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Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 FITS - 7º Período Asma Definição ➔ A asma é uma doença crônica das vias aéreas inferiores, de etiologia desconhecida, e com presença de várias células e elementos celulares. É caracterizada pela inflamação crônica e hiperreatividade brônquica, além de episódios recorrentes de obstrução generalizada das vias aéreas – que se reverte espontaneamente ou com tratamento. ➔ A Organização Mundial de Saúde, redefiniu a asma em função de suas três principais características: 1. Inflamação crônica das vias aéreas 2. Com pelo menos uma parcial reversibilidade da obstrução das vias aéreas e 3. Hiperresponsividade brônquica a uma variedade de estímulos. ➔ Crise asmática ou asma aguda é a piora dos sintomas asmáticos. É uma das entidades mais comuns e tratáveis da Emergência Epidemiologia ➔ A asma é um distúrbio extremamente comum. Atinge cerca de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo, tendo a maioria dos casos início antes dos 25 anos de idade – embora possa acometer qualquer faixa etária. ➔ O Brasil ocupa a 8a posição em prevalência de asma. ➔ Os meses de outono e inverno possuem taxas maiores de internação, o que destaca o caráter sazonal da doença. Fisiopatologia ➔ ATIVAÇÃO DOS MASTÓCITOS ↓ IMUNOGLOBULINAS (IgE) produzidas após exposição inicial a um alérgeno. Sua produção está relacionada ao aumento da resposta de linfócitos T do tipo Th2. ↓ LIGAÇÃO DE ALTA AFINIDADE COM OS MASTÓCITOS NOS PULMÕES ( Permite que quando um alérgeno é novamente inalado, sua ligação aos mastócitos é facilitada pelos IgE presentes na superfície, ocorrendo uma rápida degranulação e liberação de mediadores. ) ➔ Isso é conhecido como reação de fase inicial ou imediata. Esses mediadores, incluindo histamina, prostaglandina D2 e cisteinil leucotrienos, contraem diretamente o músculo liso das vias aéreas e também podem estimular as vias neurais reflexas Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 FITS - 7º Período ➔ Após a fase inicial, pode ocorrer uma tardia broncoconstrição várias horas depois. A resposta da fase tardia é caracterizada pelo recrutamento de células inflamatórias e imunológicas, particularmente as células T de memória, eosinófilos (células mais características que se acumulam na asma e na inflamação alérgica), basófilos, neutrófilos e auxiliares, para locais de exposição a alérgenos. ➔ As citocinas produzidas pelos linfócitos Th2 desempenham papéis críticos na asma e nas respostas alérgicas, destacam-se: ● IL-3 que é um fator de sobrevivência para eosinófilos e basófilos; a ● IL-5, principal citocina hematopoiética que regula a produção e sobrevivência de eosinófilos; ● a IL-13 a qual contribui para a eosinofilia das vias aéreas, hiperplasia das glândulas mucosas, fibrose das vias aéreas e remodelação. ➔ A asma tem forte relação com a atopia, no entanto, ainda não se sabe bem a explicação desses mecanismos. A atopia caracteriza-se por tendência do sistema imunológico à formação preferencial de anticorpo da classe IgE contra antígenos comuns no meio ambiente (chamados genericamente de alérgenos). Classificação ➔ Asma extrínseca alérgica, asma extrínseca não alérgica, asma criptogênica e asma induzida por aspirina. ❖ Asma extrínseca: A asma extrínseca tem sua gênese relacionada a fatores externos, como alérgenos, agentes químicos ou fármacos. ❖ Asma criptogênica: A asma criptogênica, refere-se aos casos em que não se identifica o fator causal. ❖ Asma induzida por medicação: A asma induzida por aspirina é desencadeada pelo uso de aspirina ou outros AINE não seletivos, podendo persistir por vários anos mesmo após a suspensão dos mesmos. Quadro Clínico ➔ Tríade clássica: dispneia, tosse e sibilancia. Também pode ocorrer outros sintomas, como opressão ou desconforto torácico. A apresentação da asma é muito variável, podendo não ter todos os sintomas associados. ➔ Na forma clássica, os sintomas ocorrem de maneira episódica, ou seja, nas crises. Ocorrem mais intensamente à noite e pela manhã. No período entre as crises, o paciente pode permanecer assintomático. Entretanto, nas formas graves os Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 FITS - 7º Período sintomas geralmente são contínuos. ➔ Ao exame físico, características comuns são a taquipneia (frequentemente entre 25ipm e 40ipm), taquicardia e pulso paradoxal (queda exagerada da PAS durante a inspiração). A magnitude do pulso correlaciona com a gravidade da crise. À oximetria de pulso, comumente a saturação se encontra próxima dos 90%. ➔ Ao exame do tórax, encontramos uso da musculatura acessória, hiperinsuflação torácica, fase expiratória prolongada, hipertimpanismo à percussão, frêmito tóraco-vocal diminuído e presença de sibilos à ausculta. Os sibilos costumam ser difusos e polifônicos, sendo que sua ausência constitui sinal de gravidade, indicando obstrução grave das vias aéreas. ➔ A associação entre Asma e Rinite alérgica é grande, então é comum achar também sintomas altos, como dupla prega palpebral, fácies de respirador bucal, obstrução nasal e rinorreia. Esses sinais não são confirmatórios de asma, apenas indicam um paciente com maior predisposição alérgica. ➔ Os achados relacionados a crises graves incluem: ansiedade, sudorese, tiragem intercostal ou supraesternal, inquietação, pulso paradoxal, alteração do nível de consciência e “tórax silencioso”. Diagnóstico ESPIROMETRIA ➔ A espirometria é um exame que avalia a função pulmonar e serve para diagnosticar e monitorar pacientes com asma. Ela documenta a função pulmonar basal, faz avaliação diagnóstica e serve para monitorar os pacientes. Além da avaliação inicial em pacientes asmáticos, também realizamos outra espirometria após início do tratamento e estabilização dos sintomas ou do pico de fluxo expiratório (PEF), em períodos de progressão da doença, ou pelo menos a cada um ou dois anos. ➔ O exame é realizado com o paciente sentado. Ele respira normalmente usando o volume corrente e, em determinado momento, faz uma inspiração máxima forçada. Logo em seguida, faz expiração com força máxima e esforço vigoroso continuado. Essa expiração deve durar pelo menos 6 segundos. Essa manobra deve ser realizada pelo menos três vezes, de modo a conseguir três amostras de qualidade. Como é um exame que exige esforço físico do paciente, pode haver dificuldade em conseguir essas três amostras. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 FITS - 7º Período A seguir, vamos pontuar algumas medidas importantes da espirometria: • FVC (Forced Vital Capacity): é a capacidade vital (CV) forçada. Também conhecido como “volume expiratório forçado”, é o volume máximo de gás exalado com o esforço máximo, partindo do estado de inspiração máxima forçada. A medida mais alta de FVC deve ser a utilizada para interpretação. • FEV6 (Forced Expiratory Volume in six seconds): pode ser usado como substituto ao FVC, proporcionando menos exaustão física ao paciente pois este força expiração por exatos seis segundos. • FEV1: (Forced Expiratory Volume in one second): é o volume máximo de ar exalado no primeiro segundo de uma expiração forçada que segue uma inspiração forçada. Reflete a taxa média do fluxo durante o primeiro segundo da manobra da FVC. Seu parâmetro de normalida- de é >80% do valor predito. • FEV1/FVC: acabamos de ver que o FEV1 é o volume de ar exalado no primeiro segundo da manobra da FVC, e que a FVC é o volume máximo que foi exalado na expiração durante o exame. Ou seja, a FEV1/ FVC representa a proporção ou a porcentagem do volume que o paciente expirou no primeiro segundo em relação ao tempo total da manobra. Para o cálculo dessa medida, e sabemos que o paciente realizará pelo menos 3 vezes a manobra, medida mais alta de FEV1 e de FVC devem ser utilizadas no cálculo, mesmo que as medidas isoladas venham de manobras diferentes. MEDIDA DE PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO ➔ Esse exame apresenta menos acurácia do que a espirometria, podendo ser utilizado quando esta não está disponível. A medida é feita em equipamentos portáteis que documentam o fluxo em litrospor minuto. ➔ Medidas matinais e vespertinas são aferidas por uma a duas semanas, em dois momentos do dia – pela manhã e pela tarde. O menor PEF (pico de fluxo expiratório) é subtraído do maior PEF, e o resultado é dividido pela média entre o maior e o menor PEF do dia. Já o GINA 2019 traz que, nesse exame, a variação diurna no (PEF) maior do que 10% em adultos documenta a variabilidade da obstrução aérea. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 FITS - 7º Período VERIFICAÇÃO DA HIPERRESPONSIVIDADE DAS VIAS AÉREAS ➔ Alguns indivíduos podem ter asma, mas apresentar espirometria normal ou sem resposta broncodilatadora significativa. Nesse caso, o diagnóstico é demonstrado pela hiperresponsividade das vias aéreas. ➔ Pode-se medir a responsividade por inalação de substâncias constrictoras ou pelo teste de broncoprovocação por exercício, havendo uma queda do VEF1 em pelo menos 20%. ➔ Tem alta sensibilidade e elevado valor preditivo negativo, tornando o exame útil em pacientes com sintomas respiratórios e espirometria normal, para descartar asma como causa desses sintomas. Diagnóstico Diferencial Diagnósticos diferenciais da asma em maiores de 5 anos e adultos: ➔ Rinossinusite ➔ Síndrome da Hiperventilação Alveolar e Síndrome do Pânico ➔ Obstrução de Vias Aéreas Superiores (neoplasias e corpo estranho) ➔ Disfunção de cordas vocais ➔ DPOC e outras doenças obstrutivas das vias aéreas inferiores ➔ Doenças difusas do parênquima pulmonar ➔ IC diastólica e sistólica ➔ Doenças da circulação pulmonar (hipertensão e embolia) Tratamento Não-farmacológico: redução da exposição a fatores desencadeantes, treinamento de técnica inalatória e explicação dos sinais de alerta (piora dos sintomas e/ou aumento do uso de B2CA). Farmacológico ➔ Beta-2-agonistas de curta ação (B2CA): fármacos de escolha para a reversão do broncoespasmo em crises asmáticas; estimulam a musculatura lisa brônquica promovendo a broncodilatação de início imediato. ➔ Beta-2-agonistas de longa ação (B2LA): agonistas dos receptores beta-2 adrenérgicos, cujo efeito broncodilatador persiste por até 12 horas; deve ser prescrito com cuidado, pois alguns estudos demonstraram riscos de aumento de gravidade das crises em pacientes tratados B2LA, especialmente aqueles sem corticoterapia inalatória associada. ➔ Corticosteroides inalatórios (CI): anti-inflamatórios mais eficazes para o tratamento da asma crônica sintomática. ➔ Corticosteroides sistêmicos: frequentemente necessários em pacientes com asma grave. Mais utilizados são a prednisona e a prednisolona. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 FITS - 7º Período
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