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Laís Molina – Med 102 PAPM III – Prof. Marlon Existem sinais e sintomas comuns que podem estar relacionados com doenças cardiovasculares: Dispneia Edema Dor precordial/torácica Palpitação Síncope Cianose Dor Torácica Quando se pensa em dor torácica, algumas das patologias que se encaixam são: Infarto agudo do miocárdio. Angina instável. Pericardite. Dor de parede (condrite). Pneumonia. OBS: é de extrema valia pensar principalmente nas hipóteses de infarto agudo do miocárdio e angina instável, porque são hipóteses de risco, são as duas doenças que mais matam no mundo. A angina instável está intimamente ligada com o infarto, pois habitualmente o paciente começa com angina instável e evolui com infarto. A dor torácica pode ser causada tanto por doenças mais graves quanto doenças mais brandas. Por esse motivo, é necessário primeiro descartar as possibilidades mais graves, tendo em vista o nível de mortalidade. Após isso, é necessário pensar em diagnósticos diferenciais, como costocondrite, mialgia, dor muscular, dor de parede, e até nas causas respiratórias e digestivas (refluxos, espasmo esofagiano), crises de ansiedade. As dores são diferentes em características, em como o paciente sente a dor. O contexto clínico em que o paciente está inserido é muito importante, tendo o diagnóstico baseado nisso. Transcrição – Aula 5 (P2) OBS: ler o livro Laís Molina – Med 102 PAPM III – Prof. Marlon Dispneia A dispneia envolve doenças cardiovasculares e pulmonares. Algumas vezes é mais complicado diferenciá-las, porque um paciente que tem DPOC, por exemplo, vai ter tanto acometimentos pulmonares quanto cardíacos. A grande diferença é saber se é doença cardíaca ou pulmonar, e a partir daí, deve-se pensar nos órgãos relacionados e situações de risco. Algumas das hipóteses diagnósticas são: Insuficiência ventricular esquerda. Infarto agudo do miocárdio. Estenose mitral. Insuficiência cardíaca congestiva. Insuficiência aórtica. Trombose venosa profunda, relacionada à tromboembolismo pulmonar. Todas essas doenças cardiovasculares acima podem se juntar em insuficiência cardíaca, que é uma síndrome que possui vários sinais e sintomas, como a dispneia e o edema. Isso porque todas são doenças que causam a dispneia incluída na insuficiência cardíaca. O diagnóstico diferencial é extremamente importante. Quando se tem um paciente com dispneia, não se pode deixar de pensar também nas coisas óbvias do sistema respiratório, como DPOC, asma, embolia pulmonar, pneumonia, covid-19. Os tipos de dispneia são: Ortopneia. Dispneia paroxística noturna, sendo a principal causa como diagnóstico diferencial a insuficiência cardíaca. Platipneia. Dispneia súbita. Quando se fala em dispneia em doença cardiovascular, tem-se a característica dela ser progressiva. A dispneia começa com os grandes esforços, para médios esforços, para pequenos esforços, até chegar na dispneia ao repouso (ortopneia e dispneia paroxística noturna). A doença cardíaca vai evoluindo progressivamente, tomando essas formas, que é uma marca da história clínica. Quando se tem um paciente que evolui com dispneia ao repouso, se pensa em insuficiência cardíaca, mas também em DPOC, já que ambas possuem essa característica. A doença cardíaca vai ter outros pré-requisitos ou outros detalhes de história clínica que permitem migrar para o acometimento cardiovascular (o paciente pode ter uma dor precordial, edema, história forte de infarto ou dislipidemia, hipertensão arterial, diabetes...). A dispneia, para doenças cardíacas, faz pensar em insuficiência cardíaca esquerda, sendo o sintoma base/guia. É um sintoma proveniente de uma doença do coração esquerdo. Laís Molina – Med 102 PAPM III – Prof. Marlon Edema O edema, assim como os demais sinais descritos, não envolve apenas o coração. OBS: edema é um sinal, é uma alteração que você vê. Quando se tem um paciente com edema, do ponto de vista cardíaco, significa que o coração direito desse paciente está falível, ou seja, insuficiente. Então, é proveniente de uma insuficiência cardíaca direita. O edema também pode ser proveniente de doenças hepáticas, hiperproteinemia, doenças renais, doenças localizadas, insuficiência venosa. OBS IMPORTANTE!!! O edema pulmonar é uma manifestação de um problema no coração esquerdo, que congestionou o pulmão (edema) e o sintoma guia é a dispneia. Quando se fala em edema pulmonar, se fala em doença cardíaca esquerda. Quando se fala em edema de uma maneira generalizada, se fala em edema relacionado à problemas no coração direito, com edema de membros inferiores, ascite, turgor jugular. Há pacientes que possuem insuficiência cardíaca global/congestiva, em que eles têm sintomas de doença cardíaca esquerda (dispneia) e sinal de doença cardíaca direita (edema). São a grande maioria dos pacientes. Algumas das hipóteses diagnósticas são: Miocardite. Insuficiência cardíaca direita. Insuficiência cardíaca congestiva. Hipertensão arterial. Doença de Chagas. Doenças hepáticas (principalmente cirrose). Características do edema na doença cardíaca: Normalmente tem a marca de ser gravitacional. Quando o paciente está deitado, observa-se que o edema de insuficiência cardíaca se encontra na região sacra do paciente, na região posterior/dorso/lombar. Quando o paciente está se movimentando, o edema se encontra nas pernas/membros inferiores, sendo ascendente, progressivo (vai subindo progressivamente para o tornozelo, terço médio da perna, joelho, coxa, região genital e ascite). É um edema de temperatura fria, porque é água no interstício. É um edema mole, depressivo. Quando é comprimido, tem-se o sinal de cacifo (“buraco” que permanece após apertá-lo). É simétrico, acontece igualmente dos dois lados do corpo. Laís Molina – Med 102 PAPM III – Prof. Marlon Palpitação Palpitação é a percepção do batimento cardíaco. Essa percepção pode ser tanto em um batimento normal/fisiológico, quanto em um batimento patológico. Com frequência recebe-se pacientes com queixa de palpitação, e quando avalia-os, estão em condições normais. OBS: a ansiedade, por exemplo, gera um aumento de tônus adrenérgico, que aumenta a força de contração ventricular, que promove um choque do batimento cardíaco na parede torácica, passando a ser perceptível. Normalmente, se for de muito incômodo ao paciente, faz-se uso de medicamentos para diminuir o tônus adrenérgico e a força de contração ventricular (bloqueadores beta-adrenérgicos). Mas, na grande maioria das vezes, o paciente procura atendimento pela angustia causada quando se pensa em riscos. É necessário se perguntar se essa palpitação pode ser em condições normais ou em condições de uma patologia, de uma arritmia. Nem toda arritmia é de risco, mas deve-se averiguar se ela gera riscos para o paciente ou não. Como diagnósticos diferenciais, pesquisa-se hipertireoidismo, anemia, uso de drogas e medicamentos, asma. Contudo, frequentemente há pacientes com a chamada taquicardia sinusal inapropriada, ou seja, não há nenhum problema por trás, mas sim uma modulação do nó sinusal mais rápida que o normal. Lembrar: quando há hipotensão, reduz-se a pressão dos barorreceptores, estimulando o sistema simpático, o que consequentemente aumenta a frequência cardíaca. Existe uma arritmia em crianças, chamada arritmia sinusal fásica. A criança ainda não possui um amadurecimento do predomínio do tônus adrenérgico em uma frequência modulada para o normal, e com isso há uma oscilação do tônusvagal e do tônus adrenérgico, fazendo com que o coração fique muito acelerado e logo depois desacelerado. Fatores emocionais influenciam na mobilização da frequência cardíaca. O estresse, por exemplo, mobiliza catecolaminas aumentando a frequência cardíaca, podendo fazer com que o indivíduo sinta os batimentos cardíacos. Grande parte das mortes por infarto se dão pela arritmia. Síncope Síncope significa a perda súbita da consciência (popularmente conhecida como desmaio). A parada cardíaca também é uma perda súbita da consciência. A diferenciação da síncope para a parada cardíaca ocorre pois, na síncope, o paciente se recupera espontaneamente, uma vez que é como um desligamento do cérebro momentaneamente para que ele volte para o padrão de normalidade; já na parada cardíaca, é necessário agir para que o paciente retorne, no caso, fazer a RCP. A lipotimia também é semelhante à síncope. É um sintoma, em que o paciente quase perde a consciência, mas não chega a perdê-la de fato. O paciente queixa-se de moleza, da vista ter ficado escura. Algumas das situações patológicas que causam a síncope são: Arritmias. Normalmente levam a uma súbita perda de oxigenação cerebral, do débito cardíaco. Estenose aórtica e mitral. Hipertensão pulmonar por cardiomiopatia. Hipotensão ortostática. Laís Molina – Med 102 PAPM III – Prof. Marlon Síndrome do seio carotídeo. Falta de oxigenação cerebral, por determinados fatores. Coágulos. Lesões estruturais do coração, como lesões valvares. A síncope é muito associada à doenças neurológicas. Contudo, é necessário avaliar primeiro as possíveis causas cardiovasculares. Cerca de 80% das síncopes estão associadas a patologias cardiovasculares. Existe um tipo de síncope, vista mais frequentemente em jovens, chamada de síncope vasovagal. Ocorre no indivíduo que, por algum motivo, tem um estímulo externo que promove uma reação de uma vasodilatação brutal e diminuição da frequência cardíaca; o paciente vasodilata, não possui débito cardíaco para preencher aquele espaço, e ocorre uma diminuição da frequência cardíaca que também reduz o débito cardíaco, o que diminui a pressão arterial e o fluxo cerebral. Cianose Cianose é a coloração azulada de pele e mucosas, proveniente do acúmulo de hemoglobina não oxigenada no tecido. É um sinal tardio de desoxigenação. Há dois tipos de cianose, a cianose central e a cianose periférica. Cianose central: há problema na troca gasosa no pulmão. Acomete zonas mais quentes do corpo. Cianose periférica: há problema no trânsito de sangue na periferia, que está lento, o que faz com que o tecido extraia muito oxigênio, levando à saída de hemoglobinas não oxigenadas desse tecido. Acomete zonas das extremidades, zonas mais frias. Na doença cardíaca pode haver cianose porque o coração está mandando pouco sangue, e esse sangue mesmo oxigenado passa muito lentamente nas periferias, fazendo com que o tecido extraia muito oxigênio e forme hemoglobinas não oxigenadas (cianose periférica). Também pode haver cianose central na doença cardíaca. Quando o coração esquerdo falha, ele encharca o pulmão de água, porque encharca o alvéolo de água fazendo com que ele faça pouca troca gasosa, e consequentemente, o sangue ficará hipoxigenado, formando muita hemoglobina sem oxigênio. Condições de doença cardiovascular em que ocorre cianose: Redução do débito cardíaco (cianose periférica). Tamponamento cardíaco, que é uma grande insuficiência cardíaca aguda. Más formações congênitas. Todas fazem com que haja um desvio do sangue do pulmão, em que esse sangue vai entrar no sistema circulatório periférico com pouco oxigênio. OBS: uma criança nasceu com um furo no septo interventricular (patologia congênita). O sangue chega pouco oxigenado no átrio direito, vindo dos membros e abdome; seu trajeto normal é ir para o pulmão, para ser oxigenado. A partir do momento em que o sangue segue seu trajeto normal, ele chega ao coração esquerdo bem oxigenado, e esse oxigênio vai ser lançado para nutrir os tecidos. Quando se faz uma comunicação interventricular ( CIV) grande, o que acontece é que parte do sangue que chega, passa por essa comunicação, sendo esse um sangue hipoxigenado, que se mistura com o sangue oxigenado presente. Assim, passa a chegar na periferia um sangue pouco oxigenado com sangue bem oxigenado (misturado). O desvio do sangue faz com que menos sangue chegue ao pulmão para ser oxigenado, e o resultado final é que chegue ao tecido um sangue com pouco oxigênio, e forme hemoglobina não oxigenada, devido a captura pelos tecidos, e assim, gere cianose.
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