Buscar

ALINA VARGAS DA SILVA SAADI (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 57 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
 
SÍNDROME CEREBELAR: 
Alterações no controle motor decorrentes de lesões 
cerebelares 
 
 
Por: Alina Vargas da Silva Saadi 
 
Orientador: Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas 
 
 
Rio de Janeiro 
Julho 2004
 
 
2
 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO VEZ DO MESTRE 
Psicomotricidade 
 
 
 
 
 
SÍNDROME CEREBELAR: 
Alterações no controle motor decorrentes de lesões 
cerebelares 
 
Por:Alina Vargas da Silva Saadi 
 
 
Trabalho apresentado em cumprimento 
as exigências para obtenção do grau 
de especialista no curso de pós-
graduação em psicomotricidade da 
Universidade Candido Mendes no 
projeto a vez do mestre. 
 
 
Rio de Janeiro 
Julho 2004 
 
 
3
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus e a todos que de alguma forma 
contribuíram para esse momento, aos 
meus pais pelo apoio, ao meu filho 
“Eduardinho”, pela compreesão dos 
horários, aos professores pelo grande 
estímulo para a compreensão da 
psicomotricidade e, em especial, a meu 
marido Eduardo por toda a sua ajuda, 
apoio e companheirismo. 
 
 
 
4
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos pacientes 
com distúrbios cerebelares que podem 
obter mais um auxílio através de idéias 
e atividades apresentadas no mesmo. 
E ao meu grande amigo e companheiro 
Eduardo Saadi, que tanto me auxiliou 
nas pesquisas. 
 
 
5
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não importa o tamanho de nossos 
obstáculos, mas o tamanho da 
motivação que temos para superá-los. 
Ser feliz não é ter uma vida perfeita. 
Ser feliz é reconhecer que vale a pena 
viver, apesar de todos os desafios, 
perdas e frustrações. 
 Augusto Cury 
 
 
 
6
 
RESUMO 
Este trabalho tem como objetivo mostrar as alterações no controle motor 
decorrentes de lesão cerebelar, em paciente entre 55 a 70 anos de idade do 
sexo masculino. Descreveremos sobre a lesão cerebelar, pois o cerebelo é o 
órgão regulador e centro coletor de todas as informações possíveis sobre o 
estado físico e instantâneo do corpo. O cerebelo funciona como um 
mecanismo comparador e corretor de erros, também funciona na 
modificação de comandos corticais para os movimentos subseqüentes. Para 
explorarmos esse assunto, a metodologia utilizada foi a pesquisa 
bibliográfica. A essência do capítulo um é descrever a anatomia do cerebelo, 
suas divisões, núcleos, conexões e aspectos funcionais. Já o segundo 
capíitulo se preocupou em mostrar todas as disfunções cerebelares: ataxia e 
todos os seus transtornos, hipotonia e nistagmo. E o capítulo três tem como 
essência a recuperação das lesões cerebelares, incluindo sua avaliação e 
tratamento. Todos os assuntos abordados teve como base as pesquisas 
apresentadas por Machado (1993), e Umphred (1994); pacientes com 
disfunção cerebelar, dependendo do grau de acometimento muitas vezes 
não conseguem realizar funções de suas atividades de vida diária. O 
trabalho da fisioterapia com a psicomotricidade visa não somente a melhora 
da função motora, como também o aspecto psicosocial desse indivíduo, 
reintegrando esse indivíduo a sociedade de forma ativa e plena. Concluímos 
que com base nos dados apresentados da anatomia do cerebelo, suas 
funções e lesões, esses pacientes com tratamento adequado conseguem se 
recuperar e tornar-se independentes. É importante falar do controle motor, 
pois é essencial à vida. 
Palavras chaves: Cerebelo. Ataxia. Disfunção cerebelar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 08 
1. ANATOMIA E DIVISÕES DO CEREBELO 11 
2. DISFUNÇÃO CEREBELAR E SUAS CARACTERÍSTICAS 22 
3. FISIOTERAPIA E PSICOMOTRICIDADE, METAS E TRATAMENTO 31 
CONCLUSÃO 45 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48 
ANEXOS 49 
ÍNDICE 55 
FOLHA DE AVALIAÇÃO 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
8
 
INTRODUÇÃO 
Esta pesquisa originou-se de um grande interesse pelo estudo do 
cerebelo, e a importância desse órgão na vida de todas as pessoas. O ser 
humano na sua complexidade precisa do psico (área psíquica), e do motor 
(área motora), para coexistir. Os fisioterapeutas lutam para compreender os 
emaranhados da função cerebelar. O comportamento motor evolui a partir 
de um complexo conjunto de processos neurológicos e mecânicos que 
determinam a natureza dos movimentos. Alguns movimentos são 
genéticamente pré-determinados e se tornam aparentes através dos 
processos de crescimento e desenvolvimento normais. São exemplos 
desses movimentos, os padrões reflexos que predominam durante grande 
parte do início de nossas vidas. Outros movimentos, denominados 
habilidades motoras, são aprendidos através da interação e exploração do 
ambiente. Assim, a prática e a experiência são importantes variáveis na 
definição do aprendizado motor e desenvolvimento das habilidades 
motoras.Tanto os padrões reflexos quanto as habilidades motoras estão 
sujeitos ao controle do Sistema nervoso central (SNC), que organiza vastas 
quantidades de informações sensoriais e produz os comandos necessários 
para o movimento coordenado. 
 O cerebelo funciona como um mecanismo comparador e corretor de 
erros. Também funciona na modificação de comandos corticais para os 
movimentos subseqüentes. O cerebelo difere fundamentalmente do cérebro 
porque funciona sempre em nível involuntário e inconsciente, sendo sua 
função exclusivamente motora. O cerebelo é o centro controlador das vias 
extrapiramidal ou seja, responsável pelos movimentos automáticos, que 
após ocorrer uma lesão, terão que ser aprendidos ou melhor dizendo 
reaprendidos. Temos como objetivo geral, mostrar as alterações no controle 
motor decorrente de lesão cerebelar, ocorrendo a lesão quais alterações no 
controle motor seria apresentada por esses pacientes, e o grupo de 
pacientes escolhido para esse trabalho, foi o de pacientes entre a faixa 
etária de 55 a 70 anos de idade, do sexo masculino. Adotamos como 
 
 
9
 
procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica, com dados de autores 
que discutem sobre a importância do cerebelo no controle motor. 
 Para descrevermos sobre lesão cerebelar primeiro, precisamos 
estudar sua forma anatômica e divisões,como estabelecido no primeiro 
capítulo. De grande importância é a divisão filogenética do cerebelo, que 
indica a existência de três fases na filogênese do órgão, as quais podem ser 
correlacionadas com a complexidade de movimentos realizados pelo grupo 
de vertebrados característicos de cada fase. O pricipal objetivo de se 
conhecer a divisão filogenética é que saberemos pelas suas características 
apresentadas qual área está sendo lesada, como por exemplo, o 
arqueocerebelo surgido na primeira fase está relacionado com o equilíbrio; a 
segunda fase da divisão o paleocerebelo, está relacionado com as 
informações sobre o grau de contração dos músculos; e a terceira fase o 
neocerebelo, está relacionada com controle dos movimentos finos. De 
acordo com Machado (1993), não dá para falar sobre lesão cerebelar sem 
conhecer as características do cerebelo e as suas divisões. 
 O cerebelo pode ser lesionado em várias condições, porém as 
principais são: tumores, acidentes vasculares cerebrais (AVC), processos 
degenerativos (distúrbios neurológicos e genéticos), defeitos genéticos, 
processos desmielinizantes e infecções, levando assim o paciente a 
apresentar as disfunções cerebelares visto no segundo capítulo; o objetivo 
principal de se saber qual o mecanismo de lesão, é para uma melhor noção 
do tempo de recuperação desse paciente, segundo Umphred (1994), quanto 
mais agudo for o aparecimento, exemplo: acidente vascular cerebral, 
traumatismo craniano, mais difícil será a recuperação; quanto mais lenta for 
a instalação como por exemplo um processo degenerativo, mais fácil se 
torna a recuperação desse indivíduo. 
 No terceiro capítulo abordamos a recuperação das lesões 
cerebelares, mais para que essa recuperação ocorra é indispensável uma 
boa avaliação das funções do controle motor que baseia-se amplamente 
numa apreciação subjetiva da função. A chave para avaliação e reavaliação 
 
 
10
 
bem sucedida, é a avaliação cuidadosa, sistemática e o registro acurado 
dos resultados. De acordo com Umphred (1994), a avaliação de um paciente 
com lesão cerebelar deve incluir pontos determinados de capacidades 
funcionais como : mobilidade e postura no leito, habilidade para sentar a 
partir da posição sentada, manutenção da postura sentada e a habilidade 
para ficar em pé, ou seja o principal objetivo é avaliar como o paciente 
realiza cada tarefa a que se deu o comando, para observar as suas 
limitações e assim elaborar um tratamento para que tenha um melhor êxito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11
 
1. ANATOMIA E DIVISÕES DO CEREBELO 
O cerebelo deriva da parte dorsal do mentecéfalo e fica situado 
dorsalmente ao bulbo e à ponte, contribuindo para a formação do tecto do IV 
ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e esta 
separado do lobo occipital do cérebro por uma prega da dura-máter 
denominada tenda do cerebelo. Liga-se à medula e ao bulbo pelo pedúnculo 
cerebelar inferior à ponte e mesencéfalo pelos pedúnculos cerebelares 
médio e superior. 
Observa-se no cerebelo uma porção ímpar e mediana, o vérmis, 
ligado a duas grandes massas laterais, os hemisférios cerebelares, (ver 
anexo 1.1). O vérmis é pouco separado dos hemisférios na face superior do 
cerebelo, o que não ocorre na face inferior, onde dois sulcos bem evidentes 
o separam das partes laterais, (ver anexo 1.2). 
A superfície do cerebelo apresenta sulcos de direção 
predominantemente transversal, que delimitam lâminas finas denominadas 
folhas do cerebelo. Existem também sulcos mais pronunciados, as fissuras 
do cerebelo, que delimitam lóbulos, cada um deles podendo conter várias 
folhas. Assim, o cerebelo é constituído de um centro de substância branca, o 
corpo medular do cerebelo, de onde irradiam as lâminas brancas do 
cerebelo, revestidas externamente por uma fina camada de substância 
cinzenta, o córtex cerebelar. O corpo medular do cerebelo com as lâminas 
brancas que dele irradiam, quando vistas em cortes sagitais recebem o 
nome de árvore da vida. No interior do corpo medular existem quatro pares 
de núcleos de substância cinzenta, que são os núcleos do cerebelo: 
denteado, emboliforme, globoso e fastigial. Destes núcleos, somente o 
denteado é identificável macroscópicamente. 
A divisão do cerebelo em lóbulos não tem nenhuma importância 
funcional, tem apenas importância topográfica. Existe apenas um lóbulo 
importante que é o flóculo, situado logo abaixo do ponto em que o pedúnculo 
cerebelar médio penetra no cerebelo, próximo ao nervo vestíbulo-coclear e 
 
 
12
 
liga-se ao nódulo, lóbulo do vérmis, pelo pedúnculo do flóculo. As tonsilas 
são bem evidentes na face inferior do cerebelo, projetando-se medialmente 
sobre a face dorsal do bulbo. Esta relação é importante pois em certos casos 
de hipertensão craniana as tonsilas podem comprimir o bulbo com graves 
conseqüências. Isto decorre, por exemplo, de acidentes nas punções 
lombares, quando a retirada do líquor diminui subtamente a pressão no 
espaço subaracnódio da medula.Quando isso ocorre e a pressão 
intracraniana fica aumentada, as tonsilas podem ser deslocadas 
caudalmente, penetrar no forame magno e comprimir o bulbo. A compressão 
do bulbo pode levar a lesão dos nervos cranianos, IX glossofaríngico, X 
acessório, XII hipoglosso. 
O movimento, as ações, enfim, a integração do homem às 
condições do meio ambiente estão na dependência de um 
sistema muito especial , chamado sistema nervoso (OLIVEIRA, 
1997, p.16). 
O cerebelo e o cérebro são dois órgãos que constituem o sistema 
nervoso supra-segmentar. E possui uma organização muito semelhante e 
completamente diferente da dos órgãos do sistema nervoso 
segmentar.Tanto o cerebelo como o cérebro apresentam um córtex que 
envolve um centro de substância branca ( o centro medular do cérebro e o 
corpo medular do cerebelo ), onde pode ser observadas massas de 
substância cinzenta (os núcleos centrais do cerebelo e os núcleos da base 
do cérebro). Entretanto a estrutura fina do cérebro é muito mais complexa 
que a do cerebelo. 
Do ponto de vista fisiológico o cerebelo se difere fundamentalmente 
do cérebro porque funciona sempre no nível involuntário e inconsciente, 
sendo sua função exclusivamente motora. 
1.1. Divisão ontogenética e filogenética 
Quando se divide simplesmente de forma anatômica em vérmis e 
hemisférios cerebelares é inadequada do ponto de vista funcional e 
clínico.Surgiram várias tentativas de se agruparem os lóbulos cerebelares 
em áreas maiores, lobos, que tivessem significado funcional mais evidente. 
 
 
13
 
A divisão mais aceita pela neurociência baseia-se principalmente na 
ontogênese do cerebelo e leva em conta o fato de que a primeira fissura que 
aparece durante o desenvolvimento do órgão é a póstero lateral. Assim, ela 
divide o cerebelo em duas partes muito desiguais: o lobo flóculo-nodular; 
formado pelo flóculo e pelo nódulo; e o corpo do cerebelo, formado pelo 
resto do órgão. Logo após aparece a fissura prima, que divide o corpo do 
cerebelo em lobo anterior e lobo posterior, (conforme anexo 1.3). 
Divisão ontogenética - corpo do cerebelo { lobo anterior e posterior} 
 - lobo flóculo – nodular 
De grande importância é a divisão filogenética do cerebelo, que indica 
a existência de três fases na filogênese do órgão, as quais podem ser 
correlacionadas com a complexidade de movimentosrealizados pelo grupo 
de vertebrados característicos de cada fase. 
1ª fase – A primeira fase da evolução do cerebelo surgiu com o 
aparecimento dos vertebrados mais primitivos, os ciclóstomos, como a 
lampreia. Estes animais são desprovidos de membros e têm movimentos 
ondulatórios muito simples, havendo, entretanto, a necessidade de se 
manterem em equilíbrio no meio líquido. Para isso, o cerebelo recebe 
impulsos dos canais semicirculares ( localizados na parte vestibular do 
ouvido interno), que informam sobre a posição do animal e permitem ao 
cerebelo coordenar a atividade muscular, de modo a manter o animal em 
equilíbrio. Portanto, o cerebelo surgido nesta fase se chama arquicerebelo, 
tem conexões vestibulares e é também denominado cerebelo vestibular. 
2ª fase - O cerebelo da segunda fase surgiu com os peixes. Pois, 
estes já possuem membros (nadadeiras) e são capazes de realizar 
movimentos mais elaborados que os ciclóstomos. Neles surgiram, pela 
primeira vez, receptores especiais denominados fusos neuromusculares e 
órgãos neurotendíneos, que originam impulsos nervosos deniminados 
proprioceptivos, os quais, após um trajeto pela medula espinhal e bulbo, 
chegam ao cerebelo, levando informações sobre o grau de contração dos 
 
 
14
 
músculos. É importante saber estas informações para a regulação do tônus 
muscular e da postura do animal. A parte do cerebelo que surgiu nesta fase, 
adicionando-se ao arquicerebelo, é denominada paleocerebelo. O 
paliocerebelo tem conexões principalmente com a medula espinhal, também 
sendo denominado de cerebelo espinhal. 
3ª fase – A terceira fase do cerebelo surgiu com os mamíferos que 
desenvolveram a capacidade de utilizar os membros para movimentos 
delicados e assimétricos, os quais requerem uma coordenação nervosa 
muito elaborada. Ao mesmo tempo houve grande desenvolvimento do córtex 
cerebral, com o qual o cerebelo passou a manter amplas conexões. Surgiu 
então nesta fase da evolução do cerebelo o neocerebelo. O neocerebelo 
relaciona-se com o controle de movimentos finos, suas conexões com o 
córtex cerebral, é denominado também cerebelo cortical. 
No sistema nervoso, as partes que vão surgindo durante a evolução 
continuam a existir nos animais mais avançados, onde, de um modo geral, 
mantêm as mesmas conexões e funções que tinham nos ancestrais. Assim, 
o cerebelo do homem é formado de três partes: arqui, pálio e neocerebelo, 
que tem aproximadamente as mesmas conexões e funções que foi citada 
durante a filogênese do órgão. 
O arquiocerebelo corresponde ao lobo flóculo- nodular, o 
paleocerebelo ao lobo anterior mais a pirâmide e a úvula, 
enquanto o neocerebelo corresponde ao resto do lobo posterior 
(MACHADO, 1993 p. 53 ) (ver anexo 1.3). 
1.2. Núcleos centrais do corpo medular do cerebelo 
Os núcleos centrais do cerebelo são: Núcleo denteado; Núcleo 
emboliforme; Núcleo globoso e Núcleo fastigial. O núcleo denteado é o 
maior dos núcleos centrais do cerebelo e assemelha-se ao núcleo olivar 
inferior, que localiza-se mais lateralmente. Entre os núcleos fastigial e 
denteado localizam-se os núcleos globoso e emboliforme. Estes dois 
núcleos se parecem tanto do ponto de vista funcional como estrutural, sendo 
frequentemente agrupados sob o nome de núcleo interpósito. O núcleo 
 
 
15
 
fastigial localiza-se próximo ao plano mediano, em relação com o ponto 
mais alto do teto do quarto ventrículo, (ver anexo 1.4). 
Nos núcleos centrais saem fibras eferentes do cerebelo e neles 
chegam os axônios das células de Purkinje. Cada núcleo recebe os axônios 
das células de Purkije originadas em partes específicas da superfície 
cerebelar. 
O corpo medular do cerebelo é formado de substância branca e por 
fibras mielínicas, que são principalmente as seguintes:Fibras aferentes do 
cerebelo – penetram pelos pedúnculos cerebelares e se dirigem ao córtex, 
onde perdem a bainha de mielina; Fibras formadas pelos axônios da células 
de Purkinje – dirigem-se aos núcleos centrais e ao sair do córtex, tornam-se 
mielínicas. 
Ao contrário do que ocorre no cérebro, existem poucas fibras de 
associação no corpo medular do cerebelo. E essas fibras são ramos 
colaterais dos axônios das células de Purkinje. 
1.3. Conexões intrínsecas do cerebelo 
As fibras que penetram no cerebelo vão para o córtex e são de dois 
tipos: fibras musgosas e fibras trepadeiras. Sabe-se que as fibras 
trepadeiras são axônios de neurôneos situados no complexo olivar inferior, 
enquanto as fibras musgosas representam a terminação dos demais feixes 
de fibras que penetram no cerebelo. As fibras trepadeiras se enrola em torno 
dos dentritos das células de Purkinje e exerce uma potente ação excitadora, 
já as fibras musgosas, penetra no cerebelo, emite ramos colaterais e fazem 
sinapses excitadoras com os neurônios dos núcleos centrais. Em seguida, 
atingem a camada granular, onde se ramificam, terminando em sinapses 
excitadoras axodendríticas, com grande número de células granulares, que 
através das fibras paralelas se ligam às células de Purkinje. E assim é 
formado um circuito cerebelar básico, através do qual os impulsos nervosos 
que penetram no cerebelo pelas fibras musgosas ativam sucessivamente os 
neurônios dos núcleos centrais, as células granulares e as células de 
 
 
16
 
Purkinje, que inibem os próprios neurônios dos núcleos centrais. Assim as 
informações chegam ao cerebelo de vários setores do sistema nervoso e 
agem inicialmente sobre os neurônios dos núcleos centrais de onde saem as 
respostas eferentes do cerebelo. 
1.4. Conexões extrínsecas 
A o cerebelo chegam milhões de fibras nervosas trazendo 
informações dos mais diversos setores do sistema nervoso, que são 
processadas pelo órgão, cuja a resposta é através de um complexo sistema 
de vias eferentes. O cerebelo funciona ao contrário do cérebro, influenciando 
os neurônios motores de seu próprio lado. Por isso tanto suas vias aferentes 
como eferentes, quando não são homolaterais, sofrem duplo cruzamento, 
vão para o lado oposto e voltam para o mesmo lado. Isso é um fato 
importante para a clínica, pois a lesão de um hemisfério cerebelar dá 
sintomatologia do mesmo lado, enquanto no hemisfério cerebral a 
sintomatologia é do lado oposto. 
1.5. Conexões aferentes 
As fibras aferentes do cerebelo terminam no córtex com as fibras 
trepadeiras ou musgosas. A trepadeira origina-se no complexo olivar inferior 
e distribuem-se a todo o cerebelo. Já as musgosas distribuem-se a áreas 
específicas do cerebelo e tem origem fundamentalmente em três regiões: 
núcleos vestibulares, medula espinhal e núcleos pontinos. 
1.5.1. Fibras aferentes de origem vestibular 
Chegam ao cerebelo pelo fascículo vestíbulo – cerebelar, cujas fibras 
tem origem nos núcleos vestibulares e se distribuem principalmente ao 
arquicerebelo e também à zona medial. Trazem informações originadas na 
parte vestibular do ouvido interno, sobre a posição da cabeça, importante 
para a manutanção do equilíbrio e da postura. 
1.5.2. Fibras aferentes de origem medular 
 
 
17
 
Essas fibras são representadas principalmente pelos tractos espino-
cerebelar anterior e espino-cerebelar posterior (anexo 1.5), que penetram 
no cerebelo pelos pedúnculos cerebelar superior e inferior e terminam no 
córtex do paleocerebelo. 
Através do tractor espino-cerebelar posterior, o cerebelo recebe sinais 
sensoriais originados em receptoresproprioceptivos e, em menor grau de 
outros receptores somáticos, o que lhe permite aliviar o grau de contração 
dos músculos, tensão das cápsulas articulares e tendões, e também as 
posições e velocidades do movimento das partes do corpo. 
Porém as fibras do tracto espino-cerebelar anterior são ativadas 
principalmente pelos sinais motores que chegam a medula pelo tracto 
cortico-espinhal permitindo ao cerebelo aliviar o grau de atividade nesse 
tracto. É importante lembrar que as áreas sensoriais do cerebelo são 
diferentes das que existem no córtex cerebral, pois os impulsos que aí 
chegam não se tornam conscientes. 
1.5.3. Fibras aferentes de origem pontina 
Também chamadas de ponto-cerebelares, origina-se nos núcleos 
pontinos e penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio, 
distribuindo-se principalmente ao córtex do neocerebelo. Essas fibras fazem 
parte da via cortico-ponto-cerebelar, através da qual chegam ao cerebelo 
informações oriundas do córtex de todos os lobos cerebrais. E está 
relacionada com as áreas sensitivas, motora, da visão, da audição e da 
linguagem. 
1.6. Conexões eferentes 
As conexões eferentes do cerebelo exercem infuência sobre os 
neurônios motores da medula. Porém suas conexões não agem diretamente 
sobre esses neurônios, mais sempre através de intermediários, situados em 
áreas do tronco encefálico, do tálamo ou das próprias áreas motoras do 
córtex cerebral. As fibras eferentes do cerebelo saem de três núcleos 
 
 
18
 
centrais, que por sua vez recebem os axônios das células de Purkinje de 
cada uma das três zonas longitudinais do corpo do cerebelo. 
1.6.1. Conexões eferentes da zona medial 
Os axônios das células de Purkinje do vérmis, fazem sinapses nos 
núcleos fastigiais, de onde saem o tracto fastigiobulbar com dois tipos de 
fibras: fastigio-vestibulares e fastigio-reticulares. 
O cerebelo exerce influência sobre os neurônios motores do grupo 
medial da coluna anterior, os quais controlam a musculatura axial e proximal 
dos membros, no sentido de manter o equilíbrio e a postura. 
1.6.2. Conexões eferentes da zona intermédia 
Os axônios das células de Purkinje da zona intermédia fazem sinapse 
no núcleo interpósito, de onde saem as fibras para o núcleo rubro e para o 
tálamo do lado oposto. Com as primeiras o cerebelo influencia os neurônios 
motores pelo tracto rubro-espinhal. E os impulsos que vão para o tálamo 
seguem para as áreas motoras do córtex cerebral, onde se origina o tracto 
cortico-espinhal (anexo 1.6). A ação do núcleo interpósito se faz sobre os 
neurônios motores do grupo lateral da coluna anterior que controlam os 
músculos distais dos membros responsáveis por movimentos delicados. 
1.6.3. Conexões eferentes da zona lateral 
Na zona lateral as sinpses ocorrem com o núcleo denteado, e seguem 
para o tálamo do lado oposto e vai para as áreas motoras do córtex cerebral, 
onde se origina o tracto cortico-espinhal, (ver anexo 1.7). Através desse 
tracto, o núcleo denteado participa da atividade motora, agindo sobre a 
musculatura distal responsável por movimentos delicados. 
1.7. Aspectos funcionais do cerebelo 
A função primária do cerebelo diz respeito à coordenação da atividade 
motora, equilíbrio, tônus muscular e controle dos movimentos voluntários. 
Nem todos os mecanismos da função cerebelar foram claramente 
 
 
19
 
compreendidos, porém foi observado que lesões dessa área produzem 
padrões típicos de incoordenação, falta de equilíbrio e queda do tônus 
muscular. 
Movimentos de partes do corpo são muito afetados por sua inércia e 
por seus movimentos. Isto é, um membro necessita de certa força para que 
comece a se mover, mas uma vez que tenha começado continua a se mover 
até que uma força em oposição o faça para. Nem o córtex cerebral nem o 
gânglios basais estão organizados para levar esses fatos. Pelo contrário o 
cerebelo faz os ajustes automáticos que impedem esses fatores de distorcer 
os padrões de atividade. 
 O cerebelo (fibras aferentes e eferentes), que tem localização 
posterior ao tronco cerebral, recebe sinais dos receptores proprioceptivos 
localizados em todas as articulações, em todos os músculos, nas áreas de 
pressão do corpo e em qualquer outro ponto de onde pode ser obtida 
informação sobre o estado físico do corpo. Também são transmitidos para o 
cerebelo a partir do aparelho do equilíbrio no ouvido e até mesmo dos olhos, 
afim de definir a relação visual do corpo com o ambiente. Cada vez que o 
córtex motor, os gânglios da base ou formação reticular do tronco cerebral 
envia sinais para os músculos, e um conjunto de sinais é enviado para o 
cerebelo, ou seja, o cerebelo é o centro coletor de todas as informações 
possíveis sobre o estado físico instantâneo do corpo. O cerebelo funciona 
como um mecanismo comparador e corretor de erros. Também funciona na 
modificação de comandos corticais para os movimentos subseqüentes. 
 Uma das funções do sistema nervoso é selecionar e processar 
as informações, canalizá-las para as regiões motoras 
correspondentes do cérebro para depois emitir respostas 
adequadas de acordo com a vivência e a experiência de cada 
indivíduo (OLIVEIRA, 1997, p.17). 
O sistema nervoso central, faz uma análise de informação dos 
movimentos, determinação do nível de precisão e provisão para a correção 
do erro. Esse sistema é conhecido como sistema em alça fechada. Deve ser 
observado que nem todos os movimentos são controlados por esse sistema, 
por exemplo, movimentos esteriotipados e movimentos rápidos de curta 
 
 
20
 
duração que não permitem tempo suficiente para a ocorrência do feedback, 
são controlados por um sistema em alça aberta. 
Ü Processos de controle em alça aberta – Os programas motores 
podem ser realizados virtualmente sem a influência do “feedback” 
periférico. Um exemplo de movimentos controlados por esse 
mecanismo é a execução de seqüências motoras rápidas bem 
aprendidas, como tocar piano. Os movimentos ocorrem rápidos 
demais para permitir a ocorrência da modificação do “feedback”. 
Ü Processos de controle em alça fechada - Definido como controle de 
movimento que emprega o “feedback” contra uma refência para a sua 
correção, é determinado o erro do movimento, e são feitas as 
subseqüentes correções. Proprioceptores oculares, vestibulares, 
musculares e articulares, juntamente com os receptores selecionados 
do tato, fornecem a informação primária para análise e correção do 
movimento. Antes do movimento, o “feedback” é empregado no 
fornecimento de informações valiosas a respeito da posição de 
partida e presteza do movimento. Durante o movimento, o “feedback” 
permite a detecção dos erros e modificação do movimento. Após o 
movimento, o “feedback” auxilia na comunicação do êxito geral do 
movimento, e também assegura o aprendizado motor. Movimentos 
controlados amplamentes por processos de “feedback”, são 
movimentos necessários para a manutenção da postura e do 
equilíbrio. 
1.7.1. Manutenção do equilíbrio e da postura 
Essas funções se fazem basicamente pelo arquiocerebelo e pela zona 
medial, o vérmis, que promovem contração adequada dos músculos axiais e 
proximais dos membros, de modo a manter o equilíbrio e a postura normal, 
mesmo em condições que o corpo se desloca. A informação do cerebelo é 
transmitida aos neurônios motores pelos tractos vestíbulo-espinhal e 
retículo-espinhal. 
 
 
21
 
1.7.2. Controledo tônus muscular 
O controle do tônus muscular é realizado através da ação dos núcleos 
denteado e interpósio, agindo sobre os neurônios motores via tractos 
córticos-espinhal e rubro-espinhal. Um dos sintomas da decerebelização é a 
perda do tônus muscular. 
1.7.3. Controle dos movimentos voluntários 
O mecanismo através do qual o cerebelo controla o movimento 
envolve duas etapas: uma de planejamento do movimento e outra de 
correção. O planejamento é elaborado pela zona lateral do órgão, a partir de 
informações trazidas pela via cortico-ponto-cerebelar, áreas do córtex 
cerebral ligadas a funções psíquicas superiores, e que expressam a 
“intenção” do movimento. O plano motor é então enviado as áreas motoras 
do córtex cerebral pela via dento-tálamo-ortical e colocado em execução 
através da ativação dos neurônios apropriados dessas áreas, os quais por 
sua vez ativam os neurônios motores medulares através do tracto-córtico-
espinhal. Quando o movimento começa, passa a ser controlado pela zona 
intermédia do cerebelo. Através de inúmeras aferências sensoriais, que 
chegam pelos tractos espino-cerebelares é informada das características do 
movimento em execução, e através da via interpósito-tálamo-cortical, 
promove as devidas correções, das áreas motoras. 
 Assim sendo o papel da zona intermédia é diferente da zona lateral, 
por exemplo, movimentos rápidos, como bater a máquina, atua apenas na 
zona lateral pois não há tempo da zona intermédia receber informações 
sensoriais que lhe permita corrigir o movimento. 
 
 
 
 
 
 
22
 
2. Disfunção cerebelar 
O cerebelo pode ser lesionado em várias condições, porém as 
principais são: tumores, acidentes vasculares cerebrais (AVC), processos 
degenerativos (distúrbios neurológicos e genéticos), defeitos genéticos, 
processos desmielinizantes e infecções, levando assim o paciente a 
apresentar disfunções cerebelares. 
Usualmente se divide as síndromes cerebelares em três: 
Ü Síndrome do Arquicerebelo – ocorre devido a tumores do teto do IV 
ventrículo, que comprimem o nódulo e o pedúnculo do flóculo. 
Quando isso ocorre há somente perda do equilíbrio. Porém quando 
por qualquer um dos motivos citados acima ocorre lesão do 
arquicerebelo, provoca também ataxia do tronco e titubeação que não 
é agravada pelo fechamento dos olhos. 
Ü Síndrome do Paleocerebelo – manifesta-se por perda do equilíbrio e 
ataxia dos membros inferiores e apresenta também alguma alteração 
no tônus muscular. Em alguns casos a lesão do paleocerebelo pode 
levar a exagero dos reflexos miotáticos da musculatura de suporte. 
Ü Síndrome do Neocerebelo – responsável pela coordenação fina da 
atividade muscular, especialmente dos membros. A lesão do 
neocerebelo leva a incoordenação motora (ataxia), que pode ser 
verificada por vários sinais: dismetria, assinergia, decomposição, 
disdiadococinesia, hipotonia muscular, decomposição do movimento, 
rechaço, tremor e outros que detalharemos mais à frente. 
Do ponto de vista clínico as lesões costumam-se se dividir em lesões 
do vérmis e lesões dos hemisférios: as lesões hemisféricas manifestam-se 
nos membros do lado lesado, já a lesão do vérmis apresenta principalmente 
perda do equilíbrio e alterações na marcha. 
Basicamente as disfunções cerebelares são caracterizadas da seguinte 
 
 
23
 
forma: Transtornos da coordenação dos movimentos (ataxia),subdivididos 
em dismetria, assinergia, disdiadococinesia, decomposição do movimento, 
tremor, distúrbios da marcha e da fala; hipotonia: com os seguintes traços 
astenia, reflexos profundos do tipo “pendular”, fenômeno de rebote; 
nistagmo; as quais descreveremos a seguir: 
2.1. Ataxia 
Ataxia é o termo usado para descrever falta de coordenação 
apresentada por indivíduos com lesões cerebelares. A ataxia inclui vários 
traços distintos, porém nem todos precisam estar presentes para que uma 
pessoa seja descrita como atáxica. Por exemplo: Distúrbios da postura e do 
equilíbrio – lesões tanto agudas como as de longa duração, que afetam 
somente um lado do corpo podem levar a uma escoliose, quando o 
envolvimento é bilateral, o paciente pode assumir posições extremamente 
desleixadas e inclinadas quando sentadas, caso não haja suporte. Quando 
na posição ereta, os pacientes tem a tendência de separar os pés e usar os 
braços para ter mais equilíbrio, aumentando o seu centro de gravidade. Já 
alguns pacientes caem para um lado de forma consistente. Neste caso a 
abertura ou o fechamento dos olhos parece não influenciar no equilíbrio. O 
desvio lateral da cabeça pode ocorrer. 
2.1.1 Dismetria 
Dificuldade para colocar os membros corretamente durante o 
movimento voluntário. Normalmente pacientes com esse distúrbio 
superestimam (hipermetria), ou subestimam (hipometria) a amplitude do 
movimento necessário. Ou seja, ao querer pegar um pedaço de bolo no 
prato, ele pode ir além do pedaço ou não conseguir alcança-lo, não atinge o 
alvo. Pessoas com dano cerebelar podem também apresentar tremor 
intencional, onde a mão oscila para frente e para trás enquanto por exemplo, 
tenta tocar o seu nariz ou o calcanhar por exemplo, pode oscilar enquanto 
tenta desliza-lo para baixo sobre a canela oposta. 
Segundo Holmes (apud UMPHRED, 1994), a dismetria resulta de 
 
 
24
 
erros no nível e freqüência de produção de força. Vamos imaginar um 
paciente com lesão esquerda, ele pressiona o braço direito e o esquerdo 
contra molas de igual força, a tensão produzida pelo braço esquerdo 
apresenta lenta intensidade de surgimento e liberação do movimento 
comparada com o braço direito. 
2.1.2. Assinergia 
É a falta de associação de movimentos na realização de atos 
complexos que exijam cooperação sinérgica de vários grupos musculares. 
2.1.3 Disdiadococinesia 
Pacientes com lesões cerebelares são incapazes de fazer 
moviementos alternados rapidamente. Essa alteração pode ser demonstrada 
pedindo ao paciente para percurtir rapidamente suas mãos sobre os joelhos. 
Pessoas com lesões cerebelares, a atividade muscular antagonista, 
tipicamente se sobrepõe resultando em uma ação de quebra de 
movimentos, do ponto de atividades como escovar os dentes, e cortar a 
comida se tornem quase impossíveis de se realizar. A disdiadococinesia 
está relacionada com a dismetria, porque ambas resulta em atividade 
muscular inapropriada. 
A dismetria aparecerá como uma inabilidade para interromper um 
movimento direcionado para uma meta ou diração. Já a disdiadococinesia 
aparecerá na tentativa de reverter abruptamente a direção do movimento 
(UMPHRED, 1994). 
2.1.4 Decomposição do movimento 
A decomposição do movimento se caracteriza quando o paciente 
precisa de uma seqüência distinta, passo a passo para realizar o movimento, 
ao invés de um padrão homogêneo. Por exemplo, ao pedir para o paciente 
pegar um objeto na mesa, ele estende a mão, pega o objeto, levanta o braço 
e trás o objeto até ele, ou seja o movimento é todo dividido em fases, pensa 
em cada etapa do movimento, o paciente não consegue simplesmente 
 
 
25
 
realizar o movimento de forma automática. Esse distúrbio é chamado de 
decomposição. De acordo com Holmes(apud UMPHRED, 1994), o cerebelo 
funciona para sequenciar cadenciar os movimentos simples em um atohomogêneo e complexo. Na ausência dessa função, o movimento se torna 
separado em componentes individuais. 
Observou-se o resfriamento temporário do núcleo denteados em 
macacos levou ao distúrbio de decomposição do movimento. 
2.1.5. Tremor 
Trata-se de um tremor característicos, que acentua ao final do 
movimento ou quando o paciente está prestes a atingir um objetivo, como 
por exemplo, apanhar um objeto (tremor intencional). Os mecanismos do 
tremor postural estão longe de serem esclarecidos. Os mecanismos para o 
tremor postural e tremor intencional (tremor durante o movimento), podem 
não ser idênticos quando se administra L-Dopa alivia o tremor postural, mas 
não o tremor intencional, e também nem sempre os dois tremores são 
conscientes. 
O tremor postural da doença cerebelar também apresenta difereças 
do tremor de repouso típico do parkinsonismo. O tremor do parkinson tem 
uma freqüência mais alta e pode persistir mesmo com a pessoa deitada e 
relaxada. O envolvimento da musculatura distal, prevalece mais no tremor 
parkinsoniano que no tremor postural cerebelar. 
Pacientes com tremor postural apresentam o tremor somente quando 
tentam manter uma posição fixa, e não necessáriamente o tempo todo. 
As oscilações mecânicas de um membro estabilizado podem na 
verdade reforçar a oscilação de baixa freqüência do membro em 
um paciente com doença cerebelar e levam a um tremor postural 
observável, mas não necessariamente um tremor de movimento 
(UMPHRED, 1994, p. 598). 
2.1.6. Distúrbios da marcha 
Os distúrbios da marcha é apresentado da sequinte maneira: não 
existe balanço dos braços, o paciente não consegue andar em linha reta 
 
 
26
 
sem cair, os passos são completamente desiguais e os pés podem ficar 
próximos demais ou afastados demais, podem levantar sem ritmo ou altura 
regulares. 
Os distúrbios da marcha podem também ocorrer em combinação com 
outros problemas nas lesões cerebelares. O comprometimento da marcha 
pode ser resultado de erros na velocidade e nível absoluto de força da 
contração muscular e podem acompanhar a dismetria de movimentos 
isolados. As lesões cerebelares que afetam a postura também irão 
influenciar na habilidade da pessoa para andar. 
2.1.7. Distúrbios da fala 
A fala é uma função motora complexa, e é conturbada por lesões 
cerebelares. O distúrbio é denominado disartria. A fala é lenta, destacando 
a pronúncia das sílabas (fala escandida). Também pode apresentar fala 
explosiva ou em estacato, a voz pode se tornar sem variações de altura e 
tom, tremulosa, nasal, ou muito atenuada. 
Paciente com lesão cerebelar no hemisfério esquerdo, apresentam 
maior incidência de distúrbios da fala. O hemisfério cerebelar esquerdo é 
influenciado pelo hemisfério cerebral direito, que tem entre suas funções 
percepção de melodias, tom e ritmo. 
O mecanismo responsável pela disartria é muito similar ao que produz 
a dismetria nos membros. Por exemplo, a falta de aptidão dos músculos da 
laringe para iniciar ou parar as contrações rapidamente ou hipotonicidade da 
laringe podem produzir uma proníncia errada de consoantes e vogais, fala 
lenta, pausas prolongadas ou ênfase desigual nas sílabas. A hipotonicidade 
da laringe pode também ser responsável pela inabilidade para aumentar a 
sonoridade ou variar o tom da voz. 
2.2. Hipotonia 
A hipotonia é um sintoma típico de uma lesão cerebelar. A 
hipotonicidade pode ocorrer ipsolateralmente às lesões que são restritas ao 
 
 
27
 
cerebelo lateral, mas também podem ser bilaterais ou contralaterais a 
lesões na área intermediária do cerebelo. Se houver hipotonicidade 
cerebelar bilateral, a intencidade é maior nos membros envolvidos. E são 
mais afetados os músculos proximais as articulações. 
A hipotonia pode ser detectada de várias maneiras, por exemplo, os 
músculos envolvidos podem apresentar uma redução da firmeza à palpação. 
Ao ser sacudido passivamente, o membro se move através de um arco 
maior de movimento que o que se vê em um membro normal. No caso de 
lesões unilaterais, a hipotonicidade, pode resultar num carimbo feito pelo pé 
descalço mais largo e chato. Quando o paciente tenta manter um membro 
hipotônico contra a gravidade, o membro tente a cair lentamente. Também 
se o paciente é distraído enquanto segura um objeto na mão, o objeto pode 
escapar da sua mão. A postura também pode se tornar assimétrica como 
resultado da hipotonicidade. 
Um paciente com hipotonicidade pode ser incapaz de fixar um 
membro posturalmente. Esse problema pode levar a incoordenação durante 
o movimento voluntário, por exemplo, a flexão e extensão do cotovelo em 
uma posição sem suporte o paciente pode não conseguir, contudo, o 
movimento pode ser facilitado se o braço estiver apoiado na mesa, ou em 
qualquer outro objeto. 
2.2.1. Astenia 
 A astenia também conhecida por fraqueza generalizada. Pacientes 
com lesão cerebelar podem ter até 50% da força muscular reduzida. A 
postura também pode ser deficiente em pacientes que apresentam astenia. 
A maioria dos pacientes se queixam de uma sensação de peso, como se o 
peso do corpo tivesse, vezes maior do que realmente é; o esforço excessivo 
para tarefas simples e o surgimento precoce de fadiga. A astenia não é um 
sintoma tão comum como outros que acompanham as lesões cerebelares. 
De acordo com dados estatísticos esse sintoma aparece em somente 10% 
dos pacientes com lesões cerebelares, e principalmente em pacientes com 
tumores cerebelares. 
 
 
28
 
 Um fato estabelecido é que ocorre uma diminuição na atividade 
fusimotora nas lesões cerebelares. 
A astenia é causada por uma perda de facilitação cerebelar para 
o córtex motor, que por sua vez pode reduzir a atividade dos 
neurônios motores espinhais durante o movimento voluntário. 
Uma perda da facilitação do cótex tem também sido sugerida 
como um mecanismo de fundo para a hipotonicidade. Se a perda 
da facilitação do córtex cerebral é responsável pela astenia e 
hipotonicidade, talvez a áreas do córtex que estão afetadas na 
astenia e hipotonicidade não sejam idênticas (UMPHRED, 1994, 
p. 595). 
 
2.2.2. Reflexos profundos do tipo pendular 
 Ao pesquisar o reflexo particular do doente, na posição sentada, a 
perna ao invés de somente responder ao estímulo e voltar rapidamente ao 
lugar de origem (lugar de repouso), a perna permanece balançando como se 
fosse um pêndulo. 
2.2.3. Fenômeno de Rebote 
Para verificar o fenômeno de Rebote, pede-se ao paciente forçar a 
flexão do antebraço contra uma resistência que se faz no pulso. No indivíduo 
normal, quando se retira essa resistência, a flexão pára imediatamente por 
ação doa músculos extensores, coordenada pelo cerebelo. Porém no doente 
neocerebelar, essa coordenação não existe, os músculos extensores custam 
a agir e o movimento é muito forte, levando quase sempre o paciente a dar 
um tapa no próprio rosto, ou seja, ele perde o controle do movimento. 
2.3. Nistagmo 
 Os olhos também são afetados com a disfunção cerebelar. Após uma 
lesão aguda de um hemisfério cerebelar, os dois olhos se desviam para o 
lado contralateral. O movimento voluntário dos olhos é também afetado 
pelas lesões cerebelares. Um distúrbio relativamente comum no movimento 
dos olhos é o nistagmo provocado pelo ato de olhar. A medida que os olhos 
 
 
29
 
são voluntariamente movidos para olhar um objeto na periferia, eles se 
movem rapidamente na direção intencionada e depoisvoltam 
involuntariamente para posição neutra. 
Pacientes com atrofia cerebelar podem apresentar um nistagmo 
provocado pelo ato de olhar bilateralmente permanente, enquanto que 
aqueles com uma lesão unilateral aguda podem apresentar nistagmo 
temporariamente no lado ipsolateral. Um nistagmo de rebote frequentemente 
aparece se desvio da vista é mantido por 20 segundos ou mais. O nistagmo 
então ocorre brevemente em uma direção oposta a da vista anterior quando 
os olhos retornam voluntariamente para a posição neutra. 
Porém o sintoma no qual os olhos não podem se mover com precisão 
para um objeto na periferia de visão é chamado de dismetria ocular. Quando 
uma pessoa normal direciona a vista para um objeto na periferia, os olhos se 
movem em saltos rápidos chamados sacádicos. A amplitude dos 
movimentos sacádicos deve ser bem precisa para colocar a imagem 
intenciona na fóvia da retina. Após dano cerebelar o movimento sacádico 
dos olhos pode torna-se grande ou pequeno demais, e serão movimentos 
sacádicos corretivos, resultando em dismetria ocular. A dismetria ocular está 
relacionada com a posição inicial dos olhos, como ocorre a hipermetria 
quando os olhos estão excêntricos ao alvo, e a hipometria ocorre quando os 
olhos se movem da posição neutra para um alvo periférico. Ou seja, 
nistagmo são movimentos oscilatórios rítmicos dos bulbos oculares, que 
ocorre especilamente em lesões do sistema vestibular e do cerebelo. 
Em lesões agudas do cerebelo, a amplitude do nistagmo optocinético 
encontra-se com freqüência diminuída, enquanto que problemas crônicos, a 
amplitude das duas fases ou apenas uma das fases do nistagmo optocinético 
encontra-se com freqüência aumentada, paciente com lesões cerebelares se 
queixam de defeitos visuais, esses defeitos incluem visão embaçada, diplopia, 
e dificuldade para ver quando o corpo está em movimento. Presumivelmente 
as lesões em diferentes áreas do cerebelo afetam aspectos diferentes dos 
movimentos oculares porque um paciente pode ter distorção de um tipo de 
 
 
30
 
movimento e não ter de outro. Contudo, o valor diagnóstico dos movimentos 
dos olhos para doença cerebelar encontra-se limitado porque as lesões do 
tronco cerebral podem produzir sintomas idênticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31
 
3. Recuperação das lesões cerebelares 
O cerebelo tem uma notável capacidade de recuperação funcional 
quando há lesões no seu córtex, principalmente em crianças ou quando as 
lesões aparecem gradualmente. Este fato pode ocorrer, porque o córtex tem 
uma estrutura uniforme, permitindo que as áreas intactas assumam pouco a 
pouco as funções das áreas lesadas. Porém, a recuperação não ocorrerá 
quando as lesões atingem os núcleos centrais. 
Após uma lesão cerebral ocorre sempre algum nível de recuperação 
espontânea ou compensação, o nível depende da gravidade da lesão e de 
sua localização. Para acidentes vasculares cerebrais e traumatismo 
cranianos os terapeutas tem seguido padrões bem documentados para a 
recuperação das lesões cerebelares. 
Se um paciente desenvolve uma doença cerebelar degenerativa ou 
tumor, os sintomas que se desenvolvem são geralmente mais leves que os 
produzidos por uma mesma lesão ocorrendo agudamente. Por exemplo, um 
traumatismo craniano, que ocorre de forma aguda. Como já foi visto, o 
córtex motor é também considerado uma estrutura essencial da qual 
depende a compensação de uma lesão cerebelar. 
3.1. Fisioterapia – avaliação e metas 
 A fisioterapia se preocupa de forma primária em restaurar e melhorar 
o bem estar musculoesquelético do paciente. No paciente com envolvimento 
neurológico a fisioterapia se preocupa em tornar o paciente mais funcional 
possível sob condições de máxima segurança, com um gasto energético 
razoável, para o paciente, e de forma estéticamente aceitável, não só 
visando a funcionabilidade, mas também a auto-estima do paciente em 
relação a sua imagem corporal. 
 A avaliação de um paciente com lesão cerebelar, deve incluir 
inicialmente pontos determinados de capacidades funcionais como: 
mobilidade e postura no leito, habilidade para sentar e partir de uma posição 
 
 
32
 
reclinada, manutenção da postura sentada, habilidade para ficar em pé a 
partir da posição sentada, manutenção da postura em pé, deambulação, 
habilidade para se vestir e alimentar-se. Não são necessários testes 
especiais para isolar estas habilidades a não ser observar as tentativas do 
paciente em realizar cada uma delas. A descrição de como o paciente 
realiza as tarefas deve incluir a assistência necessária, o nível de esforço 
envolvido, o tempo para completar a atividade, e os movimentos não usuais 
que ocorrem durante a realização de cada etapa. 
É muito importante avaliar o paciente como um todo, e fazer cada 
teste isoladamente. 
 Avaliação dos distúrbios de movimentos com testes específicos. Para 
a Hipotonia: em primeiro lugar faz-se a palpação muscular e observa-se a 
firmeza reduzida,músculos flácidos; depois é importante testar os reflexos 
tendinosos profundos, que o sinal positivo é pendular; ver a agitação passiva 
dos membros, onde os membros se movem através de um arco de 
movimento maior do que em membros normais; temos que verificar o 
carimbo do pé umedecido, em que a marca mais larga se encontra no lado 
envolvido; observar o paciente segurando um objeto enquanto conversa; o 
sinal é positivo se o objeto cai quando ele se distrai; flexão e extensão 
voluntária do joelho ou cotovelo com e sem suporte, nos pacientes atáxicos 
quando está sem suporte, controlado quando suportado; flexão de apenas 
um dedo, em resposta todos os dedos se fletem; postura em repouso, 
encontra-se desleixada e assimétrica. 
A testagem da astenia: manter os braços em 90 graus de flexão ou 
abdução, a resposta positiva é quando os braços se cansam rapidamente; 
contração muscular restida máxima dos principais grupos musculares, mais 
fraca no lado comprometido ou incapaz de trabalhar contra resistência, que 
seja normal para o tamanho e a idade.; contração musculares repetidas 
submáximas, como para elevar-se sobre os artelhos, flexão de braço, 
apertar uma bola de tênis, o paciente cansa-se rapidamente; nas atividades 
de vida diária, se cansa rapidamente e queixa-se de sentir-se pesado. 
 
 
33
 
Para avaliar o equilíbrio e controle postural é preciso manter o 
membro contra a ação da gravidade, como resposta positiva apresenta o 
tremor postural; empurrar levemente o paciente inesperadamente quando 
ele estiver sentado ou em pé, o paciente perde o equilíbrio facilmente; ficar 
em pé sobre um pé, ou andar para trás, perde o equilíbrio facilmente; a 
postura em pé, os pés se encontram separados, tronco levemente fletido, 
precisa de suportar estabilidade e tremor postural das pernas. 
Quando vamos testar a dismetria no paciente, pedimos para ele fletir 
os braços para uma posição de 90 graus, elevá-los rapidamente acima da 
cabeça e então voltar para a posição de 90 graus, o paciente não é capaz de 
voltar para a posição de 90 graus sem erros inicial. Colocar um pino no 
orifício, traçar um círculo com um lápis, traçar círculo no chão com o dedão, 
deslizar o calcanhar descendo pela canela lentamente, colocar os pés sobre 
as marcas enquanto anda, o paciente apresenta como resposta tremor 
intencional, ultrapassa ou pára antes do alvo;é importante fazer umaresistência à flexão do cotovelo do paciente e liberar inesperadamente, o 
braço ricocheteia; fletir e estender voluntariamente o joelho ou o cotovelo em 
posição suportada e sem suporte, o membro fica atáxico ou sem suporte; 
esforço isométrico submáximo contra força de transdução, o início e 
libaração da força do membro envolvido ficam retardados. 
 A marcha na cadência, se torna incapaz de seguir o ritmo, marcha 
sobre os calcanhares ou artelhos, perde o equilíbrio e o ritmo; andar em 
sentido horário e anti-horário, cai em uma direção; andar em superfície 
irregular, não consegue se equilibrar e cai; o padrão de marcha é típico, 
lento, cai facilmente, não tem ritmo, comprimento e altura dos passos são 
irregulares. 
Para se testar a disdiadococinesia é só pedir ao paciente para bater a 
mão no joelho ou os artelhos no chão, rapidamente perde o ritmo e 
amplitude; andar o mais rápido possível, a marcha se torna muito 
comprometida somente quando for rápida. 
Para a avaliação da decomposição do movimento pede-se para que o 
 
 
34
 
Paciente em decúbito dorsal toque o calcanhar no joelho oposto, sinal 
positivo o movimento é quebrado em fases separadas, sem fluência. 
O movimento do paciente com lesão cerebelar, parece como se 
estivesse em câmera lenta, mecânica como como um fantoche. Suas 
atividades de vida diária torna-se comprometida, incapaz de escovar os 
dentes, cortar comida, ou agitar o saleiro. 
A fisioterapia tem como suas metas, restaurar as funções 
comprometidas, melhorando a força muscular, equilíbrio, coordenação, 
marcha e as atividades de vida diária desse paciente, lhe proporcionando 
melhor qualidade de vida. 
3.2. Psicomotricidade – avaliação e metas 
 A psicomotricidade tem como o significado um entrelaçamento entre 
o movimento e o pensamento. Existe uma estreita relação entre as 
anomalias psicológicas e as anomalias motrizes, o que levou a formular o 
termo psicomotricidade. 
 Uma análise do homem primitivo ressaltando como desafio de sua 
sobrevivência estava ligado ao desenvolvimento psicomotor. Atividades 
básicas como pescar, colher alimentos, comer, são objetivos psicomotores 
essenciais para a continuação da existência. Necessitam de agilidade, força, 
velocidade e coordenação. A recreação, os ritos cerimoniais e as danças 
para os deuses, a criação de objetos de arte também eram atividades 
desenvolvidas por eles. Estruturaram suas experiências de movimentos em 
formas utilitárias mais precisas., O homem de hoje também necessita 
dessas habilidades, embora tenha se aperfeiçoado mais para uma melhor 
adaptação ao meio em que vive. 
Necessita ter um bom domínio corporal, boa percepção auditiva e 
visual, uma lateralização bem definida, faculdade de 
simbolização, orientação espaço-temporal, poder de 
concentração, percepção de forma, tamanho, número, domínio 
dos diferentes comandos psicomotores com o coordenação fina e 
global, equilíbrio (OLIVEIRA, 2002, p. 30). 
 
 
35
 
A psicomotricidade de maneira geral, salienta a importância do 
aspecto objetivo anterior a qualquer tipo de comportamento. E importante 
expressão corporal para a comunicação verbal, essa relação é fundamental 
para a gênese psicomotora; a ação desempenha o papel fundamental de 
estruturação cortical na base da representação, portanto o movimento 
assume grande significado. 
O mundo das emoções mais tarde dará origem ao mundo da 
representação, o movimento é um elemento básico para reflexão humana. 
Fonseca (1995), afirma que o movimento, pensamento e linguagem 
são uma unidade inseparável. O movimento é o pensamento em ato, e o 
pensamento é o movimento sem ato. 
A avaliação psicomotora é realizada em várias etapas que 
descreveremos a seguir: equilíbrio, coordenação óculo-manual, esquema 
corporal, adaptação espacial, ritmo e lateralização. 
No equilíbrio, temos que avaliar tanto estático como o equilíbrio 
dinâmico. No equilíbrio estático observar apoio retilíneo, ponta dos pés e 
apoio num só pé ( direito e esquerdo), no equilíbrio dinâmico observar a 
marcha, as fases da marcha, se é controlada ou em cadência livre, andar em 
linha reta, pedir para dar meia volta, saltos com um pé só, com os pés 
juntos.Quando avaliamos a coodenação óculo-manual, devemos anotar as 
tentativas e sempre avaliar direita e esquerda; coordenação óculo-pedal, da 
mesma maneira; coordenação dinâmica manual, observar o tempo de 
composição e decomposição do movimento. Já no Esquema corporal, 
conhecimento do corpo, da face, imitação de gestos, desenho do corpo e 
espelho. Na adaptação espacial, esta avaliação é realizada com a 
reprodução de estruturas espaciais, vamos avaliar: esquerda, direita; alto, 
baixo; simetria, inversão; em cima, embaixo; à frente, atrás; inclinação; 
horizontal e vertical. Podemos avaliar o rítmo da várias maneiras: na própria 
marcha, com marcação de música, batida de palmas, lápis, e pede-se ao 
paciente para reproduzir.Já a lateralização, lateralidade ocular solicitamos ao 
paciente que acompanhe im objeto com os olhos, lateralidade auditiva faz-se 
 
 
36
 
um sinal sonoro e ver que lado do corpo vai apresentar rotação; 
lateralidade manual, observar a mão que toma a iniciativa por exemplo para 
pegar uma bola que foi arremessada; lateralidade pedal, avaliar 
determinando o pé equilibrador, lateralidade expressiva, observar lado direito 
e esquerdo por exemplo mão preferida, mão mais forte, dar um grande 
passo, primeiro a entrar nas calças, calçar sapatos, pentear, escovar os 
dentes, virar páginas de um livro , dar um tapa. 
A psicomotricidade tem como metas auxiliar o indivíduo a se 
organizar como um todo, aspectos motores e psicológicos, pois através do 
pensamento é que se forma o movimento, e após uma avaliação poderemos 
decidir quais as metas seguir durante a terapia, pois nem todos os pacientes 
apresentam todas as alterações, podem apresentar apenas duas ou três e 
através de uma atenciosa avaliação é que poderemos prosseguir. 
A avaliação da disfunção do controle motor é um processo 
multifacetado que busca identificar áreas de deficiência na função periférica 
ou central. Assim, aqui devem ser consideradas diversas avaliações. 
A testagem das funções do controle motor baseia-se amplamente 
numa apreciação subjetiva da função, frequentemente um difícil processo. A 
chave para a avaliação e reavaliação bem sucedida é a observação 
cuidadosa e sistemática e o registro acurados dos resultados. Pode ser 
utilizado vários sistemas de pontuação e formulários de avaliação. 
3.3. Tratamento 
 Os pricinpais objetivos no tratamento do paciente com lesão 
cerebelar são: estabilidade postural, marcha funcional, precisão de 
movimentos dos membros e força muscular. 
 O programa que será descrito a priori é para um paciente com lesão 
relativamente grave, porém estabilizada que poderia ter sido produzida por 
um trauma ou AVC (acidente vascular cerebral), e depois o tratamento vai 
 
 
37
 
evoluir de acordo com o paciente e constará de várias etapas que 
descreveremos a seguir. 
3.3.1. Controle da cabeça e tronco 
 Um paciente com instabilidade postural precisa ser assistido 
sequencialmente para cada nível de postura. Um paciente só senta quando 
tiver controle da cabeça e tronco suficiente, e candidato para ficar em pé 
somente quando o equilíbrio em pé puder ser mantido. Quando o paciente 
tem controle de cabeça inadequados, eles podem sertratados em decúbito 
ventral, ficando apoiados nos cotovelos com um travesseiro sob o tórax ou 
podem ser colocados sobre um rolo, o tratamento pode ser feito com o 
paciente sentado, com os quadris bem fletidos e deslocados para trás em 
uma cadeira, os pés planos no solo, e os cotovelos com suporte em um 
travesseiro. A nossa meta é fazer o paciente levantar a cabeça e mantê-la 
parada. Podemos ajudar usando de três a cinco segundos de gelo nos 
extensorres do pescoço seguido por resistência pesada para os extensores 
para manter a extensão na amplitude encurtada, com compressão para 
baixo nos ombros.De acordo com o progresso vamos oferecendo menos 
suporte, até que consiga realizar sozinho. 
3.3.2. Equilíbrio sentado 
Podemos trabalhar o equilíbrio sentado utilizando uma cadeira sem 
braços ou sem encostos, dependendo do paciente, o lugar mais seguro é a 
beira do tablado. Pra promover estabilidade do tronco aproximados a 
articulação do quadril ou ombros, e para ajudar a manter a contração dos 
músculos do tronco, a estabilização rítmica para a rotação do tronco pode 
ser utilizada. O terapeuta pode ajudar o paciente a controlar o equilíbrio 
unindo as mãos com as do paciente e deixando-o encontrar uma leve 
resistência através de seus braços entendidos. Devemos estimular a 
transferência de peso em todas as direções enquanto está sentado, pode 
inicialmente utilizar as duas mãos como suporte e progredindo até não usar 
mais as mãos como suporte, pedir também ao paciente para trabalhar o 
equilíbrio com os braços acima da cabeça e o tronco rodado. 
 
 
38
 
Para as etapas progridirem é muito importante trabalhar o tronco 
desse paciente, fortalecer o tronco, pois esse paciente terá melhores 
chances de progredir, pois o tronco é a base de tudo, podemos fortalecer o 
tronco pedindo ao paciente para realizar abdominais, primeiramente ativo-
assistido e depois ativamente. 
3.3.3. Levantar de decúbito dorsal ou ventral para sentado 
 Para alcançarmos esse objetivo o trabalho deverá ser feito sobre um 
tablado.O procedimento usado dependerá do peso do paciente, lado 
compromentido e força muscular. Um indivíduo muito pesado pode precisar 
primeiro rolar para um lado e empurrar-se para cima a partir do decúbito 
lateral. Deve ficar a beira da mesa com os joelhos dobrados e os pés 
inteiramente apoiados na mesa. A medida que os joelhos caem para o lado 
o tronco deve rodar também. Quando o paciente alcançar o decúbito lateral 
sozinho, ele pode progredir deixando cair suas pernas para fora da mesa e 
empurrando com os braços para a posição sentada. 
Outro método que pode ser utilizado para levantar é usar os músculos 
abdominais, que precisam estar fortalecidos, o paciente pode deixar a perna 
cair para fora da mesa, colocando o pé no chão se possível, o paciente 
então usa os músculos abdominais e o iliopsoas para levantar-se e sentar-
se. 
3.3.4. Preparo para a deambulação 
A primeira etapa para a deambulação é trabalhar a estabilidade no 
quadril, que será necessária para ficar de pé, vamos trabalhar a posição 
quadrúpede ou ajoelhado sobre um tablado. Isso permite que o paciente 
pratique a transferência de peso através dos quadris. Podemos utilizar 
também barras fixas, o paciente assume a posição ajoelhada, senta sobre 
os calcanhares e depois retifica o tronco e as pernas. 
Pacientes com idade mais avançadas podem não conseguir ficar na 
posição de quadrúpede, então pularemos essa etapa, e também preparar o 
 
 
39
 
sistema cardiovascular para que ele fique em pé ou em uma prancha 
ortostática. Podemos utilizar barras paralelas e o paciente se levanta da 
cadeira deslizando para frente e flete o tronco consideravelmente, colocando 
o centro de gravidade sobre os pés, o tronco e pernas só devem ser 
estendidos após ter sido obtido equilíbrio sobre os pés. 
Depois de ter conseguido ficar de pé devemos trabalhar o equilíbrio, 
pacientes entre as barras paralelas de frente para um espelho utilizamos 
uma prancha para trabalhar melhor o equilíbrio e podemos utilizar também a 
bola suíça, o tremor pode ser reduzido colocando pesos no tornozelo. O que 
se espera é que o paciente possa aprender a ficar em pé e se manter na 
posição sem tracionar as barras. Essas atividades podem ser praticadas 
com ritmo e música para promover melhor habilidade e o espelho é 
indispensável. 
3.3.5. Deambulação 
Quando o paciente começa a andar em barras, ele precisa de 
feedback verbal para que realize a atividade passo a passo, vamos trabalhar 
a rotação de tronco, dissociação de cintura e movimentos acessórios. 
Quando estiver pronto para andar fora das barras, poderá utilizar um 
andador, bengalas ou muletas. Com a evolução do paciente vamos trabalhar 
a cadência da marcha, ritmo, subir e descer escadas, vamos aumentando as 
dificuldades de acordo com o paciente. 
Podemos trabalhar a marcha e a dismetria pedindo o paciente que 
ande sobre linhas feitas pelo terapeuta no chão. 
3.3.6. Atividades que ajudarão a reduzir a dismetria 
O método de Frenkel, que logo após iremos descrever, são exercícios 
que reforçam o engrama sensoriomotor para a aquisição da coordenação. 
Tendo como principal objetivo reforçar o desempnho de cada atividade 
motora, visando retreinar a coordenação nas disfunções cerebelares. 
 
 
40
 
Os pontos essenciais do método são: concentração da atenção; 
precisão; repetição; evitar fadiga; iniciar toda a atividade lentamente. 
A técnica do método de Frenkel será descrito a seguir : o paciente 
deverá se posicionar de tal maneira que permita ser autovisualizar, instruir o 
paciente verbalmente, o início deve ser lento com movimentos simples sem 
a ação da gravidade e com intervalos de repouso, o ritmo marcado pelo 
terapeuta segundo a velocidade desejada, a freqüência deve ser de três em 
três horas, ou quando possível o atendimento para conseguir automatismo, 
realizar exercícios com os olhos abertos e depois fechados, sempre iniciar 
nas grandes articulações e aumentar o grau de dificuldade dos exercícios de 
acordo com a evolução do paciente. Jamais passar para um grau mais 
evoluído se o paciente ainda não dominou o anterior. 
Paciente em decúbito dorsal, flexão de coxa e perna deslizando a 
planta do pé sobre o leito, flexão de coxa e perna, porém realizando parada 
na metade do percurso, flexão de coxa e perna e abdução de coxa, flexão 
de coxa e perna, porém parando na metade do percurso, realizar o exercício 
de flexão de coxa e perna deslizando a planta do pé sobre o leito, porém 
com os dois membros inferiores, flexão de coxa e perna, parando na metade 
do percurso com os dois membros inferiores, flexão de coxa e perna e 
abdução da coxa com os dois membros inferiores, flexão de coxa e perna 
parando na metade do percurso com os dois membros inferiores, flexão de 
coxa e perna sem encostar os pés no leito (elevado em cinco centímetros), 
levar o calcanhar a patela do membro inferior contralateral, deslizar o 
calcanhar pela tíbia, flexão de coxa, perna e pé, flexão de coxa , perna e pé 
parando na metade do percurso, flexão de coxa, perna e pé com o membro 
inferior elevado cinco centímentros, colocar o calcanhar na marcação, seguir 
com o artelho o dedo do terapeuta, realizar os exercícios anteriores só que 
alternadamente. 
Com o paciente sentado devemos ficar dois minutos sobre cadeiras 
com braços e encosto (pés apoiados), dois minutos sobre cadeiras sem 
braços (pés apoiados), dois minutos em um banco (pés apoiados), elevar41
 
calvanhares alternadamente, levantar todo o pé, levantar todo o pé 
colocando-o na marcação, seguir a linha com o pé, levantar e sentar no 
ritmo, fletir pernas com os pés apoiados, fletir tronco, estender membros 
inferiores e endireitar o tronco, fletir membros inferiores e endireitar o tronco, 
sentar. 
Com o paciente em pé caminhar de lado para a direita, colocar peso 
em membro inferior esquerdo, retirar o membro inferior direito do solo e 
transpotá-lo para a direita, transferir peso para o membro inferior direito e 
aproximar o membro inferior esquerdo para o membro inferior direito. 
Para trabalhar a dismetria nos membros superiores a facilitação 
neuro-muscular proprioceptiva, pode ajudar; é um recurso terapêutico 
cinético que por meio de técnicas desenvolvidas busca melhorar a qualidade 
e aumentar a velocidade das respostas do aparelho neuromuscular através 
de estímulos da sensibilidade proprioceptiva. Procura-se um equilíbrio 
através do complexo mecanismo músculo-sistema nervoso receptores 
proprioceptivos. O método Kabat tem como objetivos: aumentar a potência 
muscular, aumentar a velocidade da execução do movimento, aumentar a 
precisão do movimento, recuperar a função dos músculos estabilizadores. A 
combinação de movimentos, resistência máxima, estiramento diagonal e 
espiral, o mais forte ajudando o mais fraco. 
De acordo com a evolução motora do paciente, quando ele já possuir 
a marcha de maneira independente podemos entrar com as atividades 
psicomotoras em grupo, que além de auxiliar a parte motora, vai trabalha o 
aspecto psicosocial através do lúdico. Um grupo de pessoas na mesma faixa 
etária e com alterações motoras em comum, podem se ajudar mutuamente 
quando trabalham juntos, porque ocorre a troca entre eles. 
No caso de pacientes com lesão cerebelar o grupo não deve 
ultrapassar o número de oito pessoas, para que o terapeuta dê a real 
atenção que eles precisam. 
 
 
42
 
Vamos trabalhar de início esquema corporal, numa sala com 
espelhos, coloca-se uma música e pede-se aos pacientes que se olhem; e 
vejam também o outro, e se toquem. Essa atividade é muito difícil de ser 
realizada quando se trabalha com pacientes do sexo masculino, porque não 
gostam de se tocar. Ainda trabalhando esquema corporal pedimos para que 
sentados no chão formem um círculo e com massinhas de modelar, cada um 
faça um boneco que o represente; Além de esquema corporal também 
trabalharemos coordenação motora fina com essa atividade. 
Para trabalhar coordenação motora global e também dismetria, 
pedimos para que façam duas filas, e com uma bola, passem por cima da 
cabeça até o último que corre até a frente para passar novamente a bola; 
também podemos pedir que a bola volte sendo passada por debaixo das 
pernas. Ainda trabalhando a dismetria colaremos fitas adesivas no chão de 
várias cores para ajudar na orientação do paciente quando receber o 
comando; colocamos a fila em linha reta e em círculos e pedimos ao grupo 
que ande em fila reta, para frente, para trás, em círculos, depois de ter 
dominado esses passos andando em zig zag e isso num tempo ritimado por 
palmas ou música, o grupo se divide em dois, e troca de lugar do círculo ou 
da reta de acordo com o comando do terapeuta. Utilizar a brincadeira de 
batata quente também trabalha o ritmo e o tempo, com uma música de 
fundo. Ainda utilizando que estamos em círculo o terapeuta vai para o centro 
e joga a bola para qualquer um deles, que tem de pegar com apenas uma 
das mãos. Essa atividade é muito importante para trabalhar o equilíbrio. A 
dança das cadeiras também é muito interessante pois trabalha, a 
lateralidade, ritmo e dismetria. Ainda trabalhando dismetria e coordenação 
motora fina podemos pedir para catar feijões, jogar resta um, colocar uma 
linha no fundo de uma agulha; na atividade da agulha é importante que o 
paciente já esteja com a dismetria controlada e tomar muito cuidado para 
que ele não se fure, podemos isolar a ponta com um pedacinho de papelão 
ou esponjas. 
Existem várias atividades que poderiam ser descritas, porém 
destacamos algumas, e o principal é ter em mente atividades que vão 
 
 
43
 
desenvolver as habilidades que o paciente precisa utilizar nas suas 
atividades de vida diária, para que dentro de suas limitações tenha maior 
independência possível. O paciente com lesão cerebelar não gosta de se ver 
como um inválido, principalmente quando a lesão atinge pacientes idosos e 
do sexo masculino. 
3.4. Relação da fisioterapia com a psicomotricidade nas 
lesões cerebelares. 
A fisioterapia a pricípio se preocupa em auxiliar o paciente com lesão 
cerebelar a retornar a sua independência nas atividades de vida diária, 
realizando a mesma atividade várias vezes, para que reforçando o engrama 
sensoriomotor esse paciente possa realizar suas tarefas cada vez mais 
rápido e com menos erros, como por exemplo, apertar parafusos. Se 
analisarmos o paciente somente no ângulo motor essa recuperação será 
mais lente e limitada. Devemos nos preocupar com o sentimento que forma 
o movimento, como foi descrito anteriormente o movimento é o pensamento 
em ato. É muito importante trabalharmos o movimento com o sentimento, 
pois além da lesão neurológica existente, esses pacientes estão passando 
por uma decadência biológica natural, envolvendo declínio de funções 
psíquicas e vitais que vem acompanhados de sentimentos de perda, 
irritabilidade, levando ao idoso a ter mais problemas de baixa auto-estima e 
depressão; ou seja as atividades psicomotoras trabalhadas de forma lúdica, 
só vem completar o trabalho da fisioterapia para uma recuperação mais 
rápida do paciente. A visão psicomotora de atividades trabalhadas em grupo 
só vem complementar a fisioterapia que tem um olhar mais individual para o 
paciente. Ou seja, a fisioterapia apesar de uma clínica cheia, trabalhamos 
com vários pacientes com patologias deferentes, ou seja, um olhar voltado 
para cada um invidualmente. Já a psicomotricidade reúne pacientes com as 
mesmas debilidades para um trabalho em conjunto, assim sendo, há uma 
troca maior entre esses pacientes, além da terapia, que vai auxiliar numa 
recuperação muito mais rápida; e esses pacientes terão uma motivação a 
mais para continuar. O aspecto social que o faz se sentir aceito pelo grupo é 
 
 
44
 
indispensável para o sucesso de qualquer terapia, e esse aspecto a 
psicomotricidade trabalha muito bem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45
 
CONCLUSÃO 
Para compreender a proposta descrita neste trabalho de síndrome 
cerebelar, não podemos simplesmente analisar a síndrome no momento da 
lesão, precisamos conhecer toda a anatomia do cerebelo, divisões e 
conexões, para melhor entendermos que se certa estrutura anatômica for 
lesionada ou conexão interrompida quais alterações surgiriam. Como foi 
visto no capítulo um as fibras aferentes de origem vestibular trazem 
informações sobre a posição da cabeça, importante para a manutenção da 
postura e do equilíbrio, já as fibras aferentes de origem pontina estão 
relacionadas com as áreas sensitivas, visão, audição e linguagem. As 
conexões eferentes da zona intermédia estão relacionadas com os músculos 
distais dos membros responsáveis por movimentos delicados. E não 
poderíamos deixar de citar que o cerebelo funciona ao contrário do cérebro, 
influenciando os neurônios motores do seu

Outros materiais