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A influência da capacidade funcional

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DEPARTAMENTO DE SPORT 
 
 
 
 
 
 
 
A influência da capacidade funcional 
sobre a qualidade de vida em pacientes eleitos para 
cirurgia bariátrica. 
 
 
 
 
 
Antônio César Correa Viana 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO 
2018 
 
 
Antônio César Correa Viana 
 
 
 
 
 
A influência da capacidade funcional 
sobre a qualidade de vida em pacientes eleitos para 
 cirurgia bariátrica. 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Universidad Europea 
del Atlántico, como parte das exigências para 
obtenção do título de Mestre em Atividade Física 
e Saúde. 
 
Orientação: Prof. Dra. Amélia Stein 
Coorientador: Prof. Me. Renan Floret Turini 
Claro 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO 
2018 
 
 
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE 
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA 
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Viana, A.C.C. 
A influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em pacientes eleitos 
para cirurgia bariátrica. 74p.; 30 cm. 
Dissertação de mestrado apresentada à Universidad Europa del Atlántico, Departamento 
de Sport. 
Orientador: Prof. Dra. Amélia Stein. 
1. Cirurgia bariátrica. 2. Atividade física. 3. Qualidade de vida. 4. Obesidade mórbida. 
5. Capacidade física. 
 
 
TERMO DE COMPROMISSO 
 
 
 
 
Eu, Antônio César Viana, declaro que: 
 
O conteúdo do presente documento é um reflexo do meu trabalho pessoal e manifesto que, 
diante de qualquer notificação de plágio, cópia ou prejuízo à fonte original, sou responsável 
direto legal, financeira e administrativamente, sem afetar o Orientador do trabalho, a 
Universidade e as demais instituições que colaboraram neste trabalho, assumindo as 
consequências derivadas de tais práticas. 
 
 
 
 
 
 
 
Assinatura: ___________________________ 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICO: este trabalho a pessoa a qual mais preso nessa vida, minha 
mãe Vera, e a todos aqueles profissionais que atuam diretamente ou 
indiretamente na promoção de saúde e melhora na qualidade de vida 
de pessoas com obesidade. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Inicio agradecendo ao Deus no qual acredito pelas oportunidades a cada dia de 
transformação e conhecimento, e por ter colocado em meu caminho pessoas tão especiais, 
sem as quais eu não teria cumprido essa fase importante da minha vida. 
 
A minha grande amiga Ercia Rocha Santos, por sempre estar ao meu lado 
incondicionalmente para que eu pudesse realizar esse trabalho e tantos outros projetos; 
 
Ao meu grande amigo e coorientador Prof. Me. Renan Floret Turini Claro, pela 
contribuição na minha pesquisa e carreira, e pelo grande respeito que exerce nossa amizade; 
 
A minha orientadora Prof. Dra. Amélia Stein, pela atenção dedicada em minha 
orientação de como conduzir uma pesquisa científica de forma coesa; 
 
A minha amiga Adriana Poli, pela ajuda com esse material e pela paciência em dar o 
suporte nos cálculos e normas da dissertação; 
 
Ao meu grande amigo Clever Jucene dos Santos Junior pelo apoio de sempre nas 
pequenas e grandes decisões profissionais e pessoais; 
 
Ao Dr. Flávio Patta por acreditar e confiar no meu trabalho e contribuir de forma 
significativa e fundamental para que esse trabalho pudesse ser concretizado; 
 
A querida e adorável enfermeira Rosangela de Souza da Clínica Sgorlon que com muita 
dedicação organizou as amostras para a devida coleta de dados para esta pesquisa; 
 
Ao meu amigo Alex Nobasco por ceder seu espaço (Studio Formonn) para a realização 
de pesquisa de campo; 
 
Aos pacientes eleitos a cirurgia bariátrica que se dispuseram a contribuir para o sucesso 
desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Olhar para trás após uma longa caminhada 
pode fazer perder a noção da distância que 
percorremos, mas se nos detivermos em nossa 
imagem, quando a iniciamos e ao término, 
certamente nos lembraremos o quanto nos custou 
chegar até o ponto final, e hoje temos a 
impressão de que tudo começou ontem. Não 
somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos 
outros. E é por esse motivo que dizer adeus se 
torna complicado! Digamos então que nada se 
perderá. Pelo menos dentro da gente". 
Guimarães Rosa 
 
 
“Pouco conhecimento faz com que as pessoas se 
sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se 
sintam humildes. É assim que as espigas sem 
grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o 
céu, enquanto que as cheias as baixam para a 
terra, sua mãe“. 
 Leonardo da Vinci 
 
 
RESUMO 
 
A obesidade é uma doença caracterizada pelo aumento da gordura corporal provocando 
alterações fisiopatológicas. Pesquisas recentes demonstram que a população de obesos é de 
aproximadamente 600 milhões de pessoas no mundo e, no Brasil, chega a 82 milhões de 
pessoas, tornando-se um alerta em saúde pública. Porém, ainda existem poucos estudos que 
relacionam a qualidade de vida e a capacidade física em indivíduos obesos em proceso eletivo 
para cirurgia bariátrica. Esta é uma pesquisa transversal com pacientes de um centro de 
cirurgia bariátrica no Brasil. As amostras (pacientes) que participaram da pesquisa foram 
eleitos para realizarem a cirurgia bariátrica e passaram por avaliações médicas, psicológicas, 
odontológicas e de saúde pela equipe multidisciplinar. Para este trabalho, foram recrutados 
aleatoriamente 20 pacientes, com idade entre 24 e 56 anos que cumpriram os critérios 
exigidos pela equipe multidisciplinar e que possuem data marcada para o procedimento 
cirúrgico. Os pacientes responderam ao Questionário de Qualidade de Vida SF-36, o qual 
consiste em um questionário multidimensional formado por 36 itens, englobados em 8 escalas 
ou domínios, que são: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, 
vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental, importante ferramenta para 
obtenção de informações relevantes sobre a importância do exercício físico na saúde e bem 
estar. Para mensurar a capacidade funcional dos pacientes, foi aplicado o protocolo de TC6M 
(teste de caminhada de seis minutos) e para mensurar a qualidade de vida, foi utilizado o 
questionário SF-36. O trabalho visa correlacionar o nível de capacidade funcional com a 
qualidade de vida de indivíduos obesos com ausência de atividade física que chegam ao ponto 
do recurso cirúrgico, além de entender a relação entre a limitação cardiorrespiratória e a 
qualidade de vida de indivíduos obesos. Os resultados deste estudo demonstraram não haver 
correlação significativa entre o condicionamento físico (demonstrado através do teste TC6M) 
e a qualidade de vida da população estudada (demonstrada pelo Questionário de Qualidade de 
Vida SF-36). 
 
Palavras-chave: Cirurgia Bariátrica; Atividade Física; Qualidade de vida; Obesidade mórbida; 
Capacidade física. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Obesity is a disease characterized by increased body fat causing pathophysiological changes. 
Recent research shows that the obese population is approximately 600 million people in the 
world and, in Brazil, reaches 82 million people, becoming a public health alert. However, 
there are still few studies that relate the quality of life and physical capacity in obese 
individuals in elective process for bariatric surgery. This is a cross-sectional survey of patients 
from a bariatric surgery center in Brazil. The samples (patients) that participated in the 
research were elected to perform bariatric surgery and underwent medical, psychological, 
dental and health assessments by the multidisciplinary team. For this study, 20 patients, aged 
between 24 and 56 years, who metthe criteria required by the multidisciplinary team and who 
had a scheduled date for the surgical procedure were recruited randomly. Patients answered 
the SF-36 Quality of Life Questionnaire, which consists of a multidimensional questionnaire 
consisting of 36 items, encompassed in 8 scales or domains, which are: functional capacity, 
physical aspects, pain, general health, vitality, social aspects, emotional aspects and mental 
health, an important tool to obtain relevant information about the importance of physical 
exercise in health and well being. In order to measure the functional capacity of the patients, 
the 6MWT protocol (six-minute walk test) was applied and the SF-36 questionnaire was used 
to measure quality of life. The study aims to correlate the level of functional capacity with 
quality of life of obese individuals with absence of physical activity that reaches the point of 
the surgical resource, in addition to understanding the relationship between cardiorespiratory 
limitation and quality of life of obese individuals. The results of this study demonstrated that 
there was no significant correlation between physical fitness (demonstrated through the 
TC6M test) and the quality of life of the population studied (demonstrated by the SF-36 
Quality of Life Questionnaire). 
 
 
Key words: Bariatric Surgery; Physical activity; Quality of life; Morbid obesity; Physical 
capacity. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS 
 
Figura 1- Média da prevalência da obesidade por idade x peso, nas regiões do mundo ........ 18 
Figura 2- Prevalência Global da obesidade em adultos........................................................... 19 
Figura 3- Equipamentos utilizados para aferição da pressão arterial, frequência cardíaca e 
oxigênação ............................................................................................................................... 32 
Figura 4 - Ilustração da distância a ser percorrida durante a realização do teste de caminhada 
de seis minutos (TC6M) .......................................................................................................... 38 
Figura 5 - Escala Modificada de Borg .................................................................................... 39 
Quadro 1 - Equipamentos requeridos para realização do TC6M ........................................... 33 
Tabela 1 - Classificação do peso em adultos de acordo com IMC ......................................... 20 
Tabela 2 - Gasto energético (Kcal) das atividades realizadas no dia a dia ............................. 24 
Tabela 3 - Efeitos da atividade física regular na mobilização de lipídeos.............................. 26 
Tabela 4 - Dados das amostras ............................................................................................... 29 
Tabela 5 - Indice Massa Corporal (IMC) das amostras .......................................................... 30 
Tabela 6 - Comportamento da Pressão Arterial (PAS/PAD) das amostras em repouso e após o 
TC6M ...................................................................................................................................... 31 
Tabela 7- Comportamento da Frequência Cardíaca (FC) das amostras em repouso e após o 
TC6M ...................................................................................................................................... 31 
Tabela 8 - Valores de limite inferior e variação (Score Range) ............................................. 35 
Tabela 9 - Demontrativo dos resultados do score obtidos do questionário SF-36 ................. 41 
Tabela 10 - Comparação do VO2 pico previsto do VO2 pico encontrado do TC6M 
relacionado em porcentagens................................................................................................... 42 
Tabela 11 - Demontrativo dos valores de VO2 pico obtidos a partir da aplicação no teste de 
caminhada de seis minutos (TC6M) e SCORE do questionário SF-36 ................................... 43 
 
 
Tabela 12 - Correlação regressiva linear (r) relacionando VO2 pico obtido a partir da 
aplicação do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e o SCORE do questionário 
SF-36 ....................................................................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Crescimento da obesidade e excesso de peso no Brasil, nas últimas décadas ..... 17 
Gráfico 2 - Relação entre o VO2 pico encontrado e capacidade funcional ............................ 45 
Gráfico 3 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto físico ........................................ 46 
Gráfico 4 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto dor ............................................ 47 
Gráfico 5 - Relação entre o VO2 pico encontrado e saúde mental ......................................... 47 
Gráfico 6 - Relação entre o VO2 pico encontrado e vitalidade .............................................. 48 
Gráfico 7 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto social ........................................ 49 
Gráfico 8 - Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto emocional ................................. 49 
Gráfico 9 - Relação entre o VO2 pico encontrado e saúde mental ......................................... 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14 
2 OBESIDADE ....................................................................................................................... 16 
2.1 DEFINIÇÃO DE OBESIDADE ........................................................................................ 19 
2.2 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................ 19 
2.3 TRATAMENTO DA OBESIDADE ................................................................................. 20 
2.4 DADOS ESTATÍSTICOS DE PACIENTES SUJEITOS A CIRURGIA BARIÁTRICA 
NO MUNDO ........................................................................................................................... 21 
2.5 DADOS ESTATÍSTICOS DE PACIENTES SUJEITOS A CIRURGIA BARIÁTRICA 
NO BRASIL ............................................................................................................................ 22 
3 QUALIDADE DE VIDA .................................................................................................... 23 
4 ATIVIDADE FÍSICA ......................................................................................................... 24 
4.1 RECOMENDAÇÕES SOBRE ATIVIDADE FÍSICA NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE
 ................................................................................................................................................. 25 
4.2 ATIVIDADE FÍSICA NA OBESIDADE ......................................................................... 25 
5 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 28 
5.1 OBJETIVOS GERAIS ...................................................................................................... 28 
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 28 
6 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 29 
6.1. AMOSTRA ....................................................................................................................... 29 
6.1.1 Critérios de Inclusão ....................................................................................................... 29 
6.1.2 Critérios de Exclusão ......................................................................................................32 
6.2 LOCAL .............................................................................................................................. 32 
 
 
6.3 MATERIAIS ..................................................................................................................... 32 
6.3.1 Questionário SF-36 ......................................................................................................... 33 
6.3.2 Teste de caminhada de seis minutos (TC6M) ................................................................ 36 
6.4 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................... 39 
7 RESULTADOS ................................................................................................................... 41 
8 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 51 
9 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 54 
ANEXOS ................................................................................................................................ 61 
APÊNDICE ............................................................................................................................ 66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Segundo Koloykin et al. (2001), o termo saúde foi definido pela organização Mundial 
de Saúde, em 1947, como “não apenas a ausência de doença, mas completa função física, 
função social, função funcional, saúde mental e percepções gerais da saúde". 
 Realizada em 21 de Novembro de 1986, a Primeira Conferência Internacional sobre 
Promoção da Saúde, aprovou a Carta de Ottawa, que apresentava orientações para se 
conseguir um conceito ou movimento de saúde em nível mundial, sendo um marco de 
referência para atingir a Saúde para Todos no ano 2000 e seguintes (DE OTTAWA, A. C., 
1986). 
 
Conforme a Carta De Ottawa, A. C., (1986, p. 01) 
 
A Promoção da Saúde é o processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e 
das comunidades para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Para 
atingir um estado de completo bem-estar fisico, mental e social,o indivíduo ou o 
grupo devem estar aptos a identificar e realizar as suas aspirações, a satisfazer as 
suas necessidades e a modificar ou adaptar-se ao meio. Assim, a saúde é entendida 
como um recurso para a vida e não como uma finalidade de vida; 
A saúde é um conceito positivo, que acentua os recursos sociais e pessoais, bem 
como as capacidades físicas. Em consequência, a Promoção da Saúde não é uma 
responsabilidade exclusiva do sector da saúde, pois exige estilos de vida saudáveis 
para atingir o bem-estar. 
 
 
A obesidade, considerada hoje problema de saúde pública, traz muitas consequências 
para a saúde, entre elas distúrbios cardiovasculares, respiratórios, disfunções gastrointestinais, 
dermatológicos, geniturinários, músculo-esqueléticos, neoplasias. O crescente aumento da 
doença, influi diretamente no bem estar físico, psicossocial e emocional, tendo impacto 
significativo sobre o declínio da longevidade e qualidade de vida (TAVARES; NUNES; 
SANTOS, 2010). 
Nos últimos 30 anos, vários países tiveram sua prevalência da obesidade duplicadas e 
até mesmo quadriplicadas, sendo impulsionadas pelo crescimento econômico, mecanização 
do transporte, estilo de vida sedentário, consumo de alimentos processados e dietas altamente 
calóricas (HRUBY; HU, 2015). A prescrição alimentar, a programação de atividade física e o 
uso de fármacos antiobesidade constituem os principais pilares no tratamento contra a 
15 
 
obesidade crônica de etiologia multifatorial. Sendo assim, o tratamento requer intervenção 
de múltiplas abordagens (SEGAL; FANDINO, 2002). 
A qualidade de vida dos indivíduos obesos é comprometida pela falta de atividade 
física. A inatividade pode ser considerada um fator de risco primário para o desenvolvimento 
da obesidade. Muitos estudos apontam uma estreita relação entre a obesidade e diminuição da 
qualidade de vida, sendo mais acometidos pessoas obesas que não seguem nenhum tipo de 
tratamento (TAVARES; NUNES; & SANTOS, 2010). 
No entanto, somente uma abordagem clínica em casos de indivíduos acometidos por 
obesidade severa, não apresenta bons resultados. Nestes casos, uma opção de tratamento é a 
cirurgia bariátrica (VASCONCELOS; COSTA NETO, 2008). Segundo Murara, de Macedoe 
Liberali (2012), existe um consenso na literatura, onde o tratamento mais efetivo para redução 
de peso e manutenção dessa perda em pacientes com obesidade grave, seria a cirurgia 
bariátrica; tendo como objetivo mais importante a melhoria nas complicações e doenças 
associadas a obesidade. 
Sendo assim, Liebermeister (2003) constatou que a intervenção cirúrgica para a redução 
de peso influenciou diretamente a recuperação da autoestima e da qualidade de vida em 
obesos classificados em grau III. Muito provável que este fato se dê por este tratamento 
produzir garantias mais concretas quanto à manutenção do peso abaixo dos níveis 
considerados de obesidade mórbida. 
Dessa forma, alguns testes podem ser utilizados para avaliar a capacidade funcional de 
individuos com obesidade. Entre eles o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), que além 
de avaliar o estado funcional do sistema cardiovascular e respiratório, também avalia 
programas de prevenção, terapêuticos e reabilitação. O TC6M é facilmente aplicado e tem 
uma boa relação com o consumo de oxigênio máximo (VO2) (BIXOFIS; BRITO). 
Partindo da premissa que obesidade está intimamente relacionada com o declínio do 
condicionamento físico e qualidade de vida de indivíduos que têm como último recurso para o 
tratamento da obesidade a interveção cirúrgica, propomos cruzar dados que melhor 
esclareçam a relação entre a influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em 
pacientes eleitos para cirurgia bariátrica. 
 
 
 
16 
 
2 OBESIDADE 
 
A obesidade é uma doença complexa, multifatorial (SHEA, et al., 2012), com 
características comportamentais (dieta, atividade física, tempo de sedentarismo, sono e 
estresse), hereditárias (histórico familiar, genética e etnias raciais), ambientais (falta de 
recursos geográficos para atividade física, áreas com nenhum ou pouco acesso a alimentação 
saudável), sócio econômicas (pobreza e baixa educação), e na grande maioria dos casos, 
evitável (HRUBY; HU, 2015). Segundo Hruby, HU (2015), a obesidade contribui para o 
aumento do risco de diversas doenças, entre elas: doenças cardiovasculares, distúrbios 
respiratórios, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, neoplasias, depressão e mortalidade. 
Além disso, a obesidade pode ser vista com discriminação e preconceito, tanto da população 
em geral, quanto dos profissionais da saúde, podendo tornar os obesos relutantes na busca de 
ajuda médica (HUANG et al, 2016). Segundo Shuai et al. (2015), dados da Organização 
Mundial de Saúde relataram que mais de 600 milhões de adultos (aproximadamente 13% da 
população mundial), estavam acima do peso em 2014. 
Segundo relatório da OMS (2009), a obesidade e o excesso de peso, estão entre as cinco 
principais causas de morte no mundo, e entre os três principais fatores de risco de mortalidade 
nos países de média e alta renda. É uma epidemia silenciosa que se espalha mundialmente e 
teve sua prevalência duplicada, se comparada com 1980 (KHABAZKHOOB, et al.,2017). 
Estimativas apontam que até 2030, 38% da população mundial adulta esteja com sobrepeso e 
20% obeso (KELLY, et al., 2008). 
De acordo com dados do Ministério do Planejamento (2010), tal como se observa no 
Gráfico1, no Brasil houve um elevado crescimento da obesidade e excessode peso, nas 
últimas décadas. 
 As figuras 1 e 2 ilustram a média da prevalência da obesidade, segundo a idade e peso 
em várias regiões pelo mundo, assim como a prevalência global da obesidade em populações 
de adultos. 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Gráfico 1. Crescimento da obesidade e excesso de peso no Brasil, nas últimas décadas. 
 
 
Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
Figura 1. Média da prevalência da obesidade, por idade x peso, nas regiões do mundo. 
 
 
Fonte: WHO analysis (2004). 
 
 
19 
 
Figura 2. Prevalência Global da obesidade em adultos. 
 
 
Fonte: International Obesity Taskforce (2008). 
 
 
2.1 Definição de obesidade 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2000), a obesidade é definida como o 
acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo e foi classificada como sendo uma “epidemia 
global” devido ao aumento alarmante de sua prevalência. De acordo com Barness, et al. 
(2007), a obesidade foi considerada um dos problemas mais graves de saúde pública do século 
XXI. 
 
 
2.2 Classificação 
A obesidade deve ser classificada com base na distribuição de gordura e composição 
corporal e não somente ao aumento do peso corporal (WORLD J GASTROENTEROL, 
2016). O critério atual mais utilizado para classificá-la é o índice de massa corporal (IMC), 
obtido dividindo-se o peso em kilogramas, pelo quadrado da altura em metros (Kg/m2) 
(HRUBY; HU, 2015). 
 O cálculo do IMC é apenas uma referência para definir a quantidade relativa de gordura 
e é utilizado como um indicador de obesidade em nível populacional e também para avaliar e 
prever o risco de doenças em estudos epidemiológicos (WORLD J GASTROENTEROL, 
2016). De acordo com o IMC, a população geral é classificada em cinco categorias: baixo 
20 
 
peso (IMC <18,5 kg / m2), peso normal (IMC 18,5-24,9 kg / m2), obesidade classe I - excesso 
de peso (IMC 25,0-29,9 kg / m2), classe II obesidade - obesidade (IMC 30,0-39,9 kg / m2), 
obesidade classe III - obesidade extrema (IMC> 40 kg / m2) (HEBEBRAND, et al., 2017). 
 
Tabela 1. Classificação do peso em adultos, de acordo com IMC 
 
Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, 2015. 
 
 
2.3 Tratamento da obesidade 
 O tratamento da obesidade inclui cirurgia bariátrica e tratamento não cirúrgico, que 
consiste em mudanças na dieta, com o intuito de reduzir a ingestão de calorias, atividade 
física, terapia comportamental e farmacoterapia (GLOY, et al.,2017). 
 O tratamento cirúrgico está indicado para pacientes com IMC igual ou superior a 
35Kg/m2, que apresentem comorbidades como diabete tipo 2, artropatias, hipertensão, 
dislipidemia, apnéia do sono ou pacientes com IMC igual ou superior 40Kg/m2, com ou sem 
presença de comorbidades (FANDINO et al., 2004). Isso se deve ao fato do risco do paciente 
morrer por complicações relacionadas à obesidade ser muito maior que o risco ao 
procedimento cirúrgico e seus benefícios (LONGITUDINAL ASSESSMENT OF 
BARIATRIC SURGERY (LABS) CONSORTIUM et al., 2009). 
De acordo com a SBCBM (2017), a indicação de cirurgia bariátrica deve ser decidida 
analisando-se três critérios: IMC, idade e tempo da doença. 
Em relação ao IMC: 
 IMC acima de 40 kg/m2; 
 IMC entre 35 kg/m2, quando houver presença de comorbidade; 
21 
 
 IMC entre 30 e 35 kg/m2, na presença de comorbidades que tenham 
obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da 
doença. É obrigatório a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um 
endocrinologista. 
Em relaçãoà idade: 
 Abaixo de 16 anos: quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico 
recomenda que sejam avaliados os riscos por cirurgião e equipe multidisciplinar, exceto em 
casos de síndrome genética. A operação deve ter o consentimento da família ou responsável 
legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação; 
 Entre 16 e 18 anos: sempre que houver a indicação e consenso entre a família e 
responsável e a equipe multidisciplinar; 
 Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade; 
 Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar considerando 
risco cirúrgico, presença de comorbidades, benefícios do emagrecimento e expectativas de 
vida. 
Em relação ao tempo da doença: 
 Apresentar comorbidades e IMC em faixa de risco a pelo menos 2 anos e ter 
realizado tratamentos convencionais prévios. Além disso, ter tido insucesso ou recidiva do 
peso. 
 
2.4 Dados estatísticos de pacientes sujeitos à cirurgia bariátrica no mundo 
Desde 1970, a cirurgia bariátrica tem sido um recurso para o tratamento de pacientes 
que sofrem com a obesidade mórbida, trazendo novas perspectivas para indivíduos obesos 
(MARCELINO; PATRÍCIO, 2011). Segundo Angrisani, et al. (2017), em 2014 houve um 
significativo aumento no número de cirurgias bariátricas, sendo atualmente o procedimento 
cirúrgico mais freqüente no mundo. 
Em todo o mundo, no ano de 2013, foram realizados 468.609 procedimentos bariátricos 
(ANGRISANI, et al., 2015). Na França, em 2013, foram realizados 41.648 procedimentos de 
cirurgia bariátrica (CZERNICHOW, et al., 2016). No Canadá, a cirurgia bariátrica, apesar dos 
seus benefícios, é de difícil acesso, seja pela escassez de recursos monetários ou não. 
Algumas províncias desse país não incluem a cirurgia bariátrica em seus planos de saúde, por 
não aceitarem a obesidade grave como doença crônica. Já as províncias que incluem o 
22 
 
procedimento nos planos de saúde, têm dificuldade de oferecer o serviço ao paciente, por 
diversas razões (CHRISTOU; EFTHIMIOU, 2009). De acordo com Lomanto, et al. (2012), 
na Ásia, entre os anos de 2005 a 2009 foram realizados 6598 procedimentos de cirurgia 
bariátrica, representando um aumento de 449% em cinco anos (de 381 procedimentos em 
2005, para 2091 procedimentos em 2009). Conforme Khan et al. (2016), nos Estados Unidos, 
no período de 2008 a 2012, foram realizados um total de 598.756 cirurgias bariátricas. 
 
2.5 Dados estatísticos de pacientes sujeitos à cirurgia bariátrica no Brasil 
No Brasil, em 2015, segundo pesquisa do Ministério da Saúde, pouco mais da metade 
da população (56,9%) maior de 18 anos ou 82 milhões de pessoas estavam acima do peso 
(PORTAL BRASIL, 2015). 
A cirurgia bariátrica foi incluída pelas autoridades de saúde pública no Brasil em 2001 e 
apesar da disponibilidade dos resultados dos procedimentos contidos no banco de dados 
nacional do sistema público, ainda existe uma limitação na capacidade de avaliação dos 
resultados clínicos (RASERA, et al., 2017). Devido ao alto número de cirurgias bariátricas 
(gastroplastias) no contexto brasileiro, torna-se importante a atenção aos riscos cirúrgicos e ao 
tratamento posterior prolongado. Em função da diminuição dos riscos cirúrgicos e da 
divulgação dos casos de sucesso, somando-se a isso o fato desse procedimento estar inserido 
nos planos de saúde particulares e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), há uma tendência de 
aumento no número de procedimentos realizados nos próximos anos (MARCELINO; 
PATRÍCIO, 2011). 
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM, 
2017),72 mil cirurgias foram realizadas em 2012 no país, 80 mil em 2013, cerca de 88 mil em 
2014, aproximadamente 93,5 mil em 2015 e cerca de 100 mil procedimentos em 2016, sendo 
estimado que 10% desses procedimentos tenham sido realizados pelo SUS (Sistema Único de 
Saúde). Esses dados colocaram o Brasil em segundo no ranking de cirurgias bariátricas 
ficando atrás somente dos Estados Unidos. 
 
 
 
 
 
23 
 
3 QUALIDADE DE VIDA 
 
A expressão qualidade de vida foi utilizada pela primeira vez em 1964, pelo então 
presidente dos Estados Unidos, onde declarava que “os objetivos não podem ser medidos 
através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas”.Porém, com o desenvolvimento 
acelerado da medicina, gerou-se um aspecto negativo no contexto de distanciamento da parte 
humanista (FLECK, et al.,1999). 
De acordo com De Almeida Flek (2000), o conceito qualidade de vida é amplo e 
complexo e inter relaciona o meio ambiente com aspectos psicológicos, físicos, sociais, 
crenças pessoais e nível de independência. Além disso, o autor cita que em 1995, a OMS em 
conjunto com especialistas de diversas partes do mundo (The WHOQOL Group), definiram 
qualidade de vida como ”a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da 
cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, 
padrões e preocupações”. 
Segundo Campos e Rodrigues Neto (2014), alguns instrumentos genéricos podem ser 
utilizados para medir a qualidade de vida. Entre eles, os mais usuais são: The Medical 
Outcomes Study 36-Item Short Form Health Survey (SF-36), Nottingham Health Profile 
(NHP), McMaster Health Index Questionnaire (MHIQ), Sickness Impact Profile (SIP), Rand 
Health Insurance Study (Rand HIS), Avaliação da Qualidade de Vida da Organização 
Mundial da Saúde (WHOQOL-100). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4 ATIVIDADE FÍSICA 
 
De acordo com a OMS (2014), atividade física é definida como sendo qualquer 
movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, com gasto de energia, como 
jogos, tarefas domésticas, atividades de lazer e atividades praticadas durante o trabalho. 
Conforme Matsudo V. e Matsudo S. (2006), a atividade física não deve ser confundida 
com exercício físico, esporte ou aptidão física, pois existem importantes implicações e 
diferenças entre elas. A atividade física pode ser definida como qualquer movimento 
resultante de contração muscular voluntária que leve a um gasto energético acima do repouso, 
como: dançar andar, pedalar, nadar, correr, jardinar ou subir escadas. Já o exercício físico é 
uma subcategoria da atividade física, estruturado, repetitivo, planejado e inclui duração, 
intensidade, frequência e ritmo. A aptidão física é definida pela presença de atributos 
genéticos, pessoais e adquiridos, que permitem ao indivíduo realizar as tarefas cotidianas sem 
prejuízo de seu equilíbrio social, psicológico e biológico. O esporte compreende a repetição 
de exercícios, e envolve o conceito de desempenho, ou seja, a pessoa tenta realizar a tarefa da 
melhor forma, no menor tempo, no maior número de vezes. 
 Na tabela 2, pode-se observar a relação entre comportamento sedentário e ativo nas 
demandas cotidianas e sua demanda energética. 
 
Tabela 2. Gasto energético (Kcal) das atividades realizadas no dia a dia 
Gasto Energético de Atividades no Cotidiano 
SEDENTARIAS Kcal ATIVAS Kcal 
Usar controle remoto < 1 Levantar para trocar canal de TV 3 
Ligar portão eletrônico < 1 Abrir portão 2 vezes/dia 3 
Esperar pizza (disk) 30 min 15 Cozinhar 30 min 25 
Lava rápido (carro) 1 vez/mês 18 Lavar carro 1 hora/mês 300 
Levar cachorro até a porta 2 Caminhar com cachorro 30 min 150 
Dirigir 40 min e andar 5 min 22 Andar 15 min ao ponto de ônibus 2 vezes/dia 60 
Enviar e-mail – 4 min 2 Andar 1 min, falar em pé 3 min 6 
Assistir palestra - 60 min 30 Ministrar palestra 70 
Parar carro perto e andar 10seg 0,3 Parar e andar 2 min 5 vezes/semana 8 
Fonte: Agita São Paulo, (2002). 
 
 
 
25 
 
4.1 Recomendações sobre a atividade física na manutenção da saúde. 
 
Conforme Salles et al. (2003), a partir da década de 70, a automação, a diminuição do 
tempo destinado ao lazer e mudanças no ambiente de trabalho, ocasionaram uma redução da 
atividade física. Além disso até a década de 80, os estudos direcionados sobre atividade física 
eram limitados a relatar o gasto calórico das atividades nos seus tipos de trabalho em vários 
grupos populacionais. 
 O exercício físico tem demostrado ser um importante determinante no proceso de 
controle do peso corporal (de SOUZA, 2016). Um programa de treinamento resistido 
(musculação) é composto por variáveis como: intensidade, duração e volume de treinamento, 
ordem dos exercícios, tempo de intervalo entre as séries, exercícios e sessões, número de 
séries e repetições, frequência semanal e velocidade de movimento. Tais variáveis podem 
promover diferentes respostas fisiológicas durante sua aplicação, tendo impacto direto na 
segurança cardiovascular no decorrer do treinamento (KRAEMER; RATAMESS, 2004). 
A prática regular de atividade física melhora o condicionamento cardiorrespitório e 
muscular; reduz o risco de hipertensão, AVC (acidente vascular cerebral), doença cardíaca, 
diabetes e é importante tanto para o balanço energético como para o controle do peso 
corporal (MATSUDO; MATSUDO 2006). O aumento da atividade física é uma estratégia 
importante na melhoria da saúde pública, consequentemente de grande importância no 
combate à mortalidade decorrente de doenças crônicas e morbilidade. Índices elevados de 
atividade física, colaboram para o aumento do dispêndio energético total, assim como para a 
melhoria da distribuição do tecido adiposo e da composição corporal. Dessa forma, quando o 
objetivo é promover benefícios para a saúde do indivíduo, trinta minutos diários de atividade 
física, se mostram eficientes. Segundo Coelho e Burini (2009), o Centro de Controle e 
Prevenção de Doenças (CDC) e o colégio Americano de medicina Esportiva (ACMS), 
preconizavam 150 minutos de atividade por semana. Esta recomendação foi apoiada pela 
OMS e Ministério da Saúde do Brasil, porém, em 2007 sofreu algumas reformulações, entre 
elas que as atividades cotidianas devem ser somadas ao programa. 
 
4.2 Atividade física na obesidade 
 
26 
 
De acordo com Camotas, et al. (2014), os benefícios da atividade física moderada e 
regular na prevenção das doenças e na promoção de saúde têm sido evidenciados pela 
investigação científica. Segundo o autor, a promoção da prática de exercício físico, torna-se 
uma importante ferramenta no combate à obesidade. Conforme Saris (1996), os efeitos 
benéficos da atividade física são resultantes de mecanismos como: aumento do gasto 
energético; melhora da composição corporal, com consequente diminuição do depósito de 
gordura visceral, perda de gordura e preservação da massa magra; aumento na capacidade de 
oxidação e mobilização da gordura; controle da ingestão alimentar como por exemplo a 
redução da ingestão de gordura e redução do apetite a curto prazo; estimulação da resposta 
termogênica (termogênese induzida pela dieta e taxa Metabólica de Repouso); mudança na 
capacidade bioquímica e morfologia do músculo; aumento da sensibilidade à insulina; 
melhora no perfil de lipoproteínas e lipídeos plasmáticos; diminuição da pressão arterial; 
melhora do condicionamento físico. A prática regular de atividade física diminui triglicérides 
(TG) e LDL-colesterol, aumenta o HDL-colesterol (ECKEL, et al., 2014) e ainda aumenta a 
sensibilidade à insulina (MATSUDO; MATSUDO 2006). 
 
Tabela 3. Efeitos da atividade física regular na mobilização de lipídeos 
↑ HDL-colesterol ↓ LDL-colesterol 
↓ Massa de gordura ↓ Relação LDL/HDL-colesterol 
↓ IMC↓ Apoliproteína B 
↓ Leptina ↓ Triglicérides 
↑ Lipase protéica ↓ Proteína C reativa 
Fonte: Matsudo V. Matsudo S., 2006. 
 
Efeitos favoráveis de treinamento aeróbico sobre a atividade da lipase lipoprotéica 
(LPL) foram demonstrados, o que explicaria o melhor “turnover” da lipoproteína rica em TG 
(BERMAN, et al.,1999). Segundo de Souza (2016), o exercício físico, aliado a uma 
alimentação saudável, é um importante mecanismo para redução de gordura corporal e 
sobrepeso. O exercício físico tem a função de elevar o gasto energético, provocando assim um 
desequilíbrio calórico negativo ou manutenção do metabolismo basal e contribuindo dessa 
forma para a redução do peso corporal. A prescrição do exercício deve ser direcionada para 
atividades leve a moderada e com duração mais longa, afim de diminuir alguns riscos a saúde 
do paciente, visto que é comum algumas debilidades osteo-musculures nesses indivíduos. 
27 
 
O exercício resistido (musculação), é um importante estímulo para aumento de massa, 
força e potência muscular, contribuindo assim para preservar a musculatura e aumentar a 
redução de gordura corporal. Tem se recomendado programa de exercícios para obesos com 
um mínimo de 150 minutos semanais, com intensidade moderada e progredindo para 200 a 
300 minutos na mesma intensidade (CIOLAC; GUIMARÃES, 2003). 
Entretanto, boa parte ou quase a totalidade desses efeitos positivos são revertidos no 
caso de suspensão da atividade física. O destreinamento leva a um aumento da gordura, do 
IMC (índice de massa corporal), do LDL-colesterol, da relação LDL/HDL-colesterol, dos 
triglicérides e apoliproteina, e uma diminuição do HDL-colesterol (PETIBOIS, et al., 2004). 
Embora sejam claros os benefícios estabelecidos da atividade física na prevenção de 
agravos e na promoção à saúde, mais de dois milhões de mortes anuais são atribuídas à 
inatividade física devido à sua repercussão no aumento de doenças crônicas não 
transmissíveis. Se mantidas as tendências atuais, estarão relacionadas a 73% das mortes no 
mundo em 2020 (WHO, 2013). De acordo com levantamento do Ministério da Saúde (2011), 
a prevalência da inatividade física no Brasil, continua elevada e atingiu 47,5% da população 
em 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
5 OBJETIVOS 
 
5.1 Objetivos Gerais 
O presente estudo destina-se a avaliar a influencia da capacidade funcional sobre a 
qualidade de vida de pacientes eleitos para cirurgia bariátrica. 
 
5.2 Objetivos Específicos 
O presente trabalho tem como metas específicas: 
1-Avaliar a percepção da qualidade de vida das amostras através da aplicação do 
questionário SF-36; 
2-Identificar a capacidade funcional das amostras por meio de avaliação de teste de 
campo submáximo TC6M (Teste de Caminhada de Seis Minutos); 
3- Relacionar a capacidade funcional com a qualidade de vida das amostras, cruzando 
os resultados do SF-36 e do TC6M; 
4- Entender e classificar a possível influência da capacidade funcional com a qualidade 
de vida das amostras; 
5-Identificar se a obesidade é fator preponderante no condicionamento funcional das 
amostras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
6 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
6.1. Amostra 
A pesquisa de caráter transversal teve como amostra 20 (vinte) pacientes obesos eleitos 
para realização de cirurgia bariátrica, com idade entre 24 e 56 anos, de ambos os sexos, 
conforme demonstrado na tabela 4. 
Tabela 4. Dados das amostras 
 
 Nota: A tabela apresenta média e porcentagem das amostras e Desvio Padrão (DP). 
Fonte: VIANA. A. C. C. (2018). 
 
6.1.1 Critérios de inclusão 
Os principais dados como Índice de Massa Corporal (IMC), Pressão Arterial Sistólica e 
Diastólica (PAS/PAD) e Frequência Cardíaca (Fc), foram utilizadas nos critérios de inclusão. 
Os participantes da pesquisa possuem: obesidade mínima grau II (IMC >35 kg/m
2
) 
conforme evidenciado na tabela 5, pressão arterial (em repouso, medida antes da realização 
dos testes) PAS < 150 mmHg ou PAD < 100 mmHg conforme tabela 6, frequência cardíaca < 
Amostras Idade Gênero 
1 24 F
2 50 F
3 26 F
4 56 F
5 39 M
6 39 M
7 33 F
8 28 F
9 24 F
10 56 F
11 48 F
12 32 F
13 46 M
14 38 M
15 50 M
16 43 M
17 35 M
18 48 F
19 33 M
20 46 F
Média±DP 39,7 ± 10,17
% do gênero: 60% F / 40% M
30 
 
100 bpm conforme tabela 7, com capacidade de locomoção, não apresentam nenhum evento 
neurológico e cardíaco anterior e não estão utilizando medicação que afete a cognição. 
 
Tabela 5. Índice Massa Corporal (IMC) das amostras 
 
 Fonte: VIANA. A. C. C. (2018). 
 
Amostras Peso Corporal Altura IMC
1 117,8 1,62 44,9
2 78,5 1,44 37,8
3 127 1,72 42,9
4 97,3 1,58 37,63
5 122 1,79 38,12
6 139,7 1,80 43,11
7 115 1,75 37,55
8 120 1,65 44,07
9 101 1,63 38,01
10 105 1,50 46
11 108 1,62 41,22
12 120 1,72 40,5
13 140 1,71 47,8
14 138 1,70 47,7
15 135 1,72 45,6
16 135 1,90 37,4
17 122 1,71 41,17
18 90 1,45 42,3
19 130 1,70 44,9
20 104,6 1,63 39,3
Média±DP 117,3 ± 17,33 1,67 ± 0,11 41,90 ± 3,53
31 
 
Tabela 6. Comportamento da Pressão Arterial (PAS/PAD) das amostras em repouso e após o 
TC6M.
 
Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). 
 
Tabela 7. Comportamento da Frequência Cardíaca (FC) das amostras em repouso e após o 
TC6M e escala subjetiva de esforço (Borg). 
 
Fonte: VIANA. A. C. C. (2018). 
PAS PAD PAS PAD
1 140 100 240 140
2 120 100 160 120
3 120 80 150 80
4 110 80 160 90
5 120 90 160 90
6 140 100 200 120
7 120 80 140 80
8 140 100 160 80
9 120 80 140 80
10 120 70 150 90
11 140 90 180 100
12 120 80 160 90
13 140 90 160 100
14 140 100 200 110
15 110 70 160 90
16 140 90 180 110
17 140 80 200 110
18 120 100 190 80
19 110 70 160 90
20 140 90 180 90
Média±DP 127,5 ± 12,6 87 ± 10,8 171,5 ± 24,7 97 ± 16,6
Amostras 
PRESSÃO ARTERIAL DE REPOUSO PRESSÃO ARTERIAL APÓS TC6M 
Amostras 
FC máxima das 
amostras 
FC repouso FC pós teste 
FC teste % da 
FCmáx 
Escala subjetiva 
de esforço (Borg)
1 202 80 145 72 5
2 176 99 134 76 6
3 200 88 140 70 7
4 170 74 89 52 4
5 181 93 104 57 6
6 181 96 126 70 7
7 193 74 89 46 4
8 198 100 126 64 7
9 202 77 123 61 6
10 170 65 120 71 6
11 178 80 141 79 5
12 194 78 162 84 7
13 174 58 150 86 7
14 182 75 168 92 7
15 170 78 146 86 5
16 177 83 160 90 6
17 185 85 167 90 7
18 178 89 163 92 7
19 187 77 150 80 5
20 180 85 156 87 5
Média±DP 180,3 ± 10,16 81,7 ± 10,6 137 95 ± 24,03 77 ± 13,66 5,95 ± 1,05
Nota: Para o cálculo da FC máxima, foi usado a fórmula revisada por Karvonen et. Al (1957) , onde: 226 – a sua idade, 
se for mulher, 220 – a sua idade, se for homem. A porcentagem foi equacionada em uma regra de três. 
32 
 
6.1.2 Critérios de exclusão 
Os critérios de avaliação para exclusão na pesquisa foram: incapacidade 
cardiorrespiratória para realizar pequenos esforços, limitações articulares, deformações 
osteomusculares e eventos de perda de consciência. 
 
6.2 Local 
O local escolhido para pesquisa foi o centro cirúrgico “Clinica Sgorlon” localizado na 
cidade de Ribeirão Preto no estado de São Paulo, Brasil. Os pacientes foram encaminhados 
para um local aberto e arejado demonstrado espaço suficiente para a realização do teste de 
caminhada. 
 
6.3 Materiais 
Para realização desta pesquisa, foram utilizados: 
 Aparelho de aferição da pressão arterial, Esfigmomanômetro (composto pelo 
manômetro e manguito) dofabricante: P.A. MED Produtos médicos data de fabricação 
2016, e Estetoscópio do fabricante: P.A. MED data de fabricação 2016 (Figura 3). 
 Oxímetro de pulso da fabricante: ChoiceMMed número de série – 151406300312; 
Modelo – 300-C1; Registro da Anvisa –10317700016 (Figura 3). 
 
Figura 3. Equipamentos utilizados para aferição da pressão arterial, frequência cardíaca e 
oxigenação. 
 
 
33 
 
 Termo de consentimento livre esclarecido, onde cada paciente atesta a ciênciae 
aceitação dos termos da pesquisa (Apêndice 2). 
 Questionário de qualidade de vida (SF-36), utilizado para levantamento das 
informações relacionadas com os hábitos, a saúde e a qualidade de cada paciente 
(Anexo 1). 
 Protocolo de teste físico TC6M, da American Thoracic Society, cuja aplicação exige a 
utilização dos equipamentos relacionados no quadro abaixo: 
 
Quadro 1. Equipamentos requeridos para realização do TC6M. 
EQUIPAMENTOS REQUERIDOS 
1. Temporizador de contagem regressiva (ou cronômetro) 
2. Contador mecânico de voltas 
3. Dois pequenos cones para marcar os pontos de retorno 
4. Uma cadeira que pode ser facilmente movida ao longo do curso de caminhada 
5. Planilhas numa prancheta 
6. Uma fonte de oxigênio 
7. Esfigmomanômetro 
8. Telefone 
9. Desfibrilador eletrônico automatizado 
Fonte: American Thoracic Society (2002). 
 
6.3.1 Questionário SF-36 
Criado originalmente na língua inglesa, de fácil aplicação e compreensão, o 
questionário (SF-36) Medical Outcomes Short-Form Health Survey, é um instrumento de 
avaliação genérica de saúde, constituído por 36 questões objetivas, relacionadas com os 
hábitos, a saúde e a qualidade de vida do paciente. O questionário abrange oito componentes: 
capacidade funcional, aspectos fisicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, 
aspectos emocionais e saúde mental, sendo traduzido e validado no Brasil, em tese de 
doutorado, por Ciconelli, em 1997. O questionário avalia tanto os aspectos positivos (saúde) 
quanto negativos (doença ou enfermidade) (CICONELLI, 1997). 
 
34 
 
Cálculo do escore do SF-36 
Fase 1- Ponderação dos dados 
QUESTÃO PONTUAÇÃO 
01 
Se a resposta for: 
1 5,0 
2 4,4 
3 3,4 
4 2,0 
5 1,0 
02 Manter o mesmo valor 
03 Soma de todos os valores 
04 Soma de todos os valores 
05 Soma de todos os valores 
06 
Se a resposta for: 
 1 5 
 2 4 
 3 3 
 4 2 
 5 1 
07 
Se a resposta for: 
1 6,0 
2 5,4 
3 4,2 
4 3,1 
5 2,2 
6 1,0 
08 
A resposta da questão 8 depende da nota da questão 7 
Se 7=1 e se 8=1 o valor daquestão é 6 
Se 7=2 a 6 e se 8=1 o valor daquestão é 5 
Se 7=2 a 6 e se 8=2 o valor daquestão é 4 
Se 7=2 a 6 e se 8=3 o valor daquestão é 3 
Se 7=2 a 6 e se 8=4 o valor daquestão é 2 
Se 7=2 a 6 e se 8=5 o valor daquestão é 1 
 
Se a questão 7 não for respondida, o escore da questão 1 passa ser 
o seguinte: 
 
Se a resposta for 1 a pontuação será 6 
Se a resposta for 2 a pontuação será 4,75 
Se a resposta for 3 a pontuação será 3,5 
Se a resposta for 4 a pontuação será 2,25 
Se a resposta for 5 a pontuação será 1,0 
 
09 
Nesta questão, a pontuação para os itens a,d,e,h, deberá seguir a 
seguinte orientação: 
Se a resposta for 1 o valor será 6 
Se a resposta for 2 o valor será 5 
Se a resposta for 3 o valor será 4 
Se a resposta for 4 o valor será 3 
Se a resposta for 5 o valor será 2 
Se a resposta for 6 o valor será 1 
 
Para os demais itens (b,c,f,g,i) o valor deverá ser mantido o 
mesmo. 
 
10 Considerar o mesmo valor 
11 Nesta questão os itens deverão ser somados, porém nos itens b,d 
35 
 
deve-se seguir a seguinte pontuação: 
 
Se a resposta for 1 o valor será 5 
Se a resposta for 2 o valor será 4 
Se a resposta for 3 o valor será 3 
Se a resposta for 4 o valor será 2 
Se a resposta for 5 o valor será 1 
 
 
 
Fase 2: Cálculo do Raw Scale 
 
Nesta fase aplica-se o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios que variam 
de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor para cada domínio. É chamado de raw 
scale porque o valor final não apresenta nenhuma unidade de medida. 
Domínios: 
 Capacidade funcional 
 Limitação por aspectos físicos 
 Dor 
 Estado geral de saúde 
 Vitalidade 
 Aspectos sociais 
 Aspectos emocionais 
 Saúde mental 
 
Para isso aplica-se a seguinte fórmula para o cálculo de cada domínio: 
 
Domínio: 
Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100 
 Variação (Score Range) 
 
Na fórmula, os valores de limite inferior e variação (Score Range) são fixos e estão 
estipulados na tabela abaixo. 
 
Tabela 8.Valores de limite inferior e variação (Score Range) 
 
Domínio Pontuação das questões 
correspondidas 
Limite inferior Variação 
36 
 
Capacidade funcional 03 10 20 
Limitação por aspectos 
físicos 
04 4 4 
Dor 07 + 08 2 10 
Estado geral de saúde 01 + 11 5 20 
Vitalidade 09 (somente os itens a + e + 
g + i) 
4 20 
Aspectos sociais 06 + 10 2 8 
Limitação por aspectos 
emocionais 
05 3 3 
Saúde mental 09 (somente os itens b + c + 
d + f + h) 
5 25 
 
Exemplos de cálculos: 
 Capacidade funcional: (ver tabela 8) 
 
Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100 
Variação (Score Range) 
 
Capacidade funcional: 21 – 10 x 100 = 55 
 20 
 
O valor para o domínio capacidade funcional é 55, em uma escala que varia de 0 a 100, 
onde o zero é o pior estado e cem é o melhor. 
 Dor (ver tabela) 
- Verificar a pontuação obtida nas questões 7 e 8,por exemplo: 5,4 e 4, portanto 
somando-se as duas, teremos: 9,4 
- Aplicar fórmula: 
Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – limite inferior x 100 
 Variação (Score Range) 
 
Dor: 9,4 – 2 x 100 = 74 
 10 
 
 O valor obtido para o domínio dor é 74, numa escala que varia de 0 a 100, onde zero é 
o pior estado e cem é o melhor. 
 Assim, você deverá fazer o cálculo para os outros domínios, obtendo oito notas no 
final, que serão mantidas separadamente, não se podendo somá-las e fazer uma média. 
 
6.3.2 Teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) 
37 
 
O teste de caminhada de seis minutos (TC6M) trata-se de uma adaptação do teste de 
Cooper (1968) de 12 minutos, que era aplicado para pessoas saudáveis, onde o avaliado 
percorria preferencialmente corrida por 12 minutos a maior distância possível, determinando-
se dessa forma a relação entre aptidão física e o consumo máximo de oxigênio (ENRIGHT et 
al., 2003). Segundo Enright, et al. (2003), para ser aplicado em pessoas portadoras de 
doenças, esse teste sofreu adaptações que permitem hoje ser muito utilizado em populações 
portadoras de patologias cardíacas e pulmonares, assim como para avaliar a capacidade 
submáxima em exercício. Além de avaliar a capacidade física, o TC6M também avalia a 
capacidade funcional ou a habilidade em realizar tarefas cotidianas, sendo um importante 
teste para avaliação dinâmica e conduta clínica em individuos que não apresentam condições 
clínicas para a realização de provas físicas com esforço máximo (RODRIGUES; MENDES; 
VIEGAS, 2004). Outra grande vantagem deste teste é a forma comum do exercício, ou seja, a 
caminhada (ação mecânica natural) em um terreno plano, diferente dos testes que se utiliza de 
ergômetros como esteira, uma vez que nem todos os indivíduos estão familiarizados com esse 
tipo de equipamento (SWERTS; MOSTERT; WOUTERS, 1990). 
Segundo Silva, et al. (2015), o teste (TC6M) consiste em caminhar o mais rápido 
possível no tempo de seis minutos, porém, é o avaliado quem determina a intensidade ou 
velocidade da caminhada, o que faz deste um teste submáximo e, entendendo que a maioria 
das atividades realizadas no cotidiano é em nível submáximo, acredita-se que este teste retrate 
melhor as atividades físicas diárias do que os testes de caráter máximo. 
Para realização do teste, o paciente deverá usar roupas confortáveis e um calçado 
adequado para caminhada, não deve se alimentar nas duas horas prévias ao teste, estar em 
repouso há nomínimo 15 minutos e caso faça uso de medicação prescrita, não deve suspender 
o uso. O teste deverá ser realizado em um terreno com superficie contínua e plana, sem 
obstáculos e fluxo de pessoas, com demarcações a cada um ou três metros, em ambiente 
fechado ou aberto, desde que em condições agradáveis de temperatura. O avaliado deve 
caminhar em ritmo próprio sozinho sem conversar com as pessoas presentes a maior 
metragem possível, sendo orientado a relatar as possíveis alterações cardiorrespiratórias 
percebidas pelo mesmo, estando ciente que poderá reduzir o ritmo para relaxar, e assim que 
sentir-se capaz, retornar ao ritmo da caminhada (RONDELLIA, et al., 2017) 
Antes de realizar o teste devem ser coletados os seguintes dados: frequência cardíaca 
(FC), frequência respiratória (FR), pressão arterial (PA), oximetría de pulso e nível de 
38 
 
dispinéia (escala de esforço percebido de Borg modificada) (figura 5), além das 
contraindicações: angina instável, infarto agudo do miocárdio recente, frequência cardíaca de 
repouso maior que 120 bpm, pressão arterial sistólica maior que 180mmHg e pressão arterial 
diastólica maior que 100mmHg. Ao final do teste verificam-se quantos metros o paciente 
percorreu neste tempo e os dados vitais deverão ser novamente averiguados (BRITO; DE 
SOUZA, 2017). 
De acordo com Enright e Sherrill (1998), para determinar a distância caminhada 
prevista para o avaliado, utiliza-se as seguintes equações: Homens: distância TC6M (m) = 
(7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso Kg) – 309m e Mulheres: distância TC6M 
(m) = (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso Kg) – (5,78 x idade) + 667. 
Para estimar o valor do consumo de oxigênio (V02) no pico usa se fórmula (VO2 no 
pico(ml/kg/min) = 0,023X distância (mts) + 4,948) que se correlaciona com a VO2 
diretamente mensurada (r = 0,64) (MARCON, 2015). 
Os fatores como idade, sexo, peso, altura, índice de massa corpórea, presença de 
patologias limitantes podem ser variáveis independentes que associadas podem influenciar 
diretamente nos resultados do TC6M (ENRIGHT; SHERRILL, 1998). 
 
Figura 4. Ilustração da distância a ser percorrida durante a realização do teste de caminhada 
de seis minutos (TC6M). 
 
 
 
 
39 
 
Figura 5 -Escala Modificada de Borg. 
 
 
6.4 Procedimentos 
Os pacientes que participaram da pesquisa foram submetidos às avaliações médicas, 
psicológicas, odontológicas e de saúde pela equipe multidisciplinar integrante do centro 
cirúrgico Sgorlon. A clínica disponibilizou o prontuário clínico dos dados das amostras para 
incorporar o estudo (peso e altura). Os pacientes foram convidados a preencherem o termo de 
consentimento livre esclarecido, e em seguida aplicação do questionário (SF-36). O 
questionário de qualidade de vida (SF-36) foi aplicado em ambiente privativo por um único 
examinador, em forma de entrevista. Em seguida foi fornecido aos participantes uma 
apresentação sobre a importância da manutenção do exercício físico como fator de promoção 
à saúde. Após às explicações sobre o trabalho e coleta do questionário, foram submetidos à 
coleta de medidas clínicas (frequência cardíaca de repouso, pressão arterial de repouso e 
oxigenação periférica em repouso). 
Após a coleta dos dados iniciais, os indivíduos realizaram teste de caminhada de 6 minutos 
(TC6M) em ritmo acelerado em uma área demarcada medindo em sua perimetria total de 30 
metros, com demarcações de 3 em 3 metros. A distância foi registrada para a realização do 
cálculo correspondente ao volume de oxigênio (VO2 pico) utilizado no teste. Ao encerrar a 
caminhada apresentou-se a tabela correspondente à escala subjetiva de esforço (0 à 10), cujo 
tabela classificou a intensidade do esforço do paciente segundo sua percepção. 
0 Nenhuma 
0,5 Muito, muito fraco 
1 Muito leve
2 Leve
3 Moderada
4 Pouco intensa
5 Intensa
6
7 Muito intensa
8
9 Muito, muito intensa 
10 Màxima
Escala modificada de Borg
40 
 
Paralelamente foi aferido novamente os seguintes dados: frequência cardíaca pós teste, 
pressão arterial pós teste e oxigenação pós teste. 
Os dados foram tabelados e passaram por uma análise estatística. Os dados paramétricos 
foram apresentados em média e desvio padrão e os dados não paramétricos, apresentados em 
mediana e quartis. Nos cálculos utilizados para comparar individualmente os resultados 
obtidos nos dados clínicos, no consumo de oxigênio (VO2 pico) e score de qualidade de vida, 
foi utilizada ANOVA (Análise de variância), que avalia a importância de um ou mais fatores, 
comparando as médias de variáveis de resposta nos diferentes níveis de fator. O software 
utilizado nessa pesquisa foi o SigmaPlot 11.0 (Fabricante: Systat Software, Inc). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
7 RESULTADOS 
 
Na aplicação do questionário SF-36 para avaliar os oito domínios por ele proposto 
(capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado de saúde em geral, 
vitalidade, aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental), obtivemos os 
valores de média e desvio padrão (média±DP) apresentados na tabela 9. Os resultados obtidos 
demonstraram que os domínios capacidade funcional, aspectos físicos, dor, aspectos sociais e 
saúde mental, obtiveram pontuação acima da média. Já os domínios vitalidade e aspectos 
emocionais obtiveram pontuação abaixo da média. 
Ao calcular a média geral de todos os dominios chegamos ao valor 51,62 de um total 
possível de 100, que expressa a percepção da qualidade de vida dos individuos. 
 
 
Tabela 9. Demontrativo dos resultados do score obtidos do questionário SF-36 
 
Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). 
 
 
Na aplicação do TC6M, baseado na fórmula preditiva (V02 pico (ml/kg/min) = 0,023X 
distância (mts) + 4,948) de Marcon, Gus e Neumann (2011), tivemos condições de obter o 
Amostra
Capacidade 
funcional
Limitação 
por 
aspectos 
físicos 
Dor 
Estado de 
saúde em 
geral 
Vitalidade 
Aspectos 
sociais 
Limitação 
por aspectos 
emocionais 
Saúde 
mental 
1 85 50 31 5 10 12 0 0
2 65 25 51 27 60 50 33 60
3 55 75 41 27 35 50 100 64
4 80 100 64 70 30 62 0 56
5 75 25 51 67 50 50 0 48
6 65 0 52 47 45 37 0 80
7 95 100 72 42 90 100 100 100
8 70 75 40 15 20 50 100 24
9 80 100 0 30 25 25 33 32
10 60 75 51 17 75 75 66 84
11 50 0 51 57 25 75 0 52
12 90 100 100 80 80 100 100 92
13 80 100 51 47 45 50 0 36
14 90 100 72 67 50 50 100 60
15 95 50 30 35 35 75 66 32
16 70 50 40 30 45 62 33 44
17 70 50 40 30 40 50 33 40
18 25 0 20 10 25 25 33 28
19 70 75 41 42 50 50 66 48
20 75 50 41 30 50 75 0 48
Média±DP 72,25 ± 16,74 60 ± 34,73 46,95 ± 20,76 38,75 ± 20,98 44,25 ± 20,47 56,15 ± 22,82 43,15 ± 40,57 51,4 ± 24,46
Média Geral ± DP 51,62 ± 17,68
RESULTADO DO QUESTIONÁRIO SF-36
42 
 
VO2 pico denominado como VO2 pico encontrado no TC6M e realizamos a comparação entre 
VO2 pico previsto e VO2 pico encontrado no TC6M, conforme apresentado na tabela 10. 
Como resultado observamos que a diferença expressa em porcentagem entre as duas 
variáveis metabólicas (VO2 pico previsto e VO2 pico encontrado no TC6M), é de apenas 
cinco por cento (5%) (± DP 5,27 ± 11,6). 
Na identificação da capacidade funcional das amostras por meio de avaliação de teste de 
campo submáximo TC6M (Teste de Caminhada de Seis Minutos), foi demonstrado pelos 
indivíduos estudados um condicionamento funcional próximo do esperado para sua condição 
atual (diferença média de apenas 5,27% entre o VO2 pico previsto e o VO2 pico encontrado no 
TC6M). 
 
Tabela 10. Comparação entre VO2 pico previsto e VO2 pico encontrado do TC6M 
 
Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). 
 
Previsto 
Encontrado no 
TC6M
1 21,99 19,37 -11,92
2 19,06 18,02 -5,48
3 21,64 20,81 -3,85
4 17,60 20,57 16,90
5 23,05 21,71 -5,80
6 22,34 22,16 -0,80
7 21,44 13,52 -36,95
8 21,34 19,91 -6,68
9 23,21 20,27 -12,66
10 16,55 17,48 5,62
11 18,50 20,78 12,31
12 21,08 19,58 -7,12
13 19,2217,75 -7,67
14 20,31 18,71 -7,89
15 19,11 20,63 7,94
16 24,26 20,78 -14,33
17 21,83 17,63 -19,25
18 18,65 17,48 -6,27
19 21,47 21,77 1,40
20 19,19 18,62 -2,95
Média±DP 20,59 ± 2,02 19,38 ± 2,04 5,27 ± 11,6
% da diferenca das médias VO2 pico previsto do encontrado: -5,88
VO2 pico das amostras 
Amostras 
% VO2 pico 
previsto do 
encontrado do 
TC6M
43 
 
Os valores de VO2 pico obtidos a partir da aplicação do teste de caminhada de seis 
minutos (TC6M) na amostra e os resultados da análise das suas respostas (score) ao 
questionário SF-36, foram tabelados e suas médias e desvios padrão foram calculados. Todos 
estes dados estão demonstrados na tabela 11. Esses parâmetros permitiram evoluir para o 
cálculo da correlação regressiva linear. 
 
Tabela 11. Demontrativo dos valores de VO2 pico obtidos a partir da aplicação do teste de 
caminhada de seis minutos (TC6M) e SCORE do questionário SF-36
 
Fonte: VIANA, A. C. C. (2018). 
 
A partir destes dados, foi possível calcular a correlação regressiva e linear (r) entre os 
valores de VO2 pico encontrado no TC6M e o score de cada domínio, e assim, concluir a 
respeito da existência (ou não) da relação entre o condicionamento funcional de cada paciente 
(cujo indicador utilizado foi o VO2 pico) e a qualidade de vida (cujos indicadores utilizados 
foram os oitos domínios do questionário SF-36). 
O cálculo da correlação regressiva linear “r” demonstrou que, dos oito domínios 
estudados no questionário SF-36, sete apresentaram valores de “r” entre 0,0 e 0,3 o que 
indica, de acordo com o padrão de análise da correlação entre duas variáveis, que existe uma 
TC6M
VO2 pico 
encontrado 
Capacidade 
funcional
Limitação 
por aspectos 
físicos 
Dor 
Estado de 
saúde em 
geral 
Vitalidade 
Aspectos 
sociais 
Limitação 
por aspectos 
emocionais 
Saúde 
mental 
1 19,37 85 50 31 5 10 12 0 0
2 18,02 65 25 51 27 60 50 33 60
3 20,81 55 75 41 27 35 50 100 64
4 20,57 80 100 64 70 30 62 0 56
5 21,71 75 25 51 67 50 50 0 48
6 22,16 65 0 52 47 45 37 0 80
7 13,52 95 100 72 42 90 100 100 100
8 19,91 70 75 40 15 20 50 100 24
9 20,27 80 100 0 30 25 25 33 32
10 17,48 60 75 51 17 75 75 66 84
11 20,78 50 0 51 57 25 75 0 52
12 19,58 90 100 100 80 80 100 100 92
13 17,75 80 100 51 47 45 50 0 36
14 18,71 90 100 72 67 50 50 100 60
15 20,63 95 50 30 35 35 75 66 32
16 20,78 70 50 40 30 45 62 33 44
17 17,63 70 50 40 30 40 50 33 40
18 17,48 25 0 20 10 25 25 33 28
19 21,77 70 75 41 42 50 50 66 48
20 18,62 75 50 41 30 50 75 0 48
Média±DP 19,38 ± 2,04 72,25 ± 16,74 60 ± 34,73 46,95 ± 20,76 38,75 ± 20,98 44,25 ± 20,47 56,15 ± 22,82 43,15 ± 40,57 51,4 ± 24,46
SCORE DO QUESTIONÁRIO SF-36
Amostra
44 
 
correlação fraca ou inexistente entre o VO2 pico e os domínios na amostra analisada. Estes 
sete domínios são: capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado de saúde 
geral, aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental. 
Apenas o dominio “vitalidade” apresentou uma correlação com o VO2 pico entre 0,3 e 
0,6(r=0,472), que, de acordo com o padrão de análide da correlação, é considerada correlação 
moderada. O VO2 pico não apresentou correlação forte com qualquer dos domínios estudados 
na amostra como pode ser observado na tabela 12. 
Observa- se na tabela, que o domínio “capacidade funcional” apresentou o score mais 
homogêneo dentre todos os domínios estudados, sendo esta afirmativa reforçada pelo valor do 
desvio padrão obtido (DP±16,74). Entretanto, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 
± 2,040) e o domínio capacidade funcional, gerou um r= 0,0992. De acordo com o padrão de 
interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Tabela 12. Correlação regressiva linear (r) relacionando VO2 pico obtido a partir da aplicação 
do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e o SCORE do questionário SF-36 
 
 
Dessa forma, os valores de VO2 pico encontrados no presente estudo, não influenciaram 
no aspecto capacidade funcional, provavelmente pelo fato das amostras do presente trabalho 
estarem participando de algum programa de atividade física. O comportamento da reta 
representativa da correlação no gráfico 2, confirma essa afirmação. 
Gráfico 2: Relação entre o VO2 pico encontrado e capacidade funcional 
VO2 pico 
(média ± DP) 
Domínios 
(SF-36)
Domínio SF-36 
(média ± DP) 
Correlação 
( r ) 
Resultado 
19,38 ± 2,040
Capacidade 
funcional 
72,25 ± 16,74 r = 0,0992 
Correlação fraca 
ou inexistente 
19,38 ± 2,040
Limitação por 
aspectos físicos
60 ± 34,73 r = 0,268 
Correlação fraca 
ou inexistente 
19,38 ± 2,040 Dor 56,95 ± 20,76 r = 0,192 
Correlação fraca 
ou inexistente 
19,38 ± 2,040
Estado de saúde 
em geral 
38,75 ± 20,98 r = 0,241 
Correlação fraca 
ou inexistente 
19,38 ± 2,040 Vitalidade 44,25 ± 20,47 r = 0,472 
Correlação 
Moderada 
19,38 ± 2,040 Aspectos sociais 56,15 ± 22,82 r = 0,297 
Correlação fraca 
ou inexistente 
19,38 ± 2,040
Limitação por 
aspectos 
emocionais 
43,15 ± 40,57 r = 0,261 
Correlação fraca 
ou inexistente 
19,38 ± 2,040 Saúde mental 51,4 ± 24,46 r = 0,264 
Correlação fraca 
ou inexistente 
Nota: Correlação (r) envolve a relação entre duas variáveis: = (-1.0 < = r < = 1.0) onde, r = +1: correlação perfeita e 
positiva / r = -1: correlação perfeita e negativa / r = 0: não ha qualquer correlação / 0.6 < = r < 1.0: correlação forte / 0.3 
< = r < 0.6: correlação moderada / 0.0 < r < 0.3: correlação fraca ou inexistente. 
Fonte: VIANA, A. C. C. (2018).
46 
 
 
 
Pode-se observar no gráfico 3 que o domínio “aspectos físicos” (representado no eixo y) 
apresentou o score (média ±DP 60±34,73), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 
19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o domínio aspecto físico gerou um (r= 0,268). De 
acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou 
inexistente. Dessa forma o VO2 pico não influenciou no aspecto físico das amostras 
estudadas. O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa 
afirmação. 
Gráfico 3: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto físico 
 
47 
 
 
Observa-se no gráfico 4 que o dominio “aspecto dor” (representado no eixo y) 
apresentou o score (média ±DP 46,95±20,76). Porém, a correlação entre VO2 pico (média ± 
DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o dominio aspecto dor, gerou um (r= 0,192). De 
acordo com o padrão de interpretação do médoto, esse valor indica correlação fraca ou 
inexistente. Assim, o VO2 pico não influenciou no aspecto dor das amostras estudadas.O 
comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. 
Gráfico 4: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto dor 
 
 
No gráfico 5, o dominio “saúde em geral” (representado no eixo y) apresentou o score 
(média ±DP 38,75 ± 20,98), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) 
(representado no eixo x) e o dominio aspecto dor, gerou um (r= 0,241). De acordo com o 
padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Assim, 
o VO2 pico não influenciou no domínio saúde geral das amostras estudadas.O comportamento 
da reta representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. 
Gráfico 5: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto saúde em geral 
48 
 
 
 
No gráfico 6 observa-se que o dominio “vitalidade” (representado no eixo y) apresentou 
o score (média±DP 44,25±20,47), e a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) 
(representado no eixo x) e o dominio aspecto vitalidade, gerou um (r= 0,472). De acordo com 
o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação moderada (0.3 < = r < 0.6: 
correlação moderada). Dessa forma o VO2 pico não influenciousignificativamente no 
domínio vitalidade das amostras estudadas. O comportamento da reta representativa da 
correlação no gráfico confirma essa afirmação. 
Gráfico 6: Relação entre o VO2 pico encontrado e vitalidade 
 
 
49 
 
Observa-se no gráfico 7 que o dominio “aspectos sociais” (representado no eixo y) 
apresentou o score (média ±DP 56,15±22,82), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± 
DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o domínio aspectos sociais, gerou um (r= 
0,297). De acordo com o padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação 
fraca ou inexistente. Assim, o VO2 pico não influenciou no domínio aspectos socias das 
amostras estudadas.O comportamento da reta representativa da correlação no gráfico, 
confirma essa afirmação. 
Gráfico 7: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto social 
 
 
Pode-se observar no gráfico 8 que o dominio “limitação por aspectos emocionais” 
(representado no eixo y) apresentou o score (média ±DP 43,15±40,57), porém, a correlação 
entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) (representado no eixo x) e o domínio limitação 
por aspectos emocionais, gerou um (r= 0,261). De acordo com o padrão de interpretação do 
método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Dessa forma o VO2 pico não 
influenciou no domínio limitação por aspectos emocionais. O comportamento da reta 
representativa da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. 
Gráfico 8: Relação entre o VO2 pico encontrado e aspecto emocional 
50 
 
 
 
No gráfico 9, o domínio “saúde mental” (representado no eixo y) apresentou o score 
(média ±DP 51,4 ± 24,46), porém, a correlação entre VO2 pico (média ± DP 19,38 ± 2,040) 
(representado no eixo x) e o dominio saúde mental, gerou um (r= 0,264). De acordo com o 
padrão de interpretação do método, esse valor indica correlação fraca ou inexistente. Assim, o 
VO2 pico não influenciou no domínio saúde mental. O comportamento da reta representativa 
da correlação no gráfico, confirma essa afirmação. 
Gráfico 9: Relação entre o VO2 pico encontrado e saúde mental 
 
 
51 
 
8 DISCUSSÃO 
 
Vasconcelos e Costa Neto (2008), avaliaram uma amostra de 30 pacientes obesos pré-
cirúrgicos, de ambos os sexos, com idade entre 20 e 60 anos, as dimensões capacidade 
funcional, aspecto físico, dor e vitalidade, tiveram pontuação abaixo da média, enquanto 
aspectos sociais e saúde mental ficaram acima da média. A percepção da qualidade de vida 
antes da cirurgia bariátrica apresentou perda expressiva no bem estar físico, mas houve 
preservação da qualidade de vida nos aspectos sociais e saúde mental. O estudo afirma que 
provavelmente esses resultados se devem ao fato desses pacientes terem sido assistidos por 
uma equipe multiprofissional de saúde por 24 meses. 
Comportamento igualmente heterogêneo foi verificado no presente estudo, visto que a 
média não foi alcançada nos aspectos estado de saúde em geral, vitalidade e saúde mental, 
enquanto limitação por aspectos emocionais, dor e aspectos sociais ficaram bem próximos da 
média, e apenas capacidade funcional e limitação por aspectos físicos ficaram acima da 
média. Em resumo, os aspectos emocionais, mentais, vitalidade e dor, do SF-36 foram os 
mais afetados pela obesidade, enquanto os aspectos físicos e funcionais não sofreram tanta 
influencia da obesidade. Como os indivíduos participantes da presente pesquisa também estão 
sendo acompanhados por profissionais da saúde, isto pode estar impactando positivamente na 
percepção dos aspectos físicos e funcionais. 
Tavares et. al (2010) afirma que, com o crescente aumento da obesidade, ocorre uma 
queda na qualidade de vida, em especial em indivíduos com IMC > 40,0 kg/m
2
, que 
associados a comorbidades influenciam diretamente o bem-estar físico, emocional e 
psicossocial. Segundo o autor, a má percepção da qualidade de vida de pacientes obesos é 
evidente, devido a um afastamento social desses indivíduos. 
Segala, et. al. (2002) demonstra que a presença da obesidade grau III está associada à 
piora da qualidade de vida, alta frequência de comorbidade, redução da expectativa de vida e 
grande probabilidade de fracasso dos tratamentos menos invasivos. 
Analisando o score médio entre os oito domínios, que foi 51,62 de um total possível de 
100, verificamos que a obesidade gerou sim, declínio significativo na percepção da qualidade 
de vida pelos pacientes estudados, tal como proposto em estudos anteriores. Diante disso, 
restava estudarmos a influência da capacidade funcional sobre a qualidade de vida em 
52 
 
pacientes, através da medição do VO2 pico, e verificar se havia correlação direta entre estas 
variáveis. 
De acordo com as respostas fornecidas por cada paciente ao questionário SF-36, 
indivíduos obesos tanto podem demonstrar boa percepção quanto à sua qualidade de vida, 
quanto podem ter essa percepção bastante declinada, independentemente da faixa de VO2 pico 
encontrada, ou seja, alguns pacientes com VO2 pico elevado demonstraram através de suas 
respostas ao questionário que têm boa percepção quanto à sua qualidade de vida, enquanto 
outros demonstraram que houve perda significativa da qualidade de vida, devido aos fatores 
relacionados com a obesidade. O mesmo comportamento foi verificado em pacientes com 
VO2 pico mediano, e também em pacientes com VO2 pico baixo. 
Isto nos leva a entender que não há relação direta entre o VO2 pico e a percepção da 
qualidade de vida. Este fato é confirmado através da ausência de correlação entre estes dois 
fatores nos oito domínios estudados, conforme demonstrado nos resultados. 
Provavelmente outros fatores, possam ter relação direta com a capacidade funcional de 
indivíduos obesos, mas não o VO2 pico aferido através do teste de caminhada TC6M. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
9 CONCLUSÃO 
 
O presente estudo nos permitiu, através da aplicação do questionário SF-36, concluir 
que pacientes obesos eleitos para cirurgia bariátrica apresentam declínio significativo na 
percepção da qualidade de vida, mas que esta percepção varia muito entre os individuos. 
Os aspectos emocionais, mentais e dor, do SF-36 foram os mais afetados pela 
obesidade, enquanto os aspectos físicos, social e funcionais não sofreram tanta influencia. 
Esta melhor percepção a respeito dos aspectos físicos, sociais e funcionais pode estar 
relacionada com o fato de que os individuos estudados são acompanhados por uma equipe 
multidisciplinar de saúde. 
A aplicação do teste de campo submáximo TC6M (Teste de Caminhada de seis 
Minutos) permitiu aferir a capacidade funcional das amostras através do VO2 pico e observar 
que o VO2 pico médio encontrado foi próximo ao VO2 pico previsto para as condições dos 
pacientes. Esta situação também pode estar relacionada com o acompanhamento profissional 
dispensado aos individuos estudados, visto que estes apresentaram condicionamento físico 
apenas 5,27% abaixo do esperado. 
Quando relacionamos a capacidade funcional com a qualidade de vida das amostras, 
cruzando os resultados do SF-36 e do TC6M, verificamos que não houve correlação entre o 
VO2 pico encontrado e os oito domínios do SF-36, o que nos leva a concluir que o VO2 pico 
encontrado não pode ser utilizado como indicador da percepção da qualidade de vida nos 
pacientes estudados, por não ter sido verificada qualquer correlação entre os dois fatores. 
Ao identificar se a obesidade é fator preponderante no condicionamento funcional das 
amostras, os resultados apresentados no presente estudo não confirmam esse fato, ou seja, a 
obesidade não é fator preponderante no condicionamento funcional das amostras do estudo. 
Por fim, com base nos resultados obtidos nesssa pesquisa é possível concluir de forma 
geral que, não existe correlação significativa entre o condicionamento funcional obtido 
através do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e os oitos domínios estudados no 
questionário

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