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3 1. INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO GERAL A anemia falciforme (doença falciforme) é causada por um defeito genético autossômico recessivo único na cadeia beta da hemoglobina (HBA), que acarreta a hemoglobina da célula falciforme (HBS). As células falciformes podem obstruir o fluxo sanguíneo e romper-se prematuramente, causando anemia, devido ao formato de drepanócito (forma de foice). A obstrução de pequenos capilares pode causar crises dolorosas, danos aos principais órgãos e aumento da vulnerabilidade a infecções graves. E esta doença está associada a uma morbidade vitalícia e à redução da expectativa de vida. (LANZKRON, 2018). 1.2. ASPECTO GENÉTICO E BIOQUÍMICO É uma doença hereditária monogênica autossômica recessiva, a qual é originada por uma mutação de ponto (GAG→GTG) no gene da globina beta da hemoglobina, originando hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S (HBS), ao invés da hemoglobina normal, denominada hemoglobina A (HBA). Essa mutação ocorre no cromossomo 11, a qual leva à substituição de um ácido glutâmico pela valina na posição 6 da extremidade N-terminal na cadeia beta da globina, com conseqüente modificação fisioquímica na molécula da hemoglobina. (SOARES, 2002). 1.3. FISIOPATOLOGIA A polimerização da hemoglobina falciforme em eritrócitos pode ser desencadeada por hipóxia e acidose, que faz com que as células se tornem rígidas e se deformem assumindo o formato de foice (ou meia-lua). Essas células deformadas podem causar oclusão nos pequenos vasos ou aderir ao endotélio vascular, causando hiperplasia intimal nos vasos maiores e diminuindo o fluxo sanguíneo. As células deformadas são também propensas a hemólise, o que contribui para a anemia. (LANZKRON, 2018). 1.4. SINAIS E SINTOMAS Devido ao encurtamento da vida média das hemácias, pacientes com doenças falciformes apresentam hemólise crônica que se manifesta por palidez, icterícia, elevação dos níveis de bilirrubina indireta, do urobilinogênio urinário e do número de reticulócitos. A contínua e elevada excreção de bilirrubinas resulta, frequentemente, em formação de cálculos de vesícula contendo bilirrubinato. Entretanto, diferente das outras anemias hemolíticas, pacientes com doenças falciformes não costumam apresentar esplenomegalia porque, repetidos episódios de vaso-oclusão determinam fibrose e atrofia do baço. E também causa infecção, dores, distúrbio de visão, fadiga, entre outros. (DI NUZZO e FONSECA, 2004). 4 1.5. TRATAMENTOS Recomenda-se uma abordagem holística em relação ao tratamento, com ênfase na educação do paciente e orientação sobre o manejo doméstico, bem como nas necessidades clínicas imediatas. O transplante de medula óssea é o único tratamento curativo, mas é pouco usado em virtude da falta de doadores de medula óssea compatíveis, do custo e dos riscos (mortalidade de 10% em crianças). Em crianças pequenas, o principal objetivo do tratamento é a melhoria da sobrevida por meio da redução da ameaça de infecções. E a administração de medicamentos, a realização de transfusão de sangue, também são opções de tratamento para aqueles que apresentam anemia falciforme. (LANZKRON, 2018).