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ESCOLA BATISTA DO AMAZONAS – ESBAM MEDICINA VETERINÁRIA DENIZE CAVALCANTE CARDOSO Emprego da fisioterapia veterinária em distúrbios neuromusculares e articulares. Manaus/ AM 2021 1 DENIZE CAVALCANTE CARDOSO Emprego da fisioterapia veterinária em distúrbios neuromusculares e articulares. Trabalho da disciplina de Clínica Médica de pequenos animais possui como objetivo de obtenção de nota parcial para o segundo bimestre. Prof. Msc. Anny Cristina Veras Leite. MANAUS/AM 2021 2 SUMÁRIO 1. Introdução ...................................................................................................................... 3 2. Fisioterapia Veterinária ................................................................................................ 4 3. Técnicas de reabilitação .............................................................................................. 5 4. Relato de caso ............................................................................................................ 13 5. Conclusão .................................................................................................................... 17 6. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 18 3 1. Introdução A fisioterapia pode ser definida como uma técnica de estimulação generalizada ou focal em determinada região afetada do organismo, através de meios físicos e terapias de estimulação, regulação e adaptação. É uma área amplamente utilizada na medicina humana, e, por conta dos benefícios comprovados na reabilitação após procedimentos cirúrgicos em pacientes humanos, muitos estudos são realizados para justificar a implementação de técnicas fisioterápicas em animais. Manejo e controle da dor, tratamento e pós-operatório de afecções ortopédicas e neurológicas são algumas das diversas indicações para fisioterapia. A fisioterapia veterinária possui origem na própria fisioterapia humana, tendo sua primeira aplicação notável nas técnicas utilizadas para a recuperação de equinos em um primeiro experimento. É um modo de tratamento, que inclui diversas técnicas que giram em torno de conceitos fisiológicos, biomecânicos e físicos de modo a promover a saúde ou prevenir certas doenças. Ela abrange desde os aspectos mais simples, como a movimentação correta até aspectos mais complexos, como a reabilitação e controle da dor, tendo sempre como objetivo o bem-estar do animal (FORMENTON, 2011). A fisioterapia veterinária tem evoluído muito nos últimos anos devido a diversos fatores, porém, principalmente porque atua na saúde e bem-estar dos animais de companhia e o emprego nos distúrbios neuromusculares e articulares possibilita uma recuperação rápida no tratamento eliminando a causa de disfunção, reduzindo os sinais clínicos, aliviando a dor, proporcionando conforto, conservando a musculatura e assim podendo evitar as intervenções cirúrgicas e aumentando a expectativa e qualidade de vida do animal. Está pesquisa possui objetivo apresentar as modalidades mais disseminadas na fisioterapia como a hidroterapia, cinesioterapia, eletroterapia, ultrassom terapêutico, massagem crioterapia e termoterapia, abordando o conceito de cada técnica, a suas particularidades. 4 2. Fisioterapia Veterinária A reabilitação física de animais é uma especialidade recente em Medicina Veterinária, ainda sendo vista com desconfiança por muitos clínicos veterinários. A fisioterapia veterinária tem se mostrado um importante tratamento no pós-operatório de cirurgias ortopédicas e de tecidos moles, auxiliando a recuperação dos pacientes (CANAPP, 2007), além de ser benéfica para a correção e manutenção do peso do animal, manutenção de problemas osteoarticulares crônicos ou lesões nervosas e neuromusculares, melhora da amplitude e qualidade de movimento, aumento da flexibilidade, redução da dor e desconforto, diminuição de edema, reparação tecidual, melhora de quadros neurológicos, aumento da produção de colágeno, prevenir ou diminuir a atrofia muscular, e obtenção de maior massa muscular e resistência (LESNAU, 2006). Segundo Caldas (2005), a fisioterapia começou a ser aplicada em animais no final dos anos 70, utilizando cavalos para a aplicação das primeiras técnicas. Posteriormente, com os avanços dentro do ramo, novos procedimentos foram desenvolvidos para contemplar mais espécies, como cães e gatos. A fisioterapia veterinária constitui um campo recente e de grande importância para o bem-estar animal, onde atua de forma conjunta com a clínica médica, auxiliando no tratamento de diversas patologias, neurológicas ou ortopédicas, buscando sempre promover o bem-estar e qualidade de vida do paciente através da redução dos sinais clínicos, alívio da dor e eliminação da causa primária da doença e retorno à função (LEVINE; MILLIS; MARCELIN-LITTLE, 2008). Dentre os objetivos da utilização da fisioterapia, pode-se citar: reduzir a inflamação no local lesionado, melhorar a irrigação sanguínea, promover a cicatrização tecidual, estimular o sistema nervoso, manejo de peso em animais obesos, melhora na função cardiovascular e respiratória, minimizar problemas em articulações, ligamentos e tendões, entre outros. Recomendam-se terapias de reabilitação em casos de mobilidade reduzida; lesões musculares e articulares; alívio da dor; melhora no desempenho de animais atletas e recuperação pós-cirúrgica em casos ortopédicos e neurológicos (CLARK; MCLAUGHLIN, 2001; RIVIÈRE, 2007). A fisioterapia, para tratar afecções ou sequelas (principalmente se tratando dos sistemas musculoesquelético e neuromuscular), faz uso de frio, calor, água, impulsos elétricos e exercícios terapêuticos (McCURNIN, 1994). Deve-se ter 5 extremo cuidado ao proceder com o tratamento, pois, caso este seja mal executado, as injúrias a serem tratadas (que mais comumente são artrites, displasia de cotovelo e coxofemoral, consolidação de fraturas, tendinites, pré e pós-operatório) podem se agravar (LESNAU 2006). 3. Técnicas de reabilitação Diversas técnicas podem ser empregadas de acordo com a necessidade do paciente. Para iniciar o tratamento fisioterápico, é necessária a elaboração de um plano terapêutico. Após a realização de anamnese detalhada e exame físico minucioso, informações como queixa principal, evolução do quadro e sintomatologia apresentada pelo animal é de extrema importância para a conclusão do diagnóstico terapêutico e realização do plano de tratamento. 3.1 Crioterapia O uso dessa técnica inclui a aplicação de substâncias que retirem o calor corporal, diminuindo a temperatura do tecido local. Conforme descrito por Mikaile Pedro (2006) e Bistneret al., (2002), a crioterapia promove analgesia e anestesia, diminui o espasmo muscular e o metabolismo, reduz a temperatura tecidual, promove a vasoconstrição e diminui a tendência ao edema. Deve-se ressaltar que o frio não diminui a inflamação ou resposta inflamatória no local, segundo Mikail e Pedro (2006), apenas atenua os sinais clássicos da inflamação, como dor, edema, rubor, aumento da temperatura e perda da função. A forma mais simples, barata e uma das mais eficazes para realização de crioterapia é através da utilização de bolsas de gelo, aplicadas na região afetada, após o exercício ou várias vezes ao dia de acordo com a necessidade do paciente. Bolsas de gel, imersão em água com gelo e sprays compreendem outras formas de crioterapia. O tempo de aplicação varia de acordo com o objetivo da aplicação, profundidade do tecido e metabolismo do paciente (MIKAIL; PEDRO, 2006). 3.2 Termoterapia De acordo com Shestack (1979), o caloré uma das modalidades mais indicadas na fisioterapia. Bistneret al. (2002) descreveram os benefícios da termoterapia: hiperemia e vasodilatação; elevação no pulso, na pressão sanguínea e 6 na ventilação pulmonar; relaxamento muscular; efeito sedativo e analgésico; melhora na extensibilidade do tecido fibroso. Bolsas quentes, terapia aquática e lâmpada infravermelha são as formas superficiais de se realizara termoterapia, sendo as bolsas aquecidas com maior utilização devido à sua praticidade e aplicabilidade para áreas pequenas. Tratamentos com calor elevam a temperatura do tecido em uma faixa de 40ºC –45ºC, sendo o intervalo de 43ºC-45ºC considerado terapêutico. Acima disso, torna- se desconfortável para o animal. Fases agudas de processos inflamatórios, tumores, feridas não cicatrizadas, hematomas, bem como pacientes foto e termosenssíveis são as principais contraindicações para a utilização da termoterapia. Devido à analgesia no local da aplicação, faz-se necessário maior cuidado para evitar a ocorrência de queimaduras no paciente (MIKAIL; PEDRO, 2006). A aplicação do calor profundo ocorre através da utilização de ultrassom terapêutico. Ondas ultrassônicas produzidas são absorvidas pelo tecido e a energia mecânica é convertida em calor, que podem ser transmitidas de forma contínua ou pulsátil, variando de acordo com a afecção apresentada pelo paciente. A frequência atingida pelas ondas pode variar conforme a profundidade do tecido que irá receber o tratamento: 0.5 a 5 MHz (BOCKSTAHLER et al., 2004). Há uma série de indicações para o uso do ultrassom, tais como: artrites, sinovites tendinites, bursites e afecções musculares. Os efeitos produzidos permitem alívio da dor, diminuição da tensão muscular com consequente aumento do fluxo sanguíneo para os músculos, melhoria do retorno venoso e linfático, melhoria da elasticidade das estruturas fibrosas e melhoria da nutrição dos tecidos, aumentando a suplementação de oxigênio e a eliminação de produtos metabólicos (CLARK; MCLAUGHLIN, 2001). 3.3 Cinesioterapia Significando “tratamento pelo movimento”, a cinesioterapia pode ser ativa (quando for realizada pelo paciente), passiva (quando realizada pelo Médico Veterinário), ativa assistida (realizada pelo paciente com ajuda do Médico Veterinário) ou realizada na forma de alongamento (MIKAIL, PEDRO, 2006). O método utilizado na paciente foi o da movimentação passiva nos quatro membros. 7 3.3.1 Movimentação Passiva O processo de alongamento passivo proporciona aumento do comprimento muscular usando a força externa proporcionada pela pessoa que realiza o movimento para alongar o músculo lentamente até a amplitude desejada, mantendo a posição por algum tempo e voltando à posição inicial (MIKAIL, PEDRO, 2006). O alongamento realizado regularmente promove diminuição de tensões musculares e sensação de um corpo mais relaxado e músculos mais flexíveis, pois auxilia na liberação de ácido lático produzido no músculo durante a atividade física (a falta de ácido lático pode causar desequilíbrio muscular, levando a alterações posturais que podem provocar lesões articulares) (STARRING et al, 1988). Ele melhora também a coordenação motora geral, pois possibilita movimentos mais suaves, relaxados, e harmoniosos, desenvolvendo e aprimorando a consciência corporal (ANDERSON, 1998). O alongamento passivo da paciente era realizado de forma lenta, suave e progressiva, possibilitando maior alcance, melhor resposta e um aumento da amplitude de movimento dentro de parâmetros fisiológicos, naturais e orgânicos (BEAULIEU, 1981). Por outro lado, quanto maior a velocidade do alongamento, maior é a frequência de impulsos gerados nas fibras aferentes, gerando uma resposta reflexa mais intensa (DURIGON, 1995). Quando o músculo é alongado, a actina e a miosina invertem o efeito de interligação que ocorre durante a contração (ALTER, 1999). Durante o alongamento, o filamento de tinina promove a manutenção da tensão durante o deslocamento das fibras musculares como a extensibilidade do sarcômero e a resistência ao alongamento (ALTER, 1999). O número e o tamanho de sarcômeros que compõe as fibras musculares aumentam quando essas fibras são submetidas ao alongamento, e a microscopia eletrônica pode, pela observação de aumento de extensão das zonas H e banda I, comprovar tal aumento (DURIGON, 1995). O fuso muscular e o órgão tendinoso de Golgi são os componentes do músculo que modulam a intensidade do alongamento, sendo sua resposta para a proteção muscular desencadeada contra o sentido do alongamento, desencadeando um “bloqueio mecânico” à atividade realizada (MIKAIL, PEDRO, 2006). Eles também são estruturas velocidade-dependentes, ou seja, quanto maior a velocidade do alongamento, maior a resposta do músculo ao processo e maior a frequência de 8 impulsos gerados nas fibras aferentes, gerando uma resposta reflexa mais intensa (DURIGON, 1995). 3.4 Eletroterapia Vastamente empregada na reabilitação física de várias afecções, a eletroterapia vem sido desvendada ao longo dos últimos anos, com profissionais 21 conseguindo obter maior conhecimento acerca dos efeitos da técnica nos pacientes nos quais ela é utilizada. Na fisioterapia veterinária, são usadas a Estimulação Elétrica Funcional (FES) e a Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS). Com o uso de eletrodos acoplados a pele (Figura 2), ambas representam técnicas não invasivas que agem no local da aplicação, minimizando, assim, possíveis efeitos colaterais sistêmicos. O local de colocação dos eletrodos deve ser inspecionado antes e após os tratamentos, certificando-se de que não há sinais de irritação ou lesão (MIKAIL, PEDRO, 2006). 3.4.1 Estimulação Elétrica Funcional A Estimulação Elétrica Funcional (FES) é um tipo de tratamento capaz de produzir contrações musculares, que são obtidas a partir de corrente elétrica específica que têm duração de segundos e frequência controlada, possibilitando a contração muscular funcional em condições fisiológicas, sem risco de queimaduras ou desconforto devido à eletricidade (ROBINSON, SNYDER, 2001). A FES promove a contração de músculos paralisados ou enfraquecidos decorrente de lesão do neurônio motor superior, tais como derrames, traumas raquimedulares ou crânio-encefálicos, e paralisia cerebral. A corrente elétrica produzida despolariza o nervo motor, produzindo resposta sincrônica nas unidades motoras do músculo, promovendo contração eficiente, sendo preciso treinamento específico com o intuito de prevenir a fadiga precoce que impediria o alcance do objetivo reabilitacional da técnica (LESNAU, 2006). A utilização de trem de pulso, série de estímulos com duração predeterminados seguidos por outros com adequada frequência e repetição, serve para que se obtenha movimento funcional do membro paralisado, algo que não poderia ser alcançado por pulso elétrico simples. 9 A definição prévia das características dos pulsos é essencial para que se obtenha sucesso no resultado do tratamento eletroterapêutico quanto à recuperação funcional (LESNAU, 2006). A técnica FES é indicada para facilitação neuromuscular, controle da espasticidade, paraplegias, paraparesias, hipotrofia por desuso, sempre evitando posicionar os eletrodos sobre a área cardíaca, lesão nervosa periférica, e sobre área com sensibilidade alterada. É também muito usada no auxílio de tratamentos clínicos de problemas do sistema neuromuscular e músculo esquelético, pois, quando ocorre inatividade da excitabilidade de nervos periféricos, uma fonte externa de excitação pode induzir terapeuticamente uma resposta funcional para pacientes que demonstrem dificuldades durante movimentos voluntários (AGNES, 2004). 3.4.2 Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea. Consiste na técnica fisioterapêutica usada para estimular nervosperiféricos a partir de eletrodos posicionados na pele que emitem corrente (direta, alternada ou pulsada) é chamada de Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS). É uma corrente analgésica que atua nos sistemas modulares da dor, aumentando sua tolerância a dor e causando analgesia (LESNAU, 2006). Diz-se que a neuromodulação é produzida pelo TENS por meio de inibição pré-sináptica do como dorsal da medula espinhal, controle endógeno da dor (via endorfinas, encefalinas e dinorfinas), ou inibição direta de um nervo excitado anormalmente (MIKAIL, PEDRO, 2006). A eficiência do TENS está diretamente relacionada a forma de estímulo, sua intensidade, frequência e a colocação dos eletrodos, cuidados que possibilitam uma resposta neuromuscular eficiente (LESNAU, 2006). O TENS tem como principais indicações: analgesia em afecções do aparelho locomotor em que o paciente apresenta dor localizada; relaxamento de espasmos musculares; aumento da circulação; melhoria a mobilidade articular; promoção do fortalecimento muscular para prevenir atrofias musculares quando os músculos estão impossibilitados de trabalhar, como no caso de mioclonias intensas por cinomose, que impedem o paciente de se erguer e exercitar os grupos musculares. Recomenda-se não utilizar o TENS em pacientes que sofram de cardiopatia ou disritmias; que apresentem dor não diagnosticada; com epilepsia; em pele anestesiada, boca e proximidades do olho (LESNAU, 2006). Devido a variação 10 individual, cada tipo de corrente, assim como a intensidade e o tempo de tratamento, deve ser aplicado a cada caso individualmente para que se encontre o resultado mais confortável ao paciente (MIKAIL, PEDRO, 2006). 3.5 Hidroterapia A hidroterapia pode ser utilizada em diversas patologias, como artroses, patologias da coluna, tratamentos pós-cirúrgicos em ortopedia, displasia coxo- femural, entre outras. Na maior parte desses problemas é utilizada conjuntamente com outras terapias, inclusive a medicamentosa, mas como fisioterapia é considerada a melhor opção (MIKAIL; PEDRO, 2006). A água possui certas propriedades singulares que a tornam valioso agente terapêutico (BIASOLI; MACHADO, 2006). A pressão hidrostática é sentida quando o animal é submerso na água e torna-se mais evidente para o paciente no momento da inspiração, pois a água provoca uma resistência à expansão torácica. Por isso, é preciso ter cuidado com pacientes que possuem problemas respiratórios ou cardíacos. A pressão também pode ajudar o movimento de um animal com problemas na locomoção, pois transmite uma sensação de sustentação (MIKAIL; PEDRO, 2006). A hidroterapia pode ser associada aos efeitos de calor e frio, quando a água é aquecida ou resfriada. Modificações fisiológicas podem ocorrer durante o exercício em água aquecida como aumentos da freqüência respiratória, do suprimento sangüíneo para os músculos, da circulação periférica, da freqüência cardíaca e da taxa metabólica e diminuição da pressão sangüínea e relaxamento muscular geral. Na água gelada, as principais mudanças fisiológicas são diminuições no metabolismo celular, na diminuição da permeabilidade capilar e alívio da dor. Quanto maior a variação térmica, maior será o efeito fisiológico produzido, desde que outros fatores sejam iguais. A hidroterapia possui algumas modalidades para tratamentos em animais. As mesmas são duchas, botas com turbilhão, imersão total e imersão parcial. Nas duchas, a água exerce uma ação de massagem sobre os tecidos, melhorando a circulação sanguínea e linfática, quando a pressão é realizada. Pode ser quente ou gelada, assim os benefícios do calor e do frio somam-se ao da massagem (MIKAIL; PEDRO, 2006; LEVINE et al., 2008). Nas botas com turbilhão, o membro do animal 11 é posicionado dentro da bota, gerando um turbilhão ao ser ligado com uma bomba externa. Também pode utilizar água quente ou gelada. A temperatura associa-se ao efeito de massagem da água sobre os tecidos (MIKAIL; PEDRO, 2006). 3.6 Massagem A mais antiga dentre as técnicas, ponto de partida para todas as técnicas de massagem disponíveis atualmente; é a manipulação sistemática dos tecidos usando as mãos do fisioterapeuta, possibilitando o relaxamento muscular, a drenagem linfática e o alívio da dor; provocando assim o aumento do fluxo sanguíneo arterial, venoso e linfático, aumento da pressão arterial e temperatura corporal, estimula o sistema imunológico e dissolve retrações, aderências e coágulos. Está indicada na tensão muscular secundária a doença espinal ou articular, para melhorar a função articular e muscular, para reduzir e prevenir a estase venosa e linfática, para mobilizar aderências, para regular o tônus muscular e na preparação do músculo para o treino físico e acelerar sua recuperação após o mesmo. É uma terapia de baixo custo e alta facilidade. Tem diversos benefícios como: relaxamento muscular melhorando postura e marcha, liberação de hormônios relaxando todo o organismo, analgesia, melhora de circulação, aumento de temperatura local, levando a vasodilatação e melhora de distribuição de nutrientes, evita fibrose e aderências diminuem edema, pós-operatório (fibrose, aderência, edema) e manutenção de massa muscular e mobilidade. Ela pode ser indicada para pacientes com trauma ou pós-operatório pela sua ação analgésica e anti-aderência e fibrose, para animais ansiosos como relaxamento, em casos de dor aguda ou crônica, como aquecimento para animais de competição ou para diminuir a dor pelo acumulo de ácido lático pós prova. Geralmente é uma terapia que os animais aceitam bem e pode ser complementada com acupuntura e alongamento para controle de dor. No organismo a massagem exerce dois tipos de efeitos: o efeito mecânico retirando edema, fibrose ou aderências e o efeito reflexo que é o causado pela liberação hormonal e liberação de mediadores de inflamação que levam a vasodilatação. Os hormônios que são liberados são a serotonina, ocitocina e endorfina. 12 3.7 Ultrassom terapêutico É um método amplamente utilizado na clínica de fisioterapia humana (MORAES, 1999; FERNANDES, 2001) e em grande ascensão no tratamento de animais acometidos por lesões do aparelho locomotor. Em média, o tempo de aplicação do ultrassom terapêutico é de quatro a 10 minutos por área (KOTTKE & LEHMANN, 1994; PAULA, 1994) e os protocolos utilizados no tratamento tendíneo preconizam intensidades entre 0,5 e 1Watt centímetro-2 (W cm-2) (RAMIREZ et al., 1997; SAINI et al., 2002; SILVEIRA, 2003). O aumento da intensidade não pode compensar a diminuição do tempo de tratamento porque os efeitos produzidos pelas duas variedades são diferentes (PAULA, 1994). Sendo o ultrassom terapêutico, o procedimento mais utilizado em fisioterapia, e as lesões tendíneas nos membros as afecções mais tratadas com ele, é esperado que, nas extremidades distais dos membros, desprovidos de cobertura muscular, o tecido ósseo receba grande parte das ondas ultra-sônicas destinadas ao tendão. Pelas propriedades apresentadas pelo ultrassom terapêutico, é de grande importância, para clínicos, ortopedistas e fisioterapeutas, conhecer seus possíveis efeitos sobre o tecido ósseo sadio. Isso porque o sobre-aquecimento na interface periósteo/osso, assim como um estímulo desigual às células responsáveis pelo remodelamento ósseo, associado, muitas vezes, a membros que tendem a ficar imobilizados por longos períodos de recuperação, podem levar a sérios danos ou a traumas ósseos. 13 4 Relato de caso Tratamento de doença de disco intervertebral em cão com fisioterapia e reabilitação veterinária: Relato de Caso Autor: Cardoso, Denize Resumo Este presente trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de reabilitação de paciente de hérnia de disco intervertebral em um cão sem raça definida, fêmea, aproximadamente doisanos com 8 kg, atendida em uma clínica veterinária na cidade de Manaus. Utilizando a fisioterapia associada á eletroterapia e massagem, mostrando os benefícios das mesmas, visando contribuir para informações referentes a possibilidade de tratamentos em cães acometidos pela DDIV com técnicas de fisioterapia veterinária. Introdução A doença do disco intervertebral (DDIV) é uma causa comum de disfunção neurológica em cães. É uma das causas mais comum de compressão medular e responsável pela maioria dos casos de paralisia dos cães e gatos. A doença do disco intervertebral degenerativa pode promover a extrusão ou protrusão do disco, causando uma compressão na medula espinal. A terapia pode ser clinica ou cirúrgica. A terapia clínica se baseia no confinamento do animal para não correr o risco de piorar o quadro, e complementada com o uso de analgésicos. As técnicas cirúrgicas tem o objetivo de descomprimir a medula, retirando o material extrusado dentro do canal vertebral. O objetivo da fisioterapia em pacientes com déficits neurológicos é conseguir a recuperação dos tecidos nervosos lesionados, chegando o mais próximo possível da normalidade, prevenir o desenvolvimento da atrofia muscular, melhorar a função dos membros parésicos e/ ou paralisados e prevenir o desenvolvimento de contraturas e de fibrose nos tecidos moles. Como efeitos da acupuntura sobre os processos fisiopatológicos específicos a doença do disco intervertebral, pode-se citar: analgesia, restabelecimento da função motora e sensorial e controle da função urinaria. 14 Metodologia O cão resgatado na cidade de Manaus no mês de Abril sem raça definida, fêmea de aproximadamente dois anos de idade e com o peso de 8 kg, foi encontrando na zona rural da cidade com o quadro clínico: sem movimento nos membros posteriores, dificuldade de locomoção, vocalização, espasmos musculares da coluna cervical, cabeça baixa e orelhas para trás e outros sintomas indicativos de dor aguda. A avaliação clínica, apoiada em exames físicos, ortopédicos e neurológicos, revelou características físicas indicativas de condrodistrófia, espasmos musculares na região cervical, dor aguda, propriocepção consciente ausente nos membros inferiores, estado emocional deprimido, debilidade generalizada, tetraparesia. O animal foi encaminhado para o exame radiográfico onde foi constatada por meio de projeção latero-lateral a redução de espaço intervertebral C5 e C6, sugestivo de hérnia de disco. O tratamento clínico foi prescrita utilização de anti-inflamatório não esteroide firocoxib, na dose de 5mg/kg de peso corporal, uma vez ao dia durante 10 dias consecutivos. Para analgesia foi prescrito a associação dos fármacos: cloridrato de tramadol 1mg/kg a cada 8 horas, gabapentina 5mg/kg a cada 12 horas durante 10 dias. E polivitamínicos aminoácidos organoneuro cerebral 1 drágea a cada 10kg a cada 12 horas por 7 dias. No caso da gabapentina o desmame foi necessário diminuindo a dose a cada 10 três dias. Forma prescritos protetores de mucosa gástrica e suplementação com condroitina para auxílio do tratamento. O tratamento fisioterápico foi determinado de acordo com a evolução da paciente. Primeiramente foram realizadas três sessões semanais durante duas semanas consecutivas, onde foram realizados alongamentos, massagens e mobilização articular passiva sempre respeitando o limite da dor do paciente (Figura 1 (A),(B)); foram feitas 3 sessões de eletroestimulação nos músculos TENS na frequência de 90Hz, com corrente de 20mA (Figura 2 (A) e (B)), durante 30minutos, para obtenção de melhor analgesia. Figura 1 - A: Exercícios de alongamento; B: Mobilização posição de esfinge. Fonte: Cardoso, Denize (2021) 15 Após essa fase inicial a paciente foi reavaliada e foi apta a passar para uma nova fase do tratamento com Moxabustão (Figura 3) que é uma espécie de acupuntura térmica, feita pela combustão da erva Artemisia sinensis e Artemisia vulgaris, que possui a função de aquecer o ponto além de ter benefício anti- inflamatório e ajudar na melhor circulação do sangue naquela região. Conforme Chiu (2013) seriam responsáveis pelos efeitos terapêuticos da moxabustão a ação da temperatura e de fatores não térmicos como a fumaça, radiação infravermelha e propriedades farmacológicas da planta. Inclusive, diversos compostos com ampla atividade biológica têm sido identificados nas folhas e na fumaça da moxa, os quais teriam participação importante na eficácia da moxabustão. Os efeitos térmicos decorrem da ativação de receptores para calor e/ou receptores polimodais (DENG; SHEN, 2013). A paciente foi reavaliada e foi determinada manutenção do seu tratamento com sessões diárias de massagem visando o fortalecimento do tônus muscular, devido ser uma cadela resgatada a falta de verba para manutenção do seu Figura 2 - A e B: TENS Fonte: Cardoso, Denize (2021) Figura 3 - Sessão com Moxabustão Fonte: Cardoso, Denize (2021). 16 tratamento com o medico veterinário fisioterapeuta seu tratamento foi interrompido e a mesma obteve melhoras quando a sua dor, porém, não foi possível que ela retornasse a andar tendo como uma segunda alternativa optar pelo uso de cadeira de rodas. Análises e Discussões A doença do disco intervertebral é considerada uma osteopatia ligada diretamente á genética, com raças condrodistróficas sendo mais predispostas, e geralmente surge entre cinco e seis anos de idade (JANSSENS, 2006). Isto reafirma a importância da realização de estudos que colaborem com informações sobre a fisioterapia e a reabilitação veterinária sendo empregadas no tratamento de cães acometidos por DDIV, tendo em vista que há relatos que muitos voltaram a andar e ter qualidade de vida. Considerações Finais Um programa de reabilitação apropriado e específico ás necessidades do animal são fundamentais para o plano de tratamento de cães com hérnia de disco cervical. Visando também a necessidade de mais pesquisas sobre a origem do problema, sinais clínicos iniciais e envolvimento do proprietário com a reabilitação do animal. 17 5 Conclusão A fisioterapia veterinária tem ganhado destaque dentro do mercado, devido aos seus resultados significativos e benefícios obtidos na recuperação de pacientes pós-cirúrgicos, controle da dor, tratamento e recuperação de lesões ortopédicas e neurológicas, colaborando para o sucesso do tratamento e, acima de tudo promovendo bem-esta aos animais. As técnicas são utilizadas conforme a necessidade de cada paciente tornando um tratamento único e individual para cada quadro. 18 6 Referências Bibliográficas AGNES, J. E. Eletroterapia Teoria e Prática. Santa Maria: Orium, 2004. p.15-30 BARRETO, A. C. S. Cinesioterapia e Eletroterapia Aplicadas na Reabilitação de Cães e Gatos. São Paulo: Out., 2006. CALDAS, A. Fisioterapia Veterinária, e. Ciência. Portugal, n. 24, p. 21 – 22, 2005. CANAPP, D. A. Select Modalities. Clinical Techniques in Small Animal Practice, v.22, n.4, p.160-165, 2007. DE LAHUNTA, A.; GLASS, E. Veterinary Neuroanatomy and Clinical Neurology, 3.ed. Missouri: Elsevier, 2009. DEWEY, C. W. Anticonvulsant therapy in dogs and cats. The Veterinary Clinics of North America Small Animal Practice, v.36, n.5, p.1107-1128, 2006. DOYLE, A.; HORGAN, N. F. Perceptions of Animal Physiotherapy amongst Irish Veterinary Surgeons. Irish Veterinary Journal, v.59, n.2, p.85-88, 2006. DURIGON, O. F. S. Alongamento muscular. 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In: CRMV Paraná, n. 22, Ano V. Jan/Mar. 2007. p10-11.
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