Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escola SENAI “Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini” Campinas/SP 2002 Eletricidade Volume 2 Eletricidade SENAI-SP, 2002 Trabalho elaborado pela Escola SENAI “Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini” Coordenação Geral Magno Diaz Gomes Equipe responsável Coordenação Geraldo Machado Barbosa Elaboração Luciano Marcelo Lucena da Silva Equipe responsável pela editoração Coordenação Luciano Marcelo Lucena da Silva Formatação David Tadeu Cassini Manzoti Edmar Fernando Camargo Edição 1.0 SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Escola SENAI “Prof. Dr. Euryclides de Jesus Zerbini” Avenida da Saudade, 125 - Ponte Preta CEP 13041-670 - Campinas, SP senaizerbini@sp.senai.br Eletricidade Sumário Introdução à Corrente Alternada Análises em Corrente Alternada Correntes e tensões senoidais A senóide Expressão geral para tensões ou correntes senoidais Reatância Capacitiva Reatância Indutiva Números Complexos Impedância Impedância – Análise vetorial Potência em CA Transformadores Anexo 1 - Osciloscópio Anexo 2 - Medição de sinais com osciloscópio Anexo 3 - Medir freqüência e ângulo de fase com osciloscópio Anexo 4 - Medir tensões com osciloscópio Anexo 5 - Gerador de funções Referências Bibliográficas 05 15 19 25 33 39 47 59 67 75 101 121 145 159 167 173 Sumário Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 5 Correntes e Tensões senoidais A tensão que varia de forma regular no tempo é denominada “tensão alternada”. Idem para a corrente (AC). As formas de ondas senoidais, quadradas ou triangulares podem ser produzidas por geradores de sinais encontrados em oficinas ou laboratórios. O termo “ALTERNADA” indica apenas que o valor da tensão ou corrente oscila regularmente entre dois níveis. Doravante, toda vez que aparecer CORRENTE ALTERNADA, tenha em mente que a tensão também é alternada. A técnica mais comum para gerar tensões alternadas é aquela oriunda das usinas geradoras que são em geral alimentadas por quedas d´água, óleo, gás ou fissão nuclear. Para se entender como se processa a geração de corrente alternada, é necessário saber como funciona um gerador elementar que consiste de uma espira disposta de tal forma que pode ser girada em um campo magnético estacionário. Desta forma, o condutor da espira corta as linhas do campo eletromagnético, produzindo a tensão elétrica ou força eletromotriz (fem). Veja, na figura a seguir, a representação esquemática de um gerador elementar. espira carga Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 6 Funcionamento do gerador Para mostrar o funcionamento do gerador, vamos imaginar um gerador cujas pontas das espiras estejam ligadas a um galvanômetro. Na posição inicial, o plano da espira está perpendicular ao campo magnético e seus condutores se deslocam paralelamente ao campo. Nesse caso, os condutores não cortam as linhas de força e, portanto, a tensão não é gerada. No instante em que a bobina é movimentada, o condutor corta as linhas de força do campo magnético e a geração de tensão é iniciada. Observe na ilustração a seguir, a indicação do galvanômetro e a representação dessa indicação no gráfico correspondente. À medida que a espira se desloca, aumenta seu ângulo em relação às linhas de força do campo. Ao atingir o ângulo de 900, o gerador atingirá a geração máxima da força eletromotriz, pois os condutores estarão cortando as linhas de força perpendicularmente. Acompanhe, na ilustração a seguir, a mudança no galvanômetro e no gráfico. Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 7 Girando-se a espira até a posição de 1350, nota-se que a tensão gerada começa a diminuir. Quando a espira atinge os 1800 do ponto inicial, seus condutores não mais cortam as linhas de força e, portanto, não há indução de tensão e o galvanômetro marca zero. Formou-se assim o primeiro semiciclo (positivo). Quando a espira ultrapassa a posição de 1800, o sentido de movimento dos condutores em relação ao campo se inverte. Agora, o condutor preto se move para cima e o condutor branco para baixo. Como resultado, a polaridade da tensão e o sentido da corrente também são invertidos. A 2250, observe que o ponteiro do galvanômetro e, conseqüentemente, o gráfico, mostram o semiciclo negativo. Isso corresponde a uma inversão no sentido da corrente, porque o condutor corta o fluxo em sentido contrário. - + - + -1,4 - 2 - + Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 8 -1,4 A posição de 270° corresponde à geração máxima da fem como se pode observar na ilustração a seguir. No deslocamento para 315°, os valores medidos pelo galvanômetro e mostrados no gráfico começam a diminuir. Finalmente, quando o segundo semiciclo (negativo) se forma, e obtém-se a volta completa ou ciclo (360°), observa-se a total ausência de força eletromotriz porque os condutores não cortam mais as linhas de força do campo magnético. Observe que o gráfico resultou em uma curva senoidal (ou senóide) que representa a forma de onda da corrente de saída do gerador e que corresponde à rotação completa da espira. Nesse gráfico, o eixo horizontal representa o movimento circular da espira, daí suas subdivisões em graus. O eixo vertical representa a corrente elétrica gerada, medida pelo galvanômetro. - + - + -1,4 - + -1,4 Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 9 Definições: • Forma de onda: gráfico de uma grandeza em função do tempo, posição, temperatura ou outra variável; • Forma de onda periódica: forma de onda que se repete após um certo intervalo de tempo constante; • Período (T): intervalo de tempo entre repetições sucessivas de uma forma de onda periódica. No Sistema Internacional de Unidades, sua unidade é o segundo (s); • Ciclo: parte de uma forma de onda contida em um intervalo de tempo igual a um período; • Valor de pico: valor máximo de uma função medido a partir do nível zero. A tensão de pico é representada pela notação VP ; • Valor de pico a pico: diferença entre os valores dos picos positivo e negativo, isto é, a soma dos módulos das amplitudes positiva e negativa. Sua notação é VPP e considerando-se que os dois semiciclos da CA são iguais, podemos afirmar que VPP é igual a duas vezes VP; Observação Essas medições e conseqüente visualização da forma de onda da tensão CA, são feitas com um instrumento de medição denominado de osciloscópio. tensão de pico positivo tensão de pico negativo + Vp - Vp VPP -180V 180V VPP = 360V Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 10 • Amplitude: valor máximo de uma forma de onda em relação ao valor médio; • Freqüência (f): número de ciclos contido em um segundo. Sua unidade é o hertz (Hz), cuja definição é 1 Hz é igual a 1 ciclo por segundo (c/s). Como a freqüência é inversamente proporcional ao período, as duas grandezas estão relacionadas pela expressão: − − = )( )(1 ssegundosT Hzhertzf T f • Valor instantâneo: amplitude de uma forma de onda em um instante de tempo qualquer; • Tensão e corrente eficazes: também chamado “valor médio quadrático (RMS)”, corresponde à mesma quantidade de corrente ou tensão contínua capaz de produzir o mesmo trabalho ou a mesma potência de aquecimento. Quando se aplica uma tensão contínua sobre um resistor, a corrente que circula por ele possui um valor constante. Como resultado disso, estabelece-se uma dissipação de potência no resistor (P = E . I). Essa potência é dissipada emregime contínuo, fazendo com que haja um desprendimento constante de calor no resistor. t t t gráfico da tensão aplicada no resistor gráfico da corrente circulante no resistor t t Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 11 Por outro lado, aplicando-se uma tensão alternada senoidal a um resistor, estabelece- se a circulação de uma corrente alternada senoidal. Como a tensão e a corrente são variáveis, a quantidade de calor produzido no resistor varia a cada instante. Nos momentos em que a tensão é zero, não há corrente e também não há produção de calor (P = 0). Nos momentos em que a tensão atinge o valor máximo (VP), a corrente também atinge o valor máximo (IP) e a potência dissipada é o produto da tensão máxima pela corrente máxima (PP = VP . IP). Em conseqüência dessa produção variável de "trabalho" (calor) em CA, verifica-se que um resistor de valor R ligado a uma tensão contínua de 10V produz a mesma quantidade de "trabalho" (calor) que o mesmo resistor R ligado a uma tensão alternada de valor de pico de 14,1 V, ou seja, 10 Vef. Assim, pode-se concluir que a tensão eficaz de uma CA senoidal é um valor que indica a tensão (ou corrente) contínua correspondente a essa CA em termos de produção de trabalho. Quando se mede sinal alternado (senoidais) com um multímetro, este deve ser aferido em 60Hz que é a freqüência da rede da concessionária de energia elétrica. Assim, os valores eficazes medidos com multímetro são válidos apenas para essa freqüência. gráfico da tensão aplicada no resistor gráfico da corrente circulante no resistor t t - Ip t t t Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 12 Existe uma relação constante entre o valor eficaz (ou valor RMS) de uma CA senoidal e seu valor de pico. Essa relação auxilia no cálculo da tensão / corrente eficaz e é expressa como é mostrado a seguir. Tensão eficaz: Corrente eficaz: • Valor médio (VM): o valor médio de uma grandeza senoidal, quando se refere a um ciclo completo é nulo. Isso acontece porque a soma dos valores instantâneos relativa ao semiciclo positivo é igual à soma do semiciclo negativo e sua resultante é constantemente nula. Veja gráfico a seguir. Observe que a área S1 da senóide (semiciclo) é igual a S2 (semiciclo), mas S1 está do lado positivo e S2 tem valor negativo. Portanto Stotal = S1 - S2 = 0. O valor médio de uma grandeza alternada senoidal deve ser considerado como sendo a média aritmética dos valores instantâneos no intervalo de meio período (ou meio ciclo). Esse valor médio é representado pela altura do retângulo que tem como área a mesma superfície coberta pelo semiciclo considerado e como base a mesma base do semiciclo. Vef = Vp 2 Ief = Ip 2 + 0 - Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 13 A fórmula para o cálculo do valor médio da corrente alternada senoidal é: Nessa fórmula, Imed é a corrente média; IP é a corrente de pico, e π é 3,1415. A fórmula para calcular o valor médio da tensão alternada senoidal é: Nela, Vmed é a tensão média, VP é a tensão máxima, e π é igual a 3,1415. IP - IP I = I = 2 I dc med p⋅ π V = V = 2 V dc med p⋅ π Eletricidade Correntes e Tensões senoidais 14 Lista de Exercícios 1 1. Responda às questões que seguem. a) Qual a principal diferença entre as correntes contínua e alternada? b) Analisando o gráfico senoidal da tensão alternada, em quais posições em graus geométricos a tensão atinge seus valores máximos? c) Qual a diferença entre os valores de tensão de pico e tensão de pico a pico? d) Qual tensão alternada é indicada no multímetro (VP, VPP, Vef, Vmed)? e) Como deve ser considerado o valor médio de uma grandeza alternada senoidal? 2. Resolva os exercícios propostos. a) Calcule os valores das tensões de pico a pico, eficaz e média para uma senóide com 312 V de pico. b) Quais os valores das correntes máximas (IP) e eficaz (Ief) para uma corrente média (Imed) de 20 A? Eletricidade A senóide 15 A senóide Para compreender a resposta dos elementos básicos a um sinal senoidal é muito importante examinar o conceito de derivada com algum detalhe. A derivada dx/dt é definida como sendo a taxa de variação de x em relação ao tempo. Se não houver variação de x em um instante particular, dx=0, e a derivada será nula. No caso de uma forma de onda senoidal, dx/dt será zero somente nos pontos máximos e mínimos (ωt=90° e ωt=270°), pois x não varia nesses instantes. O valor da derivada dx/dt em um ponto é igual ao coeficiente angular da reta tangente ao gráfico neste ponto. Examinando melhor a onda senoidal, podemos notar também que a variação de x é máxima para ωt=0°, ωt=180° e ωt=360°. Logo a derivada é máxima ou mínima nestes pontos, dependendo do sinal. Em 0° e 360° temos a maior taxa de crescimento para x e o sinal da derivada é positivo. Em 180°, x varia com a mesma rapidez do que em 0° e 360°, mas o sinal da derivada é negativo, pois x está decrescendo. Assim a derivada é máxima em 0° e 360° e mínima em 180°. Para outros valores de ωt, a derivada tem valores compreendidos entre o mínimo e o máximo. O gráfico da derivada ilustra um fato: a derivada de uma senóide é uma co-senóide. Eletricidade A senóide 16 O valor de pico da co-senóide é diretamente proporcional à freqüência da senóide original. Quanto maior a freqüência, maior a inclinação no ponto em que a curva corta o eixo horizontal e, portanto maior o valor de dx/dt nesse ponto. Além disso, a derivada de uma senóide tem o mesmo período e a mesma freqüência que a função original. No caso de uma tensão senoidal, cuja função é v(t)=Vp.sen(ωt ± θ), a derivada é: )cos(..)( θωω ±= tV dt tvd p Lembre-se que ω=2πf e que o valor máximo da derivada (ω.Vp ou 2πf.Vp) depende da freqüência v(t). Agora que já conhecemos as características da derivada de uma função senoidal, podemos estudar a resposta dos elementos básicos a uma tensão ou corrente senoidal, mas antes vamos estudar correntes e tensões alternadas senoidais. Eletricidade A senóide 17 A senóide é a única forma de onda que não se altera ao ser aplicada em um circuito contendo resistores, capacitores e indutores. Uma grandeza que pode ser usada no eixo horizontal do gráfico da senóide é o ângulo. A unidade escolhida pode ser o grau ou o radiano. A unidade utilizada com mais freqüência é o radiano, definido como sendo um arco cujo comprimento é igual ao raio da circunferência. Muitas equações usadas no estudo de circuitos elétricos contêm o fator π. Por definição, o número π é a razão entre o comprimento da circunferência e seu diâmetro. Lembre-se, o valor de π é 3,14159... A conversão entre as unidades de medida de ângulo pode ser feita com o auxílio das expressões: radxgrausgrausxrad o o = = π π 180 180 Outra grandeza muito importante que devemos estudar é a velocidade angular ou velocidade de rotação do vetor em uma circunferência. A velocidade angular é definida pela equação: − − − = = srad stempot geralemradângulo t Assim tempo percorridoânguloangularvelocidade / )( ),( , )( ω α αω ω o orad xrxrC nciacircunferêdaoCompriment 360.2 296,571 .2...2 = = =∴== π ππ Eletricidade A senóide 18 Como o tempo necessário para o vetor efetuar uma volta completa é igual ao período (T) da onda senoidal e o número de radianos correspondente a este intervalo é 2.π, temos: − − ≅ = srad segundosT T / 28,6.2 .2 ω π πω Em outras palavras, quanto menor o período da onda senoidal, maior a velocidade angular. Por outro lado, − − ≅ = === sradhertzffteremosfpordoSubstituin TT Então T f / 28,6.2 ..2, 1..2.2,1 ω π πω ππω Eletricidade Expressão geral para tensões ou correntes senoidais 19 Expressão geral para tensões ou correntes senoidais A expressão matemática geral para uma forma de onda senoidal é: − − − = − ± )( )( )/( . ).sen(. radougraustodeslocamendeângulo stempot sradangularvelocidade t tensãodaoucorrentedapicodevalorV tV P P θ ω ωα θω O ângulo associado a um valor da tensão ou da corrente é obtido manipulando a equação αsen.PVv = , da seguinte forma: = =⇒= −− PPP I iou V v V v 11 sensensen ααα Ex.: Determine o ângulo para o qual o valor da função ).377sen(.10 tv = é 4V. Solução: OOO O P ou V V V v 43,15657,23180 57,23)4,0(sen 10 4sensen 2 111 1 =−= == = = −−− α α Eletricidade Expressão geral para tensões ou correntes senoidais 20 Relações de fase Se a curva senoidal intercepta o eixo horizontal à ESQUERDA da origem com inclinação positiva (função crescente), a equação será: ).sen(. θω +tVP Em Ot 0. == ωα o valor da função é θsen.PV . Se a curva senoidal intercepta o eixo horizontal à DIREITA da origem com inclinação positiva, a equação será: ).sen(. θω −tVP Em Ot 0. == ωα o valor da função é θsen.PV− . Eletricidade Expressão geral para tensões ou correntes senoidais 21 Exemplos: Qual é a relação de fase entre as formas de ondas senoidais em cada um dos seguintes pares? a) += += )70.sen(.5 )30.sen(.10 O O ti tv ω ω Resp.: A corrente está adiantada de 40o em relação à tensão ou a tensão está atrasada de 40o em relação à corrente. b) −= += )20.sen(.10 )60.sen(.15 O O tv ti ω ω Resp.: A corrente está adiantada de 80o em relação à tensão ou a tensão está atrasada de 80o em relação à corrente. Eletricidade Expressão geral para tensões ou correntes senoidais 22 Lista de exercícios 2 1) Determine a freqüência e o período para uma velocidade angular de 500 srad . 2) Sabendo que srad /200=ω , determine o intervalo de tempo necessário para que a forma de onda senoidal passe pelo ponto cuja abscissa é o90 . 3) Ache o valor em graus da abscissa de uma forma de onda senoidal cuja freqüência é 60 Hz para o tempo igual a 5 ms. 4) a) Determine o ângulo para o qual o valor da função ).377(.10 tsenv = é 4 V. b) Determine o momento em que a função assume o referido valor. 5) Se a freqüência de uma onda é 20 Hz, qual o tempo necessário para que complete 5 ciclos? 6) Determine a velocidade angular para: a) 0,5 ms c) 640 Hz b) 4µs d) 2 kHz Eletricidade Expressão geral para tensões ou correntes senoidais 23 7) Encontre a amplitude e a freqüência das seguintes funções: a) ).754(.5 tsen b) ).6,43(.6,7 tsen− c) ).377(.20 tsen d) ).157(.31 tsen− 8) Sabendo que ).1000(.10.6)( 3 tsenti −= , calcule o valor da corrente para mst 2= . 9) A tensão de pico de uma onda senoidal é 100 V. Calcule a tensão instantânea para os ângulos de oooooo e 245135,90,60,30,0 . E faça um gráfico desses pontos, em graus e radianos, com a forma de onda resultante para a tensão. 10) Calcule a diferença de fase entre as formas de onda a seguir e esboce os gráficos: a) += −= )20.(.1,0 )60.(.2,0 o o tseni tsenv ω ω b) −= −= )40.(.40 )40.(.25 o o tsenv tseni ω ω c) += += )40.(.6,1 )50.(.4 o o tseni tsenv ω ω d) −= −= )50.(.10 )30.(.2,6 o o tsenv tseni ω ω Eletricidade Expressão geral para tensões ou correntes senoidais 24 11) Uma corrente senoidal tem uma amplitude de 20 A. A corrente passa por um ciclo completo em 1 ms. O valor da corrente em st 0= é 10 A. a) Calcule a freqüência e a velocidade angular. b) Qual é o valor da corrente eficaz? 12) Escreva uma expressão para a corrente instantânea [ ])(ti , da questão 11, usando a função seno. Eletricidade Reatância capacitiva 25 Reatância Capacitiva Em resposta à corrente contínua, um capacitor atua como um armazenador de energia elétrica. Em corrente alternada, contudo, o comportamento do capacitor é completamente diferente devido à troca de polaridade da fonte. Este capítulo apresentará o comportamento do capacitor nas associações em circuitos CA. Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos anteriores sobre corrente alternada e capacitores. Funcionamento em CA Os capacitores despolarizados podem funcionar em corrente alternada, porque cada uma de suas armaduras pode receber tanto potencial positivo como negativo. Quando um capacitor é conectado a uma fonte de corrente alternada, a troca sucessiva de polaridade da tensão é aplicada às armaduras do capacitor. A cada semiciclo, a armadura que recebe potencial positivo entrega elétrons à fonte, enquanto a armadura que está ligada ao potencial negativo recebe elétrons. + - - + Eletricidade Reatância capacitiva 26 Com a troca sucessiva de polaridade, uma mesma armadura durante um semiciclo recebe elétrons da fonte e no outro devolve elétrons para a fonte. Existe, portanto, um movimento de elétrons ora entrando, ora saindo da armadura. Isso significa que circula uma corrente alternada no circuito, embora as cargas elétricas não passem de uma armadura do capacitor para a outra porque entre elas há o dielétrico, que é um isolante elétrico. Reatância Capacitiva Os processos de carga e descarga sucessivas de um capacitor ligado em CA dão origem a uma resistência à passagem da corrente CA no circuito. Essa resistência é denominada de reatância capacitiva. Ela é representada pela notação XC e é expressa em ohms (Ω), através da expressão: Na expressão apresentada, XC é a reatância capacitiva em ohms (Ω); f é a freqüência da corrente alternada em Hertz (Hz); C é a capacitância do capacitor em Farad (F); 2π é uma constante matemática cujo valor aproximado é 6,28. X = V IC C C Eletricidade Reatância capacitiva 27 Fatores que Influenciam na Reatância Capacitiva A reatância capacitiva de um capacitor depende apenas da sua capacitância e da freqüência da rede CA. O gráfico a seguir mostra o comportamento da reatância capacitiva com a variação da freqüência da CA, no qual é possível perceber que a reatância capacitiva diminui com o aumento da freqüência. No gráfico a seguir, está representado o comportamento da reatância capacitiva com a variação da capacitância. Observa-se que a reatância capacitiva diminui com o aumento da capacitância. Na equação da reatância, não aparece o valor de tensão. Isso significa que a reatância capacitiva é independente do valor de tensão de CA aplicada ao capacitor. A tensão CA aplicada ao capacitor influencia apenas na intensidade de corrente CA circulante no circuito. Relação entre Tensão CA, Corrente CA e Reatância Capacitiva Quando um capacitor é conectado a uma fonte de CA, estabelece-se um circuito elétrico. Nesse circuito estão envolvidos três valores: • tensão aplicada; • reatância capacitiva; • corrente circulante. Eletricidade Reatância capacitiva 28 Esses três valores estão relacionados entre si nos circuitos de CA da mesma forma que nos circuitos de CC, através da Lei de Ohm. Assim, VC = I . XC. Nessa expressão, VC é a tensão no capacitor em volts (V); I é a corrente (eficaz) no circuito em ampères (A); XC é a reatância capacitiva em omhs (Ω). Exemplo de cálculo: Um capacitor de 1 µF é conectado a uma rede de CA de 220 V, 60 Hz. Qual é a corrente circulante no circuito?Deve-se lembrar que os valores de V e I são eficazes, ou seja, são valores que serão indicados por um voltímetro e um miliamperímetro de CA conectados ao circuito. Determinação Experimental da Capacitância de um Capacitor Quando a capacitância de um capacitor despolarizado é desconhecida, é possível determiná-la por um processo experimental. Isso é feito aplicando-se o capacitor a uma fonte de CA com tensão (VC) e freqüência (f) conhecidos e medindo-se a corrente com um amperímetro de CA (IC). VCA f Vc C C=1µF 220 V 60 Hz Ω= 2654 = 0,000001 . 60 6,28. 1 = C . f . . 2 1XC π mA 82,9 ou 0,0829 2654 220 X V I C C === Eletricidade Reatância capacitiva 29 (conhecido) (conhecido) (desconhecido) C Observação O valor de tensão de pico da CA aplicada deve ser inferior à tensão de trabalho do capacitor. Conhecendo-se os valores de tensão e corrente no circuito, determina-se a reatância capacitiva do capacitor por meio da expressão: A capacitância (C) é obtida a partir da expressão: Isolando C: Exercícios 1. Responda as seguintes questões. a) Qual o principal motivo que diferencia o funcionamento do capacitor em tensão alternada e contínua ? b) Qual é o único tipo de capacitor que pode funcionar em corrente alternada ? X = V IC C C C . f . . 2 1XC π = C = 1 2 . . f . XCπ Eletricidade Reatância capacitiva 30 c) O que faz com que circule sempre uma corrente elétrica, quando o capacitor é ligado em corrente alternada ? d) O que é reatância capacitiva e qual sua unidade de medida ? e) Quais fatores influenciam no valor da reatância capacitiva ? 2. Resolva os seguintes exercícios. a) Determine a reatância capacitiva de um capacitor de 100 nF, ligado a uma rede elétrica com freqüência de 60 Hz. b) Um capacitor de 2,2 µF é ligado a uma fonte CA cuja freqüência é 18 KHz. Que valor de reatância apresenta esse componente? Eletricidade Reatância capacitiva 31 c) Um capacitor de 47 µF apresentou, em um circuito, uma reatância capacitiva de 169 Ω. Determine a freqüência do sinal de entrada deste circuito. d) Qual a reatância capacitiva em um capacitor de 330 KpF, ligado em uma rede de 50 Hz ? e) Um capacitor de 0,047 µF é conectado a uma rede de CA 220 V, 60 Hz. Qual é a corrente neste circuito ? Eletricidade Reatância indutiva 33 Reatância Indutiva Neste capítulo, continuaremos a estudar o comportamento dos indutores em circuitos de CA. Veremos que o efeito da indutância nestas condições se manifesta de forma permanente. Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, é necessário ter bons conhecimentos sobre magnetismo, eletromagnetismo e indutância. Reatância Indutiva Quando se aplica um indutor em um circuito de CC, sua indutância se manifesta apenas nos momentos em que existe uma variação de corrente, ou seja, no momento em que se liga e desliga o circuito. Em CA, como os valores de tensão e corrente estão em constante modificação, o efeito da indutância se manifesta permanentemente. Esse fenômeno de oposição permanente à circulação de uma corrente variável é denominado de reatância indutiva, representada pela notação XL. Ela é expressa em ohms e representada matematicamente pela expressão: XL = 2. π . f . L Na expressão, XL é a reatância indutiva em ohms (Ω); 2π é uma constante (6,28); f é a freqüência da corrente alternada em hertz (Hz) e L é a indutância do indutor em henrys (H). Exemplo de Cálculo No circuito a seguir, qual é a reatância de um indutor de 600 mH aplicado a uma rede de CA de 220 V, 60Hz? Eletricidade Reatância indutiva 34 XL = 2. π . f . L = 6,28 . 60 . 0,6 = 226,08 XL = 226,08 Ω É importante observar que a reatância indutiva de um indutor não depende da tensão aplicada aos seus terminais. A corrente que circula em um indutor aplicado à CA (IL) pode ser calculada com base na Lei de Ohm, substituindo-se R por XL, ou seja: Na expressão, IL é a corrente eficaz no indutor em ampères (A); VL é a tensão eficaz sobre o indutor, expressa em volts (V); e XL é a reatância indutiva em ohms (Ω). Exemplo de Cálculo No circuito a seguir, qual o valor da corrente que um indutor de 600 mH aplicado a uma rede de CA de 110V, 60Hz, permitiria que circulasse? XL = 2. π . f . L = 6,28 . 60 . 0,6 = 226,08 Ω IL = 0,486 A Fator de Qualidade Q Todo indutor apresenta, além da reatância indutiva, uma resistência ôhmica que se deve ao material com o qual é fabricado. O fator de qualidade Q é uma relação entre a reatância indutiva e a resistência ôhmica de um indutor, ou seja: VL 60 Hz 220 V L L L X V = I 0,486 = 226,08 110 = X V = I L L L Q = X R L Eletricidade Reatância indutiva 35 Na expressão, Q é o fator de qualidade adimensional; XL é a reatância indutiva (Ω); R é a resistência ôhmica da bobina (Ω). Um indutor ideal deveria apresentar resistência ôhmica zero. Isso determinaria um fator de qualidade infinitamente grande. No entanto, na prática, esse indutor não existe porque o condutor sempre apresenta resistência ôhmica. Exemplo de Cálculo O fator de qualidade de um indutor com reatância indutiva de 3768 Ω (indutor de 10H em 60Hz) e com resistência ôhmica de 80 Ω é: Q = 47,1 Determinação Experimental da Indutância de um Indutor Quando se deseja utilizar um indutor e sua indutância é desconhecida, é possível determiná-la aproximadamente por processo experimental. O valor encontrado não será exato porque é necessário considerar que o indutor é puro (R = 0 Ω). Aplica-se ao indutor uma corrente alternada com freqüência e tensão conhecidas e determina-se a corrente do circuito com um amperímetro de corrente alternada. Conhecidos os valores de tensão e corrente do circuito, determina-se a reatância indutiva do indutor: Na expressão, VL é a tensão sobre o indutor; IL é a corrente do indutor. Q = X R = 3768 80 = 47,1L L L L I V = X Eletricidade Reatância indutiva 36 Aplica-se o valor encontrado na equação da reatância indutiva e determina-se a indutância: XL = 2. π . f . L. Isolando-se L, temos: A imprecisão do valor encontrado não é significativa na prática, porque os valores de resistência ôhmica da bobina são pequenos quando comparados com a reatância indutiva (alto Q). Exercícios 1. Responda as questões que seguem. a) O que é reatância indutiva e qual é a sua unidade de medida ? b) Quais são os parâmetros que interferem no valor da reatância indutiva de um indutor ? c) Em um indutor alimentado por CA, quais grandezas elétricas são definidas como oposição à passagem da corrente elétrica neste circuito ? Explique por quê. 2. Resolva os exercícios que seguem. L = X 2 . . f L π Eletricidade Reatância indutiva 37 a) Qual é a reatância indutiva oferecida por uma bobina de 0,2 H, ligada a uma fonte de 110 V - 60 Hz ? b) Qual é a indutância de uma bobina ligada a uma fonte de 30 V - 40 Hz, sendo que a bobina apresenta uma reatância indutiva de 12 Ω ? c) Determine a freqüência em uma bobina com a reatância indutiva de 942 Ω, indutância de 100 mH, ligada a uma rede de 220 V. d) Calcule a reatância indutiva em um indutor com 25 mH, em uma rede de 60V, 8 kHz. e) Calcule a corrente elétrica que irá circular nos circuitos acima (a, b, c, d). Eletricidade Números Complexos 39 Números Complexos Para facilitar a resolução de cálculos em circuitos elétricos de Corrente Alternada necessitamos de instrumentos matemáticos que tornem possível o melhor entendimento desse assunto. Um dos instrumentos vital para a resolução de circuitosem CA é a teoria de números complexos. Para a análise e visualização dos fenômenos elétricos em CA usaremos o diagrama fasorial. 1. Representação dos Números Complexos Responda rápido: qual a solução da equação x2 + 1 = 0 ? Ao resolvermos essa equação, notamos que não existem raízes pertencentes aos números reais. As raízes pertencem ao conjunto dos números complexos, que podemos usar para representar raízes quadradas de números negativos. Def.: Denomina-se unidade imaginária o número j, tal que: 1−=j ou 12 −=j Assim, é possível representar a raiz quadrada de um número negativo através do número imaginário da seguinte forma: xjxjx ==− .2 Exemplos: jjj 244.4 2 ===− jjj 399.9 2 ===− Da definição de j, pode-se deduzir também que: Eletricidade Números Complexos 40 K 1)1).(1).(1(.. ).1).(1(.. 1)1).(1(. ).1(. 2226 225 224 23 −=−−−== =−−== =−−== −=−== jjjj jjjjjj jjj jjjjj Um número complexo possui três formas diferentes de representação: • Forma Retangular; • Forma Polar; e • Forma Trigonométrica. Cada uma destas formas pode ser usada dependendo das operações matemáticas envolvidas nos cálculos. 1) FORMA RETANGULAR Genericamente, todo número complexo z pode ser representado forma retangular: bjaz += imagináriaunidadej reaisnúmerossãobea : : O plano cartesiano utilizado para representar um número complexo z é formado por um eixo real (abcissa) no qual se localiza a quantidade a, e um eixo imaginário (ordenada) no qual se localiza a quantidade b. z(a,b) Eixo Imaginário Eixo Real (R) Figura 1: Plano Cartesiano para números complexos Eletricidade Números Complexos 41 θ o 2) FORMA POLAR Seja um número complexo z = a + bj representado no plano cartesiano, como mostra a figura 2. Na forma polar, o segmento de reta ρ=oz representa o módulo do número complexo z e θ representa o argumento (ângulo ou fase) de z, tomando-se como referência a parte positiva do eixo real. Assim, a forma polar de se representar um número complexo é a seguinte: θρ∠=z TRANSFORMAÇÃO DA FORMA RETANGULAR PARA POLAR Para transformar da forma retangular para a polar, usamos as seguintes expressões: 22 ba +=ρ e a b arctg=θ Dependendo do quadrante em que está localizado o segmento oz , o cálculo do ângulo θ precisa ser corrigido para que seu valor tenha como referência sempre a parte positiva do eixo real. Figura 2: Forma Polar do Número Complexo a z R b Eletricidade Números Complexos 42 Exemplos: a) Segmento oz no segundo quadrante: oarctg 34 3 2 ==′θ logo o14634180180 =−=′−= θθ b) Segmento oz no terceiro quadrante: oarctg 34 3 2 ==′θ logo o21434180180 =+=′+= θθ ou o14618034180 −=−=−′= θθ -5 5 -4 4 x y -3 2 θ' θ R Im R Im -3 -2 θ θ' Eletricidade Números Complexos 43 Exemplos: 1) == =+= += oarctg jz 45 4 4 2444 44 1 22 1 1 θ ρ Tal que oz 45241 ∠= 2) = = = oz 0 7 7 2 2 2 θ ρ Tal que oz 072 ∠= 3) = = = ojz 90 3 3 3 3 3 θ ρ Tal que o o z ouz 2703 903 3 3 −∠= ∠= 4) =−=∴≅=′ ≅=+−= +−= ooarctg jz 1463418034 3 2 6,3132)3( 23 44 22 4 4 θθ ρ Tal que oz 1466,34 ∠= 5) =+=∴≅=′ =−+−= −−= ooarctg jz 2173718037 4 3 5)3()4( 34 55 22 5 5 θθ ρ Tal que oz 21755 ∠= Eletricidade Números Complexos 44 θ ρ.sen θ ρ.cos θ TRANSFORMAÇÃO DA FORMA POLAR PARA RETANGULAR Da figura 3, obtêm-se as expressões trigonométricas de a e b: Um número complexo pode também ser representado na forma trigonométrica, como segue: )sen.(cos θθρ jz += Para transformar da forma polar para a forma retangular, podemos utilizar as expressões trigonométricas de a e b. Exemplos: 1) +=∴ === === ∠= jz b a z o o o 66,85 66,8866,0.1060sen.10 55,0.1060cos.10 6010 1 1 2) +−=∴ === −=−== ∠= jz b a z o o o 32,1710 32,17866,0.20120sen.20 10)5,0.(20120cos.20 12020 1 2 3) −=∴ −=−=−= ==−= −∠= jz b a z o o o 253,43 25)5,0.(50)30sen(.50 3,43866,0.50)30cos(.50 3050 1 3 a z Im R b Figura 3: Forma trigonométrica do Número Complexo θρ θρ sen. cos. = = b a Eletricidade Números Complexos 45 OPERAÇÕES COM NÚMEROS COMPLEXOS SOMA E SUBTRAÇÃO Para somar ou subtrair dois números complexos, utiliza-se a forma retangular, somando-se ou subtraindo-se as partes reais e imaginárias correspondentes. Assim, considerando-se os seguintes números complexos genéricos: jbazejbaz 222111 +=+= as operações 2121 zzezz −+ podem ser realizadas como segue: jbbaazz jbbaazz )()( )()( 212121 212121 −+−=− +++=+ Exemplos: Considere os seguintes números complexos: jzjzjzjz 2010155451010 4321 −−=+−=+=+= Obter: jjzz jjzz jjzz jjzz 1110)154()]5(5[ 65)104()105( 515)]20(15[)]10(5[ 1415)410()510( 32 12 43 21 −=−+−−=+ −−=−+−=+ −−=−++−+−=+ +=+++=+ MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO Para multiplicar ou dividir dois números complexos, utiliza-se a forma polar da seguinte maneira: - Multiplicação: multiplicam-se os módulos e somam-se os ângulos; - Divisão: dividem-se os módulos e subtraem-se os ângulos. Assim, considerando-se os seguintes números complexos genéricos: 222111 θρθρ ∠=∠= zez Eletricidade Números Complexos 46 as operações 2121. zzezz podem ser realizadas como segue: 21 2 1 2 1 212121 .. θθ ρ ρ θθρρ −∠= +∠= z z zz Exemplos: Considere os seguintes números complexos: ooo jzjzjz 9044601066,85452444 321 −∠=−=∠=+=∠=+= Obter: ooo o o ooo o o ooooo ooooo z z z z zz zz 1504,06090 10 4 6010 904 1352)90(45 4 24 904 4524 304090604109046010. 1056,566045102460104524. 2 3 3 1 32 21 −∠=−−∠= ∠ −∠ = ∠=−−∠= −∠ ∠ = −∠=−∠×=−∠×∠= ∠=+∠×=∠×∠= CONJUGADO DE UM NÚMERO COMPLEXO Dado um número complexo genérico θρ∠=+= zoubjaz , o seu conjugado *z é definido como: θρ −∠=−= ** zoubjaz 1. A multiplicação de um número complexo pelo seu conjugado tem a qualidade de eliminar a parte imaginária, pois 22* )).((. babjabjazz +=−+= . Desta forma, a divisão entre dois números complexos na forma retangular pode ser realizada achando-se o conjugado (z) do denominador, multiplicando-o pelo numerador e pelo denominador, e realizam-se, em seguida, as operações necessárias para simplificar o resultado. Eletricidade Impedãncia 47 Impedância 1. IMPEDÂNCIA: Elementos resistivos Como estudado na seção anterior, para um circuito puramente resistivo, v e i estão em fase e suas amplitudes são dadas por rmsp o pp pp p p VVOnde VVtVv fasorialformaNa RIV R V I = ∠=′⇒= ×=⇔= ).707,0( 0).707,0(.sen. : ω Aplicando a lei de ohm e utilizando a álgebra de fasores, temos: )0(0 R orms R o rms R V R VI θ θ −∠= ∠ ∠ =′ Como i e v estão em fase, o ângulo associado a i deve também ser zero, ou seja, θR = 0o. Então, orms R VI 0∠=′ (no domínio da freqüência) i = Ip.sen ω.t v = Vp.sen ω.t R Eletricidade Impedãncia 48 De modo que, no domínio do tempo, t R Vi rms ωsen).).(414,1(= Daí, sabendo que θR = 0o podemos escrever uma expressão na forma polar com relação de fase apropriada entre a tensão e a corrente em um resistor: o R RZ 0∠= A grandeza ZR, que tem um módulo e uma fase, é denominada impedância. Sua unidade é o ohm e indica quando o elemento "impede" a passagem de corrente no circuito. Exemplo 1: Usando a álgebra de números complexos, encontre a tensão v no circuito abaixo e esboce o gráfico de i e v. SOLUÇÃO ∠=′∴∠=′ += Ω= = oo o R AIIFasorti Z v 30828,2304).707,0(: )30.sen(.4 2 ? ω Então, a tensão na forma fasorial é: ∠=∠Ω∠=′ ∠∠=′=′ ooo o rmsR VAV RIZIV 30656,5)02).(30828,2( )0).((. θ i = 4.sen ω.t + 30o 2 Ω v =? Eletricidade Impedãncia 49 Mas a tensão v pedida no exemplo pode ser dada no domínio do tempo. Portanto: += += )30.sen(.8 )30.sen(.656,5).414,1( o o tv tv ω ω Podemos escrever uma tabela resumo: Domínio Tempo Freqüência Corrente )30sen(.4 oti += ω oI 30828,2 ∠=′ Tensão )30sen(.8 otv += ω oV 30656,5 ∠=′ Impedância R =2 Ω o RZ 02∠= O gráfico das formas de onda de i e v é dado a seguir: Ao fazermos a análise de um circuito, é sempre útil traçar um diagrama de fasores que nos dá uma visão imediata dos módulos e das relações de fase para as várias grandezas associadas ao circuito. O diagrama de fasores do exemplo é traçado assim: Eletricidade Impedãncia 50 2. IMPEDÂNCIA: Elementos indutivos No caso do indutor puro, a tensão está adiantada de 90o em relação à corrente e a reatância indutiva XL é dada por ω.L. Então, rmsp o p p VVOnde VV fasorialformaNa tVv = ∠=′ = ).707,0( 0).707,0( : .sen. ω Utilizando a definição de resistência, temos: )0(0 L o L rms LL o rms X V X VI θ θ −∠= ∠ ∠ =′ Como v está adiantada de 90o em relação a i, a corrente deve ter uma fase inicial de - 90o associada a ela. Para que esta condição seja satisfeita, θL deve ser igual a 90o. Substituindo este valor na expressão anterior, temos: o L rmsoo L rms o L o rms X V X V X VI 90)900( 90 0 −∠=−∠= ∠ ∠ =′ De modo que, no domínio do tempo, )90.sen().).(414,1( o L rms t X Vi −= ω Daí, sabendo que θL = 90o podemos escrever uma expressão na forma polar que assegura a relação de fase apropriada entre a tensão e a corrente em um indutor: o LL XZ 90∠= i v = Vp.sen ω.t XL = ω.L Eletricidade Impedãncia 51 A grandeza ZL, que um módulo e uma fase, é denominada impedância do indutor, e tem a mesma unidade de ZR. Esta impedância indica quanto o indutor "impede" a passagem de corrente no circuito. Exemplo 2: Usando a álgebra de números complexos, encontre a tensão v no circuito abaixo e esboce o gráfico de v e i. SOLUÇÃO ∠=′∴∠=′ += Ω== = oo o LL AIIFasor ti XZ v 30535,3305).707,0(: )30.sen(.5 4 ? ω Então, a tensão na forma fasorial é: ∠=∠Ω∠=′ ∠∠=′=′ ooo o LrmsL VAV XIZIV 12014,14)904)(30535,3( )90).((. θ Mas a tensão v pedida no exemplo pode ser dada no domínio do tempo. Portanto: += += )120.sen(.20 )120.sen(.14,14).414,1( o o tv tv ω ω Podemos escrever uma tabela resumo: Grandeza Domínio do Tempo Corrente )30sen(.5 oti += ω Tensão )120sen(.20 otv += ω Impedância XL = 4 Ω Grandeza Domínio da Freqüência Corrente oI 30535,3 ∠=′ Tensão oV 12014,14 ∠=′ Impedância o LZ 904 +∠= v = ? XL = 4Ω i = 5.sen (ω.t + 30o) Eletricidade Impedãncia 52 O gráfico das formas de onda de i e v é dado a seguir: O diagrama de fasores desse exemplo indica claramente que a tensão está adiantada de 90o em relação à corrente. Observe o gráfico a seguir: Eletricidade Impedãncia 53 3. IMPEDÂNCIA: Elementos capacitivos No caso do capacitor puro, a corrente fica adiantada de 90o em relação à tensão e a reatância capacitiva XC é dada por (1/ω.C). Então, rmsp o p p VVOnde VV fasorialformaNa tVv = ∠=′ = ).707,0( 0).707,0( : .sen. ω Aplicando a álgebra fasorial e a definição de resistência, obtemos: )0(0 C o C rms CC o rms X V X VI θ θ −∠= ∠ ∠ =′ Como i está adiantada de 90o em relação a v, a fase associada à corrente deve ser +90o. Para que esta condição seja satisfeita, θC deve ser igual a -90o. Substituindo este valor na expressão anterior, temos: o C rmsoo C rms o C o rms X V X V X VI 90)90(0 90 0 ∠=−−∠= −∠ ∠ =′ De modo que, no domínio do tempo, )90.sen().).(414,1( o C rms t X Vi += ω Daí, sabendo que θC = -90o podemos escrever uma expressão na forma polar que assegura a relação de fase apropriada entre a tensão e a corrente em um capacitor: o CC XZ 90−∠= v =Vp.sen ω.t XC = (1/ω.C) i Eletricidade Impedãncia 54 A grandeza ZC, que um módulo e uma fase, é denominada impedância do capacitor, e tem a mesma unidade de ZR. Esta impedância indica quanto o capacitor "impede" a passagem de corrente no circuito. Exemplo 3: Usando a álgebra de números complexos, obtenha a corrente i no circuito abaixo e trace o gráfico de v e i. SOLUÇÃO ∠=′∴∠=′ = Ω== = oo CC VVVFasor tv XZ i 0605,10015).707,0(: .sen.15 2 ? ω Então, a corrente na forma fasorial é: ∠=′∴ −∠Ω ∠ = −∠ ∠ = ′ =′ o o o o C rms C AI V X V Z VI 90303,5 902 0605,10 90 θ Mas a corrente i pedida no exemplo pode ser dada no domínio do tempo. Portanto: += += )90.sen(.5,7 )90.sen(.303,5).414,1( o o ti ti ω ω v =15.sen ω.t XC = 2 Ω i = ? Eletricidade Impedãncia 55 Podemos escrever a seguinte tabela resumo: Grandeza Domínio do Tempo Corrente )90sen(.5,7 oti += ω Tensão tv ωsen.15= Impedância XC = 2 Ω Grandeza Domínio da Freqüência Corrente oI 90303,5 ∠=′ Tensão oV 0605,10 ∠=′ Impedância o CZ 902 −∠= O gráfico das formas de onda de i e v pode ser visto a seguir: O diagrama de fasores indica claramente que a corrente está adiantada de 90o em relação à tensão. Observe o gráfico a seguir: Eletricidade Impedãncia 56 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1) Expresse as impedâncias dos componentes a seguir, tanto na forma polar quanto na retangular. a) R = 6,8 Ω b) L = 2 H e ω = 377 rad/s c) C = 10 µF e ω = 377 rad/s d) L = 0,05 H e f=50 Hz e) R = 200 Ω e ω = 157 rad/s f) C = 0,05 µF e f = 10 kHz Eletricidade Impedãncia 57 2) Calcule a corrente i para cada caso abaixo, utilizando a álgebra dos números complexos. Esboce as formas de onda de v e i conforme exemplos nas seções de teoria. a) R = 3 Ω e v = 21.sen(ω.t + 10o) b) XL = 7 Ω e v = 49.sen(ω.t + 70o) c) XC = 100 Ω e v = 25.sen(ω.t - 20o) d) R = 5,1 kΩ e v = 4.10-3.sen(ω.t - 120o) e) L = 0,1 H e v = 16.sen(377.t + 60o) f) C = 2 µF; f = 5 kHz e v = 120.sen ω.t Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 59 Impedância – Análise vetorial Quando um circuito composto apenas por resistores é conectado a uma fonte de CC ou CA, a oposição total que esse tipo de circuito apresenta à passagem da corrente é denominada de resistência total. Entretanto, em circuitos CA que apresentam resistências associadas e reatâncias associadas, a expressão resistência total não é aplicável. Nesse tipo de circuito, a oposição total à passagem da corrente elétrica é denominada de impedância, que não pode ser calculada da mesma forma que a resistência total de um circuito composta apenas por resistores, por exemplo. A existência de componente reativos, que defasam correntes ou tensões, torna necessário o uso de formas particulares para o cálculo da impedância de cada tipo de circuito em CA. Esse é o assunto deste capítulo. Para ter um bom aproveitamento no estudo deste assunto, é necessário ter conhecimentos anteriores sobre tipos de circuitos em CA, resistores, capacitores e indutores. Circuitos Resistivos, Indutivos e Capacitivos Em circuitos alimentados por CA, como você já estudou, existem três tipos de resistências que dependem do tipo de carga. Em circuitos resistivos, a resistência do circuito é somente a dificuldade que os elétrons encontram para circular por um determinado material, normalmente níquel- cromo ou carbono.Esta resistência pode ser medida utilizando-se um ohmímetro. Nos circuitos indutivos, a resistência total do circuito não pode ser medida somente com um ohmímetro, pois, além da resistência ôhmica que a bobina oferece à passagem da corrente (resistência de valor muito baixo), existe também uma corrente Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 60 de auto-indução que se opõe à corrente do circuito, dificultando a passagem da corrente do circuito. Desta forma, a resistência do circuito vai depender, além da sua resistência ôhmica, da indutância da bobina e da freqüência da rede, pois são estas grandezas que influenciam o valor da corrente de auto-indução. Nos circuitos capacitivos, a resistência total do circuito também não pode ser medida com um ohmímetro, porque a mudança constante do sentido da tensão da rede causa uma oposição à passagem da corrente elétrica no circuito. Neste caso, a resistência total do circuito, vai depender da freqüência de variação da polaridade da rede e da capacitância do circuito. A tabela que segue, ilustra de forma resumida os três casos citados. Tipo de circuito Grandeza Símbolo Unidade Representação Fórmula Causa da oposição Resistivo resistência R ohm Ω I V R = resistência do material usado Indutivo reatância indutiva XL ohm Ω 2 . π . f . L corrente de auto-indução e quadrática Capacitivo reatância capacitiva XC ohm Ω Cf ⋅⋅π⋅2 1 variação constante de polaridade da tensão da rede Impedância Em circuitos alimentados por CA, com cargas resistivas-indutivas ou resistivas- capacitivas, a resistência total do circuito será a soma quadrática da resistência pura (R) com as reatâncias indutivas (XL) ou capacitivas (XC). A este somatório quadrático denomina-se impedância, representada pela letra Z e expressa em ohms (Ω): Z2 = R2 + XL2 ou Z2 = R2 + XC2 Para cálculo da impedância de um circuito, não se pode simplesmente somar valores de resistência com reatâncias, pois estes valores não estão em fase. • De acordo com o tipo de circuito, são usadas equações distintas para dois tipos de circuitos: em série e em paralelo. Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 61 Circuitos em Série Nos circuitos em série, pode-se ter três situações distintas: resistor e indutor, resistor e capacitor, ou resistor, indutor e capacitor simultaneamente. • Resistor e indutor (circuito RL - série). • Resistor e capacitor (circuito RC - série). • Resistor indutor e capacitor (circuito RLC - série). VT f Z X RL= + 2 2 VT f Z X RC= + 2 2 VT f ( )Z X X RL C= − +2 2 Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 62 Tensão e Corrente Para cálculos de tensão e corrente, as equações são apresentadas na tabela a seguir: Tipo de Tensão Corrente circuito série Total Resistor Capacitor Indutor Total Resistor Capacitor Indutor RL VT = VR2 + VL2 VR = VT 2 - VL 2 - 2 R V- 2 TV=LV RC VT = VR2 + VC2 VR = VT2 - VC2 VC = VT2 - VR2 - I V ZT T= I V RR R= I V XC C C = I V XL L L = RLC VT R VC= −V 2 + ( VL )2 VR VC= −VT 2 - ( VL ) 2 VC = XC . IT VL = XL . IT Circuitos em Paralelo Nos circuitos em paralelo, podem ocorrer três situações estudadas distintas; resistor e indutor, resistor e capacitor ou resistor, indutor e capacitor simultaneamente. A seguir será apresentado as três situações. • Resistor e indutor (circuito RL - paralelo). • Resistor e capacitor (circuito RC - paralelo). Z = XL ⋅ + R X RL 2 2 Z = X C ⋅ + R X RC 2 2 Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 63 • Resistor indutor e capacitor (circuito RLC -série). Tensão e Corrente Para cálculos de tensão e corrente as equações são apresentadas a seguir. VT = VR = VL = VC Tipo Tensão Corrente de circuito Total Resistor Capacitor Indutor Total Resistor Capacitor Indutor RL IT = IR 2 + IL 2 IR = IT 2 - IL 2 - IL = IT 2 - IC 2 RC IT = IR 2 + IC 2 IR = IT 2 - IC 2 IC = IT 2 - IR 2 - I V ZT T= I V RR R= I V XC C C = I V XL L L = RLC IT R IC= −I 2 + ( IL ) 2 IR IC= −IT 2 - ( IL ) 2 IC IL= + IT 2 - IR 2 IL IC= + IT 2 - IR 2 Z R X XL C = + − 1 1 1 12 2 Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 64 Exercícios 1. Calcule a impedância dos circuitos a seguir. a) b) c) d) Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 65 e) f) g) h) Eletricidade Impedãncia – Análise vetorial 66 2. Resolva o problema a seguir. a. Calcular o valor de x no circuito a seguir, considerando-o em três situações: 1a situação: x ⇒ resistor (calcular a resistência). 2a situação: x ⇒ indutor (calcular a indutância). 3a situação: x ⇒ capacitor (calcular a capacitância). Eletricidade Potência em CA 67 Potência em CA Além da tensão e da corrente, a potência é um parâmetro muito importante para o dimensionamento dos diversos equipamentos elétricos. Neste capítulo, estudaremos a potência em corrente alternada em circuitos monofásicos, o fator de potência e suas unidades de medida. Para aprender esse conteúdo com mais facilidade, é necessário ter conhecimentos anteriores sobre corrente alternada, comportamento de indutores e capacitores em CA. Potência em corrente alternada Como já vimos, a capacidade de um consumidor de produzir trabalho em um determinado tempo, a partir da energia elétrica, é chamada de potência elétrica. Em um circuito de corrente contínua, a potência é dada em watts, multiplicando-se a tensão pela corrente. O cálculo apresentado a seguir é válido não só para CC mas também para CA, quando os circuitos são puramente resistivos. P = U . I = 100 . 10 = 1000 W U A10 10 100 R U I === Eletricidade Potência em CA 68 Todavia, quando se trata de circuitos de CA com cargas indutivas e/ou capacitivas, ocorre uma defasagem entre tensão e corrente. Isso nos leva a considerar três tipos de potência: • potência aparente (S); • potência ativa (P); • potência reativa (Q). Potência Aparente A potência aparente (S) é o resultado da multiplicação da tensão pela corrente. Em circuitos não resistivos em CA, essa potência não é real, pois não considera a defasagem que existe entre tensão e corrente. A unidade de medida da potência aparente é o volt-ampère (VA). Exemplo de Cálculo: Determinar a potência aparente do circuito a seguir. Potência Ativa A potência ativa, também chamada de potência real, é a potência verdadeira do circuito, ou seja, a potência que realmente produz trabalho. Ela é representada pela notação P. A potência ativa pode ser medida diretamente através de um wattímetro e sua unidade de medida é o watt (W). No cálculo da potência ativa, deve-se considerar a defasagem entre as potências, através do fator de potência (cos ϕ) que determina a defasagem entre tensão e corrente. Assim, a fórmula para esse cálculo é: P = U . I . cos ϕ S = U . I = 100 . 5 = 500 S = 500 VA Eletricidade Potência em CA 69 Exemplo de Cálculo: Determinar a potência ativa do circuito a seguir, considerando cos ϕ = 0,8. P = U . I . cos ϕ = 100 . 5 . 0,8 = 400 P = 400 W Observação O fator cos ϕ (cosseno do ângulo de fase) é chamado de fator de potência do circuito, pois determina qual a porcentagem de potência aparente é empregada para produzir trabalho. O fator de potência é calculado por meio da seguinte fórmula: No circuito do exemplo acima, apotência ativa é de 400 W e a potência aparente é de 500 VA. Assim, o cos ϕ é: A concessionária de energia elétrica especifica o valor mínimo do fator de potência em 0,92 , medido junto ao medidor de energia. O fator de potência deve ser o mais alto possível, isto é, próximo da unidade (cos ϕ = 1). Assim, com a mesma corrente e tensão, consegue-se maior potência ativa que é a que produz trabalho no circuito. S P cos =ϕ 80 500 400 S P cos ,===ϕ Eletricidade Potência em CA 70 Potência Reativa Potência reativa é a porção da potência aparente que é fornecida ao circuito. Sua função é constituir o circuito magnético nas bobinas e um campo elétrico nos capacitores. Como os campos aumentam e diminuem acompanhando a freqüência, a potência reativa varia duas vezes por período entre a fonte de corrente e o consumidor. A potência reativa aumenta a carga dos geradores, dos condutores e dos transformadores originando perdas de potência nesses elementos do circuito. A unidade de medida da potência reativa é o volt-ampère reativo (VAr), e é representada pela letra Q. A potência reativa é determinada por meio da seguinte expressão: Q = S . sen ϕ Exemplo de Cálculo: Determinar a potência reativa do circuito a seguir. Primeiramente, verifica-se na tabela, o valor do ângulo ϕ e o valor do seno desse ângulo: arc cos 0,8 = 36o 52' sen 36o 52' = 0,6 Outra maneira de determinar o sen ϕ é por meio da seguinte fórmula: No exemplo dado, tem-se Q = S . sen ϕ = 500 . 0,6 = 300 2) (cos - 1 sen ϕ=ϕ 0,60,360,6410,81) (cos - 1 sen 22 ==−=−=ϕ=ϕ Eletricidade Potência em CA 71 Q = 300 VAr Triângulo das Potências As equações que expressam as potências ativa, aparente e reativa podem ser desenvolvidas geometricamente em um triângulo retângulo chamado de triângulo das potências. Assim, se duas das três potências são conhecidas, a terceira pode ser determinada pelo teorema de Pitágoras. Exemplo Determinar as potências aparente, ativa e reativa de um motor monofásico alimentado por uma tensão de 220 V, com uma corrente de 3,41 A circulando, e tendo um cos ϕ = 0,8. Potência Aparente S = V . I = 220 V . 3,41 S ≅ 750 VA Potência Ativa P = V . I . cos ϕ = 220 x 3,41 x 0,8 P = 600 W Potência Reativa Q = 450 VAr 202500 600 - 750 2222 ==−= PSQ Eletricidade Potência em CA 72 Exercícios 1. Responda às questões a seguir. a) O que é potência elétrica ? b) Qual é a diferença entre as potências ativa, aparente e reativa ? c) O que o cosseno do ângulo ϕ representa ? 2. Resolva os exercícios que seguem. a) Calcule as potências aparente e ativa de uma instalação com os seguintes valores: • tensão: 220 V; • corrente: 3 A; • cos ϕ: 0, 85. Eletricidade Potência em CA 73 b) Um motor elétrico monofásico tem uma potência ativa de 1472 W (2 CV), e uma potência aparente de 1894 VA. Calcule a potência reativa e o cos ϕ desse motor. c) Qual será a potência reativa em um circuito com sen ϕ 0,65, cuja tensão de alimentação é 120 V e a corrente é 12 A? Eletricidade Transformadores 75 Transformadores Os aparelhos eletroeletrônicos são construídos para funcionar alimentados pela rede elétrica. Todavia, a grande maioria deles usam tensões muito baixas para alimentar seus circuitos: 6 V, 12 V, 15 V. Um dos dispositivos utilizados para fornecer baixas tensões a partir das redes de 110 V ou 220 V é o transformador. Por isso, é extremamente importante que os técnicos de eletroeletrônica conheçam e compreendam as características desse componente. Este capítulo apresenta as especificações técnicas e modo de funcionamento dos transformadores, de modo a capacitá-lo a conectar, testar e especificar corretamente esses dispositivos. Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos e atividades deste capítulo, você deverá ter bons conhecimentos prévios sobre corrente alternada, indutores em CA, relação de fase entre tensões e eletromagnetismo. Transformador O transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores de tensão em um circuito de CA. A grande maioria dos equipamentos eletrônicos emprega transformadores para elevar ou rebaixar tensões. A figura a seguir mostra alguns tipos de transformadores. Eletricidade Transformadores 76 Funcionamento Quando uma bobina é conectada a uma fonte de CA, um campo magnético variável surge ao seu redor. Se outra bobina se aproximar da primeira, o campo magnético variável gerado na primeira bobina corta as espiras da segunda bobina. Em conseqüência da variação do campo magnético sobre as espiras, surge uma tensão induzida na segunda bobina. A bobina na qual se aplica a tensão CA é denominada primário do transformador. A bobina onde surge a tensão induzida é denominada secundário do transformador. Eletricidade Transformadores 77 Observação As bobinas primária e secundária são eletricamente isoladas entre si. Isso se chama isolação galvânica. A transferência de energia de uma para a outra se dá exclusivamente através das linhas de forças magnéticas. A tensão induzida no secundário é proporcional ao número de linhas magnéticas que cortam a bobina secundária e ao número de suas espiras. Por isso, o primário e o secundário são montados sobre um núcleo de material ferromagnético. Esse núcleo tem a função de diminuir a dispersão do campo magnético fazendo com que o secundário seja cortado pelo maior número possível de linhas magnéticas. Como conseqüência, obtém-se uma transferência melhor de energia entre primário e secundário. Veja a seguir o efeito causado pela colocação do núcleo no transformador. Eletricidade Transformadores 78 Com a inclusão do núcleo, embora o aproveitamento do fluxo magnético gerado seja melhor, o ferro maciço sofre perdas por aquecimento causadas por dois fatores: a histerese magnética e as correntes parasitas. As perdas por histerese magnética são causadas pela oposição que o ferro oferece à passagem do fluxo magnético. Essas perdas são diminuídas com o emprego de ferro doce na fabricação do núcleo. As perdas por corrente parasita (ou correntes de Foulcault) aquecem o ferro porque a massa metálica sob variação de fluxo gera dentro de si mesma uma força eletromotriz (f.e.m.) que provoca a circulação de corrente parasita. Para diminuir o aquecimento, os núcleos são construídos com chapas ou lâminas de ferro isoladas entre si. O uso de lâminas não elimina o aquecimento, mas torna-o bastante reduzido em relação ao núcleo de ferro maciço. Eletricidade Transformadores 79 Observação As chapas de ferro contêm uma porcentagem de silício em sua composição. Isso favorece a condutibilidade do fluxo magnético. A figura a seguir mostra os símbolos usados para representar o transformador, segundo a norma NBR 12522/92 Transformador com dois enrolamentos Transformador com três enrolamentos Autotransformador Transformador com derivação central em um enrolamento Transformadores com mais de um Secundário Para se obter várias tensões diferentes, os transformadores podem ser construídos com mais de um secundário, como mostram as ilustrações a seguir. Eletricidade Transformadores 80 Relação de Transformação Como já vimos, a aplicação de uma tensão CA ao primário de um transformador causa o aparecimento de uma tensão induzida em seu secundário. Aumentando-se a tensão aplicada ao primário, a tensão induzida no secundário aumenta na mesma proporção. Essa relação entre as tensões depende fundamentalmente da relação entre o número de espiras no primário e secundário. Por exemplo, num transformador com primário de 100 espiras e secundário de 200 espiras, a tensão do secundário será o dobro da tensão do primário.Se chamarmos o número de espiras do primário de NP e do secundário de NS podemos escrever: VS/VP = 2 NS/NP = 2. Lê-se: saem 2 para cada 1 que entra. O resultado da relação VS/ VP e NS/NP é chamado de relação de transformação e expressa a relação entre a tensão aplicada ao primário e a tensão induzida no secundário. Um transformador pode ser construído de forma a ter qualquer relação de transformação que seja necessária. Veja exemplo na tabela a seguir. Relação de Transformação Transformação 3 VS = 3 . VP 5,2 VS = 5,2 . VP 0,3 VS = 0,3 . VP Eletricidade Transformadores 81 Observação A tensão no secundário do transformador aumenta na mesma proporção da tensão do primário até que o ferro atinja seu ponto de saturação. Quando esse ponto é atingido, mesmo que haja grande variação na tensão de entrada, haverá pequena variação na tensão de saída. Tipos de Transformadores Os transformadores podem ser classificados quanto à relação de transformação. Nesse caso, eles são de três tipos: • transformador elevador; • transformador rebaixador; • transformador isolador. O transformador elevador é aquele cuja relação de transformação é maior que 1, ou seja, NS > NP. Por causa disso, a tensão do secundário é maior que a tensão do primário, isto é, VS> VP. O transformador rebaixador é aquele cuja relação de transformação é menor que 1, ou seja, NS < NP. Portanto, VS < VP. Os transformadores rebaixadores são os mais utilizados em eletrônica. Sua função é rebaixar a tensão das redes elétricas domiciliares (110 V/220 V) para tensões de 6 V, 12 V e 15 V ou outra, necessárias ao funcionamento dos equipamentos. O transformador isolador é aquele cuja relação de transformação é de 1 para 1, ou seja, NS = NP. Como conseqüência, VS = VP. Os transformadores isoladores são usados em laboratórios de eletrônica para isolar eletricamente da rede a tensão presente nas bancadas. Esse tipo de isolação é chamado de isolação galvânica. Veja a seguir a representação esquemática desses três tipos de transformadores. Eletricidade Transformadores 82 Eletricidade Transformadores 83 Relação de Potência Como já foi visto, o transformador recebe uma quantidade de energia elétrica no primário, transforma-a em campo magnético e converte-a novamente em energia elétrica disponível no secundário. A quantidade de energia absorvida da rede elétrica pelo primário é denominada de potência do primário, representada pela notação PP. Admitindo-se que não existam perdas por aquecimento do núcleo, pode-se concluir que toda a energia absorvida no primário está disponível no secundário. A energia disponível no secundário chama-se potência do secundário (PS). Se não existirem perdas, é possível afirmar que PS = PP. A potência do primário depende da tensão aplicada e da corrente absorvida da rede, ou seja: PP = VP . IP A potência do secundário, por sua vez, é o produto da tensão e corrente no secundário, ou seja: PP = VS . IS. A relação de potência do transformador ideal é, portanto: VS . IS = VP . IP Esta expressão permite que se determine um dos valores do transformador se os outros três forem conhecidos. Veja exemplo a seguir. Eletricidade Transformadores 84 Exemplo Um transformador rebaixador de 110 V para 6 V deverá alimentar no seu secundário uma carga que absorve uma corrente de 4,5 A. Qual será a corrente no primário? VP = 110 V VS = 6 V IS = 4,5 A IP = ? Como VP . IP = VS . IS, então: Potência em Transformadores com mais de um Secundário Quando um transformador tem mais de um secundário, a potência absorvida da rede pelo primário é a soma das potências fornecidas em todos os secundários. Matematicamente, isso pode ser representado pela seguinte equação: mA 245 ou A 245,0 110 27 110 5,4.6 V I.V I P SS P ==== Eletricidade Transformadores 85 PP = PS1 + PS2 + ... + PSn Onde PP é a potência absorvida pelo primário; PS1 é a potência fornecida pelo secundário 1; PS2 é a potência fornecida pelo secundário 2; PSn é a potência fornecida pelo secundário n. Essa expressão pode ser reescrita usando os valores de tensão e corrente do transformador: VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . IS2) + ... + (VSn . ISn) Onde VP e IP são respectivamente tensão e corrente do primário; VS1 e IS1 são respectivamente tensão e corrente do secundário 1; VS2 e IS2 são respectivamente tensão e corrente do secundário 2; VSn e ISn são respectivamente tensão e corrente do secundário n. Exemplo Determinar a corrente do primário do transformador mostrado a seguir: PP = VP . IP VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . S2) = (6 . 1) + (40 . 1,5) = 6 + 60 = 66 VA PP = 66 VA V Eletricidade Transformadores 86 IP = 0,6 A ou 600 mA Ligação de Transformadores em 110 V e 220 V Alguns aparelhos eletrônicos são fabricados de tal forma que podem ser usados tanto em redes de 110 V quanto de 220 V. Isso é possível através da seleção feita por meio de uma chave situada na parte posterior do aparelho. Na maioria dos casos, essa chave está ligada ao primário do transformador. De acordo com a posição da chave, o primário é preparado para receber 110 V ou 220 V da rede elétrica e fornece o mesmo valor de tensão ao secundário. Existem dois tipos de transformadores cujo primário pode ser ligado para 110 V e 220V: • transformador 110 V/220 V com primário a três fios; • transformador 110 V/220 V com primário a quatro fios. Transformador com Primário a Três Fios O primário do transformador a três fios é constituído por uma bobina para 220 V com uma derivação central. A6,0 110 66 V PI P P P === Eletricidade Transformadores 87 Essa derivação permite que se utilize apenas uma das metades do primário de modo que 110 V sejam aplicados entre uma das extremidades da bobina e a derivação central. Veja a seguir a representação esquemática dessa ligação. A chave usada para a seleção 110 V/220 V é normalmente deslizante, de duas posições e dois pólos. É também conhecida como HH. Transformador com Primário a Quatro Fios O primário desse tipo de transformador constitui-se de duas bobinas para 110 V, eletricamente isoladas entre si. Eletricidade Transformadores 88 Ligação para 220V Em um transformador para entrada 110 V/220 V com o primário a quatro fios, a ligação para 220 V é feita colocando as bobinas do primário em série. Deve-se observar a identificação dos fios, ou seja, I1 para a rede, I2 e F1 interligados e F2 para a rede. Ligação para 110 V Em um transformador para entrada 110 V/220 V com primário a quatro fios, a ligação para 110 V é feita colocando as duas bobinas primárias em paralelo respeitando a identificação dos fios, ou seja, I1 em ponte com I2 na rede, F1 em ponte com F2 na rede. Eletricidade Transformadores 89 Quando a chave HH está na posição 110 V, os terminais I1, I2, F1 e F2 são conectados em paralelo à rede. Eletricidade Transformadores 90 Quando a chave HH está na posição 220 V, os terminais I1 e F2 ficam ligados à rede por meio da chave. Instalação de Dispositivos de Controle e Proteção Em todo o equipamento elétrico ou eletrônico, é necessário dispor de dispositivos de comando do tipo liga/desliga e de dispositivos de proteção que evitam danos maiores em caso de situações anormais. Normalmente, tanto os dispositivos de controle quanto os de proteção são instalados na entrada de energia do circuito, antes do transformador. Para a proteção do equipamento, geralmente um fusível é usado. Sua função é romper-se caso a corrente absorvida da rede se eleve. Isso corta a entrada de energia do transformador. O fusível é dimensionado para um valor de corrente um pouco superior à corrente necessária para o primário do transformador. Alguns equipamentos têm mais de um fusível: um "geral", colocado antes do transformador e outroscolocados dentro do circuito de acordo com as necessidades do projeto. Eletricidade Transformadores 91 Veja a seguir a representação esquemática da ligação do fusível e chave liga/desliga no circuito. Observação Tanto na ligação para 110 V quanto para 220 V, a ordem de início e fim das bobinas é importante. Normalmente, os quatro fios do primário são coloridos e o esquema indica os fios. I1 - início da bobina 1; F1 - fim da bobina 1; I2 - início da bobina 2; F2 - fim da bobina 2. Eletricidade Transformadores 92 Identificação dos Terminais Quando não se dispõe, no esquema do transformador, da identificação do início ou fim dos terminais da bobina, é necessário realizar um procedimento para identificá-los. Isso é necessário porque se a ligação for realizada incorretamente, o primário pode ser danificado irreversivelmente. O procedimento é o seguinte: • identificar, com o ohmímetro, o par de fios que corresponde a cada bobina. Sempre que o instrumento indicar continuidade, os dois fios medidos são da mesma bobina. Além de determinar os fios de cada bobina, esse procedimento permite testar se as bobinas estão em boas condições; • separar os pares de fios de cada bobina; • identificar os fios de cada uma das bobinas com início e fim I1, F1 e I2, F2. A identificação de início e fim pode ser feita aleatoriamente em cada bobina da seguinte forma: 1. Interligar as bobinas do primário em série; 2. Aplicar, no secundário, uma tensão CA de valor igual à tensão nominal do secundário. Por exemplo: em um transformador 110 V/220 V x 6 V, deve-se aplicar uma tensão de 6 V no secundário. Eletricidade Transformadores 93 No transformador usado como exemplo, se 220 V forem aplicados ao primário, serão obtidos 6 V no secundário. Da mesma forma, se forem aplicados 6 V no secundário, deve-se obter 220 V no primário (em série). Assim, é possível verificar se a identificação está correta, medindo a tensão nas extremidades do primário. 3. Medir a tensão das extremidades do primário. Se o resultado da medição for 220 V, a identificação está correta. Se o resultado for 0 V, a identificação está errada. Nesse caso, para corrigir a identificação, deve-se trocar apenas a identificação de uma das bobinas (I1 por F1 ou I2 por F2). Observação É conveniente repetir o teste para verificar se os 220 V são obtidos no primário. Especificação de Transformadores A especificação técnica de um transformador deve fornecer: • a potência em VA (pequenos transformadores); • as tensões do primário; • as tensões do secundário. A especificação 110 V/220 V 6 V - 1 A 30 V-0,5 A indica um transformador com as seguintes características: • primário - entrada para 110 V ou 220 V; • 2 secundários - um para 6 V-1 A e um para 30 V-0,5 A. A especificação técnica de um transformador em que o secundário tenha derivação central é feita da seguinte maneira: 12 VA, de potência; 110 V/220 V, características do primário; 6 + 6 V, secundário com 6 + 6 V, ou seja, 6 V entre as extremidades e a derivação central; 1 A, corrente no secundário. Relação de Fase entre as Tensões do Primário e do Secundário A tensão no secundário é gerada quando o fluxo magnético variável corta as espiras do secundário. Como a tensão induzida é sempre oposta à tensão indutora, a tensão no secundário tem sentido contrário à do primário. Eletricidade Transformadores 94 Isso significa que a tensão no secundário está defasada 180o da tensão no primário, ou seja, quando a tensão no primário aumenta num sentido, a tensão do secundário aumenta no sentido oposto. Ponto de Referência Considerando-se a bobina do secundário de um transformador ligado em CA, observa- se que a cada momento um terminal é positivo e o outro é negativo. Após algum tempo, existe uma troca de polaridade. O terminal que era positivo torna-se negativo e vice-versa. Nos equipamentos eletrônicos é comum um dos terminais do transformador ser usado como referência, ligado ao terra do circuito. Nesse caso, o potencial do terminal aterrado é considerado como sendo 0 V, não apresentando polaridade. Isto porém não significa que não ocorra a troca de polaridade no secundário. Em um semiciclo da rede, o terminal livre é positivo em relação ao terminal aterrado (referência). No outro semiciclo, o terminal livre é negativo em relação ao potencial de referência. Eletricidade Transformadores 95 Rendimento (η) Entre todas as máquinas elétricas, o transformador é uma das que apresentam maior rendimento. Mesmo assim, ocorrem perdas na transformação de tensão. O rendimento expressa a potência que realmente está sendo utilizada, pois, parte da potência é dissipada em perdas no ferro e no cobre. A relação entre a potência medida no primário e a potência consumida no secundário é que define o rendimento de um transformador: Nessa igualdade η é o rendimento do transformador em porcentagem; PS é a potência dissipada no primário em volt ampère; PP é a potência dissipada no primário em volt ampère, e 100% é o fator que transforma a relação em porcentagem. Por exemplo, ao medir as potência do primário e secundário de um transformador chegou-se ao seguinte resultado: %100. P P P S=η Eletricidade Transformadores 96 O redimento desse transformador pode ser determinado utilizando a equação: O rendimento desse transformador é de 92,6 %. Transformador com Derivação Central no Secundário O transformador com derivação central no secundário ("center tap") tem ampla aplicação em eletrônica. Na maioria dos casos, o terminal central é utilizado como referência e é ligado ao terra do circuito eletrônico. Durante seu funcionamento, ocorre uma formação de polaridade bastante singular. Num dos semiciclos da rede, um dos terminais livres do secundário tem potencial positivo em relação à referência. O outro terminal tem potencial negativo e a inversão de fase (180o) entre primário e secundário ocorre normalmente. %6,92%100. 162 150 P P P S ===η Eletricidade SENAI 97 No outro semiciclo há uma troca entre as polaridades das extremidades livres do transformador, enquanto o terminal central permanece em 0 V e acontece novamente a defasagem de 180o entre primário e secundário. Assim, verificamos que, com esse tipo de transformador, é possível conseguir tensões negativas e positivas instantaneamente, usando o terminal central como referência. Isso pode ser observado com o auxílio de um osciloscópio. Veja ilustração a seguir. Eletricidade SENAI 98 Exercícios 1. Responda às seguintes perguntas: a) Qual é a principal função de um transformador? b) O que a relação de transformação define em um transformador? c) Qual fator define se o enrolamento de um transformador é primário ou secundário? 2. Relacione a segunda coluna com a primeira. a. Enrolamento primário ( ) Conduz o campo magnético. b. Transformador isolador ( ) Recebe tensão da rede. c. Núcleo ( ) Tensão primária é maior que a tensão secundária. d. Transformador rebaixador ( ) Fornece tensão a carga. e. Enrolamento secundário ( ) Fornece tensão contínua isolada. ( ) As tensões primária e secundária são iguais. Eletricidade SENAI 99 3. Preencha as lacunas com V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas. a) ( ) A tensão induzida está em fase com a tensão indutora b) ( ) O enrolamento primário é o responsável pelo campo magnético indutor. c) ( ) Existe ligação elétrica entre os enrolamentos primário e secundário para facilitar a indução. d) ( ) O valor da tensão é proporcional ao número de espiras do transformador. e) ( ) A seção transversal do condutor da bobina do transformador é proporcional à corrente do enrolamento. 4. Resolva os seguintes exercícios a) No transformador que segue, calcule a
Compartilhar