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Aulas 2 e 3 Se adotada a teoria da tripartição, os empréstimos compulsórios seriam impostos restituíveis. Na teoria da pentapartição (adotada pelo STF), é espécie tributária autônoma, regida pelo art. 148 da CF. Os empréstimos compulsórios só podem ser instituídos por lei complementar. Embora sua instituição se dê em casos em que há a presença de relevância e urgência, não podem ser criados por Medida Provisória. Só podem ser instituídos pela União. Trata-se de competência exclusiva e indelegável, portanto jamais poderão ser criados por Estados ou Municípios. * não confundir a guerra externa prevista no inciso I do art. 148 com a competência residual da União para instituição de impostos extraordinários no caso de guerra externa! O imposto extraordinário, além de não depender de lei complementar, não enseja restituição, ao contrário dos empréstimos compulsórios. No caso de guerra e calamidade a urgência e relevância são maiores, motivo pelo qual não se submetem à observância dos princípios da anterioridade e noventena. Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Aulas 2 e 3 No caso do investimento público, além da relevância e urgência, há a necessidade de se observar o princípio da anterioridade. * Os empréstimos compulsórios, embora não vinculados quanto ao fato gerador (independem de atuação estatal específica), são tributos de arrecadação vinculada, ou seja, o montante arrecadado só pode ser utilizado para as despesas que justificaram sua instituição. ↳ o inciso III do art. 15 do CTN não foi recepcionado pela CF/88. * os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, porém restituíveis. Por isso, o parágrafo único prevê a obrigatoriedade de fixação de prazo e condições para devolução do montante. Na teoria tripartida, seria um imposto, com a peculiaridade de ter arrecadação vinculada; Na teoria da pentapartição é espécie tributária autônoma, regida pelos arts. 149 e 149-A da CF. De acordo com o art. 149 da CF/88, são três as contribuições especiais: contribuições sociais, contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE ou contribuições interventivas) e contribuições de interesses das categorias profissionais ou econômicas (contribuições corporativas). A competência para a instituição dessas contribuições é exclusiva da União. CTN - Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: I - guerra externa, ou sua iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis; III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. Aulas 2 e 3 ↳ EXCEÇÃO: os Estados, DF e Municípios podem criar contribuição social destinada à previdência de seus servidores públicos. 1. Subespécies Contribuições sociais Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) Contribuições corporativas Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) Seguridade social: são contribuições que abrangem tanto a previdência social quanto a assistência social e saúde. Suas regras específicas estão previstas no art. 195 da CF/88. Contribuições residuais: também são para seguridade, mas instituem novas contribuições, não previstas na Constituição, por meio de lei complementar. Devem ser não cumulativas e ter base de cálculo e fato gerador diferentes dos de outras contribuições sociais. * Ou seja, a exigência de lei complementar só é aplicável para a criação de novas contribuições (de competência residual da União). Para a criação daquelas cujas fontes já constam da Constituição (previstas no art. 195), utiliza-se lei ordinária. Contribuições sociais gerais: são aquelas destinadas a atuações da União nas áreas sociais que não se enquadram nos subsistemas da seguridade social (saúde, previdência e assistência social). O maior exemplo é a contribuição social para o salário-educação. - seguridade social - contribuições sociais residuais - contribuições sociais gerais Aulas 2 e 3 – A competência é exclusiva da União e seu exercício pode se dar por meio de lei ordinária ou medida provisória. São tributos extrafiscais, pois sua finalidade precípua não é arrecadar recursos, mas sim intervir numa situação social econômica. Nas CIDE, a intervenção ocorre pela destinação do produto da arrecadação a uma determinada atividade, que, justamente por esse reforço orçamentário, é incentivada. * o maior exemplo é a CIDE-combustíveis, mas não é o único. O STF também considera como CIDE, por exemplo, a contribuição devida ao SEBRAE. ↳ a destinação da arrecadação da CIDE-combustíveis está prevista no inciso II do §4º do art. 177: ↳ a finalidade prevista na alínea “c” é a única com destinação possível para Estados, DF e Municípios, sendo o único tributo, que não é imposto, cuja receita é distribuída aos demais entes federativos. O disposto nas alíneas “a” e “b” é de arrecadação exclusiva da União. Art. 177. Constituem monopólio da União: (...) § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso; b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; II - os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. Aulas 2 e 3 São tributos criados pela União com o objetivo parafiscal de obter recursos destinados ao financiamento de atividades de interesse das instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas. Os conselhos que fiscalizam profissões regulamentadas são considerados autarquias federais que exercem poder de polícia ao fiscalizar o exercício profissional e defender suas prerrogativas, de modo que as anuidades pagas a esses conselhos são tributos. * Importante: a OAB era uma exceção a esse entendimento, pois tem natureza jurídica sui generis, não se enquadrando no conceito de autarquia. Contudo, em 2020 o STF discutiu a constitucionalidade da previsão inserida no Estatuto da OAB sobre a possibilidade de suspensão do exercício da atividade como uma das consequências do inadimplemento da anuidade. Levou-se em consideração o princípio que proíbe a utilização de sanções políticas como meio de cobrança indireta de tributos. Neste julgamento, o STF entendeu que a anuidade devida à OAB se referia a um tributo. O entendimento de ser inconstitucional a cobrança do serviço de iluminação pública por meio de taxa (SÚM. Vinc. 41), resultou na inclusão do art. 149-A no texto constitucional, que prevê a instituição da contribuição de iluminação pública pelos Municípios e pelo DF. O parágrafo único deste artigo possibilita a cobrança da contribuição na faturade consumo de energia elétrica. Questionado, o STF entendeu que o legislador constituinte vislumbrou a possibilidade do cálculo da contribuição ser realizado em função do consumo individual, declarando ser proporcional sua cobrança de forma progressiva pelo consumo, por Aulas 2 e 3 não ser possível a identificação dos usuários e mensuração da utilização do serviço. O STF entendeu que a COSIP não ofende o princípio da isonomia, e a progressividade da alíquota não ofende o princípio da capacidade contributiva. Além disso, considerou constitucional a aplicação dos recursos arrecadados não só no custeio, mas na expansão e aprimoramento da rede de iluminação pública. Ademais, a característica principal das contribuições, que as difere dos impostos, é o fato de a receita estar vinculada a determinadas despesas. Também não se confundem com as taxas por não ser possível a individualização do serviço, sendo, portanto, um tributo sui generis, no entendimento do STF.