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Carolina Pretti – TXIV A 1 Semiologia e Propedêutica 3 RACIOCÍNIO CLÍNICO ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 2 PROPEDÊUTICA PEDIÁTRICA ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 3 PROPEDÊUTICA ABDOMINAL E DO SISTEMA DIGESTÓRIO ......................................................................................................................................................................................................................................................... 3 PROPEDÊUTICA CARDÍACA .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 4 PROPEDÊUTICA PULMONAR........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 5 PROPEDÊUTICA VASCULAR ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 6 PROPEDÊUTICA NEUROLÓGICA DO PACIENTE INCONSCIENTE.................................................................................................................................................................................................................................................. 7 PROPEDÊUTICA DE MEMBROS E COLUNA .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 9 PROPEDÊUTICA GERIÁTRICA .........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................10 PROPEDÊUTICA OBSTÉTRICA ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 11 Carolina Pretti – TXIV A 2 Raciocínio clínico Para a execução do raciocínio clínico é necessário conhecimento, habilidade e com- petência. A partir das histórias que compõem as narrativas dos pacientes (a anamnese) e da observação e anotação de sinais de adoecimento em seus corpos (o exame físico) é que os médicos interpretam e criam a própria narrativa médica. O processo solução depende de uma base de conhecimento rica e extensa que reside na memória do médico, além do método de aplicação do conhecimento, utilizado pelo médico na busca de uma solução do problema do paciente. O raciocínio clínico é uma função essencial da atividade médica. A eficiência do aten- dimento médico é altamente dependente da análise e síntese adequadas dos dados clínicos e da qualidade das decisões envolvendo riscos e benefícios dos testes diagnós- ticos e do tratamento. Você deve reduzir as hipóteses para que se chegue em um diagnóstico mais preciso. O sucesso na resolução do problema do paciente é a obtenção de um Diagnóstico correto e de um tratamento efetivo. Deve-se Seleção de que perguntas fazer, decidir quais respostas são confiáveis, interpretar um sinal físico, selecionar um ou mais testes de laboratório, escolher formas alternativas de tratamento. Na primeira consulta, após uma ou duas perguntas abertas, o paciente descreve seus sintomas ou suas preocupações, porém é necessário verificar a aparência, idade, sexo, postura, expressão facial, linguagem e aflições deste. Através dos dados iniciais (anamnese) o médico percebe que há um problema. Esse é o ponto de partida na procura de outras informações na busca da solução. Frequentemente, a culpa de um diagnóstico mal feito recai sobre a história clínica, e muitas vezes ouve-se a expressão “o paciente informa mal” quando na verdade é o médico que não realiza uma boa anamnese. A formulação de hipóteses diagnósticas (HDX) é uma declaração afirmativa relacio- nada a uma situação que pode ser verdadeira ou falsa. A maioria das hipóteses suge- ridas pelo problema. Determinando exatamente quais informações são necessárias para deduzir a mais correta. Hipóteses diagnósticas dependem do conceito inicia formulado pelo médico. Baseiam- se em dado estatísticos de prevalência o conjunto de dados clínicos obtidos a partir da identificação do paciente, anamnese, exame físico e laboratoriais. Na tomada de decisões temos uma ordem cronológica: problema, anamnese, exame físico, exames médicos e hipóteses diagnósticas. O médico que levanta hipóteses di- agnósticas consistentes é o que escolhe e interpreta com mais acerto os exames complementares, parte integrante da medicina moderna. O olhar clínico é a maneira de correlacionar com precisão os dados clínicos com o exame físico, com os exames complementares – capacidade de valorizar os detalhes sem perder visão do conjunto do paciente. Ao chegar a uma decisão diagnóstica deve-se estabelecer a síntese do problema. O médico deve decidir qual das hipóteses ativas tem maior poder explicativo para solu- cionar o problema clínico. Temos dois caminhos que podemos seguir: conhecimento centrado no dado ou na doença. O conhecimento centrado no dado busca interpretar os sintomas e sinais e resultados de exames laboratoriais e de procedimentos de maneira individual e avaliar seus resultados nos termos das manifestações das doenças. O conhecimento cen- trado na doença, busca conhecer as manifestações clínicas que, tipicamente, carac- terizam uma doença. O conhecimento para gerar hipóteses mais frequente utilizado pelos médicos é o centrado nos dados. No processo diagnóstico devemos explorar adequadamente a queixa (ou as queixas) principal e dessas queixas fazer uma história e um interrogatório detalhados. Utilizar um raciocínio, epidemiológico, importante sempre considera as doenças mais frequen- tes, mais prevalentes. As tarefas do raciocínio clínico são a detecção e correto enquadramento dos com- ponentes do problema clínico (agudo, crônico, cirúrgico X clínico). A geração de hipóteses diagnósticas relevantes que justificam a maioria (ou totali- dade) dos achados clínicos. Uso de linhas de raciocínio eficiente e focadas, para valida- ção das hipóteses diagnosticas inicialmente colocadas. Dados estatísticos de prevalên- cia para cada um dado conjunto de dados clínicos. A interpretação correta dos dados, em relação com padrões de doenças previa- mente estabelecidas. A experiencia clínica aumenta a qualidade de hipóteses geradas. Umgrande conhecimento das informações do livro é insuficiente para a geração de hipóteses. Devemos fazer um refinamento e reformulação das hipóteses. Decidir quais infor- mações adicionais são necessárias a partir da história clínica, do exame físico e do laboratório, para então tomar uma decisão diagnóstica. A sequência de perguntas a serem feitas, de manobras semiológicas a realizar no exame físico e de testes labo- ratoriais a solicitar para definir a hipótese correta. Elimina-se as hipóteses em competição que são menos prováveis e seleção das que são consideradas em diagnósticos diferenciais. A prescrição e aplicação de interven- ções terapêuticas consideradas benéficas para o doente, a luz da evidência cientifica disponível. A dedução é a análise e síntese dos dados usados para fortalecer e suportar ou enfraquecer e refutar uma hipótese. O rastreamento é a estratégia de avaliação não diretamente orientada pela hipótese. Procuram-se fatos, sintomas e achados semio- lógicos que possam estar relacionados com o problema ou possam representar um outro problema que também precise ser investigado. O estabelecimento de uma relação médico-paciente que informe das dificuldades do processo, do risco e da incerteza da prática clínica. Capacitações dos doentes parti- ciparem nas decisões sobre os seus cuidados, com decisão dos benefícios e riscos potenciais do tratamento. O diagnóstico constitui idealmente uma explicação (casual, de preferência) de uma alteração de uma função. Isto implica o reconhecimento inicial de uma anormalidade, com um plano para o esclarecimento das suas causas, o conjunto constitui o processo diagnóstico. O método hipotético-dedutivo necessita de dois passos essenciais, a geração de um número limitado de hipótese e ou de formulação de problemas e da coleção de dados confirmatórios. Cada hipótese é utilizada para previsão, caso se esteja na via certa, de quais os achados adicionais que deverão estar presentes sendo que o plano básico constitui como que um guia de pesquisa destes achados. Na prática o que p perito faz é gerar um conjunto limitado de hipóteses estrutu- rantes do problema e que habitualmente são de alta qualidade, já que na maioria das vezes incluem o diagnóstico final confirmado. A interpretação dos dados serve para confirmação (ou anulação) da hipótese diag- nostica. Sob o ponto de vista da tomada de decisão alcançar um diagnóstico significa a atualização de uma opinião baseadas em informação imperfeita (constituída pelos da- dos do exame clínico. A maioria dos médicos formula 3 a 5 hipótese diagnósticos que são produzidas através de heurísticas associações rápidas que os médicos fazem entre os dados obtidos e explicações potenciais, baseadas nas suas experiências pregressas. Elas são essenciais para reduzir a necessidade de fazer muitas perguntas ou realizar exames laboratoriais desnecessários. As heurísticas de ancoragem reduzem a necessidade de muitas perguntas, ou tes- tes laboratoriais supérfluos e para tornar prática e eficiente a tarefa de analisar e sintetizar dados. As heurísticas de representação se dão pela comparativo entre a descrição da história natural da doença e as manifestações apresentadas pelo paciente, pressu- pondo que haja apenas um diagnóstico. Por exemplo, a Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida. As heurísticas de disponibilidade se apoderam de dados epidemiológicos estatísticos e de histórias semelhantes já presenciadas pelo profissional. No viés de confirmação, o médico direciona sua investigação de forma inflexível para a impressão diagnóstica inicial equivocada. Ele nunca faz questões que possam enfraquecer a suspeita DX. Para estabelecer as hipóteses diagnósticas, o médico deve escolher os dados mais relevantes do conceito inicial e se policiar continuamente, evi- tando vieses. O processamento de informação possui as formas automáticas (heurística) e ana- lítica. A automática é altamente eficaz na solução de casos rotineiros ou clássicos, no entanto, pode predispor a erros. A analítica é eficaz na solução de casos considerados complexos. É uma análise criteriosa e exaustiva dos diagnósticos diferenciais que fa- voreçam ou refutem cada um deles Síndromes são conjunto de sinais, sintomas e muitas vezes de alterações genéticas, fisiológicas e patológicas que pode ser secundário a várias etiologias. O diagnóstico sindrômico refere-se ao diagnóstico realizado por médico a respeito de doenças, a partir de um conjunto de sinais e sintomas, que podem abarcar uma ou mais doenças, geralmente pertencentes a um mesmo grupo ou determinadas por causa comum. O diagnóstico topográfico refere-se onde está o problema, ou seja, qual a estrutura e função/anatomia e fisiologia. O diagnóstico etiológico refere-se ao diagnóstico realizado por médico a respeito de uma determinada doença, a partir da comprovação de sua causa, seja por meio de método clínico ou por exames laboratoriais, de imagem. Carolina Pretti – TXIV A 3 Dessa forma, o processo de tomada de decisão na prática clínica e o pensamento médico vem sendo pouco discutidos e valorizados. É de extrema importância para a classe médica adquirir uma autoconsciência de sua prática a fim de detectar os erros que a leva ser alvo de processos pelos pacientes e para que haja redução das incer- tezas Propedêutica pediátrica De maneira geral, os sinais e sintomas mais comuns na pediatria são palidez, icterícia, massa cervical e tosse. 1. PALIDEZ Em um suposto caso de empalidecimento generalizado há 3 meses, de início gradual que vem se acentuando, negando fator desencadeante e fator de piora, referindo discreta melhora quando se expõe ao sol. E citando como sintoma associado astenia, irritabilidade e geofagia (comer terra). Evacua a cada 2 dias, sendo as fezes endure- cidas, eliminadas com esforço, em cíbalas. Foi amamentado por apenas um mês, pois a mãe necessitou retornar ao trabalho. Aos 6 meses de idade foi introduzido frutas e papas de legumes com carne, no entanto, a criança sempre recusou outros alimen- tos que não o leite. Atualmente a sua alimentação é exclusivamente láctea. Ao exame físico apresentou FC de 120bpm, palidez cutânea e BRNF em 2 tempos com sopro sistólico audível em todos os focos +3/+6 suave Os exames laboratoriais mostraram concentração de hemoglobina diminuída (normal no mínimo 12), morfologia das hemaceas (tamanho e coloração) com microcitose e hipocromia, ferro sérico diminuído e ferritina diminuída. O diagnóstico sindrômico é de síndrome anêmico e o anatômico é sistema hemato- poiético. Deve ser observado que a melanina contribui na coloração da pele, entretanto, a mãe relata que quando toma sol ele fica corado. As hemácias contribuem para colo- ração da pele, para um bom funcionamento das hemácias necessita-se ferro, entre- tanto a criança tinha uma restrição alimentar, o que contribui para uma menor inges- tão de ferro. A criança come terra, pois nela há ferro e o organismo pede o nutriente. Quem tem anemia fica irritadiço, astenia por falta de energia, não há fibra para formação de bolo fecal faz com que ela tenha fezes endurecidas. A criança tem uma alta frequência cardíaca para bombear mais oxigênio, há sopro pois não há fluxo lami- nar devido à falta de hemácias 2. ICTERÍCIA Em um suposto caso de icterícia generalizada desde o nascimento e que vem se intensificando, negando fator desencadeante, fator de melhora e piora. Como sinto- mas associados relata fezes pastosas esbranquiçadas e urina escura que mancha a fralda. Quando exposto a banho de sol, não há melhora. Ao exame físico estava corado, hidratado, com icterícia generalizada +3/+4 e acianótico. Os exames laboratoriais mostraram bilirrubina total de13mg/dl, bilirrubina indireta de 3,0mg/dl, bilirrubina direta de 10mg/dl (conjugou, mas não excretou, aumentando a coloração da urina) O diagnóstico sindrômico é de síndrome ictérico e o anatômico é sistema hepatobiliar. Em uma visão fisiológica,a bilirrubina é o produto de degradação da hemoglobina. A hemoglobina é captada pelo sistema reticuloendotelial (macrófagos). Com a ação da heme-hemoglobina converte-se em biliverdina + monóxido de carbono + ferro. A bili- verdina é metabolizada pela biliverdina-redutase em bilirrubina indireta sendo liberada dos macrófagos para o plasma. A bilirrubina indireta (lipossolúvel) liga-se a proteína plasmática e transportada para o fígado. No fígado a conjugação com ácido glicurônico pela ação da enzima glicuroniltransferase em bilirrubina direta. A bilirrubina direta (hidrossolúvel) é excretada pelas vias biliares na urina. No intestino por ação das bac- térias forma-se urobilinogênio. No ciclo enterohepático retorna para o fígado e parte (5%) é excretado pela urina. Deve ser observado que a criança está corada, portanto não há problemas na hemácia e o sistema de produção da bilirrubina está prejudicado. 3. MASSA CERVICAL Em um suposto caso de nódulos em região lateral do pescoço bilateral há 2 meses, de aumento gradual, com1,0 cm, consistência endurecida, dolorosos e alteração da pele ao redor. A criança vem apresentando febre diária, intensidade 38-39ºC, em média 3 picos diários, em horários variados, sem fator desencadeante, melhora com antitérmico e negando fator de piora. Refere como sintoma associado emagrecimento de 3kg nesse período, diminuição do apetite, adinamia e febre intermitente, um epi- sódio diário, mensurada e 38ºC. Procurou serviço médico que prescreveu antibiótico para infecção de garganta sem melhora. Ao exame físico apresentava FC de 84 bpm, FR de 24ipm, REG, febril (37,8ºC), palidez +/+4, acianótico, anictérico, hidratado, eupneico, cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior com diversos gânglios de tamanho aumentado, coalescentes, aderidos a planos profundos, dolorosos, sem alte- ração da pele local. Apresenta, também, um gânglio axilar direito, medindo aproxima- damente 2 cm, doloroso, livre, sem alteração da pele local, abdome plano e flácido, fígado palpável a 2 cm CRD, borda romba, pouco doloroso e fibro elástico, baço pal- pável a 2 cm RCE. Os exames que devem ser solicitados são US ou TC de abdome para verificar a presença de cadeias ganglionares, RX ou TC do tórax para verificar a presença de cadeias ganglionares em região perihilar e mediastinal, hemograma; ferritina DHL, ácido úrico, anatomopatológico de gânglio, teste tuberculínico, sorologias de TORCHES e mie- lograma O diagnóstico sindrômico é de sistema linfoproliferativo e o anatômico é sistema reticuloendotelial (compõem a estrutura de gânglios, fígado e baço) Deve ser observado que a desnutrição não é crônica, pois houve perda de peso, mas a estatura não está normal. Está taquipneico e taquicardico devido a febre. As cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior com diversos gânglios. Não é normal fígado palpável a 2cm CRD e baço palpável em 2cm RCE. Suspeita-se de uma doença que atinge sistema linfoproliferativo. A falta de apetite se deve a substâncias que são liberadas que o diminuem. Deve ser solicitados exames para localizar gânglios intraca- vitários, gânglios aumentados na cadeia mediastinal e gânglios cervicais na tomografia 4. TOSSE Em um suposto caso de tosse há 3 semanas, que se mostra diária, predominante- mente noturna, pouco produtiva, tendo como fator desencadeante um resfriado, sem fator de melhora ou piora. Como fatores associados refere a presença de halitose, fungação e coriza de coloração esverdeada. Refere a aplicação de solução fisiológica nas narinas, sem melhora. Refere episódios de sibilância esporádicos, ter tido bronqui- olite aos 6 meses de idade tratado no domicílio com inalações, tendo melhora. Ao exame físico há presença de coriza de aspecto mucopurulento, na ausculta há presença de roncos e raros sibilos em ambos hemitórax. Aos exames laboratoriais apresentou RX de seios da face com opacidade com ou sem nível líquido em seios da face, TC seios da face e RX tórax com sinais de hiperinsuflação pulmonar O diagnóstico sindrômico é de síndrome sinobronquial e o anatômico é aparelho res- piratório. Deve ser observado que a coloração normal da coriza é transparente/branca (parte superior do aparelho respiratório prejudicado), o paciente teve bronquiolite aos 6 meses, presença de roncos e raros sibilos (parte inferior do aparelho respiratório prejudicado). A tosse não é produtiva pois os brônquios só foram afetados secunda- riamente devido a infecção na parte superior Propedêutica abdominal e do sistema digestório Devemos obter uma história clínica precisa da enfermidade, interpretar correta- mente os principais sintomas da doença digestiva, realizar um exame físico minucioso e fazer um uso inteligente dos exames laboratoriais e outros exames complementares. No aparelho digestivo os principais sinais e sintomas são pirose, disfagia, odinofagia, dor abdominal, constipação, diarreia, gases, febre, vômitos, anorexia, regurgitação, dor torácica, plenitude pós-prandial, desnutrição, anemia, icterícia, hepatomegalia, es- plenomegalia, massas abdominais, sangramentos, distensão abdominal, alterações dos RHA, borborigmos, vascolejos, ascite e emagrecimento. 1. ESÔFAGO Os principais sintomas e sinais são pirose, disfagia, odinofagia, vômitos, regurgitação, desnutrição, anemia, eructação, sangramentos e halitose. Em um suposto caso de dor retroesternal tipo queimação há 1 semana com piora e melhora com uso de antiácidos associada a sensação de refluxo gastroesofágico e halitose, negando perda ponderal; o diagnóstico sindrômico é de síndrome dispéptica e o anatômico é trato gastrointestinal alto. Os exames complementares que deveriam ser solicitados são endoscopia digestiva alta para o diagnóstico e terapêutico (biopsia, cauterização), uma vez que diagnostica complicação do refluxo e a esofagite, tomografia computadorizada de tórax, serio- grafia esôfago-estômago-duodeno, ecoendoscopia esofágica, manometria e pHmetria esofágica, ambas para o diagnóstico de refluxo. 2. ESTÔMAGO Os principais sintomas e sinais são pirose, epigastralgia, vômitos, perda de peso, massas abdominais, dor abdominal, emagrecimento, anorexia e plenitude pós-prandial. Em um suposto caso de dor epigástrica tipo queimação há 06 meses sem irradiação com piora com alimentos e sem fator de melhora, associada a astenia e perda pon- deral de 20Kg no período (15% do peso), com história de tabagismo importante e Carolina Pretti – TXIV A 4 etilismo; o diagnóstico sindrômico é de síndrome consuptiva (maior importância) e o anatômico é trato gastrointestinal alto ou epigástrio Os exames complementares que deveriam ser solicitados são endoscopia digestiva alta, tomografia computadorizada de tórax e do abdome e seriografia esôfago-estô- mago-duodeno 3. FÍGADO E VIAS BILIARES Os principais sintomas e sinais são icterícia, cólica biliar, dor abdominal, ascite, he- patomegalia, náuseas e vômitos. Em um suposto caso de dor em hipocôndrio direito há 10 dias com náuseas e vômitos associado a colúria, acolia fecal e pele amarelada com prurido; o diagnóstico sindrômico é de síndrome ictérica e o anatômico é vias biliares e fígado ou hipocôndrio direito Os exames complementares que deveriam ser solicitados são colecistograma oral, ultrassonografia do abdome, tomografia computadorizada do abdome e pelve, resso- nância magnética do abdome, cintilografia, colangiopancreatografia endoscópica retró- grada, colangiorressonância e ecoendoscopia. 4. PÂNCREAS Os principais sintomas e sinais são icterícia, dor abdominal, elitismo, ascite, náuseas, vômitos, emagrecimento, etilismo e diarreia. Em um suposto caso de dor (geralmente em faixa) em andar superior do abdome em faixa com vômitos incoersíveis há 1 dia, referindo etilismo crônico e diarreia asso- ciado; o diagnóstico sindrômico é de síndrome álgica abdominal (menos específico) ou abdômen agudo e o anatômico é abdome superior. Os exames complementares que deveriamser solicitados são RX abdome (ruim, pois ele é retroperitoneal), ultrassonografia do abdome, tomografia computadorizada do abdome, ressonância magnética do abdome, colangiopancreatografia endoscópica re- trógrada-Wirsungrafia e ecoendoscopia. 5. INTESTINO DELGADO Os principais sintomas e sinais são náuseas, gases, borborigmos, RHA aumentado, vascolejo, diarreia, esteatorréia (fezes volumosas, espumosas, boiam e brilham), dor abdominal e flatulência Em um suposto caso de história de diarreia fétida com fezes espumosas e volumo- sas há 01 mês associado a cólica abdominal e flatulência, com passado de etilismo; o diagnóstico sindrômico é de síndrome esteatorréica ou síndrome diarreica e o anatô- mico é trato gastrointestinal baixo Os exames complementares que deveriam ser solicitados são exame de fezes, pesquisa de leucócitos fecais, trânsito de delgado, tomografia computadorizada de abdome e pelve, ressonância magnética de abdome e pelve, enteroscopia e cápsula endoscópica 6. INTESTINO GROSSO Os principais sintomas e sinais são gases, vascolejos, diarreia, disenteria, dor abdo- minal, RHA aumentados ou diminuídos, borborigmos, constipação intestinal, tenesmo e prurido Em um suposto caso de evacuação a cada 3 dias com fezes ressecadas, esforço evacuatório e manobras digitais vaginais há 15 anos com melhora parcial com laxantes e piora com ingestão de farinha; o diagnóstico sindrômico é de síndrome defecatória ou síndrome da constipação intestinal e o anatômico é trato gastrointestinal baixo/as- soalho pélvico. Os exames complementares que deveriam ser solicitados são exame de fezes, pesquisa de leucócitos fecais, enema opaco, tomografia computadorizada de abdome e pelve, ressonância magnética de abdome e pelve, colonoscopia, colonoscopia virtual, manometria anorretal e tempo de trânsito colônico 7. ÂNUS Os principais sintomas e sinais são dor, prurido, abaulamento, sangramento, evacu- ação obstruída e incontinência anal. Em um suposto caso de perda de fezes e flatos há 03 anos com piora após reali- zação de parto transvaginal e menopausa; o diagnóstico sindrômico é de incontinência anal e o anatômico é ânus ou complexo esfincteriano Os exames complementares que deveriam ser solicitados são exame de fezes, Swab anal, manometria anorretal, ultrassonografia endoanal, ressonância nuclear magnética, defecorressonância, eletroneuromiografia anal, defecograma e ecodefe- cografia 8. ABDOME AGUDO Dor localizada na região abdominal que seja suficiente para fazer com que o paciente procure auxílio médico e que não tenha diagnóstico prévio, com duração superior a 6- 24h. Síndrome dolorosa aguda de intensidade variável, que leva o paciente a procurar o médico e requer tratamento imediato clínico ou cirúrgico e que, se não tratado, evolui para piora e deterioração do estado geral. O não traumático ocorre por processo inflamatório, perfurativo, obstrutivo, he- morrágico e vascular. O traumático ocorre ferimento por arma branca e ferimento por projétil de arma de fogo. O diagnóstico sindrômico é abdome agudo e o diagnóstico anatômico é o local do abdome. Os exames complementares que deverão ser solicitados são hemograma, RX do tórax e abdome, ultrassonografia abdome, ultrassonografia transvaginal, tomografia do abdome e da pelve, ressonância magnética e arteriografia. Propedêutica cardíaca A idade é um fator que influencia muito na análise da queixa. Para que possa ser realizado o diagnóstico correto. Algumas doenças são mais comuns em certas idades. Em crianças e jovens há mais casos de febre reumática, a doença de chagas é comum no Nordeste e em idades entre 20-50 anos, as doenças cardiovasculares isquêmicas são comuns em maiores de 50 anos. Em algumas doenças há influência do sexo. Em mulheres temos lesões mitrais e sobretudo prolapso. Em homens temos coronoriopatias até os 45 anos de idade. Em ambos temos coronariopatias. Em relação a raça, a população negra apresenta mais casos de anemia falciforme que causa uma anemia crônica, onde o coração faz uma taquicardia continua podendo dilatar o coração. A hipertensão arterial também é mais comum nesta população. Em relação a profissão e ocupação, o trabalhador braçal realiza exercício físico extenuante a longo prazo e pode aumentar a probabilidade de hipertensão. O stress pode aumentar a chance de doenças cardiovasculares. Em relação a religião, jovens com uma DST pode desenvolver endocardite, testemu- nha de Jeová não pode receber transfusão sanguínea, podendo gerar uma anemia, que pode desenvolver uma taquicardia (taquicardiomiopatia). Em relação aos antecedentes pessoais, os fatores de risco para a doença corona- riana são hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e diabetes mellitus. Em neoplasias, antecedente de quimio ou radioterapia pode causar lesão cardíaca. Em relação aos antecedentes familiares, doenças cardiovasculares tem alto grau de hereditariedade (destaque para aterosclerose). É importante questionar se pai e mãe tiveram infarto ou AVC, além de questionar a idade, pois quanto mais cedo eles tiverem tido, mais cedo o paciente também pode ter. Doenças como HAS, doenças coronarianas e morte súbita, possui grande hereditariedade. Quando a mãe é porta- dora de Doença de Chagas, pode haver transmissão vertical. Dispinéia Pode ser classificada em aguda e crônica, em repouso e ao esforço. A aguda ocorre em embolia pulmonar, pneumotórax, edema, agudo de pulmão e obstrução de vias aéreas. A crônica ocorre em ICC, obesidade, gestação, derrame pleural bilateral e DPOC (dispneia crônica). No repouso ocorre em embolia pulmonar, pneumotórax e edema agudo de pulmão. Aos esforços ocorrem em ICC. Os sintomas acompanhantes são sibilos (ICC na asma cardíaca e asma brônquica), dispinéia paroxística noturna (ICC no edema alveolar) e dor torácica (TEP e doenças cardiovasculares) Dor anginosa/cardíaca/torácica Ela é muito característica, porque toda a inervação tem relação com o lado esquerdo (braço esquerdo, ombro, pescoço e mandíbula). Na dor nos dois ombros há maior sen- sibilidade para identificação de doenças cardíacas. No sinal de Levine, o paciente chega com a mão segurando o local do coração com dor aguda e súbita. Tal dor indica angina em esforço, angina em repouso, prolapso mitral, reflexo eso- fágico, espasmo esofágico, úlcera péptica, hiperventilação e embolia pulmonar Outros sintomas são edema de MMII, dor epigástrica e sensação de plenitude, au- mento de volume abdominal, palpitações (constantes, intermitentes, tipo de início e término), vertigens e síncopes (vertigens rotatórias ou não - mais frequentes) Exames complementares – propedêutica armada Utilização de elementos fora da anamnese e do exame físico para chegar a uma hipótese diagnóstica. o Laboratorial: Marcadores de necrose: troponina (quando está elevada indica que a necrose está localizada no coração, sendo a mais específica), CPK (creatinofosfoquinase Carolina Pretti – TXIV A 5 – proteína muscular, pode ser no coração ou qualquer outro musculo, encon- tra-se aumentada em politrauma, rabidomiolise, injeção intramuscular) dividida em CKMB (fração da CPK relacionada ao coração) e CKMB massa (se aumen- tada, indica lesão cardíaca) BNP e pró BNP (peptídeo natriurético atrial): hormônio que aumenta a dilatação das células cardíacas, quando está alto indica insuficiência cardíaca Perfil lipídico (triglicerídeos, LDL, HDL), glicemia, função renal (uréia e creatinina), transaminases, coagulograma, eletrólitos e ácido úrico (marcadores de altera- ções metabólicas) o Eletrocardiograma: consegue-se registrar o funcionamento elétrico do coração. A somatória de todos os impulsos elétricos é um vetor de ativação, sendo este de cima para baixo, da direita para esquerda e de trás para frente. Ondas: Onda P: corresponde à despolarização atrial, sendo sua primeira componente relativa à aurícula direita e a segunda à aurícula esquerda, a sobreposiçãodas duas componentes gera a morfologia arredondada (excepção de V1) com amplitude máxima de 0,25 mV. Sua altura normal é de 2,5 mm e seu com- primento de 3 mm, sendo avaliada em D2. A hipertrofia atrial causa um aumento na atura e/ou duração da onda P. Onda Q: representa a despolarização do septo interventricular. Onda R: corresponde ao seguimento do estímulo elétrico em direção ao ele- trodo, apresentando-se como uma onda positiva. Onda S: corresponde ao seguimento do impulso pelas fibras de Purkinje que irão ascender pelas paredes externas do ventrículo. Complexo QRS: corresponde a despolarização ventricular. é maior que a onda P pois a massa muscular dos ventrículos é maior que a dos átrios. Anormali- dades no sistema de condução geram complexos QRS alargados. Onda T: corresponde a repolarização ventricular, sendo normalmente per- pendicular e redonda. A inversão da onda T indica processo isquêmico, anor- malidade indica hipercalemia e a ausência indica arritmia não sinusal. Onda U: a repolarização atrial não costuma ser registrada, pois é encoberta pela despolarização ventricular, evento elétrico concomitante e mais potente. A onda U é oposta à onda P Intervalos: Intervalo PR: é o intervalo entre o início da onda P e o início do complexo QRS. É um indicativo da velocidade de condução entre os átrios e ventrículos, cor- respondendo ao tempo de condução do impulso elétrico desde o nó atrioven- tricular até os ventrículos. Intervalo PP: é o intervalo entre duas ondas P. Corresponde a frequência de despolarização atrial, ou simplesmente frequência atrial. Intervalo RR: é o intervalo entre duas ondas R. Corresponde a frequência de despolarização ventricular ou simplesmente frequência ventricular. Posição: posiciona-se os eletrodos formando o trígono de Einthoven (braço di- reito, braço esquerdo e perna direita) Derivações: as derivadas de onde os eletrodos estão posicionadas são D1, D2, D3, aVR, aVL, aVF, V1, V2, V3, V4, V5 e V6. Elas analisam ao mesmo tempo o estímulo em posições distintas do coração. Quanto mais derivações, maior a sensibilidade de detecção de doenças cardíacas. Alterações: fibrilação atrial/flutter atrial (ausência de onda P, presença de ondas de fibrilação entre os complexos QRS e intervalos RR anormalmente irregulares), fibrilação ventricular/flutter ventricular, extrassístole ventricular (complexo QRS largos, ausência onda P precedente e sucedido por pausa totalmente compensatória) e isquemia miocárdica (elevação do intervalo ST, in- versão da onda T ou infra desnivelamento do intervalo ST) Indicação: o eletrocardiograma é indicado como parte da análise de doenças cardíacas (principalmente arritmias cardíacas) e no diagnóstico de IAM sendo exame de escolha nas emergências juntamente com a dosagem das enzimas cardíacas. DA SA DA DV SV DV o Raio-X torácico: podemos identificar abaulamento de aorta. O tamanho de silhueta pode caracterizar ICC o Ecocardiograma com doppler: possui ampla disponibilidade e ótima relação custo- benefício. Excelente técnica para análise estrutural e funcional do coração. São obtidas de forma rápida e fácil as dimensões cavitárias, espessuras das paredes, anatomia, mobilidade e competência das valvas, características do pericárdio e dados para avaliação das funções sistólica e diastólica dos ventrículos. Mapeamento a cores: fluxos que se aproximam do transdutor são represen- tados pela cor vermelha e fluxos que se afastam pela cor azul. Tonalidades e brilhos diferentes significam variações de velocidade de fluxo. o Teste ergométrico: identifica doenças cardíacas aos esforços. Usado para detec- ção de arritmias, isquemia miocárdica, distúrbios hemodinâmicos induzidos pelo es- forço. Necessário avaliar capacidade funcional e condição aeróbica, diagnosticar e estabelecer prognóstico de determinadas doenças cardiovasculares, prescre- ver exercícios, avaliar objetivamente os resultados de intervenções terapêuticas, demonstrar ao paciente e aos seus familiares suas reais condições físicas e fornecer dados para perícia médica. o Cintilografia cardíaca: administra-se radioisótopos por via oral ou injetável para verificar a captação do coração o Cateterismo (cinecoronariografia): é um exame invasivo usado para medir pres- sões e cavidades torácicas, a fim de avaliar as artérias o Angiotomografia de coronárias: é possível analisar todas as artérias. O paciente não pode estar taquicardíaco e só é possível ver vasos proximais o Tomografia de tórax: visualiza-se o corpo do osso esterno, átrio direito, veia cava superior, cone arterial (início do tronco pulmonar, localizado na região de saída do ventrículo direito, superiormente a crista supraventricular), parte ascendente da aorta (local da valva aórtica, constituída por três válvulas semilunares - as válvulas semilunares direita e esquerda estão relacionadas com os óstios das respectivas artérias coronárias), átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, veia pulmonar direita, veia pulmonar esquerda, parte descendente torácica da aorta e parte torácica do esôfago o Ressonância nuclear magnética: é possível identificar falha na contração e cardi- opatias congênitas Propedêutica pulmonar Existem doenças pulmonares relacionadas a idade, como por exemplo nas crianças temos atrésias do esôfago, membrana hialina, bonquiolite, sarampo e coqueluche. Nos adultos temos carcinoma brônquico, bronquite crônica e enfisema Há doenças relacionadas ao sexo. Nas mulheres temos adenoma brônquico e lúpus eritematoso. Nos homens eram mais comuns as doenças relacionadas ao tabaco (atu- almente, as mulheres estão fumando mais). Em relação a raça, estatisticamente a sarcoidose e a tuberculose predominam en- tre indivíduos de raça negra e as colagenoses são mais comuns entre os brancos. Em relação a procedência, profissão e ocupação, em países mais industrializados, as pneumoconioses são mais frequentes, em oposição aos mais agrícolas (paracocci- diodomicose.). Pacientes que exercem atividade ao ar livre ou ambiente fechado, tra- balhadores de pedreira, escavações (silicose)., indivíduos que lidam com pássaros, galinhas ou que visitaram grutas (histoplasmose), cabelereiros que usam frequente- mente “spray” podem apresentar manifestações pulmonares podendo evoluir para fibrose intersticial. Em relação aos antecedentes pessoais, infecções pulmonares graves e extensas na infância podem reduzir as reservas respiratórias por tecido cicatricial. Sarampo, coqueluche podem facilitar o aparecimento de bronquiectasias. Traumas podem causar pneumotórax, hemotórax ou hérnias diafragmáticas. Perda da consciência e anestesia podem estar associados a pneumonia aspirativa ou abscessos pulmonares. Indivíduos com passado alérgico, eczema, dermatite, podem apresentar rinite e asma. Diabéticos são mais vulneráveis a infecções. Pacientes com uso crônico de corticóides, imunos- supressores, podem favorecer a presença de germes oportunistas. Carolina Pretti – TXIV A 6 Em relação aos hábitos de vida, o tabagismo possui relações diretas com bronquite e enfisema e carcinoma broncogênico. O alcoolismo possui relação com certos germes causadores de pneumonias. O interrogatório sintomatológico é necessário para que possamos esclarecer se estamos diante de dor, uma doença pulmonar ou se o pulmão está funcionando como espelho de uma doença geral. Como por exemplo, rinite crônica e conjuntivite na asma alérgica, hemoptise na síndrome de Goodpasture (lesão glomerular), baqueteamento digital nas alterações crônicas pulmonares (hipoxemia crônica), obesidade e sonolência na apnéia do sono, uso de medicamentos como nitrofurantoína (infecção urinária) e sulfas (antibiótico) podem provocar infiltrados pulmonares e o amiodarona (anti-arriti- mia) e bleomicina (quimioterápico) podem causar fibrose pulmonar. Os principais sinais e sintomas são a dor torácica, tosse, expectoração,hemoptise, vômica (vem do pulmão; quantidade grande de secreção normalmente purulenta), dis- pneia, sibilância e cornagem (estridor) Exames complementares o Radiografia simples do tórax: é possível identificar traqueia, clavícula, arco aórtico, espinha da escápula, primeira costela, costela posterior, costela anterior; artéria pulmonar direita, artéria pulmonar esquerda, corpo vertebral, esterno, aorta des- cendente, aorta ascendente, coração. Há alguns padrões radiológicos. Artérias grandes indicam hipertensão pulmonar, pede-se PA e perfil. Na neoplasia pulmonar o raio X se apresenta com padrão esbranquiçado. Na pneumonia. Em exames com o uso de contraste, os lugares em que o contraste não aparece, há alteração o Tomografia do tórax: na dúvida pede-se ela para uma menor análise, já que po- demos analisar por meio de cortes. É bom para ver coisas sólidas. o Ressonância magnética: é um padrão bom para ver vasos e mediastino. O ar não é visto nitidamente. As células tumorais são avidas por glicose e injeta-se fluorgli- cose o Angiografia pulmonar: insere-se o cateter normalmente pela artéria femoral para chegar à artéria pulmonar. Pode-se ver falhas de enchimento. Utilizado para identifica embolia pulmonar. Usa-se em último em caso o Cintilografia pulmonar: exame que demanda tempo, por isso não é muito usado em caso de suspeita de embolia pulmonar, por exemplo. As áreas mais vermelhas ocorrem porque estão captando mais ar. Pode haver falso positivo. o Ultrassonografia pulmonar: usado, exclusivamente, para identificar derrame pleu- ral. Atualmente também é usado para diagnóstico de pneumonia. o Broncoscopia: ocorre invasão do doente via aérea. É necessário injetar líquido e aspirar por um orifício. Também é possível realizar biopsia o Prova de função pulmonar-espirometria: Padrão obstrutivo ou padrão restritivo ou padrão misto. No asmático é obstrutivo. o Gasometria arterial: colhe-se o sangue da artéria Propedêutica vascular Utiliza-se a inspeção, palpação, percussão e ausculta. Sendo que na inspeção deve- se aquecer as mãos. Sistema arterial O exame clínico das artérias compreende a anamnese e o exame físico com algumas manobras especiais. As informações mais relevantes na anamnese ao se tratar do sistema arterial são a idade, sexo, raça, antecedentes pessoais e uso de tabaco. Os fatores de risco são o tabagismo, obesidade, HAS, sedentarismo, DM e dislipidemia. As principais queixas relacionadas com o sistema vascular são: o Dor: formigamento, queimação, constrição ou aperto, cãibras, sensação de peso ou de fadiga. Na claudicação intermitente, em exercício, a dor aparece e no re- pouso, desaparece; a dor é progressiva, aparecendo em exercícios menos inten- sos, mas o tempo para regressão da dor é maior. A dor pode ser em repouso se não tratado, perdendo da ação da gravidade. Alterações na coloração da pele: palidez, cianose, eritrocianose, rubor, Fenômeno de Raynaud (partes cianóticas e partes ruborizada) e Livedo Reticular (semelhante ao fenômeno de Reynaud, mas acomete o membro inteiro) o Alterações de temperatura: redução da temperatura da pele, a qual piora com o frio o Alterações tróficas: atrofia da pele, alterações ungueais, redução do tecido sub- cutâneo, lesões ulceradas, queda de pelos, úlceras (normalmente são dolorosas, de fundo pálido e rasas, normalmente as de membro inferior estão localizadas no maléolo medial) Deve-se analisar e aferir o pulso das artérias carótida, temporal, subclávia, axilar, braquial, ulnar, radial, femoral, poplítea, tibial posterior, tibial anterior e pediosa. Durante a palpação são realizadas algumas manobras, são elas: o Elevação das extremidades ou Prova de Buerger: deve-se elevar o membro infe- rior a 45°-60º e aguardar 1 minuto. Posteriormente, deve-se pedir para o paci- ente se sentar e apoiar o pé. O membro com aterosclerose ou obstrução crônica fica mais pálido e ao voltar a posição normal há um retardo para retornar à coloração normal e ocorre hiperemia reativa. o Posição pendente: com o paciente em decúbito dorsal, deve-se elevar o membro em grau variável por 1 minuto e, posteriormente, sentar o paciente com a perna pendente. Quando positivo, o membro isquêmico fica pálido e leva mais de 10 segundos para recuperar a cor, quando pendente, adquirindo progressivamente cor ruborizada após alguns segundos (rubor pendente ou hiperemia reativa) o Manobra de Addison: acarreta o diagnóstico de compressão da artéria subclávia e do plexo braquial, podendo ser devido ao escaleno ou por uma alteração no processo espinhoso da sétima vertebra. Com o paciente de pé e o examinador localizado atrás, palpar o pulso radial do membro ipsilateral à artéria subclávia avaliada. Em seguida, realiza-se a abdução, extensão e rotação externa do mem- bro avaliado, sempre com o pulso palpado. Depois pedir para o paciente inspirar profundamente e rotacionar a cabeça em direção ao lado examinado. Quando positivo, o pulso radial diminui ou desaparece com a inspiração e rotação da cabeça para o lado acometido. As principais doenças arteriais são: o Arteriosclerose: envelhecimento das artérias. o Tromboangeíte obliterante: causa uma deficiência arterial por espasmos devido dificuldade de irrigação. o Aneurismas: saculações nas paredes dos vasos. o Fístulas arteriovenosas: normalmente são pós-traumáticas. o Síndrome isquêmica aguda: é causada por interrupção aguda de um vaso. O paci- ente apresenta dor, palidez distal, cianose, esfriamento, contratura muscular (Volkmann), bolhas (em áreas cianóticas) e ausência de pulsos. o Síndrome Isquêmica Crônica: apresenta o mesmo quadro da síndrome aguda, mas com aparecimento indicioso/gradativo. Os sinais e sintomas dependem do terri- tório acometido e geralmente, são menos intensos. Nesta, o paciente pode criar circulação colateral para auxiliar a circulação da parte acometida., assim os infar- tos em jovens são mais fatais que em idoso o Doença arterial obstrutiva periférica (DAOP): paciente apresenta claudicação in- termitente Os exames complementares utilizados são Doppler (menos invasivo), USG Doppler, USG abdome, tomografia abdome, arteriografia (“padrão-ouro”) e angiotomografia Sistema venoso O fluxo venoso atinge o átrio direito em virtude de vários fatores, como a volemia, pressão venosa, bomba muscular, sistema de válvulas, batimentos arteriais, vis a tergo (pressão residual da sístole ventricular nos capilares arteriais para os venosos) e vis a fronte (pressão do átrio direito, sucção cardíaca sobre as veias centrais, pressão negativa). As informações mais relevantes na anamnese ao se tratar do sistema venoso são o número de gestações, cirurgias prévias, traumatismo, permanência prolongada no leito, imobilização prolongada com gesso ou tração, uso de anticoncepcionais, estado de choque, desidratação, antecedentes de neoplasias, prática de esportes, heredita- riedade e profissões com longo tempo em pé As principais queixas, estão relacionadas a v. safena magna. São elas dor, alterações da cor da pele, alterações tróficas, edema, celulite, hiperpigmentação, eczema, pru- rido, úlceras e hemorragias A dor pode ser em peso, queimação, ardência, cansaço, câimbras, formigamento, picada ou ferroada, com piora no calor ou ao ficar em pé. A dor intensa, associada a edema e cianose, levanta a suspeita de trombose venosa profunda. No exame físico, deve-se realizar inspeção, palpação, ausculta e manobras especiais. Deve-se analisar o panículo adiposo, temperatura, pele, cicatrizes e umidade. Deve ser realizado, preferencialmente, com paciente em pé quando houver varizes e em Carolina Pretti – TXIV A 7 decúbito dorsal em casos de suspeita de trombose venosa profunda, por conta da gravidade, que auxilia na visualização das varizes. Durante a palpação são realizadas algumas manobras, são elas: o Manobra de Brodie-Trendelenburg: utilizado para avaliar a válvula do óstio da sa- fena e das perfurantes.Posicionar o paciente em decúbito dorsal, elevando seus membros a 90º até esvaziar as veias superficiais. Passar um torniquete na raiz da coxa, solicitando que o paciente fique em pé rapidamente e se o enchimento for rápido de baixo para cima há alteração nas veias perfurantes (insuficientes). Sem o torniquete, quando houver enchimento rápido de cima para baixo, a válvula ostial é insuficiente e quando houver o enchimento rápido de baixo para cima, há apenas insuficiência das perfurantes. o Manobra dos torniquetes múltiplos: com o paciente em decúbito, posicionar o membro comprometido em posição elevada, esvaziando as varizes com manobra de compressão. Distribuir torniquetes nos terços superior, médio e inferior da coxa e nos terços superior e médio da perna. Solicitar que o paciente se levante. O enchimento de varizes em qualquer lugar dos segmentos delimitados pelo tor- niquete, indica a ocorrência de perfurantes insuficientes neste segmento. o Manobra de Perthes: utilizada para demonstrar a perviedade do sistema venoso profundo. Com o paciente em pé, coloca-se um torniquete no terço médio da coxa. Pede-se, então, que ele caminha enquanto se observa o comportamento das va- rizes situadas abaixo do torniquete. Se as varizes esvaziam com a deambulação, o sistema venoso profundo está pérvio até o nível do torniquete. Se as varizes ficam mais evidentes, o sistema venoso profundo está ocluído e caso o paciente permaneça andando, este sentirá uma dor cada vez mais intensa. o Manobra de Homans: deve-se realizar a dorsiflexão forçada/passiva do pé. Se há trombose venosa das veias profundas da perna, o paciente sentira dor intensa da panturrilha o Manobra de Olow: deve-se realizar compressão da musculatura da panturrilha contra o plano ósseo. Se houver dor, é indicativo de tromboflebite. o Manobra de Denecke-Payr: deve-se comprimir com o polegar a planta do pé. Se houver dor, indica trombose profunda das veias do pé. o Sinal da bandeira: com o paciente em decúbito dorsal e perna fletida sobre a coxa, deve-se palpar a panturrilha, sendo positivo se esta estiver com a musculatura mais túrgida e empastada, havendo menor mobilidade As principais doenças relacionadas ao sistema venoso são: o Varizes: são avaliadas de 0 a 6. Sendo, 0 - ausência de varizes, 1 - telangiectasias, 2 - veias varicosas, 3 - edema, 4 - eczema ou dermatite ocre, 5 - úlcera venosa cicatrizada e 6 - úlcera venosa aberta o Úlcera varicosa: localizada, em grande parte das vezes no maléolo. Apresenta-se pouco dolorosa, superficiais, com bordas irregulares, de fundo liso e avermelhado. Pode associar-se a hiperpigmentação da pele ou a dermatite ocre o Trombose venosa profunda: Os fatores mais importantes para o desenvolvimento de uma trombose venosa são aumento da coagulabilidade sanguínea, diminuição do fluxo sanguíneo (estase) e lesão do endotélio vascular (tríade de Virchow). É ca- racterizada por febrícula, taquicardia, mal-estar geral, dor de intensidade variá- vel, edema e empastamento da musculatura. A trombose venosa profunda é a maior causa de óbitos intra-hospitalares no mundo e, paradoxalmente, a mais evitável. Embora os roteiros de profilaxia de trombose venosa existam por mais de 15 anos, ainda continuam sendo cumpridos em menos de 55%. Entre as com- plicações para as quais existem medidas profiláticas, a tromboembolia venosa é a mais frequente causa de morte em pacientes cirúrgicos. A aplicação das medi- das farmacológicas de anticoagulação reduz em 75% o risco de tromboembolia pulmonar entre pacientes cirúrgicos e em 57% entre pacientes clínicos. Pode ser diagnosticada pelo sinal da bandeira. Os fatores de risco são imobilidade a mais de 3 dias, idade (após os 50 anos, o risco de tromboembolia venosa dobra a cada década), história prévia de tromboembolia venosa, varizes de membros inferiores, obesidade, distúrbios hematológicos, gravidez e pós-parto, terapia de reposição hormonal e contracepção hormonal, insuficiência cardíaca congestiva, tabagismo, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, lúpus eritematoso sistê- mico, doença inflamatória intestinal, neoplasia, tabagismo e uso de cateter venoso central o Tríade de Virchow: caracterizada por estase venosa, dano endotelial e hipercoa- gulação. O diagnóstico é realizado com USG dos membros inferiores e angiotomo- grafia. O tratamento é realizado com antigoagulantes. o Embolia pulmonar (EP): ocorre como consequência de um trombo, formado no sistema venoso profundo, que se desprende e, atravessando as cavidades direi- tas do coração, obstrui a artéria pulmonar ou um de seus ramos. Geralmente acomete região dos gastrocnêmicos. Sistema linfático Os principais sinais e sintomas das afecções dos linfáticos são edema, linfangite e adenomegalias. O edema linfático pode ser ocasionado por bloqueio ganglionar ou dos coletores linfáticos como consequência de processo neoplásico, inflamatório (linfangite), parasi- tário (filariose) e após cirurgia de esvaziamento ganglionar. O edema resultante do comprometimento de coletores linfáticos é de instalação insidiosa, iniciando-se pela extremidade do membro afetado, ascendendo lentamente com o passar dos meses ou dos anos. É duro, não depressível, frio, leva à deformidade do membro e não diminui substancialmente com o repouso, mesmo com a elevação do membro. As principais doenças relacionadas com o sistema linfático, são: o Erisipela: é uma doença infecciosa produzida por estreptococo (Streptococcus pyogenes) do grupo A e raramente do grupo C. Caracteriza-se clinicamente por febre elevada, cefaleia, náusea e vômito, concomitantemente com sinais inflama- tórios na área afetada (calor, rubor, edema e dor). Pode comprometer a pele e o tecido celular subcutâneo de qualquer parte do corpo, porém é mais frequente nos membros inferiores. Quase sempre se observa comprometimento de vasos linfáticos (linfangite) e de linfonodos (adenites). Na linfangite, observam-se faixa avermelhada e dolorosa no trajeto linfático, adenomegalia inguinal dolorosa, acom- panhada quase sempre de febre elevada. o Linfedema: é o edema resultante do comprometimento do sistema linfático. Suas características dependem da etiologia, do tempo de evolução e das complicações. Em sua fase inicial, o linfedema é mole, depressível, frio, indolor e regride com o repouso. O de longa duração costuma ser duro, não depressível, frio, indolor e não regride com o repouso Propedêutica neurológica do paciente inconsciente A avaliação do estado de consciência é composta pela análise do nível e conteúdo consciência O nível de consciência diz respeito ao grau de alerta e depende, anatomicamente, do sistema reticular ativador ascendente, o qual é atribuído uma função primitiva e está localizado em todo tronco encefálico, principalmente na ponte e mesencéfalo. A alteração do estado inicia-se como uma alteração do conteúdo e depois ele tem uma alteração no nível de consciência. É categorizado em vigil/alerta (acordado), sonolento (desperta com estímulo verbal), letárgico (acorda com estímulo tátil), obnubilado (acorda com estímulo tátil mais vigoroso, mas cessa sua atenção ao cessar do estímulo), tor- poroso (acorda com estímulo doloroso) e comatoso (não responde a estímulos) O conteúdo representa as funções cognitivas e afetivas, compreendidas por ori- entação temporal, espacial, autopsíquica, discurso com nexo, memória capacidade de julgamento, atenção, linguagem, organização do pensamento, planejamento e execução de movimentos. Depende, anatomicamente, do córtex cerebral, o qual é atribuído uma função elaborada, podendo sofrer lesão difusa devido ao uso de drogas e hipoglicemia. Pode ser categorizado em lúcido ou confuso. O lúcido/orientado apresenta orientação temporo espacial e discurso com nexo, já o confuso apresenta alterações do conteúdo de consciência. Estado de coma A escala de coma de Glasgow auxilia na quantificação do nível de consciência, o qual variade 3 a 15. Quando a somatória resulta em um número inferior a 8, a intubação orotraqueal é necessária, uma vez que não há proteção das vias aéreas. Quando a somatória resulta no número 3, o paciente encontra-se totalmente comatoso. ABERTURA OCULAR 4 Espontânea 3 Estímulo verbal 2 Estímulo doloroso 1 Ausente MELHOR RESPOSTA MOTORA 6 Obedece a comando 5 Localiza dor 4 Retirada ao estímulo 3 Flexão ao estímulo doloroso (decorticação) 2 Extensão ao estímulo doloroso (descerebração) 1 Ausente MELHOR RESPOSTA VERBAL Carolina Pretti – TXIV A 8 5 Orientado 4 Confuso 3 Palavras inapropriadas 2 Sons inespecíficos 1 Ausente O coma é o estado de consciência em que o indivíduo se encontra com olhos fecha- dos e não pode ser despertado para responder adequadamente aos estímulos mesmo com estimulação vigorosa. O coma pode ter causa estrutural ou metabólica. Quando é estrutural pode ocorrer por lesões infratentorial e supratentorial. A lesão infratentorial mesmo que mínima, possui maior chance de destruir a for- mação reticular. Esta pode se dar por tumores primários e metastáticos do tronco encefálico e cerebelo, infarto do tronco, hemorragia do tronco e cerebelo, infarto cerebelar, encefalite de tronco cerebral e neurocisticercose. A lesão supratentorial necessita ser extensa para rebaixar o nível de consciência do indivíduo. Esta pode se dar por lesão cortical bilateral, lesão destrutiva subcortical bilateral, hérnias transtentoriais, neoplasias (extensas ou muito difusa), traumas (lesão axonal difusa, vasoespasmo cerebral e hematomas intracranianos), vascular (hemor- ragia intracerebral, isquemia cerebral extensa, trombose de seio cerebral e isquemia talâmica bilateral), infecção (encefalite viral, meningoencefalite tuberculosa, meningi- tes, empiemas, abscessos, neurocisticercose e SIDA) e metabólico (encefalopatia de Wernicke, encefalomielite disseminada aguda e leucoencefalopatia aguda). A herniação uncal, promove insinuação do úncus do hipocampo através da tenda do cerebelo comprimindo o mesencéfalo e, consequentemente, a formação reticular. As herniações uncais são causadas por lesões unilaterais de efeito progressivamente expansivo levando ao deslocamento do úncus. São caracterizadas por anisocoria, por atingirem o núcleo do nervo oculomotor e causar midríase no lado comprimido. Quando é metabólica/sistêmica/tóxica, pode ocorrer por falência do metabolismo energético cerebral, desequilíbrio ácido-base, desequilíbrio hidroeletrolítico, distúrbio de osmolaridade, toxina endógena, intoxicação exógena, encefalopatia anóxica isquêmica, encefalopatia hipertensiva, coagulação intravascular disseminada, embolia gordurosa, púrpura trombocitopênica trombótica, encefalopatia séptica, vasculites do sistema nervoso central, coma mixedematoso, encefalopatia urêmica, encefalopatia hepática, insuficiência adrenal, hipoglicemia, coma hiperosmolar, hipotermia, hipertermia maligna e síndrome serotoninérgica. A evolução clínica do estado de coma ocorre com: 1. ESTADO MINIMAMENTE CONSCIENTE: Neste estado, o indivíduo apresenta prejuízo, mas apresenta evidência de autocons- ciência e/ou do ambiente, e os pacientes tendem a melhorar. Pode ser subdividido em estado confusional agudo e multismo acinético. O estado confusional agudo ou delírio é o grau mais leve. Nele o paciente não neces- sariamente possuiu rebaixamento do nível de consciência. O paciente pode estar alerta e apresentar apenas alteração no conteúdo, apresentando-se sonolento e acordado O mutismo acinético é entendido como diversos estados patológicos em que a vigília parece intacta, mas a comunicação com o ambiente está abolida ou seriamente difi- cultada. O paciente possui incapacidade de volição e apresenta-se abúlico (não tem vontade de fazer as coisas). Não tem lesão das vias corticoespinais e cortico-bulbares e por ser normalmente em uma área frontal pré-motora, não consegue ativar as áreas motoras. O paciente não terá atrofia e fraqueza. 2. LOCKED-IN: Também chamado de síndrome do encarceramento. Ocorre, normalmente, quando há lesão bilateral na ponte, interrompendo a ligação entre o trato corticoespinhal e corticobulbar e o corpo, logo, o sistema motor. O paciente tem consciência, mas não consegue realizar movimentos, exceto o movimento vertical do olhar, o de piscar de olhos e os movimentos reflexos, como respirar. É bastante comum na clínica, sendo normalmente causado por lesões isquêmicas pontinas bilaterais. 3. ESTADO VEGETATIVO: O paciente possui capacidade de abrir e fechar o olho, apresenta ciclo sono vigília, mas não tem nenhuma consciência e interage com o meio. se durar mais de 30 dias ele é classificado como persistente. É considerado estado vegetativo persistente quando dura mais de 30 dias e estado vegetativo permanente quando dura mais de 3 meses. 4. MORTE CEREBRAL: O paciente apresenta tecido cerebral, mas não há mais circulação devido à ausência de resposta motora e reflexa. Caso o paciente esteja em ventilação mecânica, há batimentos cardíacos. Exame neurológico Deve-se avaliar: 1. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA O nível de consciência deve ser descrito, tanto caracterizando-o em vigil/alerta, sonolento, letárgico, obnubilado, torporoso ou comatoso, como utilizando a Escala de coma de Glasgow. A análise do nível de consciência deve ser realizada com observação passiva, reali- zando, se necessário, estímulos sonoros ou estímulos dolorosos. Os estímulos dolorosos são realizados com fricção do esterno (não recomendada devido as marcas deixadas no paciente), pressão na extremidade dos dedos, pinça- mento do trapézio ou pressão na incisura supraorbitária (mais indicada, pois em caso de lesão medular, utiliza-se o nervo craniano). 2. TAMANHO E REFLEXO PUPILAR Realizar a avaliação pupilar, analisando e descrevendo a forma e tamanho (de 3 a 6 mm), presença de simetria e presença de reflexo oculomotor direto e indireto. Pupilas puntiformes (pequenas) reativas indicam lesão de encefálica, tais como in- farto ou hemorragia, todavia, este padrão também é encontrado na intoxicação por opióides Pupilas midriáticas (grandes) não reativas indicam intoxicação exógena (drogas anti- colinérgicas, anfetamina) e lesões do teto mesencefálico. Pupilas médio-fixas indicam lesão mesencefálica e estão presentes em pacientes que foram a óbito. Pupilas puntiformes não reativas indicam lesão pontina. Pupilas simétricas são denominadas isocóricas. Pupilas assimétricas são denominadas anisocóricas (deve-se descrever qual das pupilas está com midríase). A anisocoria no contexto emergencial indica lesão no lado em que há midríase, esta pode ocorrer por herniação uncal, AVC, neoplasia, hemorragia, entre outros. Com a avaliação dos reflexos pupilares, há a avaliação do nervo óptico (aferência) e oculomotor (eferência). Se o reflexo está normal, quando a luz é jogada em um olho, os dois devem contrair. Se o reflexo indireto for lesado, pode indicar lesão do oculomotor oposto onde a luz foi jogada ou na comunicação entre esses nervos. Se o olho que for jogada a luz não contrair, mas o olho oposto contrair, é provável que o oclomotor do olho em que a luz foi jogada esteja lesado. Se ambas as pupilas não contraírem é provável que o nervo óptico do olho em que foi jogada a luz esteja lesado ou que ambos os oculomotores estejam lesados. 3. RESPOSTAS REFLEXAS DE TRONCO ENCEFÁLICO Todos esses exames são usados para observar se há morte encefálica. A motricidade ocular extrínseca avalia os nervos cranianos III, IV e VI. Deve-se rea- lizar uma observação dos movimentos oculares espontâneos. O desvio do olhar conju- gado indica lesão destrutiva no hemisfério do lado que estiver o olhar. O skew deviation /desvio obliquo do olhar indica lesão do fascículo longitudinal medial. O bobbing ocular indica lesões pontinas externas. O reflexo oculocefálico estabiliza as imagens na retina durante o movimento da cabeça ao produzirum movimento ocular na direção oposta ao movimento da cabeça, desta maneira preservando a imagem no centro do campo visual. Possui como afe- rência o sistema vestibular e como eferência os nervos da motricidade ocular, princi- palmente o III e o VI. O reflexo oculovestibular ocorre com estimulação com água fria ou quente no sis- tema vestibular (membrana timpânica), analisando se o paciente ele mexe o olho. Com água gelada, o paciente olha para o mesmo lado do estímulo e com água quente ele olha para o lado oposto ao estímulo. Se injeta água gelada nos dois ouvidos simultane- amente o paciente olha para baixo e se injeta água quente nos dois ouvidos simulta- neamente o paciente olha para cima. Antes de realizar o teste verificar a permeabi- lidade da membrana. Pacientes com morte encefálica não apresentam esses reflexos. Possui como aferência o sistema vestibular e como eferência os nervos da motricidade ocular, principalmente o III e o VI. O reflexo corneopalpebral ocorre com o contato de algodão na córnea do paciente, esperando o fechamento da pálpebra. Possui como aferência o nervo trigêmeo e como eferência o nervo facial. O reflexo de tosse ocorre por estímulo na Carina através do tubo ou cânula, resul- tando em tosse. Possui como aferência o nervo glossofaríngeo e como eferência os nervos vago e acessório 4. RESPOSTAS MOTORA E PRESENÇA DE SINAIS FOCAIS Deve-se observar a postura em repouso, a movimentação espontânea (caso o pa- ciente esteja apenas rebaixado, mas não em coma) e a movimentação em resposta a estímulos nociceptivos. Carolina Pretti – TXIV A 9 Na movimentação em resposta a estímulos nociceptivos, realiza-se pressão no leito ungueal dos quatro membros, observando a simetria de retirada. Quando o paciente apresenta decorticação (mão em direção ao coração) há indício de lesão diencefálica. Quando o paciente apresenta descerebração (mãos estendidas) há indício de lesão mesencefálica Os reflexos ósteotendíneos independem no sistema nervoso central, sendo bem fidedignos. 5. PADRÃO RESPIRATÓRIO O centro respiratório encontra-se no bulbo, porém lesões em outros locais do cé- rebro podem levar a lesões respiratórias. Deve ser realizada observação passiva. Os padrões diferentes que podem ter poder localizatório. O ritmo de Cheyne-Stokes é caracterizado por um ciclo de apnéia - incursões res- piratórias lentas e de baixa amplitude - incursões respiratórias rápidas e de alta amplitude - apnéia. Comum em lesões diencefálica, telencefálicas e em pacientes com insuficiência cardíaca, devido ao retardo na chegada de CO2 no centro respiratório bulbar A hiperventilação neurogênica central é caracterizada por contínuas incursões res- piratórias rápidas e de alta amplitude. Comum em lesões mesencefálica baixar e pon- tinas altas A respiração apnêustica é caracterizada por um ciclo de inspiração - pausa inspi- ratória - expiração - apnéia - inspiração. Comum em lesões pontinas baixas A respiração atáxica ou ritmo de biot é caracterizada por ser irregular, intercalando momentos de apnéia, incursões respiratórias lentas e de baixa amplitude e incursões respiratórias rápidas e de alta amplitude. Comum em lesões bulbares e transição bulbo- medular, também é considerada como uma respiração pré-morte Propedêutica de membros e coluna Em membros e colunas abrange ossos, articulações, músculos, tendões, ligamentos e estruturas nervosas As queixas mais comuns são dor, deformidades (tumefações e aspecto torto) e incapacidade funcional. Ao exame físico, deve-se realizar a inspeção e palpação. As alterações dos membros e colunas, podem estar relacionadas com outras alte- rações e vice e versa. → Deformidade do palato e na postura de crianças decorrentes de respiração bucal. → Lesão lítica da coluna vertebral devido metástase de tumor de próstata. → Lesão metastática pulmonar de osteossarcoma → Doenças renais e hepáticas alterando o estoque de vitamina D com consequente osteoporose. 1. CASO 1 JSS, 30 anos, branco, natural de Salvador - BA e procedente de São Paulo, católico, casado, pedreiro. QPD: dor nas costas há 7 dias. HPMA: refere que há 7 dias após erguer material de construção durante sua ati- vidade profissional iniciou subitamente dor em região lombar, tipo fisgada, intensidade 8/10, com irradiação para região de membro inferior esquerdo, fator de melhora repouso, fator de piora exercício físico. Como sintoma associado refere parestesia em membro inferior esquerdo. Procurou pronto-atendimento médico onde foi pres- crito analgésico, sem melhora. Atualmente devido a persistência da dor procurou o Hospital Santa Marcelina onde foi internado para investigação diagnóstica. ISDA: nega queixas Exame físico: Peso: 70Kg Estatura: 170 cm IMC: 20,5kg/m2 FC: 84bpm FR: 20 irpm PA: 120/80mmHg Temperatura: 36,7º C Corado, eupneico, hidratado, acianótico, anictérico Fácies: expressão de dor Apresenta contratura da musculatura paravertebral lombar esquerda e diminuição da sensibilidade tátil e força muscular em MIE Marcha: apresenta claudicação devido a dificuldade de movimentação do MIE Diagnóstico sindrômico é de síndrome álgica ou compressão radicular nervosa e o anatômico é coluna vertebral lombar Exames de imagem: rx de coluna lombar e ressonância magnética nuclear apresen- tavam compressão do disco intervertebral e da medula espinhal Deve ser observado que trabalho pesado e esportes podem acarretar ostealgia e deformidades ósseas. Dores relacionadas aos membros e coluna possuem como de- sencadeante o trauma, movimento abrupto e erguer peso. A hérnia de disco apre- senta, geralmente, início súbito desencadeada por esforço físico, irradiação para os membros superiores ou inferiores, dor de grande intensidade e em forma de agulhada, queimação, peso ou em choque elétrico, piora com movimentos e com o ato de tossir e espirrar 2. CASO 2 ACM, 3 anos de idade, pardo, natural e procedente de São Paulo, católico QPD: dor em cotovelos e joelhos há 2 dias. HPMA: refere que há 2 dias iniciou dor em cotovelos e joelhos, de intensidade 4/10, tipo latejante, sem irradiação , sem fator de melhora ou piora, desencadeada por um quadro gripal. Refere como sintoma associado o aparecimento de 3 episódios de febre mensurada em 38ºC que cederam com o uso de antitérmico, palidez, diminuição do apetite e edema nas articulações citadas. Refere episódios semelhantes no passado necessitando de internações e transfusões sanguíneas. Devido a intensificação da dor articular procurou o pronto atendimento do Hospital Santa Marcelina. Atualmente man- tem a dor na intensidade 7/10 ISDA: coriza clara há 5 dias Antecedentes Pessoais Fisiológicos: nascido de parto normal, a termo, boa vitalidade, peso: 3kg e estatura: 49cm. Refere alteração no “Exame do Pézinho” ao nascimento. Foi convocada para refazer o exame, no entanto, não atendeu a solicitação Antecedentes Pessoais Patológicos: refere 3 internações anteriores devido quadro de anemia necessitando de transfusões sanguíneas. Constituição familiar: Pai - 40 anos de idade, ferramenteiro, saudável, fumante. Mãe: 38 anos de idade, Do Lar, saudável, nega hábitos e vícios 1 irmão (6 anos de idade) com anemia e artralgia Contato com doentes: refere contato na escola com colegas gripados. Exame físico: Peso:14Kg Estatura: 95 cm FC: 110bpm FR: 24 irpm PA: 80/50mmHg Temp: 37,7º C Palidez +/+4, eupneico, hidratado, acianótico, ictérico +/+4 Fácies: atípica Cabeça e pescoço: coriza hialina Abdome: Plano, RHA+, flácido, fígado palpável à 2 cm RCD, Baço palpável à 1 cm RCE Membros: apresenta dor à manipulação e dificuldade de mobilização de articulações de joelhos e cotovelos que se encontraram edemaciados Marcha: claudicação Diagnóstico sindrômico é de síndrome artrítica e o anatômico é articulações Exames de imagem: rx de cotovelos e joelhos sem anormalidades Exames laboratoriais: → Hemograma: hemáceas - 3,4 milhões (baixa), hemoglobina - 7g/dl (baixa), he-matócrito - 28% (alto e hemoconcentrado), VCM - 82, HCM - 26, RDW - 17%, reti- culócitos - 7% (alto), plaquetas - 450.000, leucócitos - 15.400 (alto), segmentados - 70% (alto), linfócitos - 25%, monócitos - 5% e presença de drepanócitos → Bilirrubina: indireta - 2,4 (alta), direta - 0,8 e total - 3,2 (alta) → Eletroforese de Hemoglobina: A1 - 0, A2 - 2%, F - 1% e hemoglobina S - 97% (indica anemia falciforme) → Prova de falcização: positiva → Ferro sérico: 50mg/dl → Ferritina: 350 (alta) Deve ser observado que a anemia falciforme possui mais prevalência em negros e é caracterizada por dor em pequenas articulações de mãos e pés 3. CASO 3 ACM, 7 anos de idade, branco, natural e procedente de São Paulo, evangélico QPD: inchaço em perna direita há 2 semanas. HPMA: refere que há 3 dias houve aparecimento de edema em perna esquerda de intensidade +/+4, de consistência amolecida, acompanhado de eritema, calor e dor local. Associado ao edema refere febre diária de 38ºC, inapetência e adinamia. A mãe relata que há 2 semanas a criança iniciou dor em terço médio distal da perna esquerda, tipo latejante, sem irradiação, de intensidade 6/10, fator de melhora o repouso e fator de piora o exercício físico, tendo como fator desencadeante trauma ao jogar futebol, causando claudicação desse membro ao deambular desde então. Procurou serviço médico no início do quadro onde foi realizado Rx da perna direita que resultou normal (sic), sendo prescrito voltarem, sem melhora. Devido intensificação do edema e da dor local procurou esse serviço Exame físico: Peso: 24Kg Estatura:130 cm FC:110bpm FR:26 irpm PA: 90/60mmHg Temp: 38,7º C Palidez +/+4, eupneico, hidratado, acianótico, anictérico, prostrado Fácies: atípico Carolina Pretti – TXIV A 10 Membros: apresenta dor, calor, rubor e edema em 1/3 médio distal da perna es- querda. Articulações de joelhos e tornozelos sem limitação de mobilidade. Diagnóstico sindrômico é de síndrome inflamatória e o anatômico é membro inferior direito Exame de imagem: observou-se que a tíbia do membro com a queixa apresentava reação periostal Exames laboratoriais: → Hemograma: hemácias - 4,1 milhões (baixa), hemoglobina - 11g/dl (baixa), hema- tócrito - 35% (alto), VCM - 82, HCM - 26, RDW - 17%, reticulócitos - 1%, plaquetas - 350.000, leucócitos - 25.400 (alta), meta - 2%, bastões -12%, segmentados - 68% (alto), linfócitos - 15% e monócitos - 3% → Hemocultura: Staphilococcus aureus → VHS: 100 (alta) → PCR: 12 (alta) Deve ser observado que a osteomielite acomete mais o fêmur, tíbia e o úmeros; seu agente etiológico mais comum é o Staphylococcus aureus; seu quadro clínico é de dor, febre, aumento do volume e da temperatura do membro acometido; no rx simples as alterações aparecem após 2-3 semanas, apresentando aumento de partes moles, reação periostal, sequestro e lesões osteolíticas. A osteomielite e o tumos ósseo aco- mete um segmento ósseo único. Doenças mieloproliferativa (leucemia) e metástases ósseas acometem múltiplos segmentos ósseos 4. CASO 4 I.R.A., sexo feminino, 13 anos, branca, natural e procedente de São Paulo, católica, estudante QPD: está ficando torta há 1 ano HPMA: mãe refere que há 1 ano, durante o período de férias na praia, observou que a filha tinha uma deformidade no dorso que dificultava a utilização de roupa de praia. Refere como sintomas associados dor em região de dorso, em coluna torácica, há 6 meses, caracterizada como tipo pontada, intensidade 6/10, sem irradiação, que piora com a deambulação e melhora com o repouso. Nesse período procurou corrigir a postura da adolescente, sem sucesso, pois persistia a deformidade e a dor. Nos últimos meses a deformidade vem se acentuando com piora da dor à movimentação comprometendo as suas atividades diárias. Constituição familiar: Pai: 50 anos de idade, contador, tem deformidade na coluna, sem vícios Mãe: 39 anos de idade, professora, saudável, nega hábitos e vícios Irmãos: uma irmã de 10 anos de idade, saudável Exame físico: Peso:50kg Estatura:155cm FC:84bpm FR:16 irpm IMC:20,8 kg/m2 Temp: 36,7º Membros e coluna: extremidades sem deformidades com musculatura normotrófica e normotônica Deformidade coronal da coluna torácica com convexidade a direita Triangulo do Talhe assimétrico Assimetria das escapulas e da altura dos ombros (mais elevados à direita) Na inclinação anterior observa-se gibosidade a direita da coluna torácica Diagnóstico sindrômico é de deformidade óssea e o anatômico é coluna vertebral Propedêutica geriátrica Atualmente, houve um aumento da expectativa de vida devido a uma transição de- mográfica, sendo essa de 75 anos. Assim, houve também o envelhecimento populaci- onal. Segundo a OMS pacientes com 65 anos são considerados idosos. No Brasil são considerados idosos pacientes com 60 anos. De 65 a 74 anos são considerados idosos jovens, de 75 a 84 anos são considerados idosos velhos e maiores de 85 anos são considerados muito idosos. O processo de envelhecimento é um processo biológico, dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determi- nam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte. A senescência engloba alterações fisiológicas/normais, enquanto a senilidade diz respeito a patologias que porventura podem surgir. O envelhecimento bem-sucedido está associado com uma boa dieta, atividade física e condições psicossociais, favorecendo o envelhecimento saudável e garantindo o equi- líbrio dos sistemas. O envelhecimento usual ocorre quando há alterações fisiológicas de maneira precoce. As alterações fisiológicas estão compreendidas na senescência. Os fatores extrín- secos estão associados ao surgimento de alterações patológicas e fisiológicas preco- ces. Os idosos apresentam diversas alterações fisiológicas, são elas: o Gerais: diminuição da massa óssea, diminuição da massa muscular esquelética (1 a 2% ao ano), diminuição de altura (1cm por década após 40 anos), diminuição do volume de água intracelular (15-20%), aumento da gordura (20-40%), diminuição da albumina (em até 0,9 g/dl), diminuição do metabolismo basal (10 a 20%), dimi- nuição da imunidade celular e anticorpos, alterações na regulação da temperatura devido a menor resposta vasoconstritora ao frio e menor resposta vasodilata- dora ao calor o Pele e fâneros: alteração de colágeno e diminuição de fibras elásticas, diminuição da espessura subcutânea (face e membros), aumento da flacidez/atrofia, apa- recimento de pregas e rugas, atrofia da gordura que envolve globo ocular (olhos encovados), pele das pálpebras enrugadas, ptose senil (enfraquecimento dos mús- culos levantadores da pálpebra), formação de bolsa em pálpebra inferior, ama- relecimento das escleras e arco senil, cútis romboidal (aumenta espessura da pele da nuca), diminuição de glândulas sudoríparas e sebáceas, onicogrifose (unhas es- pessas e curvas), melanose senil (diminuição de melanócitos), púrpura senil, pelo , caníce (cabelos brancos) e calvície o Sistema osteoarticular e muscular: diminuição da altura (tronco), discos interver- tebrais mais delgados e corpos vertebrais colapsados, flexão dos joelhos e qua- dris, cifose e aumento diâmetro anteroposterior, diminuição da massa óssea, di- minuição da massa muscular (30 a 40%), sarcopenia (diminuição da massa muscular e força muscular), aumento da infiltração de tecido adiposo e conjuntivo, maior perda de massa muscular nos membros inferiores e as fibras tipo II são mais afetadas (contração rápida) o Sistema nervoso: diminuição do peso, volume e número de células do córtex ce- rebral, acúmulo de lipofucsina, depósito beta-amiloide na parede dos vasos e pla- cas senis em regiões como hipocampo, diminuição de acetilcolina e dopamina, me- nor duração e frequência do sono REM, lentidão no processamento e recupera-ção de dados, dificuldade em aprender assuntos novos, resposta motora mais lenta e diminuição da capacidade de realizar tarefas complexas, tremores benig- nos os quais são finos, rápidos, desaparecem em repouso e não apresentam rigidez muscular associada, perda de percepção vibratória nos pés e tornozelos, diminuição do reflexo faríngeo e abdominal e diminuição simétrica do reflexo aqui- leu o Sentidos especiais: presbiacusia (sons agudos), xeroftalmia (diminuição secreção lacrimal), apresenta pupilas menores, catarata, presbiopia, degeneração macular senil, diminuição da secreção salivar e paladar, diminuição do olfato devido diminui- ção dos receptores olfatórios, aumento da sensibilidade para alimentos salgados e amargos devido atrofia das papilas gustativas. o Sistema cardiovascular: aumento do colágeno, diminuição das fibras elásticas e depósito de cálcio, dilatação da aorta proximal e aumento do peso do coração, diminuição de células do nó sinusal e nó AV, diminuição do enchimento VE, diminuição da resposta de frequência cardíaca, aumento da resistência periférica e aumento da pressão sistólica o Sistema respiratório: enrijecimento e calcificação das cartilagens, menor elastici- dade dos bronquíolos, diminuição da elasticidade e complacência pulmonar, dilatação alveolar, aumento do volume residual, diminuição da capacidade vital, diminuição da PaO2 e PaCO2 inalterada o Sistema digestório: perda de dentes, reabsorção óssea e deslocamento da man- díbula, menor elasticidade da mucosa, aumento da vulnerabilidade, glossodinia (quei- mor da língua), atrofia do tubo digestivo e diminuição da motilidade o Sistema urinário: diminuição da massa renal (perda cortical), diminuição do número de néfrons, diminuição dos níveis de creatinina (8-10 ml/min por década após 50 anos), incontinência até 80 anos, sendo mais comum em mulheres, diminuição da inervação do musculo detrusor, alterações cerebrais, diminuição da contratilidade detrusor, diminuição da complacência vesical, aumento do volume residual, au- mento do risco de incontinência e infecção o Sistema endócrino: atrofia da tireoide, paratireoide, hipófise e adrenal, resistência à insulina, diminuição da tolerância a glicose e redução de 50% de secreção de HG o Sistema genital feminino: atrofia dos ovários causando esterilidade aos 50 anos (aproximadamente), mamas flácidas, diminuição do comprimento uretral, resseca- mento, atrofia e perda de elasticidade vaginal causando urgência miccional e dis- pareunia e relaxamento de ligamentos uterinos e bexiga. Carolina Pretti – TXIV A 11 o Sistema genital masculino: diminuição dos testículos com posição mais baixa no escroto, diminuição das v. seminais e diminuição no tamanho do pênis, aumento do volume prostático, atrofia glândulas, aumento da dependência estímulo tátil para ereção e diminuição da capacidade reprodutiva (não é estéril) Na anamnese o foco não é a doença e sim o doente. Possui como objetivo a melhora da qualidade de vida e manutenção ou recuperação da independência. É necessário atendimento multiprofissional, local e tempo adequados e direcionamento a consulta, sem deixar de ouvi-lo. É preciso ter calma, não gritar, olhar para o paciente, não se referir a ele como vô ou vó, falar em tons graves e estar ciente de que não existe demência senil. Deve-se iniciar com uma com uma boa identificação, antecedentes pessoais, história atual com interrogatório sobre aparelhos, antecedentes familiares e antecedentes medicamentosos (Critérios de Beers) No exame clínico é necessário avaliar as alterações patológicas, fisiológicas e sociais, bem como a idade cronológica e o prognóstico. Nunca se deve desvalorizar queixas, uma vez que é comum doenças com apresentação clínica atípica. É necessário respei- tar a independência e autonomia do idoso No exame físico deve-se estar ciente das alterações fisiológicas, confirmando ou não os dados da anamnese. Durante o exame, manter a cabeceira elevada. Deve-se realizar a ectoscopia, avaliar fácies, marcha senil, hidratação, pele, adelga- çamento, perda do turgor, elasticidade, enrugamento, ressecamento, descamação, espessamento, prurido (asteatose), lesões, úlceras de pressão o Exame da cabeça e pescoço: deve-se analisar a presença de prótese e nódulos. o Exame do tórax: realizar a ausculta pulmonar. O murmúrio vesicular pode estar diminuído, mas ruídos adventícios não podem estar presentes o Exame cardiovascular: o ictus é difícil de palpar devido a atrofia miocárdica e aumento do volume residual pulmonar. A ausculta cardíaca das bulhas pode apre- sentar-se hipofonética, sendo a quarta bulha fisiológica devido a diminuição da complacência do ventrículo esquerdo. Pode haver sopor ejeção (sistólico) no foco aórtico e sopro sistólico regurgitativo no foco mitral. O sopro diastólico é sempre patológico. Deve-se avaliar a pressão arterial (sinal de Osler) e a presença de hipotensão postural. → O sinal de Osler consiste em inflar o manguito até que ultrapasse a pressão sistólica. Caso a artéria do membro permaneça palpável, considera-se Osler positivo. A positividade da manobra indica que o vaso é rígido e existe a possibilidade de estar- mos diante de um caso de pseudo-hipertensão. A pressão do paciente deve ser ava- liada com o paciente em decúbito, sentado e em pé. → A hipotensão postural é caracterizada pela diminuição abrupta da pressão arterial quando o indivíduo assume a posição de pé ou quando realiza um alongamento. A pres- são arterial sistólica apresenta queda de pelo menos 20 mmHg e a pressão arterial diastólica apresenta queda de pelo menos 10 mmHg o Exame do abdome: pode haver acúmulo de gordura na parte inferior do abdome próximo aos quadris, enfraquecimento da parede muscular, abdome protruso e mole. Deve-se palpar e ausculta aorta avaliando a presença de bexigoma e realizar toque retal, avaliando a presença de fecalomas o Exame das extremidades: atentar-se a doenças osteoarticulares, insuficiência venosa e doença arterial obstrutiva, observando se as alterações são simétricas o Exame neurológico: avaliar a cognição, rigidez, reflexos e sensibilidades. A avaliação geriátrica ampla (AGA) é uma avaliação multidimensional e interdisciplinar da capacidade cognitiva e funcional do idoso, utilizando escalas e testes. Avaliando a cognição, equilíbrio e marcha, humor, avaliação básica de vida (ABVD), avaliação instru- mental de vida (AIVD), suporte familiar, social, ambiental e nutrição. Instrumentos co- mumente não validados em nosso meio Para avaliação da marcha e do equilíbrio, realizar o teste timed get up and go test, teste de alcance funcional, POMA/Tinetti, SPPB e teste de Romberg No timed get up and go test o idoso senta-se em uma cadeira com braços e recebe ordem de levantar-se e caminhar para frente até uma marca no piso, girar de volta e sentar-se na cadeira. O tempo dispendido é medido com cronômetro. Valores de temp0 de menos de 10 segundos sugerem indivíduos totalmente livre e independentes. Os pacientes que realizam o teste entre 10 e 19 segundos são independentes, pois têm razoável equilíbrio e velocidade de marcha e a maioria caminha livremente mais de 500 metros, sobe escadas e sai de casa sozinho. Aqueles que dispendem mais de 20 segundos demonstram dificuldades para as tarefas da vida diária, dependendo das diferentes situações que se apresentam ao indivíduo, as quais exigem bom equilíbrio, velocidade da marcha adequada e capacidade funcional, este apresenta maior risco para queda O teste de alcance funcional determina o quanto o idoso é capaz de se deslocar dentro do limite de estabilidade. É bastante utilizado para identificar o risco de queda. Uma fita métrica é presa à parede, paralela ao chão, e posicionada na altura do acrômio do paciente. O indivíduo, descalço, é posicionado com os pés confortáveis e paralelos entre si, perpendicularmente em relação à parede e próximo ao início da fita métrica. Com punhos em posiçãoneutra, cotovelos estendidos e ombro com flexão de 90º, o paciente é instruído a realizar a inclinação para frente sem tocar na fita e, em seguida, deve-se verificar o deslocamento sobre ela. O resultado do teste é re- presentado pela média, após três tentativas, da diferença entre a medida na posição inicial e a final registrada na régua. Deslocamentos menores que 25,4 cm indicam fragilidade e risco de quedas O short physical performance battery (SPPB) é um grupo de medidas que combina os resultados da velocidade da marcha, suporte da cadeira e testes de equilíbrio. Foi usado como uma ferramenta preditiva para possível incapacidade e pode auxiliar no monitoramento da função em idosos. As pontuações variam de 0 (pior desempenho) a 12 (melhor desempenho). O SPPB foi mostrado ter validade mostrando um gradiente de risco de mortalidade, internação em lar de idosos e incapacidade O teste de Tinetti/POMA é dividido em duas partes, uma avalia o equilíbrio e a outra, a marcha. A Escala de Tinetti consiste em uma escala de tarefas, sendo que parte delas fazem parte da escala de equilíbrio, e parte da avaliação da marcha que apre- senta diversas tarefas representativas das atividades de vida diária, as quais são avaliadas por meio da observação do examinador. As tarefas que avaliam o equilíbrio são equilíbrio sentado, levantando-se da cadeira, equilíbrio de pé imediato, equilíbrio em pé, equilíbrio com os olhos fechados, equilíbrio ao girar (360º), nadge test (empurrar o paciente na região esterno demonstrando a capacidade de resistir ao deslocamento), virar o pescoço, equilíbrio em uma perna só, extensão da coluna (inclinar para trás), alcançar um objeto acima (ficar na ponta dos pés), inclinar para frente e sentar. As tarefas que avaliam a marcha são iniciação da marcha, altura do passo, comprimento do passo, simetria do passo, continuidade do passo, desvio da linha média (direção), estabilidade do tronco, sustentação durante a marcha (distância dos tornozelos) e virar durante a marcha. Para avaliar as atividades básicas e instrumentais, utilizar as escalas de Katz, Barthel, Lawton e Pfeffer Para avaliar a cognição, realizar mini exame de estado mental (MEEM) e analisar a fluência verbal. O MEEM de Burcki avalia a orientação temporal e espacial, memória imediata, atenção, evocação e linguagem. Espera-se que a pontuação atingida de acordo com a classificação, seja analfabeto (20), 1-4 anos (25), 5-8 anos (26), 9-11 anos (28) e maiores de 11 anos (29) Para avaliar o humor, utilizar a escala de depressão geriátrica (GDS) Para avaliar o estado nutricional, realizar uma miniavaliação nutricional de Guigóz a qual é uma ferramenta de controle e avaliação que pode ser utilizada para identificar pacientes idosos com risco de desnutrição. Deve-se atentar-se a diminuição da produ- ção de pepsina e ácido clorídrico, reduzindo absorção vitamina B12, folato, ferro, entre outros. Para avaliar o peso e a altura, analisar o IMC. Abaixo de 22 indica baixo peso, de 22 a 27 indica eutrofia e maior que 27 indica obesidade. Analisar a massa muscular a partir da circunferência panturrilha. Analisar a circunferência abdominal para avaliar o risco de complicações metabólicas e cardiovasculares (em homens acima de 94cm o risco é elevado e acima de 102cm o risco é muito elevado, já em mulheres acima de 80cm o risco é elevado e acima de 88cm é muito elevado. Para avaliar as condições sociais e ambientais, deve propiciar autonomia, mas com grau de especificidade e cuidado, o que impõe necessidade de planejamento e adapta- ção dos espaços a depender da diminuição das capacidades físicas, sensoriais e fun- cionais. Propedêutica obstétrica Durante a anamnese deve-se colher a história clínica e examinar o paciente em busca de sinais. O Ministério da Saúde caracteriza o perfil de risco de pacientes gravidas. São elas mulheres com idade inferior a 17 anos e superior a 35 anos; mulheres que realizam atividades laborativas como esforço físico, carga horária alta, rotatividade de horário, Carolina Pretti – TXIV A 12 exposição a agentes físicos, químicos e biológicos e estresse; mulheres com altura inferior a 1,45 m; mulheres com peso inferior a 45 kg e superior a 75 kg e mulheres com dependência de drogas. As doenças clínicas mais preocupantes ao se tratar de uma gestação, são cardio- patias, pneumopatias, nefropatias, endocrinopatias, hipertensão arterial, epilepsia, do- enças infecciosas e doenças autoimunes. A história reprodutiva anterior é importante para avaliar os possíveis riscos. Ques- tionar se houve morte perinatal, recém-nascido com crescimento retardado, pré- termo ou má formação, abortamento habitual e cirurgias uterinas anteriores Ao suspeitar de uma gravidez, os sintomas presuntivos e subjetivos são náusea, vômito, aumento do volume abdominal e movimentos fetais. Os sinais de probabilidade que indicam gravidez o sinal de Godel, BHCG e atraso menstrual. Os sinais de certeza são a ultrassonografia (USG) e BCF. Nos antecedentes obstétricos é necessário identificar e enumerar em números romanos as gestações (G), partos (P), abortos (A) e gestações ectópicas (E) → G_P_A_E_. É possível a paciente estar grávida, mas não ter o parto (casos de aborto ou gravidez ectópica) Cálculo da idade gestacional pela data da última menstruação (DUM) Conta-se os dias a partir da DUM até o dia atual e divide-se por 7 Por exemplo: a data da última menstruação foi dia 10/12/19. Hoje é dia 27/02/2020. Tem-se 79 dias entre as duas datas. Ao dividir 79 por 7, tem-se 11 semanas e 2 dias de gestação. Cálculo da idade gestacional pela ultrassonografia (USG) Conta-se os dias a partir da data da realização da USG até o dia atual, divide-se por 7 e soma-se a idade gestacional apresentada no ultrassom daquele dia Por exemplo: a USG foi realizada no dia 10/12/19 e indicava 5 semanas gestacionais. Hoje é dia 27/02/2020. Tem-se 79 dias entre as duas datas. Ao dividir 79 por 7, tem-se 11 semanas e 2 dias de gestação. Soma-se 5 semanas e tem-se 16 semanas e 2 dias de gestação Cálculo da data provável do parto Data da última menstruação + 7 dias - 3 meses = Data provável do parto Por exemplo: 14/05/2020 + 7 dias - 3 meses = 21/02/2021. Na inspeção deve-se avaliar: o Marcha: é a marcha anserina, caracterizada por alargamento da base e hiper- lordose lombar. Esta marcha fornece equilíbrio a paciente. o Face: pode apresentar hiperpigmentação (cloasma gravídico), devido ao hormônio presente na gravidez possuir ação semelhante aos melanócitos estimuladores de melanina. o Mama: é um dos órgãos que mais sofrem modificações ao longo da gravidez, uma vez que é muito receptiva a hormônios. As mulheres apresentam na aréola glân- dulas de Morgagni e quando engravidam elas se hipertrofiam, sendo chamadas de Tubérculo de Montgomery, as quais são responsáveis pela secreção. O sinal de Hunter é uma hiperpigmentação ao redor da aréola, conhecida como aréola secundária. O sinal de Haller é o intumescimento de todo o plexo venoso da mama. o Abdome: apresenta estrias, bem como a linha nigra, hiperpigmentação central e longitudinal (deve-se orientar a paciente em não se expor ao sol). O sinal de Pis- kasek é uma sutil assimetria da parede abdominal, sendo que o lado mais proemi- nente é o local de inserção da placenta no útero. o Vagina e colo do útero: o sinal de Jacquemier-Chadwick ocorre quando a coloração rosada se torna violácea ou azulada devido ao maior aporte sanguíneo o Vulva: o sinal de Kludge ocorre quando a coloração rosada se torna violácea ou azulada devido ao maior aporte sanguíneo Na palpação é necessário avaliar a altura uterina, realizar a manobra de palpação do feto (Manobra de Leopold) e realizar o toque vaginal (verificação da dilatação, sinal de Godel, sinal de Noblile Budin, sinal de Hegar e sinal de Osiander) A altura uterina é mensurada a partir da medida entre a margem superior da sínfise púbica atéo fundo do útero. A cada semana gestacional o útero cresce 1 cm (até, aproximadamente, 35 semanas gestacionais), assim o valor numérico da semana gestacional corresponde a altura do útero. Quando o útero ultrapassa a margem su- perior da sínfise púbica estimasse que possua 10 cm e 10 semanas gestacionais. Quando o útero alcança a cicatriz umbilical estimasse que possua 20 cm e 20 semanas gestacionais Antes de realizar a Manobra de Leopold estabelecer os conceitos de atitude, situ- ação, apresentação e posição do feto. A atitude é a relação das diversas partes do feto entre si, como a flexão generalizada, a cabeça fletida, o mento no esterno, braços e antebraços sobre o tórax, coxa fletida sobre a bacia e pernas fletidas sobre a coxa. A situação é a relação entre o maior eixo longitudinal do feto com o eixo longitudinal da mãe, podendo ser longitudinal, transversal ou oblíqua. A apresentação é a região do feto que ocupa a área do estreito superior da pelve e que irá nela se insinuar, podendo ser cefálica, pélvica ou transversa/córmica. A posição é a relação do dorso fetal com o lado direito ou esquerdo da mãe. As manobras de Leopold-Zweifel são divididas em quatro. Na primeira manobra palpa-se o fundo do útero, verificando a situação do feto. Na segunda manobra palpa- se a lateral do útero, verificando a posição do feto. Na terceira manobra palpa-se o estreito superior da pelve, verificando a apresentação do feto. Na quarta manobra o médico posiciona-se posteriormente a paciente, e tenciona a apresentação para cima, verificando o grau de penetração do feto na pelve. O sinal de Godel é o amolecimento do colo do útero. Em pacientes grávidas a consis- tência do colo do útero se assemelha a mucosa, enquanto de pacientes não grávidas se assemelha a uma cartilagem O sinal de Hegar é o amolecimento do istmo/corpo do útero. O sinal de Noblile Budin é o abaulamento do útero gravídico ao toque do fundo de saco O sinal de Osiander é a percepção do pulso arterial vaginal nos fundos de saco laterais e posterior da vagina A dilatação do colo do útero é avaliada com os dedos indicador e médio, sendo que quando estiverem totalmente fechados tem-se 3 cm e totalmente abertos tem-se 10 cm. Na ausculta, é necessário avaliar os batimentos cardíacos fetais com o auxílio de um sonar ou pinard (método mais antigo). Com 5 a 6 semanas gestacionais é possível auscultar com o ultrassom. A partir de 12 semanas gestacionais utiliza-se o sonar. A gestação pode durar até 42 semanas. Caso ultrapasse este tempo, é necessário um acompanhamento mais detalhado. O parto pode ser normal, cesáreo, por fórceps e a vácuo. O parto por fórceps é indicado para período expulsivo prolongado. O parto a vácuo é indicado para período expulsivo prolongado, caso houver o vácuo o utiliza primeiro e depois usa-se o fórceps se necessário.