Buscar

Prévia do material em texto

1. INTRODUÇÃO
A responsabilidade civil tem por objetivo a reparação de danos, sendo expressamente uma tutela jurídica reparatória-compensatória, na qual traz-se uma proteção aos direitos fundamentais de natureza patrimonial.
Pois bem, veja-se, o direito a propriedade refere-se a um direito universal, em que pessoas dotadas de personalidade podem utilizar de suas condições personalíssimas para obter posse de algo, bem como aliená-lo. O que ocorre por muitas vezes é o detrimento (dano moral ou material) deste patrimônio, podendo incidir ao inadimplemento, o qual encontra-se estritamente ligado à indenização devido a lesão do mesmo.
Os danos eventualmente causados tratam-se não apenas da natureza patrimonial, mas também da dignidade da pessoa humana, considerando a real perspectiva da ocorrência, bem como identificando quais os indivíduos violados neste sentido.
O presente trabalho tem por objetivo identificar e conceituar os novos danos da responsabilidade civil, em que trata-se não só os danos individuais, materiais ou imateriais, mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos, a serem reclamados pelos legitimados.
2. CONCEITO DE DANOS 	
Segundo Stolze: 
“dano ou prejuízo como sendo a lesão a um interesse jurídico tutelado — patrimonial ou não —, causado por ação ou omissão do sujeito infrator. Note-se, neste conceito, que a configuração do prejuízo poderá decorrer da agressão a direitos ou interesses personalíssimos (extrapatrimoniais), a exemplo daqueles representados pelos direitos da personalidade, especialmente o dano moral”[footnoteRef:2]. [2: STOLZE, Pablo Gagliano, FILHO, Rodolfo Pamplona, ed. 2019. Saraiva, 2019 (Pág. 64)
] 
 Tradicionalmente, a doutrina costuma classificar o dano em patrimonial e moral ou ainda em danos morais e danos materiais.
São patrimoniais os prejuízos de cunho econômico, causados por violações a bens materiais (corpóreos) e a direitos (incorpóreos) que compõem o acervo da pessoa. 
 Dano Patrimonial, assim é patrimonial os danos a pessoas (físicas e jurídicas, conforme o caso) referentes à: ferimentos; lesão á virgindade; perda de direito, por ilícito contratual; lesão à esteticidade; destruição ou perda do bem; deformidade; difamação; utilização não autorizada de criação intelectual alheia; uso indevido de imagem alheira e inúmeros outros. 
 Dano moral individual são morais, os relativos à: violação de segredo; injúria; não divulgação; com a obra, do nome do autor; não reconhecimento da paternidade intelectual; perda de bem de estimação; morte de familiar; luto (como se verifica, incluem-se na relação, danos morais puros e outros de reflexos econômicos), dentre inúmeras outras situações.
 Os danos materiais são oriundos de prejuízos ou perdas relacionadas ao patrimônio Corpóreo de uma pessoa física ou Jurídica. O Dano obrigatoriamente tem que ser comprovado o que entendemos que é mais fácil de apurar, tanto o valor quanto a facilidade. De mensurar os valores, mesmo em casos de valores expressivos. 
 O artigo 944 do código civil parágrafo único é uma das bases para a indenização dos danos Artigos seguintes 945/946 e 947 do código civil. Além do artigo 186 do código civil.
Exemplo de Dano Material quanto à responsabilização da pessoa jurídica demandada, além do que dispõe o art. 932, II do Código Civil, a jurisprudência também é unânime:
“DIREITO CIVIL – RESPONSABILIDADE CIVIL EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE VEÍCULO – CULPA DO PREPOSTO DE EMPRESA DE ENTREGA ATRAVÉS DE MOTOCICLETA – ART. 83, III, DO CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO – ELEMENTOS DE PROVA – 1 - Os elementos de prova constantes dos autos demonstram a presença dos pressupostos da responsabilidade civil relativamente à empresa de entrega rápida de documentos e mercadorias por intermédio de motocicleta, empregadora do motorista do veículo que causou o acidente de trânsito noticiado nos autos. 2 - Os documentos apresentados, com fotografias esclarecedoras e croqui do local, aliados às circunstâncias em que ocorreu o acidente, são demonstrativos da culpa do motorista da motocicleta, a ensejar o reconhecimento da responsabilidade civil do empregador. 3 - Ação, dano e nexo de causalidade comprovados pela prova existente nos autos relativamente à responsabilidade civil da pessoa jurídica empregadora. Aplicação do disposto no art. 1.521, do Código Civil. 4 - Apelação conhecida e provida, com a reforma da sentença. (TRF 2ª R. – AC 1999.02.01.038641-8 – 5ª T. – Rel. Juiz Fed. Conv. Guilherme Calmon Nogueira da Gama – DJU 04.09.2003 – p. 153) JCCB.1521”[footnoteRef:3] [3: Guilherme Calmon Nogueira da Gama – DJU 04.09.2003 – p. 153) JCCB.1521”TRF 2ª R. – AC 1999.02.01.038641-8 – 5ª T. – Rel. Juiz Fed. Conv.Código civil. 
] 
2.1 DANOS MORAIS VULGARIZADOS
 Acompanhando as publicações sobre danos morais ficamos com a impressão de que foi vulgarizado em demasia, poderíamos afirmar que se desenvolveu uma verdadeira indústria de danos morais com o objetivo de obter lucro fácil. 
Neste sentido nos ensina Rui Stoco:
 “O Brasil corre o risco de o instituto da responsabilidade civil por dano moral, tal como ocorre aliunde, banalizar-se e desmoralizar-se, por força dos desvios de enfoque, da ganância, das pretensões exageradas ou descabidas, do jogo de esperteza, do desregramento específico e do abandono aos princípios e preceitos de super direito.”[footnoteRef:4] [4: STOCO, Rui, Tratado de Responsabilidade Civil, ed. 10, Revista dos Tribunais.] 
Para ocorrer os danos morais é necessário que tenha ocorrido um prejuízo aos direitos personalíssimos. São direitos da personalidade, que ocupam posição supra estatal, dos quais são titulares todos os seres humanos a partir do nascimento com a vida (Código Civil, arts. 1º e 2º). São direitos inatos, reconhecidos pela ordem jurídica e não outorgados, atributos inerentes à personalidade, tais como o direito à vida, à liberdade, à saúde, à honra, ao nome, à imagem, à intimidade, à privacidade, enfim, à própria dignidade da pessoa humana.
Exemplo de Situação envolvendo questionamento de Direito moral. O Ministro do Superior Tribunal de Justiça – STJ - Massami Uyeda, no julgamento do Recurso Especial nº 1.234.549 - SP (2011/0013420-1), contribui para o entendimento da matéria ao concluir que:
“RECURSO ESPECIAL - RESPONSABILIDADE CIVIL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - IMÓVEL - DEFEITO DE CONSTRUÇÃO - INFILTRAÇÕES EM APARTAMENTO - POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO - CONSTATAÇÃO, PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS - LAMENTÁVEL DISSABOR – DANO MORAL - NÃO CARACTERIZADO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 
I - As recentes orientações desta Corte Superior, a qual alinha-se esta Relatoria, caminham no sentido de se afastar indenizações por danos morais nas hipóteses em que há, na realidade, aborrecimento, a que todos estão sujeitos. 
II - Na verdade, a vida em sociedade traduz, infelizmente, em certas ocasiões, dissabores que, embora lamentassem, não podem justificar a reparação civil, por dano moral. Assim, não é possível se considerar meros incômodos como ensejadores de danos morais, sendo certo que só se deve reputar como dano moral a dor, o vexame, o sofrimento ou mesmo a humilhação que, fugindo à normalidade, interfiram intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, chegando a causar-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar.
Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/95) A lei dos Juizados Especiais Cíveis foi sancionada em 26 de setembro de 1995 que visam atender os casos de conciliação, o julgamento e a execução de causas de menor complexidade, que facilitam o acesso do cidadão ao Poder Judiciário. A criação dos juizados especiais veio como um grande marco em nossa sociedade, pois visa desafogar o Judiciário e trazer celeridade para os processos. Como orienta o Art. 2º da Lei n. 9.099/95.”[footnoteRef:5] [5: Recurso Especial nº 1.234.549 - SP (2011/0013420-1) – STJ. Disponívelem: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21276641/recurso-especial-resp-1234549-sp-2011-0013420-1-stj/inteiro-teor-21276642. Acessado em: 28/09/2019.] 
A partir deste momento, a população em geral passou a utilizar o juizado e pleitear danos morais, qualquer situação desconfortável e com um aborrecimento é o suficiente para pleitear uma indenização por danos morais.
3. OS NOVOS DANOS 
 Segundo o novo Código civil, nos seus enunciados da obrigação de indenizar, nos artigos 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo, veja-se:
 “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.[footnoteRef:6] [6: Código Civil de 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acessado em: 04/10/2019.] 
 Segundo o autor Sergio Cavalieri responsabilidade civil, está concentrada sobre a obrigação de indenizar, e defini o dano como uma ação de provocar ou de causa, de alguma forma um risco a alguém, e que gere uma ação de prejuízo, que coloque em questão, a reparação desse dano, seja na ação de causar a lesão ou de um bem jurídico.
 O autor discorre de um determinante dentro do conceito de dano, o mesmo constitutivo a uma personalidade de dano, para ser tratado como dano, por que existe uma questão como deve ser vista conduta de quem praticou e provocou a ação. 
 Tornando-se por base um critério que leve em consideração a extensão subjetiva do dano, pode o dano moral ser dividido em individual, quando é ofendido o patrimônio ideal de uma pessoa, ou da coletividade ou de uma categoria de pessoas. 
 3.1 DANO MORAL (ESPECIAL)
O que é, e para o que serve parte significativa da doutrina e da jurisprudência conceitua o dano moral como o efeito não patrimonial da lesão, identificado pela “dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do ofendido, causando-lhe aflição, angústia[footnoteRef:7]”. [7: CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2010.] 
Função social, diferenciado de tutela por intermédio da responsabilidade civil, “a especificidade do dano moral reclama que sua quantificação realize-se pela análise de aspectos extrínsecos conjugados dos quais destacam, por um lado, a necessidade do reconforto da vítima, já que é impossível o retorno ao estado de coisas anterior, e, por outro lado, a conveniência de se punir o responsável pela infringência da norma e causação do dano, a fim de evitar-lhe a reiteração[footnoteRef:8].” [8: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. Ministro Luiz Fux. 13 de agosto de 2014. Supremo Tribunal Federal.] 
 Cabe ao STJ o controle do valor fixa a título de indenização por dano moral, que não pode ser ínfimo ou abusivo. Diante das peculiaridades de cada caso, mas sim proporcional à dúplice função do instituto: reparação do dano, “buscando minimizar Dor da vítima, e punição da ofensa para que não volte a reincidir[footnoteRef:9]”. [9: Bittar, Carlos Alberto, Responsabilidade Civil Teoria & Prática, São Paulo 5ª edição, Editora Forense Universitária. (pag. 92)] 
Aqui será caracterizado o dano social, identificando a parte legítima para pleiteá-lo, bem como verificar a destinação dada ao valor da indenização pela jurisprudência, e identificar os fundos sociais para os quais poderão ser encaminhados os valores atribuídos a título de indenização por dano social. Serão levantadas teorias jurídicas sobre a destinação da indenização do dano social, O dano social e feito da tentativa de ampliação dos danos materiais para ele os danos sociais, por sua vez são lesões à sociedade no seu nível de vida tanto para rebaixamento de seu patrimônio moral principalmente a respeito da segurança quando por diminuição na qualidade de vida. A indenização referente ao dano social não deveria ser direcionada à vítima, já que o dano não atingiu somente aquele autor específico e sim toda a sociedade no art. 883 parágrafo único do CC/02 é a aplicação da função social da responsabilidade civil. O dano social mesmo que, ainda timidamente, está sendo utilizado como mais uma verba de aproveitamento aos consumidores de forma individualizada, como verdadeiro instrumento de ampliações do proveito econômico nas demandas indenizatórias.
3.2 DANOS POR PERDA DE CHANCE 
“Essa nova concepção de dano passível de indenização teve origem a partir da análise de casos concretos que levavam a compreender que independente de um resultado final, a ação ou omissão de um agente que privasse outrem da oportunidade de chegar a este resultado fosse responsabilizada por tanto, ainda que este evento futuro não fosse objeto de certeza absoluta[footnoteRef:10].” [10: MORYA, Márcio. Teoria da perda de uma chance na responsabildade civil. Disponível em: https://marciomorya.jusbrasil.com.br/artigos/239964392/teoria-da-perda-de-uma-chance-na-responsabilidade-civil. Acessado em: 28/09/2019.] 
O dano dentro da responsabilidade civil se divide em quatro vertentes, uma delas é a teoria da perda de uma chance, a qual foi desenvolvida na França. A análise dessa teoria é complicado, sendo que essa perda de chance é apenas uma probabilidade de que possivelmente aconteça se a conduta da pessoa não existir, ou seja, quando a pratica de um ato ilícito ou abuso de um direito acaba impossibilitando outrem de obter um resultado esperado pela vítima, gerando um dano a ser reparado. 
Sendo assim, o sentimento de frustração gerado em determinado caso pode ser reparado. A reparação é obtida após análise do caso concreto, levando em conta a razoabilidade e probabilidade do resultado buscado pela vítima que o perdeu.
Neste caso, o dano precisa ser concreto ou pelo menos de fácil percepção, diferente dos demais danos. 
É preciso que seja examinada a probabilidade do resultado que era pretendido, e se seria muito provável de alcançá-la caso não houvesse uma violação. Caso seja improvável do resultado desejado ser alcançado ou quase certo, deve ser descartado. Ou seja, o dano tem que trazer prejuízo para a vítima, essa chance perdida deve repercutir na esfera patrimonial ou extrapatrimonial.
Após a análise, o autor é então responsabilizado por ter privado a obtenção de um resultado certo para vitima ou apenas de ter privado a mesma de evitar um prejuízo. 
“O que se quer indenizar aqui não é a perda da vantagem esperada, mas sim a perda da chance de obter a vantagem ou de evitar o prejuízo. [footnoteRef:11]“ [11: FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil, REVISTA. AMPLIADA. (Op. Cit. pag. 92)] 
Não há uma legislação brasileira especifica para esse tema, porem o jurista se vale do critério de analogia, adaptando a legislação vigente ao caso concreto; como podemos verificar no exemplo ocorrido aqui no Brasil em 2005:
“No “Show do Milhão”, uma participante alegou ter perdido pela última pergunta, a qual valeria um milhão de reais e não ter uma resposta correta. Foi de fato concluído que a ré teria elaborado perguntas sem resposta certa. E o julgado foi considerado como teoria da perda de uma chance.
“O ministro acolheu o valor da indenização sugerido pela empresa — BF Utilidades Domésticas, de R$ 125 mil, equivalente a um quarto do valor em questão, por ser uma “probabilidade matemática” de acerto de uma questão de múltipla escolha com quatro itens.[footnoteRef:12]” [12: REsp. 788.549/BA,. STJ. Ministro Fernando Gonçalves. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/arquivos/2014/10/art20141009-06.pdf. Acessado em: 21/10/2019.] 
4. DANOS PROFISSIONAIS
O entendimento da equipe quanto aos danos profissionaispodemos ver sob dois olhares, o primeiro é o dano provocado pelo profissional no exercício de sua missão e prejudicar de alguma maneira sua parte contratante ou ainda a outra parte, o segundo olhar que entendo seja importantíssimo seria o profissional que sofre danos no exercício da sua profissão, podemos utilizar como o exemplo a doença ocupacional.
	O primeiro caso já existe a possibilidade do profissional, independente da área, contratar seguro para possíveis danos e com isso garantir a prestação do serviço e uma cobertura para aquelas situações em que houver uma falha humana ou se for de outra natureza garantir a reposição patrimonial ou moral do dano ocorrido. No segundo caso são danos que tem a probabilidade de aparecerem ou de incorrerem durante o exercício da profissão, se for empregado existe uma cobertura, se for profissional liberal vai acontecer o dano da mesma forma, mas precisa pensar e agir preventivamente no sentido de garantir a continuidade e saúde do trabalhador além de minimizar os danos ocorridos. 
 Para exemplificar buscamos na internet uma matéria interessante publicada por Waldemar Ramos Junior sobre esse assunto. “Mas, afinal, o que é a doença ocupacional?”
A doença ocupacional ou profissional está definida no artigo 20, I da Lei n. 8.213 de 24 de julho de 1991 como a enfermidade produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
 As doenças profissionais, conhecidas ainda com o nome de “idiopatias”, “ergopatias”, “tecnopatias” ou “doenças profissionais típicas”, são produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional peculiar de determinada atividade, ou seja, são doenças que decorrem necessariamente do exercício de uma profissão.
A doença ocupacional ou profissional, portanto, é desencadeada pelo exercício do trabalhador em uma determinada função que esteja diretamente ligada à profissão.
 Afastado do trabalho desde 2012 por problemas de saúde, um bancário de Cuiabá garantiu na Justiça do Trabalho o direito de receber indenização por dano existencial.
A decisão é resultado de reclamação trabalhista na qual o bancário relata que, em razão das condições de trabalho, foi acometido por doença ocupacional. Desde então, passou a sentir dores e incômodos constantes que o impedem de aproveitar seu período de descanso e lazer com a família, não conseguindo usufruir dos momentos de convívio e repouso.
	Ao analisar o pedido de compensação pelo dano existencial, a juíza esclareceu que este decorre da conduta do empregador que impossibilita o trabalhador de conviver em sociedade, sendo privado de prática de atividades espirituais, afetivas, desportivas, culturais e de descanso, as quais lhe propiciam bem-estar físico e psíquico.
 O dano se refere ainda à impossibilidade de o trabalhador exercer atividades ligadas ao seu projeto de vida, de forma a lhe garantir melhores condições profissionais.
 Explicou, ressaltando que deve ser comprovado o dano causado nessa área:
 “Denota-se, assim, que o dano existencial não se confunde com o dano moral, pois requer a comprovação da impossibilidade de usufruir de um projeto de vida e vida de relações.[footnoteRef:13]” [13: TRT 2ª R.; ROT 1001432-53.2018.5.02.0704; Décima Quarta Turma; Rel. Des. Davi Furtado Meirelles; DEJTSP 15/10/2019; Pág. 23852.] 
 No caso do bancário, a juíza concluiu pela ocorrência desse dano em razão das doenças ligadas ao trabalho, na medida em que suas consequências limitam os atos de sua vida como um todo, veja-se:
“RECURSO ORDINÁRIO. DOENÇA OCUPACIONAL DE NATUREZA PSÍQUICA. NEXO CAUSAL. COMPROVAÇÃO EM LAUDO PERICIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL RECONHECIDA. Restou comprovada nos autos a existência de nexo de causalidade entre as enfermidades psíquicas de que é portadora a reclamante e o trabalho por ela desempenhado em favor do banco reclamado, nos termos do laudo pericial produzido nos autos e de conformidade, inclusive, com decisão judicial anterior, transitada em julgado, em que se reconheceu a prática do réu de exercer gestão por estresse. Assim, deve ser reformada a sentença, para condenar o reclamado ao pagamento de indenização decorrente de responsabilidade civil. Recurso ordinário a que se dá parcial provimento. 
INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. EXTENSAS JORNADAS DE TRABALHO. A prestação de serviços em extensas jornadas de trabalho com jornada média diária de 12 (doze) horas com 30 (trinta) minutos de intervalo e apenas duas folgas mensais gera direito ao pagamento de indenização por dano existencial eis que o trabalho nessas condições além de afetar a saúde física e mental do empregado também contribuiu para afastá-lo do convívio social e familiar o que lhe acarreta situação de angústia e sofrimento íntimo. Recurso Adesivo do reclamante provido, no aspecto.[footnoteRef:14]” [14: (TRT 2ª R.; ROT 1001432-53.2018.5.02.0704; Décima Quarta Turma; Rel. Des. Davi Furtado Meirelles; DEJTSP 15/10/2019; ] 
5. DANOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL
	Em meio aos diversos danos causados que podem incorrer a responsabilidade civil, conforme exposto neste trabalho, entramos no mérito dos danos da alienação parental.
	O número de divórcios tem crescido cada vez mais e por muitas vezes as famílias são devastadas em decorrência deste fato, assim, pode haver um rompimento familiar às probabilidades dos efeitos negativos no ciclo familiar, bem como no social são notáveis.
“Na atualidade, há um elevado índice de divórcios em nossa sociedade, gerando grandes mudanças na vida dos filhos: mudanças psicológicas e ambientais, como ansiedade, depressão, dificuldades na aprendizagem e também sofrimento decorrente da ausência/perda de um dos genitores, que poderá gerar inúmeros conflitos para essa criança”[footnoteRef:15] (TOLOI, 2006). [15: TOLOI, Cunha, Dolores, Maria. Filhos do Divórcio: Como compreendem e enfrentam conflitos conjugais no casamento e na separação. 2006. Disponível em: < https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/15540> Acesso em 04 de setembro de 2019.] 
Neste sentido, além de evidenciado um dano emocional, social e familiar na criança com o divórcio dos pais, muitas vezes os partícipes desta relação acabam por causar a chamada alienação parental. Ocorre que, o dano a ser analisado nesta ótica da responsabilidade civil leva em consideração a violação da dignidade da pessoa humana em razão da má relação entre o casal divorciado e o exercício da atividade materna e paterna. 
Pois bem, veja-se que o art. 227 da Constituição Federal prevê expressamente, in verbis: 
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” [GRIFO NOSSO]
A convivência familiar no que tange o dever da família deve respeitar uma relação harmônica, o que por muitas vezes não ocorre em uma separação devido à dificuldade de um dos genitores em aceitar o rompimento, fazendo com que uma das partes envolvida crie no infante um processo de programação para que a criança odeie um de seus genitores.
	A partir de ocorrências como esta houve uma necessidade de criação no juridiciário para avaliação das demandas conflitantes, uma vez que a alienação parental não traz prejuízo apenas para a criança, mas também para os genitores envolvidos. 
Os meios punitivos aplicados aos genitores alienantes pelo Poder Judiciário através da Lei de Alienação Parental são redigidos da seguinte forma por Correia[footnoteRef:16]: [16: MAGALHÃES, Maria Valéria de Oliveira Correia. Alienação parental e sua síndrome: aspectos psicológicos e jurídicos no exercício da guarda após a separação judicial. Recife: Edições Bagaço, 2009.] 
“O PoderJudiciário não só deverá conhecer o fenômeno da alienação parental, como declarar e interferir na relação de abuso moral entre alienador e alienado, baseado no direito fundamental de convivência da criança ou do adolescente. A grande questão seria o acompanhamento do caso por uma equipe multidisciplinar, pois todos sabem que nas relações que envolvem afeto, uma simples medida de sanção em algumas vezes não resolve o cerne da questão. De fato, há uma urgência justificável na identificação e conseqüente aplicação de “sanções” punitivas ao alienador. No artigo 6º, caput e incisos, a referida Lei enumera os meios punitivos de conduta de alienação: Art. 6º caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência da criança ou adolescente com o genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: I –declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II- ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;III- estipular multa ao alienador; IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; V- determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão ; VI- Determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII – declarar a suspensão da autoridade parental.”
	O dano moral em casos como esse é notável, entrando ai a responsabilização civil por parte o alienante, uma vez que quem comete o dano deve sim responder pelo ato, e a parte ferida deverá ser ressarcida pelas perdas sofridas.
	O dano proveniente da alienação diz respeito mais precisamente a uma alheação à realidade por parte da pessoa atuante ou da que seja atingida, realizada de maneira silenciosa. Os tribunais brasileiros se vêem no momento de grande responsabilidade, em ter que identificar o fenômeno e tentar coibir o dano[footnoteRef:17]. [17: Rolf Madaleno e Rodrigo da Cunha Pereira. O Fenômeno da Alienação Parental. In: Direito de Família: processo, teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2008.] 
	Por fim, é de grande conhecimento que por inúmeras vezes o dano causado pode ser sanado no meio judicial pela responsabilização, contudo as seqüelas emocionais e domésticas ainda permanecem tendo em vista que mesmo pessoa lesada tenha direito à reparação do dano, a alienação parental causa danos irreversíveis à dignidade da pessoa humana, bem como ao convívio e harmonização familiar.
6. CONDISERAÇÕES FINAIS
O trabalho sobre danos ampliou nosso entendimento para um universo diversificado, a nossa impressão era de que os danos se resumiam, na questão da esfera médica danos morais e alguns patrimoniais, pesquisando a doutrina e algumas jurisprudências, nos deparamos com o contexto bastante complexo que exige o estudo e embasamento doutrinário e legal sobre o assunto.
A doutrina define Danos em dois grandes grupos, quanto a classificação, individualmente observamos que são em inúmeros os danos que desconhecíamos, tais como, danos de oportunidades perdidas devido a desconhecimento legal, danos profissionais pró e contra, pelas mesmas razões, idem parta danos físicos e psicológicos.
No nosso entendimento é importantíssimo, o estudo de danos e digno de pesquisas mais aprofundadas tais como: elaboração de artigo específico, dissertação e pesquisa direcionada, assim como tese de doutorado para consagrar com maior profundidade.
REFERÊNCIAS
TOLOI, Cunha, Dolores, Maria. Filhos do Divórcio: Como compreendem e enfrentam conflitos conjugais no casamento e na separação. 2006. Disponível em: < https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/15540> Acesso em 04 de setembro de 2019.
QUEIROZ, Maria Emília Miranda de., NETO, Álvaro de Oliveira, CALÇADA, Andréia, SOUSA, Maria Quitéria Lustosa de: Alienação parental e família contemporânea: um estudo psicossocial, Recife: FBV/Devry, 2015. Disponível em :<http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/alienacao_parental/alienacao_parental_e_familia_contemporanea_vol2.pdf> Acesso em 04 de setembro de 2019.
MADALENO, Rolf. O fenômeno da alienação parental. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de família: processo, teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
EMERY, Carla Baldotto. Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica Aplicada ao Direito de Família. Rio de Janeiro, 2017. <https://www.migalhas.com.br/FamiliaeSucessoes/104,MI267804,51045-A+desconsideracao+da+personalidade+juridica+e+suas+aplicacoes+ao> Acessado em 28 de agosto de 2019.
V Jornada de Direito Civil / Organização Ministro Ruy Rosado de Aguiar Jr. – Brasília : CJF, 2012. pg. 75. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf> Acesso em 28 de agosto de 2019
MADALENO, Rolf. O fenômeno da alienação parental. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de família: processo, teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
EMERY, Carla Baldotto. Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica Aplicada ao Direito de Família. Rio de Janeiro, 2017. Acessado em 28 de agosto de 2019.
V Jornada de Direito Civil / Organização Ministro Ruy Rosado de Aguiar Jr. – Brasília : CJF, 2012. pg. 75. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf> Acesso em 28 de agosto de 2019
Revista Consultor Jurídico: Pergunta mal formulada do Show do Milhão garante indenização. 2005. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2005-nov-10/pergunta_mal_feita_show_milhao_indenizacao
LOPES, Rosamaria Novaes: Responsabilidade civil pela perda de uma chance. 2007. Disponível em:https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3861/Responsabilidade-civil-pela-perda-de-uma-chance
TOLOI, Cunha, Dolores, Maria. Filhos do Divórcio: Como compreendem e enfrentam conflitos conjugais no casamento e na separação. 2006. Disponível em: < https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/15540> Acesso em 04 de setembro de 2019.
 QUEIROZ, Maria Emília Miranda de., NETO, Álvaro de Oliveira, CALÇADA, Andréia, SOUSA, Maria Quitéria Lustosa de: Alienação parental e família contemporânea: um estudo psicossocial, Recife: FBV/Devry, 2015. Disponível em :<http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/alienacao_parental/alienacao_parental_e_familia_contemporanea_vol2.pdf> Acesso em 04 de setembro de 2019.
MADALENO, Rolf. O fenômeno da alienação parental. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de família: processo, teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
EMERY, Carla Baldotto. Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica Aplicada ao Direito de Família. Rio de Janeiro, 2017. Acessado em 28 de agosto de 2019.
V Jornada de Direito Civil / Organização Ministro Ruy Rosado de Aguiar Jr. – Brasília : CJF, 2012. pg. 75. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf> Acesso em 28 de agosto de 2019
FILHO, Sergio Cavalieri, Programa de Responsabilidade Civil, 2014.
MONTENEGRO, ÂntonioLindberg, Responsabilidade Civil. Anaconda. Ressarcimento de Danos. 4. Ed. Âmbito Cultural Edições.
 FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil, REVISTA 
AMPLIADA. (Op. Cit. pag. 92)
Direito civil contemporâneo Artigo [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI/UFS;Coordenadores: ElcioNacur Rezende, Otávio Luiz Rodrigues Junior, José Sebastião deOliveira – Florianópolis: CONPEDI, 2015.
18