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UNIVERSIDADE TIRADENTES Direito Processual Civil II Professora: MARTHA FRANCO ESQUEMAS DE AULAS 2018 – 2º SEMESTRE CASO HIPOTÉTICO Pedro, professor universitário contratado, propôs, perante a Justiça Estadual de São Paulo, ação em face da USP visando obter declaração de existência de vínculo empregatício com a referida universidade pública. O Juiz Estadual declinou de sua competência para uma das varas da Justiça do Trabalho. O Juiz da Vara do Trabalho, ao receber o referido feito, suscitou conflito de competência, atribuindo a competência para apreciar a demanda ao juiz da Justiça Estadual. CASO HIPOTÉTICO: Carlos, representante comercial, faleceu no dia 15/08/2015, na cidade de Aracaju/SE. O falecido não tinha domicílio certo e possuía um imóvel na Cidade de Aracaju, onde residem seus filhos Antônio e Cristina, e outro na Cidade de Itabaiana/SE, onde reside Cecília, filha do segundo casamento do falecido. Cecília abriu inventário que tem seu trâmite perante Vara Cível de Itabaiana. Antônio, sem ter ciência do inventário aberto por Cecília, abriu inventário na Comarca da Capital, Aracaju, que tem seu trâmite perante uma determinada Vara de Sucessões. Ambos estão dando andamento ao processo. Cecília, ao ser citada pelo Juízo da Vara de Sucessões de Aracaju, arguiu o conflito de competência. PERGUNTAS (a serem respondidas fundamentadamente): O conflito é positivo ou negativo? Considerando que a suscitação do conflito se deu de forma correta, foi feita por ofício ou por petição? Quem deverá julgar esse conflito de competência? O relator, após a distribuição, deverá determinar a oitiva dos dois juízes em conflito ou de apenas um deles? Tem prazo para prestar as informações? O processo ficará sobrestado? Haverá designação de um dos juízes para prática de atos urgentes? O MP deverá se manifestar no conflito? Tem prazo? Qual a natureza da decisão que julga o conflito? O Relator pode julgar monocraticamente um conflito de competência? CONFLITO DE COMPETÊNCIA Artigos 951 a 959, CPC/2015 Desacordo entre órgãos jurisdicionais a respeito de sua atribuição para julgamento Conflito positivo e conflito negativo Art. 66. Há conflito de competência quando: I - 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; II - 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência; III - entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. Legitimidade para suscitar: juiz, partes, MP – participação do MP como fiscal da lei Art. 951. O conflito de competência pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. Parágrafo único. O Ministério Público somente será ouvido nos conflitos de competência relativos aos processos previstos no art. 178, mas terá qualidade de parte nos conflitos que suscitar. Art. 952. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, arguiu incompetência relativa. Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte que não o arguiu suscite a incompetência. Competência para o julgamento do conflito Tribunal ao qual estão vinculados os juízes em conflito Art. 958. No conflito que envolva órgãos fracionários dos tribunais, desembargadores e juízes em exercício no tribunal, observar-se-á o que dispuser o regimento interno do tribunal. STF – art. 102, I, “o”, CF Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo- lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; STJ – art. 105, I, “d”, CF Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; Procedimento Petição (se provocado pelas partes ou MP) ou ofício (se provocado pelo juiz) – endereçamento ao Tribunal competente para apreciação do conflito – documentos necessários à prova do conflito Art. 953. O conflito será suscitado ao tribunal: I - pelo juiz, por ofício; II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição. Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários à prova do conflito. Distribuição no Tribunal Relator manda ouvir os juízes (ou apenas o suscitado) Art. 954. Após a distribuição, o relator determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, apenas do suscitado. Parágrafo único. No prazo designado pelo relator, incumbirá ao juiz ou aos juízes prestar as informações. Suspensão do processo (conflito positivo) para que não haja prática de atos inúteis e, em qualquer caso, nomeação, pelo Relator, de um dos juízes para a prática de atos urgentes Art. 955. O relator poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, o sobrestamento do processo e, nesse caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. Possibilidade de decisão monocrática (com base em precedente) Art. 955. [...] Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o conflito de competência quando sua decisão se fundar em: I - súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência. Oitiva do MP – prazo de 5 dias Art. 956. Decorrido o prazo designado pelo relator, será ouvido o Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, ainda que as informações não tenham sido prestadas, e, em seguida, o conflito irá a julgamento. Julgamento do conflito – decisão de natureza declaratória – fixação do juízo competente e, se for o caso, reconhecimento de nulidade de atos praticados pelo juízo incompetente Art. 957. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo incompetente. Parágrafo único. Os autos do processo em que se manifestou o conflito serão remetidos ao juiz declarado competente. Conflito de atribuições Art. 959. O regimento interno do tribunal regulará o processo e o julgamento do conflito de atribuições entre autoridade judiciária e autoridade administrativa. ALGUNS EXEMPLOS DE DECISÕES EM CONFLITOS DE COMPETÊNCIA Superior Tribunal de Justiça – STJ CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.757 - DF (2016/0297469-0) RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS SUSCITANTE : SEGUNDA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA SUSCITADO : QUARTA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DJe 08/02/2017 Decisão: 19/12/2016 RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator): Cuida-se de conflito negativo de competência suscitado pelo eminente Min. Mauro Campbell Marques e instaurado entre as Segunda e as Quarta Turmas do STJ nos autos do AREsp 685.160/MG. O suscitado – eminente Ministro Raul Araújo – declinou da competência da Quarta Turma em favor das Turmas da Primeira Seção nos seguintes termos (fl. 2.012, e-STJ): "De acordo com o Regimento Interno desta Corte Superior, a competência das Seções e das respectivas Turmas é fixada em função da natureza da relação jurídica litigiosa (art. 9º, do RISTJ). Na hipótese dos autos, verifica-se que a matéria em debate - conflito agrário envolvendo processo de desapropriação para fins de reforma agrária, com discussão acerca da classificação da propriedade dada pelo INCRA - denota a competência de uma das turmas integrantes da Primeira Seção desta Corte Superior para julgar o feito". Por sua vez, o eminente Min. Mauro Campbell Marques suscitouo presente conflito de competência e consignou que "a controvérsia não diz respeito, com todas as vênias ao Em. Ministro Raul Araújo, a ato de desapropriação, à declaração de produtividade de imóvel ou à reforma agrária ou a qualquer matéria de direito público: discutem-se apenas e tão-somente a ilicitude do ato de esbulho e a necessidade de reintegração de posse, a demanda tendo sido instaurada entre pessoas naturais, não havendo atuação de nenhum ente público." (fl. 2.020, e-STJ). O Ministério Público Federal opinou pela declaração da competência da Quarta Turma em parecer assim ementado (fls. 2.038/2.043, e-STJ): "CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA. NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA LITIGIOSA. ART. 9º DO RISTJ. ESBULHO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DIREITO PRIVADO. COMPETÊNCIA DAS TURMAS DA SEGUNDA SEÇÃO. • A competência interna, no Superior Tribunal de Justiça, é fixada em função da natureza da relação jurídica litigiosa. • Aplica-se, in casu, normas de direito privado, pelo que não há discussão judicial que envolva direito público, nem participação de ente público na demanda, conforme previsão do art. 9º, § 2º, inciso I do RISTJ. • Parecer pelo conhecimento do conflito, para declarar a competência da 4ª Turma, ora suscitada". É, no essencial, o relatório. CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.757 - DF (2016/0297469-0) EMENTA CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO POSSESSÓRIA. REFORMA AGRÁRIA. QUESTÃO INCIDENTAL PARA EVENTUALMENTE LEGITIMAR O ESBULHO. DESAPROPRIAÇÃO INEXISTENTE. 1. De acordo com o caput do art. 9º do RISTJ, a competência das seções e das respectivas turmas é fixada em função da natureza da relação jurídica litigiosa. 2. O § 1º do referido artigo estabelece que compete à Primeira Seção processar e julgar os feitos relativos à "desapropriação, inclusive a indireta " (inciso VII), enquanto à Segunda Seção cabe processar e julgar questões atinentes a "I - domínio, posse e direitos reais sobre coisa alheia, salvo quando se tratar de desapropriação " (§ 2º do art. 9º). 3. Da análise dos autos, observa-se que, neste caso concreto, a "natureza da relação jurídica litigiosa" é manifestamente privada, pois decorre de ação de reintegração de posse intentada pelos proprietários contra particulares integrantes do Movimento Popular pela Reforma Agrária – MPRA, sendo que a questão agrária, ou mesmo a desapropriação para tal fim, apenas emerge como justificativa para o esbulho possessório, sem que efetivamente ocorresse qualquer desapossamento por parte do poder público. 4. Aliás, das razões do acórdão recorrido, infere-se, facilmente, que nem sequer há a possibilidade de expropriação do bem para fins de reforma agrária, ante a efetiva comprovação da produtividade do imóvel invadido, não sendo legítima a utilização de esbulho para forçar que ocorra qualquer desapropriação. 5. Com efeito, inexistente a desapropriação direta ou indireta, a questão possessória, considerando as peculiaridades da hipótese sob julgamento, encontra competência nas turmas da Segunda Seção. Conflito conhecido para declarar a competência da Quarta Turma do STJ. Superior Tribunal de Justiça – STJ CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 140.943 - SP (2015/0131530-9) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SUSCITANTE : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SUSCITADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3A REGIÃO DJe 16/02/2017 Decisão: 08/02/2017 RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES(Relator): Trata-se de conflito negativo de competência instaurado entre o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em autos de ação previdenciária ajuizada por José Carlos Ileck em face do Instituto Nacional do Seguro Social, objetivando benefício por incapacidade. A ação foi ajuizada perante a Justiça Estadual, distribuída à Vara Distrital de Itariri/SP, tendo o Juízo julgado improcedente o pedido. Interposta apelação pela parte autora, foram os autos ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região que declinou da competência sob o fundamento de que a causa de pedir estaria vinculada a acidente do trabalho e determinou a remessa do processo ao Tribunal estadual. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por sua vez, sob o entendimento de que a ação é de natureza previdenciária em razão da qualidade de segurado contribuinte individual, declinou da competência e suscitou o presente conflito de competência. Em seu parecer, o Ministério Público Federal opina pela competência da Justiça Estadual. É o relatório. CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 140.943 - SP (2015/0131530-9) EMENTA PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. LEGISLAÇÃO ACIDENTÁRIA EXCLUDENTE. NATUREZA PREVIDENCIÁRIA DO BENEFÍCIO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 19 DA LEI 8.213/1991. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. JUÍZO SUSCITADO. 1. No caso, tramita ação previdenciária em que se requer a condenação do INSS ao pagamento de benefício previdenciário por incapacidade, em que o autor ostenta a qualidade de segurado contribuinte individual. 2. O segurado contribuinte individual integra o rol dos segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social. O artigo 12, V, da Lei 8.212/1991 e o artigo 9º, V, do Decreto 3.048/1999, com a redação dada pela Lei 9.876/1999, elencam quem são os segurados contribuintes individuais. São igualmente segurados contribuintes individuais, o médico-residente, por força da Lei 6.932/1981 com a redação dada pela Lei 12.514/2011; o cônjuge ou companheiro do produtor que participe da atividade rural por este explorada; o bolsista da Fundação Habitacional do Exército, contratado em conformidade com a Lei 6.855/1980 e o árbitro de competições desportivas e seus auxiliares que atuem em conformidade com a Lei 9.615/1998. 2. Consoante artigo 19 da Lei 8.213/1991, somente os segurados empregados, incluídos os temporários, os segurados trabalhadores avulsos e os segurados especiais fazem jus aos benefícios previdenciários por acidente do trabalho. O ordenamento jurídico fez incluir o segurado empregado doméstico no rol do artigo 19, em observância à Emenda Constitucional 72 e à Lei Complementar 150/2015. 3. O artigo 109, I, da Constituição Federal de 1988, ao excetuar da competência federal as causas de acidente do trabalho, abarcou tão somente as lides estritamente acidentárias, movidas pelo segurado contra o INSS. 4. O acidente sofrido por trabalhador classificado pela lei previdenciária como segurado contribuinte individual, por expressa determinação legal, não configura acidente do trabalho, não ensejando, portanto, a concessão de benefício acidentário, apenas previdenciário, sob a jurisdição da Justiça Federal. 5. Conflito negativo de competência conhecido para declarar a competência da Justiça Federal. STJ - CC 140943/SP - CONFLITO DE COMPETENCIA 2015/0131530-9 - Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) - Órgão Julgador: S1 - PRIMEIRA SEÇÃO - Data do Julgamento: 08/02/2017 - Data da Publicação/Fonte: DJe 16/02/2017. Superior Tribunal de Justiça – STJ CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.487 - RJ (2016/0283319-2) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA SUSCITANTE: JUÍZO AUDITOR DA 1ª AUDITORIA DA 1ª CIRCUNSCRIÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DO RIO DE JANEIRO DJe 13/02/2017 Decisão: 08/02/2017 RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA (Relator): Cuida-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo da 1ª Auditoria da 1ª Circunscrição da Justiça Militar da União do Estado do Rio de Janeiro (...) em face de decisão do Juízo da 5ª Vara do Juizado especial criminal do Rio de Janeiro (...) que se reputou incompetente para conduzir Termo Circunstanciado (...) na qual se investiga a prática, em tese, de lesões corporais recíprocas praticadas por militar da Marinha da ativa, mas em situação fora de serviço, contra militar do Exército, também da ativa, mas fora de serviço. De acordo com a descrição dosfatos efetuada pela vítima, no termo circunstanciado (e-STJ fls. 4/6), o comunicante, [...] “é morador e síndico do Condomínio do Conjunto Residencial do Engenho de Dentro, [...] há aproximadamente 8 anos, que neste condomínio reside o nacional GILBERTO [...]. Que tanto o declarante quanto GILBERTO são militares, sendo Exército e Marinha, respectivamente. Que GILBERTO vem perseguindo o declarante [...]. Que na data de hoje, 03/09/15, [...] GILBERTO foi para cima do declarante com tapas e socos e o declarante para se defender tentou sair das agressões, mas acabou atingindo GILBERTO com socos e tapas, que foram separados pela Sra. CASSILDA e a esposa de GILBERTO, Sra. IONARA. Que depois disto cada um foi para o seu canto” (e-STJ fl. 5). Para o Juízo suscitado (da Justiça Estadual), a competência para a condução do feito seria da Justiça Militar tendo em conta que, “quando o art. 9º, inciso II, alínea 'a', do CPM, usa o termo militar em situação de atividade, refere-se ao militar da ativa [...] Esse militar da ativa pode ou não estar em serviço ou em função de natureza militar (...) De fato, da própria comparação da alínea 'a' com a alínea 'c' (aqui. refere-se o CPM ao militar 'em serviço')". (Brasileiro, Renato de Lima; Manual de Processo Penal, p. 356 e 362, 3ª ed., Ed. JusPodivm)” (e-STJ fl. 98). Por sua vez, o Juízo suscitante (da Justiça Militar) salienta a existência de repetidas decisões do Supremo Tribunal Federal que têm rechaçado a ideia de que a Justiça Militar seja competente para apreciar casos que não guardam qualquer relação com as funções militares, o que corresponderia ao caso concreto em que o ilícito investigado ocorreu em local não sujeito à administração militar e fora da atividade castrense. Instado a se manifestar sobre a controvérsia, o órgão do Ministério Público Federal que atua perante esta Corte opinou (e-STJ fls. 143/145) pela competência da Justiça comum estadual, a suscitada, [...] É o relatório. CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 149.487 - RJ (2016/0283319-2) Ementa CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL X JUSTIÇA MILITAR. BRIGA ENTRE SÍNDICO E CONDÔMINO, NAS DEPENDÊNCIAS DO CONDOMÍNIO. AUTOR E VÍTIMA MILITARES DA ATIVA FORA DE SERVIÇO. QUESTÃO PRIVADA QUE NÃO SE RELACIONA COM AS INSTITUIÇÕES MILITARES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. 1. Desavença entre condôminos que ostentam a condição de militar da ativa e residem no mesmo prédio e que culminou em agressões físicas recíprocas, nas dependências do edifício. 2. Irrelevante para a solução da controvérsia perquirir se o local onde teriam ocorrido as agressões seria destinado à habitação de militares federais, visto que, mesmo que fosse, não se trataria de dependência destinada exclusivamente a atividades relativas à caserna. 3. Se o ilícito investigado não foi cometido em detrimento de interesses ou bens de instituições militares, tampouco é expressamente tipificado no Código Penal Militar, relacionando-se, nitidamente, a desentendimento de natureza privada, a mera circunstância de ambos os envolvidos na desavença ostentarem patentes militares, por si só, não se revela suficiente para atrair a competência da Justiça Militar especializada, tanto mais quando não há infração penal em que a condição de militar se afigure essencial ao tipo da lesão corporal (ou mesmo da contravenção de vias de fato). Precedentes. 4. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito da 5ª Vara do Juizado especial criminal do Rio de Janeiro, o suscitado. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – TJ/SP Conflito de Competência nº 0037518-05.2015.8.26.0000 Suscitante: Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Votuporanga Suscitado: Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Votuporanga Relatório Trata-se de conflito de competência suscitado pelo MMº Juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Votuporanga, insurgindo-se contra a r. decisão proferida pelo MMº Juiz da 4ª Vara Cível da mesma Comarca, que lhe encaminhou os autos da ação de interdição involuntária, sob o fundamento de que há conexão com anterior ação de interdição já em trâmite no Juízo. Entende o suscitante que não há referida conexão entre as ações, vez que os pedidos e causa de pedir são divergentes (fls.2/3). Designado o juízo suscitado para dirimir e decidir questões urgentes, a Douta Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo conhecimento do conflito, decidindo-se pela competência dele (fls.21/23). É o relatório. Ementa CONFLITO DE COMPETÊNCIA. Ação de Internação Involuntária remetida ao Juízo onde tramita ação de Interdição - Ausência de identidade de causa de pedir ou de pedidos - Conexão inexistente. Conflito procedente. Competência do juízo suscitado. Superior Tribunal de Justiça – STJ CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 113.723 - SP (2010⁄0149135-1) RELATORA: MINISTRA NANCY ANDRIGHI SUSCITANTE: MATUSALEM DE LIMA E OUTROS SUSCITADO: JUÍZO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE CAMPINAS - SP SUSCITADO: JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL DE CAMPINAS - SP DJe 19/08/2014 RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO NANCY ANDRIGHI (RELATOR): Cuida-se de conflito positivo de competência, tendo como suscitantes MATUSALEM DE LIMA, GABRIEL FRANCISCO DE SOUZA e IZAEL SOARES DE ALMEIDA, e suscitados o JUÍZO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE CAMPINAS⁄SP e o JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA CÍVEL DE CAMPINAS⁄SP. Ação em trâmite perante o Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Campinas⁄SP: ação declaratória de validade da carta de renúncia aos cargos ocupados no Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Anexos de Campinas e Região, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, ajuizada por José Júlio dos Santos e outros, em face de Matusalem de Lima, Gabriel Francisco de Souza e Izael Soares de Almeida (processo nº 1332⁄2008). [...] Ação em trâmite perante o Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Campinas⁄SP: ação cautelar, ajuizada por Matusalem de Lima, Gabriel Francisco de Souza e Izael Soares de Almeida, em face do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Anexos de Campinas e Região, distribuída em 03⁄07⁄2008, com pedido liminar, em que requerem a suspensão dos efeitos da ata de reunião da diretoria executiva e colegiado do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Campinas e Região, na qual se procedeu ao remanejamento da diretoria da entidade, excluindo os autores. [...] Decisão do Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Campinas⁄SP: afirma que, desde a promulgação da Emenda Constitucional nº 45, de 2004, é exclusivamente da Justiça do Trabalho a cognição de conflitos intrasindicais como o presente (...). Decisão do Juízo de Direito da 4ª Vara Cível de Campinas⁄SP: afirma que a competência para a demanda lá intentada não é da Justiça do Trabalho, porque o art. 114, III, da Constituição Federal diz respeito à representatividade dos sindicatos, isto é, qual base cada sindicato representa, e não a questões sobre direção das entidades (...). Parecer do MPF [...] pela declaração da competência do Juízo da 1ª Vara do Trabalho de Campinas⁄SP. É o relatório. CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 113.723 - SP (2010⁄0149135-1) EMENTA PROCESSO CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES RELACIONADAS À ESCOLHA DE DIRIGENTES SINDICAIS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DO TRABALHO. 1. Conflito positivo de competência suscitado em 2008, visando à definição do Juízo competente para o processamento de ações que versam a escolha de dirigentes sindicais. 2. Após a Emenda Constitucional n.º 45⁄04, a Justiça do Trabalho passou a deter competência para processar e julgar não só as ações sobre representação sindical (externa - relativa à legitimidade sindical, e interna - relacionada à escolha dos dirigentes sindicais), como também os feitos intersindicais e os processos que envolvam sindicatos e empregadores ou sindicatos e trabalhadores. (CC 48.891⁄PR, Rel. Min. Castro Meira, 1ª Seção, DJ de 01⁄08⁄2005). 3. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo do Trabalho. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – TJ/SP Conflito de Competência nº: 2049733-47.2013.8.26.0000 Suscitante:Neotextil Indústria, Comércio, Importação e Exportação Ltda. Suscitado: MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações do Foro Central da comarca da Capital. Suscitado: MM. Juiz de Direito da 4ª Vara Cível do Foro Central da comarca da Capital. Relatório Trata-se de conflito positivo de competência suscitado por Neotextil Indústria, Comércio, Importação e Exportação Ltda., em face do MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações do Foro Central da comarca da Capital e do MM. Juiz de Direito da 4ª Vara Cível do Foro Central da comarca da Capital, nos autos da execução de título extrajudicial que lhe move o Banco do Brasil. Designou-se o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações do Foro Central da comarca da Capital para conhecer e apreciar as medidas urgentes (fls. 164). A douta Procuradoria de Justiça ofereceu parecer (fls. 168/169) opinando pela procedência do conflito, de forma a declarar competente o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações da Capital. É o relatório. Conflito de Competência nº: 2049733-47.2013.8.26.0000 Ementa CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. Execução de título extrajudicial proposta perante o Juízo comum, a despeito de já haver plano de Recuperação Judicial regularmente aprovado e homologado pelo Juízo da Falência. A habilitação do respectivo crédito deve se processar no Juízo da Falência, nos termos dos artigos 76, da lei 11.105/05. Conflito julgado procedente. Competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações do Foro Central da comarca da Capital. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – TJ/RS CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 70057257123 (N° CNJ: 0450339-34.2013.8.21.7000) SUSCITANTE: EXMO JUIZO DE DIREITO VARA JUDICIAL COMARCA DE SALTO DO JACUI SUSCITADO: EXMO JUIZO DE DIREITO VARA JUDICIAL COMARCA DE SOBRADINHO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. Na hipótese, trata-se de competência relativa, que privilegia a vontade das partes e, por isso, pode, em linha de princípio, ser modificada. Mas, em casos tais, não é facultado ao juízo, de ofício, declinar da competência, circunstância que só lhe é possível quando se tratar de regra de competência absoluta. Destaque-se, no ponto, que há uma possibilidade de declinar da competência, mesmo ela sendo territorial (como regra relativa). Ela ocorre nos contratos de adesão, em que cláusula de eleição de foro seja abusiva, assim como nos contratos de consumo, na mesma situação. Não é, contudo, esta a hipótese dos autos. O contrato ora debatido foi firmado por duas pessoas jurídicas e nada há, em princípio, de abusividade na eleição do foro. Assim, competente o juízo suscitado para o exame da controvérsia judicial. Resta verificar, a fim de solucionar o presente conflito, a possibilidade de deslocamento da competência em face da existência de conexão ou continência entre as ações executiva e de conhecimento. Inexiste, no caso, quaisquer das espécies de conexão. Não há identidade na causa de pedir e pedido e, tampouco, identidade de partes, causa de pedir e relação de continência entre o pedido de ambas as demandas. A causa de pedir na presente execução é o inadimplemento contratual da Sinergisul em relação à contratada Casa de Saúde Dr. Sebastiany Ltda., cuja obrigação é de pagar. Na ação que tramita no Foro de Salto do Jacuí, a causa de pedir é o contrato de prestação de serviços entre Maria Iolanda e a Senergisul, cujo adimplemento reclamado é uma obrigação de fazer. Além disso, não há entre as ações relação de prejudicialidade, pois cada qual discute vínculo contratual distinto, sendo que a procedência ou improcedência de uma não produz reflexos necessários na outra. Assim, não se verifica razão para a declinação de competência, devendo ser mantida a presente execução no juízo suscitado. [...] (TJ-RS - CC: 70057257123 RS, Relator: Luís Augusto Coelho Braga, Data de Julgamento: 11/12/2014, Sexta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 16/12/2014)
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