Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANEMIA, ICTERÍCIA, FEBRE, EDEMA, DESIDRATAÇÃO E CIANOSE FEBRE Elevação da temperatura do corpo superior aos limites normais em decorrência do reajuste do termostato hipotalâmico, pela ação de mediadores celulares. Medida oral/axilar de 37,8° C = FEBRE Processos físicos e químicos, sob o controle do hipotálamo, promovem a produção ou perda de calor, mantendo nosso organismo com temperatura mais ou menos constante, independente das variações do meio externo. Calor gerado no corpo chega à superfície corpórea através de vasos sanguíneos que formam o plexo vascular subcutâneo (10 a 30% do débito cardíaco total). Calor transferido do sangue para o meio externo por: irradiação, condução e evaporação. Perda insensível de água pele e pulmão: 600ml/dia Controle da temperatura difere nos extremos da vida: - Lactente: temperatura maior e variação térmica menor - Idoso >70 anos: temperatura normal mais baixa e menor capacidade de elevação diante de infecção - Aumento: exercício físico intenso, refeições (comidas quentes, pimentas), gravidez, ovulação (difere 0,5 da temperatura normal). HIPOTERMIA: Abaixo de 36°C. Leve (32 a 35ºC), moderada ( 30 a 32 ºC) ou grave ( < 30ºC) NORMOTERMIA: entre 35,5 a 37,0 ºC FEBRÍCULA: até 37,5ºC. FEBRE MODERADA: entre 37,5ºC e 38,5ºC FEBRE ALTA: acima de 38,5ºC. Temperatura axilar: 35,5 a 37 °C com média de 36 a 36,6 Temperatura bucal: 36 a 37,4 °C Temperatura retal: 36,2° a 38° C Temperatura oral: 35,8° a 37,2° C POR QUE CAUSA FEBRE? - Transtorno no próprio cérebro ou substâncias tóxicas que influenciam centros termorreguladores - Toxina bacteriana (pirogênio) que eleva ponto de ajuste do termostato hipotalâmico - Regulação da temperatura corporal : equilíbrio entre produção e perda de calor comandado pelo hipotálamo. CAUSAS: - Aumento de produção de calor – hipertireoidismo - Bloqueio na perda de calor – insuficiência cardíaca congestiva, ausência congênita de glândulas sudoríparas e algumas doenças de pele - Lesão dos tecidos – IAM, AVC, infecções - Infecções - Lesões teciduais - Processos inflamatórios - Neoplasias malignas SINTOMAS COMUNS: Febre, astenia, inapetência, cefaléia, taquicardia, taquipneia, taquisfigmia, oligúria, dor no corpo, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos. CARACTERÍSTICAS SEMIOLÓGICAS: Início → súbito ou gradual Intensidade → Leve até 37° C; moderada de 37,6° até 38,5° C; alta acima de 38,6° C Duração → febre mais de 1 semana = febre prolongada (tuberculose, endocardite, septicemia, malária, febre tifóide, linfomas, esquistossomose. Modo de evolução: ➔ Febre contínua: acima do normal as vezes com variação de até um grau: pneumonia (febre tifóide) ➔ Febre irregular ou séptica: picos altos intercalados por temperatura baixa ou apirexia: abcesso pulmonar ➔ Febre remitente: hipertermia diária sem apirexia: septicemia, pneumonia, tuberculose. Pico da febre no final da tarde ou começo da noite e durante o dia normal. ➔ Febre intermitente: interrupção cíclica por um período de temperatura normal (aparece na malária, Colangite, pielonefrite) ➔ Febre recorrente ou ondulante: temperatura normal que dura dias ou semanas interrompidos por temperatura elevada (Linfomas) Término ➔ CRISE: quando a febre desaparece subitamente. Acompanha sudorese e prostação (Malária) ➔ LISE: hipertermia desaparece gradualmente até atingir níveis normais HIPERTERMIA → diferente de febre por não alterar o centro regulador hipotalâmico. Ocorre por excesso de produção ou de absorção de calor ou perda insuficiente de calor pela sudorese Exemplo: choque térmico combinada com exercício físico; Drogas: LSD. HIPOTERMIA → temperatura corporal < 35° C na região axilar ou 36° graus C no reto. Idosos e recém-nascidos. Exemplo: Choque, síncope, doenças consuptivas, congelamento acidental, coma diabético. ICTERÍCIA Coloração amarelada da pele, esclerótica e mucosas, secundária à deposição de bilirrubina. Há acúmulo de bilirrubina no sangue. Inspeção do fundo de saco conjuntival e esclera ( icterícia pouco intensa) Icterícia com distribuição cutânea universal ( geralmente mais complexo) Icterícia flavínica: hiperbilirrubinemia + anemia = paciente pálido e ictérico Icterícia verdínica: icterícia intensa com tons esverdeados ( colestase intensa) Icterícia rubínica: icterícia e vasodilatação generalizada ( febre) = Coloração róseo- amarelada MECANISMOS DA ICTERÍCIA: - Aumento da produção de bilirrubina - Redução da captação de bilirrubina pelos hepatócitos - Diminuição da capacidade hepática de conjugação de bilirrubina - Redução da excreção de bilirrubina pela bile CIRROSE HEPÁTICA → Estágio final de qualquer hepatopatia crônica - Caracterizado histologicamente por nódulos regenerativos circundados por tecido fibroso - Clinicamente há dois tipos de cirrose: Compensada e Descompensada DIAGNÓSTICO: - Histológico - Clínico seguido por testes não invasivos, antes da biópsia do fígado (presença de nódulos e superfície irregular nodular) ICTERÍCIA OBSTRUTIVA Formação e composição dos cálculos - 80 – 90% cálculos: colesterol - 10% cálculos de bilirrubinato cálcio (pigmentados): bilirrubina conjugada → não - conjugada Vesícula (betaglicuronidase da mucosa): hemólise, cálculos pretos e múltiplos Colédoco (betaglicuronidase das bactérias): cálculos marrons QUADRO CLÍNICO: - 85% assintomáticos - Cólica (dor) biliar: sintoma mais frequente - Duração menor que 6 horas, mais tempo: complicações - Localização: hipocôndrio direito, epigástrio e dorso - Náuseas e vômitos Causa: obstrução do ducto cístico EXAME FÍSICO: Variável: abdome inocente até abdome agudo Febre: pode chegar a 38,5° Icterícia: 20%, inflamação do pedículo, litíase colédoco, inflamação hepatocelular, espasmo esfíncter de Oddi, colangite Sinal de Murphy: suspensão da inspiração com palpação no HCD Vesícula palpável: 30 a 50% dos casos Outros: taquicardia, abdome rígido, hipotensão, hepatomegalia, plastrão Síndrome de Mirizzi: coleciste e icterícia por cálculo impactado no cístico ou infundíbulo LABORATÓRIO: ➔ leucocitose 15.000/mm3 ou mais → inflamação/infecção ➔ fosfatase alcalina e transaminases, aumentos leves ➔ amilase, mais de 3 vezes, pancreatite ➔ bilirrubinas → mais de 4 mg/dl, coledocolitíase DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Úlcera perfurada, pancreatite, apendicite aguda Hepatite aguda, cálculo renal/ureteral Pneumonia lobo inferior D , infarto pulmonar, pleurite basal Pielonefrite à D Abcesso hepático, diverticulite Perihepatite gonocócica (Fitz-Hugh e Curtis) EXAMES RADIOLÓGICOS: ➔ Raio X tórax e simples abdome: cálculos em até 15% ➔ Colangiografia oral e venosa ➔ Cintilografia: não identifica cálculos, mas colecistite ➔ Tomografia: não indicado ➔ Ultra-sonografia: padrão ouro TRATAMENTO CLÍNICO (PRÉ-OPERATÓRIO) ➔ Hidratação venosa, sonda nasogástrica ➔ Jejum e analgésicos, antieméticos-bromoprida ➔ Antibióticos – controverso, complicações infecção e idosos, diabéticos, imunossuprimidos Clindamicina + Gentamicina Cefalotina , Cefoxitina, cefalosporina 3° geração, Aminoglicosideo + metronidazol Quinolona + metronidazol INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA DA ICTERÍCIA: Importante saber a cor da urina e das fezes Regiões mais facilmente identificáveis: mucosa conjuntival e frênulo da língua Detecção: níveis plasmáticos de bilirrubina > 2 a 3 g/dl HISTÓRIA CLÍNICA: Idade: Hepatite A: crianças e adolescentes Câncer das vias biliares: idosos Doenças hereditárias: neonatos e crianças Profissão: médicos e enfermeiros / trabalhadores rurais Procedência/Viagens: zona endêmica de esquistossomose,hepatites, febre amarela e leptospirose. Contato com excremento de rato Etnia: anemia falciforme em negros Hábitos: alcoolismo ( quantidade, tipo de bebida, tempo de uso, história de abuso recente de álcool) Hepatite B e C em usuários de drogas injetáveis ilícitas, homossexuais e promíscuos sexuais. Antecedentes: transfusão de sangue e derivados, contato com ictéricos, tatuagens, tratamento dentário, antecedentes de tumores Uso de medicamentos e exposição a tóxicos: uso crônico, recente esporádico ou atual. SINTOMAS DA HEPATITE: Náusea, anorexia e aversão ao cigarro precedendo a icterícia sugere hepatite viral Febre: baixa ( hepatite aguda viral ou alcoólica) alta com calafrios ( colangite) Anemia: neoplasia e anemia falciforme Colúria, acolia e hipocolia fecal ( obstrução biliar extra-hepática) SINAIS E SINTOMAS NAS HEPATOPATIAS: Dor abdominal, Prurido cutâneo, Perda de peso Manifestações de hipertensão portal ( circulação colateral e ascite) Manifestações de insuficiência hepática telangectasaias aranha vascular) EXAME CLÍNICO: Estado nutricional: perda de massa muscular, Pele, Mucosas, Anexos ( diminuição de pelos) Adenomegalia, Ginecomastia, Atrofia testicular, Hepatomegalia EDEMA Acúmulo de líquido no espaço intersticial, detectado pelo intumescimento cutâneo em áreas localizadas ou de forma generalizada. Alterações hidrodinâmicas - por falhas na distribuição de água e eletrólitos nos compartimentos intra e extracelulares por acúmulo (edema) Alterações hemodinâmicas - modificações locais ou sistêmicas na circulação sanguínea e suas consequências (hiperemia, hemorragia, trombose, embolia, infarto e choque) 1. Aumento da pressão hidrostática sanguínea: Insuficiência cardíaca esquerda –congestão pulmonar Insuficiência cardíaca direita –congestão sistêmica Hipertensão portal na cirrose hepática Mecanismos da hipertensão portal: Pressão (P) resulta do produto entre resistência (R) e fluxo (F): P = R x F Pode resultar em: - Aumento da resistência ao fluxo portal e/ou - Aumento do fluxo pelo sistema portal 2. Diminuição da pressão osmótica sanguínea: Insuficiência renal por síndrome nefrótica - aumento da permeabilidade da membrana basal glomerular - passagem de grande quantidade de albumina e outras proteínas para a urina (proteinúria) – diminuição da osmolaridade sanguínea. Na tentativa de equilibrar a osmolaridade entre o sangue e o interstício, há passagem de líquido plasmático do sangue para o interstício, provocando edema generalizado. 3. Aumento da pressão osmótica intersticial: Ativação sistema Renina – Angiotensina - Aldosterona IC refratária :Há diminuição da pressão sanguínea arterial com diminuição da pressão arteriolar renal e ação do aparelho justa-glomerular ativando o sistema renina- angiotensina. Aumento da permeabilidade vascular: Nos processos inflamatório, a liberação de mediadores químicos da inflamação – histamina, cininas plasmáticas etc. – provoca aumento da permeabilidade vascular com extravasamento de líquido plasmático para o interstício, causando edema – tumefação – local. Obstrução linfática: Filariose (Wuchereria bancrofti) - penetração dos vasos linfáticos com inflamação e obstrução dificultando a drenagem linfática - linfedema – elefantíase –, e na túnica vaginal - quilocele. Também em cirurgia mamária por câncer com mastectomia radical e retirada da cadeia linfática axilar - obstrução da drenagem linfática no braço com linfedema. ➔ Anasarca - edema acentuado e generalizado ➔ Ascite ou hidroperitônio ➔ Hidropericárdio - derrame pericárdico hídrico ➔ Hidrocele ➔ Hidrotórax ➔ Edema agudo pulmonar Causas de edema generalizado: Síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, pielonefrite, IC, cirrose hepática, Hepatite crônica, desnutrição proteica, fenômenos alérgicos, toxemia gravídica, gravidez, obesidade, hipotireoidismo, medicamentos. Causas de edema localizado: Varizes, Flebite, Trombose venosa, Afecções dos linfáticos, Postura. Anamnese: tempo de duração, localização e evolução Exame físico: Local e distribuição, Intensidade, Consistência, Temperatura da pele circunjacente, Sensibilidade da pele circunjacente, Outras alterações da pele circunjacente Sinal de Godet ou Cacifo 0+ Sem edema 1+ Depressão leve de 2mm que desaparece rapidamente 2+ Edema moderado. Depressão de 4mm que desaparece em 10-15 segundos 3+ Edema moderadamente grave. Depressão de 6mm que pode durar mais de 1 minuto 4+ Edema grave. Depressão de 8mm que pode durar mais de 2 minutos Localização: restringe-se a um segmento do corpo, a um dos MMII, ou dos MMSS, ou a qualquer área corporal. Ex: indica distúrbio local como trauma, TVP, varizes, processo inflamatório. Edema generalizado indica processo de natureza sistêmica ( ICC ) Inspeção: descreve o local do edema, coloração da pele da área acometida Nos MMII , face ( região subpalpebral) e região pré-sacra Palpação: cacifo ou godet. Avalia a consistência do edema Intensidade: Compressão firme e sustentada de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área do exame ( tíbia, sacro, ossos da face). Profundidade da fóvea graduada em cruzes Peso pela manhã e à noite Medida do perímetro da região edemaciada ( MMII) Consistência: é o grau de resistência encontrado ao comprimir a região edemaciada. Edema mole: facilmente depressível Edema duro: proliferação fibroblástica dos edemas de longa duração Ex: elefantíase ( obstrução da circulação linfática em decorrência de filariose ou erisipela) Elasticidade: Edema elástico: pele retorna ao normal em pouco tempo. Ex: edema inflamatório Edema inelástico: a pele comprimida persiste por certo tempo Temperatura da pele circunjacente: Pele quente indica edema inflamatório e pele fria indica comprometimento da irrigação sanguínea. Sensibilidade da pele circunjacente: Doloroso ( inflamatório) e indolor Outras alterações da pele circunjacente: Mudança de cor ( palidez, cianose, vermelhidão) Testura ( lisa e brilhante e espessa; pele enrugada
Compartilhar