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TUBERCULOSE GRUPO 2 DEFINIÇÃO A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica, granulomatosa e necrosante que compromete principalmente os pulmões, sendo o agente etiológico o Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch). Bacilo de crescimento lento Bacilo álcool-ácido- resistente (BAAR) Ácido resistente - PBAAR 2 EPIDEMIOLOGIA A tuberculose é uma das principais ameaças à saúde pública mundial. Segundo a OMS, em 2016: HOT ZONE – o HIV nos anos 80 mudou a geografia da tuberculose, o fato de em determinadas áreas criarem multiresistência, e também pelo fato de alguns agentes biológicos e drogas utilizadas nos transplantados podem fazer uma mutação. NO BRASIL: CONCENTRADO EM ÁREAS URBANIZADAS 3 TRANSMISSÃO É transmitido por via aérea de uma pessoa “bacilífera” (pessoa com exame de escarro positivo) com tuberculose pulmonar ou larígea, que elimina bacilos no ambiente e estes podem ficar suspensos em pequenas partículas no ar. A transmissão ocorre por via respiratória, por meio da inalação de aerossóis produzidos pela fala, tosse ou espirro. FATORES QUE FAVORECEM TRANSMISSÃO: quantidade de bacilos, tempo de contato, pouca luz solar, resistência do indivíduo exposto (HIV, diabéticos, imunodeprimidos...) Contato íntimo e prolongado de paciente bacilíferos 4 FATORES DE RISCO SOROPOSITIVOS PARA HIV DIABÉTICOS INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA DESNUTRIDOS IDOSOS USUÁRIOS DE DROGAS CORTICOTERAPIA NEOPLASIAS FISIOPATOLOGIA: infecção primária Inicialmente, o M. tuberculosis entra nos macrófagos alveolares por fagocitose, porém a bactéria é resistente ao fagossomo (BAAR) e, por isso, se multiplica dentro dessas células incontrolavelmente. Os macrófagos alveolares estimulam a migração de outras células sanguíneas para auxiliá-lo, porém, com essa ativa mobilização, muitas dessas células, com o bacilo no seu interior, retornam ao sangue, ocorrendo a disseminação hematogênica! Ocorre por via respiratória, contato íntimo e prolongado. O PPD fica positivo (exame para mostrar que houve contato com o ag. Etiológico) Os pacientes que não conseguem controlar a infecção no primeiro contato, desenvolvem de primeira (tuberculose primária progressiva). Isso não acontece tão facilmente pois, geralmente, os pacientes conseguem conter o processo infeccioso. Mas a infecção fica latente, podendo ser reativado posteriormente. Depois de anos pode ter a reativação (reativação endógena), porém pode ter a reinfecção exógena (contato novamente), fazendo a tuberculose pós-primária 6 O bacilo, como é resistente ao fagossomo, fica na forma latente no corpo do indivíduo, ocorrendo a disseminação oculta pelo corpo e possivelmente a reinfecção depois. FISIOPATOLOGIA: infecção primária Há posterior ativação da resposta do Th1, que destrói macrófagos infectados, destrói organelas danificadas e patógenos intracelulares, mas também gera a formação de GRANULOMA E NECROSE CASEOSA. Na maioria dos indivíduos, essa resposta acontece antes que a destruição tecidual provoque maiores danos. Em outros, a infecção progride, e a resposta contínua gera FOCOS NECRÓTICOS. RESPOSTA DO HOSPEDEIRO = liberação de citocisas e ativação dos macrófagos (limita a multiplicação dos bacilos ou mata). A resposta imune protetora impede a progressão ou leva à involução da lesão pulmonar primária (PPD positiva) A IMUNIDADE É PROTETORA, MAS NÃO ESTERILIZADORA -> PERMANÊNCIA DE BACILOS VIÁVEIS NAS LESÕES (INFECÇÃO LATENTE) 7 A grande maioria dos imunocompetentes irá passar por essa primeira infecção sem desenvolvimento da forma ativa da doença, mantendo-a na forma latente. A reativação da tuberculose pode ocorrer na imunossupressão. FISIOPATOLOGIA: reativação A reativação que ocorre geralmente em situações de imunossupressão gera atividade inflamatória intensa, com formação de GRANULOMAS CASEOSOS e posterior CAVITAÇÃO PULMONAR (nos casos de TB pulmonar). Nas formas extrapulmonares há a secreção de um foco tuberculoso contíguo em cavidade serosa. Fatores relacionados a reativação > Desnutrição Alcoolismo Terapia com corticoides ou outros imunossupressores Neoplasia Hemodiálise AIDS 8 APRESENTAÇÃO CLÍNICA: depende do estágio da doença, localização e imunidade do hospedeiro TUBERCULOSE PULMONAR Sintomas clássicos em qualquer uma das formas APRESENTAÇÃO CLÍNICA TB PULMONAR PRIMÁRIA TB PULMONAR PÓS- PRIMÁRIA TB PULMONAR MILIAR Ocorre logo em seguida do contato com o bacilo, sendo comum em crianças. Apresenta-se frequentemente com febre baixa, sudorese noturna e inapetência. Mais comum em adolescentes e adultos. Apresenta-se com tosse seca ou produtiva, sendo a produtiva mucóide/purulenta e com/sem sangue, além de febre vespertina não acompanhada por calafrios. Pode haver diminuição do murmúrio vesicular e sopro anfórico. Refere-se a um padrão inespecífico de acometimento pulmonar, sendo mais comum em pacientes imunossuprimidos. São comuns sintomas como febre, astenia, emagrecimento, sudorese noturna e tosse, além de hepatomegalia, acometimento do SNC e alterações cutâneas. Radiografia mostra multiplas opacidades bilaterais (infiltrados miliares). APRESENTAÇÃO CLÍNICA: principais formas de tuberculose extrapulmonar TB PLEURAL EMPIEMA PLEURAL TUBERCULOSO TUBERCULOSE GANGLIONAR PERIFÉRICA Ocorre por extensão de um foco caseoso subpleural que libera secreção para o espaço pleural, ou por via hematogênica. Cursa com dor torácica pleurítica, astenia, perda ponderal, anorexia, tosse seca e, mais tardiamente, dispneia. Há macicez na percussão e ruídos respiratórios diminuídos. RX com derrame pleural unilateral. Uma cavidade tuberculosa pode romper e extravasar para o espaço pleural. Logo, tem-se liquido no espaço pleural e pneumotórax. Aumento subagudo dos linfonodos, de forma indolor e assimétrica, principalmente na região cervical e supraclavicular. No exame físico, os linfonodos estão endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e ao plano de fundo, podendo flutuar ou fistulizar espontaneamente, inflamando a pele subjacente. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: principais formas de tuberculose extrapulmonar TB PERICÁRDICA TB ÓSSEA TB GASTROINTESTINAL Possui apresentação clínica subaguda. Principais sintomas: dor torácica, tosse seca e dispneia; pode haver ainda febre, emagrecimento, sudorese noturna, astenia e tontura. E se houver disfunção das câmaras cardíacas direitas, pode se desenvolver ainda congestão e edema de membros inferiores Quadro clínico: dor lombar, dor à palpação local e sudorese noturna. Localizações mais comuns: coluna vertebral, articulação coxofemoral e do joelho As manifestações comuns são febre, dor abdominal e sangramento gastrointestinal ou obstrução. 12 Outras formas de apresentação da tuberculose extra-pulmonar TUBERCULOSE RENAL TUBERCULOSE PERITONEAL TUBERCULOSE OSTEOARTICULAR TUBERCULOSE ILEOCECAL MENINGOENCEFALITE (MTB) DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO: importante para diagnóstico e acompanhamento dos casos confirmados Baciloscopia direta: método Ziehl-Nielsen Indicada em sintomáticos respiratórios, suspeita clinica ou radiológica de TB e acompanhamento e controle da cura de casos já confirmados A baciloscopia também está indicada em suspeita de TB extra-pulmonar Teste rápido molecular: PCR Indicado para diagnóstico de TB pulmonar e laríngea em adolescentes e adultos e diagnóstico das formas extra- pulmonar Detecta também a resistência a Rifampicina Cultura para micobacteria Bacilospia + e quadro clínico de TB juntos fecham diagnóstico de TB e autoriza inicio de tratamento Amostras recomendadas: escarro, escarro induzido, lavado broncoalveolar, lavado gástrico, líquor, gânglios linfáticos... Padrão-ouro A cultura confirma o diagnóstico para micobacteriose, sendo necessário outros testes depois Teste de identificação para verificar o patógeno específico e teste de sensibilidade para verificar possível resistência aos ATB DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO TB PRIMÁRIA Processo inflamatório granulomatoso se manifesta como opacidade (nódulo ouconsolidação) Principalmente nos lobos superiores TB PÓS-PRIMÁRIA Alterações semelhantes a forma anterior, com predileção dos lobos superiores e parte superior dos lobos inferiores Pode haver massas, nódulos e cavitações com a confluência de nódulos múltiplos Chama-se de NÓDULO DE GHON ou NÓDULO PRIMÁRIO Pode evoluir para necrose caseosa Pode haver cavidades, consolidações, nódulos ou opacidades Na TB miliar há opacidades difusas reticulo-micronodulares Com a cura, essas cavidades cicatrizam e geram calcificações ou retrações no parênquima Outros achados são o espessamento da parede brônquica e o aspecto de arvore em brotamento 16 DIAGNÓTICO HISTOPATOLÓGICO Usado nas formas pulmonares difusas e formas extrapulmonares A identificação de granuloma com necrose de caseificação é compatível com diagnóstico de TB DX diferencial: sarcoidose e silicose são doenças granulomatosas, porém não necrosantes OUTRO EXAME: Adenosina deaminase (ADA): enzima intracelular presente no linfócito ativado. Em fluidos, a sua detecção pode auxiliar no diagnóstico de TB DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO LATENTE PELO M. TUBERCULOSIS (ILTB) Quando um indivíduo saudável é exposto ao bacilo ele não irá necessariamente se infectar. Ainda que seja infectado, pessoas saudáveis geralmente permanecem sem o desenvolvimento da doença por anos, com imunidade parcial ao bacilo. O maior risco de adoecimento de concentra nos 2 primeiros anos, principalmente os pacientes imunodeprimidos, com comorbidades, desnutridos e idades extremas (<2 anos e >60 anos) DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO LATENTE PELO M. TUBERCULOSIS (ILTB) EM QUEM DEVE-SE RASTREAR ILTB? Pessoas que tiveram contato nos últimos 2 anos com pacientes com TB pulmonar ou laríngea Pessoas com HIV Pessoas com uso de TNF-alfa ou corticoide Pessoas com alterações radiológicas fibróticas sugestivas de sequela de TB Pessoas com silicose Pessoas com neoplasias Pessoas em diálise DM Pessoas com baixo peso Profissionais de saúde que trabalham no sistema prisional ou em instituições de longa permanência DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO LATENTE PELO M. TUBERCULOSIS (ILTB) Diagnóstico pela prova tuberculínica Mede-se a resposta imune celular a um derivado proteico purificado do M. tuberculosis, inoculado intradermicamente Não serve para diagnóstico de adultos com TB, apenas ILTB Diagnóstico pelo IGRA IGRA são os ensaios de liberação de interferon-gama (células anteriormente infectadas pelo bacilo produzem altos níveos de interferon-gama) Quantifica células T efetoras específicas ativadas após a exposição ao bacilo Mais caro e não disponível no SUS TRATAMENTO Os antibiótico utilizados interferem na maquinaria enzimática ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial para sobrevivência do bacilo. Os fármacos só atuam onde há metabolismo, portanto as formas latentes não são atingidas. A fim de diminuir a chance de recidiva, existem duas fases no tratamento: a fase intensiva (diminuição considerável das formas bacilares) e fase de manutenção (eliminação de bacilos latentes ou persistentes). TRATAMENTO: esquema básico O esquema básico está indicado para novos casos e retratamento- podendo ser recidiva após cura ou reingresso após abandono.´válido para todas as formas de tuberculose, com coinfectados por HIV ou não- com exceção da tuberculose meningoencefálica e osteomuscular. 4 FARMACOS PRINCIPAIS: RIPE/RHPE: rifampicina (R), isoniazida (I/H), pirazinamida (P) e estreptomicina (E) 2 MESES DE RIPE/RHPE E 4 MESES DE RI/RH TRATAMENTO: esquema básico TRATAMENTO No tratamento da das tuberculoses meningoencefálica e osteomuscular tem-se: 2 MESES DE RIPE/RHPE (fase intensiva) E 10 MESES DE RI/RH (fase se manutenção) REFERÊNCIAS
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