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IMUNOPATOGENIA DA TUBERCULOSE Nessa palestra vamos ver a imunopatogenia contra o Mycobacterium tuberculosis, pois para essa doença se instalar precisa de uma questão imunológica envolvida. A tuberculose (TB) é endêmica em diversos países. 8 milhões de pessoas são infectadas por ano, cerca de 2 milhões morrem, sendo a maioria dos óbitos de pessoas de até 15 anos. Por isso, é necessário a busca ativa de pessoas vulneráveis. Os profissionais de saúde fazem parte do grupo que precisa ser investigado pela busca ativa, para tentar identificar se a pessoa está na fase latente (quando tem o granuloma calcificado ou ativo). Quando o granuloma está ativo basta uma queda na imunidade para desenvolver TB pulmonar ou extra pulmonar. A forma ativa(desenvolve a doença) acomete de 5-10% das pessoas que tiveram contato com o bacilo. A forma latente é a maioria (90-95%), isto é, não desenvolvem a doença, pois em pessoas imunocompetentes o próprio sistema imune contém o bacilo dentro de um processo inflamatório, o granuloma, de onde não consegue sair. Então, muitas pessoas tem contato com o bacilo, mas poucos desenvolvem a doença. Dentre os fatores de risco, o diabético tem dificuldade de produzir interleucinas 1 e 6, que são importantes para promover a resposta Th1, muito importante para fazer a manutenção do aprisionamento do bacilo dentro do granuloma. Pessoas que desenvolvem a AIDS têm essa resposta TH1 prejudicada. - ... pacientes que tem HIV, que cursam com a AIDS são pacientes que vão ter uma resposta TH1 muito prejudicada, por isso que são pacientes que também são vulneráveis a desenvolver rapidamente a doença e principalmente na forma disseminada, que é a tuberculose miliar. - A idade também é um fator importante a ser observado,e porque por exemplo, crianças pequenas que tem uma resposta celular ainda em desenvolvimento e pessoas idosas que já apresentam decaimento do sistema imunológico são pessoas que vão estar também no grupo de risco para desenvolver a doença ou até mesmo ter o ressurgimento né. No caso das crianças pequenas é mais comum a TB primária; e nos adultos, com o sistema imunológico fraco eles desenvolvem mais a secundária com esse ressurgimento. - Pacientes que são tabagistas tem a chance maior de ter tuberculose, especialmente a primária, porque são pacientes vulneráveis a quando são infectados já cursarem com a doença por conta do tabaco que reduz a avidez das células imunológicas e, em consequência a isso, o granuloma não é formado com sucesso e o bacilo não é contido no pulmão. - A tuberculose é causada por bactérias do gênero Mycobacterium. A mais patogênica e a principal que causa TB é o M. tuberculosis, mas temos outras micribactérias que podem também gerar tuberculose, como a M. bovis, a M. africanum e a M microti. - A microbactéria é um bacilo imóvel que não esporula, mas ele produz uma capsula lipídica de ácido glicólico, e esse ácido torna essa bactéria resistente a coloração de gram, por isso ela precisa ser corada com uma coloração específica chamada de ácido-álcool resistente ou coloração de Ziehl-Neelsen. - É uma bactéria aeróboa obrigatória, ela cresce bem em ambientes com muito oxigênio, isso explica seu crescimento no pulmão, um órgão que tem bastante oxigênio. Inicialmente a bactéria se aloja na região medial e a base do pulmão e depois ela migra pra região contorno do pulmão , que é a área onde temos o maior aporte de oxigênio e vascularização. Então ali tem tudo que ela precisa: oxigênio e poucas células imunológicas, ou seja, um prato cheio para as bactérias. - Ele é um parasita celular facultativo, ou seja, a gente consegue ter a microbactéria livre nos bronquíolos, nos alvéolos pulmonares, mas também temos bactérias presas no interior de células, ela consegue se reproduzir dentro da célula, ela consegue fazer algo muito interessante que é a inibição da fusão do lisossomo com o fagossoma, então o fagolisossoma não se funde e a bactéria não sofre, porque o que faz a digestão e a morte intracelular do patógeno é a fusão do fagolisossoma. E a microbactéria ela consegue liberar substâncias que inibem essa fusão, conseguem viver e se reproduzir dentro da célula. - É uma bactéria de crescimento lento, sobretudo pelas condições que o nosso sistema imunológico coloca essa bactéria, colocando ela dentro de um granuloma, lugar onde há menos oxigênio colocando ela em risco porque ela é uma bactéria que precisa muito do oxigênio para crescer/viver e como o granuloma vai ter menos ela vai crescer mais lentamente. Isso gera uma latência, uma dormência da bactéria ali por muito tempo, mas essa dormência não significa dizer que ela morreu, apenas ela está com sua taxa metabólica reduzida, mas eles estão extremamente viáveis. - É uma bactéria resistente a agentes químicos, a álcool, detergente, água sanitária, por isso eles não são tão eficazes para destruir esses bacilos. - São sensíveis a agentes físicos como radiação ultravioleta, por isso que, se a pessoa está em um ambiente aberto e com exposição solar, .... ... -Apesar de serem sensíveis a agentes químicos porque eles têm aquela cápsula lipídica feita de ácido nicólico, isso reduz a chande se eles serem combatidos por agentes químicos, porém ela não barra de agentes físicos como radiação UVA, por isso que se a pessoa estiver em um ambiente aberto e com exposição solar a taxa de transmissibilidade cai muito, porque a radiação ultravioleta mata o mycobacterium. -O Mycobaterium é um bacilo (bastão), uma bactéria alongada que é tão adaptada e resistente ao corpo humano. -O contágio da tuberculose acontece através de uma pessoa infectada que é chamada de foco, essa pessoa tem que ter a forma pulmonar para poder transmitir. Pessoas que têm tuberculose extrapulmonar têm uma taxa de transmissibilidade mais baixa, porque como a transmissão é aérea precisa que o foco pulmonar esteja ativo, com escarro em formas bacilíferas e com tosse vigorosa. O idoso por exemplo, por mais que esteja no grupo de risco de desenvolver tuberculose secundária por conta da queda da imunidade, por ter um sistema imune velho, ele não transmite tanto, mesmo que seja muito bacilífero, pois os idosos não têm força para tossir, portanto, como a tosse não é vigorosa, não é capaz de transmitir, uma vez que não faz a projeção das gotículas bacilíferas através da saliva, então a transmissibilidade também reduz. É importante analisar isso, o perfil do vigor de tosse do foco bacilífero. -No contato, em relação ao ambiente a transmissibilidade se dá predominantemente em ambiente fechado. -E essas são as condições para o contágio com sucesso da tuberculose. PERGUNTA (Aluna): Professora, em faculdade, qual é a lâmina que se utiliza? RESPOSTA (Professora): Pode ser utilizada a lâmina permanente selada - corada com uma lamínula por cima, e com um esmalte ou alguma cola que impede o bacilo de sair (selagem)-, mas as lâminas com Mycobaterium recém corada não é indicada, pois a cultura ou escarro têm muita virulência (a manipulação dessas amostras é de risco 3), não para gerar a doença, mas para gerar infecção, e posteriormente a doença em caso de queda da imunidade. -A transmissão se dá de forma predominante pela tosse, nela são liberadas gotículas com o bacilo de Koch, existem gotículas maiores e menores, as menores são mais infectantes, porque corre um risco maior de elas não serem capturadas pelo sistema mucociliar da região da traqueia, as gotículas maiores o sistema mucociliar filtra se elas entrarem na cavidade oral. Essas que são maiores, o sistema muco-ciliar filtra se elas entrarem na cavidade oral. Fora que essas maiores, além de ter baixa infectividade, elas também podem cair e ficar na superfície da pessoa ou do ambiente, vão ressecando com o tempo, diminuindo detamanho, se tornando novamente aquele Núcleo de Wells, que é o núcleo infectante com bacilos. E com o vento ele pode ressuspender e ele se infectar. É mais difícil mas também pode acontecer. Que nem no COVID, que a principal fonte de infecção é a via aérea, mas que também pode acontecer de a pessoa se infectar com gotículas que caiam na superfície e acontecer que as pessoas tenham contato. Obviamente é bem mais baixa a transmissibilidade dessa forma, mas pode acontecer. A transmissão é preferencialmente aérea, o foco bacilífero tem que estar próximo do contato. A depender da força de tosse que esse foco tenha, a transmissão pode acontecer com até 2 metros de distância através dessas gotículas. Observe que tem gotículas que ficam suspensas (aerosóis), as maiores vão cair, não são tão infectantes por conta disso. E se esse processo acontece no ambiente aberto, a transmissibilidade também vai cair um pouco, porque a radiação ultra-violeta mata as formas bacilíferas, já que a radiação ultra-violeta é tóxica para o bacilo. E essas formas amarelas são as formas levitantes sem bacilos em seu interior, também não são infectantes; e essas gotículas em laranja são aquelas que tem bacilo em seu interior, são as que realmente podem gerar infecção. Essas de cinza são as maiores e mais pesadas, acabam caindo na superfície do ambiente, mesmo que tenham bacilo em seu interior; então é importante ressaltar que nem toda gotícula que sai na tosse, vai ter o bacilo, mas aquelas que tiverem podem gerar infecção no CONTATO, que é a pessoa próxima do FOCO (pessoas com a doença). Então FOCO é o doente bacilífero, e CONTATO é a pessoa que está próxima do doente. Quando o CONTATO entra em contato com as gotículas bacilíferas, algumas gotículas vão ser retidas pela camada de muco-ciliar da traqueia e outras acabam passando e vão direto pro pulmão. Essas que chegam no pulmão, vão no alvéolo, fazem a nidação (adesão) e os macrófagos teciduais e células dendríticas. E quando elas aderem no alvéolo, onde existem células de defesa (macrófagos teciduais) e também algumas células dendríticas. As bactérias que chegam vão ser reconhecidas e fagocitadas por essas células de defesa. Essas células de defesa, contendo essas bactérias vão sensibilizar o sistema imunológico pra chamar macrófagos que são as principais células que fazem fagocitose. Esses macrófagos infectados também vão liberar citocinas que vão chamar outras células de defesa como os linfócitos e assim a gente vai ter o início da formação da inflamação granulomatosa, que é uma inflamação que é gerada quando um grupo de células de defesa circunda o agente patogênico pra tentar contê-lo ali dentro. Esse cerco à bactéria é realizado de forma muito organizada, porque inicialmente temos os macrófagos teciduais que vão fazer a fagocitose, vão apresentar o que foi fagocitado para uma célula dendrítica, que é uma célula apresentadora de antígeno. Essa célula dendrítica vai pra região de linfonodo mostrar pros linfócitos T Helper o que elas encontraram no pulmão. E esses linfócitos T Helper ativados fazem a expansão clonal e se diferenciam em linfócitos T do tipo Th1, que é uma resposta que ativa ainda mais a fagocitode dos macrófagos, fazendo com que eles consigam matar essas bactérias de forma mais efetiva. O macrófago não conta que a mycobacterium tuberculosis (MTB) é um tipo de agente infeccioso que não morre facilmente com a fagocitose. Primeiro porque ele consegue driblar a fagocitose por conta dessa camada de muco que tem; segundo porque ao ser fagocitado, essas bactérias liberam algumas substâncias que inibem essa fusão do FAGO-LISOSSOMO, então ela consegue ficar resistente e viável dentro do macrófago, fazendo com que esse processo de morte seja muito lento e a bactéria consiga ganhar tempo e fazer a sua disseminação aqui dentro. Lembrando que essas células que fagocitam e migram no saNgue para ir ao linfonodo e mostrar para o linfócito T helper o que ela encontrou, elas fazem uma disseminação hematogênica e assim, consegue-se uma disseminação da tuberculose pelo corpo. Inclusive, conseguimos ter relatos de tuberculose extrapulmonar em diversos tecidos, só não foi encontrado tuberculose no cabelo e na unha, mas no restante do corpo foi: na pele, na pleura, no rim, no coração... E os lugares mais frequentes são os que têm perímetro pulmonar, por conta do próprio perfil da bactéria, que gosta de oxigênio, então ela prefere ficar nos locais mais oxigenados. Em relação à imunidade na tuberculose, a bactéria pode ter uma vida intracelular, ficando inacessível aos anticorpos que são gerados contra ela, porque dentro da célula o anticorpo não consegue reconhecer o corpo estranho, pois ele está escondido no interior da célula. Além disso, a imunidade depende da ativação de linfócitos T e de células NT para fazer o processo de morte da bactéria (lembrando que a principal resposta imunológica que gera a morte da bactéria é a resposta do TH-1, que é uma resposta que aumenta a capacidade fagocítica dos macrófagos e das células dendríticas). Mas quando a bactéria não consegue morrer pela fagocitose, daí temos o estímulo da célula NK (mediada pela resposta do TH-2), daí a célula NK libera citocinas que vão gerar a morte da célula que contém o patógeno. Ou seja, uma célula que fagocitou o Mycobacterium, ou consegue matar essa bactéria, ou se ela não conseguir matar, tem um feedback de apoptose, para garantir, de um modo ou outro, a morte da bactéria, seja por autodestruição (apoptose), seja pela morte da bactéria pela fusão do fagolisossomo. Daí, temos uma resposta imune tipo IV tardia, que gera a formação de granulomas. Então, a tuberculose pode ser combatida, inicialmente, pela imunidade natural, através de barreiras físicas, como o sistema mucociliar, que consegue conter algumas gotículas que entram nas vias aéreas superiores; e a velocidade de desenvolver imunidade adquirida também é a competência de um bom sistema imune natural, pois a imunidade inata tem a ver com a qualidade de células. Existem pessoas com problemas genéticos de imunodeficiências primárias que elas não conhecem, e são pessoas que tem dificuldade de fazer resposta TH-1 e TH-2, que naturalmente vão adoecer mais e ter mais problemas com infecções virais e bacterianas também. Inclusive, por isso vemos pessoas que não são do grupo de risco adoecendo e agravando tanto com a Covid, pois são pessoas que provavelmente tem essa condição genética, e só vão descobrir que tem essa condição quando entrar em contato com o patógeno que necessita dessa demanda imune natural. Quanto à imunidade adquirida, que é mediada por outras células diferenciadas, por anticorpos e citocinas que são liberadas, o tipo humoral é inexpressivo, porque precisamos muito mais das células para combater a bactéria, sobretudo células fagocíticas e células citotóxicas, como é o caso do linfócito T citotóxico. São células que vão mediar a morte da célula que contém o agente etiológico, e o linfócito T contém substâncias que conseguem degranular a bactéria, mesmo que ela esteja fora de uma outra célula, ou seja, mata a bactéria extracelular ou intracelular. Por isso, pacientes com AIDS tem tanta dificuldade, porque essa resposta dos linfócitos T deles é prejudicada. Interleucinas, citocinas e linfocinas são liberadas durante esse processo de formação do granuloma, e são elas: IL2-IL4-IL5-IL6-IL10 (a IL-10 menos, pois é uma citocina anti-inflamatória, que pode ser mediada como um agente de autorregulação, que é necessária, pois caso contrário, o processo inflamatório se torna grande demais e a pessoa entra em um quadro de morte tecidual por excesso de inflamação). Mas as principais linfocinas, que são mais importantes no processo de formação do granuloma e na contenção do Mycobacterium,é a IL-12, que vai fazer a diferenciação do linfócito TH-1 e do TNF alfa, bem como o interfero gama, que vão fazer a produção do granuloma - Olha só, aqui a gente tem as células envolvidas no processo de imunidade, bactérias intracelulares. Então nós temos aqui a resposta inata que é mediada por células fagocíticas, já que quem faz a morte das bactérias são as células fagocíticas, temos macrófagos, células dendríticas e também neutrófilos. E dentro dos leucócitos está o neutrófilo, que são as principais células que geram a morte de bactérias. E aí essas células quando fagocitam, elas liberam IL-12, que vão ativar células natural killer a liberarem interfero gama, que vão gerar o aumento da ativação dos macrófagos para que eles consigam acelerar o processo de fagocitose, difusão do fagolisossoma e gerar a morte da bactéria dentro da célula. Mas, quando esse macrófago infectado não consegue fazer a morte do patógeno aqui dentro, ai existe uma imunidade adaptativa que é gerada, que é mediada por linfócitos T e esses linfócitos T fazem a erradicação da infecção através da morte do macrófago infectado com o agente infeccioso, no caso aqui o mycobacterium tuberculosis. PERGUNTA: Professora, os macrófagos eles apresentam os antígenos aos linfócitos T e esses linfócitos T vão fazer os macrófagos produzirem enzimas, que essas enzimas vão destruir os próprios macrófagos e o tecido pulmonar, é isso? RESPOSTA: É, do Th1. Sim, é isso, porque assim, lá no pulmão, o bacilo chega e ele vai topar com macrófagos teciduais e com células dendríticas. Esse macrófago vai fazer fagocitose aqui pra tentar conter o microorganismo aqui localmente no órgão, porque eles sao macrófagos teciduais. As células dendríticas, que tão presentes também no tecido, mas podem vir do sangue, porque aqui a gente tem um vaso passando sangue, então aqui tem célula de defesa de tudo quanto é jeito. Essa célula dendrítica é uma célula apresentadora de antígeno, ela vai fagocitar esse agente que ela encontrou, ela vai expressar ele no mhc de classe 2 e vai lá para o linfonodo, mostrar para os linfócitos T virgens, que ainda não são nem Th1 nem Th2, são virgens, mostrar assim olha o que foi que eu encontrei de corpo estranho lá no pulmão, por exemplo. Aí ele vai mostrar pro linfócito T virgem esse patógeno e ele vai dizer assim “opa, isso aqui é uma coisa que eu não reconheço, é algo que não é próprio, então eu vou me multiplicar pra combater isso que não é próprio”, ai existe uma expansão clonal do linfócito T e uma diferenciação dele em linfócito Th1, porque na hora que essa célula apresentadora de antígeno mostra pra ele que é um corpo estranho e que é bacteriano, automaticamente ele vai se diferenciar em linfócito Th1. Ai esse linfócito Th1 volta, encontra com o macrófago, que estava lá localmente fagocitando, ai reconhece que o interior desse macrófago é exatamente aquilo que a célula apresentadora de antígeno mostrou pra ele e diz assim “olha, realmente o que você tem aqui dentro não é bom”, então ele faz a liberação de interfero gama, e esse interfero gama ativa a atividade fagocítica e também de fusão de fagolisossoma que o macrófago naturalmente tem, só que ele precisa de um feedback pra poder fazer essa ação ficar mais vigorosa. Então a capacidade digestiva e de fagocitose dos macrófagos aumenta muito quando ele é ativado por uma célula Th1. Então existe esse mecanismo da célula apresentadora e do linfonodo chamar linfócito Th1 para a região afetada e lá a gente ter um processo inflamatório mais direcionado, inclusive com a formação do granuloma. - Esse linfócito T aqui que é da adaptativa, que está aqui ativando o macrófago, ele pode ativar o macrófago pra erradicar, mas quando essa erradicação não acontece, existe uma resposta Th2 acontecendo, que na Th2 ele vai degranular substâncias tóxicas em cima das células gerando a morte dessas células junto com o patógeno. Quando estava se estudando a resposta imunológica relacionada com a tuberculose foi verificada a importância de duas quimiocinas especícficas. A primeira é a interleucina-12 (IL-12) e a segunda é o interferon gama ( INF-Y) . Pegaram um camundongo e fizeram o silenciameneto para o gene interleucina- 12 e em outro grupo fizeram o silenciamento do gene para interferon gama. O nome desse silenciamento nós chamamos de nocaute pois se faz o nocaute do gene e esse gene não vai mais se expressar, então é como se o camundongo deixasse de produzir interleucina-12 e o outro deixasse de produzir interferon gama. Então ele pegou, infectou esses três grupos de camundongos com a microbacteria tuberculosis. Pegou o camundongo que produzia interleucina-12 e interferon gama, que estava com o gene intacto, depois pegou o camundongo que tinha só a interleucina-12 silenciada e o depois só o camundongo que tinha interferon gama silenciada e depois infectou todos com tuberculose. Com isso, ele observou como a tuberculose se manifestou nesses camundongos. Então, ele viu que o camundongo que estava normal, que era o camundongo selvagem que tinha produção de interleucina-12 e produção de interferon gama, ele apresentou uma tuberculose mas ele conseguiu conter a infecção e a infecção não avançou Para aqueles camundongos que tiveram o silenciamento da interleucina-12, que é a interleucina que faz o processo de diferenciação do linfócito Th e Th1, ele teve um aumento da infecção mas não foi um aumento tão grande quanto o dos camundongos que tiveram o silenciamento do interferon gama porque quando o camundongo não produz interferon gama ele não consegue fazer a formação granulomatosa com sucesso e é o granuloma que gera essa compensação da bactéria no organismo do hospedeiro infectado e conseqüentemente a progressão da doença. Mas, foi notado com esse estudo que tanto o nterferon gama como a interleucina-12 tem um papel importante no processo de contenção da doença e provavelmente pessoas que tenham deficiência em qualquer um desses genes são pessoas que também vão ter suscetibilidade para desenvolver tuberculose ativa. Aqui na imunogênese a gente vê a função do interferon gama aqui sensibilizando células para a morte das bactérias através da ativação do linfócito TCD4, que faz a fagocitose. Podemos observar que dentro do fagossoma temos as bactérias e dessa forma o interferon gama faz com que o fagossoma libere suas substâncias tóxicas e digestivas e a bactéria morre. Mas, aquelas que estão fora do fagossoma elasa não conseguem morrer e só vão ser contidas quando o linfócito TCD8, que é mediado pela resposta citotóxica, liberar substâncias tóxicas em cima do macrófago infectado e gere a morte da célula infectada . Então nós temos dois mecanismos de morte do microbactérium no nosso organismo: 1. O primeiro é pela fagocitose através da ativação fagolisossoma, que é mediado por linfócitos TCD4, 2. A segunda é e pelo linfócito TCD8 que vai fazer a citotoxidade no macrófago infectado naquelas bactérias que não ficaram aprisionadas no fagolisossoma e então temos a morte da célula junto com as bactérias e garante ai a defesa. Então olha como acontece: O macrófago infectado pode sensibilizar a resposta através do MHC de classe 2, gerando a ativação do linfócito T e diferenciação dele em Th1 . Esse linfócito Th1 vai lá nos macrófagos infectados ativos e peróxidos de hidrogênio que vão limitar a vida do macrófago e também limita a lesão tecidual, porque você faz a morte intracelular sem gerar lesão tecidual. Em contrapartida, quando as bactérias que estão dentro da célula não conseguem morrer, elas sensibilizam uma resposta com Th2 que vai fazer o aumento do interferon gama e aumento de lesões no tecido porque vai aumentar a degranulação de substãncias citotóxicas, e assim a gente vai ter pelo linfócito TCD8 adesgranulaçao de grânulos tóxicos, que são bactericidas que matam tanto a célula que está infectada quanto as bactérias que estiverem fora dessa célula. Então é uma resposta celular muito efetiva para matar bactérias extracelulares, que são aquelas encontradas, inclusive, no escarro, o qual é feito de bactérias extracelulares, que são as células bacilíferas. Então, essas formas extracelulares morrem através da resposta mediada pelo linfócito T-CD8, e os intracelulares pela resposta dos linfócitos TCD4, por isso que pacientes com AIDS têm tanta dificuldade em conter a tuberculose e porque neles a tuberculose avança tão rapidamente. Os passos de instalação da tuberculose no corpo humano. Estágio 1 é a primeira fase de defesa que nosso corpo nos dá através da imunidade inata, são os macrófagos teciduais. No estágio 2, citocinas recrutam neutrófilos e monócitos para cercar os macrófagos infectados que não conseguiram digerir esses bacilos que entrara, e um processo inflamatório inespecífico começa a atuar nesse local. No estágio 3, o processo inflamatório não evolui e não produz sintomas, porque quando ocorre a formação do granuloma, a bactéria fica contida no centro, livre na necrose caseosa ou dentro de algumas células fagocíticas que não conseguiram mata-las, mas do lado dessas células fagocíticas tem uma outra camada de células dendríticas, que são os macrófagos e uma outra camada de linfócitos T, fazendo um cerco contra esse agente infeccioso e por fora há uma camada de fibrose, mediada por interferon-gama, o qual gera um aumento da fibrose tecidual nessa região, que recruta plaquetas, gerando uma calcificação e, dessa forma, a neutralização da bactéria. Existem dois tipos de granuloma, um chamado de ativo, que é aquele que não chega a calcificar, tem apenas o cerco celular formado em torno do bacilo, e renova as células dentro dele para manter esse granuloma sempre instalado e a bactéria neutralizada. Entretanto, existem pessoas que tem o sistema imunológico mais competente e conseguem calcificar esse granuloma e o lacra, o que dificulta ainda mais a saída desse bacilo sair, a não ser que a imunidade da pessoa caia e o bacilo consiga matar todas as células dentro do granuloma e sair, porém, para isso acontecer, tem que haver uma redução muito grande da imunidade. Geralmente, aqueles que estão calcificados são as pessoas que evoluíram para a cura. No interior desse granuloma formado, vai acontecer a morte de algumas células, porque falta oxigênio, então acontece a necrose do tipo caseosa, em que as células se liquefazem. A ativação macrofágica ou apoptose faz com que haja a morte de algumas células ali dentro e gera ainda mais necrose caseosa. As células gigantes são uma diferenciação do macrófago, onde ele pode se transformar em células gigantes, que vão ajudar a conter a bactéria dentro desse granuloma. E o cancro de inoculação pode involuir com a morte da bactéria, vai virar uma cicatriz, que muitas das vezes pode ser invisível ao RX ou TC. Quando não tiver involução do granuloma, o processo inflamatório pode evoluir precoce ou tardiamente (o que vai dizer é a imunidade do hospedeiro) doenças associadas que o doente possa ter, sendo tudo isso relacionado. A necrose caseosa vai se liquefazer e causar lesão cavitaria (lesão escura no centro e tecido fibrótico ao redor) aumenta a disseminação do bacilo. Nessa fase pode disseminar através da tosse, por que quando a necrose caseosa se desfaz, destrói a camada fibrótica que segura o bacilo ali dentro, indo o bacilo para os brônquios se mistura com muco da tosse infectando as pessoas. Existe um cálculo Chamado Equação de Rich que calcula mais ou menos o que a pessoa precisa ter, tipo fator de risco para ela ter uma lesão por tuberculose, tipo como se fosse um fator de risco. A lesão vai depender dos números de bacilos, associado a virulência da Cepa, hipersensibilidade gerada x resistência natural do hospedeiro, resistência adquirida, tudo isso vai me dizer se a pessoa é mais ou menos afetada, propensa. ALUNO: Nem sempre o Granuloma forma Necrose Caseosa Prof.? Prof. Sim nem sempre. Granuloma pode se calcificar e degradar. Se a necrose caseosa for formada o indivíduo pode estar na fase latente, significa dizer que dentro do granuloma há bacilos viáveis. Logo não se trata de uma regra, depende da resposta do hospedeiro, resposta celular. Pacientes com Diabetes mellitus devem ser acompanhados, tem uma redução da resposta Imune adquirida, por conta da IL I e IL VI que são importantes na resposta imune adquirida, portanto são vulneráveis a fase 5 acontecendo evolução do processo inflamatório do granuloma gerando fase proliferativa, quando a pessoa começa a infectar outras. Então basicamente a Lesão vai depender das condições do patógeno para as condições do hospedeiro. Ou a cura se hospedeiro ganhar, ou a doença se o patógeno ganhar. Formas de apresentação Primária: Mais comum em crianças de forma insidiosa. O doente se apresenta irritadiço, com febre baixa, sudorese fica com fastio, não consegue comer . ALUNO: Qual a relação da Tuberculose com a Inaptência ? PROF. : Quando a pessoa tem tuberculose desenvolve um quadro de anemia ferropriva, que causa inapetência, por conta da dificuldade de lidar com estoques de ferro. Existem quimiocinas inflamatórias em algumas viroses que afetam o sítio da fome, feedback de fome- sedação da fome, daí vem a inapetência( que pode cursar desde a perda de apetite até alteração do gosto e cheiro dos alimentos, que faz com que a inapetência fique mais forte ainda. A pessoa fica sem vontade de comer por conta das quimiocinas inflamatórias. Quando a pessoa se infecta e se torna latente , essa forma latente ressurge por uma questão imunológica , a paciente evolui para uma doença “pós primária” mais comum em jovens . A característica principal é a tosse seca ou produtiva, febre de tarde sem calafrios de 38,5 graus. Sudorese noturna e anorexia são comuns. Classificação da tuberculose: primária e pós primária as duas podem transmitir a doença , porque basta a produção de tosse . Apenas na fase latente que não transmite. Miliar: forma grave, ocorre em apenas 1% dos casos de TB/HIV(negativo), 10% TB/HIV ( positivo) . o HIV facilita esse processo da tuberculose miliar, as lesões pulmonares são disseminadas por conta que o sistema imunológico não consegue fazer granulomas, e o bacilo não fica aprisionado, e dai vemos vários focos de inflamação, dai parecer como uns caroços de milho, por isso o nome “ miliar”. Ocorrências: Nódulos de simmons são pequenos “ milhos”, onde ocorre o início do processo infeccioso. Linfangite, por uma sobrecarga de linfonodo. A cicatrização daquelas lesões que foram calcificadas e o corpo conseguiu conter sozinho a infecção. Pequenas áreas de derrame. Perguntas: - A tuberculose primeira é a que não evolui, ou que evolui de uma forma benigna? Não, ocorre em pessoas que tiveram contato pela primeira vez com o bacilo. - Ela pode ou não manifestar sintomas? Na situação de tuberculose existem os doentes e os infectados. A tuberculose primária é apenas quando a pessoa tem a doença, quadro clínico, necessitando de um tratamento urgente,e pode transmitir. Já a pessoa que está com a forma latente, está infectada, ou seja, ela não transmite. A pessoa que tem a fase latente, que não transmite, mas que ela ressurge é chamada de pós primária. Ela está doente pois houve um ressurgimento. Tratamento de 6 meses ( 2 meses de ataque e 4 de manunteção) Mas se a pessoa na forma latente, que não tem sintoma nenhum, não transmite para ninguém , for feita a busca ativa e ela for identificada, essa pessoa também tem que ser tratada , porém de forma preventiva a doença. O tratamento preventivo paraessa pessoa é o uso por 12 meses da rifocina e isoniazida. ...Aqui pode haver nódulos por disseminação por contiguidade o que pode levar a uma tuberculose disseminada, pleural e outras que já foram citadas. A patogenia da tuberculose primária, que é aquela que a pessoa teve o contato e já desenvolve a doença. Lembrando que 5% das pessoas que tiveram contato com pessoas contaminadas é que vão desenvolver a doença direta, ou seja elas não vão conseguir controlar a doença, vão ter contato com a pessoa contaminada que é o foco e vão desenvolver a tuberculose, quando isso acontece é chamada de “tuberculose primária”. Obs.: Fala-se “foco” para se referir ao doente, bacilifero. Então, essa pessoa que tem a doença tuberculose primária tem acesso ao foco, que é o doente, e teve acesso ao bacilo que gerou a doença. Dentro da pessoa que desenvolveu tuberculose primaria vai ter o implante do bacilo, esse bacilo vai provocar uma reação granulomatosa mas a pessoa vai adoecer e ter os sintomas porque a reação granulomatosa formada não foi efetiva para conter o bacilo. E por que ela não foi efetiva? As vezes o número de bacilos foi grande além de que pessoas que geralmente desenvolvem a tubérculos primaria são pessoas ou que tem geneticamente predisposição, porque tem a imunidade mais baixa para linfócitos Th1 ou são pessoas que continuam tendo contado com grande número de bacilos. Quando pode haver um contato com grande número de bacilos? Quando ela mora em lugar fechado com pessoas doentes onde constantemente ela estará inalando bacilos e esse N vai aumentar suficiente que a reação granulomatosa dela não será suficiente para conter a doença tuberculose primária. Então, ela terá surgimento precoce da doença se: O número de bacilos for grande. A virulência for alta, um bacilo mais virulento como é o caso do mycobacterium tuberculosis (MTB). A imunidade dela estiver baixa. Nesse caso, aqui é um esqueleto que mostra como o esqueleto do granuloma é formado onde tem uma área central que vai está aprisionado a maior parte das formas extracelulares, os bacilos fora das células, mas também terá células que foram fagocitadas e os bacilos estão aguardando a destruição deles, também há neutrófilos, linfócitos, há também as áreas fibroticas e tudo isso para conter o bacilo para que ele não saia. Aqui é uma lâmina de granuloma, mostrando a área central onde tem as áreas de necroses caseosas, nos pontinhos são roxos são células e na parte ao redor mais escura são as áreas fibroticas, que é indicando realmente a neutralização do bacilo. Aqui mostra o halo linfocitário que fica bem roxinho já que os linfócitos tem núcleo grande, tem a área fibrótica e a área de necrose. E a tuberculose primaria e as lesões que a gente já viu: cavitações primarias com infiltrados primários. Se a pessoa tiver a imunidade muito pode cursar para uma tuberculose miliar que forma grânglios- hiliar por todo o pulmão e não só em uma área. Isso só acontece em pacientes com a imunidade muito baixa, muito comprometida, geralmente pacientes com AIDS. Apenas 1% das pessoas normais (que não tem aids) desenvolvem tuberculose miliar e o restante, a grande maioria tem por conta da AIDS. Por isso se a pessoa tiver tuberculose miliar faz o teste do HIV para saber se essa pessoa também tem HIV porque muitas pessoas têm e nem sabem... Como se dá a patogenia do paciente que tem a tuberculose pós-primária ou secundária? O paciente teve o implante do bacilo, que está instalado no pulmão dele, só que ficou um foco latente, o bacilo ficou aprisionado no granuloma, não conseguiu fazer disseminação hematogênica, não conseguiu fazer inflamação e a pessoa não vai ter sintoma. É um paciente portador assintomático, ou seja, ele tem o bacilo, mas não tem doença porque não tem sintoma. Se a imunidade da pessoa cair, essa imunidade granulomatosa vai se desfazer e a pessoa vai desenvolver a doença com sintomas. É assim que a tuberculose pós-primária acontece. (Professora lê os slides e acrescenta as informações que estão em preto) E na pós-primária, as lesões acabam sendo um pouco maiores, porque geralmente dependem de um heme maior de bacilos. Então, você vê que até a forma miliar é mais grosseira do que aquela primária, em pessoas que tiveram queda da imunidade e não conseguiram conter os bacilos e aí eles se disseminam com muito mais força, gerando lesões mais graves, inclusive com atelectasia, que é uma área de colabamento do pulmão. OBS.: A pós-primária é a mesma secundária! A professora realiza a leitura da equação e acrescenta que o tratamento está dentro, porque se a pessoa está tratada, a transmissão não ocorre e, se a pessoa é tratada de uma forma inadequada, a transmissão acontece. O tratamento vai reduzir a infectividade desse bacilo e o número de bacilos. Então, a pessoa vai ter uma baixa infectividade, por isso que quando a pessoa é doente e é tratada ela consegue conviver naturalmente com sua família, porque a transmissibilidade vai cair muito. O tratamento pode ser dado nas doses únicas, com um comprimido que contém todos os fármacos (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol), ou pode ser dado de forma avulsa, sendo a primeira, a forma mais confortável, a dose única, fazendo o aumento da dose a depender do peso do indivíduo. Se o paciente for pediátrico, ele pode fazer a dose injetável ou em gotinha, porque ele não vai conseguir engolir tanto comprimido. Então, o controle da tuberculose tem como fundamento o diagnóstico e o tratamento. Sem os dois, não conseguimos controlar e, a tuberculose, irá continuar sendo um problema de saúde pública (endemia) em diversos países do mundo.
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