -Contabilidade fiscal; -Demonstrativos financeiros; -Controle do ativo fixo; -Estatística. Orçamento -Função de planejamento e controle; -Orçamento operacional; -Orçamento de investimentos; -Demonstrações financeiras projetadas; -Acompanhamento orçamentário; -Análise e correção de desvios. Sistemas -Função de organização; -Estabelece fluxo de documentos; -Participa da gestão do plano diretor de informática; -Avalia hardware e software especializados; -Supervisiona a utilização dos recursos de informática da área financeira. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Administração financeira -Função de administração de recursos financeiros; -Responsabilidade: liquidez; -Posição de linha; -Horizonte curto de planejamento; orçamento de caixa; -Relações externas. 17 Administração de caixa -Função executiva; -Faturamento (Sistemas de Informações Ambulatoriais – SIA e Sistema de Informações Hospitalares – SIH); -Contas a receber; cobrança; -Contas a pagar; -Administração de seguros; -Conciliação bancária; -Relações com Departamento jurídico; - Relações com acionistas. Orçamento de caixa -Função de planejamento; -Orçamento de entrada de caixa; -Orçamento de saída de caixa; -Orçamento de receitas financeiras; -Orçamento de juros; -Acompanhamento e correção de desvios. Administração de recursos -Função de busca de liquidez; -Aplicação de sobras de caixa; -Procura de novas fontes de financiamento; - Estudos de custo de capital e administração de contratos de financiamento. Fonte: Oliveira e Giusti (2006, p. 230). Mais uma vez vamos tomar como exemplo a área de saúde: segundo Borba (2009) as organizações da área da Saúde, nas quais estima-se que de 30% de todo o dinheiro investido são consumidos em desperdícios, retrabalho e ineficiência pela complexidade excessiva de processos, não podem continuar com tamanho desperdício financeiro e social, para isso é imprescindível que se implante um modelo gerencial focado no controle e na produtividade assistencial, ou seja, no desenvolvimento e implementação de técnicas e métodos que possam levar a uma eficácia no gerenciamento da assistência. A área financeira, incluindo tesouraria, faturamento, custos e contabilidade, com a implantação da controladoria passam a ser geridas sob essa perspectiva de controle de gestão contábil-financeira que integra também a perspectiva de gestão de processos operacionais da área assistencial, tornando um modelo holístico de gestão na organização de saúde (BORBA, 2009). 18 A proposta de controladoria técnico-operacional, na concepção do autor acima, não é meramente contábil-financeira, mas essencialmente de controle dos processos que possam racionalizar a prestação da assistência, reduzindo custos e melhorando a performance gerencial dos processos operativos. Ou seja, é uma proposta técnica no sentido amplo de controle do processamento e diretamente envolvida na execução dos trabalhos de prestação de serviços. Na realidade é um modelo de assistência gerenciada integrada com a gestão de controles contábeis e financeiros A controladoria dentro dessa concepção ampla e integral das ações assistenciais e de gestão contábil e financeira, é instrumento essencial para implementação do Balanced ScoreCard – BSC, que trabalha como núcleo de informações para consecução de todas as perspectivas, integrando gestão do conhecimento e aprendizado, com gestão de processos, gestão de clientes e gestão financeira que convergem nos resultados mensurados através de indicadores e que leva ao cumprimento da missão da organização, por meio de uma visão estratégica que conduz diretamente à consecução da perspectiva social da organização. O controle da gestão por intermédio dos instrumentos da controladoria é como um painel de navegação, pelo qual o Comandante (gestor) com auxilio do navegador (controller) e dos mapas de navegação, conduz a instituição por rotas menos turbulentas. Portanto, os instrumentos da controladoria são mapas ou rotas para o curso da ação para gestão eficaz da organização. 1.3 A Evolução da controladoria Mediante a importância atual dada ao sistema de controle, observa-se que sua imagem modificou-se muito ao longo do tempo. O conceito de controle bem como a atuação da Controladoria, acompanhou o processo evolutivo da gestão organizacional. Passou-se de um ambiente tradicional de gestão e produção para um controle total da qualidade que conduziu a profundas modificações na dinâmica interna das organizações. 19 Como a atividade do contador esteve mais voltada para auxiliar o homemprodutor e, para tal, dedicou-se a organizar, avaliar, inventariar e registrar as suas atividades, o trabalho da Contabilidade até a Revolução Industrial abrangia apenas o levantamento do inventário físico dos estoques para a elaboração do Balanço e da Demonstração de Resultados. A Controladoria, então, se ocupava com controles quantitativos físicos e financeiros para acompanhamento das atividades desenvolvidas (BARRETO, 2008, p. 20). Segundo Schimidt (2002, p. 20) a controladoria surgiu no início do século XX nas grandes corporações norte-americanas, com a finalidade de realizar rígido controle de todos os negócios das empresas relacionadas, subsidiárias e/ou filiais. Um significativo número de empresas concorrentes, que haviam proliferado a partir da Revolução Industrial, começaram no final do século XIX, formando grandes empresas, organizadas sob forma de departamentos e divisões, mas com controle centralizado. Após a Revolução Industrial, no entanto, com o advento da produção em escala, surgiu a necessidade de mais informações para a administração das empresas, possibilitando um processo decisório mais seguro, respaldado por dados de transações internas e externas às organizações que refletissem as suas tendências. A partir de então, a Contabilidade gerencial nasce e cresce em importância, evoluindo os sistemas de controles gerenciais na proporção do crescimento das grandes corporações diversificadas de múltiplas atividades. A partir da década de 1950, aproximadamente, o tema controle de gestão vem evoluindo e incorporando conceitos de outras áreas, tornando-se foco de estudo por volta dos anos 1980. Seu papel evoluiu de simples registro das ocorrências para a verificação das distorções para uma atuação mais abrangente por meio do destaque das tendências, de forma a facilitar a gestão das organizações em virtude da possibilidade de estruturação para o alcance dos objetivos e metas preliminarmente determinadas. Atualmente a Controladoria assumiu uma função de assessoramento do executivo principal da organização, além de deter a responsabilidade pelo estabelecimento de um sistema de controles que viabilize a ação administrativa. 20 O quadro2 expõe a evolução do gerenciamento administrativo e nos processos de produção de bens e serviços, destacando as modificações dos tipos de controle efetuados ao longo do tempo. Ele expõe o crescimento da importância dos mecanismos de controle e as mudanças do papel da Controladoria nesse contexto. QUADRO 2 – Evolução no gerenciamento administrativo e nos processos de produção de bens e serviços CENÁRIOS DÉCADAS DO SÉCULO XX MANUFATURA 1940 1960 1980 1990 Produção Grande escala Idem Diversificação Flexível Qualidade Não havia preocupação Início da conscientização Total Quality Cost (TQC) Total Quality Management (TQM) Mão de obra Intensiva Especializada Eficiência/eficácia Parceria Mercado Local Internacionalização Global Idem CONTROLES Quantitativos Físicos/financeiros Preponderantes Importantes como subsídios à gestão Idem Qualitativos Quase inexistentes Início das preocupações com a gestão Idem, real time Idem Fonte: OLIVEIRA (1998, p. 38) Segundo Padoveze (2003, p.6-7) a controladoria é ciência e, na realidade, é o atual estágio evolutivo da Ciência Contábil dentro do enfoque controlístico da escola 21 italiana e pela escola americana, a contabilidade gerencial é o que se denomina Controladoria. Para o mesmo autor, a controladoria é a unidade administrativa dentro da organização que, através da Ciência Contábil e do Sistema de Informações de Controladoria, é responsável pela coordenação da gestão econômica do sistema empresa, dando suporte à gestão de negócios da empresa, de modo a assegurar que esta atinja seus objetivos, cumprindo assim sua missão. O controle gerencial é compreendido como um conjunto de ações sistemáticas, coordenadas pelos gestores executivos, que cumprem objetivos de impactar os procedimentos dos outros colaboradores da entidade, de forma que se pautem em função de diretrizes e metas previamente estabelecidas (RIBEIRO FILHO, 2005). Na verdade, um modelo de controle gerencial deve refletir, nos seus vários subsistemas, conceitos adequados para a mensuração de ativos, passivos, receitas, despesas e custos, produzindo informação valiosa e garantindo a continuidade da entidade. O controle deve associar coerentemente pessoas e recursos em torno de metas previamente negociadas, de forma que os resultados obtidos possam ser avaliados, gerando as condições de orientação necessárias à continuidade organizacional. Embora a Controladoria seja por excelência uma área coordenada das informações sobre gestão econômica; no entanto, ela não substitui a responsabilidade dos gestores por seus resultados obtidos, mas busca induzi-los à otimização do resultado econômico. Portanto, os gestores, além de duas especialidades, devem ter conhecimento adequado sobre gestão econômica, tornando-se gestores do negócio, cuja responsabilidade envolve as gestões: operacional, financeira, econômica e patrimonial das suas respectivas áreas. Padoveze (2003, p. 37) demonstra na figura a seguir, denominada “Estrutura da Controladoria”, a estrutura da Controladoria e suas áreas a ela subordinadas. 22 Fonte: Padoveze (2003, p. 37) Se controlar é, essencialmente, acompanhar a execução de atividades da maneira mais rápida possível e comparar o desempenho efetivo com o planejado, isto Estrutura da Controladoria - Orçamentos, Projeções e Análise de Investimentos. - Contabilidade de Custos . - Contabilidade por responsabilidade. - Acompanhamento do negócio e Estudos Especiais. - Contabilidade Societária. - Controle Patrimonial. - Contabilidade tributária CONTROLADORIA Sistema de informação gerencial Auditoria Interna Relações com investidores Planejamento e Controle Escrituração 23 é, o que tenha sido originalmente considerado desejável, satisfatório ou viável para a organização e suas subunidades, qual vem a ser, então, a função do Controller? Retrospectivamente, voltando na década de 1950, o controller nada mais era do que a pessoa encarregada de preparar as demonstrações contábeis. Recentemente, com o aumento da complexidade na organização das empresas, criou-se a necessidade de um sistema mais adequado para um controle gerencial efetivo, ocorrendo o desenvolvimento de uma função diferenciada e assim, o controller passou a ocupar outras tarefas. A verticalização, a diversificação e a expansão geográfica das organizações e o consequente aumento da complexidade de suas atividades, aliado às tendências de descentralização da gestão das empresas, exigiram a ampliação das funções do controller, bem como o surgimento dessa figura, também, nas diversas divisões da organização, além do lotado na administração central da companhia (SCHIMIDT, 2002, p. 20). O controller exerce a autoridade de linha em seu próprio departamento, mas com a sua influência na organização “impele a administração rumo a decisões lógicas consistentes com os objetivos” (HORNGREN 1989, p. 30 apud BARRETO, 2008, p. 16). A mesma autora ressalta que o controller não faz controle, no entanto, tem a responsabilidade de estabelecer sistemáticas de controle que auxiliarão os responsáveis pelas demais áreas a avaliarem o desempenho de suas atividades, podendo existir uma confusão com o papel do tesoureiro na organização, entretanto, existem pontos básicos que distinguem o papel de cada um, como mostra o quadro abaixo: Funções do Controller e do tesoureiro CONTROLLER TESOUREIRO 1.Planejamento e controle 1.Provisão de capital 2.Relatórios e interpretação 2.Relações com investidores 3.Avaliação e consultoria 3.Financiamento de curto prazo 4.Prática fiscal 4.Relações bancárias 5.Relatórios externos 5.Crédito e cobrança 24 6.Proteção dos ativos 6.Investimentos 7.Avaliação econômica 7.Seguros Fonte: HORNGREN (1989, p. 30 apud BARRETO, 2008, p. 17) Como se observa, o tesoureiro está voltado e imbuído do papel da gestão financeira dos recursos, na captação e zelo por melhores aplicações e o controller está preocupado com a parte operacional da empresa, estabelecendo procedimentos internos para melhorar a busca da eficiência e eficácia organizacionais. Resumindo, a atuação do controller deve refletir: 1. Capacidade para supervisionar e atuar em todas as funções orçamentárias, financeiras, contábeis e gestão dos custos hospitalares; 2. Perfil para atuar em equipes multidisciplinares, especialmente no desenvolvimento e na manutenção de sistemas de informações gerenciais; 3. Habilidade para negociar projetos; 4. Capacidade de comunicação; 5. Liderança focada em resultados; 6. Persistência e flexibilidade; 7. Forte compromisso ético (RIBEIRO FILHO, 2005, p. 38). De acordo com Figueiredo e Caggiano (1999) o controller deve assumir o papel de conselheiro e crítico (no sentido construtivo) do processo, e as suas investigações geralmente destacam os pontos fracos de outras áreas, o que sempre deve ser visto como oportunidade de melhorias. Desta forma, os seguintes princípios norteiam o trabalho do Controller: Iniciativa Visão Econômica Imparcialidade Síntese 25 Visão para o Futuro Oportunidade Persuasão Liderança Ética. De todo modo, o papel do Controller é zelar pela continuidade da empresa, viabilizando as sinergias existentes, fazendo com que as atividades desenvolvidas conjuntamente alcancem resultados superiores aos que alcançariam se trabalhassem independentemente (FIGUEIREDO E CAGGIANO, 1999). Não há dúvidas de que os requisitos técnicos para uma atuação eficaz do Controller demandam forte conhecimento nas áreas de finanças,orçamento, contabilidade, tributos e sistemas de informações, além das ferramentas de apoio gerencial como métodos quantitativos aplicados e informática (RIBEIRO FILHO, 2005). 2 INDICADORES FINANCEIROS A análise financeira de empresas é tarefa bastante complexa e de fundamental importância numa sociedade moderna. Segundo Da Silva (1990), a análise é um processo de averiguação e de reflexão com determinado fim. Para se proceder à análise, é necessário decompor um todo em partes, examinando com minúcia cada uma das partes em busca de explicações ou do entendimento do todo, da parte, ou de alguma característica ou anormalidade que se pretende identificar. No caso de análise de empresas, as razões mais frequentes que nos levam a desenvolvê- la tendem a ser de caráter econômico-financeiro. 26 Segundo Ramos (1999) a análise financeira de uma empresa é geralmente baseada nas demonstrações financeiras da empresa em questão, sendo então os balanços publicados, uma das principais fontes de informações para os analistas. As demonstrações financeiras A análise das demonstrações financeiras de uma empresa inclui o estudo dos seus dados financeiros e das relações existentes entre estes dados numa determinada data ou ao longo do tempo. Várias técnicas de análise vêm sendo desenvolvidas e utilizadas no ambiente financeiro. Entre estas técnicas duas podem ser destacadas por sua facilidade e conveniência de utilização. A primeira delas é a análise horizontal e vertical dos dados de cada conta dos balanços da empresa. Este método consiste em calcular o percentual de cada conta do balanço de uma determinada empresa e compará-los aos valores percentuais de uma outra empresa ou de seus próprios dados ao longo do tempo. Após feita a análise horizontal e vertical dos dados, surge como segunda ferramenta de análise o estudo das demonstrações financeiras através de índices (RAMOS, 1999). Segundo Manix (1997 apud Ramos, 1999), os índices fornecem uma via rápida para monitorar as condições de uma empresa – apesar de permitirem um exame apenas superficial. Ele mesmo, como responsável por conceder empréstimos de um grande banco, utilizava índices como parte da análise de crédito, que lhe auxiliavam a decidir se o empréstimo deveria ou não ser concedido. Quanto a utilização da análise dos índices financeiros, Gitman (2002, p. 102) afirma que a “análise por meio de índices financeiros é usada para comparar o desempenho e a situação de uma empresa com outras empresas, ou consigo mesma ao longo do tempo”. Ele acrescenta ainda que, além dos cálculos dos índices financeiros, o mais importante é a interpretação dos valores destes índices. E que os insumos básicos para a análise baseada em índices são a demonstração do resultado e o balanço patrimonial da empresa, referentes aos períodos a serem examinados. 27 No caso do Brasil, as quatro demonstrações financeiras principais requeridas segundo a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.A.), fontes de dados das empresas para os analistas financeiros são: (1) a demonstração do resultado do exercício, (2) o balanço patrimonial, (3) a demonstração dos lucros retidos, e, (4) a demonstração dos fluxos de caixa (GITMAN, 2002, p.71). 2.1 Análise de índices financeiros Lev (1974 apud Ramos, 1999) diz que os índices podem ser vistos de uma maneira geral como uma relação entre duas variáveis. No caso do ambiente financeiro, como a relação existente entre duas variáveis financeiras. Entre alguns dos exemplos de relacionamento entre variáveis temos a relação existente entre a demanda e o preço de um determinado produto, ou os custos de produção em função do volume produzido. O que acontece na prática é que os analistas procuram fazer com que cada uma destas duas variáveis possua o maior número de informações possíveis, de forma que, através de um número índice se consiga analisar de maneira rápida e objetiva o maior número de informações possíveis de uma empresa. Foster (1986 apud Ramos, 1999), diz que os índices financeiros são a forma mais resumida de se analisar as demonstrações financeiras de uma empresa. Diz ainda que, as principais razões para se estudar dados em forma de índices são: 1. O controle da variável “tamanho” entre a comparação de diferentes empresas numa determinada data ou ao longo do tempo. 2. Tornar os dados mais consistentes através do uso de ferramentas de análises estatísticas, como por exemplo, análises de regressão. 3. Provar uma determinada teoria onde o índice é a variável de interesse. 28 4. Explorar uma regularidade empírica observada entre os índices financeiros e a estimação ou predição de uma variável de interesse, como por exemplo, o risco de uma ação ou a probabilidade de uma empresa declarar falência. Foster (1986 apud Ramos, 1999), destaca ainda o controle da influência do tamanho de uma empresa, como a maior razão citada para a análise de dados em forma de índices financeiros. O exposto acima são apenas algumas boas razões para estudar os índices financeiros. Vamos tratar agora de estudar algumas formas de comparar estes índices. A metodologia de análise de índices financeiros é a técnica de análise mais largamente utilizada e difundida no ambiente financeiro (FOSTER, 1986 apud RAMOS, 1999). Para responder questões como se os valores dos índices estão altos ou baixos, se são bons ou ruins, é necessário ter uma base de comparação. Dois tipos de comparação entre os índices financeiros podem ser feitas. Gitman (2002), classifica estas comparações como: análise cross-sectional e análise série-temporal e as define como: “Análise cross-sectional é a comparação de índices financeiros de diferentes empresas em um mesmo instante; envolve a comparação de índices da empresa com os correspondentes da principal empresa do setor ou com as médias da indústria” (GITMAN, 2002, p.103). “Análise série-temporal é a avaliação do desempenho financeiro da empresa ao longo do tempo, utilizando a análise financeira baseada em índices” (GITMAN, 2002, p.105). Uma possível combinação destes métodos é também sugerida pela maioria dos autores como uma outra forma de análise. “Uma visão combinada permite avaliar a tendência do comportamento do índice com relação a tendência da industria” (GITMAN, 2002, p.105). O objetivo da análise cross-sectional é conseguir retirar informações necessárias para a tomada de decisões pela comparação dos índices investigados com índices padrões (LEV, 1974 apud RAMOS, 1999). 29 Estes índices padrões são baseados geralmente nos índices médios da indústria ou encontrados em publicações especializadas. Para uma melhor análise, alguns autores sugerem que os dados a serem escolhidos deveriam possuir algumas restrições. 1. Os dados pertençam a empresas de uma mesma indústria; 2. As empresas possuam tamanho similar; 3. A contabilidade das empresas envolva os mesmos métodos de cálculo; 4. As empresas estejam localizadas em uma mesma área geográfica. Caso contrário é quase unânime entre vários autores que as relações encontradas não serão de muita confiabilidade. Lev (1974 apud RAMOS 1999) destaca que quando os dados pesquisados são referentes a empresas pertencentes a indústrias ou setores diferentes, a análise financeira será fraca e inconsistente. E diz que há um acordo entre os pensamentos da maioria dos autores que antes de uma análise, há a necessidade de classificação das empresas em segmentos homogêneos. Para o mesmo autor, o problema principal da análise entre empresas pertencentes a segmentos diferentes é a alocação de seus custos, que como sabido, podem ser arbitrárias e até mesmo manipuladas pelos gerentes financeiros para melhorar a performance dos números da empresa, portanto valefalar sobre algumas precauções em relação aos índices financeiros sugeridas por Gitman (2002). 1. Um único índice financeiro não fornece informações suficientes para se julgar o desempenho global de uma empresa. Somente quando um grupo de índices for avaliado é que se poderá fazer julgamentos razoáveis. Se o objetivo da análise for examinar apenas certos ambientes específicos da situação financeira de uma empresa, então um ou dois índices poderão ser suficientes. 2. As demonstrações financeiras quando comparadas, devem ser da mesma data ou mês de encerramento; caso contrário, os efeitos de sazonalidade podem levar a conclusões e decisões errôneas. 3. É preferível usar demonstrações financeiras auditadas para fins de análise de índices financeiros. Se as demonstrações não forem auditadas, não há razão 30 para se crer que os dados ali contidos reflitam a verdadeira situação financeira da empresa. 4. Os dados financeiros que estão sendo comparados devem ter sido elaborados com os mesmos critérios. O uso de tratamentos contábeis diferentes – especialmente com relação a estoques e depreciação – pode distorcer os resultados das análises por índices financeiros, independentemente do tipo de análise utilizado, se cross-sectional ou série temporal. 5. Quando os índices financeiros de uma empresa são comparados com os de outra ou com os da própria empresa ao longo do tempo, os resultados podem ser distorcidos devido a inflação. Esta pode fazer com que os valores contábeis dos estoques e dos ativos depreciáveis sejam muito diferentes dos seus verdadeiros valores. Adicionalmente, as baixas contábeis do custo dos estoques e da depreciação podem diferir dos seus valores verdadeiros e assim, distorcer os lucros. Estes efeitos inflacionários geralmente tem maior impacto, quanto maiores forem as diferenças nas idades dos ativos das empresas que estão sendo comparadas. Sem ajustes, a inflação tende a fazer com que as empresas mais antigas (ativos mais antigos) pareçam ser mais eficientes e lucrativas que as empresas mais novas (ativos mais novos). Obviamente, deve-se tomar cuidado ao comparar índices de empresas mais antigas com mais novas ou da própria empresa em um longo período de tempo. 2.2 Os grupos de índices financeiros Os índices financeiros podem ser subdivididos em quatro grupos ou categorias básicas segundo a literatura estudada. São eles: (1) os índices de liquidez, (2) os índices de capital de giro ou de atividade, (3) os índices de endividamento e (4) os índices de rentabilidade ou lucratividade. Os três primeiros índices, segundo Gitman (2002) medem fundamentalmente risco enquanto os índices de rentabilidade medem retorno. 31 Os tipos de análise De um modo geral, quando quer se avaliar o curto prazo, procura-se avaliar os índices de liquidez, índices de capital giro e índices de rentabilidade, uma vez que estes índices fornecem informações que são críticas ao curto prazo. “Se a empresa não puder sobreviver no curto prazo, não é preciso preocupar-se com as perspectivas a longo prazo” (GITMAN, 2002, p. 107) A utilidade dos índices de endividamento só são fundamentalmente validados segundo este autor, quando o analista tiver certeza que a empresa sobreviverá no curto prazo. Como regra geral, os elementos necessários para uma boa análise financeira incluem no mínimo, a demonstração do resultado e o balanço patrimonial. A análise de liquidez A liquidez de uma empresa tem haver com as condições de pagamento das obrigações da empresa no curto prazo. Segundo GITMAN (2002) liquidez é capacidade de uma empresa para satisfazer suas obrigações no curto prazo, na data do vencimento. A liquidez refere-se à solvência da situação financeira global da empresa, ou seja, a facilidade com que ela pode pagar suas contas. Foster (1984 apud RAMOS, 1999), refere-se a liquidez como sendo a habilidade de uma empresa honrar seus compromissos de curto prazo quando estes vencem. As três medidas básicas de liquidez são: (1) o capital circulante líquido, (2) o índice de liquidez corrente e (3) o índice de liquidez seco. O índice de liquidez corrente O índice de liquidez corrente é um dos índices financeiros mais comumente citados. Geralmente ele mede a capacidade da empresa para satisfazer suas obrigações de curto prazo. É expresso por: 32 Índice de liquidez corrente = Geralmente segundo GITMAN, um índice de liquidez corrente de 2,0 é mencionado como aceitável, mas esta aceitabilidade do valor do índice depende, em grande parte, da indústria na qual a empresa opera. O índice de liquidez seca O índice de liquidez seca é parecido com o índice de liquidez corrente, com a única diferença que este índice exclui os estoques do ativo circulante da empresa, por ser geralmente "o ativo de menor liquidez" GITMAN (1997, p.110). Este índice pode ser expresso como: Índice de liquidez seca = Ocasionalmente, "é recomendado um índice de liquidez seco igual ou maior que 1,0. Mas da mesma forma que para o índice de liquidez corrente, um valor aceitável depende muito da indústria analisada." GITMAN (1997 p.111). A análise do giro Estes índices são utilizados para medir a rapidez com que algumas contas são convertidas em vendas ou em caixa (GITMAN, 1997 p. 112). Os índices mais comumente utilizados são: (1) giro dos estoques, (2) prazo de cobrança, (3) prazo de pagamento, (4) giro do ativo permanente e (5) giro do ativo total. 33 O índice de giro de estoques "O giro dos estoques geralmente mede a atividade, ou liquidez, dos estoques da empresa". GITMAN (1997 p. 112). Giro de estoques = Segundo GITMAN, o giro dos estoques é significativo somente quando comparado ao de outras empresas pertencentes ao mesmo setor. Este índice de giro, quando dividido por 360 (número aproximado de dias do ano), resulta no número médio de dias de venda que a empresa tem em estoque. Giro do ativo total "O índice do ativo total indica a eficiência com a qual a empresa usa todos os seus ativos para gerar vendas." GITMAN (1997 p. 115). Geralmente, quanto maior o valor absoluto deste índice, mais eficientemente a empresa parece utilizar os seus ativos. O giro do ativo total pode ser calculado como: Giro do ativo total = A análise do endividamento O endividamento de uma empresa tem relação geralmente com os recursos de terceiros. "A situação de endividamento de uma empresa indica o montante de recursos de terceiros que está sendo usado, na tentativa de gerar lucros." GITMAN (1997 p. 115). De formal geral, quanto mais recursos de terceiros a empresa utiliza em relação ao seu ativo, maior será a sua alavancagem financeira, termo utilizado para descrever a ampliação do risco e do retorno ocasionada pelo uso de financiamento a custos fixos, como dívida e ações preferenciais. Em outras palavras, "quanto maior o 34 endividamento a custos fixos, ou alavancagem financeira, de uma empresa, maior serão o seu risco e retorno esperados." GITMAN (1997 p. 116). Os índices mais utilizados como medidas de endividamento são: (1) índice de endividamento geral, (2) índice exigível a longo prazo-patrimônio líquido, (3) índice de cobertura de juros e (4) índice de cobertura de pagamentos fixos. Índice de endividamento geral "O índice de endividamento geral mede a proporção dos ativos totais da empresa financiada pelos credores." GITMAN (1997 p. 117). De forma geral, quanto maior for este índice, maior será o montante de capital de terceiros, que vem sendo utilizado para gerar lucros. Este índice é calculado como: Índice de endividamento geral = Este índice é geralmente representado de maneira percentual. Um índice de endividamento geral, por exemplo, de40%, indica que a empresa financia 40% dos seus ativos com capital de terceiros. Índice de cobertura de juros "O índice de cobertura de juros mede a capacidade da empresa para realizar pagamentos contratuais." GITMAN (1997 p. 118). Geralmente, quanto maior for este número índice, maior é a capacidade da empresa para liquidar suas obrigações com juros. Este índice é geralmente calculado como: Índice de cobertura de juros = Como regra geral, GITMAN sugere que este índice possua um valor mínimo de 3,0 e de preferência, próximo a 5,0. 35 A análise de rentabilidade Existem muitas formas de se avaliar a rentabilidade de uma empresa. Cada uma delas se relaciona a um tipo de retorno da empresa, por exemplo, às vendas, aos seus ativos, ao seu patrimônio líquido, ou ao valor das suas ações. Como um todo, "essas medidas permitem a quem analisa, avaliar os lucros da empresa em confronto com um dado nível de vendas, um certo nível de ativos, o investimento dos proprietários, ou o valor da ação." GITMAN (1997 p. 120). Alguns dos índices mais comumente encontrados na literatura são: (1) margem bruta, (2) margem operacional, (3) margem líquida, (4) taxa de retorno sobre o ativo total (ROA), (5) Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), (6) lucro por ação e (7) índice preço/lucro (P/L). Margem operacional "A margem operacional mede o que, com frequência, se denomina lucros puros, obtidos em cada unidade monetária de venda. O lucro operacional é puro, no sentido de que ignora quaisquer despesas financeiras ou obrigações (juros ou impostos de renda) e considera somente os lucros auferidos pela empresa em suas operações." GITMAN (1997 p. 122). Este índice pode ser calculado como: Margem operacional = Margem líquida "A margem líquida mede a porcentagem de cada unidade monetária de venda que restou, depois da devolução de todas as despesas, inclusive o imposto de renda." GITMAN (1997 p. 122). Esta margem líquida é um dos índices mais utilizados pelos analistas, por ser este, o índice que revela o sucesso da empresa em termos de lucratividade sobre vendas. Este índice pode ser calculado como: Lucro líquido = 36 Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido "A taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), mede o retorno obtido sobre o investimento (ações preferenciais e ordinárias) dos proprietários da empresa." ." GITMAN (1997 p. 123). Este índice é calculado como: ROE = Obs: o valor deste número índice é geralmente dado em percentagem. Após dadas as definições dos índices financeiros e apresentados alguns dos índices mais utilizados, esperamos que seja de fácil entendimento os cálculos a serem realizados. 37 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS BARRETO, Maria da Graça Pitiá. Controladoria na gestão: a relevância dos custos da qualidade. São Paulo: Saraiva, 2008. RAMOS, José Paulo de Lucca. O Uso de Índices Financeiros: uma análise empírica. Florianópolis: UFSC, 1999. Dissertação de mestrado. BEUREN, Ilse Maria; BOGONI, Nadia Mar; FERNANDES, Luciano. Abordagem da controladoria em dissertações dos programas de pós-graduação em Ciências Contábeis. Revista Brasileira de gestão de negócios. São Paulo, v. 10. N. 28. Jul/set 2008. BORBA, Valdir Ribeiro. Controladoria Hospitalar: instrumento para o desenvolvimento financeiro e técnico-assistencial. Disponível em: <http://www.mvsistemas.com.br/noticias.shtml> Acesso em: 20 mar. 2011. BONATO, Vera Lucia. Gestão em saúde: programas de qualidade em hospitais. São Paulo: Ícone, 2007. BRASIL. Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar / Secretaria de Assistência à Saúde. 3. ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; DA SILVA, Roberto. Metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. FARIA, Luiz Henrique Lima. Administração Financeira e Controle orçamentário Empresarial. Apostila, 2008. FIGUEREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo C. 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