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Agressão e Defesa na Etiologia das Micoses


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PRÁTICAS INTEGRADORAS III 
AULA 7 
Mecanismos de Agressão e Defesa nas Micoses 
 INTRODUÇÃO 
• Doenças fúngicas recebem menor atenção. 
• Subnotificação de casos devido a recente 
implementação da Notificação Obrigatória. 
• Motivos de preocupação: 
→ Negligenciadas; 
▪ Paracoccidioidomicose 8ª causa de morte por 
doença crônica da América Latina. 
→ Com a melhora das abordagens médicas e 
terapêuticas as pessoas têm sido mantidas vivas, 
porém com menor resposta imune (neutropenia) 
estando expostas a infecções; 
→ Tratamentos invasivos em paciente internados e 
uso de antibióticos de amplo espectro, causam 
predisposição; 
→ Pouca produção e evolução dos antifúngicos 
devido ao atraso da indústria farmacêutica; 
→ Fontes distintas do fungo, virtualmente presentes 
em todos os lugares; 
→ Virulência (adesão, invasão de tecidos, produção 
de toxinas etc.); 
→ Resistência. 
 DOENÇAS FÚNGICAS 
• Esporotricose; 
• Cromoblastomicose; 
• Pano branco; 
• Candidíase; 
• Histoplasmose; 
 
 CANDIDÍASE 
• 15% das IRAS são fúngicas, dentre essas 80% dos 
casos são causados por Candida spp. 
• 30 a 40% dos casos de candidemia levam a sepse ou 
choque séptico. 
• IRAS fúngicas: 
→ Importante morbimortalidade; 
→ Imunodeprimidos expostos a procedimentos 
invasivos; 
→ Elevadas taxas de mortalidade, tempo de 
internação e custos associados. 
• Possui mais de 150 espécies, dentre elas 5 são os 
principais patógenos causadores de candidíase. 
→ C. albicans; 
→ C. tropicalis; 
→ C. glabrata; 
→ C.parapsilosis; 
→ C. krusei. 
 
• Após o frequente tratamento com fluconazol as 
espécies não albicans tornaram-se responsáveis por 
90% das candidíases invasivas. 
• Uma espécie tornou-se emergente, a C. auris, a qual 
90% de seus isolados apresentaram resistência a um 
tipo de antifúngico e 30% deles a dois tipos. Com 
isso, possui um perfil multirresistente. 
• 60% das candidemias são causadas por espécies não 
albicans, o que é um problema devido a falta de 
testagem nos hospitais para identificação das 
espécies de cândida. 
• A cândida multirresistente ao azol já está em 
transmissão comunitária. 
 
 ASPERGILOSE 
• Aspergillus fumigatus extremamente oportunista, 
possui baixa virulência. 
• Presente em grande quantidade no ar. 
• Grande causa das infecções pulmonares em 
pacientes com COVID-19. 
 
 
 
 FUNGOS PATOGÊNICOS 
• Todo o fundo é oportunista é patogênico, desde que 
o indivíduo tenha o desequilíbrio que o torna 
predisponente. 
• Aumento na incidência de doenças fúngicas devido 
ao uso de antibacterianos, imunossupressores, 
HIV/AIDS e diagnóstico melhor. 
• Dentre as mais de 100 mil espécies, 200 são 
patógenos. 
• Possuem um amplo espectro causando micoses 
superficiais até sistêmicas graves. 
• Importante a produção de novos fármacos. 
 
 BENEFÍCIOS DOS FUNGOS 
• Produção de bebidas como cerveja e vinho. 
• Produção de alimentos. 
COVID-19 x INFECÇÕES FÚNGICAS 
• Pneumocystis; 
• Coccidioides; 
• Cryptococcus; 
• Mucor; 
• Candida; 
• Aspergillus; 
• Saccharamyces. 
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• Produção de medicamentos naturais, como 
penicilina e ciclosporina A. 
 
 MALEFÍCIOS DOS FUNGOS 
• Deterioração de alimentos. 
 
 MICOLOGIA MÉDICA 
• Micoses; 
• Síndromes dos edifícios doentes; 
• Alergias; 
• Micotoxicose (ingestão da toxina do fungo) e 
micetismo (ingestão do fungo). 
→ Aflatoxina produzida pelo Aspergillus flavus, 
presente em grãos, termoestável, sem cor e sem 
cheiro. 
 
MICOSES 
• Decorrente da presença e crescimento do fungo no 
tecido versus reação do hospedeiro. 
• Quimioeterotrópico, se relaciona com o hospedeiro 
para sobreviver. Degrada matéria orgânica e absorve 
como fonte de energia, a partir disso, ativa nossa 
resposta inflamatória. 
• Superficiais: São mais estéticas, não tem 
morbidade. 
→ Tinea negra: Crescimento de uma colônia de 
fungos escuros. Seu principal diagnóstico 
diferencial é o melanoma. 
• Cutâneas: 
→ Dermatofitose: Degrada queratina causando 
reação inflamatória. 
• Subcutâneas: 
→ Penetra mais profundamente e sobrevive em 
temperaturas altas. 
• Sistêmica: 
→ Paracoccidioidomicose. 
 
 MECANISMOS 
• Patógeno primário: Causa a doença independente 
de oportunismo. 
→ Dimórficos (adaptados ao ambiente); 
→ Ex: Sporothrix, Coccidiodes immitis, Histoplasma 
capsulatum, Paracoccidioides brasiliensi. 
• Oportunistas. 
→ Dimórficos; 
→ Filamentosos; 
→ Leveduras. 
→ Ex: Candida albicans, Cryptococcus neoformans, 
Aspergillus furnigatus 
• Fungo: Número de microrganismos x Virulência. 
• Hospedeiro: Defesas constitutivas e induzidas, 
fatores locais, ambientais e genéticos. 
• A doença começa quando é quebrado o balanço 
entre a virulência e a resposta imune do hospedeiro. 
• Sintomatologia: Depende da patogenicidade do 
agente agressor e a competência do sistema 
imunológico. 
• A patogênese microbiana é resultado da interação 
entre o hospedeiro e o microorganismo. 
• A relevância dessa interação é determinada pelo tipo 
e quantidade de danos ao hospedeiro. 
• Danos (sinais e sintomas) resultam de fatores 
microbianos ou da própria resposta do hospedeiro. 
• As lesões são resultantes de adaptações feitas pela 
resposta do corpo ao dano tecidual causado pela 
ação do fungo. 
 
 
 
ETAPAS 
1. Adesão fúngica; 
2. Colonização; 
3. Multiplicação; 
4. Invasão, disseminação e sobrevivência; 
5. Escape dos mecanismos de defesa do hospedeiro; 
 
FATORES DE VIRULÊNCIA 
• Termotolerância: Capacidade de sobreviver e 
multiplicar a 37ºC. 
→ Ex: Cryptococcus neoformans, Histoplasma 
capsulatum, Sporothrix brasiliensis. 
• Dimorfismo térmico: Para a mudança de forma do 
fungo é necessário o aumento da temperatura. Ele 
passa de filamentoso para levedura e ocorrem 
alterações de moléculas de superfície, expressando 
diferentes fatores de virulência. Quando ele está no 
ambiente ele possui um revestimento de β-glucana 
(micélio), após o dimorfismo ele apresenta α-
glucana, que confere rigidez e resistência fagocitária. 
A dectina-1 é responsável pela resposta imune a 
invasão o fundo, mas ele não reconhece α-glucana. 
→ Ex: Paracoccidioides spp., Histoplasma 
capsulatum, Sporothrix brasiliensis. 
 
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• Dimorfismo morfológico ou invertido: Levedura 
fica mais patogênica ao fazer hifa ou pseudohifa. 
→ Ex: Candida. 
• Dimorfismo morfológico ou swicht: Mudar de 
branca para opaca, aumentando a virulência. 
→ Ex: Candida. 
• Componentes da parede celular que ajudam na 
adesão (adesinas): Moléculas na membrana dos 
fungos apresentam ligação chave fechadura com 
moléculas presentes em células do tecido humano. 
Se ligam principalmente a receptores dectina e toll-
like. Algumas permitem o tigmotropismo, entrada 
do fungo nos tecidos pelo auxílio de enzimas. 
• Produção de enzimas (degradam tecido e 
permitem a invasão): Queratinases, colagenases, 
gelatinases, elastases, lipases, fosfatases e 
fosfolipases. Elas servem para capturar nutrientes, 
invadem tecidos e auxiliam na disseminação. 
→ Aspergillus flavus: Aflatoxina B1. 
• Produção de biofilme: Superfícies biótica e 
abióticas, apresentam difícil tratamento. 
• Cápsula: Antifagocitária. 
→ Cryptococcus neoformans, tambémsintetiza 
melanina reduzindo ação de radicais livres, 
protege contra a radiação ionizante e o calor, 
inibe antioxidantes e antifúngicos. Produz célula 
titã incapaz de ser englobada por fagócitos. 
• Escape do sistema imune: 
• Mimetismo molecular: O Paracoccidioides 
brasiliensis possui receptores de estrógeno (EBP), se 
liga principalmente ao 17-beta-estradiol e impede o 
diformismo para a forma patogênica, nesse caso as 
mulheres estão mais protegidas. Já na candidíase é 
o contrário, o 17-beta-estradiol estimula a formação 
de hifas, tornando a cândida mais virulenta. 
• Tamanho do fundo, localização e componentes 
alérgicos.