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FISIOTERAPIA VETERINARIA - DENIZE

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ESCOLA BATISTA DO AMAZONAS – ESBAM 
MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
DENIZE CAVALCANTE CARDOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Emprego da fisioterapia veterinária em distúrbios 
neuromusculares e articulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manaus/ AM 
2021 
1 
 
DENIZE CAVALCANTE CARDOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Emprego da fisioterapia veterinária em distúrbios 
neuromusculares e articulares. 
 
 
 
 
Trabalho da disciplina de Clínica 
Médica de pequenos animais possui 
como objetivo de obtenção de nota 
parcial para o segundo bimestre. 
 
Prof. Msc. Anny Cristina Veras Leite. 
 
 
 
 
 
MANAUS/AM 
2021 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1. Introdução ...................................................................................................................... 3 
2. Fisioterapia Veterinária ................................................................................................ 4 
3. Técnicas de reabilitação .............................................................................................. 5 
4. Relato de caso ............................................................................................................ 13 
5. Conclusão .................................................................................................................... 17 
6. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. Introdução 
A fisioterapia pode ser definida como uma técnica de estimulação 
generalizada ou focal em determinada região afetada do organismo, através de 
meios físicos e terapias de estimulação, regulação e adaptação. É uma área 
amplamente utilizada na medicina humana, e, por conta dos benefícios 
comprovados na reabilitação após procedimentos cirúrgicos em pacientes humanos, 
muitos estudos são realizados para justificar a implementação de técnicas 
fisioterápicas em animais. Manejo e controle da dor, tratamento e pós-operatório de 
afecções ortopédicas e neurológicas são algumas das diversas indicações para 
fisioterapia. 
A fisioterapia veterinária possui origem na própria fisioterapia humana, tendo 
sua primeira aplicação notável nas técnicas utilizadas para a recuperação de 
equinos em um primeiro experimento. É um modo de tratamento, que inclui diversas 
técnicas que giram em torno de conceitos fisiológicos, biomecânicos e físicos de 
modo a promover a saúde ou prevenir certas doenças. Ela abrange desde os 
aspectos mais simples, como a movimentação correta até aspectos mais complexos, 
como a reabilitação e controle da dor, tendo sempre como objetivo o bem-estar do 
animal (FORMENTON, 2011). 
A fisioterapia veterinária tem evoluído muito nos últimos anos devido a 
diversos fatores, porém, principalmente porque atua na saúde e bem-estar dos 
animais de companhia e o emprego nos distúrbios neuromusculares e articulares 
possibilita uma recuperação rápida no tratamento eliminando a causa de disfunção, 
reduzindo os sinais clínicos, aliviando a dor, proporcionando conforto, conservando a 
musculatura e assim podendo evitar as intervenções cirúrgicas e aumentando a 
expectativa e qualidade de vida do animal. 
Está pesquisa possui objetivo apresentar as modalidades mais disseminadas 
na fisioterapia como a hidroterapia, cinesioterapia, eletroterapia, ultrassom 
terapêutico, massagem crioterapia e termoterapia, abordando o conceito de cada 
técnica, a suas particularidades. 
 
 
 
 
4 
 
2. Fisioterapia Veterinária 
A reabilitação física de animais é uma especialidade recente em Medicina 
Veterinária, ainda sendo vista com desconfiança por muitos clínicos veterinários. A 
fisioterapia veterinária tem se mostrado um importante tratamento no pós-operatório 
de cirurgias ortopédicas e de tecidos moles, auxiliando a recuperação dos pacientes 
(CANAPP, 2007), além de ser benéfica para a correção e manutenção do peso do 
animal, manutenção de problemas osteoarticulares crônicos ou lesões nervosas e 
neuromusculares, melhora da amplitude e qualidade de movimento, aumento da 
flexibilidade, redução da dor e desconforto, diminuição de edema, reparação 
tecidual, melhora de quadros neurológicos, aumento da produção de colágeno, 
prevenir ou diminuir a atrofia muscular, e obtenção de maior massa muscular e 
resistência (LESNAU, 2006). 
Segundo Caldas (2005), a fisioterapia começou a ser aplicada em animais no 
final dos anos 70, utilizando cavalos para a aplicação das primeiras técnicas. 
Posteriormente, com os avanços dentro do ramo, novos procedimentos foram 
desenvolvidos para contemplar mais espécies, como cães e gatos. A fisioterapia 
veterinária constitui um campo recente e de grande importância para o bem-estar 
animal, onde atua de forma conjunta com a clínica médica, auxiliando no 
tratamento de diversas patologias, neurológicas ou ortopédicas, buscando sempre 
promover o bem-estar e qualidade de vida do paciente através da redução dos 
sinais clínicos, alívio da dor e eliminação da causa primária da doença e retorno à 
função (LEVINE; MILLIS; MARCELIN-LITTLE, 2008). 
Dentre os objetivos da utilização da fisioterapia, pode-se citar: reduzir a 
inflamação no local lesionado, melhorar a irrigação sanguínea, promover a 
cicatrização tecidual, estimular o sistema nervoso, manejo de peso em animais 
obesos, melhora na função cardiovascular e respiratória, minimizar problemas em 
articulações, ligamentos e tendões, entre outros. Recomendam-se terapias de 
reabilitação em casos de mobilidade reduzida; lesões musculares e articulares; alívio 
da dor; melhora no desempenho de animais atletas e recuperação pós-cirúrgica em 
casos ortopédicos e neurológicos (CLARK; MCLAUGHLIN, 2001; RIVIÈRE, 2007). 
A fisioterapia, para tratar afecções ou sequelas (principalmente se tratando 
dos sistemas musculoesquelético e neuromuscular), faz uso de frio, calor, água, 
impulsos elétricos e exercícios terapêuticos (McCURNIN, 1994). Deve-se ter 
5 
 
extremo cuidado ao proceder com o tratamento, pois, caso este seja mal executado, 
as injúrias a serem tratadas (que mais comumente são artrites, displasia de cotovelo 
e coxofemoral, consolidação de fraturas, tendinites, pré e pós-operatório) podem se 
agravar (LESNAU 2006). 
3. Técnicas de reabilitação 
Diversas técnicas podem ser empregadas de acordo com a necessidade do 
paciente. Para iniciar o tratamento fisioterápico, é necessária a elaboração de um 
plano terapêutico. Após a realização de anamnese detalhada e exame físico 
minucioso, informações como queixa principal, evolução do quadro e sintomatologia 
apresentada pelo animal é de extrema importância para a conclusão do diagnóstico 
terapêutico e realização do plano de tratamento. 
 
3.1 Crioterapia 
O uso dessa técnica inclui a aplicação de substâncias que retirem o calor 
corporal, diminuindo a temperatura do tecido local. Conforme descrito por Mikaile 
Pedro (2006) e Bistneret al., (2002), a crioterapia promove analgesia e anestesia, 
diminui o espasmo muscular e o metabolismo, reduz a temperatura tecidual, 
promove a vasoconstrição e diminui a tendência ao edema. Deve-se ressaltar que o 
frio não diminui a inflamação ou resposta inflamatória no local, segundo Mikail e 
Pedro (2006), apenas atenua os sinais clássicos da inflamação, como dor, edema, 
rubor, aumento da temperatura e perda da função. A forma mais simples, barata e 
uma das mais eficazes para realização de crioterapia é através da utilização de 
bolsas de gelo, aplicadas na região afetada, após o exercício ou várias vezes ao dia 
de acordo com a necessidade do paciente. Bolsas de gel, imersão em água com 
gelo e sprays compreendem outras formas de crioterapia. O tempo de aplicação 
varia de acordo com o objetivo da aplicação, profundidade do tecido e metabolismo 
do paciente (MIKAIL; PEDRO, 2006). 
 
3.2 Termoterapia 
De acordo com Shestack (1979), o caloré uma das modalidades mais 
indicadas na fisioterapia. Bistneret al. (2002) descreveram os benefícios da 
termoterapia: hiperemia e vasodilatação; elevação no pulso, na pressão sanguínea e 
6 
 
na ventilação pulmonar; relaxamento muscular; efeito sedativo e analgésico; 
melhora na extensibilidade do tecido fibroso. Bolsas quentes, terapia aquática e 
lâmpada infravermelha são as formas superficiais de se realizara termoterapia, 
sendo as bolsas aquecidas com maior utilização devido à sua praticidade e 
aplicabilidade para áreas pequenas. 
Tratamentos com calor elevam a temperatura do tecido em uma faixa de 40ºC 
–45ºC, sendo o intervalo de 43ºC-45ºC considerado terapêutico. Acima disso, torna-
se desconfortável para o animal. Fases agudas de processos inflamatórios, tumores, 
feridas não cicatrizadas, hematomas, bem como pacientes foto e termosenssíveis 
são as principais contraindicações para a utilização da termoterapia. Devido à 
analgesia no local da aplicação, faz-se necessário maior cuidado para evitar a 
ocorrência de queimaduras no paciente (MIKAIL; PEDRO, 2006). 
A aplicação do calor profundo ocorre através da utilização de ultrassom 
terapêutico. Ondas ultrassônicas produzidas são absorvidas pelo tecido e a energia 
mecânica é convertida em calor, que podem ser transmitidas de forma contínua ou 
pulsátil, variando de acordo com a afecção apresentada pelo paciente. A frequência 
atingida pelas ondas pode variar conforme a profundidade do tecido que irá receber 
o tratamento: 0.5 a 5 MHz (BOCKSTAHLER et al., 2004). 
 Há uma série de indicações para o uso do ultrassom, tais como: artrites, 
sinovites tendinites, bursites e afecções musculares. Os efeitos produzidos permitem 
alívio da dor, diminuição da tensão muscular com consequente aumento do fluxo 
sanguíneo para os músculos, melhoria do retorno venoso e linfático, melhoria da 
elasticidade das estruturas fibrosas e melhoria da nutrição dos tecidos, aumentando 
a suplementação de oxigênio e a eliminação de produtos metabólicos (CLARK; 
MCLAUGHLIN, 2001). 
 
3.3 Cinesioterapia 
Significando “tratamento pelo movimento”, a cinesioterapia pode ser ativa 
(quando for realizada pelo paciente), passiva (quando realizada pelo Médico 
Veterinário), ativa assistida (realizada pelo paciente com ajuda do Médico 
Veterinário) ou realizada na forma de alongamento (MIKAIL, PEDRO, 2006). O 
método utilizado na paciente foi o da movimentação passiva nos quatro 
membros. 
7 
 
 
3.3.1 Movimentação Passiva 
O processo de alongamento passivo proporciona aumento do comprimento 
muscular usando a força externa proporcionada pela pessoa que realiza o 
movimento para alongar o músculo lentamente até a amplitude desejada, mantendo 
a posição por algum tempo e voltando à posição inicial (MIKAIL, PEDRO, 2006). 
O alongamento realizado regularmente promove diminuição de tensões 
musculares e sensação de um corpo mais relaxado e músculos mais flexíveis, pois 
auxilia na liberação de ácido lático produzido no músculo durante a atividade física 
(a falta de ácido lático pode causar desequilíbrio muscular, levando a alterações 
posturais que podem provocar lesões articulares) (STARRING et al, 1988). Ele 
melhora também a coordenação motora geral, pois possibilita movimentos mais 
suaves, relaxados, e harmoniosos, desenvolvendo e aprimorando a consciência 
corporal (ANDERSON, 1998). O alongamento passivo da paciente era realizado de 
forma lenta, suave e progressiva, possibilitando maior alcance, melhor resposta e 
um aumento da amplitude de movimento dentro de parâmetros fisiológicos, naturais 
e orgânicos (BEAULIEU, 1981). Por outro lado, quanto maior a velocidade do 
alongamento, maior é a frequência de impulsos gerados nas fibras aferentes, 
gerando uma resposta reflexa mais intensa (DURIGON, 1995). 
 Quando o músculo é alongado, a actina e a miosina invertem o efeito de 
interligação que ocorre durante a contração (ALTER, 1999). Durante o alongamento, 
o filamento de tinina promove a manutenção da tensão durante o deslocamento das 
fibras musculares como a extensibilidade do sarcômero e a resistência ao 
alongamento (ALTER, 1999). O número e o tamanho de sarcômeros que compõe as 
fibras musculares aumentam quando essas fibras são submetidas ao alongamento, 
e a microscopia eletrônica pode, pela observação de aumento de extensão das 
zonas H e banda I, comprovar tal aumento (DURIGON, 1995). 
O fuso muscular e o órgão tendinoso de Golgi são os componentes do 
músculo que modulam a intensidade do alongamento, sendo sua resposta para a 
proteção muscular desencadeada contra o sentido do alongamento, desencadeando 
um “bloqueio mecânico” à atividade realizada (MIKAIL, PEDRO, 2006). Eles também 
são estruturas velocidade-dependentes, ou seja, quanto maior a velocidade do 
alongamento, maior a resposta do músculo ao processo e maior a frequência de 
8 
 
impulsos gerados nas fibras aferentes, gerando uma resposta reflexa mais intensa 
(DURIGON, 1995). 
 
3.4 Eletroterapia 
Vastamente empregada na reabilitação física de várias afecções, a 
eletroterapia vem sido desvendada ao longo dos últimos anos, com profissionais 21 
conseguindo obter maior conhecimento acerca dos efeitos da técnica nos pacientes 
nos quais ela é utilizada. Na fisioterapia veterinária, são usadas a Estimulação 
Elétrica Funcional (FES) e a Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS). 
Com o uso de eletrodos acoplados a pele (Figura 2), ambas representam técnicas 
não invasivas que agem no local da aplicação, minimizando, assim, possíveis efeitos 
colaterais sistêmicos. O local de colocação dos eletrodos deve ser inspecionado 
antes e após os tratamentos, certificando-se de que não há sinais de irritação ou 
lesão (MIKAIL, PEDRO, 2006). 
 
3.4.1 Estimulação Elétrica Funcional 
A Estimulação Elétrica Funcional (FES) é um tipo de tratamento capaz de 
produzir contrações musculares, que são obtidas a partir de corrente elétrica 
específica que têm duração de segundos e frequência controlada, possibilitando a 
contração muscular funcional em condições fisiológicas, sem risco de queimaduras 
ou desconforto devido à eletricidade (ROBINSON, SNYDER, 2001). 
A FES promove a contração de músculos paralisados ou enfraquecidos 
decorrente de lesão do neurônio motor superior, tais como derrames, traumas 
raquimedulares ou crânio-encefálicos, e paralisia cerebral. A corrente elétrica 
produzida despolariza o nervo motor, produzindo resposta sincrônica nas unidades 
motoras do músculo, promovendo contração eficiente, sendo preciso treinamento 
específico com o intuito de prevenir a fadiga precoce que impediria o alcance do 
objetivo reabilitacional da técnica (LESNAU, 2006). 
A utilização de trem de pulso, série de estímulos com duração 
predeterminados seguidos por outros com adequada frequência e repetição, serve 
para que se obtenha movimento funcional do membro paralisado, algo que não 
poderia ser alcançado por pulso elétrico simples. 
9 
 
A definição prévia das características dos pulsos é essencial para que se 
obtenha sucesso no resultado do tratamento eletroterapêutico quanto à recuperação 
funcional (LESNAU, 2006). A técnica FES é indicada para facilitação neuromuscular, 
controle da espasticidade, paraplegias, paraparesias, hipotrofia por desuso, sempre 
evitando posicionar os eletrodos sobre a área cardíaca, lesão nervosa periférica, e 
sobre área com sensibilidade alterada. É também muito usada no auxílio de 
tratamentos clínicos de problemas do sistema neuromuscular e músculo esquelético, 
pois, quando ocorre inatividade da excitabilidade de nervos periféricos, uma fonte 
externa de excitação pode induzir terapeuticamente uma resposta funcional para 
pacientes que demonstrem dificuldades durante movimentos voluntários (AGNES, 
2004). 
 
3.4.2 Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea. 
Consiste na técnica fisioterapêutica usada para estimular nervosperiféricos a 
partir de eletrodos posicionados na pele que emitem corrente (direta, alternada ou 
pulsada) é chamada de Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS). É uma 
corrente analgésica que atua nos sistemas modulares da dor, aumentando sua 
tolerância a dor e causando analgesia (LESNAU, 2006). Diz-se que a 
neuromodulação é produzida pelo TENS por meio de inibição pré-sináptica do como 
dorsal da medula espinhal, controle endógeno da dor (via endorfinas, encefalinas e 
dinorfinas), ou inibição direta de um nervo excitado anormalmente (MIKAIL, PEDRO, 
2006). A eficiência do TENS está diretamente relacionada a forma de estímulo, sua 
intensidade, frequência e a colocação dos eletrodos, cuidados que possibilitam uma 
resposta neuromuscular eficiente (LESNAU, 2006). 
O TENS tem como principais indicações: analgesia em afecções do aparelho 
locomotor em que o paciente apresenta dor localizada; relaxamento de espasmos 
musculares; aumento da circulação; melhoria a mobilidade articular; promoção do 
fortalecimento muscular para prevenir atrofias musculares quando os músculos 
estão impossibilitados de trabalhar, como no caso de mioclonias intensas por 
cinomose, que impedem o paciente de se erguer e exercitar os grupos musculares. 
Recomenda-se não utilizar o TENS em pacientes que sofram de cardiopatia ou 
disritmias; que apresentem dor não diagnosticada; com epilepsia; em pele 
anestesiada, boca e proximidades do olho (LESNAU, 2006). Devido a variação 
10 
 
individual, cada tipo de corrente, assim como a intensidade e o tempo de tratamento, 
deve ser aplicado a cada caso individualmente para que se encontre o resultado 
mais confortável ao paciente (MIKAIL, PEDRO, 2006). 
 
3.5 Hidroterapia 
A hidroterapia pode ser utilizada em diversas patologias, como artroses, 
patologias da coluna, tratamentos pós-cirúrgicos em ortopedia, displasia coxo-
femural, entre outras. Na maior parte desses problemas é utilizada conjuntamente 
com outras terapias, inclusive a medicamentosa, mas como fisioterapia é 
considerada a melhor opção (MIKAIL; PEDRO, 2006). 
A água possui certas propriedades singulares que a tornam valioso agente 
terapêutico (BIASOLI; MACHADO, 2006). A pressão hidrostática é sentida quando o 
animal é submerso na água e torna-se mais evidente para o paciente no momento 
da inspiração, pois a água provoca uma resistência à expansão torácica. Por isso, é 
preciso ter cuidado com pacientes que possuem problemas respiratórios ou 
cardíacos. 
 A pressão também pode ajudar o movimento de um animal com problemas 
na locomoção, pois transmite uma sensação de sustentação (MIKAIL; PEDRO, 
2006). A hidroterapia pode ser associada aos efeitos de calor e frio, quando a água 
é aquecida ou resfriada. Modificações fisiológicas podem ocorrer durante o exercício 
em água aquecida como aumentos da freqüência respiratória, do suprimento 
sangüíneo para os músculos, da circulação periférica, da freqüência cardíaca e da 
taxa metabólica e diminuição da pressão sangüínea e relaxamento muscular geral. 
Na água gelada, as principais mudanças fisiológicas são diminuições no 
metabolismo celular, na diminuição da permeabilidade capilar e alívio da dor. Quanto 
maior a variação térmica, maior será o efeito fisiológico produzido, desde que outros 
fatores sejam iguais. 
A hidroterapia possui algumas modalidades para tratamentos em animais. As 
mesmas são duchas, botas com turbilhão, imersão total e imersão parcial. Nas 
duchas, a água exerce uma ação de massagem sobre os tecidos, melhorando a 
circulação sanguínea e linfática, quando a pressão é realizada. Pode ser quente ou 
gelada, assim os benefícios do calor e do frio somam-se ao da massagem (MIKAIL; 
PEDRO, 2006; LEVINE et al., 2008). Nas botas com turbilhão, o membro do animal 
11 
 
é posicionado dentro da bota, gerando um turbilhão ao ser ligado com uma bomba 
externa. Também pode utilizar água quente ou gelada. A temperatura associa-se ao 
efeito de massagem da água sobre os tecidos (MIKAIL; PEDRO, 2006). 
 
3.6 Massagem 
A mais antiga dentre as técnicas, ponto de partida para todas as técnicas de 
massagem disponíveis atualmente; é a manipulação sistemática dos tecidos usando 
as mãos do fisioterapeuta, possibilitando o relaxamento muscular, a drenagem 
linfática e o alívio da dor; provocando assim o aumento do fluxo sanguíneo arterial, 
venoso e linfático, aumento da pressão arterial e temperatura corporal, estimula o 
sistema imunológico e dissolve retrações, aderências e coágulos. Está indicada na 
tensão muscular secundária a doença espinal ou articular, para melhorar a função 
articular e muscular, para reduzir e prevenir a estase venosa e linfática, para 
mobilizar aderências, para regular o tônus muscular e na preparação do músculo 
para o treino físico e acelerar sua recuperação após o mesmo. 
É uma terapia de baixo custo e alta facilidade. Tem diversos benefícios como: 
relaxamento muscular melhorando postura e marcha, liberação de hormônios 
relaxando todo o organismo, analgesia, melhora de circulação, aumento de 
temperatura local, levando a vasodilatação e melhora de distribuição de nutrientes, 
evita fibrose e aderências diminuem edema, pós-operatório (fibrose, aderência, 
edema) e manutenção de massa muscular e mobilidade. 
Ela pode ser indicada para pacientes com trauma ou pós-operatório pela sua 
ação analgésica e anti-aderência e fibrose, para animais ansiosos como 
relaxamento, em casos de dor aguda ou crônica, como aquecimento para animais 
de competição ou para diminuir a dor pelo acumulo de ácido lático pós prova. 
Geralmente é uma terapia que os animais aceitam bem e pode ser 
complementada com acupuntura e alongamento para controle de dor. No organismo 
a massagem exerce dois tipos de efeitos: o efeito mecânico retirando edema, fibrose 
ou aderências e o efeito reflexo que é o causado pela liberação hormonal e liberação 
de mediadores de inflamação que levam a vasodilatação. Os hormônios que são 
liberados são a serotonina, ocitocina e endorfina. 
 
 
12 
 
3.7 Ultrassom terapêutico 
É um método amplamente utilizado na clínica de fisioterapia humana 
(MORAES, 1999; FERNANDES, 2001) e em grande ascensão no tratamento de 
animais acometidos por lesões do aparelho locomotor. 
Em média, o tempo de aplicação do ultrassom terapêutico é de quatro a 10 
minutos por área (KOTTKE & LEHMANN, 1994; PAULA, 1994) e os protocolos 
utilizados no tratamento tendíneo preconizam intensidades entre 0,5 e 1Watt 
centímetro-2 (W cm-2) (RAMIREZ et al., 1997; SAINI et al., 2002; SILVEIRA, 2003). O 
aumento da intensidade não pode compensar a diminuição do tempo de tratamento 
porque os efeitos produzidos pelas duas variedades são diferentes (PAULA, 1994). 
Sendo o ultrassom terapêutico, o procedimento mais utilizado em fisioterapia, 
e as lesões tendíneas nos membros as afecções mais tratadas com ele, é esperado 
que, nas extremidades distais dos membros, desprovidos de cobertura muscular, o 
tecido ósseo receba grande parte das ondas ultra-sônicas destinadas ao tendão. 
Pelas propriedades apresentadas pelo ultrassom terapêutico, é de grande 
importância, para clínicos, ortopedistas e fisioterapeutas, conhecer seus possíveis 
efeitos sobre o tecido ósseo sadio. Isso porque o sobre-aquecimento na interface 
periósteo/osso, assim como um estímulo desigual às células responsáveis pelo 
remodelamento ósseo, associado, muitas vezes, a membros que tendem a ficar 
imobilizados por longos períodos de recuperação, podem levar a sérios danos ou a 
traumas ósseos. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
4 Relato de caso 
Tratamento de doença de disco intervertebral em cão com fisioterapia e 
reabilitação veterinária: Relato de Caso 
Autor: Cardoso, Denize 
Resumo 
Este presente trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de 
reabilitação de paciente de hérnia de disco intervertebral em um cão sem raça 
definida, fêmea, aproximadamente doisanos com 8 kg, atendida em uma clínica 
veterinária na cidade de Manaus. Utilizando a fisioterapia associada á eletroterapia e 
massagem, mostrando os benefícios das mesmas, visando contribuir para 
informações referentes a possibilidade de tratamentos em cães acometidos pela 
DDIV com técnicas de fisioterapia veterinária. 
 
Introdução 
A doença do disco intervertebral (DDIV) é uma causa comum de disfunção 
neurológica em cães. É uma das causas mais comum de compressão medular e 
responsável pela maioria dos casos de paralisia dos cães e gatos. A doença do 
disco intervertebral degenerativa pode promover a extrusão ou protrusão do disco, 
causando uma compressão na medula espinal. A terapia pode ser clinica ou 
cirúrgica. A terapia clínica se baseia no confinamento do animal para não correr o 
risco de piorar o quadro, e complementada com o uso de analgésicos. As técnicas 
cirúrgicas tem o objetivo de descomprimir a medula, retirando o material extrusado 
dentro do canal vertebral. O objetivo da fisioterapia em pacientes com déficits 
neurológicos é conseguir a recuperação dos tecidos nervosos lesionados, 
chegando o mais próximo possível da normalidade, prevenir o desenvolvimento da 
atrofia muscular, melhorar a função dos membros parésicos e/ ou paralisados e 
prevenir o desenvolvimento de contraturas e de fibrose nos tecidos moles. Como 
efeitos da acupuntura sobre os processos fisiopatológicos específicos a doença do 
disco intervertebral, pode-se citar: analgesia, restabelecimento da função motora e 
sensorial e controle da função urinaria. 
 
 
 
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Metodologia 
O cão resgatado na cidade de Manaus no mês de Abril sem raça definida, 
fêmea de aproximadamente dois anos de idade e com o peso de 8 kg, foi 
encontrando na zona rural da cidade com o quadro clínico: sem movimento nos 
membros posteriores, dificuldade de locomoção, vocalização, espasmos 
musculares da coluna cervical, cabeça baixa e orelhas para trás e outros sintomas 
indicativos de dor aguda. 
A avaliação clínica, apoiada em exames físicos, ortopédicos e neurológicos, 
revelou características físicas indicativas de condrodistrófia, espasmos musculares 
na região cervical, dor aguda, propriocepção consciente ausente nos membros 
inferiores, estado emocional deprimido, debilidade generalizada, tetraparesia. O 
animal foi encaminhado para o exame radiográfico onde foi constatada por meio de 
projeção latero-lateral a redução de espaço intervertebral C5 e C6, sugestivo de 
hérnia de disco. 
O tratamento clínico foi prescrita utilização de anti-inflamatório não esteroide 
firocoxib, na dose de 5mg/kg de peso corporal, uma vez ao dia durante 10 dias 
consecutivos. Para analgesia foi prescrito a associação dos fármacos: cloridrato de 
tramadol 1mg/kg a cada 8 horas, gabapentina 5mg/kg a cada 12 horas durante 10 
dias. E polivitamínicos aminoácidos organoneuro cerebral 1 drágea a cada 10kg a 
cada 12 horas por 7 dias. No caso da gabapentina o desmame foi necessário 
diminuindo a dose a cada 10 três dias. Forma prescritos protetores de mucosa 
gástrica e suplementação com condroitina para auxílio do tratamento. 
O tratamento fisioterápico foi determinado de acordo com a evolução da 
paciente. Primeiramente foram realizadas três sessões semanais durante duas 
semanas consecutivas, onde foram realizados alongamentos, massagens e 
mobilização articular passiva sempre respeitando o limite da dor do paciente 
(Figura 1 (A),(B)); foram feitas 3 sessões de eletroestimulação nos músculos TENS 
na frequência de 90Hz, com corrente de 20mA (Figura 2 (A) e (B)), durante 
30minutos, para obtenção de melhor analgesia. 
 
 
 
 
Figura 1 - A: Exercícios de alongamento; B: Mobilização posição de esfinge. 
 Fonte: Cardoso, Denize (2021) 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após essa fase inicial a paciente foi reavaliada e foi apta a passar para uma 
nova fase do tratamento com Moxabustão (Figura 3) que é uma espécie de 
acupuntura térmica, feita pela combustão da erva Artemisia sinensis e Artemisia 
vulgaris, que possui a função de aquecer o ponto além de ter benefício anti-
inflamatório e ajudar na melhor circulação do sangue naquela região. Conforme 
Chiu (2013) seriam responsáveis pelos efeitos terapêuticos da moxabustão a ação 
da temperatura e de fatores não térmicos como a fumaça, radiação infravermelha e 
propriedades farmacológicas da planta. Inclusive, diversos compostos com ampla 
atividade biológica têm sido identificados nas folhas e na fumaça da moxa, os quais 
teriam participação importante na eficácia da moxabustão. Os efeitos térmicos 
decorrem da ativação de receptores para calor e/ou receptores polimodais (DENG; 
SHEN, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
A paciente foi reavaliada e foi determinada manutenção do seu tratamento 
com sessões diárias de massagem visando o fortalecimento do tônus muscular, 
devido ser uma cadela resgatada a falta de verba para manutenção do seu 
Figura 2 - A e B: TENS 
Fonte: Cardoso, Denize (2021) 
Figura 3 - Sessão com Moxabustão 
Fonte: Cardoso, Denize (2021). 
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tratamento com o medico veterinário fisioterapeuta seu tratamento foi interrompido 
e a mesma obteve melhoras quando a sua dor, porém, não foi possível que ela 
retornasse a andar tendo como uma segunda alternativa optar pelo uso de cadeira 
de rodas. 
 
Análises e Discussões 
A doença do disco intervertebral é considerada uma osteopatia ligada 
diretamente á genética, com raças condrodistróficas sendo mais predispostas, e 
geralmente surge entre cinco e seis anos de idade (JANSSENS, 2006). Isto 
reafirma a importância da realização de estudos que colaborem com informações 
sobre a fisioterapia e a reabilitação veterinária sendo empregadas no tratamento de 
cães acometidos por DDIV, tendo em vista que há relatos que muitos voltaram a 
andar e ter qualidade de vida. 
 
Considerações Finais 
Um programa de reabilitação apropriado e específico ás necessidades do 
animal são fundamentais para o plano de tratamento de cães com hérnia de disco 
cervical. Visando também a necessidade de mais pesquisas sobre a origem do 
problema, sinais clínicos iniciais e envolvimento do proprietário com a reabilitação 
do animal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 Conclusão 
A fisioterapia veterinária tem ganhado destaque dentro do mercado, devido 
aos seus resultados significativos e benefícios obtidos na recuperação de pacientes 
pós-cirúrgicos, controle da dor, tratamento e recuperação de lesões ortopédicas e 
neurológicas, colaborando para o sucesso do tratamento e, acima de tudo 
promovendo bem-esta aos animais. As técnicas são utilizadas conforme a 
necessidade de cada paciente tornando um tratamento único e individual para cada 
quadro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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