Buscar

Artigo sobre Contrato de Namoro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ana Paula Puridade da Conceição
Emile Alves Santos
HAVERIA VALIDADE PARA O CONTRATO DE NAMORO?
Analise e síntese do contrato de namoro e qual é a relevância prática na proteção patrimonial.
SALVADOR
2020
Ana Paula Puridade da Conceição
Emile Alves Santos
HAVERIA VALIDADE PARA O CONTRATO DE NAMORO?
Analise e síntese do contrato de namoro e qual é a relevância prática na proteção patrimonial.
Artigo solicitado pelo professor Salomão Resedá para que possamos aprender mais acerca da Teoria Geral dos Contratos e para exercitarmos e melhorarmos a nossa escrita e produção de artigos.
SALVADOR
2020
SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO; 2. CONCEITO DE NAMORO E A SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA; 3. OBJETO DA TUTELA DO CONTRATO DE NAMORO E A DIFERENÇA ENTRE CONTRATO DE NAMORO E UNIÃO ESTÁVEL; 4.QUAL O OBJETIVO DO CONTRATO DE NAMORO E QUAIS OS SEUS EFEITOS JURÍDICOS?; 5. CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS
Palavras-Chave: Contratos de namoro. União Estável. Direito de Família. Entidade Familiar.
Resumo: O mundo encontra-se na fase em que Zygmunt Bauman chamava de Modernidade Líquida, sendo afetado até mesmos os relacionamentos, por tanto se percebe hoje que muitos relacionamentos, não duram tanto ou os que duram podem chegar a se romper posteriormente, o que leva o casal a se preocupar com a possível configuração de união estável, já que caso essa for configurada, no rompimento do relacionamento, ou se um deles acaba falecendo o patrimônio do outro é afetada, por tanto muitos casais estão optando pela adesão de um Contrato de Namoro. O presente artigo tem como finalidade o estudo do contrato de namoro, sendo focado na invalidade ou validade desse negócio jurídico apresentando correntes doutrinárias que são a favor e contra a sua validade, bem como analisar se este seria apto para produzir efeitos no mundo jurídico 
Abstract: The world is in the phase when Zygmunt Bauman called Liquid Modernity, being affected even the relationships, therefore it is perceived today that many relationships, do not last as long or those that last can come to break later, what leads the couple to worry about the possible configuration of a stable union, since if this is configured, in the break of the relationship, or if one of them ends up dying the other's property is affected, so many couples are opting for signing a Contract Dating. The purpose of this article is to study the dating contract, focusing on the invalidity or validity of this legal business, presenting doctrinal currents that are for and against its validity, as well as analyzing whether it would be capable of producing effects in the legal world.
Keywords: Dating contracts. Stable union. Family Law. Family Entity.
INTRODUÇÃO 
Este artigo tem por objeto o contrato de namoro, com a finalidade de discutir se há validade neste modelo de contrato, bem como se seria apto a produzir efeitos no mundo jurídico, utilizando-se de aparatos jurídicos do Direito Civil Contratual e do Direito das Famílias.
O objetivo principal deste artigo visa esclarecer o que é contrato de namoro e analisar seus pontos de discussão, em relação a sua validade. Em um primeiro momento analisaremos a questão conceitual, bem como a evolução histórica da definição de namoro no ordenamento jurídico brasileiro.
No segundo momento, analisaremos qual o objeto ao qual este contrato vai tutelar e a diferença entre contrato de namoro e contrato de união estável, analisando também se estes são importantes para a proteção patrimonial e os elementos caracterizadores da união, sendo eles a publicidade, a continuidade, a estabilidade, e, por fim, objetivo de construir família.
Por fim, no terceiro tópico trataremos de qual o objetivo do contrato de namoro e quais os efeitos jurídicos do contrato de namoro, vamos analisar o contrato de namoro em si, apresentando as correntes doutrinárias que tanto defendem como aquelas que se posicionam a favor de sua nulidade.
O conceito de namoro e a sua evolução histórica 
Quando pesquisamos sobre namoro na legislação brasileira não encontramos nenhum conceito ou informação consistente que caracterize o que é namoro. Se formos consultar o dicionário para conceituar a palavra encontraremos que ela significa “a relação afetiva mantida entre duas pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas e partilharem novas experiências. É uma relação em que o casal está comprometido socialmente, mas sem estabelecer um vínculo matrimonial perante a lei civil ou religiosa”.
Desta forma não há requisitos legais para definir o que é namoro, só resta os requisitos morais e costumes definidos pela sociedade e que foi alterado através do tempo e local. Hodiernamente não há pré-requisito de diversidade de sexos para haver um namoro, as relações homossexuais já são aceitas na sociedade e consideradas namoro, assim como as relações heterossexuais.
Nas relações mais antigas não havia a pratica do namoro, ele surgiu de forma tímida na cultura ocidental, até atingir o status social que tem hoje, pois este se tornou um pré-requisito para que haja o noivado e posteriormente o casamento.
Se formos fazer uma breve analise sobre os relacionamentos amorosos através do tempo, em 1800 não havia namoro eram oferecidos bailes para as debutantes e as 17 anos essas garotas eram cortejadas e os cavalheiros pediam em casamento a dama que lhe fosse mais proveitoso, seja por que ela era linda, ou por que o dote dela era alto, ou até por que ele acha que ela lhe daria bons filhos. No livro “O Visconde que me Amava”, Julia Quinn retrata um pouco de como se dava os casamentos nesse período, onde os personagens principais são obrigados a casar por certas circunstancias. 
Porém se formos fazer uma comparação com o livro “Quando a Noite Cai” da autora Carina Rissi, que é ambientado em 2017, os personagens somente namoram e fazem viagens, dormem juntos, tudo isso sem a supervisão de alguém. 
O namoro atual é constituído de mais liberdade, onde os envolvidos viajem juntos, dormem juntos, conversam bastante, até vivem na mesma casa e ainda se consideram namorados. O relacionamento se torna mais “fácil” e “livre”, mesmo que ainda assim deve-se manter fidelidade aos seus companheiros. 
Desta forma podemos ver que o namoro é algo mais fluido, por assim dizer, é um relacionamento mais fácil de ser rompido e que ainda não há a construção de um patrimônio, como no casamento, por exemplo, e, portanto muito utilizado na modernidade, pois as pessoas evitam se “prender” a outra por muito tempo. 
Em seu livro “Amor Liquido” Zygmunt Bauman retrata um problema da sociedade moderna que é a falta de afinidade e afeição das pessoas por outras, afirmando que a afinidade vem se tornando escassa. 
Portanto as pessoas vêm buscando cada vez mais pelos contratos de namoro como um modo de proteger seu patrimônio de outrem, visto que estas evitem manter relacionamentos duradouros, confirmando mais uma vez a teoria de Bauman.
No próximo tópico trataremos sobre o objeto ao qual este contrato vai tutelar e a diferença entre contrato de namoro e contrato de união estável, analisando também se estes são importantes para a proteção patrimonial e os elementos caracterizadores da união.
O objeto de tutela do contrato de namoro e a diferença entre contrato de namoro e contrato de união estável
Como abordado no tópico anterior, as pessoas que buscam o contrato de namoro, fazem isso como modo de proteger seu patrimônio de um terceiro ao qual esta em um relacionamento amoroso. Muitas pessoas utilizam-se deste artifício, para saber se a pessoa que esta neste relacionamento, esta envolvida por amor ou se é por puro interesse no que a outra pessoa tem. 
Portanto o objeto de tutela deste tipo de contrato que estamos tratando é a proteção patrimonial, para que após ser firmado, o contrato, dê conforto às pessoas envolvidas, pois elas se sentirão livres para se relacionar sem medo de que a sua relação seja considerada uma união estável. 
Se formos utilizar um exemplo para simplificar o entendimento, podemos citar pessoas que tem filhos, por exemplo, Juliana tem dois filhos,conhece Pedro e resolve namorar, Pedro dorme sempre na casa de Juliana, ela por uma questão de proteção, propõe a Pedro que eles façam um contrato de namoro.
Juliana fez essa proposta a Pedro não por desconfiar dele ou por não amá-lo, mais por que ela é mãe, tem dois filhos que dependem dela, e seu relacionamento com Pedro pode ser configurado como união estável, então para resguardar a herança de seus filhos, em caso de falecimento, Juliana firma este contrato com ele. 
Este é só um simples exemplo de qual é o objeto de tutela do contrato de namoro, e a forma como ele pode resguardar os bens das pessoas, que podem vir a contraí-los por diferentes motivos, e que podem fazê-los com várias pessoas ao longo do tempo, ou renovar sempre com a mesma pessoa.
O namoro sempre foi “visto” na sociedade como algo superficial, que não garante segurança, era como se o namoro fosse um passatempo, algo para quem não quer nada sério com outras pessoas, com o passar do tempo o namoro foi mudando e a sociedade amadurecendo sua idéia sobre o mesmo.
O namoro passou a ser pré-requisito para o casamento, antes de ficarem noivos as pessoas atualmente passam um logo período namorando, justamente para se conhecerem melhor e não haver surpresas durante o matrimônio.
O namoro passou do status de passatempo, para ser quisto, havendo pessoas que mesmo após um período juntos, morando sob o mesmo teto, criando animais juntos, com planos de ter filhos, ainda consideram-se namorados.
Contudo mesmo que o namoro esteja em um patamar superior ao que se encontrava antes, ainda não tem o mesmo prestigio de uma união estável, visto que a união estável esta quase no mesmo patamar de um matrimônio.
O conceito de união estável é recente e sua admissibilidade no Brasil ainda mais, no Código Civil de 1916 as relações extramatrimoniais eram punidas, pois eram vistas como um atentado a instituição familiar, visto que só eram admitidas na sociedade as relações que contraíram matrimônio.
 Foi somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 que, no Brasil, pela primeira vez a união estável foi citada como uma entidade familiar. Antes deste período as pessoas que mantinham um relacionamento extramatrimonial, eram chamadas de concubinas.
No entendimento de Rodrigo Pereira da Cunha, as proibições de doações feitas ao companheiro não se constituíam propriamente uma punição aqueles que viviam uma união extramatrimonial, mas uma forma de proteger o patrimônio familiar. Portanto, para ele, não havia regulamentação e nem tampouco proibição a esse tipo de relação. [1]
As uniões que surgiam além dos laços matrimoniais eram chamadas de concubinato. Este termo, apesar de técnico-jurídico, indica uma forma de vida ou um estado carregado de preconceitos, uma vez que, devido à carga negativa associada ao termo, é ofensivo nomear uma mulher de concubina, traduzindo-se em um julgamento de sua conduta moral e sexual.[1]
Na Constituição Federal de 1988 o termo concubinato foi alterado para união estável, recebendo o caráter de entidade familiar para as pessoas solteiras, porém as pessoas que contraem união estável de forma adulterina ou impura não recebem o status de família.
Nas relações matrimoniais têm-se o dever da fidelidade, portanto dar ao concubinato adulterino o reconhecimento de entidade familiar seria descaracterizar tudo que se compreende como família e desfazer o dever de fidelidade do matrimônio.
Se o entendimento normativo e jurisprudencial desse o reconhecimento de família as relações extramatrimoniais adulteras, além de “quebrar” o dever de fidelidade, permitiria e iria inserir no Direito das Famílias relações paralelas que têm os mesmos benefícios do casamento, e iria violar o artigo 1727 do Código Civil.
A união estável é um relacionamento conjugal não adulterino, não eventual, com a finalidade de constituir uma família, sem o vínculo formal e solene do casamento. A união estável recebe na semelhança do casamento a proteção do Estado por ser questão de ordem pública. Esta entidade familiar foi adotada pela Constituição Federal de 1988 no artigo 226, e atualmente está regrada no Código Civil. A união estável é formada pela união de duas pessoas livres e desimpedidas, capazes, que passam a ser companheiros em comunhão de vida e sexual, convivendo estavelmente por longo tempo, e coabitando sob o mesmo teto ou não. Assumem conjuntamente obrigações, deveres, com conseqüências pessoais e patrimoniais. A pessoa convivente pode ser divorciada, solteira, viúvo, separada de fato, separada em juízo, ou em cartório de registro público. [3]
Por mais que haja diferenciação do Código Civil, onde diz que a união estável será formada por um homem e uma mulher, o Supremo Tribunal Federal (STF) profere uma decisão de que não deve haver diferenciação entre cônjuges e companheiros. Os efeitos produzidos pela união estável devem estender-se a todas as pessoas, independente da sua orientação sexual, em respeito ao principio da igualdade.
Convencionaram-se os elementos caracterizadores gerais da união estável. Há as características objetivas que são a vida em comum, pública e notória, contínua, e duradoura.  
“É a convivência more uxório, ou melhor, é o convívio conjugal duradouro de duas pessoas, sob o mesmo teto como se fossem casadas”, segundo o Doutor em Direito Civil Rodrigo da Cunha Pereira no livro autoral União estável, Concubinato e Namoro – diferenças e diferenciações necessárias.
No namoro as pessoas não tem os meus deveres do casamento ou união estável, não há a necessidade de cumprir o dever de fidelidade, não há a obrigação de assistência, os envolvidos não assumem responsabilidades, ainda que adquiram patrimônio durante o relacionamento, o outro não terá posse de forma alguma a qualquer parte dos bens.
 A pessoa que se relaciona com outra comprometida deve ser responsabilizada por seus atos, escolhas, e deve suportar as consequências. Cada caso é singular e deve ser analisado.  
O namoro qualificado é parecido com a união estável, más não é. Ainda que seja duradouro, com habituais relações sexuais, e dele acidentalmente e sem planejamento produza um filho, não poderá ser caracterizado como união estável. Com a ligação do afeto, a mulher pode estar mais comprometida com o amor que o homem, e assim ela entende que o amor é o vínculo suficiente para caracterizar tal relacionamento afetivo com seu namorado, como uma família.
Entretanto quando duas pessoas decidem entrar em um relacionamento, elas se comprometem a desprender um tempo, paciência e interesse de compartilhar sua vida com o outro. Então em caso de litígio, é incumbência do magistrado decidir se transforma o namoro em união estável.
O Supremo Tribunal federal (STF) em um julgado de 2015, firmou a tese de que o relacionamento duradouro não é determinante para caracterizar uma união estável, ainda que o tempo decorrido tenha sido de cinco anos. O critério legal e objetivo do lapso temporal de cinco anos trazido pela lei 8.971/94, para caracterizar uma união acabou no ano de 1996, com a Lei n. 9.278/96, que o revogou parcialmente. O Código Civil de 2002, especialmente o artigo 1723 não resgatou o lapso temporal como requisito para delinear um parâmetro de tempo para caracterizar a união estável, nem fixou um tempo mínimo de convivência para que a união esteja formada, ficando caso a caso ao arbítrio do juiz.
Nos anos noventa passou a ser costume adotar o tempo de cinco anos de relacionamento para caracterizar a união, porém hoje não é determinante, mas pode ser usado em alguns casos como referência de relacionamento duradouro. O jurista Zeno Veloso já deu um parecer a esse respeito, afirmando que em casos gerais, o transcurso de dois anos, aliado aos demais elementos do artigo 1723 do Código Civil, é um prazo razoável de vida em comum, e bastante para configurar a união estável. Ademais, o relacionamento pode ser duradouro, porém não ser estável. Havendo controvérsia, o juiz deverá se convencer baseado em um conjunto de evidencias com valor probante para declarar um relacionamento duradouro,público, e contínuo como uma união estável. É a partir de um fato determinante, que volto a repetir, varia de caso a caso, que se define a controvérsia, posto que a estabilidade do relacionamento não é absoluta. Uma longa interrupção do relacionamento pode descaracterizar o requisito da estabilidade.
 Há comportamentos conjugais que podem indicar a vontade em construir uma entidade familiar, como uma conta bancária conjunta, um contrato de aluguel no nome dos dois, contrato de compra, venda, ou financiamento de qualquer bem no nome dos conviventes, inscrição do outro na seguridade social pública ou privada, o contrato de um plano de saúde, um negócio empresarial em nome dos conviventes.
Hoje é o que define a união estável é a vontade imediata de construir uma família entre si. Não obstante, é recomendável que esses façam uma escritura pública para relatar o seus modos de convívio em algo formal.
O namoro, por mais longo que seja, ele não se confundi com a união estável, pois os envolvidos não estão com interesse de construir família de forma iminente, quando fica provado que pelo menos uma das partes não cogita, de forma alguma, construir família no presente imediato.
Após um período de relacionamento, onde as partes não têm o interesse em formar família, é preferível que se faça um contrato de namoro. Portanto, o namoro qualificado, o que tem um contrato de namoro, interdita qualquer pretensão ao reconhecimento desta situação em união estável.
Qual o objetivo do contrato de namoro e quais os efeitos jurídicos do contrato de namoro
O contrato de namoro é uma alternativa que os casais procuraram para proteger seu patrimônio, visto que muitas vezes os relacionamentos se rompiam ou um dos dois falecia e para que não houvesse a configuração da união estável, os casais aderiram ao contrato de namoro.
O conceito de União estável está no artigo 1.723 do código civil brasileiro:
É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
A grande preocupação dos casais era que havia sido retirado do conceito de união estável o limite mínimo de tempo que era de superior a 05 anos de convivência (Lei 8.971/94), então a partir de então namoros que tivessem uma continuidade no relacionamento poderiam ser configurados como união estável, e esta, portanto dá direito á herança, pensão e partilha de bens, afetando o patrimônio dos envolvidos, ou seja, evitar a incomunicabilidade do patrimônio do casal, demonstrando que não há comprometimento entre eles na formação de uma família, de um vínculo familiar.
Essa preocupação pela não configuração da União Estável, não comprometimento para a formação de uma família é que justamente casais que estão unidos por um vínculo de união estável tem os mesmo direitos que casais que estão unidos pelo vínculo matrimonial, por tanto, havendo o rompimento deste vínculo há que haver a partilha de bens, já que há uma comunicabilidade patrimonial. 
Maluf e Maluf trazem uma perspectiva muito interessante do namoro:
"Diferentemente, dos companheiros, cujos direitos pessoais e patrimoniais são resguardados pela lei, os namorados não têm direito a herança nem a alimentos. Assim, com o fim do namoro, não há qualquer direito na meação dos bens do ex-namorado. Aliás, nem há de se falar em regime de bens ou em partilha de bens entre namorados. Os namorados não têm nenhum direito, pois o namoro não é uma entidade familiar. (MALUF, Carlos Alberto Dabus, MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus, 2013, p. 376-377)." [3]
O contrato de namoro é utilizado com o objetivo da não configuração de união estável para que não haja a configuração de uma entidade familiar, pois no momento do rompimento do relacionamento namorados não tem direito a partilha de bens, pensão e caso haja o falecimento de um dos dois, o outro não tem direito a herança.
O Contrato de Namoro é uma manifestação expressa de vontade das partes, em que ambas demonstram que não estão convivendo em uma união estável, pois namorados não tem direitos a herança patrimonial do ex-namorado ou o pagamento de pensão alimentícia como casais que estão em união estável e comprometidos em um vínculo matrimonial tem, portanto para a questão matrimonial é muito mais vantajoso para ambas as partes que seja configurado apenas como um namoro, do que como uma união estável.
Existe uma grande discussão acerca da validade do contrato de namoro. A posição majoritária é pela invalidade e ineficácia jurídica do contrato de namoro, mas não se podem descartar as posições que reconhecem a validade e eficácia jurídica do mesmo.
De acordo com Gonçalves (2013), o denominado “contrato de namoro” possui, eficácia relativa, pois a união estável é um fato jurídico, um fato da vida, uma situação fática, com reflexos jurídicos, mas que decorrem da convivência humana. Contudo se as aparências e a notoriedade caracterizarem uma união estável, o contrato que estabeleça o contrário e que busque neutralizar a incidência das normas cogentes, de ordem pública, inafastáveis pela vontade das partes, não possuirá validade. [4]
Para Zeno Veloso o contrato de namoro é uma declaração bilateral em que pessoas maiores, capazes, de boa-fé, com liberdade, sem pressões, coações ou induzimento, confessam que estão envolvidas num relacionamento amoroso, que se esgota nisso mesmo, sem nenhuma intenção de constituir família, sem o objetivo de estabelecer uma comunhão de vida, sem a finalidade de criar uma entidade familiar, e esse namoro, por si só, não tem qualquer efeito de ordem patrimonial, ou conteúdo econômico. Para ele se não há nenhuma proibição legal, em nome do liberalismo, da autonomia privada, da democracia, vigora o secular princípio: permittitur quod non prohibetur = tudo o que não é proibido é permitido.[5]
Carlos Roberto Gonçalves se filia ao entendimento da doutrina majoritária na qual acredita que o contrato de namoro não tem validade por conta que o contrato de namoro afastaria a incidência de normas cogentes que regulam a união estável e mesmo que o contrato de namoro seja um negócio jurídico realizado pela vontade das partes, as normas cogentes não poderiam ser afastadas pela vontade das partes, já Zeno Veloso se filia a doutrina minoritária na qual defende que o contrato de namoro é válido, pois o contrato é feito por pessoas capazes, maiores de idade, com boa fé, sem qualquer coação ou induzimento a erro, e como não há nenhuma lei que proíba a realização do contrato de namoro, "tudo que não é juridicamente proibido é juridicamente permitido" portanto é possível a celebração do contrato de namoro e este é válido.
O que se é atendido pelos tribunais é a doutrina majoritária, por tanto se há configuração de união estável mesmo tendo um contrato de namoro, prevalece a união estável, como visto em um debate no Tribunal de Justiça de São Paulo que girou em torno da homologação e extinção de um contrato de namoro e o TJ de São Paulo entendeu extinguir o feito sem a resolução do mérito em decorrência da impossibilidade jurídica do pedido.
"No caso, o pedido posto na inicial é de ação de reconhecimento e dissolução de contrato de namoro consensual. Essa pretensão não encontra amparo no ordenamento jurídico, não podendo ser posta em juízo para solução pelo Poder Judiciário. Como bem salientou o il. Magistrado: “[...] A impossibilidade jurídica do pedido decorre da ausência de previsão legal que reconheça o denominado ‘contrato de namoro’. Ademais, a hipótese não se assemelha ao reconhecimento e dissolução de sociedade de fato para que os autos possam ser encaminhados a uma das Varas de Família da comarca, haja vista que se trata de ‘contrato’, diga-se, não juntado aos autos, parecendo se tratar de contrato verbal [...]. A preocupação dos requerentes, notadamente a do autor, no sentido de encerrar a relação havida de modo a prevenir outras demandas, o que o requerente não quer que ocorra ‘em hipótese nenhuma’ (sic) (último parágrafo de fl. 2)não basta para pedir o provimento jurisdicional, desnecessário para o fim colimado”. (fl. 14). Portanto, correta a sentença que deve ser mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos." [6]
Apesar de não haver nenhuma proibição legal para a realização do contrato de namoro, há que se perceber que ele é inválido, pois a união estável decorre das relações humanas, afastá-las seria prejudicial para os indivíduos já que a partir do momento em que a pessoa está em uma relação que é configurada como união estável ela adquire direitos que terão que ser protegidos no momento que essa relação se romper, por tanto mesmo que haja um contrato de namoro que "deconfigure" a relação vivenciada entre duas pessoas de uma união estável, se houver todos os requisitos estabelecidos por lei aquela relação será a de União Estável, mesmo que o casal tenha celebrado um contrato de namoro. Percebe-se que foi utilizado o contrato de namoro como uma forma de "burlar" a lei para que não acontecesse a configuração da união estável, e não ter a comunicabilidade patrimonial o que acarretaria em partilha de bens e até mesmo pensão alimentício no momento do rompimento ou falecimento de uma das partes. O direito está para proteger e garantir os direitos dos indivíduos, aceitar a validade do contrato de namoro em uma relação que tem os requisitos para a configuração de União Estável seria desproteger um direito já adquirido pelo casal, por isso o contrato de namoro é inválido.
CONCLUSÃO
Este trabalho foi elaborado com o intuito de analisar e compreender o contrato de namoro, como um instrumento avaliativo, este artigo foi produzido para analisarmos se há validade jurídica no contrato de namoro e sua eficácia quanto a proteção patrimonial.
Para tal feito explicamos as relações interpessoais através do tempo, comparamos e diferenciamos o contrato de namoro da união estável, e por fim apresentamos a opinião doutrinaria sobre o assunto.
Com a analise da união estável, podemos ver que esta, antes caracterizada como concubinato, recebeu, após a Constituição Federal de 1988, o status de entidade familiar, ficando desta forma equiparada ao matrimônio.
O contrato de namoro é feito por pessoas que não tem pretensões de futuro com o companheiro, estão naquele relacionamento somente pelo momento, portanto o contrato de namoro é firmado com a intenção de evitar a partilha de bens, direitos relativos a alimento, e até mesmo sucessórios.
Visto que não há uma norma regulamentadora e a pluralidade de posicionamentos da doutrina, este trabalho visa determinar a validade ou invalidade jurídica do contrato de namoro. Logo o contrato de namoro será eficaz para comprovar a inexistência de uma união estável. 
Se por ventura ocorrer um litígio entre as partes deste relacionamento, em que mesmo havendo celebrado contrato de namoro sem nenhum tipo de vicio de consentimento, ficar comprovado judicialmente com provas de que esse relacionamento se caracteriza como união estável, o magistrado irá julgá-lo como união estável, com todos os benefícios dessa entidade familiar.
Concluímos que em uma primeira perspectiva o contrato de namoro irá proteger o patrimônio das partes, visto que nenhuma das partes tem direito ao patrimônio da outra, mas que se houver uma ação judicial e nesta ficar comprovada a união estável, o magistrado irá declarar nulidade do contrato e seguir com a aceitação da união estável.
Por conseguinte o contrato de namoro não tem validade jurídica e não produz efeitos na proteção patrimonial, visto que mesmo que a celebração do contrato seja valida o juiz pode declarar nulo, se houver provas contundentes de que há uma união estável.
O contrato de namoro só vai produzir seu efeitos se por acaso o juiz, ao receber a as provas, não as acharem suficientes para configuração de união estável; nesta ponderação o juiz deverá levar em consideração o livre planejamento familiar, a felicidade, a liberdade, afetividade e dignidade da pessoa humana. 
Na opinião das redatoras deste artigo, acreditamos que o contrato de namoro deveria ter validade jurídica, visto que a maioria das relações desta década são de namoros e cada vez mais os namoros estão sendo mais importantes e duradouros, portanto a validade jurídica desse tipo de contrato deve ser reconhecida, para uma maior estabilidade nas relações afetivas.
REFERÊNCIAS
Disponível em <https://colunastortas.com.br/amor-liquido-zygmunt-bauman-uma-resenha> Acesso em 09 de abril de 2020
Disponível em < https://www.virtualjoias.com/blog/o-namoro-ao-longo-do-tempo/> Acesso em 09 de abril de 2020 
Disponível em <https://consultor-juridico.vlex.com.br/vid/namoro-va-lido-tem-pouca-utilidade-487571542> Acesso em 09 de abril de 2020
Disponível em < https://o-globo.vlex.com.br/vid/negocio-do-amor-698628025> Acesso em 09 de abril de 2020
[1] SERGIO, Caroline Ribas. O contrato de namoro e suas implicações no âmbito jurídico. Disponível em <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10965/O-contrato-de-namoro-e-suas-implicacoes-no-ambito-juridico> Acesso em 09 de abril de 2020
 [2] DA SILVA, Carlos Henrique Siqueira. A união estável, namoro, direitos e deveres. Disponível em <https://siqueiradasilva.jusbrasil.com.br/artigos/532726443/a-uniao-estavel-namoro-direitos-e-deveres> Acesso em 09 de abril de 2020
 [3] MALUF, Carlos Alberto Dabus, MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. . Curso de Direito de família. São Paulo: Saraiva, 2013.
[4] GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro:direito de família. 10. ed. rev. e atual. 6.vol. São Paulo: Saraiva, 2013.
[5] VELOSO, Zeno. É Namoro ou União Estável. 2016. Disponível em: <http://www.ibdfam.org.br/noticias/6060/%C3%89+Namoro+ou+Uni%C3%A3o+Est%C3%A1vel%3F>.Acesso em: 9 abr. 2020.
[6] Almeida, Felipe. O Superior Tribunal de Justiça e a Tese do Namoro Qualificado: Afastando a Hipótese de União Estável. Revista Síntese Direito de Família, ISSN 2179-1635, São Paulo, ano 17, n. 98, out./nov. 2016. Disponível em: <http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RDF_98_miolo%5B1%5D.pdf> >.Acesso em: 9 abr. 2020

Continue navegando