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Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon Nessa terceira parte do exame da motricidade serão avaliados a coordenação, a estática e a marcha. Coordenação O cerebelo é o centro da coordenação motora, estando na função dos controladores. Se não houvesse o cerebelo, os músculos não iriam conseguir fazer a sequência harmônica dos movimentos (contração e relaxamento). Então, a coordenação motora não necessariamente irá dar força muscular, mas irá harmonizar o movimento. Atividade motora ordenada, regular e harmônica. A preservação da força muscular é um pré-requisito para a manutenção da coordenação. O cerebelo é o centro da coordenação motora. O Cerebelo o O cerebelo é dividido filogeneticamente em: Arquicerebelo: Lobo Floculo Nodular Paleocerebelo: Vermis Neocerebelo: Hemisférios Cerebelares o Diferente da via piramidal, nas alterações cerebelares, as características sindrômicas são homolaterais. Isso porque as vias cerebelares têm duplo cruzamento. Então, se há uma lesão no hemisfério cerebelar esquerdo, a alteração de coordenação será à esquerda. Transcrição – Aula 3 (P1) http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjviOTKgorMAhUKCpAKHW0UAMEQjRwIBw&url=http://slideplayer.es/slide/8090724/&psig=AFQjCNE93gn2NSvQCZSN0RfvNShWCxxwmw&ust=1460580884320718 Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon Dependendo da área da lesão do cerebelo, a clínica se manifesta de formas diferentes. Caso acometa toda a área cerebelar, a clínica terá as características associadas. Se houver uma alteração mais axial, pode-se pensar que a alteração está na região do vermis ou do lobo floculo-nodular. Se houver uma alteração mais apendicular, pode-se pensar que a alteração está na região dos hemisférios. OBS: As alterações axiais (vermis cerebelar) são relacionadas com o tronco. As alterações apendiculares (hemisférios cerebelares) são relacionadas com os membros superiores e inferiores. Exame da Coordenação Motora Dinâmica o É realizado através das seguintes manobras: Membros Superiores: manobra do dedo-nariz, movimentos alternados, Stewart-Holmes. Membros Inferiores: manobra calcanhar-joelho. Tronco: sinergismo muscular de tronco e membros. » MANOBRA DO DEDO-NARIZ: Nessa manobra avalia-se a porção apendicular (região dos hemisférios cerebelares). Técnica: com o braço em extensão e abdução, peça ao paciente, sentado, para que coloque a ponta do dedo indicador na ponta do nariz. Deve-se realiza-la com os olhos abertos, olhando para frente, e depois com os olhos fechados. OBS: Há uma variante dessa manobra chamada de Dedo-Nariz-Dedo do examinador. O examinador coloca o dedo na frente do paciente e vai pedir para que ele toque a ponta de seu dedo no nariz e depois na ponta do dedo do examinador. O paciente fica totalmente com os olhos abertos, uma vez que o examinador pode mudar o dedo de posição. » MANOBRA DE STEWART-HOLMES (RECHAÇO): Nessa manobra, não se quer ver a força do paciente, mas sim se ele controla o movimento dele. Avalia-se a porção apendicular (hemisférios cerebelares). Técnica: com o paciente sentado, realiza-se a flexão do antebraço contra a resistência oposta pelo examinador, que bruscamente a relaxa (tira a mão). É necessário que o examinador, ao retirar a mão do paciente, a coloque próxima ao rosto do paciente, para que o mesmo não se machuque caso tenha alterações. Se não houver alterações de coordenação, quando o examinador retirar a mão, o paciente consegue frear o movimento. Já no paciente que tem uma alteração no cerebelo, ele não consegue frear o movimento e irá se golpear. http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiqyreI_onMAhXHGZAKHaYAAWcQjRwIBw&url=http://www.auladeanatomia.com/neurologia/cerebelo.htm&psig=AFQjCNE93gn2NSvQCZSN0RfvNShWCxxwmw&ust=1460580884320718 Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon » MANOBRA DOS MOVIMENTOS ALTERNADOS (DIADOCOCINESIA): Nessa manobra avalia-se a porção apendicular (região dos hemisférios cerebelares). Técnica: o paciente realiza sucessivamente movimentos rápidos de pronação e supinação das mãos. » MANOBRA CALCANHAR-JOELHO: Nessa manobra avalia-se a porção apendicular (região dos hemisférios cerebelares). Técnica: com o paciente em decúbito dorsal, deve-se pedir para que ele coloque o calcanhar no joelho oposto. Para sensibilizar essa manobra, pode-se pedir para que o paciente arraste o calcanhar por toda a extensão da tíbia, até chegar no pé. OBS: tanto na manobra dedo-nariz quanto na calcanhar-joelho, o que se deve observar, além do paciente acertar o alvo (eumetria), ou errar esse alvo (dismetria) – para menos (hipometria) ou para mais (hipermetria) –, é se o paciente decompõe o movimento ou se tem um tremor cerebelar (de ação e mais amplo) ao fazer o movimento (que se acentua ao chegar no alvo). » SINERGIA DE TRONCO E MEMBROS: Nessa manobra avalia-se a porção axial (região do vermis cerebelar). Técnica: com o paciente em decúbito dorsal, peça que ele cruze as mãos sobre o peito e se levante, sentando-se. Se não houver alteração, o paciente, para levantar, irá fazer uma pressão na musculatura dos membros inferiores para servir de apoio, levantando o tronco. Se houver uma lesão do vermis cerebelar, ao paciente fazer essa pressão, as pernas irão levantar, fazendo um movimento de “gangorra”. Ao mesmo tempo que o paciente tenta levantar o tronco, ele levanta as pernas Essa alteração pode ser chamada de assinergismo de tronco e membros. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon Alterações da Coordenação o Todas as alterações da coordenação podem ser chamadas de ataxia. o O paciente pode apresentar: Tremores: cefálicos, cerebelares. Dismetrias: erra os alvos. Disdiadococinesia: dificuldade em realizar os movimentos rápidos de pronação e supinação das mãos. Nistagmo: movimentos rápidos ao fazer a mirada do olho. Pode significar uma alteração de vias cerebelares, além de uma alteração vestibular. Pode ser de uma lesão no lóbulo floculo-medular. Existe um nistagmo fisiológico, chamado nistagmo posicional. Ocorre quando se faz uma hiperabdução do olho, podendo o paciente realizar essa movimentação rápida do olho até ele fixar o olhar no alvo. Marcha Atáxica: Vestibular: ocorre em processos de alteração vestibular, podendo ser periférica, no 8º nervo craniano. Labirintopatia é um exemplo. Proprioceptiva: o paciente perde a noção de posição segmentar, não conseguindo manter o calcanhar no solo com força para sentir onde ele está pisando. Ebriosa/Cerebelar: é como se o paciente estivesse bêbado, ele anda em ziguezague. Em uma lesão que está anatomicamente no Hemisfério cerebelar, o paciente vai apresentar uma ataxia apendicular, tendo dismetria, decomposição dos movimentos e disdiadococinesia. Hipóteses diagnósticas: AVC, neoplasias (processos expansivos), Esclerose Múltipla. Em uma lesão do Vermis cerebelar, o paciente irá apresentar ataxia axial e disartria (dificuldade para articular a palavra), sendo a fala desses pacientes chamada de “palavra escandida/silabada”, justamente por ele “decompor” as palavras ao falar. Hipóteses diagnósticas: degeneração cerebelar alcóolica (o álcool lesa não só os nervos periféricos, mas também aumenta as chances de um AVC, e causa a degeneração das células de Purkinje do cerebelo) e neoplasias. Em uma lesão no Lóbulo Floculo-Nodular, o paciente irá apresentar, além das alterações de equilíbrio, um nistagmo. Hipóteses diagnósticas: AVC, neoplasias. Em uma lesão pancerebelar (em todo o cerebelo), o paciente irá apresentar uma combinação de todos os sintomas já descritos acima. Ocorre muito em doenças geneticamente determinadas. Hipóteses diagnósticas: Degeneração cerebelar paraneoplásica, doenças genéticas (ataxias espinocerebelares – o cerebelo vai atrofiando), e alguns medicamentos (é reversível) como a metoclopramida. A metoclopramida, principalmente em crianças, causa distúrbios extrapiramidais e alterações cerebelares. O paciente tem acatisia (não consegue ficar parado) e alterações de coordenação. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon OBS: As encefalites (neuroinfecção) também são alterações pancerebelares. Na cerebelite (ocorre muito em crianças), o paciente fica sem coordenação, de uma forma global, tanto nas provas axiais quanto nas apendiculares. Estática Os mecanismos neurológicos envolvidos no equilíbrio estático são: Sistema motor: preservação da motricidade e da força. Sensibilidade proprioceptiva: noção de posição segmentar do corpo no espaço (batiestesia). Visão. Cerebelo. Sistema vestibular. OBS: Se pensarmos somente na aferência da estática (estímulos de fora para dentro), podemos ter um tripé da estática: a sensibilidade proprioceptiva, a visão e o sistema vestibular. Pesquisa do Equilíbrio / Estática Pesquisa do Sinal de Romberg: o paciente deve estar de pé, com os braços ao longo do corpo (ou cruzados no tronco), pés unidos e olhos fechados. Deve-se observar se o paciente permanece sem se mover. Pede-se ao paciente para ficar por 30 segundos com os olhos abertos nessa condição, e depois pede-se para ele fechar os olhos, também por 30 segundos. O examinador fica atrás do paciente, para que o auxilie caso haja queda. Positividade da prova (Sinal de Romberg positivo): quando o paciente fecha os olhos e, nesse momento, ocorrem oscilações corpóreas com queda em qualquer direção. Sinal de Romberg sensibilizado: é uma forma de sensibilizar o sinal para sua pesquisa. Pede-se ao paciente para que coloque um pé na frente do outro e feche os olhos. o Sinal de Romberg: Sinal de Romberg proprioceptivo: o paciente, quando fecha os olhos, tem uma queda abrupta para qualquer lado ou tem oscilações corpóreas. Ocorre em distúrbios da sensibilidade profunda: neuropatia diabética, tabes dorsalis (na neurosífilis), mielopatia do HIV (mielopatia vacuolar), carência de vitamina B12 (causa uma mielopatia). Em todas essas doenças há uma lesão no cordão posterior da medula. Sinal de Romberg vestibular: o paciente, quando fecha os olhos, pode ter um período de latência (está equilibrado) e depois ele tende à queda sempre para o mesmo lado (geralmente para o lado que ele tem o distúrbio vestibular – homolateral). Ocorre em distúrbios vestibulares: labirintopatias, por exemplo, em que os pacientes têm vertigem, zumbidos no ouvido, alterações do equilíbrio, marcha vestibular. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon Marcha A marcha constitui a síntese de toda a motricidade do indivíduo. É um ato fundamentalmente automático, porém ao longo do desenvolvimento motor passa por outras instâncias do sistema motor. Há 3 tipos de marcha: Marcha reflexa: é o reflexo da marcha, sendo um reflexo primitivo. Acontece em recém-nascidos e bebês, desaparecendo ao ocorrer a maturação do sistema nervoso. Marcha voluntária: ocorre de acordo com o aprendizado da marcha, quando a criança começa a andar. Ocorre também quando o indivíduo deseja mudar de direção, acelerar ou diminuir os passos. Marcha automática: ocorre na maior parte do tempo, é uma marcha fundamentalmente automática, até para poupar energia. O ciclo da marcha se inicia quando o paciente coloca o calcanhar no solo, e vai até o mesmo calcanhar bater no solo novamente. Mecanismos Neurológicos Envolvidos na Marcha o Sistema extrapiramidal: deve estar íntegro, juntamente com os movimentos automáticos associados. O principal movimento automático associado na marcha é o movimento dos braços. Um paciente que tem uma síndrome parkisoniana perde esse movimento automático dos braços, ficando ao longo do corpo. o Labirinto: serve para dar equilíbrio na marcha, para a correção necessária para a posição da cabeça. o Visão: dá a percepção espacial, onde se está andando. o Sensibilidade Proprioceptiva: percepção do corpo e de suas partes (sentido de posição e movimento do corpo). o Sistema Piramidal: é o sistema da motricidade voluntária, dando a atitude ereta e as mudanças na marcha. Iniciar ou parar a marcha, mudar a direção. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon Exame da Marcha o Observar: Início da marcha: como o paciente começa a andar, se há alguma dificuldade. Posição do eixo do corpo: se o paciente está em uma atitude ereta, se tem uma postura de Wernicke Mann, se tem rigidez, anteroflexão. Movimentos associados dos braços: se o paciente tem o balanço dos braços enquanto anda. Direção e trajeto: se o paciente segue uma linha reta ao fazer o trajeto, se ele faz um ziguezague. Mudanças rápidas de trajeto: observar como é a mudança de trajeto do paciente. Movimento de elevação da coxa: como o paciente eleva a coxa, se essa elevação está menor ou maior. Movimento de dorsiflexão do pé: se o paciente tem esse movimento do pé quando anda ou se o pé está mais caído. Tônus do membro inferior. Base entre um maléolo e outro: normalmente, quando se anda, a distância entre um maléolo e outro é de 5 cm. Em um paciente que tem uma ataxia, seja ela cerebelar ou proprioceptiva, a base de sustentação estará aumentada. o Pedir ao paciente para: Andar em tandem: andar com um pé na frente do outro (o calcanhar de um dos pés bate nos dedos do outro pé). Andar na ponta dos pés. Andar nos calcanhares: “andar para trás”, pedir para o paciente voltar o caminho com os calcanhares. Pular em um pé só: não é muito realizado. DEFINIÇÃO DOS TERMOS Astasia: impossibilidade de manter-se de pé. Abasia: impossibilidade de andar. Astasia-abasia: tanto impossibilidade de se manter em pé quanto de andar. Disbasia: qualquer dificuldade de andar. Ataxia: perda de coordenação dos movimentos, é a alteração da coordenação. Lembrando que há 3 tipos de marcha ataxica: - Atáxica cerebelar: é a marcha ebriosa, “do bêbado”. - Ataxica vestibular: é a marcha de lesão periférica. - Atáxica proprioceptiva: é a marcha de lesão do cordão posterior da medula ou da sensibilidade profunda. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon Marchas Patológicas » Marcha Hemiplégica / Ceifante / Helicópode: Tipo de lesão: piramidal. O paciente tem uma postura de Wernicke Mann, com flexão dos membros superiores e extensão dos membros inferiores. É como se o paciente fizesse um semicírculo com a perna. Há uma hipertonia elástica, com sinal do canivete. » Marcha Para-Parética Espástica / Em Tesoura: Tipo de lesão: piramidal bilateral. O paciente tem uma hipertonia bilateral, com as pernas mais espasticas. Quando ele anda, uma perna cruza sobre a outra, como uma tesoura. Tem tendência à abdução da musculatura. Exemplo: encefalopatia hipoxico-isquêmica, podendo a criança ter tido uma falta de oxigênio durante o parto, levando à uma síndrome piramidal bilateral. Na fase aguda, a criança fica totalmente hipotônica (fase deficitária), e na fase crônica a criança fica hipertônica (espastica). » Marcha Escarvante:Tipo de lesão: paralisia do nervo fibular ou do nervo ciático poplíteo externo. Ocorre em lesões periféricas (neuropatias periféricas). O paciente, como tem uma musculatura proximal normal, eleva mais a coxa e a ponta do pé arrasta no chão. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon » Marcha Parkinsoniana: Tipo de lesão: extrapiramidal (doença de Parkinson). O paciente tem uma lentidão para realizar/iniciar os movimentos, tem uma postura em anteroflexão (tronco para frente) e rígida, tem uma perda do automatismo do movimento dos braços e tem um aumento do tremor parkinsoniano (tremor “contando moedas”, assimétrico). Quando o paciente anda, inicialmente com uma lentidão, há de repente um aceleramento involuntário (festinação = aceleramento involuntário quando o paciente já está andando). Com esse aceleramento involuntário, o paciente demora mais para parar. Quando é pedido para que ele vire, ele vira como se fosse um bloco. » Marcha Cordonal / Tabética (Atáxica): Tipo de lesão: cordão posterior da medula. O paciente abre a base de sustentação, olha para o alvo e anda. Mas, na hora que ele anda, como ele perdeu a noção de posição segmentar, ele bate com força o calcanhar no chão para sentir onde está pisando. » Marcha Cerebelar / Ebriosa (Atáxica): Tipo de lesão: cerebelar. O paciente anda em ziguezague, como se estivesse bêbado. Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon » Marcha Anserina: Tipo de lesão: miopatia. É a chamada marcha do pato ou da miopatia. O paciente joga a perna para frente e faz uma rotação do quadril. Isso porque a fraqueza desse paciente é mais proximal. » Marcha Petit Pas / Pequenos Passos: Tipo de lesão: atrofia cortical. Pode ser considerada a marcha do idoso. O paciente anda em passos menores, mas não há outras alterações da marcha. Nessa marcha, é como se o pé do paciente estivesse com um imã no solo, ele arrasta o pé no chão. Pode acontecer em neuropatias degenerativas, como nas demências. Sessão de raciocínio clínico IDENTIFICAÇÃO: H A, masculino, 60 anos, branco, casado, natural de Volta Redonda, vigia. QP: “Tremor nas mãos” HDA: O paciente relata que há 1 ano vem percebendo, de modo progressivo, tremor nas mãos, que se manifesta quando está parado. Inicialmente o tremor atingia apenas o polegar esquerdo e atualmente acomete toda a mão. Após alguns meses também notou a mesma manifestação na mão direita. Os familiares informam que há piora do tremor quando o paciente está tenso e desaparece quando está dormindo. Queixa-se ainda de progressiva dificuldade de andar, de se virar ou levantar da cama nos últimos 6 meses. Refere que está se sentindo mais lento para fazer suas atividades do dia a dia. HPP: Diabetes Mellitus Tipo II, em uso de hipoglicemiante oral (não sabe informar qual), cirurgia prévia de colecistectomia (há 10 anos). H FAMILIAR: pais falecidos – IAM. H SOCIAL: nega etilismo e tabagismo. “Na marcha normal, é o indivíduo que se desloca. Na marcha patológica, é a doença que gera o andar.” Laís Molina – Med 102 PAPM IV – Prof. Ana Beatriz Calmon EXAME CLÍNICO: Sinais Vitais: PA= 130/80 mmhg Pulso= 88 bpm FR= 18 IRPM TAX= 36,8º C ACV: Pulsos carotídeos simétricos à palpação, sem sopros à ausculta. RCR 2T BNF sem sopros e sem extra-sístoles. AR: MV universalmente audível sem ruídos adventícios. ABDOME: sem visceromegalias, sem anormalidades ao exame. MEMBROS: sem edemas. EXAME NEUROLÓGICO: Ectoscopia: paciente com regular estado geral. Fácies inexpressiva (fácies hipomimética), pele úmida e seborreica. Tremor em repouso nas mãos. Postura em antero-flexão. Nível de Consciência: acordado atendendo coerentemente as solicitações. Exame das Funções Mentais e Linguagem: orientada no tempo e no espaço. Cooperativa, informando bem, sem lapsos de memória. Fala monótona e sem impostação. EXAME DA MOTRICIDADE: Inspeção: tremor de mãos, fino e bilateral, observado em repouso e que melhora quando executa o movimento. Força: Normal Reflexos Profundos e Superficiais: Normais Tônus: hipertonia plástica (sinal da roda dentada). Marcha: dificuldade de iniciar a marcha, diminuição dos movimentos associados dos membros superiores, pequenos passos e antero-pulsão. Estática: sinal de Romberg negativo. EXAME DA SENSIBILIDADE: Normal. PESQUISA DOS SINAIS MENINGORRADICULARES: Normais. EXAME DOS NERVOS CRANIANOS: I NC – Anosmia. Restante normal. 1. Qual o diagnóstico sindrômico? Síndrome Extrapiramidal – síndrome parkinsoniana. 2. Qual o diagnóstico topográfico? Lesão extrapiramidal – nos núcleos da base e no circuito de substância negra do mesencéfalo. Ocorre uma degeneração das células e substância negra do mesencéfalo (nos neurônios dopaminérgicos). 3. Qual o diagnóstico nosológico? Doença neurodegenerativa. 4. Qual sua hipótese diagnóstica? Doença de Parkinson – Parkinsionismo primário. 5. Qual o diagnóstico diferencial? Outras síndromes parkinsonianas. OBS: uma síndrome parkinsoniana não necessariamente é totalmente uma doença de Parkinson, ela pode ter outras causas. A doença de Parkinson é 100% uma síndrome parkinsoniana, mas também existem outras causas de uma síndrome parkinsoniana. Há pacientes que usam determinados medicamentos que podem levar à uma síndrome parkinsoniana, por exemplo. Há também quadros expansivos, infecciosos.
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