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oftalmologia de Grandes Animais Prof. Erica Roier ● Semiologia de Grandes Animais ● Marya Eduarda de Souza Função ➔ Órgãos sensoriais complexos ➔ Extensão do cérebro ➔ Captam a luz e enviam ao cérebro para formação da imagem. A produção da imagem depende de 4 fatores i. Luz entrando no olho; ii. Olho transmitindo eficientemente à retina; iii. Transmissão ao cérebro; iv. Cérebro interpretando essas informações; Como é feita a detecção da Luz? • A luz é transmitida para a Retina • Células fotorreceptoras (cones e bastonetes) • São elas que convertem a energia física dos sinais luminosos em estímulos elétricos Os cones e os bastonetes também são responsáveis pela cor, o bastonete é por preto e branco e os col=nes pelo colorido. Discernimento de cores • Percepção de cor ainda é controversa • Sabe-se que o cone é responsável pela diferenciação • As espécies possuem diferentes números de cones - Cães: dois tipos de cones; - Primatas: três tipos de cones; - Equinos: dois tipos de cones; anatomia • O olho é formado por três camadas: i. Túnica fibrosa (esclera e córnea); ii. Túnica vascular/trato uveal/uvea (íris, corpo ciliar e coróide); iii. Túnica neuroepitelial/túnica interna (retina); • Além da divisão por camadas, o olho também é dividido em câmaras: i. Câmara anterior: entre a córnea e a íris; ii. Câmara posterior: entre a íris, o corpo ciliar e o cristalino; iii. Câmara vítrea: atrás do cristalino, cercada pela retina; obs: Dentro das câmaras se tem dois líquidos viscosos, um chamado humor aquoso, que fica entre a posterior e a anterior e o humor Vítreo. Esclera: É a parte branca do olho e juntamente com a córnea, forma a camada externa do globo ocular. Sua função é proteger e dar sustentação ao olho Córnea: A córnea é um tecido transparente que recobre a parte da frente do olho Íris: A íris é a parte colorida do olho é ela quem controla a abertura e fechamento da pupila de acordo com a luminosidade do ambiente. Cristalino: É o cristalino que recebe a luz que entra pela pupila para focar as imagens na retina Úvea: Grande parte do oxigênio e nutrientes de que a retina necessita chegam até ela pelos vasos sanguíneos existentes na úvea Retina: É a parte do olho responsável por transformar a luz em estímulos elétricos, que depois serão levados até o cérebro através do nervo óptico semiologia - Histórico (se ele fica a pasto, se ele tem alguma lesão, se ele tem mania de bater nas coisas) - Observar o animal à distância (movimentos do animal, comportamento, simetria da órbita, posição, tamanho e movimento do globo, presença a de descarga ocular, edema) - Exame Físico - Obtenção de amostras para cultura Exame Neuroftalmológico Analisar a integridade neuroanatômica do sistema visual e conseguimos por meio da avaliação da integridade dos pares de nervos cranianos envolvidos com a visão (nervos óptico, oculomotor, troclear, trigêmeo, abducente, facial e vestibular). A forma de avaliação são os testes dos reflexos: Reflexo de Ameaça, Reflexo direto e consensual, Reflexos palpebral e corneal, Reflexo vestibular. ➔ Reflexo de Ameaça (Nervo óptico): Nesse reflexo, a face palmar da mão do examinador é dirigida ao olho do paciente e observa-se a atitude do animal diante desse ato. O olho contralateral deve ser coberto. ➔ Reflexo direto e consensual (Nervo oculomotor): O reflexo pupilar é realizado com auxílio de uma fonte de luz artificial (lanterna), a fim de se observar a constrição pupilar. I. Reflexo direto é realizado incidindo-se a luz diretamente no olho a ser testado II. Reflexo consensual consiste em incidir a luz em um dos olhos, observando-se, no entanto, se há constrição pupilar do olho contralateral - Testa o nervo óptico ipsilateral e o nervo oculomotor contralateral. ➔ Reflexos palpebral e corneal: Esses testes são realizados tocando delicadamente a córnea ou as pálpebras superior e inferior, respectivamente. ➔ Reflexo vestibular (Nervo troclear): Esse reflexo é realizado movimentando-se a cabeça do animal de um lado para o outro, observando se os olhos deslocam-se, acompanhando o movimento da cabeça. - Estrabismo: posicionamento anormal; - Nistagmo: movimento anormal.; Teste da lágrima de Schirmer ● Teste semi quantitativo que avalia a produção de lágrima (em milímetros) durante um minuto. O teste é realizado colocando uma tira de papel no saco conjuntival inferior. ● Deve-se, em seguida, contar 1 min e, por fim, realizar a leitura em régua milimetrada. Bovinos, e equinos geralmente produzem mais de 15mm/min. ● O Teste da lágrima de Schirmer é rotineiramente empregado para o diagnóstico de Ceratoconjuntivite seca em algumas espécies, patologia rara em grandes animais. Tonometria - A tonometria é uma mensuração da pressão intraocular. Para a realização do exame, a córnea deve ser anestesiada (teoricamente, mas nem sempre precisa) com colírio anestésico e o tonômetro posicionado sobre a região central da córnea. Importante: conter as pálpebras, restringir movimentos da cabeça, posicionar adequadamente o tonômetro, evitar a pressão digital do globo PIO > 22 mm//Hg Sugestivo para Glaucoma PIO < 14 mm/Hg Sugestivo para Uveíte Oftalmoscopia • O objetivo dessa técnica é visualizar e analisar as estruturas localizadas no segmento posterior do globo ocular. Para a realização do exame é importante que a sala esteja semi escura e os olhos do paciente devem permanecer em midríase induzida por medicamentos, a fim de que as áreas mais periféricas da retina possam ser bem visualizadas. -Midríase: Colírio à base de Tropicamida Fluoresceína ➔ Detectar úlceras de córnea, e avaliar o ducto nasolacrimal. ➔ Técnica: 1. Pingar uma gota do colírio de Fluoresceína na córnea do olho a ser testado 2. Aguardar 15 segundos 3. Remover o excesso do corante 4. Observar a córnea com o auxílio de uma luz azul-cobalto ou ultravioleta (a olho nu dá pra se avaliar) EQUINOS: O colírio deve sair pela narina em até 5 minutos para a avaliação do ducto nasolacrimal! - Funciona pelo fato da fluoresceína tem tropismo pelo estroma do olho, se tiver a exposição dele, vai corar. Úlcera superficial Fluoresceína saindo . pelo ducto nasolacrimal Lavagem do Ducto Nasolacrimal • Indicado nos casos de retardo ou à ausência da passagem da fluoresceína do olho até a abertura do ducto nasolacrimal nas narinas e na presença de descarga ocular mucopurulenta. Bovinos: Realizada pelos pontos lacrimais Equinos: Realizada pelo orifício distal do ducto nasolacrimal. Afecções ▪ Entrópio ▪ Cisto dermóide ▪ Úlcera de Córnea ▪ Uveíte ▪ Glaucoma ▪ Catarata ▪ Neoplasias ▪ Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina Entrópio ➔ Anomalia anatômica, causada pela inversão da pálpebra ➔ Podem ser de origem congênita, adquirido e espástico ➔ Adquirido: trauma, desidratação (enoftalmia), prematuridade ➔ Espástico: aumento de tônus do músculo orbicular, devido a uma constante irritação ocular, dor ocular crônica Alguns casos podem requerer intervenção cirúrgica.. Sendo a técnica de Hotz-Celsus modificada o procedimento cirúrgico que proporciona resultados mais consistentes. • A cirurgia definitiva não é recomendada em animais jovens, pelo fato de que o tônus muscular pode reverter o quadro e caso reverter o animal vai ficar com uma parte da pálpebra faltando. • Procedimento cirúrgico: Anestesia do nervo auriculopalpebral Demarcação elíptica da quantidade de pele a ser excisada Área demarcada é removida juntamente com o tecido subcutâneo. A ferida cirúrgica e suturada com fio absorvivel (Vicryl) 3-0 (potro) e 0 (adulto) em padrão simples interrompido. Cisto Dermóide ➔ Congênito e caracterizado pela presença de tecido sobre a córnea. ➔ Os pelos que crescem no interior do dermóide se projetam para o centro da córnea causando aumento de vascularização, edema e úlcera de córnea, blefaroespasmo, secreção ocular purulenta, hiperemia, além de dificuldade visual. ➔ O tratamento de eleição é a exérese cirúrgica do dermóide. Nos casos de envolvimentocorneano sugere-se ceratectomia superficial, seguida ou não de recobrimento palpebral para reepitelização da córnea. Úlcera de córnea • Enfermidades mais comuns da oftalmologia equina, porém é um dos problemas mais desafiadores • Classificação: ▪ Úlceras superficiais: aquelas em que somente o epitélio corneal está envolvido - estroma ainda intacto ▪ Úlceras profundas: ocorre o envolvimento da camada estromal - estroma vai ter úlcera ▪ Descemetocele: quando chega a membrana de Descemet. - estroma todo lesionado e membrana sai Úlceras Superficiais não Complicadas •Ocorrem secundárias a um irritação mecânica, anormalidades nos cílios, na estrutura e função palpebral Sinais Clínicos: dor e fotofobia, seguidas por blefarospasmo (espasmo das palpebras), lacrimejamento, opacidades branco azuladas Diagnóstico: Teste de fluoresceína Sempre realizar coleta de amostra para culturas bacterianas E fúngicas. (às vezes, por conta de grandes animais ser custoso) Úlceras Profundas Complicadas ➔ Grande perda de tecido estromal ➔ Combinação da produção endógena e bacteriana de Colagenases pode levar a progressão da úlcera ( A cornea é colágeno, então se a produção não é controlada a úlcera só aumenta). ➔ Sinais Clínicos: edema acentuado, infiltração celular e aprofundamento do leito da úlcera, potencialmente acompanhado por ceratomalácia (córnea seca e opaca) e uveíte severa ➔ Diagnóstico: Teste de fluoresceína Descemetocele ➔ Membrana de Descemet se projeta para fora, agindo em defesa da córnea para preservar o globo ocular ➔ Necessária a intervenção cirúrgica como tentativa de recobrir a lesão, fornecer proteção mecânica e elementos para a defesa da córnea e subsídio para sua recuperação Diagnóstico: Teste de fluoresceína, na maioria das vezes nem precisa, apenas de observar se sabe. Tratamento geral: I. Determinação da etiologia, eliminação, inclusive de infecção bacteriana.; II. Prevenção de sua progressão, através de inibidores de proteases e colagenases; III. Promover condições ótimas para a sua cicatrização, seja através de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos como a realização de flaps de terceira pálpebra. • Uso tópico: Atropina tópica 1% (relaxa a musculatura, promovendo alívio da dor) A cada 08 ou 12 horas - Atropina e sistema gastrointestinal não se dão bem, por isso é preciso ter controle Inibidores de proteases e colagenases (EDTA, acetilcisteina) A cada 6 - 8 horas ou 1 - 2 horas Antibioticoterapia de largo espectro (gentamicina ou ciprofloxacina) A cada 6 - 8 horas ou 1 - 2 horas Soro autólogo, Vitaminas A e C e Sulfato de Condroitina auxiliam no processo de cicatrização e remodelação da ferida, fornecem substratos para regeneração corneal e podem ser usados. Mas e os Corticóides??? Não é feito, pelo motivo deles estimularem a produção de colagenase e proteases. Então, caso use, tem o aumento da úlcera, porque degrada o colágeno/córnea!!! • Procedimento cirúrgico: Anestesia do nervo auriculopalpebral Sutura padrão Wolf captonada (para diminuir a tensão sob a pálpebra) (Nylon 4-0 / As suturas são removidas 15 dias após.) I. Pálpebra superior II. Membrana nictitante (não deve perfurar) III. Pálpebra superior Uveite Primária • Inflamação da túnica vascular Sinais clínicos: dor, blefarospasmo, hiperemia conjuntival, fotofobia e epífora. Se não tratada pode evoluir para opacidade da córnea, hifema e hipópio Diagnóstico: Sintomatologia e exame oftalmológico para verificar presença de úlcera de córnea. Uveite Recorente Equina ➔ Episódios de inflamação que se desenvolvem semanas ou meses após o desaparecimento de um episódio inicial de uveíte ➔ Causas: traumas da córnea, doenças sistêmicas (leptospirose, oncocercose) - Leptospirose: tratamento pouco responsivo e deve buscar outra causa. ➔ Os sinais clínicos típicos da URE são semelhantes aos sinais de uveíte primária aguda. Porém, em cada episódio os sinais podem ir agravando para edema da córnea, fibrose e hiperpigmentação da íris. Por fim, mesmo com tratamento agressivo, muitos cavalos desenvolvem cegueira como resultado de catarata, sinéquia, cicatrizes e glaucoma. ➔ Diagnóstico: ➢ Presença de sinais clínicos característicos ➢ História de episódios recorrentes ou persistentes de uveite. ➢ Hemograma completo ➢ Testes sorológicos para causas infecciosas específicas (leptospirose) ➢ Biópsias conjuntivais para detecção de Onchocerca Tratamento: Identificar e remover a causa da recorrência O tratamento de Uveite é realizado com terapia sistêmica e local, consistindo em antibióticos, corticosteróides e anti-inflamatórios não esteroidais Tópico: Acetato de prednisolona a 1% (contraindicado em Úlceras) Sistêmico: AINES – Flunixin meglumine (contraindicado em Hífema - quando tem sangue, porque ele aumenta a hemorragia) Cateter de lavagem subpalpebral é colocado para facilitar a administração de medicamentos tópicos Glaucoma - A INCIDÊNCIA EM CAVALOS É BAIXA • A pressão intraocular resulta do equilíbrio entre a taxa de produção do humor aquoso e a drenagem • A obstrução de qualquer via de drenagem resulta na elevação da PIO (principal característica do Glaucoma) • Baixa prevalência em equinos Sinais clínicos: blefaroespasmos, sensibilidade periocular, dilatação pupilar, hiperemia conjuntival, pode se notar olhos turvos e, nos casos bilaterais, déficit visual Diagnóstico: Tonômetro Tratamento: métodos para aumentar a drenagem ocular. Teoricamente, pode ser realizado por métodos clínicos ou cirúrgicos. Brinzolamida apresenta bons resultados Métodos cirúrgicos geralmente não são bem-sucedidas devido à alta resposta inflamatória Cicloablação a laser (destruição a laser do corpo ciliar) nos casos irresponsivos ao tratamento. catarata • Anormalidade mais comum da lente equina é uma das principais causas de cegueira em cavalos. Ocasionando anormalidades nas lentes e cegueira por degeneração da córnea Causas: URE, congênita ou traumas oculares Tratamento: Cirúrgico Pré-operatório: Antibióticos sistêmicos e tópicos são recomendados antes da cirurgia. devido ao risco de endoftalmite Atropina tópica 1% AINES – Flunixin meglumine Procedimento cirúrgico: Anestesia Geral Bloqueio Retrobulbar I. Incisão mínima da córnea para acesso a câmara anterior II. Preenchimento da câmara anterior com substância viscoelástica (SVE), para proteção do endotélio corneano III. Capsulotomia para acesso a cápsula posterior IV. Hidrodissecção do cristalino V. Fragmentação e aspiração do cristalino (instrumentos apropriados para equinos) VI. Implantação da lente intraocular (LIO) VII. Fechamento da Córnea com sutura em padrão simples interrompido com fio absorvível (Vicryl) 7-0 a 8-0 Pós-operatório: Complicações: uveíte, edema da córnea, hifema, glaucoma, fibrose capsular e descolamento de retina Antibiótico terapia é mantida para evitar ocorrência de contaminação A maioria dos cavalos precisa de terapia médica anti-inflamatória por até 3 meses (muito tempo) por isso usar os protetores. Protetores gástricos, são rotineiramente usados para ajudar a prevenir efeitos colaterais gastrointestinais Catéter subpalpebral é recomendado para facilitar a administração de medicamentos no pós-operatório (porque facilita, o animal vai estar com dor). Neoplasias Clinicamente, observa-se massas cutâneas ou subcutâneas e ulcerações palpebrais que não cicatrizam, interrompendo a função normal das pálpebras ou esfregando diretamente nos olhos. Sarcóides perioculares: geralmente se desenvolvem em animais jovens entre 3 e 6 anos de idade Carcinoma de Células escamosas: Normalmente acomete animais com falta de pigmentação periocular Diagnóstico: Biópsia e Histopatologia Tratamento: excisão cirúrgica combinada com terapia adjuvante (crioterapia ou termoterapia). A excisão deve ser feita logo após a biópsia, pois após o trauma cirúrgico a massa geralmente é estimulada a proliferar Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina Doença ocular mais importante de bovinos em todoo mundo, sendo causada por Moraxella bovis Transmitida por meio de contato direto entre os animais ou por vetores mecânicos em contato com secreções nasais ou oculares contaminadas Sinais clínicos observados inicialmente são lacrimejamento, conjuntivite, blefaroespasmo e fotofobia. Na evolução do quadro clínico pode-se ocorrer cegueira temporária, descemetocele, ruptura de córnea e, podendo culminar com a cegueira permanente do indivíduo. Tratamento: Tópico: soluções oftálmicas de gentamicina em repetidas aplicações diárias. Sistêmico: oxitetraciclinas de longa ação (20 mg/kg) intramuscular, em três doses intervaladas de 48 horas. Antibiótico terapia por via intrapalpalpebral Profilaxia: Vacinação enucleação • É indicada nos casos de neoplasias ou traumas graves que não permitem reparos • Procedimento cirúrgico: Bloqueio retrobulbar (exoftalmia e midríase indicam bloqueio retrobulbar satisfatório) I. As pálpebras são fechadas. II. Incisão transpalpebral ao redor da órbita, deixando a maior quantidade de tecido possível. III. Dissecção ao redor da órbita até o seu aspecto caudal, mas evitando penetrar através da conjuntiva palpebral. IV. Fórceps de ângulo reto são usados para agarrar o pedículo óptico e seus suprimentos sanguíneos que serão ligados distalmente V. Fechamento da pele com sutura em padrão simples interrompido com fio inabsorvível 0 (Nylon). A retirada dos pontos pode ser feita 10 dias após a operação se a cicatrização for adequada.
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