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Um novo conceito em Educação INSTITUTO TOCANTINENSE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E PESQUISA LTDA– FACULDADE ITOP PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL MÓDULO: PRÁTICAS DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Prof. Esp. Zilmene Santana Souza FORMAÇÃO: - Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Luterano de Palmas – TO. - Especialista em Docência do Ensino Superior – Faculdade ITOP - TO. - Atualmente encontra-se matriculada e cursando a Especialização em Gestão Educacional pela Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria – RS. ATIVIDADES EXERCIDAS: - Coordenação Pedagógica - Colégio Ulbra Palmas – Atualmente. - Professora de Pós-graduação - IPAE – Instituto de Pós-graduaçao – 201. - Professora de Pós-graduação - ITOP – Faculdade ITOP – 2010 – Atualmente. - Professora de Pós-graduação - INAPES – Instituto Nacional de Pós- Graduação e Ensino Superior – 2009 – Atualmente. - Professora de Pós-graduação - ESEA – Programa Reengenharia em Educação Científica – 2008 – Atualmente. - Coordenação Pedagógica - Colégio Batista de Palmas – 2007 a 2010. - Tutora do Curso de Pedagogia - UNOPAR – Universidade do Norte do Paraná – 2007. 7 PLANO DA DISCIPLINA EMENTA: A disciplina tem enfoque teórico-prático sobre a atuação do especialista em Orientação Educacional na unidade escolar. Analisa também a papel interdisciplinar deste profissional frente às novas demandas educacionais e sociais, bem como os enfoques contextualizados que a atuação exige. OBJETIVO GERAL: Preparar o profissional da pedagogia e áreas afins para o exercício profissional em instituições de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, de modo que seja capaz de exercer uma liderança intelectual, social econômica e política na área educacional. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: • Propiciar aprofundamento teórico e reflexões acerca da atuação do Orientador Educacional; • Refletir sobre os campos de ação do Orientador Educacional. • Dimensionar a ação do orientador educacional frente às demandas da educação e da escola contemporânea; • Debater a respeito da atuação do orientador educacional em relação à orientação profissional dos alunos; • Debater a respeito da atuação do orientador educacional na relação entre a escola, a família e a comunidade; JUSTIFICATIVA: Orientação educacional é uma especialidade do pedagogo, que pode ser obtida através de cursos de habilitação, incorporada ou não à licenciatura em pedagogia, ou através de especialização. O orientador educacional atua junto ao corpo discente das instituições de ensino, acompanhando as atividades escolares, bem como o desempenho do estudante, seja em termos de rendimento ou de comportamento. O módulo Princípios da Orientação Educacional apresenta um processo dinâmico, contínuo e sistemático, estando a Orientação Educacional integrada em todo o currículo escolar sempre encarando o aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos: intelectual, físico, social, moral, estético, político, educacional e vocacional. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: • Orientação Educacional: contexto histórico; • Princípios e objetivos da Orientação Educacional; • O papel do Orientador Educacional; • A formação do Orientador Educacional; • A atuação do Orientador Educacional nos contextos escolares; • Técnicas de aconselhamento e de acompanhamento; • Técnicas de medida e de avaliação em Orientação Educacional; • A gestão e o Orientador Educacional; • A Orientação Educacional e a integração do aluno a escola e a sociedade; • A Orientação Vocacional; • A preparação para o mundo do trabalho; • Ensino profissionalizante; 8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conduta http://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola http://pt.wikipedia.org/wiki/Aluno http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-gradua%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Licenciatura http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Aula expositiva dialogada com apoio tecnológico. Para além da exposição e da classificação de conceitos pela professora, haverá recurso à leitura e análise de textos individual e em grupos, com dinâmicas para a formação de grupos para representar a noção acerca do currículo e estudo do meio. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: A avaliação se dará através de discussões de textos, seminários, participação em sala de aula e ao final o desenvolvimento de uma síntese articulando os conteúdos ministrados em sala de aula e os de textos recomendados. BIBLIOGRAFIA: ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. BOCK, Ana Mercês et al. A escolha profissional em questão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995. BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Orientação Vocacional: A estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes, 1993 GIACAGLIA, Lia Renata Angelini, Wilma Millan Alves Penteado. Orientação Educacional na Prática: Princípios, técnicas e instrumentos. 5 ed.São Paulo: Thomson Learning, 2006. GRINSPUN, Mírian Paura S. Zippin. A Orientação Educacional - Conflito de Paradigmas e Alternativas para a Escola. São Paulo: Cortez, s/d. 176 p. LÜCK, Heloísa. Ação Integrada - Administração, Supervisão e Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes, s/d. 66 p. ______, Heloísa. Planejamento em Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes, s/d. 9 Orientação educacional é uma especialidade do pedagogo, que pode ser obtida através de cursos de habilitação, incorporada ou não à licenciatura em pedagogia, ou através de especialização. A Orientação Educacional tem como objetivo ajudar o aluno no seu desenvolvimento, levando em consideração todo o contexto onde ocorre o processo e as relações que se estabelecem, o Orientador Educacional é um profissional da equipe de gestão, que lida diretamente com os alunos, ajudando-os em seu aperfeiçoamento pessoal, seu compromisso é com a formação permanente no tocante a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre discutindo, analisando, buscando alternativas na articulação entre comunidade, a escola e em toda dimensão do Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar. A Orientação Educacional tem certas funções (ações) clássicas a serem desempenhadas no contexto pedagógico em que estejam inseridas, funções essas cujo sentido não é estático, mas sim, transforma-se continuamente, em razão da interação múltipla de variados fatores, que ocorre no processo dinâmico da prática social pedagógica. A disciplina Fundamentos da Orientação Educacional busca trabalhar os conhecimentos dos especialistas em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar, subsidiando teórica e tecnicamente as ações deste profissional para que possa atuar junto aos alunos, professores e equipe técnico-administrativa, acompanhando o processo educacional, aconselhando, realizando ações visando favorecer a integração do grupo e realizando a orientação para o trabalho, também implementando ações que garantam a melhoria da qualidade das relações no espaço educativo objetivando o melhor desempenho no processo ensino-aprendizagem. Desde que se começou a estudar o tema Orientação Educacional de forma sistemática até os dias de hoje, muitas mudanças se verificaram nessa área, como reflexos das próprias mudanças que ocorreram nas sociedades. Essas mudanças foram ocasionadas por vários movimentos, por transformações rápidas e profundas nos diferentes campos do conhecimento que, evidentemente, repercutiram, também, na escola. A complexidade da vida atual, a aceleração técnico- científica, as transformações sociais e econômicas foram, pouco a pouco, ampliando e modificando o papel da escola e a posição do indivíduo dentro dela e da sociedade. Tem sido uma preocupação constante dos educadores, hoje, e em especial dos orientadores educacionais, analisar a serviçode quem e para quem serve a orientação educacional. Na medida em que essa especialização sofreu uma transformação em seus conceitos, parece-nos necessário refletir sobre essa área, partindo dos próprios conceitos que a caracterizaram em seus diferentes momentos históricos. (GRINSPUN, 1986, p. 96). Segundo a citada autora, a evolução do conceito de Orientação Educacional, no Brasil, está estreitamente vinculada a cinco períodos marcantes: • Período Implementador (de 1920 a 1941); • Período Institucional, subdividido em Período Funcional (de 1942 a 1950) e Período Instrumental (de 1951 a 1960); • Período Transformador (de 1961 a 1970); • Período Disciplinador (de 1971 a 1980); • Período Questionador (a partir de 1980). Seguindo o pensamento de Grinspun (1986) como referencial para esse tópico de estudo, no Período Implementador, “o conceito de Orientação Educacional era o conceito importado de uma orientação nitidamente vocacional” (p. 96). O objetivo básico da Orientação Educacional, nesse período, era a seleção para o treinamento profissional, adotando, como estratégias, as técnicas psicométricas, cujos resultados eram 10 PRINCÍPIOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL INTRODUÇÃO ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL CONTEXTO HISTÓRICO http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-gradua%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Licenciatura http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia devolvidos aos alunos sob a forma de “perfis profissionais”. O orientador educacional desenvolveu, nesse período, o papel de “Técnico em Seleção”. Algumas tentativas de adaptar ao contexto brasileiro as baterias de testes importadas, sobretudo dos Estados Unidos, ocorreram nessa fase, sem realmente, uma efetivação significativa. A Orientação Educacional Métrico-Profissional, conforme conceituação nesse período, estava intimamente relacionada com as oportunidades profissionais existentes na sociedade brasileira e contribuía, com empenho, para o desenvolvimento do modelo sócio-econômico existente, adequando, da melhor forma possível, o jovem estudante às profissões disponíveis. (BONFIM, 1981, p. 21) O segundo período, o institucional, caracterizou-se, no dizer de Grinspun (1986), pelo surgimento da Orientação Educacional na legislação brasileira. A obrigatoriedade da Orientação Educacional instituída, em primeiro lugar, para o Ensino Industrial (Decreto-lei nº 4073, 30/01/42), em seguida para o Ensino Secundário (Decreto-lei nº 4244, 09/04/42), depois para o Ensino Comercial (Decreto-lei nº 9614, 28/12/43) e, finalmente, para o Ensino Agrícola (Decreto-lei nº 9693, 20/08/46) gerou a necessidade de formação profissional para o orientador educacional, o que veio a ser uma das preocupações básicas da Orientação Educacional, nessa época. Durante esse período, foram organizados os três primeiros simpósios de Orientação Educacional no Brasil, realizados em 1957, 1958 e 1960. A Orientação Educacional Psico-Sócio-Pedagógica, conceituação citada por Bonfim (1981, p. 22) para caracterizar as bases da Orientação Educacional, nesse período em que é instituída por lei, no Brasil, não se preocupava com a formação da personalidade do aluno em função de princípios morais e religiosos e nem, especificamente, com a sua adequação ao exercício da profissão. Buscava, com bases científicas, alcançar o desenvolvimento integral da personalidade do educando, visando o seu ajustamento pessoal, escolar, e social. Nessa fase, o sucesso do orientador estava na dependência direta da sua compreensão da escola como um sistema social, a fim de determinar o tipo de ajuda que deveria oferecer e como oferecê-la. As contradições da própria sociedade não eram questionadas e as atividades de orientação eram marcadas por um cunho assistencial, cujo objetivo era o desenvolvimento integral das potencialidades do indivíduo. Esta etapa passou a ser conhecida pelo nome de “Orientação Educacional Centrada no Aluno”, surgiu no cenário educacional, de forma ampla, nas Leis Orgânicas do Ensino e priorizava, como estratégia de atuação básica, o “Aconselhamento Stricto Sensu”, visto como “um processo de ajuda pessoa a pessoa, realizado diretamente pelo orientador educacional, individualmente ou em grupo” (LOFFREDI, 1976, p. 46). No Período Institucional Funcional, o orientador era visto como um catalisador de conflitos e, “o conceito de orientação estava diretamente relacionado com o caráter corretivo, isto é, dever-se-ia tratar o aluno nos seus diferentes campos: saúde, educação, família, etc.” (GRINSPUN, 1986, p.98). A partir da década de 50 (Período Institucional Instrumental), começa a tomar vulto o caráter profilático da Orientação Educacional, onde se pretendeu estender a orientação a todos os alunos da escola, na busca de prevenção de desajustes e comportamentos insatisfatórios. Esse conceito perdurou até a década de 60, centrado em estratégias como sessões coletivas, onde eram discutidos e analisados, por meio da aplicação de técnicas de dinâmica de grupo, problemas de liderança, relacionamento, frustrações, agressões, etc. É a fase que priorizou o movimento psicanalítico e que se caracterizou, enquanto reflexo ideológico, por uma luta entre as teses liberais e desenvolvimentistas, em meio às quais a educação procurava um lugar próprio. A Orientação Educacional Psicológica, caracterização citada por Bonfim, “percebia os problemas e / ou os desajustamentos individuais como uma questão puramente pessoal e valorizava a eficácia individual e o ajustamento pessoal e social” (1981, p. 29). No início dos anos 60, assinala-se o eclodir de um novo período na Orientação Educacional que, por procurar transformar a orientação importada em uma orientação necessária à realidade brasileira, foi denominado por Grinspun (1986) de Período Transformador. Cria-se, nessa fase, a profissão do orientador educacional no Brasil, sistematizada pela Lei de Diretrizes e Bases de 1961, que buscava delinear um campo próprio para a Orientação Educacional, além de reafirmar a sua obrigatoriedade e estabelecer normas para a formação desse profissional, por meio de diversos pareceres. No final da década de 60, em 1968, a Lei nº 5562 preceitua em seu artigo 1º, que a Orientação Educacional seja realizada de maneira a integrar os elementos que exercem influência na formação do indivíduo, preparando-o para o exercício das opções básicas. A Orientação Educacional, passa, então, a ser inserida no programa geral da escola, com vistas a favorecer um clima educativo saudável, pela interação das várias funções e papéis dos que faziam a comunidade escolar. É ainda nesse período que o Conselho Federal de Educação, interpretando a Lei nº 5564 / 68, por meio do Parecer nº 252, de 11 de abril de 1969, e da Resolução nº 269, de 12 de maio de 1969, estabeleceu a formação do orientador educacional em nível fé graduação, como uma das habilitações do curso de Pedagogia. Ainda nessa fase, é de importância ressaltar a diversificação dos objetivos da Orientação educacional, que se desloca do problema para a pessoa do orientando. 11 O Período Disciplinador nasce com a Lei nº 5692 / 71, que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, nomenclatura da época para o que, hoje, envolve o ensino fundamental e médio. Nessa fase, observa-se o esboçar de uma ênfase de adaptação às necessidades sociais e à formação profissional, tornando a Orientação Educacional não apenas obrigatória, como imprescindível. Em seu artigo 10, o aconselhamento vocacional, em cooperação com os professores, a família e a comunidade, veio fazer brotar uma nova fase em Orientação Educacional. O Parecer 339 / 72, que trata da significação da formação especial do currículo de 1º grau, apresenta as diferentes conotações que “qualificação para o trabalho” assume no ensino de 1º e 2º graus: no 1º grau,o objetivo de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho e, no 2º grau, de habilitação profissional. Respaldada pelo Decreto nº 72846 / 73, que regulamenta a Lei nº 5564 / 68, o exercício da função de orientador educacional põe em destaque a orientação vocacional detalhando-a desde a caracterização da comunidade, da escola e da clientela, ao processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades, à informação profissional, ao acompanhamento pós-escolar e à integração escola-família-comunidade. A Orientação Educacional busca, mais uma vez, a sua inserção no contexto social, devendo o orientador, como coordenador do processo de escolha profissional, entrar em contato com o real sentido do trabalho inserido em uma sociedade de classes, passando a tomar consciência de sua função política, postura para a qual não se sentia e nem havia sido preparado. Nessa década de 70, surgem várias correntes ou concepções de Orientação Educacional. Segundo Bonfim (1981), é a fase em que vamos encontrar, nos escritos sobre Orientação Educacional no Brasil, uma “abordagem discipulocêntrica, que se preocupava em propiciar oportunidades de individuação da educação, visando garantir a todos os alunos condições de formação de uma personalidade crítica e objetiva, favorecendo o desenvolvimento de cada aluno no sentido da construção responsável de sua autonomia” (p.29). Ainda segundo a autora citada, é a fase em que, “visando a uma racionalização nas decisões pessoais e sócio- profissionais, surgiu no Brasil a corrente decisória da Orientação Educacional” (p. 32). É, também, em meados da década de 70, que Bonfim destaca o surgimento de uma nova perspectiva de Orientação Educacional: Essa perspectiva, a Orientação Educacional e os Agentes de Mudança, propunha para o orientador um papel de mobilizador e estimulador de mudanças, agindo como um especialista em relações interpessoais (BONFIM, 1981, p. 33). A Orientação Educacional passava a ser vista como preocupada (e ocupada) com o desenvolvimento das relações interpessoais e, como tal, passível de ser estendida a todos os graus de ensino. Propunha-se uma nova estratégia de trabalho - a “Orientação Educacional Centrada no Professor” - e enfatizava-se o envolvimento de toda a equipe educativa, sendo “a primeira reação explícita ao aspecto acomodativo e adaptador da Orientação” (BONFIM, 1981, p. 55). Essa perspectiva de orientação Educacional foi a precursora de todo um movimento crítico a se desencadear na década posterior, quando, a partir dos anos 80, começa-se a sentir, entre os orientadores educacionais, a instauração de uma verdadeira crise profissional. Começam a surgir os questionamentos dos profissionais com relação tanto à ideologia que regia a prática da Orientação Educacional, como às próprias teorias e instrumentos utilizados. É o início de um novo período - o Período Questionador – que parece levantar o conflito entre a onipotência e a impotência, gerando nos profissionais, que conseguem perceber a dimensão psicossocial do problema, uma sensação, no dizer de Bohoslavsky (1983), de “estar jogando no escuro” (p.18). O Período Questionador refletiu, pois, um momento de parada e reflexão que retrata as inquietações pelas quais passou a Orientação Educacional, na busca por um espaço próprio, específico e definido no campo educacional. Algumas questões bem marcantes do Período Questionador foi uma busca intensa por uma análise crítica do papel do orientador educacional nas escolas, bem como por uma caracterização do próprio serviço de Orientação Educacional no processo educativo. Nessa fase, os eventos de orientação estão voltados para a discussão dos problemas emergentes da educação, e do resgate dos momentos históricos, para a compreensão dos fenômenos sociais. Os profissionais da área passam a se voltar para a dimensão social da educação, quase que se contrapondo à ênfase psicológica com que a Orientação Educacional foi implantada no cenário educacional, o que gerou um risco de nova radicalização. Nesse sentido, Bohoslavsky (1983) sinaliza as contradições inerentes aos próprios orientadores educacionais vistos como “profissionais cuja identidade destruiu-se, perdendo o sentido de sua profissão” (p. 13). Esse posicionamento é ratificado por Garcia & Maia (1986) ao se indagarem: “afinal, o orientador educacional é um especialista ou um generalista? Um psicólogo de segunda categoria ou um pedagogo?” (p. 39). Durante mais de vinte anos, a preocupação dos Orientadores Educacionais com a definição de suas funções permaneceu no cenário da educação brasileira. Interessante destacar, nesse momento, alguns movimentos que se debruçaram sobre a questão da identidade e da presença dos especialistas do ensino nas escolas brasileiras, aqui incluindo, além do orientador educacional, também o supervisor pedagógico. Um deles ocorre em 1996 – a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394 / 96 que, em seu Título VI, em alguns artigos e incisos destacados, delibera sobre a formação do pedagogo. Assim, no Art.62, a 12 formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Já o Art.63 delibera que os institutos superiores de educação manterão: I – cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II – programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III – programas de educação continuada para os profissionais de educação de diversos níveis. Pelo Art.64, a formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (grifo nosso). Em Parágrafo Único: A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. Em face à nova legislação, e diante da abertura que ela propicia quanto a diferentes caminhos para a formação acadêmica dos profissionais da educação, a velha chama se reacende e os órgãos representativos de classe conclamam seus filiados a reflexões e posicionamentos e movimentos em prol da reformulação da formação dos profissionais da educação tomam lugar no final da década de 90. Isto significa lembrar que, mais precisamente em 1997, a Secretaria de Educação Superior do MEC convocou as Instituições de Ensino Superior (IES) a apresentarem propostas de novas diretrizes curriculares dos cursos superiores, a serem, em seguida, elaboradas por comissões de especialistas. Nessas propostas, foram incluídos as Licenciaturas e o Curso de Pedagogia, cujas comissões especiais se constituíram e passaram a debater questões como: • O que deve ser um Curso de Pedagogia? • O que define um trabalho como pedagógico? • Em que consiste a formação pedagógica e o exercício profissional do pedagogo? • Há lugar para habilitações ou especializações na formação de graduação em Pedagogia? • Qual a diferença entre Pedagogo e Professor? Pedagogo e Educador? Esses temas foram alvos de documentos e debates, e muito tempo se passou sem que se chegasse a diretrizes norteadoras mais explícitas quanto ao perfil profissional e à estrutura organizacional ecurricular dos cursos de formação de professores e pedagogos. No entanto, coexistiam duas tendências básicas nesse movimento: A posição da ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – criada no bojo dos movimentos de ressignificação da formação e prática de docentes e pedagogos nos anos 80), cuja tese central era a redefinição do Pedagogo, identificando a DOCÊNCIA, como base de sua identidade, com a sustentação das seguintes teses: • defesa de um curso de Pedagogia baseado na formação de professores para a Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental; • exigência de formação, em nível superior, dos professores de Educação Infantil e 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental; • valorização profissional do professor; • postulação de uma base comum nacional na formação docente; • defesa da Gestão Democrática na escola. A posição de um grupo de intelectuais (Libâneo, Pimenta, Nóvoa, Mazzotti), que se contrapunham às teses da ANFOPE, com base nas seguintes argumentações: • identificação do curso de Pedagogia como uma Licenciatura – a docência como base da formação pedagógica – seria um reducionismo do alcance da Pedagogia; • sobrecarga no currículo de disciplinas ligadas à formação de professores para a Educação Infantil e para as séries iniciais do Ensino Fundamental, em detrimento do peso das disciplinas teóricas (Fundamentos da Educação, Currículo, Avaliação, Planejamento, Teorias da Educação); • exclusão das disciplinas que identificavam o exercício profissional do Pedagogo, como Princípios e Métodos de Administração Escolar, Fundamentos da Supervisão e Orientação Educacional, Planejamento Educacional, Didática, Medidas Educacionais, Avaliação Educacional, Práticas de Gestão, Métodos e Técnicas de Pesquisa, entre outras. Era proposição básica desse grupo, a tese de que as Faculdades de Educação, ou Faculdades de Pedagogia, tivessem um Curso de Pedagogia stricto sensu, para a formação do Bacharel em Pedagogia. Esse profissional, o Pedagogo, não diretamente docente, seria considerado especialista em educação, em áreas como Planejamento da Educação, Administração de Sistemas Educacionais, Avaliação Educacional e Pesquisa 13 Pedagógica. Por outro lado, propunham uma outra linha de formação, representada pela proposta de um Curso de Licenciatura para Formação de Professores da Educação Infantil ao Ensino Médio. Esse núcleo de contestação às teses da ANFOPE apresentava algumas argumentações em torno dos seus posicionamentos, como: A identificação dos estudos sistemáticos de pedagogia com o curso de licenciatura para a formação de professores para as séries iniciais, a supressão em alguns lugares da formação de especialista (ou do pedagogo não diretamente docente), a redução da formação do pedagogo à docência, o esvaziamento da teoria pedagógica, acabaram por descaracterizar o campo-teórico investigativo da Pedagogia, e das demais ciências da educação, retirando da universidade os estudos sistemáticos do campo científico da educação, e a possibilidade de formar o pedagogo para as pesquisas específicas na área e exercício profissional (LIBÂNEO, 2004, p. 11). Outra argumentação de relevo, também apresentada em oposição às teses da ANFOPE, é a de que a identificação do curso de Pedagogia com a formação de professores (licenciatura) foi gestada em circunstâncias peculiares da história da educação do país, quando uma atuação fragmentada, tecnicista e apolítica dos especialistas do ensino deu origem a um movimento de negação à sua presença nos escolas brasileiras. Por outro lado, diziam eles, as novas realidades estão exigindo um entendimento ampliado das práticas educativas e, por conseqüência, da Pedagogia. Traziam a reflexão de que, no mundo inteiro, existem cursos específicos de Pedagogia (em alguns lugares denominados “Ciências da Educação”) distintos dos cursos de formação de professores. Advogavam que a redução da identidade profissional do educador à docência representa um equívoco lógico-conceitual: A Pedagogia é uma reflexão teórica a partir e sobre as práticas educativas. Ela investiga os objetivos sociopolíticos e os meios organizativos e metodológicos de viabilizar os processos formativos em contextos socioculturais específicos (LIBÂNEO, 2004, p. 14). Era considerado um reducionismo se afirmar que o trabalho pedagógico se resume ao trabalho docente nas escolas, visto que todo trabalho docente é pedagógico, mas nem todo trabalho pedagógico é docente... O pedagógico e o docente são termos inter-relacionados, mas conceitualmente distintos: “as práticas educativas ocorrem em muitos lugares, em muitas instâncias formais, não formais e informais. Uma mãe e uma pedagoga, mas não é docente”(LIBÂNEO, 2004, p.14). E, em meio a essa discussão acirrada, terminamos o milênio e um novo século teve início, sem que a questão central desse estudo tivesse chegado a um caminho de consenso... O AGORA... O momento atual que simboliza o “nosso agora” é recente... Data de 15 de maio de 2006, quando o Conselho Nacional de Educação promulga a Resolução CNE / CP nº 1, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Tudo começa assim: O Presidente do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e tendo em vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea “e” da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995, no art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com fundamento no Parecer CNE /CP nº 5/2005, incluindo a emenda retificativa constante do Parecer CNE /CP nº 3/2006, homologados pelo Senhor Ministro de Estado da Educação, respectivamente, conforme despachos publicados no DOU de 15 de maio de 2006 e no DOU de 11 de abril de 2006, resolve [...] E uma nova era se abre para os pedagogos... A Resolução referenciada institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, definindo princípios, condições de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem observados em seu planejamento e avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino e pelas instituições de educação superior do país, nos termos explicitados nos Pareceres CNE/CP nos 5/2005 e 3/2006 (Art. 1º). Essas diretrizes aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos (Art. 2º). A partir dessa Resolução, o curso de Pedagogia, por meio de estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica, propiciarão, o planejamento, execução e avaliação de atividades educativas e a aplicação ao campo da educação, de contribuições, entre outras, de conhecimentos como o filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental-ecológico, o psicológico, o lingüístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural. Em seu Art. 3º, parágrafo único, para a formação do licenciado em Pedagogia é central: o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. 14 Por outro lado, sobre a formação acadêmica dos educadores, o Art. 4º, em consonância com as teses da ANFOPE, preconiza um curso de Licenciatura em Pedagogia, destinado à formação de professores para exercer funções de magistério na EducaçãoInfantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Em parágrafo único, delibera-se que as atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. Com essas resoluções, o egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a, além de compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social, deve, também, fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental, assim como daqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria. Por outro lado, o formando em Pedagogia, segundo a Resolução em questão, passa a estar habilitado a trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo, além de participar da gestão das instituições, contribuindo para elaboração, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico, atuando como profissionais na área de serviço e apoio escolar. A partir dessas considerações, em seu Art. 9º, os cursos a serem criados em instituições de educação superior, com ou sem autonomia universitária e que visem à Licenciatura para a docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos, deverão ser estruturados com base nesta Resolução. E mais: segundo o que preconiza o Art. 10, as habilitações em cursos de Pedagogia atualmente existentes entrarão em regime de extinção, a partir do período letivo seguinte à publicação desta Resolução (grifo nosso). Esta formação profissional também poderá ser realizada em cursos de pós-graduação especialmente estruturados para este fim e abertos a todos os licenciados. Assim, na vigência do ano de 2006, o Período Questionado da Orientação Educacional, que teve como marco temporal a década de 80, após mais de trinta anos, parece viver um momento de reestruturação legal da formação acadêmica do orientador, e uma nova fase se descortina em termos de futuro... E O DEPOIS???? Se, por um lado, a formação do orientador educacional encontra legitimidade recente com a promulgação das diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia, seu campo básico de formação, isso não significa dizer que os questionamentos sobre o seu papel profissional no âmbito institucional tenham sido equacionados. Muito antes, pelo contrário – ao orientador se apresenta o desafio de colaborar nas mudanças educativas que se processam atualmente, a partir de suas ações, em um campo de trabalho que lhe é próprio. As tendências educativas atuais são frutos de fenômenos produzidos além de nosso estrito âmbito profissional: as mudanças políticas, sociais, culturais constituem elementos imprescindíveis de referências para compreender o que acontece na escola e no sistema educacional, diz Julià (2005, p. 17) e continua: Nenhum profissional da educação pode ficar à margem do que acontece em seu próprio sistema educacional, nem tampouco dos desafios que seguramente terá de enfrentar no futuro. Antecipar-se ao mesmo, participar de sua reorientação, influenciar – definitivamente – seu destino não é uma utopia, mas uma constatação que devemos renovar com o nosso fazer cotidiano. Nesse sentido, na visão de Juliá (2005), a Orientação Educacional, pouco desenvolvida em nosso sistema educacional, em comparação com boa parte dos países da União Européia, continua sendo uma questão pendente no país. Sem a pretensão de estabelecer uma tipologia precisa e concreta sobre as diferentes modalidades de Orientação Educacional que possam existir, o autor delimita três grandes âmbitos de atuação que podem nos servir de referência para uma análise crítica do papel do orientador em sua atuação profissional: a orientação acadêmica, a orientação profissional e a orientação pessoal. Juliá (2005) percebe a estreita conexão entre essas três dimensões, tamanha a vinculação entre elas, o que faz com que, em certas ocasiões, torna-se difícil delimitar quando começa uma e quando termina outra. No entanto, para efeitos didáticos, apresentamos as distinções entre esses campos de atuação profissional do orientador. A Orientação Acadêmica: pensar em uma sociedade educadora como a que se configura nessa Era do 15 Conhecimento, supõe dotá-la de profissionais da educação muito diferentes e também muito diversificados quanto à ocupação. Nesse sentido, diz Martinez (2005, p. 77): Não se trata de [...] todos os profissionais da educação servirem para tudo, tampouco de inventar supostas funções ou perfis específicos para forçar a adaptação do profissional a uma ocupação concreta. Tratá- se, antes, de delimitar funções profissionais e correlacioná-las com necessidades sociais num processo dialético, que sempre acaba sendo dinâmico pela própria configuração do social. Toda profissão social – e a do orientador educacional não é uma exceção – encontra-se num permanente processo de redefinição e reestruturação em face ao que vai se produzindo na sociedade. Considerando essa reflexão, ao atuar na orientação acadêmica, em qualquer instância ou nível de aprendizagem, o orientador precisa ter em mente que, diante da velocidade com que evoluem o conhecimento e a tecnologia, a maior finalidade da sua atuação, nessa área, é a de preparar os alunos para que possam dar continuidade à sua formação ao longo de toda a vida. Somente aquele que se preocupar com atualizar-se num processo de formação continuada estará em condições de enfrentar os desafios profissionais e pessoais que o futuro nos prepara. Daí a importância de “aprender a aprender”, em que têm cabimento estratégias de aprendizagem autônoma, eficiência de leitura, conhecimento dos recursos (bibliotecas, telemática, revistas especializadas, organismos, etc.). Esse é um campo de atuação que vai além do que habitualmente se aprende na maioria das disciplinas regulares (ALZINA, 2005, p. 95). No âmbito da orientação acadêmica, como membro da Equipe de Apoio da escola, o orientador pode averiguar, por exemplo, o estilo de aprendizagem do aluno, como e em quais situações aprende melhor, que recursos pessoais, materiais e funcionais podem ser disponibilizados a seu favor, que material didático disponível pode vir a ser o mais adequado e o que melhor responde ao estilo de aprendizagem do aluno em função dos objetivos do ciclo, qual a melhor disposição dos alunos em sala de aula tendo em vista o incentivo às interações aluno-aluno, em que medida o projeto escolar contempla a construção saudável do autoconceito e da auto-estima do aluno, a natureza da participação da família na área concreta da aprendizagem do aluno... Enfim, no campo da orientação acadêmica, o que se torna fundamental à atuação de uma Orientação Educacional que se deseja instituinte, é a percepção de que a sua ação não se restringe aos aspectos estritamente pessoais do aluno, como ocorria nos padrões tradicionais de orientação.Trata-se, também, de desenvolver uma análise investigativa dos elementos do estabelecimento escolar que têm implicações diretas no processo de aprendizagem do aluno. A Orientação Profissional: nesse âmbito de atuação, importa lembrar que a Orientação Educacional, em suas raízes, traz o cunho de orientação profissional. No entanto, a ideologia do dom, que marcou, durante décadas, a ação dos orientadores, passa a ter, no cenário atual, uma outra configuração. A concepção atual centra-se no desenvolvimento da carreira, entendida esta como a seqüência de papéis pelos quais deve passar uma pessoa ao longo de sua vida (ALZINA, 2005, p.94). A orientação para o trabalho é um processo que deveria ter início desde a infância, segundo um viés referencial desenvolvimentista. A evolução da Psicologia do Desenvolvimento levou [...] à compreensão de que a escolha profissional é fruto de um processo e, desta forma, a Orientação Vocacional não se justifica como forma de atendimento situacional, no “momento da escolha” e sim como acompanhamento e ativação do desenvolvimento vocacional (ZASLAVSKY, 1979, p.19, apud RIBEIRO, 1984, p.41). Por isso, continua Ribeiro (1984), a escolha profissional não é um acontecimento isolado num determinado momento de vida. Ela se processa ao longo da vida e, por isso, pode-se falar de um desenvolvimento vocacional. As teorias desenvolvimentistas de orientação vocacional, uma dentre outras referências para o trabalho de orientação vocacional nas décadas de 60 / 70, tiveram no modelo de Super, um grande incremento e apoio. Segundo essa concepção, a escolha vocacional é um processo contínuo que vai da infância à velhice. O desenvolvimento é, geralmente, ordenado e previsível, assim como dinâmico, no sentido de que ele resulta da interação entre as características do indivíduo e as demandas da cultura, o que torna claro também o fato de tratar-se de um processo psicossocial. No decorrer deste processo, o indivíduo deve cumprir um certo número de tarefas de desenvolvimento. A natureza precisa destas tarefas e a maneira pela qual ele as cumpre revela sua maturidade vocacional. Dentro desta ótica, pode-se dizer que um indivíduo se torna maturo, na medida em que ele está pronto para tomar as decisões e para assumir os comportamentos característicos de seu estado de desenvolvimento vital. Os ciclos de maturação vocacional, segundo o referencial de Super, passam por momentos de crescimento, exploração, estabelecimento, manutenção e desengajamento, a cada um desses estágios correspondendo tarefas e metas existenciais / profissionais. Como explica Super, os estados têm uma tendência a se mesclar e não estão, portanto, portanto, claramente definidos por limites de idade. Além disso, os momentos de transição entre esses ciclos são entrelaçados pelas experiências vividas e as expectativas pelo que virá. Assim, pode-se considerar que, na infância, a formação da auto-imagem, do autoconceito, da auto- estima são tarefas primordiais de crescimento pessoal, que irão, futuramente, estar na base de momentos de escolhas e tomadas de decisões. Ainda nessa idade infantil, as crianças passam a observar e a se identificar com figuras adultas de trabalhadores (pai, mãe, pessoas significativas), momento em que, a Orientação Profissional deve atuar, de forma exploratória, sobre o conceito de trabalho, e de profissões. 16 Ribeiro (1983) nos fala de uma continuidade desse processo, quando, mais adiante, a criança, a partir de sua auto-imagem estabelecida, antecipa uma auto-imagem profissional que só mais tarde poderá ser realizada. A essa fase posterior de realização da auto-imagem profissional antecipada, Super dá o nome de estabelecimento, ao qual se seguirão momentos de manutenção e desengajamento, conforme a dinâmica própria da vida. Ele nos dá um exemplo de como esse processo é dialético e não linear, quando ressalta a reversibilidade dos ciclos. Assim, em um momento de desengajamento de uma profissão, qualquer que seja o motivo pelo qual essa decisão esteja sendo tomada, o indivíduo deve pensar em desenvolver novos papéis ocupacionais (crescimento), procurar um lugar apropriado para quando se retirar (exploração), realizar atividades que ele sempre quis fazer (estabelecimento), continuar a fazer as atividades que ele sempre amou fazer (manutenção) e reduzir suas horas de trabalho (desengajamento). Cabe ao orientador estar atento aos ciclos de desenvolvimento dos orientados, para que possa estabelecer estratégias de orientação vocacional que se correlacionem com as necessidades específicas de cada etapa. Assim, na Educação Infantil, é importante dar início a uma fase de descoberta das ocupações, a partir da exploração das profissões dos membros da própria família, ampliando para as ocupações de outras pessoas, que estão mais próximas do seu meio ambiente e com as quais mantém contatos. Diz Ribeiro (1983, p. 42): “embora as escolhas das crianças sejam, ainda, muito dominadas pela fantasia, é útil, também que, neste período, se faça um estudo destas escolhas”. Já no Ensino Médio, a proposta de Orientação Profissional muda de enfoque, pela proximidade dos estudantes ingressarem em cursos universitários. Nessa fase, é importante que o orientador possa desenvolver contatos com as instituições de ensino superior de sua região (e de regiões de interesse dos educandos), com vistas ao desenvolvimento de projetos de intercâmbio como visitas de portas abertas, folhetos informativos, palestras nos estabelecimentos de ensino, informações sobre os critérios de acesso às universidades, detalhes sobre a vida universitária e sua dinâmica própria, incluindo esclarecimentos sobre sistema de crédito, matérias centrais e optativas, dentre outras. Importante que o orientador, nessa fase, seja sensível às expectativas, ansiedades e inseguranças típicas de jovens prestes a alçar um vôo para um universo novo que, naturalmente, assusta. O apoio da informação é relevante, tanto quando o de ordem emocional. Posteriormente, no Ensino Superior, de acordo com Alzina (2005, p.95), para orientar e incentivar o desenvolvimento da carreira, cabe ao orientador desenvolver, junto aos alunos, programas de Orientação Profissional a partir dos quais lhes seja possível construir seus próprios conhecimentos sobre os aspectos que se seguem: • alternativas profissionais dos estudos das diferentes áreas do saber; • formas de acesso aos espaços de trabalho (concursos, contrato de trabalho, auto-emprego, etc.); • processos de seleção de pessoal para empresas; • competências de empregabilidade solicitadas pelas organizações contemporâneas do trabalho; • conhecimento de si mesmo (pontos fortes, pontos fracos, auto-estima, competências pessoais, acadêmicas, profissionais, etc.); • implicações do processo de tomada de decisões; • consciência do papel do trabalho na sociedade contemporânea. Todos esses aspectos podem ser trabalhados pelo orientador junto aos alunos, por meio de programas de orientação profissional propostos em escolas ou universidades. A Orientação Pessoal: promoção do desenvolvimento humano no sentido amplo. Igea (2005, p.135) apresenta uma visão de cenário sobre a atuação do orientador educacional contemporâneo: Uma das tarefas mais urgentes que a educação dos próximos dez anos deve abordar é, sem dúvida, a formação pessoal, moral e ética dos cidadãos. Em grau menor ou menor, esse âmbito sempre esteve presente em todos os contextos educativos, pois os educadores o conceberam como implícito em suas funções [...] Nos últimos dez anos, multiplicaram-se, no país, as publicações que focalizam sua atenção em temas de educação moral, ética e valores [...], e adquirem, assim, categorias de conteúdo, o conhecimento de si mesmo, a buscado equilíbrio pessoal, a relação com o outro, e, em geral, todos os valores que poderíamos considerar irrenunciáveis aos cidadãos de uma sociedade democrática: participação, tolerância, não-discriminação, solidariedade, entre outros. Essa dimensão formativa é objeto da ação orientadora mediante o uso de técnicas de aconselhamento, conceito que pode ser entendido como uma série de contatos diretos com um indivíduo no sentido de lhe oferecer assistência na mudança desejada de suas atitudes e comportamentos (ROGERS, 1942, pp.3-4, apud SCHEEFFER, 1982, p. 14). Usado por meio de um conjunto de entrevistas (stricto sensu), o aconselhamento, em Orientação Educacional apresenta, segundo Erickson (1951, apud SCHEEFFER, 1989, p. 13) algumas características: • é uma relação entre duas pessoas; • um dos participantes (o entrevistador) assumiu ou foi levado a assumir a responsabilidade de ajudar o outro 17 participante; • o entrevistando tem possíveis necessidades, problemas, bloqueios ou frustrações que deseja tentar satisfazer ou modificar; • o bem estar do entrevistando constitui o interesse central da situação; • ambos os participantes desejam e estão interessados em tentar encontrar soluções para as dificuldades apresentadas pelo entrevistando. Nesse sentido, Erickson ressalta que a entrevista de aconselhamento varia nos seus objetivos, características e resultados consoantes as necessidades básicas do entrevistando a serem atendidas. Pode ser uma entrevista inicial de contato, de avaliação, de fornecer informações, de investigar dados, ou de acompanhamento em de dificuldades de ordem educacional, profissional, vital, visando ajudar o entrevistando a utilizar melhor seus recursos pessoais. Portanto, no âmbito da orientação pessoal, o aconselhamento é uma técnica a serviço do orientando, sob condução do orientador educacional, em ambiente escolar. Por outro lado, o aconselhamento pode ir além da relação face-a-face e estender-se ao envolvimento dos agentes educativos e, em especial, o professor (lato sensu). Nesse sentido, o orientador atua por meio do docente, ou de outros agentes educacionais, cuja ação mais abrangente possibilita o efeito multiplicador dos recursos do aconselhamento. Nesse caso, existem diferentes possibilidades de intervenção grupal, válidas para qualquer contexto educativo, como a aplicação de programas concretos que atendam a situações detectadas como demandando um apoio especial. Geralmente, essas intervenções se atualizam a partir da aplicação e vivências de técnicas de dinâmicas de grupo, que devem ser rigorosamente planejadas de acordo com o objetivo e o nível de maturidade de cada grupo. A orientação educacional desde a sua criação, serviu ao sistema educacional. Atualmente é concebida, por especialistas, como um processo sistemático e contínuo que se caracteriza por ser uma assistência profissional realizada por meio de métodos e técnicas pedagógicas ou psicológicas. Ela é exercida direta ou indiretamente sobre os alunos, levando-os ao conhecimento de suas características pessoais e do ambiente sociocultural, a fim de que possam tomar decisões apropriadas às melhores perspectivas de seu desenvolvimento pessoal e social, tornando-se cada vez mais necessária. Em toda a ação do Orientador Educacional é necessária uma reflexão contínua sobre a realidade que o cerca, possibilitando-lhe um posicionamento profissional mais adequado. Ter sempre presente em suas atividades os princípios que servem de suporte ao processo de orientação, levando-o a uma ação mais consistente e coerente. A orientação educacional deve ser norteada pelos seguintes princípios: Ver o educando em sua realidade bio-psico-social, com todo o respeito e consideração, a fim de que, a partir dessa realidade, se possa erigir uma personalidade ajustada, segura de si e compreensiva. Em reforço ao primeiro princípio, respeitar o educando em sua realidade, qualquer que ela seja. Realizar trabalho de orientação, sem criar dependências, mas orientar para a autoconfiança, independência, autonomia e cooperação. Em se querendo que o educando seja independente e respeitador, sensibilizá-lo para a necessidade de também respeitar os seus semelhantes. O trabalho de Orientação exige o maior número possível de informes a respeito do educando, o que deve ser diligenciado por todos os meios. Assistir todos os educandos, desde os mais aos menos carentes, bem como os que não revelarem carências. Dar ênfase aos aspectos preventivos do comportamento humano, uma vez que é muito mais fácil evitar um acidente do que se recuperar do mesmo. Este princípio guarda analogia com outro de natureza médica e que diz: “um grama de prevenção vale mais que uma tonelada de curas”. Assim, o ideal será a Orientação Educacional agir, preferencialmente, de maneira profilática do que curativa. Estabelecer um clima de confiança e respeito mútuo, incentivando a procura espontânea do Serviço de Orientação Educacional, logo que a dificuldade ou uma dúvida surja na vida do educando, antes que a mesma tome vulto e desoriente. Procurar envolver todas as pessoas com o processo de educação, como diretor, professores, pais, serventes, etc., para que todos cooperem com a Orientação Educacional, no sentido de ajudá-la a melhor ajudar o educando. 18 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL PRINCÍPIOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL A Orientação Educacional deve ter muito cuidado em formular juízos a respeito do educando, não esquecendo que este é um ser em evolução, em marcha para a maturidade e que uma série de fatores pode estar influenciando-o para que ocorra o comportamento anormal que tem apresentado. A Orientação Educacional deve ser levada a efeito como um processo contínuo e não como ação esporádica dos momentos em que faltarem professores ou que surgirem dificuldades maiores. Deve ser trabalho planejado para todo o ano letivo, sem aquelas características de tapa-buraco. A Orientação Educacional tem de trabalhar em estreito entendimento com a direção. Jamais em sentido de subserviência ou petulância, mas em sentido de cooperação, compreensão e respeito mútuo. A Orientação Educacional não deve se envolver em pequenas questões entre educandos e professores. Ocorrências conflitivas de pouca intensidade são, até certo ponto, naturais. Assim, problemas que não ultrapassem certos limites devem ser deixados para que os próprios professores os resolvam. A Orientação Educacional deve agir, também, como órgão de estudo e de pesquisa de medidas que levem à superação de dificuldades de natureza disciplinar, não devendo, porém nunca, funcionar como “órgão disciplinador”. Deve, sim, agir como órgão que leve todos a tomarem consciência do grave problema da disciplina, que está inutilizando o trabalho de muitas escolas. Ressaltar que a Orientação Educacional precisa dar muita atenção ao serviço de anotações, que deve ser o mais perfeito possível, a fim de que dados a respeito de um educando estejam sempre a mão e atualizados. A Orientação Educacional deve estar aberta para a realidade comunitária, a fim de que o seu trabalho esteja articulado com o meio, para melhor ajudar o educando a integrar-se no mesmo. A Orientação Educacional deve esforçar-se para criar na escola um clima de comunidade e sensibilizar a todos, quanto à necessidade de que cooperem em suas atividades, com entusiasmo, respeito e solidariedade. A Orientação Educacional não deve esquecer-se de estimular ao máximo a iniciativa do educando, principalmente, através de atividades extra classe, empenhando-a na realização com verdadeiro engajamento, que ajudará na explicitação de suas virtualidades, na conquista da autoconfiança e na revelação de suas capacidades de liderança. A orientaçãoeducacional tem por objetivo promover atividades que favoreçam a integração individual e social do educando, tais como: Orientar o educando em seus estudos, a fim de que os mesmos sejam mais proveitosos. Como complementação do primeiro objetivo, ensinar a estudar. É impressionante a quantidade de educandos de todos os níveis que se perdem nas obrigações escolares por não saberem estudar, com desperdício de tempo e energia.Este objetivo é dos mais importantes e cuja efetivação deveria ter início no Ensino Fundamental e continuar por todos os níveis de ensino. Ensinando o educando a estudar em função do nível de ensino que estivesse cursando, pois muitos fracassos escolares são devido ao fato do educando não saber estudar, com desperdício de tempo e esforço, conduzindo, o educando a abandonar os estudos. Assim, é importante, que desde o início da escolaridade intelectual, a Orientação Educacional ensine o educando a estudar, através de sessões destinadas a todos os educandos de uma classe. Discriminar aptidões e aspirações do educando, a fim de melhor orientá-lo para a sua plena realização. Auxiliar o educando quanto ao seu autoconhecimento, à sua vida intelectual e à sua vida emocional. Orientar para o melhor ajustamento na escola, no lar e na vida social em geral. É fundamental a interação entre educando e professor, educando e seus colegas, bem como educando e sua família. É importante, também, que o educando saiba manter um comportamento adequado nas atividades fora da escola e do lar. Formar o cidadão que alimente dentro de si um sentimento de fraternidade universal, capaz de fazê-lo sentir- se irmão, companheiro e amigo de seu semelhante em todas as circunstâncias da vida. Trabalhar para a obtenção de um melhor cidadão, por parte do educando, para que este seja um membro integrado, dinâmico e renovador no seio da sociedade. Enfim, desenvolver ação para que se obtenha o cidadão consciente, eficiente e responsável. Levar a efeito melhor entrosamento entre escola e educando, com benefícios compensadores quanto à disciplina, formação do cidadão e rendimento escolar. Prestar assistência ao educando nas dificuldades em seus estudos ou relacionamento com professores, colegas, pais ou demais pessoas. Levar cada educando a explicar e desenvolver suas virtualidades. 19 OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Prevenir o educando com relação a possíveis desajustes sociais, que sempre estão eclodindo na sociedade, como fruto de uma dinâmica negativa de desagregação social. Possibilitar aos professores melhor conhecimento dos educandos, oferecendo, assim, maiores probabilidades de entrosamento positivo entre ambos e mais adequada ação didática por parte dos professores, a fim de ser obtido maior rendimento escolar. Sensibilizar, de forma crescente, professores, administradores e demais pessoas que trabalham na escola, para que queiram melhorar suas perspectivas atuações, visando à melhor formação do educando. Realizar trabalho de aproximação da escola com a comunidade, a fim de proporcionar ao educando maiores oportunidades de conhecimento do meio e desenvolvimento comportamental de cidadão participante. Favorecer a educação religiosa, com suas perspectivas transcendentais, mas desvinculada do compromisso sócio-ideológico. O bem que a religião infunde pode levar a efeito, na busca da melhoria do funcionamento de qualquer regime, sem apelos ao ódio e destruição. Trazer a família para cooperar de maneira mais esclarecida, eficiente e positivista na vida do educando. Proporcionar vivências que sensibilize o educando para os valores que se deseja incorporar no seu comportamento. Trabalhar para instaurar na escola um ambiente de alegria, satisfação e confiança para que se estabeleça um clima descontraído, evitando os temores, frustrações e humilhações. Incentivar práticas de higiene física e mental, procurando conscientizar o educando em relação à importância e valor da saúde, que pode ser cuidada e preservada individualmente, educando por educando. Desenvolver admiração e respeito pela natureza, evitando depredá-la em quaisquer de seus aspectos: paisagem, fauna e flora. Desenvolver atividades de lazer, podendo, algumas delas, em caso de necessidade, transformar-se em atividades profissionais. Neste particular, orientar o emprego adequado e higiênico de horas de folga. Trabalhar para uma adequada formação moral do educando, imbuindo-o de valores éticos necessários para uma vida digna, humana e coerente, em que o respeito ao próximo deve ser o motivo principal. Favorecer a educação social e cívica do educando, sensibilizando-o para a cooperação social e deveres comunitários. Neste particular, incentivá-lo para a melhoria da estrutura e funcionamento da vida social, sem a marca de destruição, alertando-o, pois em relação a certos movimentos de fundo comunitário que pregam, em nome do bem, o ódio, a morte, a violência e a destruição. O orientador educacional atua junto ao corpo discente e doscente das instituições de ensino, acompanhando as atividades escolares, bem como o desempenho do estudante, seja em termos de rendimento ou de comportamento. A Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico e contínuo, estando integrada em todo o currículo escolar. O papel do Orientador Educacional corresponde ao elo entre os alunos e a escola, favorecendo o processo de integração Escola-Família-Comunidade, numa perspectiva voltada para as dificuldades pedagógicas, e emocionais, sociais e cognitivas dos alunos. Para que isso se realize, é necessário que o trabalho esteja integrado com a Direção, Coordenação Pedagógica, e com o Corpo Docente e a Família. Desta forma, a Orientação Educacional junto à: Escola e alunos • Mobiliza a criança, a escola e a família para a investigação coletiva da realidade na qual todos estão inseridos; • Realizar o atendimento aos alunos orientando-os de forma individual ou coletiva, com observação, acompanhamento, aconselhamento e entrevista; • Acompanha o aluno no processo ensino-aprendizagem, visando o seu relacionamento com a realidade social e profissional; • Desenvolve hábitos de estudo e de organização, junto à Tutoria; • Integra as diversas disciplinas junto a Coordenação Pedagógica, disponibilizando aos alunos assuntos atuais e de interesse dos mesmos; • Organiza dados referentes à vida escolar aos alunos; • Estabelece um vínculo de confiança e cooperação entre os alunos, ouvindo-os com paciência e atenção; • Desperta no aluno o compromisso com a responsabilidade e autonomia enquanto pessoa e cidadão, para estimular a reflexão coletiva de valores: liberdade, justiça, honestidade, respeito, solidariedade, fraternidade, comprometimento social; • Atua preventivamente em relação a situações e dificuldades próprios do cotidiano, promovendo condições que favoreçam o desenvolvimento do aluno; 20 O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL http://pt.wikipedia.org/wiki/Conduta http://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola http://pt.wikipedia.org/wiki/Aluno • Promove palestras de interesse e importância aos alunos; • Conduz o processo de sondagem de habilidades e interesses oportunizando ao aluno o conhecimento das diferentes profissões e o mundo do trabalho, de forma que possa preparar-se para a vida em comunidade. Família • Esclarece a família quanto às finalidades e funcionamento do SOE (Serviço de Orientação Educacional); • Orienta a família sobre o desenvolvimento dos alunos sempre que se fizer necessário, realizando reuniões com os pais juntamente com a Equipe Pedagógica; • Relaciona-se com os pais e familiares dos alunos de forma que desenvolva a participação ativa dos mesmos na escola; • Compromete-se com a integração pais e escola, professores e pais e pais e filhos; • Acompanha o aluno esua família nas possíveis dificuldades, encaminhando-os a outros especialistas se necessário; • Atende os especialistas multidisciplinares que por ventura, realizem qualquer tipo de acompanhamento com os alunos. Professores • Fornece ficha de encaminhamento para o professor formalizar a solicitação de acompanhamento dos alunos; • Mantém os professores informados quanto às atitudes e acompanhamentos do SOE junto aos alunos, principalmente quando esta atitude for solicitada pelo professor; • Coopera com o professor, estando sempre em contato com ele, auxiliando-o na compreensão do comportamento das classes e dos alunos em particular; • Realiza intervenções pedagógicas junto à Coordenação, quando necessário. A orientação educacional, em sua trajetória, caracterizou-se por atuar quase que exclusivamente na resolução de problemas individuais dos alunos ou na orientação da escolha profissional. Segundo Grinspun, “a prática da orientação educacional deve ser vista como um processo ativo e dinâmico, como construção, produção de conhecimento, de saberes, de comunicações e interações”. Com esta evolução, não é mais possível pensar a orientação apenas como um serviço assistencialista onde se buscava resolver os problemas pessoais dos alunos ou, como um serviço contemporizador, chamado para intervir nos momentos de tensão ou conflito (visão ainda existente, hoje, em muitas escolas). O momento atual instiga o orientador a assumir em sua prática uma nova abordagem, voltada para a construção de um cidadão mais comprometido com o seu tempo. Sua ação precisa estar direcionada para compreender o desenvolvimento do aluno, do ponto de vista cognitivo, da afetividade, da tomada de decisão, da sua inserção social. Os sentimentos permeiam todo o processo pedagógico, não existe ação ou pensamento que venha desvinculado dos sentimentos. A escola constrói sua proposta pedagógica, mas esta tem que estar em consonância com a realidade social. A sociedade atual exige um novo indivíduo, comprometido e crítico, que saiba conquistar seu espaço. A nova concepção de educação também exige um educador engajado, participativo e atuante. O orientador educacional deve estar comprometido com o desenvolvimento do processo pedagógico da escola e com toda a comunidade escolar para que, através desta articulação e reflexão, se construam novas propostas de ação. O papel do orientador é auxiliar o educador a estabelecer vínculos de sua prática cotidiana com a realidade mais ampla. É o elo entre os alunos e a escola, favorecendo o processo de integração escola- família-comunidade. A construção de uma parceria entre orientador, supervisor, professores e direção, redimensiona as práticas pedagógicas, pois encontra a solução dos problemas no coletivo, através do diálogo e do planejamento de acordo com a realidade, visando alcançar os objetivos propostos e uma maior qualidade na aprendizagem. Caminha-se em busca de uma ação reflexiva na qual orientadores, supervisores e professores examinam, questionam e avaliam criticamente a sua prática. Os professores que se prendem somente a sua prática, sem uma reflexão mais rigorosa sobre ela, acomodam-se a uma única perspectiva, aceitam, sem críticas, o cotidiano nas escolas. O orientador educacional caracteriza-se como mediador e articulador do processo educativo, priorizando a construção de uma escola participativa e transformadora desta sociedade individualista, excludente e discriminatória. É um dos profissionais mais procurados para ajudar na solução de problemas, principalmente quando diz respeito a questões de indisciplina, sexualidade, uso de drogas, gravidez precoce e indesejada, violência, abuso sexual contra crianças e adolescentes, doenças sexualmente transmissíveis, enfim, buscam neste profissional informação e ajuda sobre fatos concretos relacionados ao cotidiano da escola e do aluno. Paulo Freire diz: “O mundo não é. O mundo está sendo”. Assim devemos olhar a ação do orientador educacional, 21 buscando no cotidiano a criação do novo, de formas alternativas de atuação, comprometidas com a construção de saberes que rompam com as velhas estruturas de conhecimento prontas e acabadas. Desta forma, buscar- se-á transcender para uma visão não excludente, mas que desperte no aluno a alegria do descobrir, do recriar e de ser cientista do seu próprio processo, de ser o arquiteto de sua própria vida. Uma reportagem apresentada pela revista Nova Escola (março/2003) ressalta algumas atribuições no Orientador Educacional. Segundo esta reportagem, na instituição escolar, o orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão. Ele trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com a escola, na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis. Destaca-se ainda neste texto, que a remuneração do orientador profissional é semelhante à do professor, porém suas funções são distintas, uma vez que o professor em sala de aula está voltado para o ensino e aprendizagem, e o Orientador Educacional não possui um currículo a seguir, sendo sua função voltada à formação permanente dos alunos no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, analisando e criticando quando necessário. Outro ponto importante, segundo o texto é que, embora o que foi citado acima seja papel fundamental do orientador educacional, muitas escolas não têm mais esse profissional na equipe, o que não significa que não exista alguém desempenhando as mesmas funções pois, "qualquer educador pode ajudar o aluno em suas questões pessoais". Porém, não se pode confundir professor com psicólogo escolar. O texto traz, ainda, que o orientador educacional lida mais com assuntos que dizem respeito a escolhas, relacionamento com colegas, vivências familiares. Sendo assim, o papel do orientador educacional dentro da escola se faz necessário para que haja uma melhor integração entre escola-família-aluno. O Orientador Educacional é a pessoa responsável pelo serviço de orientação, cabendo a ele planejar, organizar e implementar a Orientação Educacional na escola. Ele deve conscientizar todos os agentes educativos da escola, tanto da educação infantil e ensino fundamental, como também do ensino médio, de que estes, enquanto membros ativos dentro da escola, são peças fundamentais para o bom desenvolvimento da Orientação Educacional. O Orientador Educacional deve possuir um bom preparo em nível universitário, que lhe forneça adequados conhecimentos de Psicologia Educacional, Psicologia da Criança e do Adolescente, Psicologia Pedagógica, Sociologia Educacional, Filosofia da Educação, Biologia Educacional, estatística Educacional, Estrutura e Funcionamento do Ensino. Ainda, segundo o autor, seria importante que todo o Orientador Educacional tivesse boa experiência no magistério e conhecimentos básicos das disciplinas do curso que está orientando (Educação Infantil – Ensino Fundamental – Ensino Médio, etc.). MARTINS considera ainda que o Orientador Educacional deve estar sempre em processo de atualização, através de leituras, congressos, simpósios, etc. Sob o ponto de vista legal, o exercício da profissão de Orientador Educacional foi previsto na Lei nº. 5.564/68, regulamentada pelo Decreto nº 72.846/63. Onde o Orientador Educacional é formado em curso de Licenciatura em Pedagogia com habilitação específica em Orientação Educacional. (MARTINS, 1992, p.31) Porém, hoje, através da nova Lei nº. 9.395/96, o Orientador Educacional necessita apenas do Curso de Licenciatura em Pedagogia e Gestão Escolarpara exercer a função de Orientador Educacional. MARTINS (1992, p.31) lembra ainda que, pela responsabilidade que o Orientador Educacional tem no processo de relação de ajuda através das relações interpessoais e visando o desenvolvimento integral do educando, o Orientador Educacional precisa possuir alguns requisitos pessoais, os quais, segundo o autor, são imprescindíveis ao cumprimento de sua missão, sendo estas condições pessoais, as seguintes: • Equilíbrio emocional e de personalidade que não sofra influência pelos problemas do educando nem permita que seus problemas pessoais interfiram em seu trabalho. • Empatia para ser capaz de colocar-se no lugar do educando a fim de melhor compreender os problemas do mesmo. • Iniciativa e liderança a fim de transmitir segurança e confiança aos educandos. • Entusiasmo para contagiar de otimismo o educando. • Domínio e vivência prática dos princípios de Psicologia das Relações Humanas a fim de relacionar-se bem com os agentes educativos e com os educandos. • Ilibadas qualidades morais, bom senso, justiça, veracidade a fim de levar o educando à auto-educação pelo exemplo de vida. 22 A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL • Estímulo às relações entre as pessoas, nas comunidades a que pertencem e nas instituições da sociedade. (MARTINS, 1992, p.31) Constituem atribuições do orientador educacional além do aconselhamento dos alunos e outras que lhe são peculiares, lecionar as disciplinas das áreas da orientação educacional (Art. 5º da Lei 5.564/68). A Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico, contínuo e sistemático, estando integrada em todo o currículo escolar sempre encarando o aluno como um ser global que deve desenvolver-se harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos: intelectual, físico, social, moral, estético, político, educacional e vocacional. O serviço de Orientação Educacional faz parte das atividades pedagógicas no Brasil, desde o ano de 1920 e no decorrer de seu desenvolvimento se caracterizou por diversas fases e se institucionaliza com a Lei nº 5.692/71, que aborda a obrigatoriedade da orientação educacional. Na maior parte dos casos, os orientadores educacionais são consultores para a Direção e interlocutores entre os pais, o aluno e a escola. Disciplinam o estudante, reúnem-se e discutem problemas didáticos e disciplinares com os professores e com os pais do aluno, aplicam e interpretam testes padronizados, promovem eventos que estimulam o relacionamento interpessoal, e aconselham o encaminhamento a psicólogos e psiquiatras dos casos de desvios mais complexos. Aspectos Legais do Orientador Educacional no Contexto Educacional A Orientação Educacional no Brasil nem sempre aconteceu de forma sistemática na escola. Encontra-se suas raízes na Lei Orgânica do Ensino Industrial de 30 de janeiro de 1942 e no Decreto Lei nº 4244 de 04 de abril de 1942 que estabelece as diretrizes para a Orientação Educacional como função de encaminhar os alunos nos estudos e na escolha da profissão, sempre em entendimento com sua família. Porém, em seu artigo 50, a Orientação Educacional é concebida como um processo de adaptação do sujeito ao meio visando os problemas dos alunos, seus desvios que perturbam a vida da escola. Com o passar dos anos, o Orientador Educacional continuou a dirigir sua atenção ao aluno “irregular”, tendo que, “corrigir, encaminhar, isto é, adaptar o aluno a rotina da escola, ao invés de dirigir a sua ação ao processo integral de desenvolvimento da atividade educativa. Desta forma, se efetivava as intenções do Decreto Lei nº 4073/42 que reduz as funções da Orientação Educacional às atividades isoladas do contexto da escola, reduzindo-a a um veículo escolar repudiado por alunos e professores.” Em dezembro de 1968, em Brasília, foi aprovada a Lei nº 5564 que provê sobre o exercício da profissão do Orientador Educacional. A promulgação da Lei em 21 de dezembro de 1968 significou um avanço na definição e profissionalização do Orientador Educacional. Até a década de 70, em todo nosso país, a Orientação Educacional se apoiou num referencial basicamente psicológico reforçando a ideologia de aptidões. Com a Lei 5692/71, a Orientação Educacional passa a ser obrigatória no Ensino de 1º e 2º graus, para atender o objetivo de “qualificação para o trabalho” e de “sondagem de aptidões”. O artigo 10 refere-se: “Será instituída obrigatoriedade a Orientação Educacional nas escolas, incluindo Aconselhamento Vocacional, em cooperação com os professores, a família e a comunidade”. A partir das determinações desta lei, a Orientação Educacional desenvolve a sua prática nas escolas, baseada no autoconhecimento, nas relações pessoais, sondagem de aptidões e interesses, informações sobre as profissões e mercado de trabalho. As técnicas de aconselhamento, entrevistas, aplicação de testes, inventário de interesses, sociogramas, atendimentos a problemas disciplinares pautam a ação cotidiana do Orientador Educacional. Portanto, em 26 de setembro de 1973, é assinado o Decreto nº 72.846 regulamentando a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968 que provê sobre o exercício da profissão de Orientador Educacional. Ainda a Orientação Educacional é também considerada uma ação importante na melhoria da qualidade dos padrões educacionais em países nos quais se destinam recursos significantes à educação e impõe-se, no meio social, não só como um recurso somatizado para o aprimoramento da escola mas, sim, como um fator urgente para responder às necessidades do desenvolvimento pessoal e social do aluno. Pode-se dizer que, em certos momentos, o papel da orientação educacional é conservador, na medida em que ajusta o educando à escola e prepara-o para seu ajustamento na sociedade e para a realidade em que vive. Tanto a escola quanto a sociedade se apresentam oferecendo igualdade de oportunidades para todos mas, como os indivíduos são diferentes uns dos outros, não só em relação as suas aptidões naturais como ao esforço realizado, nem todos conseguem atingir os mesmos resultados e isso é perfeitamente normal. A orientação educacional contribui, então, para a movimentação da escola com o mercado de trabalho, tendo como principal objetivo a segurança e o desenvolvimento, como peças de fundamental importância no sistema educacional. 23 A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NOS CONTEXTOS ESCOLARES Assim, para um desenvolvimento eficiente e de abrangências de suas funções, o Orientador Educacional necessita: conhecer e manter contato com as famílias dos alunos; colaborar para o bom aproveitamento escolar da clientela; integrar-se com a equipe técnica e docente para atuar em relação aos aspectos morais, cívicos bem como nas áreas do desenvolvimento físico, emocional e vocacional dos educandos. Na verdade o orientador educacional não é o único trabalhador da educação, uma vez que ele pertence a um coletivo de trabalhadores da educação que refletem juntos sobre a sociedade, sobre a relação educação – sociedade e sobre a relação educação–trabalho. Enquanto alguns orientadores educacionais preparam o aluno para o trabalho, por meio da orientação vocacional, outros fazem a crítica a sua própria prática e buscam outros caminhos, sendo que o objetivo principal é fazer com que o aluno compreenda que deve fazer algo que o torne feliz tanto no aspecto profissional, quanto no pessoal. O melhor caminho para se trabalhar a orientação educacional é em conjunto, ou seja, de forma integrada à supervisão mobilizando, desta maneira, a escola, a família, e a comunidade, para que ocorra uma investigação coletiva da realidade à qual todos pertencem. Enquanto alguns orientadores estão preocupados em criar um clima facilitador de relações, outros instalam um clima facilitador de aprendizagem, ficando assim claro, para eles,
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