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1 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 Composição química da célula Existem algumas relações no nosso organismo que vão determinar essas concentrações de cátions e ânions. É tanto por compartimento próprio quanto por compartimentos distintos. Se a gente comparar a relação de concentração de elementos tanto orgânicos quanto inorgânicos tanto intracelular quanto extracelular, vai haver uma equivalência em relação ao número de cátions e ânions, ajudando a manter esse equilíbrio. • Substâncias inorgânicas: Água e sais minerais. • Substâncias orgânicas: Carboidratos, lipídeos, proteínas. Macromoléculas. A relação de equilíbrio por compartimento se extrapola inclusive para os elementos orgânicos e para os gases. Existem várias teorias que vão determinar essa relação de equivalência, por exemplo, entre o sódio e o potássio (relação inversa de concentração entre o líquido extracelular e o líquido intracelular). Essa relação vai ajudar a gente a determinar um fator muito importante, utilizado na prática, que é o cálculo da osmolaridade. A osmolaridade plasmática tem uma relação bem significativa com os principais compostos. LIC e LEC LIC - Líquido intracelular/LEC - Liquido extracelular. LEI DA ELETRONEUTRALIDADE: Para cada compartimento estar em equilíbrio, existe a relação, o equivalente em número de mols entre cátions e ânions. Qualquer interferência, seja o aumento de cátions, o aumento de ânions ou o aumento da relação entre eles (consumo de alguns desses cátions e ânions), pode levar ao desequilíbrio não só eletrolítico, mas também um distúrbio ácido-base. A principal relação entre LIC (Líquido intracelular) e LEC (Líquido extracelular) é a equivalência entre cátions e ânions. Distribuição de eletrólitos no LEC Quando a gente fala do líquido extracelular, a gente vai ter em média 154mEq/l tanto de cátions quanto de ânions, para manter a lei da eletroneutralidade. O principal cátion extracelular é o sódio, que fica em média 140mEq/L. O principal ânion extracelular é o cloreto, que fica em média 110 mEq/L. A gente tem outros ânions (Ex. bicarbonato – em torno de 25mEq/l) no LEC, que são importantes, mas não são tão representativos quanto o cloreto. Essa relação vai fazer o gap de ânions ou ânion-gap, ou seja, moléculas que são produzidas para estabelecer a lei da eletro neutralidade e que a gente não tem a capacidade de quantificar essas moléculas isoladamente com eficiência. A gente até pode quantificar, mas a gente não consegue fazer isso de maneira eficiente. Tem potássio, cálcio, magnésio para formar esses 154mEq/L. Existe uma quantidade de ânions (déficit de ânions) que não é suficiente nem para estabelecer a lei da eletro neutralidade com o principal cátion (sódio), ainda mais se a gente colocar os outros cátions. O nosso metabolismo é produtor de ácidos orgânicos, cetoácidos, lactato (formação do ácido lático), ureia, ácido sulfúrico. O nosso metabolismo intracelular vai estar produzindo o tempo inteiro ácidos orgânicos e o Bioquímica da Fibrose Cística 2 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 líquido extracelular vai se comportar como ânion. Esses ácidos orgânicos precisam manter uma concentração que seja uma concentração que tampone a relação de cátions e ânions, para manter essa equivalência, que é o que a gente chama de gap de ânion, que são esses ácidos orgânicos não quantificados. Distribuição de eletrólitos no LIC Osmolaridade • O sódio é o cátion mais abundante do meio extracelular. • É o principal responsável pela osmolaridade plasmática. • Osmolaridade plasmática → 2sNa+Gli/18 + Ur/6 (normal: 285-295mOsm/L) Cálculo da osmolaridade. A osmolaridade plasmática fica em torno de 290mOsm/L. Isso é o que explica, por exemplo, a relação que a gente usa nos pacientes para fazer uma reidratação quando ele está em equilíbrio hidroeletrolítico, cloreto de sódio a 09%. A partir de distúrbios relacionados a uma hiperglicemia ou uma hiponatremia ou um aumento de ureia plasmática (seja por dano renal ou aumento da degradação de proteínas) isso pode levar a distúrbios osmolares. • Sódio plasmático; Gli (glicemia); Ur (ureia). • Íon monovalente → 1mEq/L equivale a 1 mmol/L. • Distúrbios do sódio são bastante frequentes em pacientes hospitalizados e idosos. • O composto que está em maior concentração no líquido extracelular é a glicose. O sódio e a glicose são elementos que estão em alta concentração no líquido extracelular e não podem estar em concentração elevada no líquido intracelular, porque os distúrbios osmolares seriam danosos para a célula. Por mais que excesso de glicose plasmática seja danoso, o excesso de glicose intracelular seria um distúrbio muito mais danoso para as células. Enquanto a gente tem em média 60 a 80mg/dl de glicose plasmática no LEC. No LIC se tolera no máximo 20mg/dl. Essa relação está relacionada a osmolaridade (capacidade de uma molécula de atrair água para conseguir o equilíbrio da sua solubilização no meio aquoso). Então, mais de 20mg/dl de glicose intracelular pode fazer com que a célula se lizasse. Com o sódio é a mesma coisa. O sódio é um cátion que está em torno de 140mmol/L no LEC. No LIC tem até 10mmol/L aproximadamente. Abertura de canais iônicos e contribuição da osmolaridade já que existe uma relação de permeabilidade da água em conjunto com o sódio na maior parte das vezes, nas membranas celulares. Texto do MARKS: R: 0,9% de NaCI é 0,9 g de NaCI/100 mL, equivalente a 9 g/L. O NaCI tem um peso molecular de 58 g/mol, portanto a concentração de NaCI na solução isotônica é 0,155 M, ou 155 mM. Se todo o NaCI fosse dissociado em íons Na+ e CI-, a osmolalidade seria 310 mOsm/kg de água. Como o NaCl não é completamente dissociado, e algumas camadas de hidratação circundam as moléculas de NaCI não-dissociadas, a osmolalidade da solução fisiológica isotônica é cerca de 290 mOsm/kg H2O. A osmolidade do plasma, dos líquidos intersticiais e do LIC também são próximos de 290 mOsm/kg de água, de tal maneira que não ocorrem grandes deslocamentos de água ou edema quando solução fisiológica isotônica é administrada por via intravenosa. 3 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 Fala como é que a gente chega a usar, por exemplo, cloreto de sódio a 09%, que é o soro fisiológico. A gente usa cloreto de sódio a 09% para reidratar o paciente porque 09% daria (in vitro) a capacidade osmolar de 310. A gente sabe que a dissociação do cloreto de sódio tamponado (disponível) vai fazer uma dissociação incompleta (alguns íons vão ficar monovalentes, alguns sódios vão se separar e outros não), de aproximadamente 290 mOsm/L. Isso é super importante. Eu só vou hidratar um paciente com cloreto de sódio a 09% se ele tiver com a osmolaridade normal ou aumentada. Se tiver diminuída, a gente precisa reidratar com uma solução mais osmolar (Ex. ringer lactato). Componentes inorgânicos Sódio • Principal íon extracelular. • Faz a regulação da pressão colosmótica do plasma. NATREMIA • Concentração de sódio plasmático. Valores de referência: 136 a 142 mmol/l. HIPONATREMIA • Importante e comum anormalidade eletrolítica encontrada isolada ou associada com outras condições médicas. • Valores abaixo de 135mmol/L. • Causas de hiponatremia: Retenção de água. Doença de Addison (perda aumentada de sódio na urina). Acidose em geral. Uso de diuréticos. Nefropatias perdedoras de sal. HIPERNATREMIA • Aumento dos níveis de sódio no soro. Avaliação clínica? Houve redução do LEC? • Todos os estados hipernatrêmicos são hiperosmolares. • Ex: cetoacidose diabética. • Está, geralmente, associada á desidratação com Na+ superior a 170mEq/l. • Etiologia – perda de água superior à de sódio. Potássio• Principal cátion intracelular, porém, a pequena quantidade no LEC é importante para manter o potencial de membrana das células do músculo e dos nervos. • Valores de referência normais: 3.6 a 5.5 mmol/l. Urina: 23 a 123 mmol/24 horas. HIPOCALEMIA • Baixas concentrações de potássio no soro. Abaixo de 3,5 mmol/l. • Em geral é causada por perda excessiva gastrointestinal ou renal. HIPERCALEMIA • Altas concentrações de potássio no soro. O aumento sérico de potássio pode provocar desenvolvimento de ondas T altas, ou em pico no ECG. • Acima de 7.0 mmol/l há risco de parada cardíaca. • Causas: Insuficiência renal. Liberação de potássio de células lesadas. Crises hemolíticas. Cálcio Integridade das membranas celulares, condução dos estímulos cardíacos, coagulação sanguínea e formação e crescimento ósseos. O cálcio encontra nos líquidos orgânicos sob três formas diferentes: 1. Cálcio ionizado (4,5 mg/100ml). 2. Cálcio não difusível, formando complexos com ânions proteicos (5mg/100ml). 3. Sais de cálcio, tais como citrato e fosfato de cálcio. 4 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 Água • É a principal substância inorgânica dos seres vivos. • Quantidade: 50 a 70% do peso corporal. • Distribuição: 2/3 intracelular (LIC) e 1/3 extracelular (LEC). • Funções: todas as reações biológicas ocorrem na presença da água, mantém o volume celular (hidratação), transporte, mantém a temperatura do corpo constante. Por que? Atividade: Normalmente, quanto maior a atividade metabólica de um tecido, maior é a taxa de água que nele se encontra. PH O que significa? PH é o potencial hidrogenionte. Qual o PH das nossas células? 7,35 até 7,45. Até quanto pode variar? Existe uma faixa de PH para que as células se mantenham vivas entre 7,35 a 7,45, podendo variar (faixa fisiológica) em até -0,5 até +0,5, o que não é sentido de maneira significativa pelas células. Resumo: O PH pode variar de 6,9 até 7,9. Acima disso (Menor que 6,9 ou maior que 7,9), pode haver danos celulares irreversíveis. Já que nosso organismo é produtor de ácidos orgânicos, exige tamponamento constante. Concentração de íons hidrogênio em uma solução Concentração logarítmica negativa da concentração de hidrogênio. Equação de Henderson-Hasselbalch (para ácidos fracos). pKa apresenta o PH no qual 50% do ácido se dissocia. O PH tem uma relação direta com a concentração de bicarbonato e inversa com a pressão parcial de CO2. A fórmula é calculada pela constante de dissociação da água em H+ e OH-. Se a gente substituir essa constante de dissociação pelo peso molecular da água, a gente vai chegar a uma concentração molar de 10 elevado a -7 mols. Para a gente não ler PH essa forma (PH = 0,0000007), existiu a construção de uma escala logarítmica negativa. Isso é pra quem gosta muito de química e tem curiosidade! Tabela de variação do PH O PH sanguíneo sofre a influência dos ácidos produzidos pelo metabolismo e sua neutralização. PH x homeostasia Equilíbrio entre a entrada ou produção de íons hidrogênio e a livre remoção desses íons do organismo. O organismo dispões de mecanismos para manter a [H+] e, consequentemente o PH sanguíneo, dentro da normalidade, ou seja, manter a homeostasia. É importante a gente ter em mente que o nosso metabolismo chega a produzir até 1kg de CO2 ao longo de 24 horas. Isso mantém o nosso PH entre 7,36 a 7,46, mesmo com uma quantidade enorme de 5 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 substâncias que vão compor esses ácidos orgânicos no líquido extracelular. A maior parte são ácidos orgânicos não voláteis, porque os que são voláteis saem com o ar respirado. Metabolismo: • Dióxido de carbono. • Ácido sulfúrico. • Ácidos orgânicos e cetoácidos (acetoacetato, B- hidroxibutirato, ácido úrico, ácido lático...) não voláteis. • PH do sangue se mantém entre 7,36 e 7,46. Ácidos e bases Ácido são substâncias que doam prótons (H+) para a solução. Ácidos fortes se dissociam completamente em solução. Ex. ácidos inorgânicos HCL. Ácidos fracos se dissolvem parcialmente em solução. Ex. ácidos orgânicos com grupos carboxílicos H2CO3. Todo ácido fraco tem uma base conjugada. Bases são substâncias que captam prótons: Base conjugada é a base correspondente de um ácido que doou prótons. Aumento de CO2 também afeta a saturação da hemoglobina, podendo levar a hipóxia. Aumento do PH aumenta o tônus simpático e pode levar a uma disritmia cardíaca. Pulmões, rins e eritrócitos atuam na manutenção do equilíbrio ácido-base. Mecanismos sistemáticos podem ser alterados com a concentração desses elementos. Então, o aumento do Co2 pode afetar a saturação da hemoglobina, a diminuição do PH interfere diretamente no centro do controle da respiração e aumenta a frequência respiratória (ótimo para o nosso organismo). Toda vez que o PH cai mesmo na faixa de sobrevida, a FR vai aumentar como mecanismo compensatório. Já o aumento do PH pode aumentar o tônus simpático, podendo levar a disritmia. Equilíbrio ácido-base: Combinação da circulação (tamponamento formado pelo bicarbonato), filtração renal e sistema respiratório. Tampões Ácido fraco + sua base conjugada Impedem que o PH se altere quando H+ ou OH- são adicionadas a solução. Quanto mais concentrado for o tampão, mais efetivo ele será (mais mol. para interagir com H+). Tampões no corpo humano Pequenas variações na concentração desses elementos é significativa. Regulação do PH Sob condições normais o corpo gera entre 0,5 a 1kg de CO2 por dia. Controle do PH O íon bicarbonato (HCO3-) é o principal tampão do PH sanguíneo. 6 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 *Os eritrócitos e as células tubulares renais contém anidrase carbônica que converte o CO2 dissolvido em ácido carbônico, e o ácido carbônico se dissocia produzindo bicarbonato. O sistema tampão do bicarbonato Se adicionarmos um ácido aos fluídos do corpo o bic será consumido durante o processo de neutralização da carga de ácido e a [HCO3] no plasma é reduzida. Tamponamento por hemoglobina e bicarbonato Essa célula hepática vai ser produtora de Co2 e de hidrogênio. Vai haver descarboxilação nas vias energéticas e a produção de hidrogênio. O H+ em geral é tamponado dentro da própria célula por conta da quantidade de proteínas intracelulares e fosfato. O Co2 não pode ser tamponando em todas as células e, por isso, é difundido pelas células e captados pelos eritrócitos. Os eritrócitos tem uma enzima (anidrase carbônica), que em meio aquoso, ao encontrar CO2, vai ligar CO2 e água. É como se fosse uma reação espontânea. Água + Co2, na presença de anidrase carbônica, vai formar H2CO3 (ácido carbônico). Isso acontece nos eritrócitos. A depender de onde esse eritrócito tiver, a dissociação desse ácido carbônico pode ser parcial (dissociado apenas hidrogênio + bicarbonato) ou completa. Supondo que o eritrócito está na circulação periférica, a captação de grande quantidade de CO2 do metabolismo, vai formar ácido carbônico. A dissociação desse ácido carbônico do eritrócito que não está submetido a um diferencial de pressão atmosférica, ou seja, está na circulação periférica, vai se dissociar parcialmente e o hidrogênio vai ser tamponado por outras proteínas ou pelo próprio fosfato, e o bicarbonato, formado no interior dos eritrócitos, por uma bomba trocadora de cloreto vai sair para o meio extracelular. É necessária uma bomba trocadora de ânions (antiporte – bicarbonato e cloreto) para manter o equilíbrio da lei da eletroneutralidade. O cloreto e o bicarbonato são os mais representativos ânions do LEC. Esse bicarbonato no sangue vai tamponar o excesso de hidrogênio formado no metabolismo de outra célula,formando o ácido carbônico. Durante a circulação pulmonar, quando submetido a um diferencial de pressão atmosférica, vai haver a dissociação completa, e o CO2 vai embora e a água fica na respiração. Os tecidos vão ser produtores de CO2 e de hidrogênio, e no eritrócito essas moléculas vão ser combinadas pela presença da anidrase carbônica. O hidrogênio pode ser filtrado (excreção significada), o ácido carbônico pode se dissociar parcialmente e o bicarbonato também submetido a filtração tem uma taxa de reabsorção superior a 90%. Então, o hidrogênio é excretado, o bicarbonato é filtrado (taxa de reabsorção tubular alta). A gente consegue aumentar a reabsorção do bicarbonato? Consegue aumentar a velocidade da taxa de reabsorção, mas não aumenta a reabsorção, 7 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 pois já está em 90% e seria pouco relevante. É utilizado como manejo pra tratar acidose respiratória (manejo adicional, insuficiente). • Não dá pra tratar um paciente com acidose respiratória só aumentando a reabsorção de bicarbonato. • Se você tem uma acidose metabólica, você consegue manejar o paciente só com esses mecanismos compensatórios. Lá no pulmão, o ácido carbônico pode ser dissociado completamente em CO2 e H2O). Alcalose e acidose Podem ser provocados por problemas primários que afetam o componente respiratório ou a concentração do bicarbonato. Sempre que o problema primário for a causa, é importante que a gente identifique pra depois aprender avaliar se existem mecanismos compensatórios eficientes ou não. Toda vez que a causa primária de um distúrbio ácido- base for a diminuição plasmática de bicarbonato, existe uma desordem metabólica. Toda vez que tiver um aumento da pressão parcial de CO2, existe uma desordem respiratória (acidose respiratória). Acidose: Aumento na concentração de H+ Mais comum. Alcalose: Redução na concentração de H+. Saber essa tabela *Mista (alteração na pCo2 e HCO3-) Mecanismos compensatórios Toda vez que a desordem primária é uma desordem metabólica, como o centro de controle da FR é coordenada pela concentração de PH plasmática, os mecanismos compensatórios respiratórios são quase que imediatos (minutos ou horas). Isso acontece o tempo inteiro (após as refeições, prática de atividades físicas). Toda vez que a desordem primária é uma desordem respiratória (Ex. obstrução, DPOC) e o metabolismo vai requerer o aumento da velocidade da reabsorção de bicarbonato, um aumento da excreção de hidrogênio, isso pode levar muito tempo (dias) e em geral não é eficiente. Nem sempre acontece e é necessário uma intervenção. Acidose: A excreção de ácidos vai ser aumentada e a excreção de base conservada. Alcalose: A excreção de base vai ser aumentada e a excreção de ácidos vai ser conservada. Os vários ácidos produzidos no metabolismo vão ser tamponados pelo bicarbonato, e a excreção de ácido e a concentração de bicarbonato vão ocorrer através de vários mecanismos (Ex. troca de sódio e hidrogênio – bicarbonato de sódio, produção de amônia e excreção de íons amônia, excreção de prótons de hidrogênio com o fosfato, excreção de outros ácidos – ác.sulfúrico). Todas essas relações podem ajudar a contribuir com essa relação aí. Se a gente tem mais amina livre, a gente vai formar mais íons amônia, que é um fator de aumento da excreção de prótons de H. ÂNION-GAP Cálculo do ânion gap: Na – (Cl + Bic) O gap de ânion tem que ser o somatório que vai estabelecer o equilíbrio entre todos os cátions e todos os ânions somados. Se aumentar o gap de ânion porque o metabolismo começou a produzir mais ácidos orgânicos (Ex. acidose metabólica), o que vai acontecer? A eletro neutralidade vai ser infringida. Vai aumentar às custas do consumo, da redução do bicarbonato. O bicarbonato vai ser reduzido pra que haja a garantia da eletroneutralidade. 8 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 Valores de referência: 8 a 12mEq/l e 8 a 16mEq/l (se K+ for considerado) Ex: Existe uma condição metabólica (coluna verdinha), que mostra um aumento da produção de ácidos orgânicos, e essa produção foi dada às custas da diminuição do bicarbonato. Então, pode haver desequilíbrio ácido-base causado pelo excesso de ânions plasmáticos. Respiração de Kussmaul: sigla que determina todos os componentes do ânion gap. Respiração superficial com frequência elevada. Quê que eu tô dizendo pro metabolismo? Diminui a pressão parcial de CO2 para tentar aumentar a concentração de bicarbonato plasmático. É uma tentativa de compensar. Kusmale seria o somatório dos principais ácidos orgânicos: K = Ketoácido; M = Metanol; U = Uremia AL = Ácido lático; S = salicilato; E= Etilenoglicol São as moléculas principais que podem levar a um aumento desse gap de ânions. Ex: Se a gente chegasse a um extremo (é raro, mas pode ser visto na literatura, pouquíssimo na prática) pode haver também a perda de cloreto pra tentar equilibrar. O mais frequente é a redução do bicarbonato, já que essa molécula consegue fazer reações tanto de base conjugada quanto um ácido fraco. Na prática, as proteínas no plasma, existe a possibilidade química delas serem ionizadas, mas o que a gente observa é isso acontecendo muito mais intracelular do que fora, porque nesse caso (ex: rabdomiólise), a hemoglobina tem um peso molecular muito baixo e ela vai ser filtrada rapidamente, então, não é uma molécula que persiste (não tem reabsorção). Ânions indeterminados, déficit de ânios ou ¨ÂNIONS GAP¨ Eletroneutralidade: cátions = ânions. Tem fórmula do ânion-gap que utiliza o potássio. Fórmula: (Na + K) – (Cl- + HCO3-) Somente Cl- e HCO3- são normalmente determinados = déficit = ânion gap. Valores de referência: 8-16 mmol/l. Pode haver um aumento de cloreto (Ex. retenção de ácidos endógenos, insuficiência renal), e isso pode levar a um distúrbio ácido-base. Nesse conceito, pode haver alteração do PH. Aumentado Valores normais de uma gasometria arterial PH - 7,35 a 7,45 PO2 - 80 a 100mmHg PCO2 - 35 a 45 mmHg HCO3 - 22 a 28 mEq/L SatO2 - > 95% BE (Base excess) – (-2 a +2): Relação da concentração de base pra tentar se equilibrar com a pressão parcial de CO2 daquele momento. É um fator que vai relacionar a concentração de base conservada pra conseguir tamponar a pressão parcial de CO2. Pode 9 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 variar de -2 a +2, passando pelo 0. Tem lugar que é - 3,5 a +3,5 (vai sempre depender do equipamento). Toda vez que a gente tem um aumento da base excess acima do valor de referência ou uma diminuição abaixo do valor de referência, existe um desequilíbrio nos mecanismos compensatórios. Na prática, a gente sabe que o BE vai determinar se eu posso esperar aquele paciente compensar, se existe a necessidade compensatória ou não. EX: Paciente com acidose respiratória, PCO2 de 80, PH de 7, bicarbonato de 30. Tá aumentando o bicarbonato, tá com o PH dentro da taxa de sobrevida, tem a PCO2 aumentada (dificuldade de eliminar o CO2). Se o paciente tiver estável, posso ficar sem fazer nada? Aí vamos olhar pro BE. Se o BE estiver em +2, existe uma relação de equilíbrio onde o metabolismo ainda não exerceu toda a capacidade compensatória de conservar a base pra tentar reverter esse aumento da pressão parcial de CO2. Se o paciente estiver estável, eu posso esperar pra fazer alguma coisa. Se o BE ainda está dentro dos limites da normalidade, significa que o metabolismo ainda não exerceu toda a sua capacidade de tentar compensar essa acidose. Em geral, quando o BE tá menos é porque você tem um déficit de bases. Se a BE estiver +5, o mecanismo de reabsorção ou conservação de base já esgotou todasas possibilidades fisiológicas compensatórias pra tentar reverter esse quadro de acidose e isso não vai mudar. Se a gente esperar, na próxima gasometria, a acidose vai ter piorado, porque ele não tem mais capacidade de conservar base. BE: determina qual é o estágio de capacidade compensatória. Em geral, vai estar positiva em uma condição de acidose respiratória, onde é preciso conservar a base. Numa alcalose, é preciso aumentar a excreção de base e a BE vai estar negativa. Quando extrapola o valor de referência, a gente vai dizer que a situação se cronificou. Exige uma intervenção imediata. Gasometria A gente pode dosar todos os eletrólitos, mas a maior parte que vai ser dosada é a pressão parcial dos gases, principalmente de CO2. Tomem sempre como base a EQUAÇÃO DE HENDERSON -HASSELBACH Caso 1 – Alcalose respiratória PH = 7,52 → Aumentado! PaCo2 = 20 → Diminuída! Alcalose respiratória! HCO3 = 16 → Diminuído! Sempre quem vai determinar o desequilíbrio é o PH. Alcalose respiratória: PCO2 baixa e HCO3 baixo. Existe uma diminuição da pressão parcial de CO2 que está deslocando a reação para a formação de bicarbonato. Eu tenho um aumento do PH. O organismo está compensando aumentando a excreção de bicarbonato ou diminuindo a sua conservação. Caso 2 – Acidose metabólica PH = 7,30 → Diminuído! PaCO2=27 → Diminuída! Acidose metabólica! HCO3 = 13 → Diminuído! Acidose metabólica: PH baixo Acidose. PCO2 baixo (pra tentar compensar – eliminação de mais CO2 para formar menos ácido carbônico, porque tá havendo uma perda aumentada de bicarbonato), bicarbonato baixo. Caso 3 – Acidose mista PH = 7,05 → Diminuído! PaCO2 = 55 → Aumentada! Acidose mista! HCO3 = 15 → Diminuído! Acidose mista (Respiratória e metabólica): Diminuição da concentração de bicarbonato relação direta com a diminuição do PH. Aumento da pressão de CO2 também tem essa relação. Quem começou primeiro? Olhar o BE. BE+ → acidose respiratória na tentativa de compensação. 10 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 4 Caso 4 – Alcalose mista PH = 7,80 Aumentado! PaCO2 = 20 Diminuída! Alcalose mista! HCO3 = 30 Aumentado! Alcalose mista (respiratória e metabólica): Existe uma diminuição da pressão parcial de Co2 com o aumento da conservação de base. Quem foi primeiro? Não é quem está mais distante do valor de referência. É preciso olhar o BE. Se tiver muito positivo, quem tá sendo conservado é a base como mecanismo compensatório. Se tiver muito negativo é a PCO2. Caso 5 – Alcalose respiratória e acidose metabólica PH = 7,42 → Normal! PaCo2 = 19 → Diminuída! Alcalose respiratória! HCO3 = 12 → Diminuído! Acidose metabólica! PCO2 baixa → Alcalose respiratória. Concentração de bicarbonato baixa → Acidose metabólica. - A alcalose respiratória pode ter sido a origem, que levou a um mecanismo compensatório, causando a acidose metabólica. Ou, o paciente tem 2 distúrbios acidobásicos. Com PH normal, mas bastante instável. Daqui a pouco, um dos 2 distúrbios passa a ser mais prevalente. - No caso, o equilíbrio das concentrações manteve o PH normal. Caso 6 – Acidose respiratória PH = 7,18 → Diminuído! PaCo2 = 80 → Aumentada! Acidose respiratória! HCO3 = 29 → Aumentada! BE = 0 → Neutra. Aguda! BE = 0 → Acidose respiratória aguda. É uma resposta nova. O organismo tá fazendo a resposta compensatória. Caso 7 – Acidose respiratória Mesmo paciente do caso anterior, 6 horas depois. Obstrução das vias aéreas. PH = 7,34 → Diminuído! PaCo2 = 80 → Aumentada! Acidose respiratória! HCO3 = 42 → Aumentado! BE = +5 → Aumentada! Crônica! Se o paciente for deixado assim, na próxima gasometria, bicarbonato continuaria subindo e ele não conseguiria sair dessa reversão, pois a porção de PCO2 está estável em 80. Resposta compensatória no máximo → Acidose respiratória crônica.
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