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ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) DEFINIÇÃO Doença degenerativa que acomete neurônios motores de forma progressiva e generalizada, tanto o “primeiro neurônio” (córtex) quanto o “segundo” (corno anterior da medula) Por que ela tem esse nome? Para descrever exatamente essa dualidade... Veja: esclerose lateral é o termo anatomopatológico para a gliose (equivalente da “esclerose” no SNC) na coluna lateral medular (degeneração das vias corticoespinhais – perda do primeiro neurônio), enquanto amiotrófica ressalta a intensa atrofia muscular secundária à perda do segundo neurônio e consequente denervação da musculatura (além de impulsos elétricos os nervos enviam sinais tróficos para os músculos, sem os quais os miócitos sofrem apoptose). É a doença dos neurônios motores mais comum do mundo! CLÍNICA Sinais e sintomas de primeiro neurônio motor (síndrome piramidal: fraqueza, espasticidade, hiper-reflexia e Babinski) juntamente com sinais e sintomas de segundo neurônio motor (atrofia muscular e miofasciculações). O comprometimento geralmente começa em apenas um local, mas progride para o corpo todo. A doença costuma atingir a musculatura bulbar, causando disartria, disfonia e disfagia. A síndrome pseudobulbar é o comprometimento da musculatura inervada pelos pares cranianos do bulbo (glossofaríngeo, vago e hipoglosso). Pode-se observar também a síndrome do afeto pseudobulbar (exacerbação da expressão motora da emoção – choro, riso). A doença evolui inexoravelmente para o acometimento da musculatura respiratória.. O processo patológico da ELA se caracteriza por grande seletividade pelo sistema motor (não acomete as funções cognitivas ou sensitivas). Dentro do próprio sistema motor existe seletividade: a musculatura ocular extrínseca e os nervos parassimpáticos sacrais (esfíncter anal e urinário) costumam estar preservados... DIAGNÓSTICO Não existem exames complementares específicos! Por isso, a Federação Internacional de Neurologia definiu critérios para o diagnóstico clínico... Divide-se o corpo em quatro regiões: (1) bulbar (músculos faciais e orofaríngeos); (2) cervical (do diafragma para cima); (3) torácica (dorso e abdome); (4) lombossacra (do abdome para baixo, incluindo a coluna lombar). A presença de sinais e sintomas de primeiro e segundo neurônio motor no território bulbar e mais em duas outras regiões, ou nas três regiões não bulbares ao mesmo tempo, define o diagnóstico de ELA! Dizemos que a ELA é provável quando apenas duas regiões não bulbares apresentam esses achados. Se a síndrome só estiver presente em uma única região isolada, dizemos que a ELA é possível... Certos exames devem ser realizados, para excluir doenças potencialmente tratáveis: imagem do neuroeixo (encéfalo + medula, de preferência por ressonância magnética), para excluir lesões estruturais (ex.: tumores na medula cervical); eletroneuromiografia, para excluir doenças da placa motora (ex.: miastenia); eletroforese de proteínas plasmáticas, para excluir um “componente M” (doença do neurônio motor associada à paraproteinemia). A pesquisa de autoanticorpos paraneoplásicos (síndrome ELA-like do Ca de pulmão), bem como outros exames, varia de acordo com a suspeita clínica O óbito sobrevém, em média, após 3-5 anos de doença. TRATAMENTO O riluzol (RILUTEK®) é a única droga liberada para o tratamento da ELA – todas as outras se mostraram, até o momento, ineficazes! Esse fármaco prolonga a sobrevida em três a seis meses, porém não melhora a qualidade de vida Seu mecanismo é o bloqueio da liberação de glutamato (neurotoxina) no SNC, um fenômeno inespecífico que concorre para a progressão da degeneração neuronal observada na doença. Por enquanto, a conduta mais importante para tais doentes é o suporte de uma equipe multidisciplinar especializada!
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