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DEPARTAMENTO DE SPORT A influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em pacientes eleitos para cirurgia bariátrica. Antônio César Correa Viana RIBEIRÃO PRETO 2018 Antônio César Correa Viana A influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em pacientes eleitos para cirurgia bariátrica. Dissertação apresentada à Universidad Europea del Atlántico, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Atividade Física e Saúde. Orientação: Prof. Dra. Amélia Stein Coorientador: Prof. Me. Renan Floret Turini Claro RIBEIRÃO PRETO 2018 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA Viana, A.C.C. A influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em pacientes eleitos para cirurgia bariátrica. 74p.; 30 cm. Dissertação de mestrado apresentada à Universidad Europa del Atlántico, Departamento de Sport. Orientador: Prof. Dra. Amélia Stein. 1. Cirurgia bariátrica. 2. Atividade física. 3. Qualidade de vida. 4. Obesidade mórbida. 5. Capacidade física. TERMO DE COMPROMISSO Eu, Antônio César Viana, declaro que: O conteúdo do presente documento é um reflexo do meu trabalho pessoal e manifesto que, diante de qualquer notificação de plágio, cópia ou prejuízo à fonte original, sou responsável direto legal, financeira e administrativamente, sem afetar o Orientador do trabalho, a Universidade e as demais instituições que colaboraram neste trabalho, assumindo as consequências derivadas de tais práticas. Assinatura: ___________________________ DEDICATÓRIA DEDICO: este trabalho a pessoa a qual mais preso nessa vida, minha mãe Vera, e a todos aqueles profissionais que atuam diretamente ou indiretamente na promoção de saúde e melhora na qualidade de vida de pessoas com obesidade. AGRADECIMENTOS Inicio agradecendo ao Deus no qual acredito pelas oportunidades a cada dia de transformação e conhecimento, e por ter colocado em meu caminho pessoas tão especiais, sem as quais eu não teria cumprido essa fase importante da minha vida. A minha grande amiga Ercia Rocha Santos, por sempre estar ao meu lado incondicionalmente para que eu pudesse realizar esse trabalho e tantos outros projetos; Ao meu grande amigo e coorientador Prof. Me. Renan Floret Turini Claro, pela contribuição na minha pesquisa e carreira, e pelo grande respeito que exerce nossa amizade; A minha orientadora Prof. Dra. Amélia Stein, pela atenção dedicada em minha orientação de como conduzir uma pesquisa científica de forma coesa; A minha amiga Adriana Poli, pela ajuda com esse material e pela paciência em dar o suporte nos cálculos e normas da dissertação; Ao meu grande amigo Clever Jucene dos Santos Junior pelo apoio de sempre nas pequenas e grandes decisões profissionais e pessoais; Ao Dr. Flávio Patta por acreditar e confiar no meu trabalho e contribuir de forma significativa e fundamental para que esse trabalho pudesse ser concretizado; A querida e adorável enfermeira Rosangela de Souza da Clínica Sgorlon que com muita dedicação organizou as amostras para a devida coleta de dados para esta pesquisa; Ao meu amigo Alex Nobasco por ceder seu espaço (Studio Formonn) para a realização de pesquisa de campo; Aos pacientes eleitos a cirurgia bariátrica que se dispuseram a contribuir para o sucesso desta pesquisa. "Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna complicado! Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente". Guimarães Rosa “Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe“. Leonardo da Vinci RESUMO A obesidade é uma doença caracterizada pelo aumento da gordura corporal provocando alterações fisiopatológicas. Pesquisas recentes demonstram que a população de obesos é de aproximadamente 600 milhões de pessoas no mundo e, no Brasil, chega a 82 milhões de pessoas, tornando-se um alerta em saúde pública. Porém, ainda existem poucos estudos que relacionam a qualidade de vida e a capacidade física em indivíduos obesos em proceso eletivo para cirurgia bariátrica. Esta é uma pesquisa transversal com pacientes de um centro de cirurgia bariátrica no Brasil. As amostras (pacientes) que participaram da pesquisa foram eleitos para realizarem a cirurgia bariátrica e passaram por avaliações médicas, psicológicas, odontológicas e de saúde pela equipe multidisciplinar. Para este trabalho, foram recrutados aleatoriamente 20 pacientes, com idade entre 24 e 56 anos que cumpriram os critérios exigidos pela equipe multidisciplinar e que possuem data marcada para o procedimento cirúrgico. Os pacientes responderam ao Questionário de Qualidade de Vida SF-36, o qual consiste em um questionário multidimensional formado por 36 itens, englobados em 8 escalas ou domínios, que são: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental, importante ferramenta para obtenção de informações relevantes sobre a importância do exercício físico na saúde e bem estar. Para mensurar a capacidade funcional dos pacientes, foi aplicado o protocolo de TC6M (teste de caminhada de seis minutos) e para mensurar a qualidade de vida, foi utilizado o questionário SF-36. O trabalho visa correlacionar o nível de capacidade funcional com a qualidade de vida de indivíduos obesos com ausência de atividade física que chegam ao ponto do recurso cirúrgico, além de entender a relação entre a limitação cardiorrespiratória e a qualidade de vida de indivíduos obesos. Os resultados deste estudo demonstraram não haver correlação significativa entre o condicionamento físico (demonstrado através do teste TC6M) e a qualidade de vida da população estudada (demonstrada pelo Questionário de Qualidade de Vida SF-36). Palavras-chave: Cirurgia Bariátrica; Atividade Física; Qualidade de vida; Obesidade mórbida; Capacidade física. ABSTRACT Obesity is a disease characterized by increased body fat causing pathophysiological changes. Recent research shows that the obese population is approximately 600 million people in the world and, in Brazil, reaches 82 million people, becoming a public health alert. However, there are still few studies that relate the quality of life and physical capacity in obese individuals in elective process for bariatric surgery. This is a cross-sectional survey of patients from a bariatric surgery center in Brazil. The samples (patients) that participated in the research were elected to perform bariatric surgery and underwent medical, psychological, dental and health assessments by the multidisciplinary team. For this study, 20 patients, aged between 24 and 56 years, who metthe criteria required by the multidisciplinary team and who had a scheduled date for the surgical procedure were recruited randomly. Patients answered the SF-36 Quality of Life Questionnaire, which consists of a multidimensional questionnaire consisting of 36 items, encompassed in 8 scales or domains, which are: functional capacity, physical aspects, pain, general health, vitality, social aspects, emotional aspects and mental health, an important tool to obtain relevant information about the importance of physical exercise in health and well being. In order to measure the functional capacity of the patients, the 6MWT protocol (six-minute walk test) was applied and the SF-36 questionnaire was used to measure quality of life. The study aims to correlate the level of functional capacity with quality of life of obese individuals with absence of physical activity that reaches the point of the surgical resource, in addition to understanding the relationship between cardiorespiratory limitation and quality of life of obese individuals. The results of this study demonstrated that there was no significant correlation between physical fitness (demonstrated through the TC6M test) and the quality of life of the population studied (demonstrated by the SF-36 Quality of Life Questionnaire). Key words: Bariatric Surgery; Physical activity; Quality of life; Morbid obesity; Physical capacity. LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS Figura 1- Média da prevalência da obesidade por idade x peso, nas regiões do mundo ........ 18 Figura 2- Prevalência Global da obesidade em adultos........................................................... 19 Figura 3- Equipamentos utilizados para aferição da pressão arterial, frequência cardíaca e oxigênação ............................................................................................................................... 32 Figura 4 - Ilustração da distância a ser percorrida durante a realização do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) .......................................................................................................... 38 Figura 5 - Escala Modificada de Borg .................................................................................... 39 Quadro 1 - Equipamentos requeridos para realização do TC6M ........................................... 33 Tabela 1 - Classificação do peso em adultos de acordo com IMC ......................................... 20 Tabela 2 - Gasto energético (Kcal) das atividades realizadas no dia a dia ............................. 24 Tabela 3 - Efeitos da atividade física regular na mobilização de lipídeos.............................. 26 Tabela 4 - Dados das amostras ............................................................................................... 29 Tabela 5 - Indice Massa Corporal (IMC) das amostras .......................................................... 30 Tabela 6 - Comportamento da Pressão Arterial (PAS/PAD) das amostras em repouso e após o TC6M ...................................................................................................................................... 31 Tabela 7- Comportamento da Frequência Cardíaca (FC) das amostras em repouso e após o TC6M ...................................................................................................................................... 31 Tabela 8 - Valores de limite inferior e variação (Score Range) ............................................. 35 Tabela 9 - Demontrativo dos resultados do score obtidos do questionário SF-36 ................. 41 Tabela 10 - Comparação do VO2 pico previsto do VO2 pico encontrado do TC6M relacionado em porcentagens................................................................................................... 42 Tabela 11 - Demontrativo dos valores de VO2 pico obtidos a partir da aplicação no teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e SCORE do questionário SF-36 ................................... 43 Tabela 12 - Correlação regressiva linear (r) relacionando VO2 pico obtido a partir da aplicação do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e o SCORE do questionário SF-36 ....................................................................................................................................... 45 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Crescimento da obesidade e excesso de peso no Brasil, nas últimas décadas ..... 17 Gráfico 2 - Relação entre o VO2 pico encontrado e capacidade funcional ............................ 45 Gráfico 3 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto físico ........................................ 46 Gráfico 4 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto dor ............................................ 47 Gráfico 5 - Relação entre o VO2 pico encontrado e saúde mental ......................................... 47 Gráfico 6 - Relação entre o VO2 pico encontrado e vitalidade .............................................. 48 Gráfico 7 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto social ........................................ 49 Gráfico 8 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto emocional ................................. 49 Gráfico 9 - Relação entre o VO2 pico encontrado e saúde mental ......................................... 50 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14 2 OBESIDADE ....................................................................................................................... 16 2.1 DEFINIÇÃO DE OBESIDADE ........................................................................................ 19 2.2 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................ 19 2.3 TRATAMENTO DA OBESIDADE ................................................................................. 20 2.4 DADOS ESTATÍSTICOS DE PACIENTES SUJEITOS A CIRURGIA BARIÁTRICA NO MUNDO ........................................................................................................................... 21 2.5 DADOS ESTATÍSTICOS DE PACIENTES SUJEITOS A CIRURGIA BARIÁTRICA NO BRASIL ............................................................................................................................ 22 3 QUALIDADE DE VIDA .................................................................................................... 23 4 ATIVIDADE FÍSICA ......................................................................................................... 24 4.1 RECOMENDAÇÕES SOBRE ATIVIDADE FÍSICA NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE ................................................................................................................................................. 25 4.2 ATIVIDADE FÍSICA NA OBESIDADE ......................................................................... 25 5 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 28 5.1 OBJETIVOS GERAIS ...................................................................................................... 28 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 28 6 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 29 6.1. AMOSTRA ....................................................................................................................... 29 6.1.1 Critérios de Inclusão ....................................................................................................... 29 6.1.2 Critérios de Exclusão ......................................................................................................32 6.2 LOCAL .............................................................................................................................. 32 6.3 MATERIAIS ..................................................................................................................... 32 6.3.1 Questionário SF-36 ......................................................................................................... 33 6.3.2 Teste de caminhada de seis minutos (TC6M) ................................................................ 36 6.4 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................... 39 7 RESULTADOS ................................................................................................................... 41 8 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 51 9 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 54 ANEXOS ................................................................................................................................ 61 APÊNDICE ............................................................................................................................ 66 14 1 INTRODUÇÃO Segundo Koloykin et al. (2001), o termo saúde foi definido pela organização Mundial de Saúde, em 1947, como “não apenas a ausência de doença, mas completa função física, função social, função funcional, saúde mental e percepções gerais da saúde". Realizada em 21 de Novembro de 1986, a Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, aprovou a Carta de Ottawa, que apresentava orientações para se conseguir um conceito ou movimento de saúde em nível mundial, sendo um marco de referência para atingir a Saúde para Todos no ano 2000 e seguintes (DE OTTAWA, A. C., 1986). Conforme a Carta De Ottawa, A. C., (1986, p. 01) A Promoção da Saúde é o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Para atingir um estado de completo bem-estar fisico, mental e social,o indivíduo ou o grupo devem estar aptos a identificar e realizar as suas aspirações, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou adaptar-se ao meio. Assim, a saúde é entendida como um recurso para a vida e não como uma finalidade de vida; A saúde é um conceito positivo, que acentua os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Em consequência, a Promoção da Saúde não é uma responsabilidade exclusiva do sector da saúde, pois exige estilos de vida saudáveis para atingir o bem-estar. A obesidade, considerada hoje problema de saúde pública, traz muitas consequências para a saúde, entre elas distúrbios cardiovasculares, respiratórios, disfunções gastrointestinais, dermatológicos, geniturinários, músculo-esqueléticos, neoplasias. O crescente aumento da doença, influi diretamente no bem estar físico, psicossocial e emocional, tendo impacto significativo sobre o declínio da longevidade e qualidade de vida (TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010). Nos últimos 30 anos, vários países tiveram sua prevalência da obesidade duplicadas e até mesmo quadriplicadas, sendo impulsionadas pelo crescimento econômico, mecanização do transporte, estilo de vida sedentário, consumo de alimentos processados e dietas altamente calóricas (HRUBY; HU, 2015). A prescrição alimentar, a programação de atividade física e o uso de fármacos antiobesidade constituem os principais pilares no tratamento contra a 15 obesidade crônica de etiologia multifatorial. Sendo assim, o tratamento requer intervenção de múltiplas abordagens (SEGAL; FANDINO, 2002). A qualidade de vida dos indivíduos obesos é comprometida pela falta de atividade física. A inatividade pode ser considerada um fator de risco primário para o desenvolvimento da obesidade. Muitos estudos apontam uma estreita relação entre a obesidade e diminuição da qualidade de vida, sendo mais acometidos pessoas obesas que não seguem nenhum tipo de tratamento (TAVARES; NUNES; & SANTOS, 2010). No entanto, somente uma abordagem clínica em casos de indivíduos acometidos por obesidade severa, não apresenta bons resultados. Nestes casos, uma opção de tratamento é a cirurgia bariátrica (VASCONCELOS; COSTA NETO, 2008). Segundo Murara, de Macedoe Liberali (2012), existe um consenso na literatura, onde o tratamento mais efetivo para redução de peso e manutenção dessa perda em pacientes com obesidade grave, seria a cirurgia bariátrica; tendo como objetivo mais importante a melhoria nas complicações e doenças associadas a obesidade. Sendo assim, Liebermeister (2003) constatou que a intervenção cirúrgica para a redução de peso influenciou diretamente a recuperação da autoestima e da qualidade de vida em obesos classificados em grau III. Muito provável que este fato se dê por este tratamento produzir garantias mais concretas quanto à manutenção do peso abaixo dos níveis considerados de obesidade mórbida. Dessa forma, alguns testes podem ser utilizados para avaliar a capacidade funcional de individuos com obesidade. Entre eles o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), que além de avaliar o estado funcional do sistema cardiovascular e respiratório, também avalia programas de prevenção, terapêuticos e reabilitação. O TC6M é facilmente aplicado e tem uma boa relação com o consumo de oxigênio máximo (VO2) (BIXOFIS; BRITO). Partindo da premissa que obesidade está intimamente relacionada com o declínio do condicionamento físico e qualidade de vida de indivíduos que têm como último recurso para o tratamento da obesidade a interveção cirúrgica, propomos cruzar dados que melhor esclareçam a relação entre a influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em pacientes eleitos para cirurgia bariátrica. 16 2 OBESIDADE A obesidade é uma doença complexa, multifatorial (SHEA, et al., 2012), com características comportamentais (dieta, atividade física, tempo de sedentarismo, sono e estresse), hereditárias (histórico familiar, genética e etnias raciais), ambientais (falta de recursos geográficos para atividade física, áreas com nenhum ou pouco acesso a alimentação saudável), sócio econômicas (pobreza e baixa educação), e na grande maioria dos casos, evitável (HRUBY; HU, 2015). Segundo Hruby, HU (2015), a obesidade contribui para o aumento do risco de diversas doenças, entre elas: doenças cardiovasculares, distúrbios respiratórios, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, neoplasias, depressão e mortalidade. Além disso, a obesidade pode ser vista com discriminação e preconceito, tanto da população em geral, quanto dos profissionais da saúde, podendo tornar os obesos relutantes na busca de ajuda médica (HUANG et al, 2016). Segundo Shuai et al. (2015), dados da Organização Mundial de Saúde relataram que mais de 600 milhões de adultos (aproximadamente 13% da população mundial), estavam acima do peso em 2014. Segundo relatório da OMS (2009), a obesidade e o excesso de peso, estão entre as cinco principais causas de morte no mundo, e entre os três principais fatores de risco de mortalidade nos países de média e alta renda. É uma epidemia silenciosa que se espalha mundialmente e teve sua prevalência duplicada, se comparada com 1980 (KHABAZKHOOB, et al.,2017). Estimativas apontam que até 2030, 38% da população mundial adulta esteja com sobrepeso e 20% obeso (KELLY, et al., 2008). De acordo com dados do Ministério do Planejamento (2010), tal como se observa no Gráfico1, no Brasil houve um elevado crescimento da obesidade e excessode peso, nas últimas décadas. As figuras 1 e 2 ilustram a média da prevalência da obesidade, segundo a idade e peso em várias regiões pelo mundo, assim como a prevalência global da obesidade em populações de adultos. 17 Gráfico 1. Crescimento da obesidade e excesso de peso no Brasil, nas últimas décadas. Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2010). 18 Figura 1. Média da prevalência da obesidade, por idade x peso, nas regiões do mundo. Fonte: WHO analysis (2004). 19 Figura 2. Prevalência Global da obesidade em adultos. Fonte: International Obesity Taskforce (2008). 2.1 Definição de obesidade De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2000), a obesidade é definida como o acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo e foi classificada como sendo uma “epidemia global” devido ao aumento alarmante de sua prevalência. De acordo com Barness, et al. (2007), a obesidade foi considerada um dos problemas mais graves de saúde pública do século XXI. 2.2 Classificação A obesidade deve ser classificada com base na distribuição de gordura e composição corporal e não somente ao aumento do peso corporal (WORLD J GASTROENTEROL, 2016). O critério atual mais utilizado para classificá-la é o índice de massa corporal (IMC), obtido dividindo-se o peso em kilogramas, pelo quadrado da altura em metros (Kg/m2) (HRUBY; HU, 2015). O cálculo do IMC é apenas uma referência para definir a quantidade relativa de gordura e é utilizado como um indicador de obesidade em nível populacional e também para avaliar e prever o risco de doenças em estudos epidemiológicos (WORLD J GASTROENTEROL, 2016). De acordo com o IMC, a população geral é classificada em cinco categorias: baixo 20 peso (IMC <18,5 kg / m2), peso normal (IMC 18,5-24,9 kg / m2), obesidade classe I - excesso de peso (IMC 25,0-29,9 kg / m2), classe II obesidade - obesidade (IMC 30,0-39,9 kg / m2), obesidade classe III - obesidade extrema (IMC> 40 kg / m2) (HEBEBRAND, et al., 2017). Tabela 1. Classificação do peso em adultos, de acordo com IMC Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, 2015. 2.3 Tratamento da obesidade O tratamento da obesidade inclui cirurgia bariátrica e tratamento não cirúrgico, que consiste em mudanças na dieta, com o intuito de reduzir a ingestão de calorias, atividade física, terapia comportamental e farmacoterapia (GLOY, et al.,2017). O tratamento cirúrgico está indicado para pacientes com IMC igual ou superior a 35Kg/m2, que apresentem comorbidades como diabete tipo 2, artropatias, hipertensão, dislipidemia, apnéia do sono ou pacientes com IMC igual ou superior 40Kg/m2, com ou sem presença de comorbidades (FANDINO et al., 2004). Isso se deve ao fato do risco do paciente morrer por complicações relacionadas à obesidade ser muito maior que o risco ao procedimento cirúrgico e seus benefícios (LONGITUDINAL ASSESSMENT OF BARIATRIC SURGERY (LABS) CONSORTIUM et al., 2009). De acordo com a SBCBM (2017), a indicação de cirurgia bariátrica deve ser decidida analisando-se três critérios: IMC, idade e tempo da doença. Em relação ao IMC: IMC acima de 40 kg/m2; IMC entre 35 kg/m2, quando houver presença de comorbidade; 21 IMC entre 30 e 35 kg/m2, na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença. É obrigatório a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um endocrinologista. Em relaçãoà idade: Abaixo de 16 anos: quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda que sejam avaliados os riscos por cirurgião e equipe multidisciplinar, exceto em casos de síndrome genética. A operação deve ter o consentimento da família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação; Entre 16 e 18 anos: sempre que houver a indicação e consenso entre a família e responsável e a equipe multidisciplinar; Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade; Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, benefícios do emagrecimento e expectativas de vida. Em relação ao tempo da doença: Apresentar comorbidades e IMC em faixa de risco a pelo menos 2 anos e ter realizado tratamentos convencionais prévios. Além disso, ter tido insucesso ou recidiva do peso. 2.4 Dados estatísticos de pacientes sujeitos à cirurgia bariátrica no mundo Desde 1970, a cirurgia bariátrica tem sido um recurso para o tratamento de pacientes que sofrem com a obesidade mórbida, trazendo novas perspectivas para indivíduos obesos (MARCELINO; PATRÍCIO, 2011). Segundo Angrisani, et al. (2017), em 2014 houve um significativo aumento no número de cirurgias bariátricas, sendo atualmente o procedimento cirúrgico mais freqüente no mundo. Em todo o mundo, no ano de 2013, foram realizados 468.609 procedimentos bariátricos (ANGRISANI, et al., 2015). Na França, em 2013, foram realizados 41.648 procedimentos de cirurgia bariátrica (CZERNICHOW, et al., 2016). No Canadá, a cirurgia bariátrica, apesar dos seus benefícios, é de difícil acesso, seja pela escassez de recursos monetários ou não. Algumas províncias desse país não incluem a cirurgia bariátrica em seus planos de saúde, por não aceitarem a obesidade grave como doença crônica. Já as províncias que incluem o 22 procedimento nos planos de saúde, têm dificuldade de oferecer o serviço ao paciente, por diversas razões (CHRISTOU; EFTHIMIOU, 2009). De acordo com Lomanto, et al. (2012), na Ásia, entre os anos de 2005 a 2009 foram realizados 6598 procedimentos de cirurgia bariátrica, representando um aumento de 449% em cinco anos (de 381 procedimentos em 2005, para 2091 procedimentos em 2009). Conforme Khan et al. (2016), nos Estados Unidos, no período de 2008 a 2012, foram realizados um total de 598.756 cirurgias bariátricas. 2.5 Dados estatísticos de pacientes sujeitos à cirurgia bariátrica no Brasil No Brasil, em 2015, segundo pesquisa do Ministério da Saúde, pouco mais da metade da população (56,9%) maior de 18 anos ou 82 milhões de pessoas estavam acima do peso (PORTAL BRASIL, 2015). A cirurgia bariátrica foi incluída pelas autoridades de saúde pública no Brasil em 2001 e apesar da disponibilidade dos resultados dos procedimentos contidos no banco de dados nacional do sistema público, ainda existe uma limitação na capacidade de avaliação dos resultados clínicos (RASERA, et al., 2017). Devido ao alto número de cirurgias bariátricas (gastroplastias) no contexto brasileiro, torna-se importante a atenção aos riscos cirúrgicos e ao tratamento posterior prolongado. Em função da diminuição dos riscos cirúrgicos e da divulgação dos casos de sucesso, somando-se a isso o fato desse procedimento estar inserido nos planos de saúde particulares e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), há uma tendência de aumento no número de procedimentos realizados nos próximos anos (MARCELINO; PATRÍCIO, 2011). Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM, 2017),72 mil cirurgias foram realizadas em 2012 no país, 80 mil em 2013, cerca de 88 mil em 2014, aproximadamente 93,5 mil em 2015 e cerca de 100 mil procedimentos em 2016, sendo estimado que 10% desses procedimentos tenham sido realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Esses dados colocaram o Brasil em segundo no ranking de cirurgias bariátricas ficando atrás somente dos Estados Unidos. 23 3 QUALIDADE DE VIDA A expressão qualidade de vida foi utilizada pela primeira vez em 1964, pelo então presidente dos Estados Unidos, onde declarava que “os objetivos não podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas”.Porém, com o desenvolvimento acelerado da medicina, gerou-se um aspecto negativo no contexto de distanciamento da parte humanista (FLECK, et al.,1999). De acordo com De Almeida Flek (2000), o conceito qualidade de vida é amplo e complexo e inter relaciona o meio ambiente com aspectos psicológicos, físicos, sociais, crenças pessoais e nível de independência. Além disso, o autor cita que em 1995, a OMS em conjunto com especialistas de diversas partes do mundo (The WHOQOL Group), definiram qualidade de vida como ”a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Segundo Campos e Rodrigues Neto (2014), alguns instrumentos genéricos podem ser utilizados para medir a qualidade de vida. Entre eles, os mais usuais são: The Medical Outcomes Study 36-Item Short Form Health Survey (SF-36), Nottingham Health Profile (NHP), McMaster Health Index Questionnaire (MHIQ), Sickness Impact Profile (SIP), Rand Health Insurance Study (Rand HIS), Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100). 24 4 ATIVIDADE FÍSICA De acordo com a OMS (2014), atividade física é definida como sendo qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, com gasto de energia, como jogos, tarefas domésticas, atividades de lazer e atividades praticadas durante o trabalho. Conforme Matsudo V. e Matsudo S. (2006), a atividade física não deve ser confundida com exercício físico, esporte ou aptidão física, pois existem importantes implicações e diferenças entre elas. A atividade física pode ser definida como qualquer movimento resultante de contração muscular voluntária que leve a um gasto energético acima do repouso, como: dançar andar, pedalar, nadar, correr, jardinar ou subir escadas. Já o exercício físico é uma subcategoria da atividade física, estruturado, repetitivo, planejado e inclui duração, intensidade, frequência e ritmo. A aptidão física é definida pela presença de atributos genéticos, pessoais e adquiridos, que permitem ao indivíduo realizar as tarefas cotidianas sem prejuízo de seu equilíbrio social, psicológico e biológico. O esporte compreende a repetição de exercícios, e envolve o conceito de desempenho, ou seja, a pessoa tenta realizar a tarefa da melhor forma, no menor tempo, no maior número de vezes. Na tabela 2, pode-se observar a relação entre comportamento sedentário e ativo nas demandas cotidianas e sua demanda energética. Tabela 2. Gasto energético (Kcal) das atividades realizadas no dia a dia Gasto Energético de Atividades no Cotidiano SEDENTARIAS Kcal ATIVAS Kcal Usar controle remoto < 1 Levantar para trocar canal de TV 3 Ligar portão eletrônico < 1 Abrir portão 2 vezes/dia 3 Esperar pizza (disk) 30 min 15 Cozinhar 30 min 25 Lava rápido (carro) 1 vez/mês 18 Lavar carro 1 hora/mês 300 Levar cachorro até a porta 2 Caminhar com cachorro 30 min 150 Dirigir 40 min e andar 5 min 22 Andar 15 min ao ponto de ônibus 2 vezes/dia 60 Enviar e-mail – 4 min 2 Andar 1 min, falar em pé 3 min 6 Assistir palestra - 60 min 30 Ministrar palestra 70 Parar carro perto e andar 10seg 0,3 Parar e andar 2 min 5 vezes/semana 8 Fonte: Agita São Paulo, (2002). 25 4.1 Recomendações sobre a atividade física na manutenção da saúde. Conforme Salles et al. (2003), a partir da década de 70, a automação, a diminuição do tempo destinado ao lazer e mudanças no ambiente de trabalho, ocasionaram uma redução da atividade física. Além disso até a década de 80, os estudos direcionados sobre atividade física eram limitados a relatar o gasto calórico das atividades nos seus tipos de trabalho em vários grupos populacionais. O exercício físico tem demostrado ser um importante determinante no proceso de controle do peso corporal (de SOUZA, 2016). Um programa de treinamento resistido (musculação) é composto por variáveis como: intensidade, duração e volume de treinamento, ordem dos exercícios, tempo de intervalo entre as séries, exercícios e sessões, número de séries e repetições, frequência semanal e velocidade de movimento. Tais variáveis podem promover diferentes respostas fisiológicas durante sua aplicação, tendo impacto direto na segurança cardiovascular no decorrer do treinamento (KRAEMER; RATAMESS, 2004). A prática regular de atividade física melhora o condicionamento cardiorrespitório e muscular; reduz o risco de hipertensão, AVC (acidente vascular cerebral), doença cardíaca, diabetes e é importante tanto para o balanço energético como para o controle do peso corporal (MATSUDO; MATSUDO 2006). O aumento da atividade física é uma estratégia importante na melhoria da saúde pública, consequentemente de grande importância no combate à mortalidade decorrente de doenças crônicas e morbilidade. Índices elevados de atividade física, colaboram para o aumento do dispêndio energético total, assim como para a melhoria da distribuição do tecido adiposo e da composição corporal. Dessa forma, quando o objetivo é promover benefícios para a saúde do indivíduo, trinta minutos diários de atividade física, se mostram eficientes. Segundo Coelho e Burini (2009), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o colégio Americano de medicina Esportiva (ACMS), preconizavam 150 minutos de atividade por semana. Esta recomendação foi apoiada pela OMS e Ministério da Saúde do Brasil, porém, em 2007 sofreu algumas reformulações, entre elas que as atividades cotidianas devem ser somadas ao programa. 4.2 Atividade física na obesidade 26 De acordo com Camotas, et al. (2014), os benefícios da atividade física moderada e regular na prevenção das doenças e na promoção de saúde têm sido evidenciados pela investigação científica. Segundo o autor, a promoção da prática de exercício físico, torna-se uma importante ferramenta no combate à obesidade. Conforme Saris (1996), os efeitos benéficos da atividade física são resultantes de mecanismos como: aumento do gasto energético; melhora da composição corporal, com consequente diminuição do depósito de gordura visceral, perda de gordura e preservação da massa magra; aumento na capacidade de oxidação e mobilização da gordura; controle da ingestão alimentar como por exemplo a redução da ingestão de gordura e redução do apetite a curto prazo; estimulação da resposta termogênica (termogênese induzida pela dieta e taxa Metabólica de Repouso); mudança na capacidade bioquímica e morfologia do músculo; aumento da sensibilidade à insulina; melhora no perfil de lipoproteínas e lipídeos plasmáticos; diminuição da pressão arterial; melhora do condicionamento físico. A prática regular de atividade física diminui triglicérides (TG) e LDL-colesterol, aumenta o HDL-colesterol (ECKEL, et al., 2014) e ainda aumenta a sensibilidade à insulina (MATSUDO; MATSUDO 2006). Tabela 3. Efeitos da atividade física regular na mobilização de lipídeos ↑ HDL-colesterol ↓ LDL-colesterol ↓ Massa de gordura ↓ Relação LDL/HDL-colesterol ↓ IMC↓ Apoliproteína B ↓ Leptina ↓ Triglicérides ↑ Lipase protéica ↓ Proteína C reativa Fonte: Matsudo V. Matsudo S., 2006. Efeitos favoráveis de treinamento aeróbico sobre a atividade da lipase lipoprotéica (LPL) foram demonstrados, o que explicaria o melhor “turnover” da lipoproteína rica em TG (BERMAN, et al.,1999). Segundo de Souza (2016), o exercício físico, aliado a uma alimentação saudável, é um importante mecanismo para redução de gordura corporal e sobrepeso. O exercício físico tem a função de elevar o gasto energético, provocando assim um desequilíbrio calórico negativo ou manutenção do metabolismo basal e contribuindo dessa forma para a redução do peso corporal. A prescrição do exercício deve ser direcionada para atividades leve a moderada e com duração mais longa, afim de diminuir alguns riscos a saúde do paciente, visto que é comum algumas debilidades osteo-musculures nesses indivíduos. 27 O exercício resistido (musculação), é um importante estímulo para aumento de massa, força e potência muscular, contribuindo assim para preservar a musculatura e aumentar a redução de gordura corporal. Tem se recomendado programa de exercícios para obesos com um mínimo de 150 minutos semanais, com intensidade moderada e progredindo para 200 a 300 minutos na mesma intensidade (CIOLAC; GUIMARÃES, 2003). Entretanto, boa parte ou quase a totalidade desses efeitos positivos são revertidos no caso de suspensão da atividade física. O destreinamento leva a um aumento da gordura, do IMC (índice de massa corporal), do LDL-colesterol, da relação LDL/HDL-colesterol, dos triglicérides e apoliproteina, e uma diminuição do HDL-colesterol (PETIBOIS, et al., 2004). Embora sejam claros os benefícios estabelecidos da atividade física na prevenção de agravos e na promoção à saúde, mais de dois milhões de mortes anuais são atribuídas à inatividade física devido à sua repercussão no aumento de doenças crônicas não transmissíveis. Se mantidas as tendências atuais, estarão relacionadas a 73% das mortes no mundo em 2020 (WHO, 2013). De acordo com levantamento do Ministério da Saúde (2011), a prevalência da inatividade física no Brasil, continua elevada e atingiu 47,5% da população em 2011. 28 5 OBJETIVOS 5.1 Objetivos Gerais O presente estudo destina-se a avaliar a influencia da capacidade funcional sobre a qualidade de vida de pacientes eleitos para cirurgia bariátrica. 5.2 Objetivos Específicos O presente trabalho tem como metas específicas: 1-Avaliar a percepção da qualidade de vida das amostras através da aplicação do questionário SF-36; 2-Identificar a capacidade funcional das amostras por meio de avaliação de teste de campo submáximo TC6M (Teste de Caminhada de Seis Minutos); 3- Relacionar a capacidade funcional com a qualidade de vida das amostras, cruzando os resultados do SF-36 e do TC6M; 4- Entender e classificar a possível influência da capacidade funcional com a qualidade de vida das amostras; 5-Identificar se a obesidade é fator preponderante no condicionamento funcional das amostras. 29 6 MATERIAIS E MÉTODOS 6.1. Amostra A pesquisa de caráter transversal teve como amostra 20 (vinte) pacientes obesos eleitos para realização de cirurgia bariátrica, com idade entre 24 e 56 anos, de ambos os sexos, conforme demonstrado na tabela 4. Tabela 4. Dados das amostras Nota: A tabela apresenta média e porcentagem das amostras e Desvio Padrão (DP). Fonte: VIANA. A. C. C. (2018). 6.1.1 Critérios de inclusão Os principais dados como Índice de Massa Corporal (IMC), Pressão Arterial Sistólica e Diastólica (PAS/PAD) e Frequência Cardíaca (Fc), foram utilizadas nos critérios de inclusão. Os participantes da pesquisa possuem: obesidade mínima grau II (IMC >35 kg/m 2 ) conforme evidenciado na tabela 5, pressão arterial (em repouso, medida antes da realização dos testes) PAS < 150 mmHg ou PAD < 100 mmHg conforme tabela 6, frequência cardíaca < Amostras Idade Gênero 1 24 F 2 50 F 3 26 F 4 56 F 5 39 M 6 39 M 7 33 F 8 28 F 9 24 F 10 56 F 11 48 F 12 32 F 13 46 M 14 38 M 15 50 M 16 43 M 17 35 M 18 48 F 19 33 M 20 46 F Média±DP 39,7 ± 10,17 % do gênero: 60% F / 40% M 30 100 bpm conforme tabela 7, com capacidade de locomoção, não apresentam nenhum evento neurológico e cardíaco anterior e não estão utilizando medicação que afete a cognição. Tabela 5. Índice Massa Corporal (IMC) das amostras Fonte: VIANA. A. C. C. (2018). Amostras Peso Corporal Altura IMC 1 117,8 1,62 44,9 2 78,5 1,44 37,8 3 127 1,72 42,9 4 97,3 1,58 37,63 5 122 1,79 38,12 6 139,7 1,80 43,11 7 115 1,75 37,55 8 120 1,65 44,07 9 101 1,63 38,01 10 105 1,50 46 11 108 1,62 41,22 12 120 1,72 40,5 13 140 1,71 47,8 14 138 1,70 47,7 15 135 1,72 45,6 16 135 1,90 37,4 17 122 1,71 41,17 18 90 1,45 42,3 19 130 1,70 44,9 20 104,6 1,63 39,3 Média±DP 117,3 ± 17,33 1,67 ± 0,11 41,90 ± 3,53 31 Tabela 6. Comportamento da Pressão Arterial (PAS/PAD) das amostras em repouso e após o TC6M. Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). Tabela 7. Comportamento da Frequência Cardíaca (FC) das amostras em repouso e após o TC6M e escala subjetiva de esforço (Borg). Fonte: VIANA. A. C. C. (2018). PAS PAD PAS PAD 1 140 100 240 140 2 120 100 160 120 3 120 80 150 80 4 110 80 160 90 5 120 90 160 90 6 140 100 200 120 7 120 80 140 80 8 140 100 160 80 9 120 80 140 80 10 120 70 150 90 11 140 90 180 100 12 120 80 160 90 13 140 90 160 100 14 140 100 200 110 15 110 70 160 90 16 140 90 180 110 17 140 80 200 110 18 120 100 190 80 19 110 70 160 90 20 140 90 180 90 Média±DP 127,5 ± 12,6 87 ± 10,8 171,5 ± 24,7 97 ± 16,6 Amostras PRESSÃO ARTERIAL DE REPOUSO PRESSÃO ARTERIAL APÓS TC6M Amostras FC máxima das amostras FC repouso FC pós teste FC teste % da FCmáx Escala subjetiva de esforço (Borg) 1 202 80 145 72 5 2 176 99 134 76 6 3 200 88 140 70 7 4 170 74 89 52 4 5 181 93 104 57 6 6 181 96 126 70 7 7 193 74 89 46 4 8 198 100 126 64 7 9 202 77 123 61 6 10 170 65 120 71 6 11 178 80 141 79 5 12 194 78 162 84 7 13 174 58 150 86 7 14 182 75 168 92 7 15 170 78 146 86 5 16 177 83 160 90 6 17 185 85 167 90 7 18 178 89 163 92 7 19 187 77 150 80 5 20 180 85 156 87 5 Média±DP 180,3 ± 10,16 81,7 ± 10,6 137 95 ± 24,03 77 ± 13,66 5,95 ± 1,05 Nota: Para o cálculo da FC máxima, foi usado a fórmula revisada por Karvonen et. Al (1957) , onde: 226 – a sua idade, se for mulher, 220 – a sua idade, se for homem. A porcentagem foi equacionada em uma regra de três. 32 6.1.2 Critérios de exclusão Os critérios de avaliação para exclusão na pesquisa foram: incapacidade cardiorrespiratória para realizar pequenos esforços, limitações articulares, deformações osteomusculares e eventos de perda de consciência. 6.2 Local O local escolhido para pesquisa foi o centro cirúrgico “Clinica Sgorlon” localizado na cidade de Ribeirão Preto no estado de São Paulo, Brasil. Os pacientes foram encaminhados para um local aberto e arejado demonstrado espaço suficiente para a realização do teste de caminhada. 6.3 Materiais Para realização desta pesquisa, foram utilizados: Aparelho de aferição da pressão arterial, Esfigmomanômetro (composto pelo manômetro e manguito) dofabricante: P.A. MED Produtos médicos data de fabricação 2016, e Estetoscópio do fabricante: P.A. MED data de fabricação 2016 (Figura 3). Oxímetro de pulso da fabricante: ChoiceMMed número de série – 151406300312; Modelo – 300-C1; Registro da Anvisa –10317700016 (Figura 3). Figura 3. Equipamentos utilizados para aferição da pressão arterial, frequência cardíaca e oxigenação. 33 Termo de consentimento livre esclarecido, onde cada paciente atesta a ciênciae aceitação dos termos da pesquisa (Apêndice 2). Questionário de qualidade de vida (SF-36), utilizado para levantamento das informações relacionadas com os hábitos, a saúde e a qualidade de cada paciente (Anexo 1). Protocolo de teste físico TC6M, da American Thoracic Society, cuja aplicação exige a utilização dos equipamentos relacionados no quadro abaixo: Quadro 1. Equipamentos requeridos para realização do TC6M. EQUIPAMENTOS REQUERIDOS 1. Temporizador de contagem regressiva (ou cronômetro) 2. Contador mecânico de voltas 3. Dois pequenos cones para marcar os pontos de retorno 4. Uma cadeira que pode ser facilmente movida ao longo do curso de caminhada 5. Planilhas numa prancheta 6. Uma fonte de oxigênio 7. Esfigmomanômetro 8. Telefone 9. Desfibrilador eletrônico automatizado Fonte: American Thoracic Society (2002). 6.3.1 Questionário SF-36 Criado originalmente na língua inglesa, de fácil aplicação e compreensão, o questionário (SF-36) Medical Outcomes Short-Form Health Survey, é um instrumento de avaliação genérica de saúde, constituído por 36 questões objetivas, relacionadas com os hábitos, a saúde e a qualidade de vida do paciente. O questionário abrange oito componentes: capacidade funcional, aspectos fisicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental, sendo traduzido e validado no Brasil, em tese de doutorado, por Ciconelli, em 1997. O questionário avalia tanto os aspectos positivos (saúde) quanto negativos (doença ou enfermidade) (CICONELLI, 1997). 34 Cálculo do escore do SF-36 Fase 1- Ponderação dos dados QUESTÃO PONTUAÇÃO 01 Se a resposta for: 1 5,0 2 4,4 3 3,4 4 2,0 5 1,0 02 Manter o mesmo valor 03 Soma de todos os valores 04 Soma de todos os valores 05 Soma de todos os valores 06 Se a resposta for: 1 5 2 4 3 3 4 2 5 1 07 Se a resposta for: 1 6,0 2 5,4 3 4,2 4 3,1 5 2,2 6 1,0 08 A resposta da questão 8 depende da nota da questão 7 Se 7=1 e se 8=1 o valor daquestão é 6 Se 7=2 a 6 e se 8=1 o valor daquestão é 5 Se 7=2 a 6 e se 8=2 o valor daquestão é 4 Se 7=2 a 6 e se 8=3 o valor daquestão é 3 Se 7=2 a 6 e se 8=4 o valor daquestão é 2 Se 7=2 a 6 e se 8=5 o valor daquestão é 1 Se a questão 7 não for respondida, o escore da questão 1 passa ser o seguinte: Se a resposta for 1 a pontuação será 6 Se a resposta for 2 a pontuação será 4,75 Se a resposta for 3 a pontuação será 3,5 Se a resposta for 4 a pontuação será 2,25 Se a resposta for 5 a pontuação será 1,0 09 Nesta questão, a pontuação para os itens a,d,e,h, deberá seguir a seguinte orientação: Se a resposta for 1 o valor será 6 Se a resposta for 2 o valor será 5 Se a resposta for 3 o valor será 4 Se a resposta for 4 o valor será 3 Se a resposta for 5 o valor será 2 Se a resposta for 6 o valor será 1 Para os demais itens (b,c,f,g,i) o valor deverá ser mantido o mesmo. 10 Considerar o mesmo valor 11 Nesta questão os itens deverão ser somados, porém nos itens b,d 35 deve-se seguir a seguinte pontuação: Se a resposta for 1 o valor será 5 Se a resposta for 2 o valor será 4 Se a resposta for 3 o valor será 3 Se a resposta for 4 o valor será 2 Se a resposta for 5 o valor será 1 Fase 2: Cálculo do Raw Scale Nesta fase aplica-se o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios que variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor para cada domínio. É chamado de raw scale porque o valor final não apresenta nenhuma unidade de medida. Domínios: Capacidade funcional Limitação por aspectos físicos Dor Estado geral de saúde Vitalidade Aspectos sociais Aspectos emocionais Saúde mental Para isso aplica-se a seguinte fórmula para o cálculo de cada domínio: Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100 Variação (Score Range) Na fórmula, os valores de limite inferior e variação (Score Range) são fixos e estão estipulados na tabela abaixo. Tabela 8.Valores de limite inferior e variação (Score Range) Domínio Pontuação das questões correspondidas Limite inferior Variação 36 Capacidade funcional 03 10 20 Limitação por aspectos físicos 04 4 4 Dor 07 + 08 2 10 Estado geral de saúde 01 + 11 5 20 Vitalidade 09 (somente os itens a + e + g + i) 4 20 Aspectos sociais 06 + 10 2 8 Limitação por aspectos emocionais 05 3 3 Saúde mental 09 (somente os itens b + c + d + f + h) 5 25 Exemplos de cálculos: Capacidade funcional: (ver tabela 8) Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100 Variação (Score Range) Capacidade funcional: 21 – 10 x 100 = 55 20 O valor para o domínio capacidade funcional é 55, em uma escala que varia de 0 a 100, onde o zero é o pior estado e cem é o melhor. Dor (ver tabela) - Verificar a pontuação obtida nas questões 7 e 8,por exemplo: 5,4 e 4, portanto somando-se as duas, teremos: 9,4 - Aplicar fórmula: Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100 Variação (Score Range) Dor: 9,4 – 2 x 100 = 74 10 O valor obtido para o domínio dor é 74, numa escala que varia de 0 a 100, onde zero é o pior estado e cem é o melhor. Assim, você deverá fazer o cálculo para os outros domínios, obtendo oito notas no final, que serão mantidas separadamente, não se podendo somá-las e fazer uma média. 6.3.2 Teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) 37 O teste de caminhada de seis minutos (TC6M) trata-se de uma adaptação do teste de Cooper (1968) de 12 minutos, que era aplicado para pessoas saudáveis, onde o avaliado percorria preferencialmente corrida por 12 minutos a maior distância possível, determinando- se dessa forma a relação entre aptidão física e o consumo máximo de oxigênio (ENRIGHT et al., 2003). Segundo Enright, et al. (2003), para ser aplicado em pessoas portadoras de doenças, esse teste sofreu adaptações que permitem hoje ser muito utilizado em populações portadoras de patologias cardíacas e pulmonares, assim como para avaliar a capacidade submáxima em exercício. Além de avaliar a capacidade física, o TC6M também avalia a capacidade funcional ou a habilidade em realizar tarefas cotidianas, sendo um importante teste para avaliação dinâmica e conduta clínica em individuos que não apresentam condições clínicas para a realização de provas físicas com esforço máximo (RODRIGUES; MENDES; VIEGAS, 2004). Outra grande vantagem deste teste é a forma comum do exercício, ou seja, a caminhada (ação mecânica natural) em um terreno plano, diferente dos testes que se utiliza de ergômetros como esteira, uma vez que nem todos os indivíduos estão familiarizados com esse tipo de equipamento (SWERTS; MOSTERT; WOUTERS, 1990). Segundo Silva, et al. (2015), o teste (TC6M) consiste em caminhar o mais rápido possível no tempo de seis minutos, porém, é o avaliado quem determina a intensidade ou velocidade da caminhada, o que faz deste um teste submáximo e, entendendo que a maioria das atividades realizadas no cotidiano é em nível submáximo, acredita-se que este teste retrate melhor as atividades físicas diárias do que os testes de caráter máximo. Para realização do teste, o paciente deverá usar roupas confortáveis e um calçado adequado para caminhada, não deve se alimentar nas duas horas prévias ao teste, estar em repouso há nomínimo 15 minutos e caso faça uso de medicação prescrita, não deve suspender o uso. O teste deverá ser realizado em um terreno com superficie contínua e plana, sem obstáculos e fluxo de pessoas, com demarcações a cada um ou três metros, em ambiente fechado ou aberto, desde que em condições agradáveis de temperatura. O avaliado deve caminhar em ritmo próprio sozinho sem conversar com as pessoas presentes a maior metragem possível, sendo orientado a relatar as possíveis alterações cardiorrespiratórias percebidas pelo mesmo, estando ciente que poderá reduzir o ritmo para relaxar, e assim que sentir-se capaz, retornar ao ritmo da caminhada (RONDELLIA, et al., 2017) Antes de realizar o teste devem ser coletados os seguintes dados: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), pressão arterial (PA), oximetría de pulso e nível de 38 dispinéia (escala de esforço percebido de Borg modificada) (figura 5), além das contraindicações: angina instável, infarto agudo do miocárdio recente, frequência cardíaca de repouso maior que 120 bpm, pressão arterial sistólica maior que 180mmHg e pressão arterial diastólica maior que 100mmHg. Ao final do teste verificam-se quantos metros o paciente percorreu neste tempo e os dados vitais deverão ser novamente averiguados (BRITO; DE SOUZA, 2017). De acordo com Enright e Sherrill (1998), para determinar a distância caminhada prevista para o avaliado, utiliza-se as seguintes equações: Homens: distância TC6M (m) = (7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso Kg) – 309m e Mulheres: distância TC6M (m) = (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso Kg) – (5,78 x idade) + 667. Para estimar o valor do consumo de oxigênio (V02) no pico usa se fórmula (VO2 no pico(ml/kg/min) = 0,023X distância (mts) + 4,948) que se correlaciona com a VO2 diretamente mensurada (r = 0,64) (MARCON, 2015). Os fatores como idade, sexo, peso, altura, índice de massa corpórea, presença de patologias limitantes podem ser variáveis independentes que associadas podem influenciar diretamente nos resultados do TC6M (ENRIGHT; SHERRILL, 1998). Figura 4. Ilustração da distância a ser percorrida durante a realização do teste de caminhada de seis minutos (TC6M). 39 Figura 5 -Escala Modificada de Borg. 6.4 Procedimentos Os pacientes que participaram da pesquisa foram submetidos às avaliações médicas, psicológicas, odontológicas e de saúde pela equipe multidisciplinar integrante do centro cirúrgico Sgorlon. A clínica disponibilizou o prontuário clínico dos dados das amostras para incorporar o estudo (peso e altura). Os pacientes foram convidados a preencherem o termo de consentimento livre esclarecido, e em seguida aplicação do questionário (SF-36). O questionário de qualidade de vida (SF-36) foi aplicado em ambiente privativo por um único examinador, em forma de entrevista. Em seguida foi fornecido aos participantes uma apresentação sobre a importância da manutenção do exercício físico como fator de promoção à saúde. Após às explicações sobre o trabalho e coleta do questionário, foram submetidos à coleta de medidas clínicas (frequência cardíaca de repouso, pressão arterial de repouso e oxigenação periférica em repouso). Após a coleta dos dados iniciais, os indivíduos realizaram teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) em ritmo acelerado em uma área demarcada medindo em sua perimetria total de 30 metros, com demarcações de 3 em 3 metros. A distância foi registrada para a realização do cálculo correspondente ao volume de oxigênio (VO2 pico) utilizado no teste. Ao encerrar a caminhada apresentou-se a tabela correspondente à escala subjetiva de esforço (0 à 10), cujo tabela classificou a intensidade do esforço do paciente segundo sua percepção. 0 Nenhuma 0,5 Muito, muito fraco 1 Muito leve 2 Leve 3 Moderada 4 Pouco intensa 5 Intensa 6 7 Muito intensa 8 9 Muito, muito intensa 10 Màxima Escala modificada de Borg 40 Paralelamente foi aferido novamente os seguintes dados: frequência cardíaca pós teste, pressão arterial pós teste e oxigenação pós teste. Os dados foram tabelados e passaram por uma análise estatística. Os dados paramétricos foram apresentados em média e desvio padrão e os dados não paramétricos, apresentados em mediana e quartis. Nos cálculos utilizados para comparar individualmente os resultados obtidos nos dados clínicos, no consumo de oxigênio (VO2 pico) e score de qualidade de vida, foi utilizada ANOVA (Análise de variância), que avalia a importância de um ou mais fatores, comparando as médias de variáveis de resposta nos diferentes níveis de fator. O software utilizado nessa pesquisa foi o SigmaPlot 11.0 (Fabricante: Systat Software, Inc). 41 7 RESULTADOS Na aplicação do questionário SF-36 para avaliar os oito domínios por ele proposto (capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado de saúde em geral, vitalidade, aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental), obtivemos os valores de média e desvio padrão (média±DP) apresentados na tabela 9. Os resultados obtidos demonstraram que os domínios capacidade funcional, aspectos físicos, dor, aspectos sociais e saúde mental, obtiveram pontuação acima da média. Já os domínios vitalidade e aspectos emocionais obtiveram pontuação abaixo da média. Ao calcular a média geral de todos os dominios chegamos ao valor 51,62 de um total possível de 100, que expressa a percepção da qualidade de vida dos individuos. Tabela 9. Demontrativo dos resultados do score obtidos do questionário SF-36 Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). Na aplicação do TC6M, baseado na fórmula preditiva (V02 pico (ml/kg/min) = 0,023X distância (mts) + 4,948) de Marcon, Gus e Neumann (2011), tivemos condições de obter o Amostra Capacidade funcional Limitação por aspectos físicos Dor Estado de saúde em geral Vitalidade Aspectos sociais Limitação por aspectos emocionais Saúde mental 1 85 50 31 5 10 12 0 0 2 65 25 51 27 60 50 33 60 3 55 75 41 27 35 50 100 64 4 80 100 64 70 30 62 0 56 5 75 25 51 67 50 50 0 48 6 65 0 52 47 45 37 0 80 7 95 100 72 42 90 100 100 100 8 70 75 40 15 20 50 100 24 9 80 100 0 30 25 25 33 32 10 60 75 51 17 75 75 66 84 11 50 0 51 57 25 75 0 52 12 90 100 100 80 80 100 100 92 13 80 100 51 47 45 50 0 36 14 90 100 72 67 50 50 100 60 15 95 50 30 35 35 75 66 32 16 70 50 40 30 45 62 33 44 17 70 50 40 30 40 50 33 40 18 25 0 20 10 25 25 33 28 19 70 75 41 42 50 50 66 48 20 75 50 41 30 50 75 0 48 Média±DP 72,25 ± 16,74 60 ± 34,73 46,95 ± 20,76 38,75 ± 20,98 44,25 ± 20,47 56,15 ± 22,82 43,15 ± 40,57 51,4 ± 24,46 Média Geral ± DP 51,62 ± 17,68 RESULTADO DO QUESTIONÁRIO SF-36 42 VO2 pico denominado como VO2 pico encontrado no TC6M e realizamos a comparação entre VO2 pico previsto e VO2 pico encontrado no TC6M, conforme apresentado na tabela 10. Como resultado observamos que a diferença expressa em porcentagem entre as duas variáveis metabólicas (VO2 pico previsto e VO2 pico encontrado no TC6M), é de apenas cinco por cento (5%) (± DP 5,27 ± 11,6). Na identificação da capacidade funcional das amostras por meio de avaliação de teste de campo submáximo TC6M (Teste de Caminhada de Seis Minutos), foi demonstrado pelos indivíduos estudados um condicionamento funcional próximo do esperado para sua condição atual (diferença média de apenas 5,27% entre o VO2 pico previsto e o VO2 pico encontrado no TC6M). Tabela 10. Comparação entre VO2 pico previsto e VO2 pico encontrado do TC6M Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). Previsto Encontrado no TC6M 1 21,99 19,37 -11,92 2 19,06 18,02 -5,48 3 21,64 20,81 -3,85 4 17,60 20,57 16,90 5 23,05 21,71 -5,80 6 22,34 22,16 -0,80 7 21,44 13,52 -36,95 8 21,34 19,91 -6,68 9 23,21 20,27 -12,66 10 16,55 17,48 5,62 11 18,50 20,78 12,31 12 21,08 19,58 -7,12 13 19,2217,75 -7,67 14 20,31 18,71 -7,89 15 19,11 20,63 7,94 16 24,26 20,78 -14,33 17 21,83 17,63 -19,25 18 18,65 17,48 -6,27 19 21,47 21,77 1,40 20 19,19 18,62 -2,95 Média±DP 20,59 ± 2,02 19,38 ± 2,04 5,27 ± 11,6 % da diferenca das médias VO2 pico previsto do encontrado: -5,88 VO2 pico das amostras Amostras % VO2 pico previsto do encontrado do TC6M 43 Os valores de VO2 pico obtidos a partir da aplicação do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) na amostra e os resultados da análise das suas respostas (score) ao questionário SF-36, foram tabelados e suas médias e desvios padrão foram calculados. Todos estes dados estão demonstrados na tabela 11. Esses parâmetros permitiram evoluir para o cálculo da correlação regressiva linear. Tabela 11. Demontrativo dos valores de VO2 pico obtidos a partir da aplicação do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e SCORE do questionário SF-36 Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). A partir destes dados, foi possível calcular a correlação regressiva e linear (r) entre os valores de VO2 pico encontrado no TC6M e o score de cada domínio, e assim, concluir a respeito da existência (ou não) da relação entre o condicionamento funcional de cada paciente (cujo indicador utilizado foi o VO2 pico) e a qualidade de vida (cujos indicadores utilizados foram os oitos domínios do questionário SF-36). O cálculo da correlação regressiva linear “r” demonstrou que, dos oito domínios estudados no questionário SF-36, sete apresentaram valores de “r” entre 0,0 e 0,3 o que indica, de acordo com o padrão de análise da correlação entre duas variáveis, que existe uma TC6M VO2 pico encontrado Capacidade funcional Limitação por aspectos físicos Dor Estado de saúde em geral Vitalidade Aspectos sociais Limitação por aspectos emocionais Saúde mental 1 19,37 85 50 31 5 10 12 0 0 2 18,02 65 25 51 27 60 50 33 60 3 20,81 55 75 41 27 35 50 100 64 4 20,57 80 100 64 70 30 62 0 56 5 21,71 75 25 51 67 50 50 0 48 6 22,16 65 0 52 47 45 37 0 80 7 13,52 95 100 72 42 90 100 100 100 8 19,91 70 75 40 15 20 50 100 24 9 20,27 80 100 0 30 25 25 33 32 10 17,48 60 75 51 17 75 75 66 84 11 20,78 50 0 51 57 25 75 0 52 12 19,58 90 100 100 80 80 100 100 92 13 17,75 80 100 51 47 45 50 0 36 14 18,71 90 100 72 67 50 50 100 60 15 20,63 95 50 30 35 35 75 66 32 16 20,78 70 50 40 30 45 62 33 44 17 17,63 70 50 40 30 40 50 33 40 18 17,48 25 0 20 10 25 25 33 28 19 21,77 70 75 41 42 50 50 66 48 20 18,62 75 50 41 30 50 75 0 48 Média±DP 19,38 ± 2,04 72,25 ± 16,74 60 ± 34,73 46,95 ± 20,76 38,75 ± 20,98 44,25 ± 20,47 56,15 ± 22,82 43,15 ± 40,57 51,4 ± 24,46 SCORE DO QUESTIONÁRIO SF-36 Amostra 44 correlação fraca ou inexistente entre o VO2 pico e os domínios na amostra analisada. Estes sete domínios são: capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado de saúde geral, aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental. Apenas o dominio “vitalidade” apresentou uma correlação com o VO2 pico entre 0,3 e 0,6(r=0,472), que, de acordo com o padrão de análide da correlação, é considerada correlação moderada. O VO2 pico não apresentou correlação forte com qualquer dos domínios estudados na amostra como pode ser observado na tabela 12. Observa- se na tabela, que o domínio “capacidade funcional” apresentou o score mais homogêneo dentre todos os domínios estudados, sendo esta afirmativa reforçada pelo valor do desvio padrão obtido (DP±16,74). Entretanto, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) e o domínio capacidade funcional, gerou um r= 0,0992. De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. 45 Tabela 12. Correlação regressiva linear (r) relacionando VO2 pico obtido a partir da aplicação do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e o SCORE do questionário SF-36 Dessa forma, os valores de VO2 pico encontrados no presente estudo, não influenciaram no aspecto capacidade funcional, provavelmente pelo fato das amostras do presente trabalho estarem participando de algum programa de atividade física. O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico 2, confirma essa afirmação. Gráfico 2: Relação entre o VO2 pico encontrado e capacidade funcional VO2 pico (média ± DP) Domínios (SF-36) Domínio SF-36 (média ± DP) Correlação ( r ) Resultado 19,38 ± 2,040 Capacidade funcional 72,25 ± 16,74 r = 0,0992 Correlação fraca ou inexistente 19,38 ± 2,040 Limitação por aspectos físicos 60 ± 34,73 r = 0,268 Correlação fraca ou inexistente 19,38 ± 2,040 Dor 56,95 ± 20,76 r = 0,192 Correlação fraca ou inexistente 19,38 ± 2,040 Estado de saúde em geral 38,75 ± 20,98 r = 0,241 Correlação fraca ou inexistente 19,38 ± 2,040 Vitalidade 44,25 ± 20,47 r = 0,472 Correlação Moderada 19,38 ± 2,040 Aspectos sociais 56,15 ± 22,82 r = 0,297 Correlação fraca ou inexistente 19,38 ± 2,040 Limitação por aspectos emocionais 43,15 ± 40,57 r = 0,261 Correlação fraca ou inexistente 19,38 ± 2,040 Saúde mental 51,4 ± 24,46 r = 0,264 Correlação fraca ou inexistente Nota: Correlação (r) envolve a relação entre duas variáveis: = (-1.0 < = r < = 1.0) onde, r = +1: correlação perfeita e positiva / r = -1: correlação perfeita e negativa / r = 0: não ha qualquer correlação / 0.6 < = r < 1.0: correlação forte / 0.3 < = r < 0.6: correlação moderada / 0.0 < r < 0.3: correlação fraca ou inexistente. Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). 46 Pode-se observar no gráfico 3 que o domínio “aspectos físicos” (representado no eixo y) apresentou o score (média ±DP 60±34,73), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o domínio aspecto físico gerou um (r= 0,268). De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Dessa forma o VO2 pico não influenciou no aspecto físico das amostras estudadas. O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. Gráfico 3: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto físico 47 Observa-se no gráfico 4 que o dominio “aspecto dor” (representado no eixo y) apresentou o score (média ±DP 46,95±20,76). Porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o dominio aspecto dor, gerou um (r= 0,192). De acordo com o padrão de interpretação do médoto, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Assim, o VO2 pico não influenciou no aspecto dor das amostras estudadas.O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. Gráfico 4: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto dor No gráfico 5, o dominio “saúde em geral” (representado no eixo y) apresentou o score (média ±DP 38,75 ± 20,98), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o dominio aspecto dor, gerou um (r= 0,241). De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Assim, o VO2 pico não influenciou no domínio saúde geral das amostras estudadas.O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. Gráfico 5: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto saúde em geral 48 No gráfico 6 observa-se que o dominio “vitalidade” (representado no eixo y) apresentou o score (média±DP 44,25±20,47), e a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o dominio aspecto vitalidade, gerou um (r= 0,472). De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação moderada (0.3 < = r < 0.6: correlação moderada). Dessa forma o VO2 pico não influenciousignificativamente no domínio vitalidade das amostras estudadas. O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico confirma essa afirmação. Gráfico 6: Relação entre o VO2 pico encontrado e vitalidade 49 Observa-se no gráfico 7 que o dominio “aspectos sociais” (representado no eixo y) apresentou o score (média ±DP 56,15±22,82), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o domínio aspectos sociais, gerou um (r= 0,297). De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Assim, o VO2 pico não influenciou no domínio aspectos socias das amostras estudadas.O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. Gráfico 7: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto social Pode-se observar no gráfico 8 que o dominio “limitação por aspectos emocionais” (representado no eixo y) apresentou o score (média ±DP 43,15±40,57), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o domínio limitação por aspectos emocionais, gerou um (r= 0,261). De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Dessa forma o VO2 pico não influenciou no domínio limitação por aspectos emocionais. O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. Gráfico 8: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto emocional 50 No gráfico 9, o domínio “saúde mental” (representado no eixo y) apresentou o score (média ±DP 51,4 ± 24,46), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o dominio saúde mental, gerou um (r= 0,264). De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Assim, o VO2 pico não influenciou no domínio saúde mental. O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. Gráfico 9: Relação entre o VO2 pico encontrado e saúde mental 51 8 DISCUSSÃO Vasconcelos e Costa Neto (2008), avaliaram uma amostra de 30 pacientes obesos pré- cirúrgicos, de ambos os sexos, com idade entre 20 e 60 anos, as dimensões capacidade funcional, aspecto físico, dor e vitalidade, tiveram pontuação abaixo da média, enquanto aspectos sociais e saúde mental ficaram acima da média. A percepção da qualidade de vida antes da cirurgia bariátrica apresentou perda expressiva no bem estar físico, mas houve preservação da qualidade de vida nos aspectos sociais e saúde mental. O estudo afirma que provavelmente esses resultados se devem ao fato desses pacientes terem sido assistidos por uma equipe multiprofissional de saúde por 24 meses. Comportamento igualmente heterogêneo foi verificado no presente estudo, visto que a média não foi alcançada nos aspectos estado de saúde em geral, vitalidade e saúde mental, enquanto limitação por aspectos emocionais, dor e aspectos sociais ficaram bem próximos da média, e apenas capacidade funcional e limitação por aspectos físicos ficaram acima da média. Em resumo, os aspectos emocionais, mentais, vitalidade e dor, do SF-36 foram os mais afetados pela obesidade, enquanto os aspectos físicos e funcionais não sofreram tanta influencia da obesidade. Como os indivíduos participantes da presente pesquisa também estão sendo acompanhados por profissionais da saúde, isto pode estar impactando positivamente na percepção dos aspectos físicos e funcionais. Tavares et. al (2010) afirma que, com o crescente aumento da obesidade, ocorre uma queda na qualidade de vida, em especial em indivíduos com IMC > 40,0 kg/m 2 , que associados a comorbidades influenciam diretamente o bem-estar físico, emocional e psicossocial. Segundo o autor, a má percepção da qualidade de vida de pacientes obesos é evidente, devido a um afastamento social desses indivíduos. Segala, et. al. (2002) demonstra que a presença da obesidade grau III está associada à piora da qualidade de vida, alta frequência de comorbidade, redução da expectativa de vida e grande probabilidade de fracasso dos tratamentos menos invasivos. Analisando o score médio entre os oito domínios, que foi 51,62 de um total possível de 100, verificamos que a obesidade gerou sim, declínio significativo na percepção da qualidade de vida pelos pacientes estudados, tal como proposto em estudos anteriores. Diante disso, restava estudarmos a influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em 52 pacientes, através da medição do VO2 pico, e verificar se havia correlação direta entre estas variáveis. De acordo com as respostas fornecidas por cada paciente ao questionário SF-36, indivíduos obesos tanto podem demonstrar boa percepção quanto à sua qualidade de vida, quanto podem ter essa percepção bastante declinada, independentemente da faixa de VO2 pico encontrada, ou seja, alguns pacientes com VO2 pico elevado demonstraram através de suas respostas ao questionário que têm boa percepção quanto à sua qualidade de vida, enquanto outros demonstraram que houve perda significativa da qualidade de vida, devido aos fatores relacionados com a obesidade. O mesmo comportamento foi verificado em pacientes com VO2 pico mediano, e também em pacientes com VO2 pico baixo. Isto nos leva a entender que não há relação direta entre o VO2 pico e a percepção da qualidade de vida. Este fato é confirmado através da ausência de correlação entre estes dois fatores nos oito domínios estudados, conforme demonstrado nos resultados. Provavelmente outros fatores, possam ter relação direta com a capacidade funcional de indivíduos obesos, mas não o VO2 pico aferido através do teste de caminhada TC6M. 53 9 CONCLUSÃO O presente estudo nos permitiu, através da aplicação do questionário SF-36, concluir que pacientes obesos eleitos para cirurgia bariátrica apresentam declínio significativo na percepção da qualidade de vida, mas que esta percepção varia muito entre os individuos. Os aspectos emocionais, mentais e dor, do SF-36 foram os mais afetados pela obesidade, enquanto os aspectos físicos, social e funcionais não sofreram tanta influencia. Esta melhor percepção a respeito dos aspectos físicos, sociais e funcionais pode estar relacionada com o fato de que os individuos estudados são acompanhados por uma equipe multidisciplinar de saúde. A aplicação do teste de campo submáximo TC6M (Teste de Caminhada de seis Minutos) permitiu aferir a capacidade funcional das amostras através do VO2 pico e observar que o VO2 pico médio encontrado foi próximo ao VO2 pico previsto para as condições dos pacientes. Esta situação também pode estar relacionada com o acompanhamento profissional dispensado aos individuos estudados, visto que estes apresentaram condicionamento físico apenas 5,27% abaixo do esperado. Quando relacionamos a capacidade funcional com a qualidade de vida das amostras, cruzando os resultados do SF-36 e do TC6M, verificamos que não houve correlação entre o VO2 pico encontrado e os oito domínios do SF-36, o que nos leva a concluir que o VO2 pico encontrado não pode ser utilizado como indicador da percepção da qualidade de vida nos pacientes estudados, por não ter sido verificada qualquer correlação entre os dois fatores. Ao identificar se a obesidade é fator preponderante no condicionamento funcional das amostras, os resultados apresentados no presente estudo não confirmam esse fato, ou seja, a obesidade não é fator preponderante no condicionamento funcional das amostras do estudo. Por fim, com base nos resultados obtidos nesssa pesquisa é possível concluir de forma geral que, não existe correlação significativa entre o condicionamento funcional obtido através do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e os oitos domínios estudados no questionário
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