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Caso clínico-Alcalose e Acidose

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HIPERVENTILAÇÃO IDIOPÁTICA 
Uma senhora de 57 anos de idade procura o Serviço Médico de uma Unidade de Saúde queixando-
se de estar, constantemente, sentindo sinais de dormência na garganta e boca e uma grande sensação de 
estar sufocada. Relatou que naquele momento essas sensações estavam bastante fortes e estava sentindo 
dificuldades para se manter em pé. Exames laboratoriais e seu sangue mostraram os seguintes valores: 
PCO2, 25 mmHg; pH 7,57; nitrogênio ureico, 6,1. 
DISCUSSÃO DO CASO 
O sangue é um sistema tamponado, isto é o sangue apresenta pH 7,4 com uma variação fisiológica 
muito pequena (7,35 a 7,45, em condições normais). Em um exercício físico intenso, a produção de ácido 
lático é bastante grande e o pH sanguíneo se mantêm dentro de sua faixa de normalidade, não diminuindo 
consideravelmente como era de se esperar. Isso acontece por causa da presença dos chamados sistemas 
tamponantes que são: sistema bicarbonato (principal por ser o majoritário, de maior concentração), sistema 
hemoglobina (segundo em concentração), sistema fosfato, sistema oxalato, sistema borato, etc., de menor 
expressão dada suas pequenas concentrações no sangue. 
O sistema bicarbonato é constituído de um ácido (carbônico) e de uma base (bicarbonato) que se 
interconvertem quando um ácido ou uma base entra na corrente circulatória. Quando o ácido lático, por 
exemplo, entra na corrente circulatória ele reage com bicarbonato, impedindo a alteração do pH. Quando 
um hidróxido entra na corrente circulatória, o ácido carbônico reage com esse, neutralizando-o. Nessas 
reações há consumo de bicarbonato ou de ácido carbônico e o equilíbrio (HCO3-/H2CO3) mantido entre eles 
se desloca. O organismo tenta refazer esse equilíbrio eliminando o bicarbonato (via renal) ou o ácido 
carbônico pela via pulmonar (H2CO3 ⇔ H2O + CO2). Essa resposta do organismo só deixa de ser possível 
quando o hidróxido ou o ácido que entrou na corrente circulatória o fez em quantidades muito grandes, isto 
é, muito maior que aquelas que acontecem em condições fisiológicas normais, nos chamados processos 
patológicos. 
Nesses casos o sistema tamponante passa a ser ineficiente e o pH sanguíneo se altera além de 
sua faixa normal, levando o sangue a se tornar ácido (o indivíduo entra em acidose) ou se torna 
alcalino (o indivíduo ficará em alcalose). 
As alterações patológicas do chamado equilíbrio ácido-base podem trazer, como consequência, 
pH sanguíneo menor que 7,4 (estado de acidose) ou pH maior que 7,4 (estado de alcalose). Essas 
alterações também devem ser classificadas em função de sua causa imediata o que nos permite 
classificá-las como acidose respiratória, acidose metabólica, alcalose respiratória e alcalose 
metabólica. Essa classificação indica não só o desvio dos valores do pH (acidose e alcalose) como 
indicam, também, ser uma alteração provocada por distúrbios metabólicos ou de problemas 
respiratórios. A equação de Henderson-Hasselbalch nos mostra dados dessa classificação. Pela 
equação de Henderson-Hasselbalch temos: 
 pH= pK + log HCO3-/H2CO3 
Para o indivíduo normal: 
 7,4= 6,1 + log 24/1,2 log 24/1,2 = 1,3 
 7,4= 6,1 + 1,3 
Onde 6,1 é a constante de equilíbrio do sistema bicarbonato. Como no Laboratório Clínico não 
se mede H2CO3 mas sim, PCO2 (valor normal, 40 mmHg), se calcula H2CO3 onde: 
 [PCO2] x 0,03 = [H2CO3], sendo 0,03 o coeficiente de solubilidade do CO2. Assim, pode se 
rescrever a equação como: 
 pH= pK + log HCO3-/PCO2 
O termo "PCO2" (pressão de CO2) representa o componente ácido que é direta e 
imediatamente modificado pelo processo respiratório, enquanto que o termo "HCO3-" (concentração 
de bicarbonato), da equação representa o componente metabólico pois sua concentração é alterada 
pela elevada concentração de ácidos fixos (todos os ácidos, excluindo-se o ácido carbônico que é 
volátil) produzida pelo organismo ou diminuída pelas alterações fisiológicas que provocam sua maior 
eliminação. O equilíbrio ácido-base é, desse modo, estabelecido como consequência de um ou de 
ambos os termos da equação. 
O pH do sangue depende, então, da relação desses dois termos e não dos valores absolutos de 
cada um deles. Se bicarbonato, por exemplo aumenta demasiado (dobra sua concentração) e a 
pressão de CO2 também dobra, o valor pH não será alterado porém, o valor absoluto do bicarbonato 
pode ser o indicativo para se definir se há o distúrbio e quando a quantidade de base é excessiva, 
trata-se de alcalose metabólica ou acidose respiratória (nesse caso, o bicarbonato é muito pouco 
aumentado). Se a quantidade de base se mostrar deficiente, trata-se de acidose metabólica ou 
alcalose respiratória. Isso pode ser melhor justificado se lembrarmos que o organismo utiliza o pulmão 
para controlar a retenção ou maior eliminação de CO2 como forma de compensar a alteração do 
equilíbrio ácido-base o mesmo acontecendo com os rins em relação a eliminação ou retenção de 
bicarbonato. Muitas pessoas com alterações do equilíbrio ácido-base podem apresentar pH normal 
(ou muito próximo disso) em função do mecanismo de compensação e, nesse caso , os valores de 
"base excessiva" (positivo ou negativo) podem melhor avaliar o estado patológico. 
A acidose metabólica ocorre quando há uma produção muito grande de ácidos no organismo 
como ácido láctico, ácido beta-hidroxibutírico e ácido acetoacético. Esses ácidos entram na corrente 
circulatória e reagem com o bicarbonato formando o ácido carbônico que, por sua vez, é levado ao 
pulmão onde se converte em CO2 e água, perdendo-se, na respiração o CO2. Com isso o sangue vai 
diminuindo sua concentração de bicarbonato e a relação bicarbonato/pressão de CO2 vai diminuindo, 
diminuindo o pH. Nesse caso tem-se base excessiva ou BE, negativa e pH baixo. A acidose metabólica 
ocorre na diabetes (ácido acetoacético), nas diarréias e vômitos onde a perda de bicarbonato é muito 
grande, nas uremias onde os rins não conseguem eliminar os ácidos produzidos normalmente pelo 
organismo, etc. 
A acidose respiratória caracteriza-se pela retenção de CO2 e, consequentemente, o aumento da 
pressão de CO2 no sangue. Grande parte desse CO2 vai se ligar às hemoglobinas (na porção amino 
terminal, formando a carbaminohemoglobina) levando a alterar a proporção base/PCO2, com 
abaixamento do pH. O organismo tenta compensar através da retenção de bicarbonato o que é 
conseguido, as vezes, com um ligeiro aumento deste. Aí consideramos estar havendo diminuição de 
pH e base excessiva ou BE, negativa (ou nula). A acidose respiratória acontece quando há alteração 
no centro respiratório bulbar com redução do movimento respiratório (anestesias prolongadas), 
obstrução das vias aéreas no trato respiratório (enfisema, asma, pneumonia), etc. 
A alcalose respiratória acontece quando há eliminação excessiva de CO2 o que leva a diminuição 
da PCO2 e do bicarbonato (forma de compensação) provocando pH alto e BE positiva. Os transtornos 
que podem levar ao estado de alcalose respiratória são causados pela hiperventilação pulmonar que 
acontece nos casos de angústia, ansiedade, asma severa ou mesmo uma hiperventilação voluntária. 
Alcalose metabólica mostra excesso de base (BE) positiva e pH acima de 7,4. Isso acontece 
pelo aumento do bicarbonato no sangue e um aumento mínimo de CO2 (compensação fisiológica) 
quando hidróxidos são introduzidos no organismo (uso de anti-ácidos); uso excessivo de diuréticos, 
pois este leva ao aumento de líquido para os túbulos coletores onde ânions se combinam com H+, 
eliminando-os. 
Os efeitos que a acidose pode causar no organismo são: depressão a nível do sistema nervoso 
central (isso acontece quando o pH sanguíneo cai para valores iguais ou inferiores a 7,0 levando o 
paciente a depressão e a coma); alteração na velocidade da ventilação pulmonar (quando metabólica; 
aumento da velocidade como forma de compensação e quando respiratória, diminuição, 
pois a causa do problemaé o próprio sistema respiratório). Na alcalose, o principal efeito é a 
hiperexcitação do sistema nervoso central e do periférico. 
No Laboratório Clínico, os parâmetros possíveis de serem medidos são: pH, concentração de 
CO2 e, pressão de CO2, enquanto que os demais parâmetros como concentração de bicarbonato, 
concentração de ácido carbônico e, mesmo a pressão de CO2, podem ser calculadas. Nesse Caso 
Clínico apresentado podemos observar que se trata de uma alcalose (pH sanguíneo 7,57) e os demais 
dados fornecidos pelo laboratório nos permite calcular a concentração de bicarbonato onde: 
 
7,57 = 6,1 + log HCO3-/0,03 x 25 
 HCO3-/0,75 = antilog 1,47 
 HCO3-/0,75 = 29,5 
 HCO3- = 29,5 x 0,75 
 HCO3- = 22,2 mMol/l 
Aqui podemos observar que a paciente apresentava 22,2 mMol de bicarbonato (base) por litro 
de sangue, muito próximo ao valor normal (24 mMol/l) o que indica a existência de BE ligeiramente 
negativa, próximo de zero. Se a alcalose metabólica mostra aumento de bicarbonato (BE positiva) e a 
alcalose respiratória apresenta pequena diminuição ou normalidade na concentração de bicarbonato 
(BE negativa ou zero), facilmente podemos concluir se tratar de uma alcalose respiratória ainda não 
muito bem compensada. A dosagem de nitrogênio ureico (BUN) mostrou a existência de níveis 
normais de uréia indicando o bom funcionamento renal e a compensação desse desequilíbrio ácido-
base deve acontecer logo ou poderia se tratar a paciente com cloreto de lisina, por exemplo, a fim de 
se acelerar a normalização do pH sanguíneo. A alcalose respiratória apresentada se trata de um 
processo de hiperventilação pulmonar (caso de ansiedade, por exemplo) que deverá ser tratado para 
se obter realmente a correção do problema. 
PERGUNTAS: 
1- O paciente com acidose diabética como resultado do acúmulo de corpos cetônicos no plasma 
provavelmente apresenta? Justifique 
a) Respira a uma taxa normal. 
b) Hiperventila como forma de compensar a acidose metabólica presente. equilibrar o pH 
sanguíneo. Pois o corpo tentará compensar a nível respiratório através da hiperventilação 
eliminando a concentração de CO2 para diminuir a concentração de ácido e equilibrar o pH 
sanguíneo. 
c) Hiperventila para prevenir o aumento de CO2 causado pela acidose. 
d) Hipoventila para aumentar a pressão de CO2 e assim desviar o equilíbrio da reação do tampão 
bicarbonato no sentido de neutralizar o acúmulo de ácido 
e) Nenhuma afirmativa anterior está correta 
2- Como ocorre uma acidose metabólica? 
A acidose metabólica ocorre quando há uma produção muito grande de ácidos no organismo como ácido 
láctico, ácido beta-hidroxibutírico e ácido acetoacético. Esses ácidos entram na corrente circulatória e 
reagem com o bicarbonato formando o ácido carbônico que, por sua vez, é levado ao pulmão onde se 
converte em CO2 e água, perdendo-se, na respiração o CO2. Com isso o sangue vai diminuindo sua 
concentração de bicarbonato e a relação bicarbonato/pressão de CO2 vai diminuindo, diminuindo o pH. 
Nesse caso tem-se base excessiva ou BE, negativa e pH baixo 
 
3- Explique como acontece a acidose respiratória. 
A acidose respiratória caracteriza-se pela retenção de CO2 e, consequentemente, o aumento da pressão 
de CO2 no sangue. Grande parte desse CO2 vai se ligar às hemoglobinas (na porção amino terminal, 
formando a carbaminohemoglobina) levando a alterar a proporção base/PCO2, com abaixamento do pH. 
O organismo tenta compensar através da retenção de bicarbonato o que é conseguido, as vezes, com um 
ligeiro aumento deste. Aí consideramos estar havendo diminuição de pH e base excessiva ou BE, 
negativa (ou nula). A acidose respiratória acontece quando há alteração no centro respiratório bulbar com 
redução do movimento respiratório (anestesias prolongadas), obstrução das vias aéreas no trato 
respiratório (enfisema, asma, pneumonia), etc. 
 
 
4- Quais os efeitos que a acidose pode causar no organismo? 
Os efeitos que a acidose pode causar no organismo são: depressão a nível do sistema nervoso central 
(isso acontece quando o pH sanguíneo cai para valores iguais ou inferiores a 7,0 levando o paciente a 
depressão e a coma); alteração na velocidade da ventilação pulmonar (quando metabólica; aumento da 
velocidade como forma de compensação e quando respiratória, diminuição, pois a causa do problema é o 
próprio sistema respiratório). Na alcalose, o principal efeito é a hiperexcitação do sistema nervoso central 
e do periférico. 
 
5- No Laboratório Clínico quais os parâmetros possíveis de serem medidos e quais podem ser 
calculadas? 
No Laboratório Clínico, os parâmetros possíveis de serem medidos são: pH, concentração de CO2 e, 
pressão de CO2, enquanto que os demais parâmetros como concentração de bicarbonato, 
concentração de ácido carbônico e, mesmo a pressão de CO2, podem ser calculadas. 
 
6- Como se chegou ao diagnóstico da paciente? 
Se a alcalose metabólica mostra aumento de bicarbonato (BE positiva) e a alcalose respiratória apresenta 
pequena diminuição ou normalidade na concentração de bicarbonato (BE negativa ou zero), facilmente 
podemos concluir se tratar de uma alcalose respiratória ainda não muito bem compensada. A dosagem de 
nitrogênio ureico (BUN) mostrou a existência de níveis normais de uréia indicando o bom funcionamento 
renal e a compensação desse desequilíbrio ácido-base deve acontecer logo ou poderia se tratar a 
paciente com cloreto de lisina, por exemplo, a fim de se acelerar a normalização do pH sanguíneo. A 
alcalose respiratória apresentada se trata de um processo de hiperventilação pulmonar (caso de 
ansiedade, por exemplo) que deverá ser tratado para se obter realmente a correção do problema.

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