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Controle Microbiológico


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9 
MARIANNE IAMARINO MARIN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA QUALIDADE MICROBIANA DE 
PRODUTOS NÃO ESTÉREIS ASSOCIADOS A 
COSMÉTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS 
SÃO JOÃO DA BOA VISTA, SP, 2004 
 10 
MARIANNE IAMARINO MARIN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA QUALIDADE MICROBIANA DE PRODUTOS NÃO 
ESTÉREIS ASSOCIADOS A COSMÉTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
Nome da orientadora: Msc. Daniela Franco Carvalho Jacobucci 
Monografia apresentada como requisito 
da disciplina de Estágio Supervisionado, 
do Curso de Ciências Biológicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS 
SÃO JOÃO DA BOA VISTA, SP, 2004 
Data da defesa: 16/12/2004 
 11 
 
 
Membros da banca 
 
Nome completo: ________________________________ 
Instituição 
 
Nome completo: ________________________________ 
Instituição 
 
Nome completo: ________________________________ 
Instituição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Primeiramente à meus pais, por ter auxiliado a transpor as 
inúmeras dificuldades encontradas ao longo deste trabalho, pela 
confiança, colaboração, participação e constante incentivo. 
 
À Professora e Coordenadora da 1ª Turma de Ciências Biológicas 
da UNIFEOB, Msc. Daniela Franco Carvalho Jacobucci, que com 
grande satisfação e orgulho tive como orientadora e a quem 
devoto a mais sincera e efusiva admiração. 
 
À UNIFEOB e a todos os formandos da 1ª Turma de Ciências 
Biológicas, em particular as amigas de trabalho Bárbara Angélica, 
Bárbara Letícia, Letícia, Maraísa e à minha querida irmã e colega 
Roseanne, companheiras de incontáveis momentos, que 
acreditaram e contribuíram para a execução deste trabalho. 
 
À PRACOM – Indústria de Cosméticos do Brasil Ltda., por 
intermédio do Sr. Paulo Roberto Andrade e Sra. Paula Monteiro 
Lobato, proporcionando o conhecimento prático de rotina de um 
Laboratório de Controle de Qualidade de Cosméticos. 
 
Um agradecimento muito especial à Sra. Paula Monteiro Lobato, 
por todo o apoio dispensado durante o estágio, contribuindo 
 13 
também com informações importantes para a conclusão deste 
trabalho, e por estar sempre disponível nas horas em que mais 
precisei de sua orientação. 
 
Em particular, a meu namorado, Thiago Jessé de Oliveira, por 
seu permanente carinho, dedicação, incentivo, paciência e 
participação em todos os momentos. 
 
Aos que embora não citados, contribuíram de alguma forma para 
a realização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Um objetivo ecológico é aquele que, quando o 
atingimos, nós teremos alcançado um ponto de 
equilíbrio”. 
 
Josiane de Saint Paul 
 15 
RESUMO 
 
 Cosméticos são produtos de origem química ou natural dedicados especificamente ao 
uso na pele e mucosa. O constante desenvolvimento da indústria cosmética tem gerado a 
necessidade de se realizar análises microbiológicas das matérias-primas utilizadas na 
produção industrial de cosméticos, bem como dos produtos finais, com o propósito de se obter 
produtos de boa qualidade. Os produtos cosméticos são reconhecidos por serem substratos 
para a sobrevivência e desenvolvimento de uma ampla variedade de microrganismos, já que 
possuem alguns nutrientes que facilitam o crescimento, tais como lipídios, polissacarídeos, 
álcool, proteínas, aminoácidos, glucosídeos, esteróides, peptídeos e vitaminas. As condições à 
disposição (oxigenação, pH, temperatura, grau osmótico, atividade superficial, perfumes e 
óleos essenciais) presentes nos cosméticos também favorecem a multiplicação microbiana. 
Outras fontes contaminantes na fabricação de cosméticos podem estar nos equipamentos, 
materiais auxiliares de fabricação e pessoas. Para determinar a qualidade microbiana de 
cosméticos devem ser empregadas as seguintes técnicas de análise de rotina, que serão 
abordadas neste trabalho: semeadura da amostra em profundidade, semeadura da amostra em 
superfície, técnica de membrana filtrante e número mais provável do total de microrganismos. 
É realizada também a análise da água, pois esta é muito utilizada para a fabricação destes 
cosméticos e sua carga microbiana deve estar livre de microrganismos patogênicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................09 
2. PANORAMA DOS COSMÉTICOS NO BRASIL E NO MUNDO.............................11 
3. CONTAMINAÇÃO MICROBIANA EM COSMÉTICOS...........................................14 
3.1 FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA...........................................................15 
3.2 FATORES QUE AFETAM A SOBREVIVÊNCIA E O CRESCIMENTO DOS 
MICRORGANISMOS EM PRODUTOS...........................................................................18 
3.3 DETERIORAÇÃO MICROBIANA DE PRODUTOS......................................................19 
3.4 INFECÇÕES DECORRENTES DE PRODUTOS.............................................................20 
3.5 CARGA MICROBIANA NÃO EFETIVA.........................................................................21 
3.6 CASOS RELACIONADOS A ALERGIAS, INFECÇÕES 
POR COSMÉTICOS............22 
4. ANÁLISE DA QUALIDADE MICROBIANA DE PRODUTOS NÃO 
ESTÉREIS.........................................................................................................................24 
4.1 PADRÕES MICROBIANOS.............................................................................................24 
4.2 MÉTODOS DE ANÁLISE.................................................................................................25 
4.2.1 Amostragem.....................................................................................................................25 
4.2.1.1 Preparação da amostra para análise...............................................................................26 
4.2.2 Métodos de Análise de Microrganismos em Cosméticos................................................26 
4.2.2.1 Semeadura da amostra em profundidade (pour plate)..................................................27 
4.2.2.2 Semeadura da amostra em superfície............................................................................29 
4.2.2.3 Membrana filtrante........................................................................................................30 
4.2.2.4 Número mais provável..................................................................................................32 
4.2.3 Pesquisa de Patógenos Específicos..................................................................................33 
4.2.3.1 Procedimentos...............................................................................................................33 
4.2.3.2 Meios de enriquecimento..............................................................................................33 
4.2.3.3 Meios de diferenciação.................................................................................................34 
4.2.4 Análise da Água...............................................................................................................36 
4.2.4.1 Potabilidade da água.....................................................................................................37 
4.2.4.2 Principais indicadores de contaminação fecal...............................................................37 
4.2.4.3 Análise bacteriológica da água – determinação quantitativa........................................38 
 17 
5. CONCLUSÃO...................................................................................................................39 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................40 
ANEXO....................................................................................................................................47APÊNDICE..............................................................................................................................52 
 
 18 
 1. INTRODUÇÃO 
 
Os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes são definidos pela Portaria SVS 
31/95, de 26 de abril de 1995, inserida na Resolução 79, de 28 de agosto de 2000 como 
“preparações constituídas por substâncias naturais e sintéticas ou suas misturas, de uso 
externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos 
genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou 
principal de limpá- los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou 
protegê- los ou mantê- los em bom estado” (ANVISA, 2004). 
Uma enorme gama de novos produtos cosméticos é lançada diariamente no mercado, 
devido ao grande desenvolvimento alcançado pela Cosmetologia, juntamente com o crescente 
apelo ao uso de produtos naturais. Estes produtos oferecem muitas vezes excelentes meios de 
cultura para a proliferação de microrganismos, o que vem a exigir alta eficácia de sistemas 
preservantes, como também a necessidade de execução de um controle microbiológico 
adequado (CORDEIRO, 2004). Baixos níveis de contaminação de certas cepas microbianas 
são inevitáveis, não apresentando ameaça significativa a produtos formulados com cuidado. 
Mas, se não for detectável o crescimento bacteriano, pode causar deterioração do produto, 
gerando sérios problemas (SCHUELLER & ROMANOWSKI, 2002). 
O FDA1, organização responsável pela avaliação de produtos comercializados nos 
Estados Unidos afirma que “produto cosmético adulterado é aquele que contém substância(s) 
que causa(m) dano(s) ao consumidor, sob condições normais de uso, definição esta que 
engloba claramente a contaminação microbiana” (NICOLETTI et al., 1997). Vários 
problemas são acarretados quando o produto está contaminado desde quebra de emulsões com 
separação de fases, estabilidade dos ingredientes ativos, alteração de cor, odores 
desagradáveis e reações adversas em indivíduos sensíveis, devido à presença de substâncias 
geradas pelo metabolismo microbiano (REBELLO, 1999 (a)). O problema mais grave é a 
ocorrência de certos patógenos específicos, podendo assim, gerar sérios riscos à saúde do 
consumidor, causando doenças graves, desde lesões na pele até cegueira. Portanto, há uma 
grande preocupação em produzir produtos cosméticos com qualidade (CORDEIRO, 2004). 
A contaminação dos produtos na indústria cosmética deve-se a quatro fatores: matérias-
primas, equipamentos, materiais auxiliares de fabricação e pessoas. Nestes três últimos itens, 
o fabricante de produtos cosméticos pode atuar e treinar seus colaboradores no que se refere 
 
1 FDA- Food and Drug Administration. 
 19 
às Boas Normas de Fabricação, o que inclui higiene pessoal, limpeza e sanitização dos 
equipamentos (REBELLO, 1999 (b)). O “Código de Boas Práticas de Fabricação (GMP2)” foi 
proposto em 1967 aos fabricantes de cosméticos, o qual tem a finalidade de proteger o 
consumidor. O objetivo da GMP é obter a qualidade, segurança de uso e a eficácia de 
produtos cosméticos diversos (REBELLO, 1990). É de fundamental importância associar as 
boas normas de fabricação à utilização de sistemas preservantes eficazes, para assegurar 
assim, a estabilidade microbiológica de produtos cosméticos. Mesmo apresentando sistema 
preservante, não significa que o produto esteja protegido de contaminação. Os 
microrganismos podem utilizar virtualmente qualquer composto orgânico como substrato, 
inclusive os preservantes (NICOLETTI et al., 1997). Assim, a análise microbiológica é 
fundamental, para que os níveis de microrganismos estejam dentro dos padrões 
internacionalmente recomendados. 
As análises de controle microbiológico para a investigação de provável contaminação 
envolvem ensaios de contagem total do número de microrganismos viáveis e a comprovação 
da ausência de patógenos específicos, seguindo a metodologia preconizada pela Farmacopéia 
Americana 26ª ed. de 2003 (SERIKAKU et al., 1999). 
O grande problema na indústria cosmética é a contaminação bacteriana dos produtos 
(NICOLETTI et al., 1997). BOU-CHACRA et al. (1997)3 apud NICOLETTI et al., (1997) 
afirmam em seu estudo que 22% das amostras de cosméticos analisadas fabricadas no Brasil 
apresentam carga microbiana acima dos padrões internacionalmente recomendados. 
Buscando-se matérias-primas somente de qualidade e elaborando-se ações no sentido de 
melhorar as condições de produção, serão proporcionados aos consumidores produtos de 
qualidade assegurada (CORDEIRO, 2004). 
 É muito importante saber e entender como ocorre a contaminação microbiana, 
podendo com isso minimizá- la e assim, conhecendo as técnicas de análise, aplicá- las para que 
nenhum produto chegue ao mercado levando patógenos que possam causar danos à saúde do 
consumidor. 
 O objetivo do controle microbiológico é assegurar o consumo de produtos de alta 
qualidade, essencialmente livres de certos microrganismos que possam ser prejudiciais à 
saúde do consumidor, bem como garantir uma preparação adequada com a finalidade de se 
evitar perdas desnecessárias. 
 
2 GMP – Good Manufacturing Pratices. 
3 BOU-CHACRA, N. A., SOUZA M. S. E. L., OHARA, M. T. Contaminação microbiana em produtos 
cosméticos. Revista Farm Bioq Univ S. Paulo, 1997. 
 20 
2. PANORAMA DOS COSMÉTICOS NO BRASIL E NO 
MUNDO 
 
A ciência voltada para a arte do cuidado e melhoria das condições estéticas de um 
indivíduo e que estuda as matérias-primas destinadas aos produtos cosméticos é chamada de 
Cosmetologia (PITA, 2004). 
O uso de cosméticos remonta há pelo menos 30.000 anos, os povos primitivos tinham 
o hábito de pintar o corpo para fins ornamentais e religiosos. Muitos cosméticos se originaram 
na Ásia, mas os primeiros registros de seu uso estão no Egito, onde, segundo informações da 
época, a famosa Cleópatra se banhava com leite de cabra para obter uma pele mais suave e 
macia (INFORMATIVO SECEX, 2004). 
Por volta do ano 180 dC, já na era Romana, um médico grego chamado Claudius Galen 
realizou sua própria pesquisa na manipulação de produtos cosméticos, iniciando assim a era 
dos produtos químicos-farmacêuticos. Galen desenvolveu um produto chamado Unguentum 
Refrigerans, o famoso cold cream4, composto de cera de abelha e bórax. A Idade Média 
reprimiu o uso de cosméticos pois o cristianismo proibia o culto à higiene e exaltação da 
beleza. Assim, o uso dos cosméticos desapareceu completamente na Europa. Somente no 
período das Cruzadas houve o ressurgimento dos cosméticos, tendo como meta cultivar a 
beleza. Neste período ainda persistiam os costumes de não tomar banho regularmente e para 
mascarar o odor corporal, utilizavam-se de perfumes criados para este fim, proporcionando o 
crescimento de perfumes em Paris (SCHUELLER & ROMANOWSKI, 2001). 
No final do século XVIII, o uso de cosméticos ficou fora de moda. O Parlamento Inglês 
que dizia que a utilização de cosméticos e outros produtos do gênero era considerado bruxaria 
e quem utilizasse destes produtos iria ser punido pela lei contra a bruxaria, sendo assim, este 
foi o período mais negro da história dos cosméticos (SCHUELLER & ROMANOWSKI, 
2001). 
O retorno dos cosméticos ocorreu por volta do século XIX, já na Idade Contemporânea, 
onde a bruxaria ficou de lado, tornando o cosmético novamente um produto com os seus 
verdadeiros propósitos. Desta forma, as donas de casa começaram a fabricá- los em suas 
próprias residências onde incluíam sopas, limonadas, leite, água de rosas, creme de pepino, 
entre outros ingredientes que constituíam receitas exclusivas de cada família (SCHUELLER 
& ROMANOWSKI, 2001). 
 
4 Cold cream – Creme frio. 
 21 
As indústrias de cosméticossurgiram no início do século XX, devido à necessidade das 
mulheres em comprar produtos prontos, pois elas estavam começando a se libertar dos 
afazeres domésticos para trabalharem fora de casa (SCHUELLER & ROMANOWSKI, 2001). 
No Brasil, nos últimos cinco anos, o crescimento da economia das indústrias em geral 
foi de 0,5%, enquanto que a indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos cresceu 
cerca de 6,5%, tendo superado em vendas de R$ 5,9 bilhões em 1998 para R$ 11,0 bilhões em 
2003, como mostra a Figura 1 (ABIHPEC, 2004). 
 
 
Figura 1. Panorama de vendas em Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos entre os 
anos de 1999 a 2003. 
(Fonte: ABIHPEC, 2004). 
 
Estes valores se devem ao aumento de produtividade destas indústrias, tornando assim, 
seus produtos mais competitivos, diminuindo os preços em comparação aos índices de preços 
da economia geral e também com a capacidade destas indústrias em lançar e atualizar seus 
produtos utilizando tecnologias de ponta (ABIHPEC, 2002). 
O Brasil tem demonstrado um crescimento acumulado nas exportações de produtos 
cosméticos entre 1999 e 2003 de 103,4%, enquanto que as importações do mesmo diminuíram 
47,3% no mesmo período, sendo que o superávit em 2003, atingiu a marca de US$ 80,5 
milhões, tendo um crescimento de 91% sobre 2002 (Tabela 1) (ABIHPEC, 2004). 
 
 
 
 22 
Tabela 1 – Balança Comercial de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos 
Balança Comercial Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos 
 Importações Exportações Saldo 
Ano US$ ´000 % CRESC US$ ´000 % CRESC US$ ´000 
1999 201.342 -26,2 141.666 28,4 56.676 
2000 214.636 6,6 156.497 10,5 58.139 
2001 193.803 -9,7 168.968 8 24.835 
2002 146.770 -24,3 188.826 11,8 42.056 
2003 143.885 -2 224.344 18,8 80.459 
% Cresc. 1999/2003 - -47,3 - 103,4 - 
% Médio 1999/2003 - -12 - 15,3 - 
 Fonte: SECEX, 2004 apud ABIHPEC, 2004. 
O Brasil conta com um mercado amplo em produtos de higiene pessoal. Para alguns 
produtos, o consumo do país pode ser comparado ao de países de primeiro mundo. Devido ao 
clima, os brasileiros chegam a tomar dois banhos por dia, o que aumenta o consumo de 
sabonetes. No caso de cremes dentais, o consumo é impulsionado pelos dentistas que 
incentivam a escovação após as refeições (SILVA, 1995). 
Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Inglaterra respondem por mais de 50% do 
consumo mundial de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, sendo os cinco 
maiores mercados mundiais (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E 
COMÉRCIO EXTERIOR, 2004). 
EUROMONITOR (2002) apud ABIHPEC (2004) afirma que em relação ao mercado 
mundial de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, o Brasil ocupa a sétima posição, sendo 
o terceiro em produtos para o cabelo; o sétimo em produtos masculinos, fraldas, absorventes 
descartáveis e higiene oral; o oitavo em bronzeadores e protetores solares; nono em produtos 
para banho e o décimo em maquilagem, cremes e loções para a pele. Praticamente a metade 
da população brasileira hoje em dia está consumindo algum destes produtos e boa parte está 
disposta a experimentar as novidades do mercado deste setor. Se o crescimento de vendas dos 
produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos continuar crescendo, estima-se que em 
2005, o Brasil tenha 50 milhões de consumidores na faixa de 15 a 29 anos 
(SORTIMENTOS.COM, 2004). 
No início do século XXI, a ciência dos cosméticos é um fato inegável, pois trabalha não 
só no embelezamento do corpo, melhorando a imagem pessoal, mas também contribuindo 
para a prevenção não só do envelhecimento da pele, mas também de outros fatores nocivos à 
saúde (SCHUELLER & ROMANOWSKI, 2001). 
 
 23 
3. CONTAMINAÇÃO MICROBIANA EM COSMÉTICOS 
 
A contaminação microbiana tem sido um dos problemas mais importantes da indústria 
cosmética, pois estes produtos são reconhecidos por serem substratos para a sobrevivência e 
desenvolvimento de uma ampla variedade de microrganismos, já que possuem alguns 
nutrientes que facilitam o crescimento, tais como: lipídeos, polissacarídeos, álcool, proteínas, 
aminoácidos, glucosídeos, esteróides, peptídeos e vitaminas. As condições adequadas de 
oxigenação, pH, temperatura, grau osmótico, atividade superficial, perfume e óleos essenciais 
presentes nos cosméticos, favorecem a multiplicação microbiana (HERRERA, 2004). 
Os produtos que apresentam substâncias que possam causar danos ao consumidor, sob 
condições normais de uso, são chamados de produtos contaminados por microrganismos 
(NICOLETTI et al., 1997). 
São vários os sinais de contaminação, alguns visíveis no início da proliferação 
microbiana, como a mudança de coloração (crescimento de microrganismos pigmentados ou 
produção de ácidos que podem afetar os pigmentos sensíveis ao pH); produção de gases 
(bolhas de fases ou aumento da pressão podem resultar do metabolismo fermentativo de 
algumas bactérias e leveduras); produção de odores (compostos sulforados que causam mau 
cheiro). No estágio final de contaminação, há mudança na viscosidade (produção de enzimas 
microbianas como celulases, que degradam vários espessantes); desestabilizações de 
emulsões (os produtos perdem a homogeneidade devido à quebra microbiana de agentes 
emulsificantes); modificação das propriedades dos produtos (cor desagradável e perda da 
performance do produto); formação de biofilme; colapso de embalagens flexíveis (a utilização 
de oxigênio por microrganismos aeróbios pode levar à explosão de embalagens seladas). 
Além disso, produtos contaminados com organismos patogênicos podem expor o consumidor 
a uma possibilidade de infecção (CARTURAN, 1998). 
Os produtos submetidos à vigilância sanitária, respeitando as suas particularidades, 
devem ser produzidos, armazenados, transportados e dispensados de forma a apresentarem a 
segurança necessária para o seu uso ou consumo. O limite microbiano em cosméticos se dá na 
ausência absoluta de formas viáveis ou na presença de determinados microrganismos em 
grandezas definidas, restritas ou não a determinadas cepas microbianas. Assim, aceita-se 
valores máximos de contaminante viável, desde que somado à ausência de determinadas cepas 
microbianas (PINTO et al., 2000). 
 24 
Os principais microrganismos que são frequentemente encontrados em formulações 
cosméticas estão especificados na Tabela 2. 
 
Tabela 2 – Microrganismos mais encontrados em formulações cosméticas. 
Produtos Microrganismos mais encontrados 
Shampoos Bactérias: Achromobacter sp., Aerobacter sp., 
Alcaligenes sp., Klebsiella sp., 
 Pseudomonas sp. e Enterobacter sp. 
Cremes / loções Bactérias: Pseudomonas sp. e Serratia sp.; 
bolores e leveduras 
Para a área dos olhos Bactéria Pseudomonas sp. e fungos 
filamentosos 
Sabonetes Fungos filamentosos: Scopulariopsis 
brevicaulis, Aerobasidium pullulans, 
Stachybotrys atra e Tricoderma viridae 
(Fonte: FRAGA, 1999) 
 
Em um estudo de ERGUN et al. (1987), de 64 amostras de cosméticos analisadas entre 
shampoos, cremes para as mãos, cremes para o cabelo e tônicos capilares, em 14 foram 
encontradas bactérias acima do limite. Das 14 amostras contaminadas três continham 
Pseudomonas aeruginosa, duas apresentavam células de Escherichia coli, duas apresentavam 
crescimento de Sthaphylococcus aureus, cinco amostras estavam com Bacillus subtillis e duas 
com Enterobacter sp.. 
 
3.1 FONTES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIANA 
 
Segundo REBELLO (1999 (a)), a contaminação dos produtos cosméticos dentro da 
indústria cosmética se refere às matérias-primas, equipamentos, materiais auxiliares de 
fabricação e pessoas. 
As matérias-primas geralmente empregadas na fabricação de cosméticos, são 
constituídas de pós sintéticos, com baixa carga microbiana, porém aquelas de origem natural 
podem conter elevadas cargas microbianas (PINTO et al., 2000). 
 25 
A água é um dos principais ingredientes nas preparações de produtos cosméticos, 
portanto esta deve estar livre de microrganismos.Se houver contaminação aquosa 
microrganismos Gram negativos, os quais incluem espécies de Acinetobacter, 
Achromobacter, Enterobacter, Flavobacterium e Pseudomonas podem estar presentes. Outros 
de origem entérica também podem aparecer, como a Escherichia coli e a Salmonella spp., as 
quais podem sobreviver por algum período na água poluída (PINTO et al., 2000). 
Nas diversas áreas de produção, a contaminação também pode ocorrer e estes locais 
devem ser monitorados, pois a multiplicação de contaminantes, particularmente bactérias 
Gram negativas, ocorre rapidamente nos espaços mortos como juntas e válvulas, onde água e 
resíduos do produto se acumulam, ocasionando contaminação, sendo de difícil eliminação, 
resultando em distintos níveis de risco. A qualidade microbiana da água de resfriamento, 
assim como do ar insuflado é afetada devido aos tubos de material polimérico utilizados 
durante o processo de extrusão, que podem contribuir para cargas microbianas elevadas nas 
superfícies externa e interna dos tubos (CARTURAN, 1998). 
Embora a contaminação ambiental seja às vezes considerada menos importante, ela pode 
ocorrer. Bacilos e cocos Gram positivos e fungos são contaminantes ambientais de paredes 
secas, enquanto que números reduzidos de bactérias Gram negativas podem persistir por 
períodos consideráveis de tempo nestes locais. Em áreas úmidas como pias e drenos, 
particularmente, ocorre acúmulo de Pseudomonas e Acinetobacter que não apenas 
sobrevivem, mas proliferam-se. A contaminação aérea está principalmente associada à poeira 
e às escamas da pele, sendo veículos de esporos bacterianos (PINTO et al., 2000). 
A contaminação derivada dos operadores é normalmente significante. Durante 
atividades normais, a perda de escamas da pele é da ordem de 1,2 g por dia (AMERICAN 
FLEX, 2004). Os contaminantes por elas transportados são micrococos não patogênicos, 
difteróides e estafilococos, mas também podem se constituir de Staphylococcus aureus como 
parte da microbiota normal. Outros ainda, como Salmonella e Escherichia coli, embora não 
constituintes da microbiota residente, podem estar transitoriamente a ela associados, na 
dependência dos hábitos de higiene dos operadores (PINTO et al., 2000). 
Os materiais de acondicionamento devem ser limpos, além de adequadamente 
planejados para efetivamente proteger o produto. Embora estando no momento da moldagem 
em temperaturas elevadas, a contaminação posterior é sempre um risco (SILVA, 1997). 
Outro aspecto a considerar é a contaminação durante o uso ou estocagem do produto, 
sendo difícil de prever. Produtos tópicos, especialmente aqueles em potes, envolvem risco 
particular. Alternativas possíveis e interessantes consistem em remoção do creme com 
 26 
espátulas, sua aplicação com as mãos enluvadas e acondicionamento em bisnagas, 
conseguindo-se desta forma reduções significativas de contaminação por Pseudomonas 
aeruginosa e Staphylococcus aureus (CARTURAN, 1998). 
Em estudo realizado por BANNAN & DILLE (1990), o dispositivo de fechamento de 
embalagem do produto cosmético também desempenha papel fundamental na proteção dos 
cosméticos contra contaminação microbiana por uso. Os shampoos foram acondicionados em 
embalagens com tampa pump-top (pressiona-se a tampa), flip-cap (abre e volta) e screw-cap 
(tampa com rosca). O maior grau de proteção (incidência de contaminação mais baixa) foi 
oferecido pelo sistema flip-cap para a embalagem do shampoo, onde em nenhum dos casos 
houve presença de contaminação e o pump-top para a loção, onde somente 10% das 
embalagens analisadas sofreram contaminação (Figura 2). Portanto, o tipo de fechamento 
também representa um papel importante na proteção de produtos contra contaminação 
microbiana pelo uso. 
 
 
a) Pump-top b) Flip-cap c) Screw cap 
Figura 2. Tipos de Fechamento das Embalagens de produtos cosméticos 
 
BERKE & ROSEN (1990) afirmam que nos últimos anos, os químicos cosméticos se 
tornaram mais conscientes dos perigos e problemas associados à contaminação microbiana em 
produtos cosméticos, e sabem mais a respeito das fontes potenciais de tal contaminação. Os 
químicos de produção, nos dias de hoje, monitoram rotineiramente suas matérias-primas, 
 27 
produção em massa e operações de envasamento com técnicas sofisticadas de amostragem e 
instrumentação. 
 
3.2 FATORES QUE AFETAM A SOBREVIVÊNCIA E O 
CRESCIMENTO DOS MICRORGANISMOS EM PRODUTOS 
 
A qualidade microbiana dos produtos cosméticos é afetada não apenas pelos tipos e 
quantidade de organismos introduzidos durante a fabricação, estocagem e uso, mas também 
depende da interação dos mesmos com a formulação. Muitos fatores físico-químicos são 
fundamentais, assim como o sistema conservante que pode atuar minimizando os 
contaminantes a níveis não detectáveis durante a estocagem do produto. Como os 
microrganismos apresentam absoluta exigência quanto à presença de água, esta exerce efeito 
fundamental, embora também formas sólidas possam se deteriorar em decorrência de 
contaminantes (PINTO et al., 2000). Segundo NICOLETTI et al. (1997), o fato da fórmula 
cosmética apresentar sistema preservante não significa que a mesma esteja protegida da 
contaminação microbiana, devido aos microrganismos utilizarem potencialmente, qualquer 
composto orgânico como substrato. Para que esta proteção ocorra, é necessária intensa 
investigação durante o desenvolvimento da fórmula cosmética. 
A grande maioria dos produtos cosméticos necessita ter em sua formulação, 
preservantes, particularmente, as soluções aquosas, as emulsões e os géis, devido a estes 
produtos possuírem água em abundância nas suas formulações, contribuindo para a 
proliferação de microrganismos. A adição de preservantes tem como objetivo principal 
prevenir a proliferação ou limitar o número de microrganismos durante as condições normais 
de estocagem e uso, principalmente para embalagens multidoses (REBELLO, 1999 (a)). 
NA´WAS & ALKOFAHI (1994) citam que a inclusão de um sistema preservativo é 
essencial em fórmulas preparadas domesticamente, pois houve crescimento microbiano de 
muitas espécies em cremes tópicos de dezenove marcas diferentes analisadas no trabalho. 
Neste estudo, descobriu-se que os microrganismos pertenciam a espécies diferentes de 
bactérias e fungos, incluindo Pseudomonas aeruginosa. Duas amostras das seis marcas 
diferentes que estavam contaminadas foram testadas com tipos padrão de Staphylococcus 
aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans para avaliar a eficácia 
dos preservativos usados em suas preparações. Com exceção de uma única marca, todos os 
cremes testados apresentaram preservação ineficiente. 
 28 
Outro fator importante para a sobrevivência e crescimento dos microrganismos envolve 
a condição ideal de crescimento microbiano em pH na faixa da neutralidade, tornando 
formulações ácidas ou alcalinas menos propensas à deterioração. Temperatura na faixa de 
40ºC ajuda a promover a proliferação microbiana principalmente daqueles microrganismos 
patogênicos, pois estes crescem de forma mais intensa em temperaturas próximas à do corpo 
humano (37ºC) (BLACK, 2002). Outras considerações importantes são: disponibilidade de 
nutrientes e de oxigênio, pressão osmótica e tensão superficial (PINTO et al., 2000). 
 
3.3 DETERIORAÇÃO MICROBIANA DE PRODUTOS 
 
A falha de proteção ocasiona a deterioração do produto ou danos à saúde do 
consumidor, podendo acarretar perdas em vendas de cosméticos (FRAGA, 1999). 
Segundo PINTO et al. (2000) “a capacidade do microrganismo em promover o processo 
de deterioração depende da sua capacidade em produzir enzimas adequadas, e o risco maior 
no caso de produtos cosméticos reside na extrema versatilidade de caminhos bioquímicos dos 
microrganismos, possibilitando a síntese de enzimas degradativas. Na dependência de 
natureza das moléculas, características do produto, número e tipo de organismos,o processo 
degradativo pode demandar horas, meses ou mesmo anos”. 
Açúcares, aminoácidos e glicerol, que possuem baixo peso molecular, são degradados 
pelos caminhos metabólicos primários. Já a quebra de proteínas, polissacarídeos e lipídeos 
exige enzimas específicas. Aquelas capazes de hidrolisar o amido, ágar e celulose são 
produzidas por muitos organismos incluindo Bacillus, Pseudomonas e Clostridium. A 
produção de alfa-amilase é particularmente relevante em Bacillus spp. Estes microrganismos, 
juntamente com Aspergillus e Penicillium spp. são as fontes mais comuns de proteinase e 
peptidase que quebram compostos como a gelatina. A produção de lipase é largamente 
distribuída e ocorre mais comumente entre os fungos, daí a associação da deterioração ao 
desenvolvimento de fungos em cremes e emulsões (PINTO et al., 2000). 
Segundo NICOLETTI et al. (1997), praticamente todos os componentes utilizados em 
formulações cosméticas, especialmente derivados orgânicos de origem animal e vegetal, além 
de produtos obtidos por síntese química semelhantes aos naturais, podem ser alterados pela 
decomposição promovida por microrganismos. 
 29 
A atividade microbiana pode também resultar na produção de toxinas ou na degradação 
do próprio sistema conservante, se este for clorhexidina, cetrimida, grupamentos fenílicos ou 
ácido benzóico (PINTO et al., 2000). 
 
3.4 INFECÇÕES DECORRENTES DE PRODUTOS 
 
A experiência tem demonstrado que produtos que não apresentam alterações sensoriais 
evidentes podem ser portadores de populações microbianas. Nos adultos saudáveis o contato 
com produtos contaminados não representa problema sério a menos que o organismo seja um 
patogênico primário. Entretanto, pode ocorrer infecção em se tratando de consumidor com 
sistema imunológico compromissado de alguma forma, ou se o produto se destinar a 
introdução em área normalmente estéril, pele lesada, membrana mucosa ou olhos. O risco de 
infecção depende de fatores como características qualitativas e quantitativas envolvendo o 
microrganismo, resistência do hospedeiro e via de administração (PINTO et al., 2000). 
Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Candida albicans são os principais 
organismos patogênicos associados a produtos cosméticos. O crescimento de certos 
microrganismos pode levar à liberação de toxinas microbianas ou ao desenvolvimento de 
produtos metabólicos tóxicos que são freqüentemente resistentes às formas atuais de 
esterilização e persistem após a morte das células microbianas (FRAGA, 1999). 
Quando se usa um cosmético facial ou para os cabelos, deve-se levar em conta que 
porções poderão penetrar nos olhos. A integridade dos olhos corre sérios riscos se nestes 
cosméticos houver a presença de bactérias do gênero Pseudomonas, as quais se multiplicam 
em shampoos, de acordo com a composição do mesmo, e estabelecem um crescimento 
microbiano nos tecidos oculares, uma vez que são dificilmente excluídas pelo Sistema 
Imunológico (GRIGO, 1976). 
A avaliação e a detecção do número de reações alérgicas de contato a cosméticos não é 
simples. Normalmente envolve análise ou verificação por um dermatologista. Além do mais, 
as reações a cosméticos podem se apresentar sob formas clínicas incomuns, que poderão levar 
a um diagnóstico errôneo. A identificação de um cosmético alergênico não é, sem dúvida, 
uma tarefa fácil. Primeiramente são necessárias habilidades especiais por parte do 
dermatologista para cuidar do demorado processo de contato com fabricantes de cosméticos. 
Além dos muitos fatores envolvidos na sensibilização a um produto cosmético específico, os 
que devem ser levados em consideração quando se procura um alergênico são: a popularidade 
 30 
e a composição do produto, as concentrações de seus ingredientes, o uso de substâncias para 
aumentar a penetração cutânea, o local de aplicação, a condição da pele, o tempo de contato, a 
freqüência de aplicação, e efeitos cumulativos (DOOMS-GOOSSENS, 1993). 
Em estudo de GOOSSENS (2004), as principais fontes de sensibilidade em produtos 
cosméticos são: componentes de fragrâncias, preservativos, emulsificadores e produtos para o 
cabelo e unhas. Os ingredientes botânicos estão sendo adicionados aos cosméticos devido à 
exigência do consumidor e agora também estão sendo reconhecidos como fontes de alergia. 
Para ORTIZ & YIANNIAS (2004), outros produtos estão sendo revistos, como os protetores 
solares. Produtos de cuidado facial e do corpo, perfumes, águas de colônias e filtros solares 
são responsáveis por aproximadamente 60% das reações alérgicas de contato. Entretanto, os 
demaquilantes só se envolvem em aproximadamente 5% dos casos e os shampoos somente 
em 3% (DOOMS-GOOSSENS, 1993). 
Segundo DOOMS-GOOSSENS (1993), o uso de cosméticos, uma ou várias vezes ao 
dia, poderá fazer com que os ingredientes se acumulem sobre a pele, aumentando com isto o 
risco de reações adversas. Aqueles que utilizam intensamente cosméticos podem ser mais 
propensos a dermatite cosmética do que outros. 
 
3.5 CARGA MICROBIANA NÃO EFETIVA 
 
A carga microbiana não efetiva, diz respeito ao número de UFC5/g de microrganismos, 
que podem estar presentes nas formulações cosméticas sem causar uma reação de infecção. 
A quantidade de microrganismos a induzir uma infecção depende de vários fatores. Se 
produtos para a boca, como batons e protetores labiais, estiverem com cargas microbianas 
acima dos limites permitidos, poderão causar infecções, dependendo da espécie microbiana 
encontrada. É citado para Escherichia coli ou Salmonella sp. que cargas microbianas acima de 
106 UFC/g ou 102 UFC/g, respectivamente podem causar infecções. Já para crianças muito 
pequenas o limite é de 2 x 102 UFC/g. Para preparações tópicas, devido experiências em 
voluntários, inóculos de 106 UFC/g são necessários para infecções dérmicas com posterior 
liberação de pus, mas apenas 102 UFC/g são suficientes quando a pele está traumatizada ou 
lesada (PINTO et al., 2000). 
O risco de infecção associado aos produtos cosméticos será reduzido se houver 
aplicação deste em pele intacta, devido a uma barreira corpórea eficiente, mas se for utilizado 
 
5 UFC – Unidades formadoras de colônias. 
 31 
em pele lesada, membrana mucosa ou olhos, o risco aumenta consideravelmente. O 
microrganismo mais importante em se tratando de infecções da região dos olhos é 
Pseudomonas aeruginosa, pois pode provocar alterações na córnea, podendo levar à cegueira 
(CORDEIRO, 2004). 
 
3.6 CASOS RELACIONADOS A ALERGIAS E INFECÇÕES POR 
COSMÉTICOS 
 
 Em estudo realizado por AMEMIYA & TAGUCHI (1994), bacilos Gram negativos 
foram os tipos predominantes (87,9%) envolvidos na contaminação bacteriana através de 
shampoos e cremes rinses usados profissionalmente em salões de cabeleireiros, e os principais 
isolados foram: Serratia marcescens, Pseudomonas cepacia, P. fluorescens, P. aeruginosa e 
Klebsiella pneumoniae. Todas as espécies são amplamente reconhecidas como infecções 
nosocomiais causadoras de patogenias. As infecções nosocomiais são geralmente adquiridas 
em hospitais, e estas dependem da existência de uma fonte de infecção, da transmissão do 
agente patológico e da susceptibilidade do paciente à infecção. Estes resultados demonstram 
que os produtos para lavar os cabelos de uso profissional são contaminados com um grande 
número de bactérias Gram negativas, podendo causar de infecções nosocomiais, e que muita 
atenção deve ser dispensada ao saneamento e limpeza de shampoos e rinses. 
GOONSENS (2004) relatou em seu estudo que dos 1554 pacientes avaliados que 
sofriam de conjuntivite e/ou dermatite nas pálpebras, 864 apresentaram uma reação positiva a 
pelo menos um dos alergênicos por contato testados e os cosméticos foram responsáveis por 
grande parte destes casos. 
Em estudo feito com 192 amostras, incluindo 8 marcas diferentes de cremes de barbear 
e8 marcas de shampoos, não foram encontrados coliformes. No entanto, Staphylococcus spp. 
foram detectados em 6 amostras de ambos produtos (creme de barbear e shampoo). Alguns 
destes Staphylococcus eram do tipo aureus. Um isolamento de Pseudomonas aeruginosa foi 
também detectado em uma amostra de shampoo e a incidência de contaminação por fungos 
foi bem menor que a bacteriana (ABDELAZIZ et al., 1989(a)). 
ABDELAZIZ et al. (1989 (b)) constataram em seu estudo, que cremes faciais estavam 
geralmente mais contaminados do que máscaras e sombras. Mais de 70% dos cremes 
examinados continham acima de 100 UFC/g, comparados a 23% e 37% das sombras e 
máscaras respectivamente. Foi observado também que 5% dos cremes faciais estavam 
 32 
altamente contaminados. Os microrganismos encontrados foram: Pseudomonas aeruginosa, 
Citrobacter freundii e Klebsiella pneumonia. 
ASHOUR et al. (1989), verificaram em seu estudo que os talcos se mostraram mais 
contaminados por bactérias e fungos do que loções. Mais de 40% das loções analisadas não 
continham bactérias viáveis ou menos de 100 UFC/g, enquanto os talcos apresentaram 
número superior a isso, sendo 30% dos talcos contaminados com 104 UFC/g. Não foram 
encontrados coliformes em nenhuma das loções, ao passo que 17% dos talcos examinados 
continham coliformes numa escala de 230-500 UFC/g. Staphylococcus spp. foram detectados 
em 18 amostras de ambos produtos, e 3 destas linhagens de Staphylococcus eram do tipo 
aureus. Em 4 amostras foram detectadas Clostridium perfringens. 
Estudo realizado em países tropicais constatou aumento nos níveis de bactérias, 
excedendo 103 UFC/ml em cremes e loções comercialmente disponíveis no ato da compra. 
Sendo encontrados Escherichia coli, Pseudomonas spp., Staphylococcus spp. e Bacillus spp. 
Na ausência de preservativos, a proporção de Escherichia coli aumentou em cremes 
armazenados sob condições de ambiente tropical (OKEKE & LAMIKANRA, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
4. ANÁLISE DA QUALIDADE MICROBIANA DE PRODUTOS 
NÃO ESTÉREIS 
 
Segundo PINTO et al. (2000) “na indústria cosmética produtos não estéreis são aqueles 
nos quais se admite conceitualmente a presença de carga microbiana, embora limitada, tendo 
em vista as características de sua utilização”. Alguns exemplos destes produtos são matérias-
primas de origem animal ou botânica e água as quais são utilizadas para a fabricação de 
cosméticos e produtos manipulados. O controle dos produtos não estéreis deve dar atenção à 
carga microbiana presente no produto, não comprometendo assim, sua qualidade final ou a 
segurança do consumidor, comprovando a ausência de microrganismos patogênicos e 
determinando o número de microrganismos viáveis, em função dos tipos de utilização do 
produto. 
 
4.1 PADRÕES MICROBIANOS 
 
A Portaria nº 600 de 28 de novembro de 1997 da Secretaria de Vigilância Sanitária, 
publicada no DOU em 1º de dezembro de 1997, submeteu à consulta popular o padrão 
proposto pelo grupo de microbiologia da Associação Brasileira de Cosmetologia. Segundo 
esse padrão, dividiu-se os produtos cosméticos em dois grupos: Tipo I e II. O Tipo I é 
utilizado para formulações de uso infantil (shampoo, condicionador, fixador de cabelos, 
esmalte, blush e rouge, sendo todos com formulações especiais para crianças), para a área dos 
olhos (demaquilantes, hidratantes para o rosto, sabonetes para o rosto, produtos para 
maquilagem e atenuantes de linhas de expressão) e para aqueles que entram em contato com a 
mucosa (batom, brilho labial). Já o Tipo II corresponde ao restante dos produtos sendo 
shampoos, condicionadores, hidratantes corporais, protetores solares, os quais somente são 
indicados para uso em adultos (PINTO et al., 2000). 
A especificação proposta para o Tipo I aborda que a contagem de microrganismos totais 
aeróbios não deve ser superior a 102 UFC/g ou ml (limite máximo de 5x102 UFC/g ou ml) 
(REBELLO, 2001), com ausência de Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e 
coliformes totais e fecais em 1g ou ml; e exclusivamente para talcos, ausência de Clostrídios 
sulfito redutores também em 1g. O padrão proposto para os cosméticos do Tipo II difere em 
relação ao primeiro somente no limite de microrganismos mesófilos aeróbios totais, que é de 
carga microbiana menor que 103 UFC/g ou ml (MERCOSUL/GMS/RES Nº 51/98, 2004). 
 34 
Como a água é um fator fundamental para a indústria cosmética, uma vez que a maioria 
dos produtos cosméticos é fabricado com base aquosa, deve-se levar em conta seu limite 
microbiano, para que o produto final não ultrapasse valores acima do permitido, portanto 
segundo dados da Portaria MS nº 36 de 19/1/1990 é obrigatório menos de 500 UFC/ml para a 
população heterotrófica em água potável (REBELLO, 2001). 
 
4.2 MÉTODOS DE ANÁLISE 
 
Os métodos de análise de cosméticos abrangem amostragem, englobando coleta, 
transporte e preparação da amostra para análise; determinação numérica ou contagem das 
formas viáveis de microrganismos; isolamento ou identificação destes microrganismos 
contaminantes a serem pesquisados (LUCAS, 1977). 
 
4.2.1 Amostragem 
 
A amostragem deve seguir um plano, sendo amostrado um certo número de produtos em 
quantidades ou unidades para fins de análise, para todos os lotes de fabricação (LUCAS, 
1977). Geralmente o número de amostras será em função do número de unidades recebidas 
(volume). Assim, em lotes contendo de 1 a 3 unidades, amostram-se todas as unidades; de 4 a 
10, retira-se 3 amostras ao acaso; quando o número de unidades recebidas for acima de 10, a 
amostra será igual a raiz quadrada do número de unidades do lote mais 1. Para cada unidade 
amostrada, o tamanho da amostra (quantidade) pode ser entre 5 a 50 g (ou ml), dependendo 
do tipo da análise que será realizada (GELLI & REBELLO, 1990). 
Para a amostragem de material de embalagem, a amostra poderá ser de 5 a 10 peças por 
unidade amostrada. A análise só será efetuada individualmente, no caso de matéria-prima e 
ingrediente acabado e não recomenda-se a mistura das diversas amostras (GELLI & 
REBELLO, 1990). 
Depois do produto acabado, este deve ser levado ao laboratório de controle 
microbiológico em sua embalagem original, sempre em condições adequadas de temperatura, 
sendo que a coleta das amostras é efetuada geralmente no início, meio e fim do processo de 
envasamento dos produtos ou a cada duas horas e meia, para se assegurar que o produto 
fabricado não se contamine no envase. O número de amostras deve ser determinado em 
função dos bicos de enchimento dos produtos, portanto é analisada uma amostra por bico, 
 35 
quando o equipamento possuir até 4 bicos; acima disso devem ser amostradas 4 amostras ao 
acaso (PINTO et al., 2000). 
É necessário utilizar sempre materiais estéreis para a operação de amostragem, sendo 
estes espátulas, pipetas ou frascos, identificando sempre as amostras com o nome do produto, 
lote, data de fabricação e validade (LUCAS, 1977). 
 
4.2.1.1 Preparação da amostra para análise 
 
Para a preparação da amostra para análise, deve-se primeiramente verificar a atividade 
antimicrobiana do produto devido à presença de conservantes na fórmula, sendo assim, estes 
devem ser inativados com substâncias adequadas, conforme sua natureza química (PINTO et 
al., 2000). A Tabela 3 mostra o preservante e o seu correspondente inativador no diluente 
inicial. Alguns caldos de cultura desidratados como o AOAC, já possuem inativadores e são 
tamponados para não alterar o pH (GELLI & REBELLO, 1990). 
 
Tabela 3 – Inativantes específicos para agentes antimicrobianos de fórmulas cosméticas 
Preservante Inativador no diluente inicial 
Formaldeído 0,1% de histidina 
Produtos que liberam cloro 0,5% de tiossulfato de sódio 
Quaternários de amônio e tensoativos 
anfóteros 
3% de Tween 80 mais 0,3% de lecitina 
Fenóis e derivados 1% de Tween 80 
Metais pesados (combinados ou ionizados) 0,1% decisteína 
(Fonte: GELLI & REBELLO, 1990). 
 
4.2.2 Métodos de Análise de Microrganismos em Cosméticos 
 
Segundo EGUCHI et al. (1995) a contagem de bactérias e fungos em cosméticos é 
baseada na suposição de que cada microrganismo dará origem a uma colônia após o período 
de incubação nos meios adequados. 
Os métodos analíticos para a determinação do número de microrganismos viáveis 
utilizados são a contagem em placas, tanto em superfície como em profundidade, a filtração 
 36 
através de membrana e o método de tubos múltiplos ou número mais provável (NMP). Todos 
estes métodos aplicam-se à análise de qualquer cosmético, com exceção da filtração que exige 
que a amostra seja solúvel (OHARA, 2001). 
Nestas análises são verificados quantitativamente e qualitativamente microrganismos 
que possam estar colonizando um determinado cosmético amostrado. Se a quantidade dos 
microrganismos estiver acima do limite permitido ou for encontrado algum microrganismo 
patogênico, o produto será classificado como contaminado e não deverá ser liberado para o 
consumo. 
 
4.2.2.1 Semeadura da amostra em profundidade (pour plate) 
 
O método de semeadura da amostra em profundidade pode ser utilizado quando houver 
suspeita de que a amostra contenha números elevados de microrganismos e população mista, 
sendo difícil ou impossível a diferenciação das espécies (EGUCHI et al., 1995) e também 
para a análise de microrganismos anaeróbios facultativos (RIBEIRO & SOARES, 1998). 
Considera-se adequada a semeadura da amostra diluída de 10 vezes (diluição 10-1), pois 
geralmente o número de microrganismos presentes em cosméticos não é muito alto (OHARA, 
2001). 
A técnica consiste na diluição da amostra a ser analisada, diluindo-se 10g ou 10ml em 
90 ml de diluente adequado. Este diluente adequado pode ser o próprio meio de cultura 
utilizado, uma solução esterelizada de sais inorgânicos, um tampão fosfato ou ainda uma 
solução de cloreto de sódio 0,90% (EGUCHI et al., 1995). Transfere-se assim, de 1 a 2 ml 
desta diluição para placas de Petri estéreis. É vertido, então, sobre cada uma destas placas de 
Petri, cerca de 20 ml do meio de cultura ágar caseína-soja ou ágar nutriente para bactérias ou 
ágar Sabouraud-dextrose ou ágar batata para leveduras, sendo este meio estéril fundido e 
resfriado a cerca de 45 a 48ºC, seguido de homogeneização com movimentos em S ou 8 sobre 
a bancada de trabalho, permanecendo neste local até sua total solidificação. Leva-se as placas 
de Petri na posição invertida para a estufa. Para bactérias, a incubação deve ocorrer de 2 a 5 
dias à temperatura de 30 a 35ºC e para bolores e leveduras aproximadamente de 5 a 7 dias a 
uma temperatura de 20 a 25ºC. Após a incubação, as colônias podem ser contadas a olho nu 
ou com o auxílio de contadores de colônia, abrangendo-se assim, o crescimento tanto da 
superfície como em profundidade, no interior do meio de cultura (Figura 3) (PINTO et al., 
2000). Pelo fato do meio de cultura ser transparente, é fácil observar as colônias (OHARA, 
 37 
2001). Após a contagem de colônias de cada placa de Petri, estimando um número médio de 
30 a 300 colônias decorrente da réplica, deve-se multiplicar este valor pelo fator de diluição, 
dando-se, assim o número de UFC por unidade de peso ou volume da amostra (PINTO et al., 
2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As bactérias anaeróbias crescem no fundo da placa, devido ao ágar formar uma barreira 
na superfície do meio de cultura, excluindo o oxigênio atmosférico (PELCZAR JR. et al., 
1997). 
Para PINTO et al. (2000), esta técnica não permite a visualização de colônias 
desenvolvidas para amostras que conferem opacidade ao meio. Um recurso sugerido por 
OHARA (2001), para a aplicação desta contagem em placas, seria a utilização de TTC 6. Para 
esse método, após a incubação adiciona-se cerca de 5 ml de ágar a 1,0% em água contendo 
0,1% de TTC sobre a superfície do meio de cultura. Assim, consegue-se visualizar as colônias 
 
6 Cloreto de trifeniltetrazólio. 
 
 a) b) c) 
 
 
 d) e) 
 
a) Diluição da amostra; 
b) Transferência da alíquota para placas de Petri 
c) Derramamento do meio de cultura na placa de Petri inoculada 
d) Incubação das placas em posição invertida na estufa 
e) Após dias de incubação segue a contagem de todas as colônias 
 
Figura 3: Passos da Técnica de Semeadura da Amostra em Profundidade 
 
(Fonte: FANKHAUSER, 2004) 
 38 
geralmente com a coloração vermelha, após 1 hora de incubação a 30 – 35ºC. O problema 
dessa técnica é que o TTC apresenta atividade antimicrobiana, dependendo da concentração e 
do microrganismo, inibindo a possibilidade de crescimento de microrganismos presentes na 
amostra. 
Os meios de cultura devem ter composição completa, com todos os nutrientes que 
poderiam ser encontrados nos produtos cosméticos analisados, sendo, como já foi dito, ágar 
caseína-soja ou ágar nutriente para bactérias ou ágar Sabouraud-dextrose ou ágar batata para 
leveduras, para tornar eficiente o crescimento de todos os contaminantes da amostra. Já para a 
determinação de contaminantes específicos, o meio de cultura deve ser seletivo, envolvendo 
fatores que conduzam à identificação dos mesmos. Para meios de cultura favoráveis ao 
crescimento de muitos microrganismos, pode-se inibir o crescimento bacteriano nestes meios 
de cultura, quando se quer observar fungos, incorporando geralmente antibióticos, ácido 
tartárico ou outro agente seletivo (PINTO et al., 2000). 
Para GELLI & REBELLO (1990), a vantagem dessa técnica é a facilidade de aplicação 
à rotina de um laboratório microbiológico com grande volume de trabalho. A adoção desse 
método dependerá dos limites estabelecidos pelo controle de qualidade da indústria 
cosmética. Por exemplo, se as especificações de um material limitam a, pelo menos, 100 
microrganismos/g ou ml de produto, este método é aplicável. 
 
4.2.2.2 Semeadura da amostra em superfície 
 
Esta técnica é utilizada para a verificação de microrganismos aeróbios e não deve ser 
aplicada a amostras com carga microbiana inferior a 2 UFC/g (ml), porque conforme relatado 
por EGUCHI et al. (1995), para meios seletivos, quando inoculados com amostras “in natura” 
que podem conter um número pequeno da bactérias a ser isolada, nem sempre permitem o seu 
crescimento. O ideal seria partir de uma cultura com enriquecimento prévio e somente depois 
semeá- la em meio seletivo. 
Para a utilização desta técnica, o meio de cultura (ágar caseína-soja ou ágar nutriente 
para bactérias ou ágar Sabouraud-dextrose ou ágar batata para leveduras) é preparado e 
distribuído em placas de Petri. Após a solidificação do gel, é distribuído em sua superfície 
utilizando pipetas estéreis, volumes de 0,1 a 0,5 ml de cada diluição efetuada como na 
semeadura da amostra em profundidade, efetuando movimentos suaves com o auxílio de 
bastão de vidro ou alça de Drigalski para espalhá- los. Invertem-se as placas de Petri, 
 39 
incubando-as. O cálculo para a determinação da carga contaminante viável é o mesmo que o 
do método de contagem de microrganismos em meio sólido, com semeadura da amostra em 
profundidade (PINTO et al., 2000). 
A vantagem desta técnica é a facilidade de ser aplicada à rotina de um laboratório e a 
desvantagem é que este método só deve ser aplicado nos casos onde se espera que o número 
de microrganismos seja maior que 20/g ou ml, pois geralmente em cosméticos a carga 
microbiana é baixa (GELLI & REBELLO, 1990). 
 
4.2.2.3 Membrana filtrante (MF) 
 
Segundo GELLI & REBELLO (1990), a técnica é aplicada principalmente na análise 
microbiológica da água, mas também é válida para materiais hidrossolúveis. 
Para cosméticos que são em forma de líquidos como proteínas bioregeneradorase loções 
a base de água para a limpeza do rosto, a técnica da membrana filtrante deve ser aplicada. 
Os líquidos contendo bactérias são passados através de uma membrana ou filtro que 
retém microrganismos (COLLINS, 1969). 
Utilizando a técnica da membrana filtrante, amostras ou diluições do produto sob a 
forma líquida são filtradas através destas membranas apropriadas (0,45 µm ou 0,20 µm de 
poro e 47 mm de diâmetro, constituídas de derivados celulósicos), com a ajuda de um funil de 
filtro e um sistema à vácuo (PINTO et al., 2000). Os microrganismos desta amostra ficarão 
retidos na superfície da membrana. Este filtro é colocado, então, em uma placa de Petri com 
meio ágar nutriente (Figura 4). Ocorre, portanto o crescimento dos microrganismos presentes 
na amostra através da passagem dos nutrientes através do filtro (MEMBRANE, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta metodologia tem a vantagem de permitir amostragens com volumes elevados, no 
entanto o número de colônias não deve ser superior a 70 por membrana. O cálculo para a 
determinação da carga contaminante viável é o mesmo que o do método de contagem de 
microrganismos em meio sólido, com semeadura da amostra em profundidade (PINTO et al., 
2000). 
 
 a) b) 
 
 c) d) 
 
 e) 
 
a) Remoção do filtro de membrana da embalagem 
b) Colocação da amostra no funil contendo o filtro de membrana 
c) Remoção da membrana filtrante contendo microrganismos 
d) Colocação dos filtros nas placas de Petri contendo meio de cultura 
e) Crescimento dos microrganismos 
 
Figura 4: Passos da Técnica de Membrana Filtrante 
 
(Fonte: http://www.pall.com/laboratory_7290.asp) 
 41 
As vantagens deste método consistem em permitir a filtragem de amostras grandes como 
afirma BLACK (2002), o tempo de preparação é reduzido em comparação a outros métodos, 
conseguindo o isolamento e a enumeração de colônias e fornecendo dentro de 24 horas a 
informação da presença ou ausência dos mesmos (MEMBRANE, 2004). A desvantagem é 
que para a grande maioria dos cosméticos este método não é aplicável, devido a estes serem 
mais densos do que a água, não permitindo serem filtrados (GELLI & REBELLO, 1990). 
 
4.2.2.4 Número mais provável 
 
A determinação do Número Mais Provável (NMP) de microrganismos se baseia em 
estimativa fundamentada em probabilidade estatística (PINTO et al., 2000). É considerado 
indireto (por estimativa) enquanto que o método de plaqueamento é considerado direto. Esse 
método é muito utilizado em produtos alimentícos e cosméticos, os quais possuem 
ingredientes que devido à natureza de composição da amostra, é difícil de se aplicar as 
técnicas de plaqueamento, principalmente quando a densidade da amostra for menor que 10 
organismos ou UFC/g. É indicado o valor estimado da densidade de células viáveis numa 
variada gama de amostras (EGUCHI et al., 1995). 
A metodologia utiliza-se de meios líquidos, com diluições seriadas das amostras 
inoculadas nos mesmos. Deve-se dispor de tabelas estatísticas específicas, para a obtenção 
dos resultados a partir das leituras. As tabelas mais comuns são construídas a partir de 3 ou 5 
réplicas, mas podem variar. A Tabela 4 (ANEXO) apresenta situações obtidas com 3 réplicas, 
fornecendo para cada combinação o NMP de microrganismos por g/(ml), assim como limites 
inferior e superior (Limite de confiança de 95%). A Tabela 5 (ANEXO) é mais precisa, pois 
emprega 5 réplicas de tubos, sendo fornecido o NMP de microrganismos e os limites. Para o 
cálculo de contaminantes da amostra, deve ser considerado ainda o fator de diluição utilizado, 
corrigindo-se assim os dados obtidos da tabela (PINTO et al., 2000). 
Para PINTO et al. (2000), “embora este método permita a avaliação de amostras com 
níveis elevados de contaminação, sua indicação é para situações nas quais se espera valores 
baixos de contagem, sendo esta característica otimizada pelo uso de caldo de dupla 
concentração, ou seja, caldo com concentração dobrada”. 
 
 
 
 42 
4.2.3 Pesquisa de Patógenos Específicos 
 
Os microrganismos a serem pesquisados devido à presença indesejável nas formulações 
cosméticas, conforme orientações farmacopéias e citações técnicas mais aceitas são: 
Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Candida albicans, Escherichia coli e 
Salmonella sp. (FRAGA, 1999). SILVA (1997), também cita Aspergillus niger e 
Streptococcus sp. como microrganismos patogênicos de importância cosmética. 
 
4.2.3.1 Procedimentos 
 
Para identificar o grupo de microrganismos de interesse patogênico, deve-se estudar as 
características metabólicas destes microrganismos através de um conjunto de meios de cultura 
chamado de série bioquímica. Nesta etapa, são utilizados esquemas de identificação com base 
nas características que todos os membros do grupo apresentam e que outros grupos não, com 
ajuda de tabelas ou chaves de identificação (EGUCHI et al., 1995). 
Para que se consiga identificar estes microrganismos, deve-se partir de uma cultura com 
enriquecimento prévio e após, inocular estes microrganismos em meio seletivo. Isto é mais 
utilizado para cosméticos, devido a estes apresentarem baixa carga microbiana, sendo que se 
fizer a amostragem primeiramente em meios seletivos, estes nem sempre permitirão o seu 
crescimento (EGUCHI et al., 1995). 
 
4.2.3.2 Meios de enriquecimento 
 
Estes meios permitem o crescimento de bactérias de fácil e difícil crescimento ou de 
bactérias fastidiosas, as quais exigem nutrientes específicos como por exemplo, vitaminas 
(EGUCHI et al., 1995). Também permitem verificar bactérias que estão em pequeno número, 
sendo estas de interesse especial, favorecendo o crescimento desta espécie desejada, mas não 
o crescimento das outras espécies presentes em uma população mista. Após o cultivo, estas 
espécies desejadas, emergem como uma população predominante ou enriquecida (PELCZAR 
JR. et al., 1997). 
Segundo PINTO et al. (2000), o meio de cultura que pode ser simultaneamente usado 
para promover o enriquecimento não seletivo para pesquisa de Staphylococcus aureus e 
 43 
Pseudomonas aeruginosa é o caldo caseína-soja, mas em geral para os outros microrganismos 
é utilizado caldo- lactosado. 
 
4.2.3.3 Meios de diferenciação 
 
Estes meios possuem um constituinte que causa uma mudança observável na cor ou pH 
do meio, devido a uma reação bioquímica específica. Com essa mudança de coloração ou pH, 
pode-se distinguir um determinado tipo de colônia de outros que crescem na mesma placa 
(BLACK, 2002). 
Sais inorgânicos, carbono orgânico, nitrogênio inorgânico, aminoácidos e vitaminas são 
as exigências nutritivas mínimas para a maioria dos microrganismos patogênicos e sendo 
assim cada meio de cultura específico deve conter estes componentes para a correta 
identificação dos mesmos (PELCZAR et al., 1981). 
Para a identificação da bactéria Gram negativa Pseudomonas aeruginosa é utilizado o 
caldo Letheen como meio de enriquecimento e depois como meio de diferenciação, o meio 
Ágar Triptose ou Ágar Verde-brilhante ou Ágar Cetrimida ou Mac Conkey (GELLI & 
REBELLO, 1990). O ágar Cetrimida inibe todos os outros microrganismos devido à presença 
de brometo de sal de amônio quaternário de cetiltrimetilamonio, ao qual Pseudomonas 
aeruginosa é tolerante. Para as séries bioquímicas devem ser observados resultados positivos 
para motilidade, catalase, oxidase, nitrato, gelatina, urease, citrato, glicose, manitol, arginina e 
lactose (OLIVEIRA, 1995). 
PINTO et al. (2000) cita mais dois meios de cultura que também podem ser utilizados 
para a identificação de P. aeruginosa: Ágar Pseudomonas para Piocianina (colônias 
esverdeadas, com fluorescência azul) e Ágar Pseudomonaspara Fluoresceína (colônias claras 
e amarelas, com fluorescência amarela). 
Para a identificação da bactéria Gram positiva Staphylococcus aureus deve-se utilizar o 
mesmo caldo de enriquecimento indicado na pesquisa de P. aeruginosa, e para meios de 
diferenciação inocular em Ágar Vogel-Johnson ou outro meio adequado (GELLI & 
REBELLO, 1990). Para as séries bioquímicas devem ser observados resultados positivos para 
catalase, nitrato, gelatina, urease, Voges Proscauer e fermentação sendo fermentados 
compostos como a glicose, sacarose, manitol, maltose, arginina e lactose (OLIVEIRA, 1995). 
Segundo PINTO et al. (2000), o meio Vogel-Johnson é adequado na investigação de 
estafilococos manitol-positivos. Este meio de cultura inibe o crescimento de microrganismos 
 44 
indesejáveis devido à presença de cloreto de lítio, sendo os estafilococos tolerantes a este 
composto, ocorrendo, portanto o crescimento destes. 
PINTO et al. (2000) ainda citam mais dois meios de cultura que podem ser utilizados 
para essa pesquisa, sendo eles: Ágar Baird-Parker (colônias pretas, halo transparente) e Ágar 
Manitol (colônias amarelas, halo amarelo). 
Para saber se o S. aureus isolado é patogênico, deve-se incubá- lo em meio de cultura 
BHI (infuso cérebro-coração) adicionado de plasma de coelho com EDTA, e observar se 
ocorre a formação de um coágulo para teste positivo (GELLI & REBELLO, 1990). 
Para a pesquisa de Escherichia coli deve-se proceder da mesma forma descrita para as 
pesquisas anteriores. Em uma placa de Petri contendo 15 ml de ágar Mac Conkey ou Eosina-
azul de metileno Levine, a semeadura deve ser feita pelo método de estrias em superfície. O 
crescimento é observado após incubação a 35ºC ± 3ºC por 24 horas. Havendo o aparecimento 
de colônias vermelhas, é suspeito. A coloração vermelha se dá devido a fermentação da 
lactose pela E. coli, produzindo ácido o qual age sobre os sais de bile contido no meio, 
absorvendo o vermelho neutro. Pode originar um precipitado ao redor das colônias devido à 
ação do ácido sobre os sais de bile. As reações bioquímicas podem ser realizadas para a 
confirmação (GELLI & REBELLO, 1990). O meio ágar Mac Conkey, inibe o crescimento de 
bactérias Gram positivas, devido à presença do cristal violeta, possibilitando assim um melhor 
crescimento de bactérias Gram negativas, sendo ótimo para o isolamento de E. coli 
(PELCZAR et al., 1981). 
Segundo PINTO et al. (2000), o meio de cultura Ágar Eosina-Azul de Metileno (EMB) 
apresenta conteúdo rico em corantes inibindo microrganismos Gram positivos; enquanto 
colônias de Enterobacter aerogenes aparecem com o centro cinzento, facilitando a 
identificação de E. coli, pois estes graças a sua interação com a eosina e o azul de metileno, 
apresentam colônias típicas com centro escuro e brilho metálico esverdeado, inconfundíveis. 
PINTO et al. (2000) também citam outro tipo de meio de cultura para a identificação de 
coliformes fecais; o Ágar Endo (colônias rosadas a vermelhas, brilho metálico), por 
apresentar sulfito sódico e fuccina, não ocorre crescimento de bactérias Gram positivas. A 
lactose é degradada pelos coliformes produzindo aldeído e ácido. A partir da combinação 
fuccina-sulfito, o aldeído libera fuccina, dando às colônias uma coloração vermelha. No caso 
de E. coli a coloração das suas colônias resulta em brilho metálico estável, com reflexos 
verdes, devido à cristalização da fuccina. 
Para a pesquisa de Salmonella sp., deve ser transferido 10 ml do caldo diluente para o 
caldo tetrationato bile-verde brilhante e 10 ml para o caldo selenitocisteína, incubando-se por 
 45 
24-48 horas à temperatura de 35ºC ± 2ºC. Após a incubação é semeado pelo método da estria 
em superfície, o material de ambos ou de um dos caldos, em meios seletivos diferenciais para 
Salmonelas. É recomendado utilizar estes meios: Ágar Desoxicolato citrato, XLD, SS e Ágar 
verde brilhante (GELLI & REBELLO, 1990). 
Para a identificação da espécie, proceder com testes bioquímicos e sorológicos (GELLI 
& REBELLO, 1990). 
 
4.2.4 Análise da Água 
 
O componente mais importante da matéria viva é a água, que interfere no crescimento, 
multiplicação e sobrevivência de microrganismos em cosméticos. Produtos com um alto 
conteúdo de água disponível são os mais problemáticos. Nem mesmo soluções salinas 
excluem o crescimento microbiano (GRIGO, 1976). Se o material é seco, é muito improvável 
que haja problema microbiológico (ORTH, 2001). Assim, os produtos na forma de pó 
normalmente são protegidos do crescimento microbiano, mas estes não devem conter esporos 
clostridiais, pois uma mistura deste pó com suor é um bom meio nutriente para Clostridium 
sp. e fungos (GRIGO, 1976). 
Segundo REBELLO (1990), “a água é uma matéria-prima de uso freqüente na indústria 
cosmética e merece cuidados especiais, não só do ponto de vista químico, como 
principalmente microbiológico”. 
Os métodos microbiológicos têm sido largamente empregados nesta monitoração, 
determinando a contaminação de microrganismos patogênicos na água. A presença destes 
microrganismos, significa qualidade sanitária inadequada (MENEZES et al., 1995). Portanto, 
em problemas microbiológicos que aparecem na fabricação de cosméticos, deve-se suspeitar 
de imediato, da qualidade da água disponível na fábrica (ORTH, 1997). 
REBELLO (1990) afirma que “dependendo da origem da água considerada (potável ou 
de poços artesianos), ela conterá mais ou menos material orgânico e inorgânico, o que pode 
ser indesejável para a indústria cosmética, porque estes materiais podem suprir nutrientes para 
suportar o crescimento microbiano e podem ter um efeito adverso nas propriedades físicas do 
produto fabricado”. 
A água contaminada causa turvação e odor nos produtos. O alto teor de minerais 
dissolvidos nestas águas causa incrustações aos equipamentos e pode inativar certos 
desinfetantes, que são utilizados na sanitização dos equipamentos. Podem interferir também 
 46 
na separação de fases do produto e na sua performance (ex.: se houver a presença de cálcio, 
pode interferir na ação de espumante de cremes de barbear e shampoos) (REBELLO, 1990). 
Em estudo realizado por CHRISTENSEN (1979) houve um caso de dinâmica 
contaminação transmitida pela água em loções para as mãos com Pseudomonas cepacia. 
Ocorreu na loção para as mãos como uma cultura pura em número de 104 bactérias por ml de 
loção. O contaminante, originário da água de torneira, formou um reservatório preliminar no 
desionizador, passou pelo filtro estéril e entrou pela água estéril no sistema de produção, onde 
formou um segundo reservatório no topo de uma das unidades misturadoras. 
 
4.2.4.1 Potabilidade da água 
 
A legislação brasileira considera água não potável aquela que em 100 ml de amostra, 
acusa a presença de bactérias coliformes (COLAÇO et al., 1995). 
A necessidade da água pura em pequena ou grande quantidade é um dos maiores 
problemas na indústria cosmética. Há dois processos mais utilizados para a produção de água 
pura para estas indústrias, que são: destilação e deionização ou desmineralização por troca 
iônica (CUNHA, 1991). 
 
4.2.4.2 Principais indicadores de contaminação fecal 
 
Segundo BLACK (2002) “os patógenos de seres humanos nos suprimentos de água 
geralmente vêm da contaminação da água por fezes humanas”. 
Os coliformes fecais são microrganismos que são encontrados no intestino dos animais e 
do homem, e que com a liberação das fezes passam a contaminar o meio ambiente chegando 
até as águas dos rios. Neste grupo se enquadram as bactérias da espécie Escherichia coli 
(OLIVEIRA, 1995). Se as indústrias de cosméticos vierem a utilizar desta água, sem a devida 
importância de desmineralizá-la, estes microganismos chegarão até os cosméticos, 
contaminando-os. As bactérias do grupo coliforme, são bacilos Gram negativos, não 
esporulados, aeróbias ou anaeróbias facultativas que fermentam lactose a temperatura de 35ºCa 37ºC, produzindo ácido e gás (BLACK, 2002). 
Para MURRAY et al. (1992), o grupo de coliformes totais abrange quatro gêneros, 
sendo: Escherichia, Citrobacter, Enterobacter e Klebsiella. Mas, o gênero Enterobacter falha 
em uma de suas características legais, pois se multiplica em ambiente livre. 
 47 
4.2.4.3 Análise bacteriológica da água 
 
Para a coleta da amostra, o frasco coletor deve ser esterilizado, desprezando-se as 
primeiras porções, quando se tratar de água contaminada (PINTO et al., 2000). Para a coleta 
são utilizadas amostras de 100 ml ou mais em frascos de rolha esmerilhada, não ultrapassando 
4/5 da capacidade do frasco, a fim de possibilitar agitação correta. Estas amostras são 
conservadas na mesma temperatura em que foi colhida a água (normalmente 10ºC), as quais 
são transportadas, o mais rápido possível, para o laboratório, no máximo em até 24 horas 
(BIER, 1985). Para amostras de água contendo cloro, o indicado é adicionar tiossulfato de 
sódio (0,1 ml de solução a 10% para 100 ml de água) (PINTO et al., 2000). 
Para teste presuntivo, é semeado 1 ml de água ou de suas diluições em tubos com caldo 
Lactose ou Lactose-Lauril Sulfato de Sódio, contendo tubos de Durham invertidos, que 
permitam observar a formação de gás, evidência de resultado positivo (BIER, 1985). A prova 
é apenas presuntiva, pois outros microrganismos que não os coliformes, podem fermentar a 
lactose, como bacilos Gram positivos esporulados e leveduras, podendo assim, dar prova 
positiva a estes também (PINTO et al., 2000). 
Para teste confirmatório, dos tubos positivos à prova presuntiva, é feita a semeadura, 
transferindo-os para respectivos tubos contendo meio seletivo (BIER, 1985). Para esta etapa 
utiliza-se meio HHT ou caldo lactosado verde brilhante (VB), os quais contém componente 
natural do trato intestinal, favorecendo assim, a proliferação de coliformes, enquanto o 
corante impede a proliferação de formas esporuladas e ou de leveduras (PINTO et al., 2000). 
As colônias de E. coli e de E. aerogenes, no meio HHT são inconfundíveis. Em se tratando de 
coliformes, no meio VB, haverá a produção de gás (BIER, 1985). 
Segundo PINTO et al. (2000), para a identificação de coliformes fecais (Escherichia 
coli) utiliza-se o caldo E.C., que contém em sua composição lactose, proteases e sais biliares 
em sistema tamponado. Incubar a 44,5ºC, sendo que a identificação associa a propriedade da 
termorresistência dos coliformes fecais, com a fermentação da lactose. 
Em todas as etapas recorre-se a contagem pela Técnica do Número Mais Provável 
(NMP), mediante a utilização das tabelas recomendadas anteriormente (BIER, 1985). 
Para a floculação é adicionado alúmen (sulfato de potássio e alumínio), precipitando os 
colóides em suspensão (BLACK, 2002). 
 
 
 48 
6. CONCLUSÃO 
 
A análise microbiológica de cosméticos é um fator fundamental dentro da indústria 
cosmética, pois com ela os produtos cosméticos que chegarão ao consumidor serão todos de 
alta qualidade, estando sem a presença de microrganismos patogênicos, não afetando assim, a 
saúde do consumidor. Somente deverão ser liberados ao mercado, cosméticos que atendam 
até os limites máximos de microrganismos permitidos, sendo estes não prejudiciais à saúde. 
Assim, o produto se manterá conservado, se estiver em condições adequadas de temperatura, 
até sua validade, não alterando sua composição, cor, odor, viscosidade, densidade, pH, 
favorecendo, portanto a indústria e principalmente o consumidor. 
São necessários meios de cultura seletivos para a identificação de microrganismos 
patogênicos, pois pelo fato de serem utilizadas diluições da amostra, possivelmente somente 
os microrganismos predominantes poderão ser detectados, enquanto que o agente patológico, 
presente em menor quantidade pode passar despercebido (EGUCHI et al., 1995). 
A inoculação de amostras submetidas a diluições maiores que 10-1 não é recomendada, 
pois o número de colônias seria pequeno, comprometendo a precisão do ensaio, devido aos 
cosméticos já apresentarem cargas microbianas baixas (OHARA, 2001). 
A contaminação microbiológica da água foi abordada, pois esta é uma das grandes 
dificuldades na indústria cosmética, devido a ser o insumo mais consumido nesta indústria. 
A prevenção da contaminação microbiana só pode trazer impacto econômico para a 
indústria cosmética, pois, bem mais que uma consideração de saúde, a confiança despertada 
nos consumidores pelas características estéticas de um produto como aparência, textura e 
fragrância, desperta neles a vontade de adquirí- lo novamente (BANNAN, 1998). 
Assim, deve-se ter sempre em mente que um controle microbiológico efetivo, atuante, é 
necessário, sempre priorizando a prevenção ao invés de somente realizar análises esporádicas 
quando os problemas já surgiram. Os métodos citados apenas exemplificam a grande lista de 
procedimentos analíticos no controle microbiológico de cosméticos, sendo portanto, de 
grande importância a utilização destes métodos padronizados e a execução por 
microbiologistas com experiência na área, pois não se trata de análises microbiológicas 
rotineiras como aquelas que, por exemplo, são realizadas em laboratórios de análises clínicas 
humanas. 
 
 49 
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