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2 0 2 0 . 2 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 1 PRÁTICAS INTEGRADORAS III AULA 7 Mecanismos de Agressão e Defesa nas Micoses INTRODUÇÃO • Doenças fúngicas recebem menor atenção. • Subnotificação de casos devido a recente implementação da Notificação Obrigatória. • Motivos de preocupação: → Negligenciadas; ▪ Paracoccidioidomicose 8ª causa de morte por doença crônica da América Latina. → Com a melhora das abordagens médicas e terapêuticas as pessoas têm sido mantidas vivas, porém com menor resposta imune (neutropenia) estando expostas a infecções; → Tratamentos invasivos em paciente internados e uso de antibióticos de amplo espectro, causam predisposição; → Pouca produção e evolução dos antifúngicos devido ao atraso da indústria farmacêutica; → Fontes distintas do fungo, virtualmente presentes em todos os lugares; → Virulência (adesão, invasão de tecidos, produção de toxinas etc.); → Resistência. DOENÇAS FÚNGICAS • Esporotricose; • Cromoblastomicose; • Pano branco; • Candidíase; • Histoplasmose; CANDIDÍASE • 15% das IRAS são fúngicas, dentre essas 80% dos casos são causados por Candida spp. • 30 a 40% dos casos de candidemia levam a sepse ou choque séptico. • IRAS fúngicas: → Importante morbimortalidade; → Imunodeprimidos expostos a procedimentos invasivos; → Elevadas taxas de mortalidade, tempo de internação e custos associados. • Possui mais de 150 espécies, dentre elas 5 são os principais patógenos causadores de candidíase. → C. albicans; → C. tropicalis; → C. glabrata; → C.parapsilosis; → C. krusei. • Após o frequente tratamento com fluconazol as espécies não albicans tornaram-se responsáveis por 90% das candidíases invasivas. • Uma espécie tornou-se emergente, a C. auris, a qual 90% de seus isolados apresentaram resistência a um tipo de antifúngico e 30% deles a dois tipos. Com isso, possui um perfil multirresistente. • 60% das candidemias são causadas por espécies não albicans, o que é um problema devido a falta de testagem nos hospitais para identificação das espécies de cândida. • A cândida multirresistente ao azol já está em transmissão comunitária. ASPERGILOSE • Aspergillus fumigatus extremamente oportunista, possui baixa virulência. • Presente em grande quantidade no ar. • Grande causa das infecções pulmonares em pacientes com COVID-19. FUNGOS PATOGÊNICOS • Todo o fundo é oportunista é patogênico, desde que o indivíduo tenha o desequilíbrio que o torna predisponente. • Aumento na incidência de doenças fúngicas devido ao uso de antibacterianos, imunossupressores, HIV/AIDS e diagnóstico melhor. • Dentre as mais de 100 mil espécies, 200 são patógenos. • Possuem um amplo espectro causando micoses superficiais até sistêmicas graves. • Importante a produção de novos fármacos. BENEFÍCIOS DOS FUNGOS • Produção de bebidas como cerveja e vinho. • Produção de alimentos. COVID-19 x INFECÇÕES FÚNGICAS • Pneumocystis; • Coccidioides; • Cryptococcus; • Mucor; • Candida; • Aspergillus; • Saccharamyces. 2 0 2 0 . 2 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 2 • Produção de medicamentos naturais, como penicilina e ciclosporina A. MALEFÍCIOS DOS FUNGOS • Deterioração de alimentos. MICOLOGIA MÉDICA • Micoses; • Síndromes dos edifícios doentes; • Alergias; • Micotoxicose (ingestão da toxina do fungo) e micetismo (ingestão do fungo). → Aflatoxina produzida pelo Aspergillus flavus, presente em grãos, termoestável, sem cor e sem cheiro. MICOSES • Decorrente da presença e crescimento do fungo no tecido versus reação do hospedeiro. • Quimioeterotrópico, se relaciona com o hospedeiro para sobreviver. Degrada matéria orgânica e absorve como fonte de energia, a partir disso, ativa nossa resposta inflamatória. • Superficiais: São mais estéticas, não tem morbidade. → Tinea negra: Crescimento de uma colônia de fungos escuros. Seu principal diagnóstico diferencial é o melanoma. • Cutâneas: → Dermatofitose: Degrada queratina causando reação inflamatória. • Subcutâneas: → Penetra mais profundamente e sobrevive em temperaturas altas. • Sistêmica: → Paracoccidioidomicose. MECANISMOS • Patógeno primário: Causa a doença independente de oportunismo. → Dimórficos (adaptados ao ambiente); → Ex: Sporothrix, Coccidiodes immitis, Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensi. • Oportunistas. → Dimórficos; → Filamentosos; → Leveduras. → Ex: Candida albicans, Cryptococcus neoformans, Aspergillus furnigatus • Fungo: Número de microrganismos x Virulência. • Hospedeiro: Defesas constitutivas e induzidas, fatores locais, ambientais e genéticos. • A doença começa quando é quebrado o balanço entre a virulência e a resposta imune do hospedeiro. • Sintomatologia: Depende da patogenicidade do agente agressor e a competência do sistema imunológico. • A patogênese microbiana é resultado da interação entre o hospedeiro e o microorganismo. • A relevância dessa interação é determinada pelo tipo e quantidade de danos ao hospedeiro. • Danos (sinais e sintomas) resultam de fatores microbianos ou da própria resposta do hospedeiro. • As lesões são resultantes de adaptações feitas pela resposta do corpo ao dano tecidual causado pela ação do fungo. ETAPAS 1. Adesão fúngica; 2. Colonização; 3. Multiplicação; 4. Invasão, disseminação e sobrevivência; 5. Escape dos mecanismos de defesa do hospedeiro; FATORES DE VIRULÊNCIA • Termotolerância: Capacidade de sobreviver e multiplicar a 37ºC. → Ex: Cryptococcus neoformans, Histoplasma capsulatum, Sporothrix brasiliensis. • Dimorfismo térmico: Para a mudança de forma do fungo é necessário o aumento da temperatura. Ele passa de filamentoso para levedura e ocorrem alterações de moléculas de superfície, expressando diferentes fatores de virulência. Quando ele está no ambiente ele possui um revestimento de β-glucana (micélio), após o dimorfismo ele apresenta α- glucana, que confere rigidez e resistência fagocitária. A dectina-1 é responsável pela resposta imune a invasão o fundo, mas ele não reconhece α-glucana. → Ex: Paracoccidioides spp., Histoplasma capsulatum, Sporothrix brasiliensis. 2 0 2 0 . 2 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 3 • Dimorfismo morfológico ou invertido: Levedura fica mais patogênica ao fazer hifa ou pseudohifa. → Ex: Candida. • Dimorfismo morfológico ou swicht: Mudar de branca para opaca, aumentando a virulência. → Ex: Candida. • Componentes da parede celular que ajudam na adesão (adesinas): Moléculas na membrana dos fungos apresentam ligação chave fechadura com moléculas presentes em células do tecido humano. Se ligam principalmente a receptores dectina e toll- like. Algumas permitem o tigmotropismo, entrada do fungo nos tecidos pelo auxílio de enzimas. • Produção de enzimas (degradam tecido e permitem a invasão): Queratinases, colagenases, gelatinases, elastases, lipases, fosfatases e fosfolipases. Elas servem para capturar nutrientes, invadem tecidos e auxiliam na disseminação. → Aspergillus flavus: Aflatoxina B1. • Produção de biofilme: Superfícies biótica e abióticas, apresentam difícil tratamento. • Cápsula: Antifagocitária. → Cryptococcus neoformans, tambémsintetiza melanina reduzindo ação de radicais livres, protege contra a radiação ionizante e o calor, inibe antioxidantes e antifúngicos. Produz célula titã incapaz de ser englobada por fagócitos. • Escape do sistema imune: • Mimetismo molecular: O Paracoccidioides brasiliensis possui receptores de estrógeno (EBP), se liga principalmente ao 17-beta-estradiol e impede o diformismo para a forma patogênica, nesse caso as mulheres estão mais protegidas. Já na candidíase é o contrário, o 17-beta-estradiol estimula a formação de hifas, tornando a cândida mais virulenta. • Tamanho do fundo, localização e componentes alérgicos.